Formas ligadas ao subconsciente, ao inconsciente, à alucinação, fluxo artístico
que adevem desses estados alternativos Através do uso de drogas Poetas: Mallarmé, Baudelaire, Rimbaund, Appolinaire Começou na literatura Livro: alice no pais das maravilhas As coisas vão se transformando, fora do contexto, fora de escala Alastrou-se através do movimento dada Tristan sadder poeta Jarrark Maxernes Marcel duchex Francis picari As obras podiam ficar inacabadas, assumiam o caos da vida O resultado final das obras não era importante Espontaneidade, imprevisibilidade, irracionalidade, impulsividade Era uma atitude mental, forma de conhecimento, como definiu André Breton “ o surrealismo: automatismo psíquico em estado puro, mediante o qual se propõe exprimir – verbalmente, por escrito ou por qualquer outro meio – o funcionamento do pensamento. Ditado do pensamento, isento de qualquer controlo exercido pela razão, alheio a qualquer preocupação estética” Relacionado com o aparecimento da psicanálise Sigmund Freud que analisava o subconsciente e os sonhos O tempo dos sonhos, aleatório e imprevisível, era complemente diferente do tempo da vida real – tempo incontrolável A razão ao contrário dos arquitetos racionalistas, diziam que a razão conduz à mediocridade Movimento contra a sociedade que estava estabelecida George Orwell: animal farm, 1984: livros contra o totalitarismo e contra a sociedade que se instalou e controlava tudo à sua volta Mecanismo utilizados: ideia de fragmentação, ideia de colocar objetos fora do contexto e fora de escala que introduz uma noção espacial completamente diferente; automatismo da linguagem, as coisas que acontecem pelo fluir do pensamento René Magritte, pintos Perturbar o olhar, interromper o olhar, obriga-nos a olhar de uma forma diferente Salvador Dali Na musica – improvisação, sons de outros objetos que não eram instrumentos musicais Por em causa o que é arte Marcel Duchamp Jackson Pollock que atirava pingos e fluxos de tinta para uma tela de uma forma mais ou menos aleatória The open house coop himmelblau Desenho automático Junção de objetos de diferentes proveniências Usa da fotografia e de efeitos luminosos Colagens Fragmentos Guitarras picasso Eduardo mãos de tesoura mutações Metáforas, a forma como as coisas podem ter outros significados Coisas que estão quase sempre em oposição, escher, fish and birds A persistência do tempo Frederick kiesler, endless house project Miró Frank gehry arquiteto Curvas e formas suaves e macias Terminal twa, eeron saarinen Diferença de texturas: betão armado vs tecidos Texturas muito duras vs macias Insólito Formas orgânicas vs a função House Frank gehry: junta o irracional e o criativo com a razão e a técnica, peixes e serpentes santa monica 1978 Chiat day building 2001 Guggenheim Bilbao espaço curvo e superfícies suaves que se adaptam ao terreno Organismo vivo Distorcido Arquitetura feita para os sentidos e com os sentidos Simbiose ntre arquitetura e escultura Museu vitra design Acoplando Auditório walt Disney Rooftop remodeing falkestrasse coop himmelbrau Irromper o edifcio Parlamento da escocia enric miralles Imprevisível Suas obras visuais e literárias baseavam-se no acaso, no caos, na desordem e em objetos e elementos de pouco valor, desconstruindo conceitos da arte tradicional Caracter arbitrário
O movimento artístico surrealismo despontou na segunda década do século XX, na
cidade de Paris. No seguimento do dadaísmo, esta corrente propunha, do mesmo modo, uma arte de protesto que chocasse e provocasse a sociedade sua contemporânea, quase como uma linguagem sem sentido. Este novo conceito é apresentado por Tristan Tzara (também ele um protagonista do movimento dadá, que mais tarde se envolveu no surrealismo) quando afirma que “Eu redijo um manifesto e não quero nada, eu digo, portanto, certas coisas e sou por princípios contra manifestos (...). Eu redijo este manifesto para mostrar que é possível fazer as ações opostas simultaneamente, numa única fresca respiração; sou contra a ação pela contínua contradição, pela afirmação também, eu não sou nem pró nem contra e não explico por que odeio o bom-senso”. Deste modo, é incontestável a presença constante da oposição, da mutabilidade, da estravagância, da distopia, ou mesmo da utopia. Todos estes mecanismos são manipulados de modo a contestar a sociedade marcada pelo racionalismo e pela razão, que, por sua vez, de acordo com os protagonistas deste movimento, conduzem inegavelmente à mediocridade. Além desta tendência revolucionária, a corrente surrealista estabelece uma relação íntima com o subconsciente. Com efeito, para alcançar este estado inconsciente e alucinogénio, era comum o uso de substâncias psicoativas, que permitiam um fluxo artístico alternativo. Deste modo, o surrealismo procurava alcançar o estado primário da condição humana, no qual a espontaneidade, a imprevisibilidade, a irracionalidade e a impulsividade são as suas noções basilares. Note-se a definição de surrealismo de André Breton “o surrealismo é o automatismo psíquico em estado puro, mediante o qual se propõe exprimir – verbalmente, por escrito ou por qualquer outro meio – o funcionamento do pensamento. Ditado do pensamento, isento de qualquer controlo exercido pela razão, alheio a qualquer preocupação estética”. Verifica-se, por isso, que era uma atitude mental e uma forma de conhecimento alternativa e, por conseguinte, indissociável do aparecimento da psicanálise. A psicanálise, fundada por Sigmund Freud, estuda a influência da mente e do inconsciente no comportamento humano, no qual os sonhos são alvo de reflexão. Com efeito, o movimento surrealista serve-se do mote “os sonhos” para criar uma realidade alternativa. Assim, por meio de mecanismos como a fragmentação, a colocação de objetos fora do seu contexto ou fora de escala, o surrealismo introduziu uma noção espacial marcadamente diferente que se prendia pelo fluir do pensamento e que, deste modo, se equiparava ao estado mental que corresponde aos sonhos. Com efeito, as obras desta corrente tinham como alicerces o caos, a desordem e o caracter arbitrário, desconstruindo o conceito de arte. A arte, até à época, era necessariamente uma imitação do real; com o surgimento de movimentos como o dadaísmo e o surrealismo, nos quais há uma clara ausência de uma cópia do real, a arte passa a manifestar o seu valor ao mostrar também uma realidade que escapava à ciência e que constitui o universo emocional do Homem. Deste modo, o propósito das obras nem sempre era o seu resultado final, mas sim perturbar o olhar, irromper o olhar e obrigar a olhar de uma formar inesperada e diferente. Tome-se o exemplo do filme Eduardo Mãos de Tesoura, de Tim Burton. A produção de 1990 apresenta a história de Eduardo, um jovem concebido em laboratório, por um inventor já idoso, que morre sem lhe colocar mãos humanas e, por isso, Eduardo possuí longas laminas no lugar das mãos; incapaz de tocar numa pessoa sem a ferir, o personagem refugia-se num castelo velho e afastado até Peg Boggs, uma vendedora Avon, lhe bater à porta e, o convidar a mudar-se para a sua casa, num típico bairro americano; ele, diferentes dos demais adolescentes, é, num primeiro momento, tratado com curiosidade e uma simpatia falsa, até que comete um crime e é julgado e perseguido pelos moradores, refugiando-se novamente no seu castelo sombrio e afastado. Desde logo, é de notar o caracter insólito e quase fantasmagórico desta obra de Tim Burton. Com efeito, o espetador é forçado a envolver-se no mundo do fantástico, para depois, ser brutalmente confrontado com a realidade, na qual o diferente é indissociável do defeituoso e do negativo e que, por conseguinte, sem lugar na sociedade. Deste modo, Tim Burton serve-se de metáforas para denunciar a sociedade padronizada e hipócrita. Note-se que as mãos humanas, que o personagem não possuía, correspondem, na verdade, à oportunidade de amar uma rapariga do bairro e que, tal como as mãos, é apenas um delírio. Por outro lado, a escolha dos cenários e a própria caracterização de Eduardo são visivelmente expressões surrealistas; primeiramente, existe um contraste intencional entre o castelo onde Eduardo vive, escuro e fechado, e os jardins do mesmo, decorados com arbustos cuidadosamente arranjados, desenhando animais e mãos; no entanto, a discrepância que Tim Burton pretende enfatizar na sua obra é a oposição castelo-bairro. Por meio do uso da cor nas casas e nos carros e da homogeneidade dos jardins, bem como da rotina indistinta dos homens que se deslocam e regressam do trabalho à mesma hora, o bairro é uma aproximação de uma utopia; por outro lado, tal como referido anteriormente, o castelo é em tons escuros, o que apontam para a solidão; na sua totalidade, estas duas imagens equiparam-se a uma colagem de fragmentos dispares e antagónicos. No que toca à caracterização do personagem, é possível também observar um dos mecanismos utilizados pelos artistas surrealistas: a junção de objetos de diferentes proveniências; neste caso, a associação de lâminas a um corpo humano. Por fim, é de destacar ainda o distanciamento entre a personagem de Eduardo, os moradores do bairro e Kim (interesse romântico de Eduardo): tal como referido anteriormente, o personagem principal interpreta um adolescente solitário, com várias cicatrizes na cara e de um palidez característica; por sua vez, os moradores, particularmente as senhoras, utilizam vestuário de cores extravagantes e penteados exuberantes; e, por fim, Kim distancia-se desta sociedade feminina pelo uso de roupas mais discretas, que apontam para a sua pureza e maturidade. Já na arquitetura, o surrealismo alcançou a sua notabilidade com obras como o Guggenheim de Bilbau, projeto de Frank Gehry. O museu localiza-se num terreno na curva do rio Nervión, em Bilbau, no extremo norte da cidade; limitado a norte pelo rio, a sul por uma estrada e uma ferrovia e a este por uma das estradas principais da cidade (Puente La Salve), a obra foi pensada com o intuito de renovar e modernizar a cidade industrial. Com efeito, na década de 90, o governo Basco propôs à Fundação Solomon R. Guggenheim a construção de um museu na zona portuária, bastante degradada, com o intuito de iniciar uma reabilitação da cidade. Por sua vez, a fundação contactou três escritórios de arquitetura para desenvolverem desenhos esquemáticos das suas propostas (Arata Isozak, Coop Himmelblau e Frank Gehry). O arquiteto escolhido foi Frank Gehry que se distinguia pela sua escolha de materiais inusitados, pela preferência por formas orgânicas e criativas e pela sua sensibilidade para com o ambiente e contexto urbano onde as suas obras se inserem. Deste modo, o arquiteto combinava o irracional e o criativo com a razão e a técnica. Inspirado nas escamas de um peixe, o Guggenheim pode ser analisado como uma escultura, de formas geométricas aparentemente arbitrárias, quase que improvisadas, mas que procuram redescobrir o passado industrial do porto de Bilbau. Deste modo, na estrutura exterior, com o intuito de se aproximar da construção naval, são escolhidos materiais como o titânio e o aço. As formas curvas e as superfícies suaves que se adaptam ao terreno conferem também uma imagem de um organismo vivo, desafiando a funcionalidade do edifício. Assim, enquanto do solo aparenta a forma de um barco, a sua forma exterior vista a uma maior distância aponta para a delicadeza de uma flor. Por outro lado, o museu é composto por uma série de volumes de pedra calcária, coincidentes com as salas de formas ortogonais, e outros organicamente revestidos por uma pele metálica de titânio, aos quais correspondem as nove salas de exposição de forma irregular e singular; a ligação entre os blocos é dada por camadas de vidro. Em adição ao revestimento externo de titânio, no qual cada peça é exclusiva à sua localização, as paredes e tetos do edifício suportam uma estrutura interna metálica que conforma uma grelha triangular. Por sua vez, as curvas construídas pelo metal, pela pedra e pelo vidro são projetadas para capturar a luz e, simultaneamente, reagir ao sol e ao tempo; além disso, as placas metálicas são intencionalmente deformadas, com o intuito de provocar ondulação com a alteração da luz. Já no interior do museu, o átrio central (que funciona como eixo estruturante de todo o edifício), por meio da coexistência de caminhos curvos e elementos de água (Rio Nérvión) e do estreitamento da passagem, faz alusão a um desfiladeiro. Sob esta aparência caótica sucedem-se os volumes das galerias, salientando-se o contraste entre superfícies macias (o vidro e o titânio) e superfícies duras, como é o caso do calcário. Além desta diferença de texturas, é de notar a oposição entre as formas suaves das curvas e as formas maciças da volumetria das salas. Criando uma conexão física tangível com a cidade, o Guggenheim encerra a Puente La Salve, concebendo ainda uma nova praça do lado sul do terreno. A harmoniosa coexistência com os restantes edifícios da cidade é ainda conseguida pela diferença de 16 metros entre o estuário do rio e a expansão da cidade, o que permite que a altura do museu não exceda a altura dos demais edifícios da cidade, apesar dos seus cerca de 50 metros de altura. Em última análise, as obras Eduardo Mãos de Tesoura, de Tim Burton e o Guggenheim de Bilbau, de Frank Gehry correspondem a universos diferentes do mundo artístico, no entanto, possuem em comum elementos que apontam para o surrealismo. O filme de Tim Burton ocupa-se em maior medida da dimensão social do movimento, com a experimentação, por meio do cinema, da interpretação do conceito tolerância e da sua importância; enquanto a obra arquitetónica de Frank Gehry pretende redefinir a noção de museu, ao mesmo tempo que experimenta o automatismo da linguagem e a imprevisibilidade do pensamento humano. No entanto, ainda que dispares na sua interpretação do surrealismo, as duas obras recorrem à mutação, no caso do filme o personagem principal é uma metamorfose do ser humano, e na obra arquitetónica, o edifício assemelha-se à sucessiva transformação, adaptação e sobreposição de formas que no seu absoluto incorporam o programa de um museu. Além disso, tanto a obra de Tim Burton como a de Frank Gehry são feitas para o Homem. Nas duas há uma preocupação com o impacto emocional que a mesma despertará no seu espetador. Eduardo Mãos de Tesoura pretende chocar e forçar a mudança de um comportamento, por meio de várias reviravoltas no enredo, enquanto o Guggenheim serve-se do sentido visão para promover diferentes sensações e emoções, através da luz e das formas estranhas. Nos dois casos de estudo, a obra é feita pelos sentidos e para os sentidos, com o propósito de perturbar o olhar, irromper o olhar e obrigar a olhar de uma formar inesperada e diferente.