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A medicina é uma ciência em constante evolução. À medida que novas pesquisas e a experiência clínica ampliam
o nosso conhecimento, são necessárias modificações no tratamento e na farmacoterapia. Os organizadores desta
obra consultaram as fontes consideradas confiáveis, em um esforço para oferecer informações completas e, geral-
mente, de acordo com os padrões aceitos à época da publicação. Entretanto, tendo em vista a possibilidade de falha
humana ou de alterações nas ciências médicas, os leitores devem confirmar estas informações com outras fontes.
Por exemplo, e em particular, os leitores são aconselhados a conferir a bula de qualquer medicamento que preten-
dam administrar, para se certificar de que a informação contida neste livro está correta e de que não houve alteração
na dose recomendada nem nas contraindicações para o seu uso. Esta recomendação é particularmente importante
em relação a medicamentos novos ou raramente usados.
ISBN 978-85-65852-65-4
CDU 615-028.22
Fator
A. Glicocorticoides
liberador de
corticotropina O cortisol é o principal glicocorticoide humano. Normalmente, sua pro-
dução é diurna, com pico cedo pela manhã seguido de um declínio e
um pico secundário, pequeno, no final da tarde. Fatores como estresse
e níveis de esteroides circulantes influenciam a secreção. Os efeitos do
cortisol são vários e diversos. Em geral, todos os glicocorticoides:
1
INFO
Ver Bioquímica Ilustrada, 4a ed. Artmed Editora, para a discussão sobre
LINK
Complexo
B. Mineralocorticoides O receptor receptor
forma um ativado
Os mineralocorticoides auxiliam no controle do volume de água e da con- dímero.
centração de eletrólitos do organismo, especialmente sódio e potássio. A
aldosterona atua nos túbulos renais e ductos coletores, causando reab- NÚCLEO
sorção de sódio, bicarbonato e água. Ela diminui a reabsorção de potássio
que, com H+, é, então, perdido na urina. O aumento da reabsorção de
sódio pela aldosterona também ocorre na mucosa gastrintestinal e nas
glândulas salivares e sudoríparas. (Nota: níveis elevados de aldosterona Elemento de
resposta ao
podem causar alcalose e hipopotassemia, e a retenção de sódio e água glicocorticoide
leva ao aumento no volume sanguíneo e da pressão arterial. O hiperal-
dosteronismo é tratado com espironolactona.) As células-alvo da ação da
aldosterona contêm receptores mineralocorticoides que interagem com os
hormônios de modo análogo ao do receptor glicocorticoide (ver antes).
Promotor
DNA Gene
C. Usos terapêuticos dos adrenocorticosteroides
Vários derivados semissintéticos dos glicocorticoides foram desenvolvi-
dos e variam na sua potência anti-inflamatória, na intensidade de reten-
RNAm
ção de sódio e na duração de ação. Eles estão resumidos na Figura 26.4. A ligação a um
elemento de resposta
1. Tratamento de reposição para a insuficiência adrenocortical ao glicocorticoide
estimula ou inibe a
primária (doença de Addison). Essa doença é causada pela dis- atividade de um
promotor adjacente,
função do córtex suprarrenal (diagnosticada pela falta de resposta que inicia ou inibe a
do paciente à administração de corticotropina). A hidrocortisona, transcrição de um
gene.
que é idêntica ao cortisol natural, é administrada para corrigir a de- RNAm
ficiência. Não proceder assim causa a morte. A dosagem de hidro-
cortisona é dividida de forma que dois terços da dose diária normal Alteração na quantidade
de proteína específica
sejam administrados pela manhã e um terço seja administrado à
tarde. (Nota: o objetivo desse regime é aproximar o nível de hor-
Efeitos biológicos
mônio diário resultante do ritmo circadiano exibido pelo cortisol, o
qual causa níveis plasmáticos próximos do máximo às 8 horas da
manhã, diminuindo durante todo o dia até o nível mínimo em torno Figura 26.3
de uma hora da madrugada.) A administração de fludrocortisona, Regulação gênica pelos glicocorticoides.
um potente mineralocorticoide sintético com alguma atividade gli-
cocorticoide, também pode ser necessária para elevar a atividade
mineralocorticoide aos níveis normais.
Glicocorticoides Hidrocortisona 1
Legenda:
1 Efeito anti-inflamatório
Ação curta
(1 a 12 h) 0,8
Efeito retentor de sal
Cortisona
0,8
Prednisona 4
0,8
4
Prednisolona
Ação intermediária 0,8
(12 a 36 h)
5
Metilprednisolona
0,5
5
Triancinolona
0
25
Betametasona
Ação longa 0
(36 a 55 h)
30
Dexametasona
0
Mineralocorticoides
10
Fludrocortisona
125
Figura 26.4
Efeitos farmacológicos e duração de ação de alguns dos corticosteroides naturais e sintéticos mais usados. As atividades
são todas relativas à hidrocortisona, que é considerada como 1.
E. Efeitos adversos
Os efeitos adversos comuns do tratamento de longa duração com cor-
ticosteroides estão resumidos na Figura 26.6. A osteoporose é o efeito
adverso mais comum devido à propriedade dos glicocorticoides de supri-
mir a absorção intestinal de Ca2+, inibir a formação do osso e diminuir a
síntese de hormônios sexuais. Doses em dias alternados não impedem
a osteoporose. Os pacientes são orientados a tomar suplemento de cál-
cio e vitamina D. Fármacos que são eficazes no tratamento da osteopo-
rose também podem ser benéficos. (Nota: o aumento do apetite não é
necessariamente um efeito adverso. De fato, é uma das razões para o
uso da prednisona na quimioterapia do câncer.) A clássica síndrome tipo
Cushing, isto é, redistribuição da gordura corporal, rosto de “lua cheia”,
maior crescimento de pelos pelo corpo, acne e insônia e aumento do ape-
tite, é observada quando há excesso de corticosteroides. Maior frequên-
cia de cataratas também ocorre com o tratamento de longa duração com
corticosteroides. Pode ocorrer hiperglicemia e levar ao diabetes melito. Os
Balanço de Inibição da
cálcio negativo cicatrização
Euforia
Depressão
Aumento Transtornos
do apetite Úlceras pépticas
emocionais
K+
Hipertensão Edema Hipopotassemia
PA
Figura 26.6
Alguns efeitos observados comumente no tratamento de longa duração com corticosteroides. PA = pressão arterial.
Farmacologia Ilustrada 529
3. Uso terapêutico
Figura 41.10
Efeito renal da inibição da síntese de prostaglandinas pelos AINEs. AINEs = anti-inflamatórios não esteroides.
Grave
Intoxicação submetidos a certos procedimentos de revascularização.
100 4. Farmacocinética
Leve
de vários dias a uma semana. Sendo um ácido orgânico, o sali- t1/2 = 15 horas
t1/2 = 3 horas
cilato é secretado na urina e pode interferir na excreção do áci-
do úrico – especificando, doses baixas de ácido acetilsalicílico
diminuem a secreção de ácido úrico, e doses altas aumentam. Figura 41.12
Por isso, o AAS deve ser evitado em pacientes com gota. A fun- Efeito da dosagem sobre a meia-vida
ção hepática e a renal devem ser monitoradas periodicamente do ácido acetilsalicílico.
nos pacientes crônicos de altas doses de AAS e o tratamento
deve ser evitado em pacientes com doença renal crônica.
5. Efeitos adversos
D. Derivados do oxicam
O piroxicam e o meloxicam são utilizados no tratamento da artrite reu-
matoide, da espondilite anquilosante e da osteoartrite. Eles apresentam
meias-vidas longas, o que permite a administração uma vez ao dia; o
fármaco original e os metabólitos são excretados pelos rins na urina. Dis-
túrbios GI são encontrados em cerca de 20% dos pacientes tratados com
piroxicam. O meloxicam inibe a COX-1 e a COX-2, com ligação preferen-
cial a COX-2 e, em doses baixas a moderadas, provoca menos irritação
gastrintestinal do que o piroxicam. Todavia, em doses altas, o meloxicam
é um AINE não seletivo, inibindo tanto a COX-1 quanto a COX-2. A excre-
ção do meloxicam é realizada principalmente na forma de metabólitos e
ocorre em igual proporção na urina e nas fezes.
E. Fenamatos
O ácido mefenâmico e o meclofenamato não apresentam vantagens
sobre os outros AINEs, como anti-inflamatórios. Seus efeitos adversos,
como diarreia, podem ser graves e eles estão associados à inflamação
do intestino. Foram relatados casos de anemia hemolítica.
–4 –3 –2 –1 0 1 2
G. Nabumetona
A nabumetona é indicada no tratamento da artrite reumatoide e osteoar-
Log IC80 COX-2 trite e está associada com baixa incidência de efeitos adversos. A nabu-
IC80 COX-1
metona é biotransformada no fígado ao metabólito ativo, que apresenta
Aumento da Aumento da atividade anti-inflamatória, antipirética e analgésica. O metabólito ativo é
seletividade seletividade
para COX-2 para COX-1 biotransformado no fígado a metabólitos inativos com subsequente eli-
minação renal. Deve-se ter cautela no uso deste fármaco em pacientes
Figura 41.14 com insuficiência hepática. Além disso, a dosagem deve ser ajustada nos
pacientes com depuração de creatinina abaixo de 50 mL/min.
Seletividade relativa de alguns AINEs
comumente usados. Os dados são
mostrados como logaritmo das rela- H. Celecoxibe
ções de IC80 (concentração do fármaco O celecoxibe é significativamente mais seletivo para inibir a COX-2 do
que inibe em 80% a atividade da ciclo- que a COX-1 (ver Figura 41.14). Esta seletividade contra a COX-2 lhe
-oxigenase). confere uma vantagem terapêutica sobre os inibidores não seletivos da
COX, permitindo um manejo mais adequado das inflamações crônicas.
De fato, nas concentrações alcançadas in vivo, o celecoxibe não bloqueia
a COX-1. Ao contrário da inibição da COX-1 pelo ácido acetilsalicílico
(que é rápida e irreversível), a inibição da COX-2 depende de tempo e é
reversível. O celecoxibe está aprovado para o tratamento da artrite reu-
matoide, osteoartrite, dor aguda a moderada e como auxiliar no trata-
mento de pacientes com polipose adenomatosa familiar para reduzir o
número de pólipos adenomatosos colorretais. Ao contrário do AAS, ele
não inibe a agregação plaquetária e não aumenta o tempo de sangra-
mento. O celecoxibe tem eficácia similar aos AINEs no tratamento da dor
e no risco de eventos cardiovasculares. Quando usado sem o emprego
concomitante do AAS, ele está menos associado com sangramento GI e
dispepsia; contudo, esta vantagem se perde quando o AAS é associado
ao tratamento com celecoxibe. Nos pacientes com risco alto de úlceras
(isto é, com história de úlcera péptica), o uso de iBP junto com o celecoxi-
be e o AAS pode ser necessário para evitar úlceras gástricas.
A. Usos terapêuticos
O paracetamol é um substituto adequado para os efeitos analgésicos e
HNCOCH3 HNCOCH3 HNCOCH3
antipiréticos do AAS nos pacientes com problemas gástricos, nos quais
o prolongamento do tempo de sangramento é desvantajoso, ou naqueles
que não necessitam da ação anti-inflamatória do AAS. O paracetamol é
Sulfato OH Glicuronídeo o analgésico/antipirético de escolha em crianças com infecções virais ou
varicela (lembre-se de que o AAS aumenta o risco de síndrome de Reye).
Paracetamol
Ele não antagoniza os fármacos uricosúricos probenecida ou sulfinpira-
Citocromo P450 zona e, dessa forma, pode ser utilizado em pacientes portadores de gota
oxidase de
função mista que estejam sendo tratados com esses fármacos.
Proteínas
nucleofílicas B. Farmacocinética
NCOCH3 das células
hepáticas
Glutationa O paracetamol é rapidamente absorvido no TGI. Nas células luminais
dos intestinos e nos hepatócitos, ocorre significativa biotransformação de
primeira passagem. Em circunstâncias normais, o paracetamol é conju-
Doses Doses
O gado no fígado formando metabólitos glicuronizados ou sulfatados ina-
terapêuticas tóxicas
Intermediário tivos. Uma parte é hidroxilada para formar N-acetil-benzoiminoquinona
tóxico
(N-acetil-p-benzoquinoneimina ou NAPQI) – um metabólito altamente
HNCOCH3 reativo e potencialmente perigoso que reage com os grupos sulfidrila e
causa lesão hepática. Em dosagens normais de paracetamol, a N-acetil-
-benzoiminoquinona reage com grupos sulfidrila da glutationa, formando
Glutationa uma substância não tóxica (Figura 41.16). O paracetamol e seus metabó-
OH litos são excretados na urina.
HNCOCH3
C. Efeitos adversos
Ácido mercaptúrico
(não tóxico) Em dosagens terapêuticas normais, o paracetamol é praticamente livre
Macromoléculas de qualquer efeito adverso significativo. Raramente podem acontecer
celulares eritema cutâneo e reações alérgicas mínimas. Podem ocorrer mínimas
OH
alterações na contagem de leucócitos, mas geralmente são transitórias.
Necrose tubular renal é uma complicação rara no tratamento prolongado
Morte celular com altas doses. Em dosagens altas de paracetamol, a glutationa dispo-
nível no fígado se esgota, e a N-acetil-benzoiminoquinona reage com os
grupos sulfidrila das proteínas hepáticas, formando ligações covalentes
Figura 41.16 (ver Figura 41.16). Pode ocorrer necrose hepática, uma condição muito
Biotransformação do paracetamol. grave e potencialmente fatal. Estão sob risco maior de hepatotoxicidade
induzida pelo paracetamol os pacientes com doença hepática, hepati-
te viral ou história de alcoolismo. Também pode ocorrer necrose tubular
renal. (Nota: a administração de N-acetilcisteína, que contém grupos sul-
fidrila aos quais o metabólito tóxico pode ligar-se, pode salvar a vida do
paciente quando realizada dentro de 10 horas da dosagem excessiva.) O
paracetamol deve ser evitado em pacientes com grave insuficiência he-
pática. É recomendado monitorar as enzimas hepáticas periodicamente
nos pacientes que são tratados com dosagens elevadas de paracetamol.
A. Escolha do fármaco
Nenhum ARMD é eficaz e seguro para todos os pacientes, sendo neces-
sário, algumas vezes, testar vários fármacos diferentes. A maioria dos
especialistas inicia o tratamento ARMD com um dos fármacos tradicio-
nais, como metotrexato ou hidroxicloroquina. Esses fármacos são efica-
zes e geralmente bem tolerados, com efeitos adversos bem conhecidos.
A resposta inadequada aos fármacos tradicionais pode ser seguida pelo
uso de ARMDs mais modernos, como leflunomida, anacinra ou inibidores
de FNT (adalimumabe, etanercepte, golimumabe, certolizumabe e inflixi-
mabe). Tratamentos associados são seguros e eficazes. Na maioria dos
casos, o metotrexato é associado com algum dos outros ARMDs. Em
pacientes que não respondem à associação com metotrexato mais inibi-
dores de FNT ou outras combinações, pode-se testar o tratamento com
rituximabe ou abatacepte. A maioria destes fármacos é contraindicado
para gestantes.
B. Metotrexato
O metotrexato, utilizado isoladamente ou associado, tornou-se a base do
tratamento de pacientes com AR ou psoriática. Em radiografias, verifica-
-se que o metotrexato retarda o aparecimento de novas erosões no inte-
rior das articulações envolvidas. A resposta ao metotrexato ocorre dentro
de 3 a 6 semanas do início do tratamento. Ele é um imunossupressor,
e isso pode explicar sua eficácia no tratamento da artrite, uma doença
autoimune. Outro ARMD pode ser acrescentado ao metotrexato se a 2 ATP + CO2
resposta é nula ou parcial à dose máxima de metotrexato. As dosagens + Glutamina
de metotrexato necessárias para esse tratamento são muito menores do
que as necessárias na quimioterapia contra o câncer e são administradas
uma vez por semana, minimizando, assim, os efeitos adversos. Os efeitos 2 ADP + Pi
+ Glutamato
adversos mais comuns observados no tratamento da AR com metotre-
xato são ulcerações das mucosas e náuseas. Na administração crônica, Carbamoil
podem ocorrer citopenias (particularmente diminuição na contagem de fosfato
leucócitos), cirrose hepática e síndrome do tipo pneumonia aguda. (Nota:
a administração de uma dose de ácido folínico por dia após a administra-
ção de metotrexato reduz a gravidade dos efeitos adversos.) Contrarian-
do as expectativas iniciais, foram observados mínimos efeitos adversos
inesperados após mais de 20 anos de acompanhamento, mas a monito-
ração periódica por sinais de infecção, hemograma completo e dosagem Di-hidro-orotato
das enzimas hepáticas são recomendados. NAD+
Di-hidro-orotato-
Leflunomida
C. Leflunomida -desidrogenase
NADH + H +
A leflunomida é um fármaco imunomodulador que causa, preferencial-
mente, o aprisionamento dos linfócitos autoimunes pela ação da di-hi-
dro-orotato-desidrogenase (DIODI). Os linfócitos ativados, proliferando, Orotato
exigem síntese constante de DNA. Pirimidinas e purinas são os compo-
nentes do DNA, e a DIODI é necessária para a síntese de pirimidinas.
Após a biotransformação, a leflunomida torna-se um inibidor reversível
da DIODI (Figura 41.17). A leflunomida foi aprovada para o tratamento Monofosfato-5’-orotidina
da AR. Ela não só reduz a dor e a inflamação associadas à doença, mas (OMP)
também parece retardar a progressão da lesão estrutural inibindo a pro-
dução de osteoclastos. A leflunomida pode ser utilizada como monotera-
pia ou acrescentada ao metotrexato no tratamento combinado.
Monofosfato-5’-uridina
1. Farmacocinética. A leflunomida é bem absorvida após admi- (UMP)
nistração via oral. Ela se liga extensamente à albumina (mais de
90%) e possui meia-vida de 14 a 18 dias. (Nota: devido à sua longa
meia-vida, são necessárias dosagens de carga e são necessários Figura 41.17
protocolos de eliminação em casos de toxicidade.) A leflunomida Locais de ação da leflunomida.
540 Clark, Finkel, Rey & Whalen
D. Hidroxicloroquina
Esse fármaco também é utilizado no tratamento da malária. Ele é usado
na AR precoce e leve, em geral associado ao metotrexato. Usado isola-
do, o hidroxicloroquina não retarda a lesão articular. Seu mecanismo de
ação pode incluir a inibição da fosfolipase A2 e da aglutinação plaque-
tária, estabilização de membrana, efeitos no sistema imune e atividade
antioxidante. O hidroxicloroquina pode causar toxicidade ocular, incluindo
lesão irreversível na retina, bem como depósitos nas córneas. Pode cau-
sar distúrbios do SNC e do TGI, coloração da pele e eerupções. Ela pode
causar toxicidade renal.
E. Sulfasalazina
A sulfasalazina também é usada na AR precoce e leve associada com
hidroxicloroquina e metotrexato. O início da atividade demora de 1 a 3
meses e está associada com leucopenia. Seu mecanismo de ação no
tratamento da AR não está estabelecido.
F. D-penicilamina
A D-penicilamina, um análogo do aminoácido cisteína, reduz a velocidade
de progressão da destruição óssea e da AR. Este fármaco é usado como
complementar ao tratamento com AINE/glicocorticoide, mas seu uso em
pacientes sob tratamento com ARMD é evitado devido aos graves efeitos
adversos (p. ex., discrasia sanguinea e insuficiência renal). O tratamento
prolongado com penicilamina provoca efeitos adversos graves, desde pro-
blemas dermatológicos até nefrite e anemia aplástica. (Nota: a D-penicila-
mina é utilizada como fármaco quelante no tratamento do envenenamento
por metais pesados. Ela também é benéfica no tratamento da cistinúria.)
G. Sais de ouro
Os compostos de ouro, como os outros fármacos desse grupo, não reparam
a lesão já existente. Eles só evitam a progressão da lesão. A preparação
de ouro disponível atualmente é auranofino para uso oral. Este fármaco é
captado pelos macrófagos e suprimirá a fagocitose e a atividade lisossomal.
Esse mecanismo retarda a progressão da destruição óssea e articular, e os
efeitos benéficos podem ser observados em 3 a 6 meses. Os compostos
de ouro são pouco usados pelos reumatologistas, devido à necessidade de
monitoração meticulosa da sua toxicidade grave (p. ex., mielossupressão) e
o custo da monitoração.
H. Azatioprina
Como fármaco imunossupressor, a azatioprina é usada por via oral ou pa-
renteral na profilaxia da rejeição de transplante renal e também é útil no
Farmacologia Ilustrada 541
I. Ciclofosfamida
A ciclofosfamida é um fármaco alquilante bifuncional relacionado com a
mecloretamina (mostarda nitrogenada) e algumas vezes é usada para
o tratamento da AR (uso extra-bula). A ciclofosfamida produz efeitos ci-
totóxicos nas células B e T e suprime seletivamente a atividade dos lin-
fócitos B. Foi descrita diminuição de secreção das imunoglobulinas nos
pacientes tratados com dosagens baixas de ciclofosfamida contra doen-
ças autoimunes. Como com outros imunossupressores, o uso da ciclo-
fosfamida na AR modula a resposta imune, aliviando assim as condições
da doença. O fármaco é citotóxico contra vários tecidos, incluindo rins e
coração. O efeito imunossupressor da ciclofosfamida também aumenta
o risco de infecção ou sagramentos. Este fármaco é teratogênico e deve
ser evitado durante a gestação e o aleitamento. Os efeitos adversos co-
muns incluem distúrbios do TGI, alopecia e infertilidade.
J. Glicocorticoides
Os glicocorticoides (ver Capítulo 26) são fármacos anti-inflamatórios po-
tentes usados comumente em pacientes com AR para dar cobertura até
que o ARMD seja eficaz. Doses de até 10 mg de prednisona são usadas,
em geral. Redução e/ou interrupção da dosificação é necessária periodica-
mente para evitar os efeitos adversos associados com o uso prolongado.