As glâ ndulas Adrenais (ou suprarrenal) medula adrenal e apenas 30% da produzem duas classes de hormô nios: noraepinefrina vem de la, os outros 70% este-roides e catecolaminas. Através vem dos terminais nervosos que se desses, a glâ ndula tem grande difundem pelos vasos. importâ ncia na fisiologia do estresse, do controle cardíaco e do metabolismo Vascularizaçã o (importante!): A capsula basal, homeostase do sal e volume de tecido conjuntivo que envolve a circulante. Além desses dois hormô nios a glâ ndula tem um rico suprimento adrenal também secreta DHAS. sanguíneo vindo de 3 ramos: artérias suprarrenais superior, media e inferior. Anatomia Essas 3 dã o origem a duas grandes fontes de nutriçã o! A Arteria suprarrenal Sã o glâ ndulas bilatérias localizadas superior e media formam o (1) plexo acima dos rins, a nível da 12ª vertebra capsular. Que dã o origem a arteríolas que torá cica. É dividida em 2 partes, sendo a vã o formar capilares na regiã o cortical. mais externa chamada de có rtex da adrenal e a parte interna a medula. O A artéria suprarrenal inferior atravessa a có rtex tem origem embrioló gica diferen- capsula sem se capilarizar na cortex, te da medular. O primeiro vem do meso- indo (2) diretamente a medula. Isso faz derma (mesenquima) e a medula do com que a medula receba sangue tanto ectoderma (cristas neurais). A medula de dos vasos que passaram pelo có rtex (1), cada adrenal sã o neurô nios modificados quanto da artéria que nã o passou por ela que secretam catecolaminas, agindo (2). Sã o duas fontes de nutriçã o, sendo como neurô nios pó s-ganglionares do aquele que vem do có rtex rico em sistema nervoso autô nomo (SNA). hormônios produzidos pelas zonas do córtex! Isso é muito importante para a transformaçã o da epinefrina para a noraepinefrina (a enzima que cataliza isso –PNMT- depende de cortisol!).
O có rtex da adrenal é composto por três Medula da Adrenal
zonas: Zona Glomerulosa, Zona Fasci- culada e Zona Reticular. Síntese de Nora/ Epinefrina
A porçã o interna da glâ ndula (medula) é As catecolaminas sã o sintetizadas a
formada por células cromafins (celulas partir da tirosina na célula cromafim. derivadas da crista neural). Essas células Esse aminoá cido sofre açã o da enzima desenvolvem-se em neurô nios pó s- tirosina hidroxilase, transformando-a em ganglionares que sintetizam o neuro- DOPA. A dopa é convertida em Dopamina transmissor noradrenalina. Ao invés de pela DOPA descarboxilase. A dopamina é serem secretadas pró ximos aos ó rgã os transportada para dentro de uma alvos, as catecolaminas derivadas da vesícula. A dopamina é transformada em adrenal sã o secretadas no sangue (80% Noraepinefrina pela Dopamina beta epinefrina e 20% noradrenalina), atuan- hidroxilase. A noraepinefrina para virar do como hormô nios. A epinefrina adrenalina tem que sair da vesícula (ou circulante é totalmente derivada da granulo cromafim) pois é transformada Resumo Fisiologia - 4º bimestre Carolina Castelli
em epinefrina pela Feniletanolamina-N-
metilftransferase (PNMT) citoplasmati- ca, que é entã o transportada de volta Córtex da Adrenal para o granulo de secreçã o. A secreção é Zona Fasciculada (2) controlada pela sinalização simpática, em reaçã o a vá rios fatores como estresse, a) hormô nios hipoglicemia e hipovolemia. O sinaliza- Produz o hormô nio glicocorticoide Corti- dor envolvido na liberaçã o das cateco- sol. Estas celulas tem um citoplasma es- laminas é a AcetilColina, que atua em pumoso pois sã o cheias de gotículas lipí- receptores nicotínicos neurais (N2). A dicas (colesterol armazenado), a maioria acetilcolina aumenta a atividade da importado do sangue (dos HDL e LDL) tirosina hidroxilase e dopamina beta que é esterificado e armazenado nas gotí- hidroxilase, aumentando a produçã o de culas lipídicas. Quando há estimulo para catecolaminas. a síntese de cortisol, as vesículas lipídicas Alem da ach, outro estimulante da sap transportadas para a mitocô ndria. Na produçã o de catecolaminas é o cortisol, mitocô ndria existe uma enzima produzido no có rtex, que chega através (CYP11A1) que transforma o colesterol dos vasos oriundos dessa regiã o. O em pregnenolona. A pregnenolona na cortisol estimula expressã o de PNMT, mitocô ndria tem 3 caminhos possíveis: convertendo mais Nora em Epi. (1) aldosterona se estiver na zona glomerulosa, (2) cortisol se estiver na OBS CLÍNICO: o feocromocitoma é um zona fasciculada, e (3) andró genos se tumor de medula da adrenal (tecido estiver na reticular. Na fasciculada, é cromafim) que aumenta a produçã o de convertida em progesterona por outra catecolaminas na mesma (principal- enzima, depois em 17-hidroxipro- mente noraepinefrina). Os sintomas gesterona, 11-desoxicortisol e cortisol. incluem: hipertensã o (pela vasoconstr- içã o), dores de cabeça, sudorese, OBS CLINICA: Uma rota paralela na zona ansiedade, palpitaçã o (inotropismo posi- glomerulosa transforma progesterona tivo), e dor no peito. em DOC e depois corticoesterona. Essa rota é de menos importâ ncia, porem, na ausência de CYP11b1 (11-hidroxilase) a produz-çã o de DOC é aumentada, atuando como mineralocorticoide (seme- lhante a aldosterona), causando hiper- tensão.
b) Transporte e Metabolismo do Cortisol
O cortisol é transportado pelo sangue
predominantemente pela CBG (ou transcortina!!) e menos de 7% se liga à albumina. O cortisol é inativado no fíga- do, que conjuga esse hormô nio com glicuronida ou sulfato para serem secre- tados pelo rim. Importante: uma enzima inativa o cortisol (11βHSD2) ao transforma-lo em cortisona, porem, ou- Resumo Fisiologia - 4º bimestre Carolina Castelli
tra enzima (11βHSD1) consegue reverter Aumenta a reabsorçã o ó ssea e
essa inativaçã o, ou seja, transformar diminuem absorçã o intestinal de cortisona em cortisol novamente. Essa cá lcio (uso excessivo pode gerar enzima está presente no SNC, Tecido osteoporose) adiposo, fígado e PELE! Por isso usa-se O cortisol inibe a proliferaçã o de cremes anti-inflamató rios esteroidais a fibroblastos e colá geno (em excesso a base de cortisona (reduzem inflamaçã o). pele fica delgada/ fina). Aumenta a secreçã o de ADH (o adh é c) mecanismo de açã o do cortisol responsá vel pela retençã o de agua e O cortisol atua por meio de receptores de eletró litos, aumenta a pressã o). glicocorticoides (GR) intracelulares que Aumenta a Taxade filtraçã o glomeru- regulam transcriçã o genica. O receptor se lar (melhora a funçã o do rim). encontra no citoplasma, e nã o na Estimula o apetite membrana celular. Ele, quando nã o está Cortisol no estresse X Cortisol aumen- ativado (ligado ao cortisol), está ligado a tado Cronico uma proteína estabilizadora chamada de Chaperona. Quando o cortisol precisa No estresse o cortisol age em conjunto agir, o receptor se esliga da chaperona e com as catecolaminas e glucagon, se liga ao cortisol. Ocorre uma promovendo lipó lise, cetogenese, glico- dimerizaçã o (o receptor se transforma neogenese, glicogenó lise e proteó lise. Já em dois, falando de uma maneira no aumento crô nico, ele provoca açõ es simples), e esse dímero vai no nú cleo parecidas com a insulina, ou seja, gera atuar em cima de elementos que lipogênese e aumento da adiposidade respondem à ele (genes alvos). visceral/ abdominal.
d) açõ es fisioló gicas do cortisol e) regulaçã o da produçã o de cortisol
é chamado de hormô nio do estresse. A produçã o de cortisol na zona
fasciculada é regulada pelo eixo hipotá - Mantem os níveis de glicose lamo-hipofise-adrenal através da libera- sanguínea (diabetogênico) e aumenta çã o de corticotropina (CRH), ACTH e seus níveis no estresse. Aumenta Cortisol respectivamente. O CRH e ACTH proteínas da gliconeogenese (PFK2, estimulam a produçã o de cortisol, que G6Ptase), e faz proteó lise. age sobre eles negativamente (feedback Açõ es cardíacas: aumenta DC e PA, negativo), mantendo um ponto de estimula a síntese de EPO, aumen- equilíbrio. O Estresse, medo, hipoglice- tando celulas vermelhas (anemia mia, hemorragia e o excesso de citocinas ocorre com baixa de cortisol e aumentam a liberaçã o de CRH pelo policitemia com alta de cortisol) hipotá lamo. Alem desses, outro ator Protege o corpo da auto-lesã o em regulató rio é o nú cleo supraquiasmatico, processos inflamató rios e autoimu- que faz com que o cortisol seja mais nes (anti-inflamatorio) liberado durante a madrugada e o Inibe as funçõ es reprodutoras inicio da manha, caindo ao longo do dia. Inibe a enzima Fosfolipase A2, que O CRH estimula os corticotró fos (celulas) libera acido aracdonico, que ao ser na hipó fise a produzir ACTH (hormô nio metabolizado gera Prostaglandinas, adrenocorticotrofo ou corticotrofina). leucotrienos e tromboxano (diminui a resposta inflamató ria). Resumo Fisiologia - 4º bimestre Carolina Castelli
Os corticotrofos sintetizam um pró - e o gene pró -CRH (que da origem ao
hormonio (proopiomelanocortina – CRH) no hipotá lamo. POMC) que vai dar origem ao ACTH, ao hormô nio que estimula os melanó citos a Zona Glomerulosa (1) produzir melanina (MSH), endorfinas É a zona mais externa da adrenal, produz (opió ides endó genos) e encefalinas mineralocorticoides (aldosterona), que (mediadores químicos). regulam a homeostase do sal e o volume OBS CLINICO: O ACTH se liga ao receptor corporal. É minimamente influenciada MCR2 localizado no có rtex da adrenal pelo ACTH, sendo o principal para produzir suas açõ es (aumenta a estimulador o sistema Renina-Angioten- produçã o de cortisol e andró genos além sina-Aldosterona, pela concentraçã o de de crescimento e sobrevida do cortex). Potá ssio (K) serica, e pelo Peptideo Em níveis patoló gicos aumentados o Natriuretico Atrial (PNA). Nessa zona ACTH provoca escurecimento da pele nã o há expressã o de CYP17, logo, as (por exemplo, na Doença de Cushing!) celulas dessa zona sã o incapazes de gerar pois nos melanocitos existem receptores cortisol nem andró genos adrenais. Logo, MCR1 para o hormonio MSH, entretanto, a ordem de síntese é: colesterol quando se tem muito ACTH ele pode se pregnenolona progesterona e DOC ligar nesse receptor por ser semelhante corticoesterona aldosterona. A ao MSH (ambos vem do POMC), aldosterona é transportada pela estimulando os melanocitos que albumina. escurecem a pele. A aldosterona atua via receptor MR, da f) funçõ es do ACTH mesma forma como age o receptor de cortisol. Açõ es fisioló gicas da aldostero- 1. efeitos imediatos: Fazem os colesteró is na incluem aumento da pressã o pelo que estavam em gotículas sã o aumento de retençã o hidrica. transportados para a mitocô ndria. Na mitocô ndria, faz com que aumente-se o Zona Reticular (3) numero de proteínas STAR (transporta o É a zona mais interna, produtora dos colesterol da membrana mitocondrial andró genos. Nessa zona tem-se grandes externa para a interna, vulgo, coloca o quantidades de CYP17, que fazem a colesterol dentro da mitocondria). Isso é pregnenolona ser convertida no DHEA. importante porque é dentro da Além de DHEA, há produçã o de mitocô ndria que existe a enzima adrostenediona. A maioria dos esteroide CYP11A1, responsá vel por transformar o sexualmente ativos sã o feitos a partir da colesterol em pregnenolona. conversã o da androstenediona e DHEA 2. efeitos crô nicos: aumento da captaçã o em tecidos periféricos. DHEA é d colesterol transportado a partir da albumina. Quando há excesso de andró genos na 3. açõ es tró ficas sobre a zona fasciculada adrenal ocorre a virilizaçã o da mulher, e reticular. Em pacientes que recebem pois um dos hormonios formados corticoides exó genos, os fá rmacos inibem perifericamente pela conversã o dos continuamente o eiró CRH-ACTH- DHEA é a testosterona. Sintomas e sinais: cortisol, gerando atrofia da glâ ndula. O pelos excessivos, acne, alteraçã o na cortisol inibe o gene do POMC na hipó fise ovulaçã o. Resumo Fisiologia - 4º bimestre Carolina Castelli
PATOLOGIAS DA ADRENAL abdominais (pele delgada), fragilidade
1. Doença de Addison capilar, osteoporose, diabetes, hipertensã o (aumento de aldosterona), É uma insuficiência da adrenal aumento do clitó ris, aumento dos pelos (primaria) devido a uma destruiçã o auto- em mulheres, imune do có rtex da adrenal, que gera uma diminuiçã o de aldosterona e cortisol, principalmente. A baixa de cortisol faz com que o ACTH aumente, que podem competir com o receptor MCR1 nos melanocitos, causando aumento da pigmentaçã o. A perda de aldosterona gera hipovolemia (pela diminuiçã o da retençã o de agua). A perda de cortisol diminui a resposta as catecolaminas (CORTISOL ESTIMULA A PNMT), diminuindo a Resistencia vascu- lar periférica, facilitando a hipotensã o. A perda de cortisol também pode gerar hipoclicemia durante estresse ou fadiga, além de fraqueza muscular, anemia, diminuiçã o da motilidade intestinal, e diminuiçã o da absorçã o de vitamina B12 (cortisol faz a manutençã o da mucosa do TGI). Há perda de apetite e perda de peso.
2. Sindrome de Cushing
É o oposto de addison, ou seja, é o
aumento da funçã o da glâ ndula adrenal. O uso exagerado de corticoides exó genos ou tumores. Independente da causa, o aumento de Cortisol acarretará em uma diminuiçã o de ACTH, nã o ocorrendo pigmentaçã o da pele! Se o caso for um tumor secretor de ACTH pode ocorrer sim a hiperpigmentaçã o uma vez que o problema é na secreçã o exagerada de ACTH, que nã o sera suprimida com o aumento de cortisol, somente nesse caso (nã o é comum). O aumento de cortisol gera aumento do peso com distribuiçã o de gordura centrípeta, face em lua cheia, “corcova de bú fala” característica, bochechas avermelhadas (policitemia), membros finos devido a perda de massa muscular, fraqueza muscular, estrias