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Doenças da cultura

da Cana-de-açúcar
Introdução: Cana-de-açúcar
 Planta da família das gramíneas, espécie Saccharum
officinarum

 Originária da Ásia Meridional

 Foi a base da economia do nordeste brasileiro, na época


dos engenhos

 Dá origem a açúcar, álcool, água-ardente etc.

 Importância econômica atual : Combustível Renovável.


Cana-de-açúcar
1995 1996 1997 1998 1999 2000

Paraná 19,4t 21t 23t 24,5t 26t 28t

São Paulo 174t 180t 185t 190t 195t 200t

Minas Gerais 16,7t 17t 18t 19t 19,5t 20t

Centro-oeste 19,3t 21t 24t 27,5t 31t 34t

Alagoas/Pernambuco 42,3t 35t 36t 37,5t 39t 40t

Outros 49t 50t 52t 53,5t 55t 56,5t

Total Brasil 321t 324t 338t 352t 366t 379t


Doenças
• + de 216 doenças

• 58 encontradas no Brasil

• 10 de maior importância econômica


Principais Doenças
 Mosaico – Vírus
 Escaldadura das folhas – Bactéria
 Raquitismo das soqueiras – Bactéria
 Estria vermelha – Bactéria
 Carvão da cana – Fungo
 Mancha ocular – Fungo
 Ferrugem de cana – Fungo
 Mancha amarela – Fungo
 Podridão vermelha – Fungo
 Podridão abacaxi - Fungo
Doenças secundárias
• Amarelinho - vírus ou Fitoplasma.
• Podridão de Fusarium - Fungo
• Podridão das Raizes – Fungo
• Nematóides:
Meloidogyne spp., Pratylenchus spp., Trichodorus spp.,
Helicotylenchus spp., Xiphinema spp., e outros.
• Gomose - Bacteria
• Mancha Anelar - Fungo
Mosaico da cana SCMV e SrMV
 13 estirpes do SCMV

 3 já foram encontradas no Brasil.

 3 estirpes do SrMV.

O vírus apresenta diversos hospedeiros,


principalmente na grupo das gramíneas, tanto
daninhas quanto plantas cultivadas.

 Vetor pulgão.
Mosaico da cana SCMV e SrMV
Sintomas:
 Folhas novas → mosaico
 Touceiras com desenvolvimento atrasado.
 Entrenós curtos
 Plantas suscetíveis → riscas em colmos, que podem se
tornar deprimidas e evoluir para necrose do tecido sub-
epidérmico.
 Dependendo da estirpe, da variedade e das condições
de cultivo pode ocorrer o fenômeno da recuperação.
Mosaico da cana SCMV e SrMV
Mosaico da cana SCMV e SrMV
Controle:
 Variedade resistentes
 Utilização de mudas sadias
 Eliminação de plantas doentes
 Época de plantio → evitar que as
brotações e os estadios iniciais de
crescimento coincidam com os maiores
níveis populacionais dos vetores.
Mosaico da cana SCMV e SrMV
 Medidas de exclusão e quarentena são
feitas para evitar entrada de novas
estirpes no país.

 Uso conjunto de termoterapia e de


cultura de meristema apical podem ser
utilizados para recuperação de materiais
infectados.
Escaldadura das folhas
Xanthomonas albilineans
 Temperatura ótima → 25 a 28ºC
 Pode propagar-se por: mudas infectadas,
facões de corte, colhedoras, roedores e pela
gutação.
 Apresenta muitos hospedeiros, principalmente
plantas do gênero das gramíneas, incluindo
plantas daninhas.
Escaldadura das folhas
Xanthomonas albilineans
 Essa doença apresenta três tipos de sintomas:
 Latente
 Crônico
 Agudo
Os sintomas são observados mais freqüentemente no
inicio da chuvas.
↓TºC → ↑Severidade.
Escaldaduras das folhas
Xanthomonas albilineans
Sintomas latentes:
 Aparece em plantas tolerantes
 Sem se manifestar externamente
 Colmos maduros → descoloração vascular na
região nodal (semelhante a raquitismo da
soqueira, por isso a necessidade isolamento do
agente causal em meio seletivo)
Escaldadura das folhas
Xanthomonas albilineans
Sintomas crônicos:
 Folha → estrias brancas que podem atingir a
bainha.
 Essas estrias podem evoluir para clorose de
bordos indefinidos até necrose.
 Brotações das gemas basais do colmo que
através de corte longitudinal observa-se
descoloração do xilema na região nodal,
estendendo-se até o entrenó.
Escaldadura das folhas
Xanthomonas albilineans
Sintoma agudo:
 Só ocorre em variedades susceptíveis ou
tolerantes em condições extremamente
favoráveis ao patógeno.
 Queima das folhas como se a planta tivesse
sido escaldada.
 Após alguns dias brotam lateramente.
Escaldaduras das folhas
Xanthomonas albilineans
Escaldaduras das folhas
Xanthomonas albilineans
Escaldadura das folhas
Xanthomonas albilineans
Controle:
 Variedades resistentes ou tolerantes.
 Tratamento térmico do material de propagação. Água
corrente (18-25ºC) por 48h e depois em água a 50ºC
por 3h.
 Viveiro:
 Eliminar bactérias de solo e restos de culturas
 Eliminar plantas hospedeiras
 Multiplicar matrizes livres de bactérias em
ambiente com o máximo de isolamento para
evitar contaminação.
Raquitismo das Soqueiras
Leifsonia xyli subsp. xyli
 Encontrada em todo o país
 É restrita ao xilema
 Transmitido mecanicamente
 Introdução primária → mudas infectadas
 A bactéria sobrevive, nos restos culturais e no
solo, sendo necessário transcorrer entre 3 e 6
meses antes de um novo plantio.
Raquitismo das Soqueiras
Leifsonia xyli subsp. xyli
Sintomas
 Crescimento irregular, encurtamento dos colmos.
 Variedades suscetíveis:
 Nós dos colmos maduros → vasos com cor
variando de alaranjado-claro a vermelho escuro,
podendo-se observar “virgulas”.

OBS: ESTRESSE HÍDRICO, PLANTAS INVASORAS, SOLO COMPACTADO,


DEFICIENCIA OU EXCESSO DE ABUBO E PRESENÇA DE OUTRAS DOENCAS
PODEM AGRAVAR OS SINTOMAS.
Raquitismo das Soqueiras
Leifsonia xyli subsp. xyli
Raquitismo das Soqueiras
Leifsonia xyli subsp. xyli
Raquitismo das Soqueiras
Leifsonia xyli subsp. xyli
Raquitismo das Soqueiras
Leifsonia xyli subsp. xyli
 Controle
 Uso de mudas sadias para o plantio
 Tratamento térmico (viveiros);
 Água quente
 Ar quente

 Vapor

Água quente é o mais utilizado, para 1kg de cana 5 a 6


L de água a 50ºC por 2 horas.
Estria Vermelha
Acidovorax avenae subsp.avanae
 Encontrada em todo o país

 Disseminação → respingos de chuva e ventos.

A infecção é favorecida por pequenos


ferimentos produzido pelo atrito entre folhas.
Estria Vermelha
Acidovorax avenae subsp.avanae
Sintomas:
 Estrias finas e longas (5-60cm de comp.)
 Primeiramente estrias encharcadas que
gradualmente adquire coloração vermelha.
 Em lesões novas é comum a exsudação da
bactéria
 Podridão no topo da planta.
 Sintomas estendem-se para o meristema apical,
podridão do topo.
 Podendo estender-se para os colmos , causando
rachaduras por onde escore liquido fétido.
Estria Vermelha
Acidovorax avenae subsp. avanae

Controle:
Variedade resistente
Carvão da Cana
Ustilago scitaminea
 Ocorrência: Todo país

 Danos podem chegar a 100%

 Transmissão:

 A partir de chicotes

 Mudas infectadas
Carvão da Cana
Ustilago scitaminea
Sintomas:
 Ângulo de inserção das folhas mais agudo

 Limbo foliar estreito e curto

 Colmo: mais finos que o normal

 Touceiras com super-brotamento

 Chicote: modificação do meristema apical


 Inicialmente coberto por uma película prateada que
rompendo-se expõe massa de teliósporos pretos e
pulverulentos.
Carvão da Cana
Ustilago scitaminea
Carvão da Cana
Ustilago scitaminea
Controle:

 Variedade resistentes

 Mudas sadias (tratamento térmico, idem


escaldadura)

 Remoção de plantas ou colmos doentes


Mancha Ocular
Bipolaris sacchari
 Importante em SC, norte PR, Vale do Rio
Itajaí e eventualmente SP.
 Podem dizimar áreas extensas dos
canaviais suscetíveis, principalmente nos
bolsões onde se acumulam ar frio e
neblina por longos períodos.
Mancha Ocular
Bipolaris sacchari
Sintomas:

 Manchas necróticas, elípticas, inicialmete


pardas, mais tarde marrom-avermelhada.
 Lesões tornam-se alongadas com centro cor
palha e com halo amarelado.
 Variedade suscetíveis → estrias vermelhas
Mancha Ocular
Bipolaris sacchari
Mancha Ocular
Bipolaris sacchari
Controle:

 Variedade resistentes

 Evitar plantio nas margens de rios, lagos e baixadas


onde o ar firo e a neblina se acumulam.
 Aplicação exagerada de vinhoto pode favorecer o
patógeno.
Ferrugem da Cana
Puccinia melanocephala
 Altos níveis de N podem aumentar a
severidade da doença.
 Sintomas:
 Pústula na pagina inferior das folhas de
coloração amarelo a marrom-escuro.
 Em variedades susceptíveis as pústulas se
agrupam produzindo áreas necrosadas.
 Crescimento retardado, folhas queimadas e
sem brilho.
Ferrugem da Cana
Puccinia melanocephala

Controle:
Variedades Resistentes

escanear
Mancha Amarela
Mycovellosiella koepkei
 Doença predomina na zona litorânea chuvosa do NE e
região da Bacia Amazônica.
 Infecção folhas jovens
 Sintomas:
 Folhas velhas → inicialmente pontos cloróticos que
evoluem para machas vermelho-amareladas de tamanho
irregular. As manchas podem coalescer cobrindo quase
totalmente o limbo foliar que fica com aspecto
aveludado e cor acinzentada.
 Controle: Cultivares resistentes
Podridão Vermelha
Glomerella tucumanensis
•Inversão de sacarose, perda 50-70% da
sacarose em colmos afetados.
•Sintomas:
•Germinação: morte das gemas e redução
na germinação.
•Colmos: podridão vermelha internamente
Podridão Vermelha
Glomerella tucumanensis
Sintomas:
•Nervuras: lesões vermelhas que mais
tarde ficam com o centro claro
(confundível com deficiência de K).
•Região nodal: áreas necrosadas com
bordos definidos.
•A bainha da folha apresenta a superfície
recoberta por pontuações
Podridão Vermelha
Glomerella tucumanensis
Podridão Vermelha
Glomerella tucumanensis
Controle:
Variedades Resistentes
Podridão Abacaxi
Thielavipsis paradoxa

Na região sul a doença é


importante quando plantio é
tardio.
Penetração por ferimentos
Podridão Abacaxi
Thielavipsis paradoxa
Sintomas:
• Tolete contaminado inicialmente apresenta uma
coloração amarelo-pardacenta, passando à negra.

• A fermentação dos toletes exala odor típico,


semelhante a essência de abacaxi.

• A doença ocorre em função do atraso na


germinação dos toletes, que pode ser motivado
por seca
Podridão Abacaxi
Thielavipsis paradoxa
Podridão Abacaxi
Thielavipsis paradoxa
Controle:
•Plantio em época correta, profundidade adequada e
bom preparo do solo aceleram a germinação e constituem
o melhor controle da doença.
•Também é recomendado o tratamento químico dos
toletes com Benomil a 35-40 g i.a./100 litros de água ou
Thiadimefon 25 g i.a./100 litros de água, em banho de
imersão durante 3 minutos
•Cultivos nos meses de verão estão livres da doença.
Doença Transmissão Sintomas Controle
Escaldadura Muda/ corte Estrias branca e brotação Var. resistentes e mudas
lateral sadias
Raquitismo Muda/ corte Crescimento irregular Uso de mudas sadias e trat.
térmico
Mosaico Muda e pulgão Mosaico Var. Resistente

Carvão Muda e vento Chicote Var. Resistente e tratamento


térmico
Estria Muda e vento Estrias vermelhas nas Var. resistente e adubação
Vermelha folhas balanceada
Mancha Vento Mancha com estrias Var. resistente e adubação
ocular vermelhas balanceada
Ferrugem Vento Pústulas Inferior/folhas Var. Resistente

Mancha Vento Manchas amarelo- Var. Resistente


Amarela avermelhadas
Podridão Broca e chuva Podridão vermelha Controle de broca e Var.
vermelha internamente resistente
Podridão Inseto e solo, Podridão com odor de Época de plantio, mudas
abacaxi dano mecânico abacaxi novas, plantio raso
Amarelinho Sugarcane yellow
learf vius – ScYLV ou Fitoplasma
 Amarelecimento da nervura central das
folhas na face abaxial.
 Posteriormente o limbo se torna amarelo
e a nervura arroxeada.

 Controle: substituição de variedades que


apresentam sintomas
Podridão de Fusarium e Pokkah
Gibberella fjikoroi ( Fusarium moniliforme)
Gibberella sublutinans ( Fusarium subglutinans)

 Transmissão via semente


 Fungo atua isoladamente ou como complexo com a
podridão vermelha.
 Colmo→tecidos adjacentes a injurias sofrem
inversão da sacarose
 Esses tecidos apresentam coloração vermelho
escuro
Podridão de Fusarium e Pokkah-Boeng
Gibberella fjikoroi ( Fusarium moniliforme)
Gibberella sublutinans ( Fusarium subglutinans)
 Através dos feixes vasculares pode atingir vários
entrenós
 POKKAH-BOENG→as folhas apresentam áreas
cloróticas, evoluindo para avermelhadas, podendo
apresentar estrias, fendilhamento e enrugamento.
Penetra pelo palmito e atinge o colmo, causando
rachaduras transversais, evolui para podridão seca
e brotação intensa das gemas terminais.
Podridão de Fusarium e Pokkah-Boeng
Gibberella fjikoroi ( Fusarium moniliforme)
Gibberella sublutinans ( Fusarium subglutinans)

Controle:
Variedades
tolerantes
Podridão das Raizes
Complexo de Pythium spp.
• Raízes novas apresentam extremidades
avermelhas que evoluem para lesões pardas
que podem ocorrer lesões em qualquer parte
da raiz.
• Em faze adiantadas as pontas das raízes
ficam com podridões moles. Em ataque muito
severo não ocorre a formação de raízes
secundárias.
• Sintomas reflexos→ Baixo vigor, mau
perfilhamento, crescimento irregular e
enrolamento das folhas.
Controle:
Cultivares
Resistentes
Nematóides:
Meloidogyne spp., Pratylenchus spp., Trichodorus spp.,
Helicotylenchus spp., Xiphinema spp., e outros.

• Meloidogyne→ Galhas
• Pratylenchus → numerosos ferimentos e
apodrecimento do córtex
• Trichodorus → raízes encurtadas, grossas, necrosadas
com ramificações laterais.
• Helicotylenchus → mal desenvolvimento das raízes
Sintomas reflexo → desenvolvimento irregular,
amarelecimento, murcha, enfezamento, distúrbios em
reboleiras.
Nematóides

Controle:
•Variedades tolerantes;
•Praticas culturais;
•Controle químico e
biológico
Gomose - Xanthomanas axonopodis pv.
vasculorum

 Estrias longitudinais de cor amarela


vermelha ou parda nas folhas maduras.

 Controle: Resistência Varietal.


Gomose - Xanthomanas axonopodis pv.
vasculorum
Mancha Anelar
Leptosphaeria sacchari

Como a doença
não causa
problemas, não é
necessário o seu
controle
OUTRAS DOENÇAS
Mancha Parda → Cercospora longipes
Estrias pardas → Cochliobolus stenospilus
Estria Mosqueada → Herbaspirillum
rubrisubalbicans
Estrias clorótiaca → agente causal desconhecido

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