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Resumo Fisiologia - 4º bimestre

Carolina Castelli

Glâ ndula Adrenal


As glâ ndulas Adrenais (ou suprarrenal) medula adrenal e apenas 30% da
produzem duas classes de hormô nios: noraepinefrina vem de la, os outros 70%
este-roides e catecolaminas. Através vem dos terminais nervosos que se
desses, a glâ ndula tem grande difundem pelos vasos.
importâ ncia na fisiologia do estresse, do
controle cardíaco e do metabolismo Vascularizaçã o (importante!): A capsula
basal, homeostase do sal e volume de tecido conjuntivo que envolve a
circulante. Além desses dois hormô nios a glâ ndula tem um rico suprimento
adrenal também secreta DHAS. sanguíneo vindo de 3 ramos: artérias
suprarrenais superior, media e inferior.
 Anatomia Essas 3 dã o origem a duas grandes fontes
de nutriçã o! A Arteria suprarrenal
Sã o glâ ndulas bilatérias localizadas superior e media formam o (1) plexo
acima dos rins, a nível da 12ª vertebra capsular. Que dã o origem a arteríolas que
torá cica. É dividida em 2 partes, sendo a vã o formar capilares na regiã o cortical.
mais externa chamada de có rtex da
adrenal e a parte interna a medula. O A artéria suprarrenal inferior atravessa a
có rtex tem origem embrioló gica diferen- capsula sem se capilarizar na cortex,
te da medular. O primeiro vem do meso- indo (2) diretamente a medula. Isso faz
derma (mesenquima) e a medula do com que a medula receba sangue tanto
ectoderma (cristas neurais). A medula de dos vasos que passaram pelo có rtex (1),
cada adrenal sã o neurô nios modificados quanto da artéria que nã o passou por ela
que secretam catecolaminas, agindo (2). Sã o duas fontes de nutriçã o, sendo
como neurô nios pó s-ganglionares do aquele que vem do có rtex rico em
sistema nervoso autô nomo (SNA). hormônios produzidos pelas zonas do
córtex! Isso é muito importante para a
transformaçã o da epinefrina para a
noraepinefrina (a enzima que cataliza
isso –PNMT- depende de cortisol!).

O có rtex da adrenal é composto por três  Medula da Adrenal


zonas: Zona Glomerulosa, Zona Fasci-
culada e Zona Reticular. Síntese de Nora/ Epinefrina

A porçã o interna da glâ ndula (medula) é As catecolaminas sã o sintetizadas a


formada por células cromafins (celulas partir da tirosina na célula cromafim.
derivadas da crista neural). Essas células Esse aminoá cido sofre açã o da enzima
desenvolvem-se em neurô nios pó s- tirosina hidroxilase, transformando-a em
ganglionares que sintetizam o neuro- DOPA. A dopa é convertida em Dopamina
transmissor noradrenalina. Ao invés de pela DOPA descarboxilase. A dopamina é
serem secretadas pró ximos aos ó rgã os transportada para dentro de uma
alvos, as catecolaminas derivadas da vesícula. A dopamina é transformada em
adrenal sã o secretadas no sangue (80% Noraepinefrina pela Dopamina beta
epinefrina e 20% noradrenalina), atuan- hidroxilase. A noraepinefrina para virar
do como hormô nios. A epinefrina adrenalina tem que sair da vesícula (ou
circulante é totalmente derivada da granulo cromafim) pois é transformada
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em epinefrina pela Feniletanolamina-N-


metilftransferase (PNMT) citoplasmati-
ca, que é entã o transportada de volta  Córtex da Adrenal
para o granulo de secreçã o. A secreção é  Zona Fasciculada (2)
controlada pela sinalização simpática,
em reaçã o a vá rios fatores como estresse, a) hormô nios
hipoglicemia e hipovolemia. O sinaliza- Produz o hormô nio glicocorticoide Corti-
dor envolvido na liberaçã o das cateco- sol. Estas celulas tem um citoplasma es-
laminas é a AcetilColina, que atua em pumoso pois sã o cheias de gotículas lipí-
receptores nicotínicos neurais (N2). A dicas (colesterol armazenado), a maioria
acetilcolina aumenta a atividade da importado do sangue (dos HDL e LDL)
tirosina hidroxilase e dopamina beta que é esterificado e armazenado nas gotí-
hidroxilase, aumentando a produçã o de culas lipídicas. Quando há estimulo para
catecolaminas. a síntese de cortisol, as vesículas lipídicas
Alem da ach, outro estimulante da sap transportadas para a mitocô ndria. Na
produçã o de catecolaminas é o cortisol, mitocô ndria existe uma enzima
produzido no có rtex, que chega através (CYP11A1) que transforma o colesterol
dos vasos oriundos dessa regiã o. O em pregnenolona. A pregnenolona na
cortisol estimula expressã o de PNMT, mitocô ndria tem 3 caminhos possíveis:
convertendo mais Nora em Epi. (1) aldosterona se estiver na zona
glomerulosa, (2) cortisol se estiver na
OBS CLÍNICO: o feocromocitoma é um zona fasciculada, e (3) andró genos se
tumor de medula da adrenal (tecido estiver na reticular. Na fasciculada, é
cromafim) que aumenta a produçã o de convertida em progesterona por outra
catecolaminas na mesma (principal- enzima, depois em 17-hidroxipro-
mente noraepinefrina). Os sintomas gesterona, 11-desoxicortisol e cortisol.
incluem: hipertensã o (pela vasoconstr-
içã o), dores de cabeça, sudorese, OBS CLINICA: Uma rota paralela na zona
ansiedade, palpitaçã o (inotropismo posi- glomerulosa transforma progesterona
tivo), e dor no peito. em DOC e depois corticoesterona. Essa
rota é de menos importâ ncia, porem, na
ausência de CYP11b1 (11-hidroxilase)
a produz-çã o de DOC é aumentada,
atuando como mineralocorticoide (seme-
lhante a aldosterona), causando hiper-
tensão.

b) Transporte e Metabolismo do Cortisol

O cortisol é transportado pelo sangue


predominantemente pela CBG (ou
transcortina!!) e menos de 7% se liga à
albumina. O cortisol é inativado no fíga-
do, que conjuga esse hormô nio com
glicuronida ou sulfato para serem secre-
tados pelo rim. Importante: uma enzima
inativa o cortisol (11βHSD2) ao
transforma-lo em cortisona, porem, ou-
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tra enzima (11βHSD1) consegue reverter  Aumenta a reabsorçã o ó ssea e


essa inativaçã o, ou seja, transformar diminuem absorçã o intestinal de
cortisona em cortisol novamente. Essa cá lcio (uso excessivo pode gerar
enzima está presente no SNC, Tecido osteoporose)
adiposo, fígado e PELE! Por isso usa-se  O cortisol inibe a proliferaçã o de
cremes anti-inflamató rios esteroidais a fibroblastos e colá geno (em excesso a
base de cortisona (reduzem inflamaçã o). pele fica delgada/ fina).
 Aumenta a secreçã o de ADH (o adh é
c) mecanismo de açã o do cortisol responsá vel pela retençã o de agua e
O cortisol atua por meio de receptores de eletró litos, aumenta a pressã o).
glicocorticoides (GR) intracelulares que  Aumenta a Taxade filtraçã o glomeru-
regulam transcriçã o genica. O receptor se lar (melhora a funçã o do rim).
encontra no citoplasma, e nã o na  Estimula o apetite
membrana celular. Ele, quando nã o está Cortisol no estresse X Cortisol aumen-
ativado (ligado ao cortisol), está ligado a tado Cronico
uma proteína estabilizadora chamada de
Chaperona. Quando o cortisol precisa No estresse o cortisol age em conjunto
agir, o receptor se esliga da chaperona e com as catecolaminas e glucagon,
se liga ao cortisol. Ocorre uma promovendo lipó lise, cetogenese, glico-
dimerizaçã o (o receptor se transforma neogenese, glicogenó lise e proteó lise. Já
em dois, falando de uma maneira no aumento crô nico, ele provoca açõ es
simples), e esse dímero vai no nú cleo parecidas com a insulina, ou seja, gera
atuar em cima de elementos que lipogênese e aumento da adiposidade
respondem à ele (genes alvos). visceral/ abdominal.

d) açõ es fisioló gicas do cortisol e) regulaçã o da produçã o de cortisol

é chamado de hormô nio do estresse. A produçã o de cortisol na zona


fasciculada é regulada pelo eixo hipotá -
 Mantem os níveis de glicose lamo-hipofise-adrenal através da libera-
sanguínea (diabetogênico) e aumenta çã o de corticotropina (CRH), ACTH e
seus níveis no estresse. Aumenta Cortisol respectivamente. O CRH e ACTH
proteínas da gliconeogenese (PFK2, estimulam a produçã o de cortisol, que
G6Ptase), e faz proteó lise. age sobre eles negativamente (feedback
 Açõ es cardíacas: aumenta DC e PA, negativo), mantendo um ponto de
estimula a síntese de EPO, aumen- equilíbrio. O Estresse, medo, hipoglice-
tando celulas vermelhas (anemia mia, hemorragia e o excesso de citocinas
ocorre com baixa de cortisol e aumentam a liberaçã o de CRH pelo
policitemia com alta de cortisol) hipotá lamo. Alem desses, outro ator
 Protege o corpo da auto-lesã o em regulató rio é o nú cleo supraquiasmatico,
processos inflamató rios e autoimu- que faz com que o cortisol seja mais
nes (anti-inflamatorio) liberado durante a madrugada e o
 Inibe as funçõ es reprodutoras inicio da manha, caindo ao longo do dia.
 Inibe a enzima Fosfolipase A2, que O CRH estimula os corticotró fos (celulas)
libera acido aracdonico, que ao ser na hipó fise a produzir ACTH (hormô nio
metabolizado gera Prostaglandinas, adrenocorticotrofo ou corticotrofina).
leucotrienos e tromboxano (diminui
a resposta inflamató ria).
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Os corticotrofos sintetizam um pró - e o gene pró -CRH (que da origem ao


hormonio (proopiomelanocortina – CRH) no hipotá lamo.
POMC) que vai dar origem ao ACTH, ao
hormô nio que estimula os melanó citos a  Zona Glomerulosa (1)
produzir melanina (MSH), endorfinas É a zona mais externa da adrenal, produz
(opió ides endó genos) e encefalinas mineralocorticoides (aldosterona), que
(mediadores químicos). regulam a homeostase do sal e o volume
OBS CLINICO: O ACTH se liga ao receptor corporal. É minimamente influenciada
MCR2 localizado no có rtex da adrenal pelo ACTH, sendo o principal
para produzir suas açõ es (aumenta a estimulador o sistema Renina-Angioten-
produçã o de cortisol e andró genos além sina-Aldosterona, pela concentraçã o de
de crescimento e sobrevida do cortex). Potá ssio (K) serica, e pelo Peptideo
Em níveis patoló gicos aumentados o Natriuretico Atrial (PNA). Nessa zona
ACTH provoca escurecimento da pele nã o há expressã o de CYP17, logo, as
(por exemplo, na Doença de Cushing!) celulas dessa zona sã o incapazes de gerar
pois nos melanocitos existem receptores cortisol nem andró genos adrenais. Logo,
MCR1 para o hormonio MSH, entretanto, a ordem de síntese é: colesterol 
quando se tem muito ACTH ele pode se pregnenolona  progesterona e DOC 
ligar nesse receptor por ser semelhante corticoesterona  aldosterona. A
ao MSH (ambos vem do POMC), aldosterona é transportada pela
estimulando os melanocitos que albumina.
escurecem a pele. A aldosterona atua via receptor MR, da
f) funçõ es do ACTH mesma forma como age o receptor de
cortisol. Açõ es fisioló gicas da aldostero-
1. efeitos imediatos: Fazem os colesteró is na incluem aumento da pressã o pelo
que estavam em gotículas sã o aumento de retençã o hidrica.
transportados para a mitocô ndria. Na
mitocô ndria, faz com que aumente-se o  Zona Reticular (3)
numero de proteínas STAR (transporta o É a zona mais interna, produtora dos
colesterol da membrana mitocondrial andró genos. Nessa zona tem-se grandes
externa para a interna, vulgo, coloca o quantidades de CYP17, que fazem a
colesterol dentro da mitocondria). Isso é pregnenolona ser convertida no DHEA.
importante porque é dentro da Além de DHEA, há produçã o de
mitocô ndria que existe a enzima adrostenediona. A maioria dos esteroide
CYP11A1, responsá vel por transformar o sexualmente ativos sã o feitos a partir da
colesterol em pregnenolona. conversã o da androstenediona e DHEA
2. efeitos crô nicos: aumento da captaçã o em tecidos periféricos. DHEA é
d colesterol transportado a partir da albumina.
Quando há excesso de andró genos na
3. açõ es tró ficas sobre a zona fasciculada adrenal ocorre a virilizaçã o da mulher,
e reticular. Em pacientes que recebem pois um dos hormonios formados
corticoides exó genos, os fá rmacos inibem perifericamente pela conversã o dos
continuamente o eiró CRH-ACTH- DHEA é a testosterona. Sintomas e sinais:
cortisol, gerando atrofia da glâ ndula. O pelos excessivos, acne, alteraçã o na
cortisol inibe o gene do POMC na hipó fise ovulaçã o.
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 PATOLOGIAS DA ADRENAL abdominais (pele delgada), fragilidade


1. Doença de Addison capilar, osteoporose, diabetes,
hipertensã o (aumento de aldosterona),
É uma insuficiência da adrenal aumento do clitó ris, aumento dos pelos
(primaria) devido a uma destruiçã o auto- em mulheres,
imune do có rtex da adrenal, que gera
uma diminuiçã o de aldosterona e
cortisol, principalmente. A baixa de
cortisol faz com que o ACTH aumente,
que podem competir com o receptor
MCR1 nos melanocitos, causando
aumento da pigmentaçã o. A perda de
aldosterona gera hipovolemia (pela
diminuiçã o da retençã o de agua). A perda
de cortisol diminui a resposta as
catecolaminas (CORTISOL ESTIMULA A
PNMT), diminuindo a Resistencia vascu-
lar periférica, facilitando a hipotensã o. A
perda de cortisol também pode gerar
hipoclicemia durante estresse ou fadiga,
além de fraqueza muscular, anemia,
diminuiçã o da motilidade intestinal, e
diminuiçã o da absorçã o de vitamina B12
(cortisol faz a manutençã o da mucosa do
TGI). Há perda de apetite e perda de
peso.

2. Sindrome de Cushing

É o oposto de addison, ou seja, é o


aumento da funçã o da glâ ndula adrenal.
O uso exagerado de corticoides exó genos
ou tumores. Independente da causa, o
aumento de Cortisol acarretará em uma
diminuiçã o de ACTH, nã o ocorrendo
pigmentaçã o da pele! Se o caso for um
tumor secretor de ACTH pode ocorrer
sim a hiperpigmentaçã o uma vez que o
problema é na secreçã o exagerada de
ACTH, que nã o sera suprimida com o
aumento de cortisol, somente nesse caso
(nã o é comum). O aumento de cortisol
gera aumento do peso com distribuiçã o
de gordura centrípeta, face em lua cheia,
“corcova de bú fala” característica,
bochechas avermelhadas (policitemia),
membros finos devido a perda de massa
muscular, fraqueza muscular, estrias

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