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Publicado no D.O.E. nº 8.

932,
de 2 de junho de 2015

DEFENSORIA PÚBLICA DE MATO GROSSO DO SUL


DEFENSORIA PÚBLICA-GERAL DO ESTADO
RESOLUÇÃO DPGE Nº 094, DE 1 DE JUNHO DE 2015.

Institui a Câmara de Conciliação de Direitos do


Consumidor e demais Obrigações Cíveis da Defensoria
Pública da comarca de Campo Grande e dá outras
providências.

O DEFENSOR PÚBLICO-GERAL DO ESTADO, no uso das atribuições


institucionais que lhe confere o inciso XIV do artigo 16, da Lei Complementar Estadual nº
111, de 17 de outubro de 2005, ouvido o Conselho Superior da Defensoria Pública, em
reunião realizada no dia 22 de maio de 2015, Ata nº 1.469;

CONSIDERANDO que são objetivos da Defensoria Pública a primazia da


dignidade da pessoa humana, a prevalência e efetividade dos Direitos Humanos e a afirmação
do Estado Democrático de Direito;

CONSIDERANDO que é função da Defensoria Pública promover,


prioritariamente, a solução extrajudicial dos litígios, visando a composição entre as pessoas
em conflito de interesses, por meio de mediação, conciliação, arbitragem e demais técnicas de
composição e administração de conflitos;

CONSIDERANDO a elevada procura dos necessitados da comarca de Campo


Grande pelos serviços e atuação dos membros da Defensoria Pública na área de direito do
consumidor e nas demais obrigações de natureza cível;

CONSIDERANDO a necessidade de criação de uma Câmara de Conciliação


do Consumidor e demais Obrigações Cíveis e de estabelecer um procedimento para seu
funcionamento para, prioritariamente, promover a solução extrajudicial de litígios;

R E S O L V E:

Art. 1º. Instituir a Câmara de Conciliação de Direitos do Consumidor e demais


Obrigações Cíveis da comarca de Campo Grande que será composta por defensores públicos e

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terá competência para promover a solução extrajudicial de litígios de problemas jurídicos de
direito patrimonial entre pessoas físicas capazes ou pessoas jurídicas de direito privado ou
público, relacionados ao Direito do Consumidor, Direito das Obrigações e Contratos, Direitos
Reais, Direito Comercial e Direito Empresarial.

Art. 2º. Somente será encaminhado para a Câmara de Conciliação de Direitos


do Consumidor, e demais Obrigações Cíveis, o conflito de interesse cujas partes, previamente
atendidas e orientadas pelos defensores públicos, manifestem interesse na solução
extrajudicial do litígio.

Art. 3º. A Câmara de Conciliação de Direitos do Consumidor e demais


Obrigações Cíveis funcionará no prédio da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso do
Sul, denominado Unidade Centro, de segunda a quinta-feira, nos períodos matutino e
vespertino e será supervisionada pelo Coordenador da Unidade.

Parágrafo único. No período matutino, a Câmara de Conciliação de Direitos do


Consumidor e demais Obrigações Cíveis será reservada para a tentativa de conciliação de
litígio cuja pretensão do interessado/assistido ainda não foi objeto de ação judicial. No
período vespertino, será destinada à tentativa de conciliação em processos judiciais em
andamento, desde que solicitado pelo defensor público responsável.

Art. 4º. Compete ao Coordenador da Unidade da Defensoria Pública:


I - mensalmente, elaborar a escala dos defensores públicos que diariamente
atuarão como conciliadores perante a Câmara de Conciliação de Direitos do Consumidor e
demais Obrigações Cíveis, bem como garantir a uniformidade desta atuação entre os
defensores públicos;
II - convocar reunião para tratar de assuntos relevantes a respeito do
funcionamento e atuação da Câmara de Conciliação de Direitos do Consumidor e demais
Obrigações Cíveis.

Art. 5º. Compete ao defensor público que participa da Câmara de Conciliação


de Direitos do Consumidor e demais Obrigações Cíveis:

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I - observar as normas que regulamentam a Câmara de Conciliação de Direitos
do Consumidor e demais Obrigações Cíveis;
II - realizar atendimento, prestar orientação jurídica, atuar como conciliador na
solução extrajudicial de conflitos de interesses, observar as técnicas, metodologia e estudos
envolvendo a conciliação e favorecer a consolidação de um acordo mutuamente satisfatório;
III - preservar a relação entre as partes, tratá-las com urbanidade e zelar pela
confidencialidade das informações recebidas;
IV - em caso de impossibilidade de conciliação entre as partes, encaminhar o(s)
assistido(s) da Defensoria Pública ao órgão de atuação com atribuição para o ajuizamento de
eventual ação judicial;
V - participar de reuniões periódicas ou extraordinárias convocadas pelo
Coordenador da Unidade da Defensoria Pública para tratar de assuntos relativos à Câmara de
Conciliação de Direitos do Consumidor e demais Obrigações Cíveis.

Parágrafo único. O defensor público de Segunda Instância poderá participar da


Câmara de Conciliação de Direitos do Consumidor e demais Obrigações Cíveis.

Art. 6º. Mediante o acesso à agenda do Cartório de Apoio da Câmara de


Conciliação de Direitos do Consumidor e demais Obrigações Cíveis, a solicitação de
conciliação será formulada pelo defensor público, que encaminhará um breve histórico dos
fatos e do direito e da pretensão do interessado/assistido, bem como informará o nome,
endereço, email e telefone para contato de todos os envolvidos no conflito, se houver, e
designará a conciliação em data e horário disponível ao assistido, informando-o e
encaminhando ao Cartório de Apoio para as demais providências.

§ 1º A Câmara de Conciliação de Direitos do Consumidor e demais Obrigações


Cíveis convidará as partes envolvidas no conflito para participar da conciliação, agendando
dia e horário para a sua realização.

§ 2º Se qualquer das partes desistir, se uma delas não concordar em participar


ou de qualquer modo não manifestar interesse na conciliação, a questão será devolvida ao
defensor público vinculado à prestar orientação e assistência jurídica ao assistido para
eventual propositura de ação judicial ou outras providências.
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§ 3º Comparecendo as partes e, se necessário, demais envolvidos, na data e


horário designado, o conciliador apresentará a pretensão do interessado/assistido, ouvirá as
argumentações contrárias e apresentará propostas para solução do litígio.

§ 4º Se houver conciliação entre as partes, para fins de confecção de título


extrajudicial, será elaborada uma petição subscrita pelos envolvidos e homologada pelo
defensor público que presidir o ato, remetendo cópia do documento às partes e ao Cartório de
Apoio para arquivamento.

§ 5º O defensor público e as partes, querendo, poderão submeter o documento à


homologação judicial, sem prejuízo de entrega de cópia do documento às partes e remessa ao
Cartório de Apoio.

§ 6º As etapas que compõe a conciliação observarão a técnica e a metodologia


utilizada para resolução extrajudicial de conflitos.

§ 7º Os fatos ou circunstâncias revelados ao(s) conciliador(es) serão mantidos


em sigilo, ainda que a questão seja encaminhada ao defensor público vinculado ao
atendimento do assistido.

Art. 7º. No(s) processo(s) judicial(is) em andamento no(s) qual(is) o defensor


público identifique a possibilidade de conciliação entre as partes e eventuais envolvidos, este
poderá solicitar junto ao Cartório de Apoio da Câmara de Conciliação de Direitos do
Consumidor e demais Obrigações Cíveis uma data e horário para a realização da(s)
conciliação(ões), mediante a identificação do(s) número(s) do(s) processo(s), Vara(s)
Cível(is) e elaboração de um breve histórico dos fatos, do direito e da(s) pretensão(ões) do(s)
assistido(s), o nome, endereço, email e telefone para contato, se houver, de todos os
envolvidos no conflito, encaminhando as informações ao Cartório de Apoio para as demais
providências.

§ 1º No(s) processo(s) judicial(is) em andamento, caberá ao próprio defensor


público responsável pela defesa dos interesses do assistido apresentar propostas de
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conciliação durante a realização do ato designado pelo Cartório de Apoio da Câmara de
Conciliação de Direitos do Consumidor e demais Obrigações Cíveis.

§ 2º Nesse(s) caso(s), caberá ao Cartório de Apoio comunicar a parte contrária


e seu advogado, se houver, sobre a data e horário designados para a conciliação entre as
partes.

§ 3º Durante o ato de conciliação, as partes terão acesso ao processo físico ou


digital.

Art. 8º. Durante o seu trabalho perante a Câmara de Conciliação, o defensor


público que celebrar a transação estará desvinculado de, em caso de inadimplemento, propor a
ação de execução ou o cumprimento de sentença, ressalvada a hipótese de propositura de ação
de conhecimento com objeto distinto da relação jurídica primária.

Art. 9º. A Câmara de Conciliação de Direitos do Consumidor e demais


Obrigações Cíveis contará com um Cartório de Apoio e um agente público responsável por
sua organização administrativa.

Parágrafo único. Compete ao agente público responsável pela organização e


funcionamento do Cartório de Apoio:
I - receber os encaminhamentos dos defensores públicos e cadastrar as partes
que participarão da conciliação perante a Câmara de Conciliação, identificar a natureza do
litígio e manter o cadastro das partes atualizado;
II - promover a intimação pessoal do defensor público e comunicar o assistido
sobre a data e horário da conciliação;
III - nos processos judiciais em andamento, comunicar a parte contrária e seu
advogado e, se necessário, terceiros envolvidos no litígio;
IV - elaborar a pauta diária de conciliações, encaminhá-la antecipadamente aos
defensores públicos e confirmar antecipadamente, se possível, o comparecimento das partes;
V - por meio de correspondência ou outras fontes de comunicação,
providenciar a comunicação e informação de atos à todos os envolvidos no conflito;
VI - realizar a conciliação, se necessário;
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VII - redigir a transação celebrada, entregar cópia do documento a cada uma
das partes e mantê-la em arquivo.
VIII - em caso de impossibilidade de conciliação entre as partes, agendar e/ou
encaminhar o(s) assistido(s) da Defensoria Pública ao órgão de atuação com atribuição para o
ajuizamento de eventual ação judicial;
IX - certificar a prática de atos administrativos;
X - executar outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Coordenador da
Unidade da Defensoria Pública.

Parágrafo único. Se necessário, o Cartório de Apoio poderá contar com


estagiário(s) de Direito para colaborar com as atividades meio.

Art. 10º. O Departamento de Tecnologia da Informação efetuará as alterações


tecnológicas necessárias para que o Sistema de Atendimento ao Público – SAP processe
informações e reúna dados de interesse da Câmara de Conciliação de Direitos do Consumidor
e demais Obrigações Cíveis.

Art. 11º. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Campo Grande, 1 de junho de 2015.

PAULO ANDRE DEFANTE


Defensor Público-Geral do Estado.
Presidente do Conselho Superior.

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