Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Anatomia
As glândulas suprarrenais, localizadas acima dos rins, consistem em duas estruturas bilaterais.
Conhecidas como glândulas suprarrenais devido à sua posição no polo superior de cada rim, são
semelhantes às glândulas pituitárias, derivando tanto do tecido neural quanto do tecido epitelial. O
córtex suprarrenal, formado por células mesodérmicas próximas ao polo superior do rim em
desenvolvimento, se divide em três zonas em adultos: glomerulosa, fasciculada e reticular, responsáveis
pela produção de mineralocorticoides, glicocorticoides e androgênios adrenais, respectivamente.
Após a formação do córtex, células cromafins, derivadas da crista neural associadas aos gânglios
simpáticos, migram para o córtex e são encapsuladas por células corticais, formando a medula
suprarrenal. Essas células cromafins têm o potencial de se desenvolver em neurônios simpáticos pós-
ganglionares, sendo inervadas por neurônios simpáticos colinérgicos pré-simpáticos. Além disso, têm a
capacidade de sintetizar o neurotransmissor norepinefrina, derivado da tirosina. A enzima
feniletanolamina N-metil transferase adiciona um grupo metil à norepinefrina, resultando na produção
do hormônio catecolamina epinefrina, que é o principal produto hormonal da medula adrenal.
Medula Suprarenal
Síntese de Epinefrina
A síntese de catecolaminas na medula adrenal começa com o transporte de tirosina para as células
cromafins, onde ocorre a hidroxilação pela tirosina hidroxilase. O DOPA resultante é convertido em
dopamina, que, por sua vez, é transformada em norepinefrina dentro dos grânulos cromafins. Nas
células adrenomedulares, a norepinefrina difunde-se do grânulo e é transformada em epinefrina por
metilação. A regulação da secreção é principalmente realizada pela sinalização simpática, em resposta a
estresses como exercícios e hipoglicemia.
A acetilcolina atua como estímulo químico, secretada pelos neurônios pré-ganglionares simpáticos e se
liga a receptores nicotínicos nas células cromafins. Isso aumenta a atividade de enzimas como a tirosina
hidroxilase e dopamina β-hidroxilase, facilitando a exocitose dos grânulos cromafins. A síntese de
epinefrina e norepinefrina está vinculada à sua secreção, mantendo níveis intracelulares estáveis,
mesmo diante de variações na atividade simpática.
A resposta adrenomedular é rápida devido à inervação direta da medula adrenal pelo sistema nervoso
autônomo. O envolvimento de vários centros no sistema nervoso central, especialmente o córtex
cerebral, permite respostas adrenomedulares antecipadas antes do início do estresse real. A resposta,
principalmente de epinefrina, muitas vezes é coordenada com a atividade simpática, mas alguns
estímulos podem gerar uma resposta adrenomedular mais forte do que a terminação nervosa simpática,
e vice-versa.
4. Relaxamento da musculatura lisa bronquiolar para melhorar a troca de gases durante o exercício.
5. Diminuição da demanda de energia pela musculatura lisa visceral, reduzindo a motilidade geral nos
tratos gastrointestinal e urinário para conservar energia onde não é necessária.
Essas ações colaboram para atender às demandas energéticas dos músculos cardíaco e esquelético
durante o exercício, garantindo um suprimento adequado de oxigênio e glicose para o cérebro.
Cortex Suprarrenal
Zona Fasciculada
O cortisol exerce sua principal ação através do receptor glicocorticoide (GR), que regula a transcrição
genética. Na ausência do hormônio, o GR está no citoplasma, formando um complexo estável com
diversas chaperonas moleculares, como proteínas de choque térmico e ciclofilinas. A ligação entre
cortisol e GR induz a dissociação das chaperonas, resultando em:
2. Dimerização e ligação aos elementos de resposta glicocorticoides (GREs), localizados próximos aos
promotores basais de genes regulados pelo cortisol.
O cortisol, frequentemente chamado de "hormônio do estresse", possui uma ampla gama de ações em
diferentes sistemas do corpo. Em geral, suas funções incluem:
- Promove a poupança de glicose através da lipólise, liberando ácidos graxos para serem usados como
fonte de energia.
2. Ações Cardiovasculares:
- Inibe a formação óssea osteoblástica e afeta a pele, causando afinamento e danos capilares.
O controle da produção de cortisol pela zona fasciculada é regulado pelo eixo hipotálamo-pituitária-
adrenal, envolvendo CRH, ACTH e cortisol. Destaques incluem:
- Ritmo diário de liberação, com pico pela manhã, regulado pelo núcleo supraquiasmático.
- Ações tróficas ocorrem em semanas ou meses, exemplificadas pela atrofia da zona fasciculada com
uso prolongado de análogos de glicocorticoides.
- Estresse intenso pode sobrepor os efeitos do feedback negativo, elevando o "ponto de equilíbrio".
Zona Reticular
A zona mais interna, conhecida como zona reticular, surge após o nascimento, geralmente aos 5 anos. A
produção de androgênios adrenais, especialmente DHEAS, começa a ser detectada por volta dos 6 anos,
marcando o início da adrenarca. Isso contribui para o desenvolvimento de pelos axilares e púbicos,
notados por volta dos 8 anos. Os níveis de DHEAS aumentam até atingirem o pico entre 20 e 30 anos,
seguido por um declínio progressivo com o envelhecimento.
A zona reticular apresenta diferenças significativas em relação à zona fasciculada em diversas vias
enzimáticas esteroidogênicas. Primeiramente, a expressão da 3β-HSD é consideravelmente menor na
zona reticular do que na zona fasciculada, favorecendo a "via Δ5" na zona reticular. Em segundo lugar, a
zona reticular expressa co-fatores ou condições que aprimoram a atividade da 17,20-liase da CYP17,
resultando na produção do androgênio precursor DHEA com 19 carbonos, a partir da 17-
hidroxipregnenolona. Além disso, a zona reticular expressa a DHEA sulfotransferase, que converte DHEA
em DHEAS. Pequenas quantidades do androgênio Δ4 androstenediona também são produzidas na zona
reticular. Embora quantidades normalmente pequenas de androgênios potentes, como a testosterona,
sejam produzidas pelo córtex adrenal humano, a maioria dos esteroides sexualmente ativos é gerada
principalmente por meio da conversão periférica de DHEAS e androstenediona. DHEAS pode ser
convertido de volta em DHEA pelas sulfatases periféricas, e tanto DHEA quanto androstenediona podem
ser convertidos em androgênios ativos perifericamente, em ambos os sexos. O DHEA se liga à albumina
no sangue e é excretado eficientemente pelos rins, com uma meia-vida de 15 a 30 minutos. Em
contraste, o DHEAS tem alta afinidade com a albumina e possui uma meia-vida mais longa, variando de 7
a 10 horas.
A contribuição dos androgênios adrenais para os androgênios ativos nos homens é considerada
negligenciável. No entanto, em mulheres, a adrenal contribui com aproximadamente 50% dos
androgênios ativos circulantes, essenciais para o crescimento de pelos púbicos e axilares, assim como
para a libido. Além de fornecer precursores androgênicos, o papel exato da zona reticular em adultos
humanos ainda não está bem definido. O DHEAS é o hormônio circulante mais abundante em jovens
adultos, atingindo picos entre 20 e 30 anos e declinando gradualmente. Apesar do interesse no possível
papel do DHEAS no envelhecimento, sua função e o impacto de sua diminuição durante o
envelhecimento ainda são pouco compreendidos. A queda relacionada à idade do DHEA e DHEAS levou
ao uso popular desses esteroides como suplementos dietéticos, embora estudos recentes não tenham
indicado benefícios significativos.
A regulação da função da zona reticular é principalmente controlada pelo ACTH, sendo este o principal
regulador. Tanto o DHEA quanto a androstenediona exibem ciclos diurnos semelhantes ao cortisol, mas o
DHEAS não segue o mesmo padrão devido à sua longa meia-vida. Além disso, a zona reticular mostra
mudanças atróficas semelhantes à zona fasciculada em condições de pouco ou nenhum ACTH. No
entanto, outros fatores regulam a função androgênica adrenal, e embora a adrenarca ocorra em
resposta a níveis constantes de cortisol e ACTH, os padrões de produção de DHEAS não estão associados
de maneira semelhante a esses hormônios. No entanto, esses outros fatores, sejam eles intra ou extra-
adrenais, ainda são desconhecidos.
Zona Glomerulosa
A zona mais externa da adrenal, a zona glomerulosa, é responsável pela produção do mineralocorticoide
aldosterona, que desempenha um papel crucial na regulação da homeostase de sal e volume (Capítulo
34). Diferentemente das outras zonas adrenais, a zona glomerulosa é minimamente influenciada pelo
ACTH e é primariamente controlada pelo sistema renina-angiotensina, pela concentração de potássio no
plasma ([K+]) e pelo peptídeo natriurético atrial (ANP).
O que torna a zona glomerulosa única entre as glândulas esteroidogênicas é a expressão de CYP11B2,
que é regulada por diferentes vias de sinalização. A enzima codificada por CYP11B2, conhecida como
aldosterona sintase, catalisa as três últimas reações que convertem o DOC em aldosterona na zona
glomerulosa. Essas reações incluem a 11-hidroxilação da DOC para formar corticosterona, a 18-
hidroxilação para formar a 18-hidroxicorticosterona e a 18-oxidação para formar a aldosterona (Figs. 42-
9 e 42-16).
- O complexo aldosterona-MR regula a expressão de genes específicos, ativando os mesmos genes que o
cortisol.
- Células que expressam MR também podem expressar 11β-HSD2, que converte cortisol em cortisona.
- Cortisona pode ser convertida de volta em cortisol pela 11β-HSD1, presente em vários tecidos
responsivos aos glicocorticoides, como fígado e pele.