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·ileeiros atacados, até o momento restritos aos robustas ou similares, chama a atenção a presença de ramos

Nos ~~ e hastes novas secos, especialmente aqueles da parte mediana dos cafeeiros. O ataque se verifica em maior
latem · · do ttpo
. la em cateeiros . robusa,
t como o A poata · ~ e outros e menos no con1·11011 comum. Estes ramos secos, ao
e~c~nt observados de perto, mostram a presença de orificios da entrada da broca e, em seguida, em ramos abertos,
r;itudinahnente, para expor a sua parte central, a medula, aparecem galerias, onde se pode observar insetos vivos
ººinterior dos ramos (figura 5.63). As galerias, normalmente apenas uma por ramo, podem se localizar em qualquer
norçâo do ramo, sendo comuns mais próximas da base, sendo de tamanho pequeno (0,5 a I cm), de cor escura, de
f 0
rma oca. e se situam em porção da medula. A destruição dessa pequena porção da medula faz com que a parte do
010
adiante da galeria acabe secando, sendo que, temporariamente, a parte do ramo abaixo da galeria permanece
:rde. Emataques severos podem haver vários furos e respectivas ga lerias por ramo. O uso dos clones de robusta-
onil\on. para plantio comercial, deve considerar sua origem, devendo-se evitar aqueles de robusta tradicional,
e . . .
nonnahnente mais suscept1ve1s.
n) Percevejo Castanho - Scaptocoris casranea e Atarsocoris brachariae - Ataca a raiz de cafeeiros, especialmente
quando a cultu~ ante~~r foi. soja e _haja cultivo interc~lar, por exemplo dessa cultura, d? algodão ou de ?r~quiária,
hospedeiros preterenc1a1s. lnJeta toxmas, reduz o crescimento e chega a matar mudas recem-plantadas. Foi citado no
passado e ocorreu recentemente na Mogiana Paulista.
o)Outras- Carneiros, pássaros e besouros- Os carneiros, usados como auxiliares no controle do mato em cafezais,
se alimentam, nonnalmente, das ervas. No entanto, talvez pelo hábito dos carneiros, antes criados na caatinga, de se
alimentares de arbustos, observou-se ataque severo aos cafeeiros, com prejuízos significativos. Em plantas de 2 anos,
brotadas após recepa, os carneiros se alimentam da casca dos ramos ortotrópicos, que, assim, apresentava grandes
lesões, em muitos casos elas apresentavam a casca completamente roletada, comida pelos carneiros. As plantas ficam
amareladas e algumas chegam a morrer. Observou-se que nas plantas mais novas, com o caule ainda verdoengo e
depois do 3º ano, quando a saia cobre o tronco, os carneiros não mais comem a casca dos cafeeiros.
Os pássaros, especialmente araras, se alimentam de frutos maduros de café fazendo o seu despolpamento, para se
alimentarem do mel e acabam derrubando os frutos. Besouros, frequentemente abrem milhares de buracos no solo,
nas ruas do cafezal. Um deles foi identificado por coró das pastagens. Ele carrega material orgânico pra dentro do
buraco, e, até o momento, não se verificou ataque às raízes do cafeeiro, como acontece em outras culturas.
SJ.4 - Doenças do cafeeiro - características e controle
S.3.4.1 - Ferrugem do cafeeiro
a)Caracterização
A ferrugem é a doença mais importante do cafeeiro, pois atinge, com gravidade, grandes áreas de lavouras,
onde causa prejuízos na produtividade e seu controle exige gastos, a cada ano, aumentando os custos de produção do
café. A doença, também conhecida como ferrugem alaranjada ou ferrugem verdadeira, é causada pelo fungo
Hemileia vastatrix Berk et Br. Existe citação de uma outra ferrugem atacando o cafeeiro, denominada ferrugem
farinhenta, causada por Hemileia coffeicola Maubl. et Roger, parecendo ser de pequena importância, não sendo
constatada na cafeicultura brasileira.
O fungo se desenvolve em lesões, nas folhas , onde se observa intensa esporulação na face inferior do limbo
foliar, podendo, cada lesão contem centenas de milhares d!e esporos, de cor laranja a amarelo claro, que são as
sementes do fungo. São produzidos 3 tipos de esporos: os urediosporos, os basidiosporos e os teleutosporos. Os que
infectam as folhas dos cafeeiros são os urediosporos. As lesões da ferrugem aparecem a princípio como pequenos
pontos claros (com 1-2 mm de diâmetro), mais visíveis contra a luz. Em seguida elas vão crescendo e logo aparecem
os esporos, que dão aspecto pulverulento sobre as lesões, na face inferior das folhas. Na face superior das folhas
podem ser observadas lesões amareladas, que podem ser confundidas com outras doenças (como a leprose). Com o
envelhecimento das lesões o seu centro se torna necrótico, escuro, ficando a esporulação restrita à parte externa,
circular, próxima ao tecido ainda verde. Nesse estágio, havendo bastante umidade, sombra e temperaturas mais
baixas, podem ocorrer hiper-parasitas, fungos como Verticillium hemilae e V psalliotae, dando um aspecto
totalmente branco sobre as lesões, na face inferior das folhas. No entanto, apesar de pesquisas terem sido feitas sobre
a possibilidade de uso dos fungos parasitas no controle da ferrugem, pode-se observar, até o momento, na prática, que
eles até parecem quem com a necrose, facilitam a entrada de outros fun gos saprófitas, e, assim, chegam a acelerar a
desfolha. Lesões mais velhas da ferrugem podem atingir até 1,5 - 2 cm de diâmetro e a presença de lesões grandes
indicam que está havendo controle, visto que elas crescem quando estão em menor numero nas folhas.
Com altos índices de infecção as pústulas podem coalescer e formar uma massa de esporos, cobrindo quase
toda a superficie inferior da folha. Esse aspecto é muito comum mais no final do ciclo da doença, e também em
cafeeiros de C. canephora.(figura 5.64).

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figura S.64- Grande numero de pu,;tulas de lic'rrugcm alg umas coa lesce ndo. em folhas de ca feeiro
conillon de e can(!J!!!<WcJ.
'> pú ruias de ferrugem podem se mostrar. a inda. de 2 mam:iras : como lesõe s co rn r le tame nte sem esporos,
l:l\ adas. em função de abortamento. · ituação que pode ser causada po r altas te mpe raturas, por c hu vas pesadas, que
la ,am o e po ro e pe lo e feito de fun gic idns si tê micos. Nesse último caso , as lesões apresentam um halo, na forma
de uma tumefação ao redor da le ão. As lesões a bortadas podem ou não voltar a espo ru lar, de pendendo da causa do
abortamento. O 2° tipo é 0 11 tituído por lesões pequenas, denominadas " ílecks". Elas são resultantes da reação da
planta ao fungo, nonnalmentc aparecendo em materiais genéticos com tolerânc ia à fe rrugem. N as bordas da lesão
ocorre uma tumefuçiio do tecido (e pécie de ca lo).
Com a e, o lução da infecção na fo lhagem, na med ida em que aume nta a percentagem de fo lhas infectadas,
aumenta, também. o nº de pú tula" fo lha. O aumento da infecção provoca a redução da área fo liar e , gradativamente,
obrcvem a desfolha das plantas.
O esporo ão d i seminados a longas distâncias, pelo vento, pe los insetos, pelo homem e por outros animais.
1a mesma plantação, de uma planta a outra e de folha em fo lha, a maio r disseminação da d oença ocorre pe las gotas

de chuva.
Os esporos de H. vastatri.x só germinam na presença de água líquida (gotas, de c huva ou orvalho), no escuro.
A germinação ocorre em 2 - 4 horas, mas para que haja bom nível de pe ne tração na fo lhagem há necessidade de
manutenção de períodos maiores com água líquida, sendo ideal 24 - 48 horas, o que ocorre , na prática, em períodos
de chuvas continuadas. A partir de 8- J Ohoras de período de molhamento à noite já ocorre bo m índice de germinação
e penetração. Ao germinar eles emitem 2-3 tubos germinativos, que se dirigem para penetrar na abertura dos
estômatos, na face inferior da folha. Nos tecidos são desenvolvidas as bifas que produzem, novamente, os esporos
externamente nas lesões.
A ge rminação é maior sobre fo lhas ainda jovens (2° - 4° pares), e menor em folhas mais velhas, enquanto
folhas muito jovens, com s ua área ainda não completamente expandida, não são susceptíveis, dev ido não possuírem
estômatos bem desenvolvidos e, ainda, por ter sua superfície coberta por uma camada d e ce ra. As margens das folhas,
com tecidos mais jovens, tem maior nível de infecção em relação à parte mais próxima da nervura. A influência da
maior presença de gotas d'água nas bordas das folhas também favorece essa maior infecção.
O pe ríodo de incubação do fungo, entre a a entrada do fungo na folha e o aparecimento da lesão, varia,
principalmente, em função de temperaturas. Assim, no ve rão ou em regiões de baixa altitude (condição mais quente),
o período é normalmente de 27-30 dias. Em tempos ou regiões mais frias esse período pode ir até 60-70 dias.
A experiência ac umulada com a convivência com a fem1gem mostrou, entretanto, que o período de
incubação não é tão determinante na gravidade da ferrugem. Tem-se verificado que as regiões cafeeiras de altitude
mais elevadas e mais frias apresentam uma evolução mais lenta da doença, porém, em muitos anos, a ferrugem acaba
atingindo "picos"de infecção danosos. Por outro lado, regiões muito quentes podem ter abortamento de lesões e
retardamento da evolução da doença, por excesso de calor. Além disso, na planta de café, fo lhas acima ou abaixo ou
mais internas ou externas tem grande variação na sua temperatura, em função de sua condição micro-climática. A
conclusão que se chegou, na correlação entre clima e evolução da ferrugem é a de que, onde o cl ima é bom para o

318
. também é muito adequado para a ferrugem.
1~1ro, •
~g · d·çõeS favoráveis e danos
b)Coll ~
evolução da forrugem nas lavouras de café, ou seja, o seu nível de infecção, maior ou menor, cm
. ada situação (região, local, lavoura, etc) e em certos períodos (no decorrer do ano), está relacionada a três
11111 . d
.1 iert
vtpas de fatores, hga os ao am b.1e nte ( c 1·1ma ), ao h ospede1ro
. (cafeeiro)
. e ao patógeno, conforme detalhado em
gf\l
seguida-
f atores climáti~os, . . , . , _ _ , . ,
b. 1) Os fatores chmat1cos favorave1s a doença sao: a temperatura, na faixa de 20-24ºC; a umidade, necessana a
. ·içào dos esporos, favorecida pelas chuvas frequentes, principalmente as finas , pelo orvalharnento noturno e
111110
f 11111~ientes sombrios, que aumentam o molhamento foliar.
~r A femigem evolui mais no período chuvoso e quente, que vai de novembro a maio. A partir daí a redução
. ·ca da temperatura, no inverno, e a falta de chuvas, nesse período, são responsáveis, junto com outros fatores
~ras~~s à planta, pela diminuição q~ase total da taxa de infecção. Nos períodos secos, como ocorre de julho a
hg3 bro-0utubro, mesmo que a umidade de orvalho venha a ser suficiente para a genninação dos esporos, na
:eten~cie das folhas, durante a noite, a falta de conti nuidade na umidade provoca a inviabilização no processo de
supe~ção antes que ele se complete. Essa condição é vá lida para a cafeicu ltura de café arábica do Centro-Sul do
pe~e(verc~rvas de evolução da doença em 2 regiões cafeeiras nas figuras 5.65 e 5.66).
pais Ultimamente, em função da ocorrência de invernos mais quentes e chuvosos, tem-se observado uma
volução mais tardia da ~errug~m,_exigindo cui~ados :specia_is, embora onde se efetua o controle, na época e de modo
~rretos, a doença não atinge 111ve1s altos dessa mfecçao tardia.

80 Cafeeiros
70
Evolução da Ferrugem com carga
(J

J! 60 alta
.!:
"'('l 50
;E 40
e Cafeeiros
_g 30
com carga
"j. 20
baixa
10

27 Temperaturas
25
u 23
o
21

19

200 Chuvas
E 150
E 100
50
o
A s O N D F M A M
Meses
Figura 5. 65 - Curvas típica de evolução da ferrugem em cafeeiros com alta e baixa
produção. Gráfico das chuvas e temperaturas - Santa Teresa-ES a 550 m altitude

Nas regiões mais quentes, onde se cultiva o cafeeiro robusta-conillon, e mesmo em áreas semelhantes, onde
atualmente se cultiva arábica, a temperatura média dos meses mais frios não chega abaixo de I 9°C. Deste modo, a
ferrugem seria limitada somente pela falta de água. Porém, nessas regiões, boa parte das lavouras recebem irrigação.
Ali, nos anos onde o inverno for chuvoso, a ferrugem pode evoluir nesse período, também em lavouras não irrigadas
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A altitude da região ou de uma de terminada área cateeira influi na tempe ratura e també m no nível d 1
e de mo lhamento da folhagem. Altitudes muito elevadas caracterizam regiões mais frias e al i o progresso da~ Chllv~
é mais lento. embora sejam ãreas com mais c huvas. Nessas regiões a evolução da doenç~ so fre forte in~&etri
clima/planta. Todo o processo produtivo ocorre mais le ntamente. desd~ ~ . fl oração (~m1_1s desuniforme/~Çâ0
maturação dos fru tos. o que leva a um menor "stress" e a uma me nor suscept1b1hdade d o caleell"o. ª1é a
Nos últimos anos tê m ocorrido veranicos nas principais regiões cafeeiras, coincidindo no período d
quando a ferrugem se e ncontra em fase de evolução, na folhagem das ~Jantas. Sabe-se _que a falta de c~Z-fev,
combinada com altas temperaturas. constitui-se num fator que poderia paralisar o desen vo lv1me nt~ da ferruge llvas,
fato, nesses períodos é possível observar lesões te mporariamente abortadas. No e ntanto, outras condições favort· _De
doença prevalecem e, assim. a infecção continua, e m seguida, com a reto~ada ~as _chuvas. A c01~c lusão que se
é que o veranico ou a condição do clima é importante, porém. muito mais 1mportan~es sao as condiçõe , &a
:~~Sà
susceptibi lidade das plantas à doença. Verifica-se que o veranico, na rea lidade, causa mais stress nas plantas de
mesma fonna que ocorre pela carga pende nte, fa vorecendo, em seguida, a evo lução da ferrugem, por tornar as pt!' da
mais susceptíveis. ºlas

24 ~ - -- - - - - - - - - - - - - - - - - -- - ----,- 70
23 60
22
50
Ta 21 % folhas
média 20 40 infectadas
or
19 30
18
20
17
10
16
15 -i-L...1...,J:::t::i::::t=~ _LL+...L.L+-.LIL+--LI--.IU...._1...J......_1...1...,_J._J_.,_J...L.,_J..~ o
Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set

l c:==i Temperatura Média - - Ferrugem 1

Figura S. 66- Curva típica de evolução da ferrugem do cafeeiro e temperatura média na Fazenda Experimental em
Varginha-MG
b.2) Condição da lavoura
Nas lavouras, a ferrugem é beneficiada por:
a) s istemas de plantio e condução que tornam o ambiente (micro-clima) mais sombrio e úmido, como nos sistemas de
cafezais adensados, ou arborizados e as plantas fechadas ou com muitas hastes; b) a adubação e os tratos mal feitos,
que favorecem tornando as plantas mais susceptíveis à doença; c) a face de localização da lavoura e das linhas, sendo
que a mais batida pelo sol da manhã, portanto com redução mais rápida do período de molhamento, resulta em menos
ferruge m. Na planta, igualmente, a folhagem mais interna e na parte baixa/média (saia) do cafeeiro é a que recebe
maior nível de infecção, devido ao micro-ambiente mais úmido; d) a presença de inóculo do ano anterior, que influi
antecipando e agravando o ciclo da doença; e) a carga pendente, este o fator mais importante, por tomar o cafeeiro
mais susceptível, uma vez que as reservas de carbohidratos e componentes importantes da resistência são deslocados
para a frutificação ; f) a variedade, sendo que dentre as susceptíveis, o Catuaí suporta mais o ataque que o Mundo
Novo e este mais que o Bourbon e o Caturra. Esses fatores favoráveis influem tanto no nível de dano causado, quanto
na forma de controle.
A variedade/linhagem de cafeeiros c ultivada reflete a constituição genética das plantas, as quais podem apresentar
difere ntes níveis de tolerância ou resistência à fe rruge m. A questão do melhoramento para resistência é objeto de
d iscussão e m outro item 4.4. Aqui cabe ressaltar as di ferenças de comportamento observadas mesmo entre variedades
s usceptíveis.
As pesquisas e observações de campo têm mostrado que nas variedades de maturação mais precoce ou mais
concentrada (igualada), onde a relação folha/ fruto é menor, ocorre maior desgaste das plantas e a transferência, em
mais c urto prazo, das reservas das folhas para os frutos, ficando as plantas mais susceptíveis à ferrugem . Na mesma
direção, te m-se observado que alguns materiais genéticos desfolham, com mais facilidade , diante do ataque da
ferrugem , esse efeito estando relacionado à sua menor tolerância ao etileno, produz ido nas folhas, pela infecção da
doença.
O quadro 5.112 mostra 2 ensaios, no Paraná e na Zona da Mata de Minas Gerais, onde se estudou o efeito do
320
ue da fcm1gl.!111 nas variedudes (c:ultivare~) Mundo-Novo e ('atuai, nas condições com e sem controle da doença.
~~ficou-se qu~~ us pérdus de prod~çtlo no Mundo-Novo, dcvidus ó falta de controle da femigern, foram cert:a de
4
;%, enquanto as perdas no Catunt forum bastante inferiores. na foixa de 23 29%.
dro s. 112: C'ompurativo de produi,;õcs o_biidas com e sem <.:onlrole da ferrugem do cafeeiro, nas cultivares M.Novo e
Qu• PR C ' MG 1984.
r aiuuí. B.V.Pamiso- e ara1mu.a- Produtões (scs../rnil oés) Diferença(%)
Condlçt'!<-S
Com controle. dn ferrugem Sem controle
Bela Vista do Pualso - PR (Média d11s 5 1>rimclras safras )
Mundo Novo 376/4 25,6 14,7 42,6
('atuni ;\mareio 29.5 22,2 24,0
C•ratíns:a - MG {Média das 4 Primeiras s aíras>
Mundo Novo 379-1'l 20,6 11 ,9 42.2
Catuai Amarelo H 2077-2-5-86 33,3 25.6 23, 1
Cotual vem1elho H 2077_-2-5-81 31.9 24.7 29,I
'
fonlr: Mat,ello ~t alh - /\nn1s 11 " CBPC. IBC-Gen:n. 1984, p . 253.
Observa-se, ai nda, nos ensaios e na prática, que as parcelas ou talhões com as variedades Boubon e Caturra
se mostram. sempre, com in fecções mais precoces e mais graves da ferrugem, exigindo controle mais cedo e com
maiores cuidados. A razão para isso é a maior susceptibi lidade das plantas, devido à maturação precoce, à menor
relação folha/fruto e ao menor vigor.
A produtividade ou carga pendente da lavouro tem se mostrado o fator mais importante na intensidade de ataque da
ferrugem. Quanto maior a produção de frutos tanto maior tem sido observado o ataque da doença. Vários trabalhos de
pesquisa tem mostrado essa correlação. destacando-se o estudo pioneiro apresentado no quadro 5.113, onde se
verifica níveis de infeção crescentes, na medida do aumento da produtividade, seja na condução sem controle, como
naquela em que se praticou o controle da doença.
Quadro 5. 113 - Infecção pela ferrugem. em % de folhas infectadas, em cafeeiros em 3 níveis de produtividade. com ou
sem controle da doença. S.A.Grama - MG. 1977.
% de folhas infectadas
Nh•cis de produção dos cafeeiros (scs/ha) Sem contro le Com controle •
Baixo - 6,4 ses 36,5 11,5
Médio - 11 ses 54,0 17,0
Alto - 18 ses 77,5 28,0
. .
(•) - 4 aphcações de fung,c,das cupncos Fonte : Miguel, Ma1 ,ello, Mansk e /\lme,da, /\na,s 5° CBPC, p.220-2.

Quadro 5. 114 - Infecção pela ferrugem em cafeeiros com 2 níveis de produtividade, manejados em condições naturais,
com desfolha ou com e1'1mmaçào
. de inoculo.
. , Ven da Nova - ES ' 198 4.
Tratamentos % de folhas c/ ferru2em ( iunho/84)
A- Co ndicão normal
A1- Baixa produção 8,70 a
A2 - Alta produção 30.70 b
B-Eliminação do ínóc ulo
B1- Baixa produção 8,50 a
-
82- Alta produção
C-Com desfolha
23,50 ab -- '
CI- Baixa produção 16,00 ab
C2- Alta oroducão 43,50 b
Obs: 1) Ehm. do moeu lo e da folhagem (50%), em dez/83 ; 2) Produção registrada: Alta produção = 25 scs/ha; Baixa produção = 7,6 scs/ha
Fontes: Mansk e Matiello Anais 11° CBPC, 1984, p. 128-0. e : Matiello. ct alli - Anais 11° CBPC , 1984, p. 306-7

Outro trabalho de pesquisa também comparou a evolução da ferrugem em relação à carga pendente,
combinando com as condições de retirada ou não do inoculo residual e com o raleamento da folhagem. Os resultados
observados, conforme quadro 5.113, mostraram que o grande diferencial da doença ocorreu em função do nível de
produção. A retirada do inoculo (= eliminação de folhas com pústulas) em dezembro, reduziu apenas ligeiramente a
infecção em junho do ano seguinte, mesmo assim, esse pequeno efeito só ocorreu na condição de alta produção. A
retirada parcial de folhas (desfolha 50%) em dezembro não reduziu a in fecção , ao contrário do que se esperava, pela
possibilidade de melhorar o arejamento da planta. Ocorreu até um pequeno agravamento da infeção, devido,
provavelmente, à pior relação folha/fruto, com isso levando a um maior desgaste e aumento de susceptibilidade das
plantas.
No quadro 5. 115 pode-se, novamente, verificar a importância da produção em relação à incidência
321
dtkrcm:1al d.1 tem1gcm. rnc-.1mi cm mim,, 1-.nlado-. na mesma planta. Vcri lil'a --.;c que aq ucb, ra 1nm, com fl)l:n
• . 1· 1 . 1 . Or
11u111crú d1.· lrukh r1.~cbcram menor ataljt11: <la Jocnça. CUJO 1m d dc 111 kçiio l'rC!,Cl'll n;i mct lt a ua p,c~cnça do maior
11'' de fnit(l'- r.ttfü) .

Quudro 5. 11 5 - 1n lluênc 1a d,1 prndui;ào. cm ramo~ ,-.,) lndti~. -.obre a 111cidência da li:rru).!l'lll do ca teci Io. V:ir1-:. MG, 200s.
'\úmero médio de fru1ov ramo 0 ., de fo lha~ co m frrrugem
li 3.1,60
s.-o ..J4.70
15,liO ..JX.70
:!6.10 51,20
J 1 . 7() (,J.JO
s::.~o 62.00
fontl': \1111ud. \1a11ell,1c 11,,rc,m: \n.m 1~• < ílJ>( . 111( -(it•n:a. l'-185 pglw-(,

Outro, fatore-, na la\oura de c:ifé, com rcl:iti,a imprn1ii m:io na gravidade da lc rrugcm. são: o espaçamento
(dc11-.1d.1dc de plantio). o fec ha mento do\ cafeei ros e a arbor ização ou so mbrea me nto. Esses 3 aspectos, de forma
~cmclh:mtc. favorecem a ferrugem pela fonna~ào de ambiente mais sombrio e úmido, onde a umidade
(rclat1,a e de molhamento) pem1anccc mais alta e por um tempo maior dentro da lavoura .
Dob trabalho~ de pc:,lJUll-3. cujos rcsul1ndos estão incluídos nos quadros 5. 1 t 6 e 117, mostram o efeito do
espaçamento e da arbon,nçào na incidênci:i da fo rruge111. Verifico -se que o níve l de in feção é crescente com a
redução do c-;paçamcnto do:, cafoc1ros. mesmo us plantas tendo uma menor produção indi vidua l. Na condição de
calcctro sombreado:- a o indicc de infecção se mostrou duas vezes maior do que naque les a pleno sol.
Quadro 5. l 16: ln íl uência dú espaçamento (sistema de plantio) cm relação à infecção ocla ferrugem - earat . - MG , 1985
amento, Produção l._1! câfc hrnd. co, a % de fo lh11s com ferru!!em
~·••<;, 0.5
1981
0.555
1982
0. 1 6
1
1981
9 1,0
1982
7 1,0
,u Ut>l 0.248 59,0 35,0
Fonte l\11gucl . .\lmc:11.b e \ faudlo• .-\nai, 12º CB PC. 1BC-Gcrca. 1985. p. 6 1-64.

Quadro 5. 11 7: Efeito da arborizacào (sombr.) sobre a incidência da ferrugem, lbiao.- CE, 1979.
Sistema de culth o dos cafeeiros %, de fol has infectadas pela ferru!!em
Com sombre:nnento 68,0
A pleno :.ol 3 1,0
f onte: l\lauello e Machado. Anais do 7° CBPC. IBC-Gerca, 1979, p. 15-6.

Figura 5.67 -
Cafeeiros com
ataque severo e
desfolha, com
já ramos secos,
pela ferrugem.
No ano seguinte
haverá perdas
significativas na
produtividade.

322
N cafeeiros. os prejuízos pl!la ferrugem resultam da redução da sua área foliar, pelas lesões e pela
. (Ílº:ura 5.67). .Eles ficam 1!1ais evidentes na safra no ano seguinte. Apenas em ataques severos e precoces
i1--..tolhll •rdas na gnmaçào dos lrutos e no rendimento (coco/bendiciado). no ml!smo ano, com parte dos frutos
,,.,l(lt111 ~ill!to do estágio de verdes para secos.
f'~1do
1) patógt>OO d 1~ d "· . · . 1·1 ' . d . . . . . .
b-· Na evolução a errugem o ca ,ee1ro a m uen~1a . e ~aractenst1cas ligadas diretamente ao hmgo causador
lr i-.;). pode ser expressa através de 4 aspectos prmc1pa1s: As raças fisiológicas do fungo; o inóculo residual e
fi .
JI \'OSID · ·
( · ,rtt1anência na planta.; o paras1t1smo que a eta seu desenvolvimento; e a interação com outros patógenos.
slJS P' Quanto ao paras111smo, existem. detectadas duas espécies de fungos hipcrparasitas. sendo Verticlllium
. ·/etie e v. psalliotae e _un:ia l_a!va _de Dtptera frequente sobre lesões, onde se alimenta dos esporos. In felizmente a
/rt~: desses parasitas não~ s_1~rnt1cat1va na evolução da doença. No ~era 1, o Verticilli11111 só aparece no final do ciclo
açilfi• '1Cíl1, na época mars fna e em condições de mais sombra e unudade. Parece, até, que ocorre uma aceleração na
8
dl..: das lesões, provocando desfolha mais rápida. Eleito semelhante, de aceleração na necrose, tem sido
ne\ 11do pelo desenvolvimento de Colletotrichum sobre lesões mais velhas da fermgem.
iJbSeí\ Quanto ao inóculo residual, os trabalhos de pesquisa mostram pouco e leito signilicativo sobre a evolução
. da ferrugem. O que se observa é uma retomada mais rápidn da infecção no início do ciclo da doença quando o
!1~ª.1lo se encontra mais alto em set/oun1bro, afetando, ligeiramente a épocn de controle.
ill(l(U A condição de cateicultura a pleno sol, como a praticada no Brasil, e a colheita por derriça, seguindo-se,
orniahnente, um período seco e frio ~1a entre safra, provoca a queda_ da grande mai_oria das folhas com lesões, e,
0
m O inóculo de passagem (de um ciclo a outro), em folhas velhas, fica muito reduzido.
assi · A exceção a essa regra acontece em lavouras de baixa carga. que tendem a manter mais fo lhas afetadas de
ano para outro. O inóculo residual. assim, guarda relação com o ciclo bienal de produção do cafeeiro. É
u~hecido. também, que certos tratamentos com fungicida s no inverno (como os cúpricos), que promovem maior
~enção foliar, podem acumular maior inóculo residual e exigir o início de controle mais cedo no ciclo seguinte.
re o fungo da ferrugem possui grande número de raças fisio lógicas, mais de 50. Essas raças possuem fatores de
l'irulência diferenciados, (VI a V9 ou mais) que condicionam a infecção de cafeeiros que não possuam fatores de
~istência correspondentes (SH I a SH9). Esse aspecto está melhor detalhado no ítem de controle genético (4.4).
Observa-se. ainda, que sobre o mesmo material genético de café. susceptível a mais de uma raça do fungo,
essas raças podem apresentar virulência diferente. A raça II, a primeira constatada no Brasil, mostrou-se mais
agressiva sobre nossas variedades susceptiveis (Catuai e Mundo Novo), do que a raça XV, encontrada nos anos
se!!llintes.
• A interação da ferrugem com outros patógenos ou doenças do cafeeiro foi demonstrada em trabalho
experimental, confonne resultados colocados no quadro 5.118. Verifica-se que as folhas infectadas por cercosporiose
recebem maior infecção pela ferrugem. Isso ocorre em função do desgaste causado pela cercosporiose. A interação
inversa também foi observada. As folhas atacadas por fe1n1gem recebem maior infeção por cercospora.
No caso do ataque de Phoma /Ascochyta e Colletotrichum tem-se observado a entrada desses fungos a partir
da zona oecrótica de lesões por ferrugem. Isso acaba reduzindo, por completo, através da necrose, o desenvolvimento
daesporulaçào da ferrugem.
Quadro S. tl8: interação da incidência de cercospora sobre a infecção por ferrngem em fo lhas de cafeeiros. Varginha,
.
MG 1995
Condições das folhas % de folhas atacadas por ferrugem N" médio de lesões de ferrugem/fo lha
Com cercosporiose 42,2 7,6
Sem cercosporiose 15,9 3,5
fonte: Miguel. Mauello e Almeida, Ana is do 2 1• CB PC, Mapa/Procafe, 1995, p. 26-7.

c)Avaliação da doença e seus danos


O processo mais usado, mais prático, para quantificar a incidência da femrgem ou o nível de doença,
consiste em determinar o índice de infecção através da amostragem de folhas, que pode ser feita pela coleta de folhas
ao acaso, no terço médio da planta (2 lados) e procurando pegar folhas adultas, do 3° - 4° par no ramo, coletando-se
200-500 folhas em 50- 100 plantas, representando um/talhão. Nessas folhas determina-se a percentagem de folhas
com lesões de femrgem, devendo-se considerar somente aquelas com pústulas esporuladas, já que alguns tratamentos
fungicidas e ocorrências climáticas abortam lesões.
A verificação do nível de doença pode ser feita, também, pela amostragem de ramos ao acaso, determinando-
se a percentagem de folhas com ferrugem nesses ramos, computados os últimos 5-6 pares de folhas (10- 12 folhas).
Esse método é útil quando se deseja avaliar o efeito de determinado fungicida (sistêmico) ou época de aplicação, pois
pode-se verificar como a doença evoluiu de acordo com a idade das folhas (mais velhas para as mais novas).
323
A ~fulhA, en, ronscquência do ataque d1.• tem1gem. ocorre em maior escala n par~ir de j~lho/ag08
Socne:ntc: rm araquo mu110 "-cdo podem <X,-Orwr desfolhns a partir de maio, o que ocorre em regiõ\!s mais quente:º·
~ \ ~ m uito SUS(-eplÍ\"Ci e de 1nnturaç:lo precoce. . e
'4Ucda de fo lha é nvahada em ramos no a,·aso. tomando-se 4-6 ramos por planta. A lcttu~a é feita n
ulnmos S--6 (':'TCS. e a dc ' Ílllha é cakulada por diten:nçn em n:l~ç!lo ao nº de. folhas remanescentes. ~ss1m, se ern u:
ramo, na leuura de 6 ()IJCS. forem constatudas. por exemplo. 8 folhas. a desfolha scr:í de 4/ 12 ou seJa, de 33,33 ¾. A
época tJcal para ele tuu a leitura de d1.-sfolha é aquela logo após a colheita.
Os preJUÍ7os Ct)m a ferrugem são avaliados :através das perdas de produç.ão, observa?as nas lavouras
dcco~tes da desfolha. ~ perdas de produtividade ocorrem no ano agrícola (ou safra) segumte ao ataque. 86
ranlincntc. t"IJl L1lSOS de infecção graves e desfolhas mu ito cedo (abri l-maio). podem o~orrcr perdas .pelo forçamento
<b maturação dos frutos, com redução no tamanho e peso dos grãos de café. A pla'.1ta fH;a enfraquecida pelo ataque e
p(b de fo lha precCX'c e muitos frutos verdes passam a secos, sem passar pelo estí1g10 de cereJaS.
As penias de produção na safra seguinte são maiores quanto maiores forem as desfolhas n? ciclo anterior.
Isso ocorre porque cm plantas desfolhadas a floração e o pegamento da florada são menores. o~ seJa, o ~1umero de
flores e a rt'laç.Ao entre o nº de botões no ramo e os fmtos nele formados. n:manesccntes no lmal do c1clo, ficarn
n.-duz.idos.
A perda de produçAo pela renugem. em deterrninados anos. pode ser muito alta, ex istindo exemplos de
cx.perimento onde a testemunha, com plantas sem controle. en1 uma safra. produziu de 1,6 até 7 vezes menos do que
as parcelas com plantas ttatadas.
Ocorw que esses cafeeiros. que produzem pouco. apresentam menos doença, se recuperam e voltarn a
produ2ir bem, fll7..cndo com que. na média de 2 a 4 safras. as perdas médias pela ferrugem se situem entre 20-50%.
Pode-se ver esse efeito de recuperação. devido ao ciclo bienal de produção (safra alta/safra baixa), típíco das
lavouras de café cultivadas a pleno sol, no exemplo da produtividade diferencial obtida em um ensaio com e sem
controle. confonne quadro 5. 11 9.
Quadro 5.119 - Diforenciais de produtividade de cafeeiros, em ensaio, com e sem controle da ferrugem, mostrando 0
efei1o do ciclo bienal de producão na recuperação das plantas - Sta Teresa-ES, 1976.
Safras Produtividade scs/ ha Diferencial produtivo(scs/ha)
Testemunha Com controle
1• &J'IÓS controle 18,3 28,3 + 10,0
_• após controle 36,6 38,3 + 1,7
3ª após controle 14,5 28,0 + 13,5
4~ após controle 37.0 39,0 +2,0
Média 26,6 33,4 +6,8 (+26%)

Observa-se que o diferencial produtivo pelo controle variou, nas safras isoladas, de apenas 7,6 % até 93%,
ficando. na média. em 26% de perda.
Além da perda em produção, os cafeeiros sem controle tendem a emitir mais ramos ladrões e exigem mais
desbrota. Em muitos casos é preciso antecipar poda nesses cafeeiros.
Nos cafezais de robusta Conillon, é comum,todo ano fazer poda das hastes que sentiram após à safra. No
caso das áreas atacadas pela ferrugem essa poda sempre é mais drástica, afetando, de forma adicional, a
produtividade, pois menos hastes restarão para produzir no ano seguinte.
Em cafezais ConilJon, em região litorânea e mais úmida, os resultados obtidos, em 4 safras , em ensaio com e
sem controle, mostraram uma perda média de 15 a 35 %.
O quadro 5.120 mostra outro exemplo de di fereocia l produtivo dos cafeeiros, em ciclo longo, de 6 safras,
pelo controle da ferrugem, em 3 condições, sendo: controle protetivo (4 apl. fung. cúprico); controle via solo
(Tradimenol + Dissulfoton), mais 2 foliares de cobre; e a testemunha, sem controle.
Quadro 5. 120 - Efeito do controle da ferrugem (em 2 sistemas) na produção do cafeeiro, a longo prazo - C.R.Claro -
MG, 2002.
Safras aoós controle (scs/ha)
Tratamentos 1• 2ª 3• 4ª S3 6ª Média
Oxicl. de Cu, 3 kg/ha, 4 apl. 35,6 15,4 26,1 21,4 11 ,6 34,5 24,2
FungJ inset. solo (I apl.) + Ox. Cu (2 apl.) 50,4 19,4 46,8 23,5 26,8 45,2 35,4
Testemunha 5,5 22,6 14,5 24, 1 3,8 36, 1 17,8
Font.e: Almeida. Ma11ello e Ferre1rn, Anais 28º CBPC, Mapa/Procafé, 2002, p. 42.

324
Verifica-se. ~los resultados médios de 6 safras útci , incrcme ntos produtivos de 35% pura o tratamento só
,upnco e;: ganhos de l 00% parJ o tratnmento via w lo mais fo liar. No vumenle. observa-se que cm dete rminado~ anos
(safras) o caft.-eiros da parcela testemunha produzem até mais que os tratados.
As plantas des fo lhada_:, têm redu7ido seu aboloamenlo . ílorescimento e pegamento dos frutos. o que afeta a
produtividade. Em certos ano . as perdas 5(1 0 maio res. devido a ataques mais graves no ano anterior, porém, os
calceiros. com a carga mais baixa. sào menos afetados e se recuperam. melhorando a produção no ano seguinte, o que
compensa aquelas perdas e diminui o prejuízo médio, quando consideradas várias safras. Essa perda média, d<.; vida à
f~IT\lgem. obtida de 4 ou mais safra . em ensaios experimentais . ocorre na faixa de 20-50%, vuri,mdo conforme a
variedade, a região, o nível de trato, etc .
d) Controle
d. l) Tipos de controle
O controle da fenugem do cafeeiro pode cr feito através de práticas ou sistemas agrupados em 2 tipos: o
controle natural e o controle químico.
O controle natural compreende o controle genético. com variedades resistentes; o co ntrole biológico. pela
ação de inimigos naturais: e as práticas de manejo da lavoura. Pode ser incluída. também, a indução de resistência,
através de produtos biológicos. que promovem a produção de lito-alcxinas pelo ca fee iro.
A ação de fungos do gênero Ve rticillium e larvas de Diptcros que paras itam e/ou se alimentam sobre as
lesões da ferrugem não tem resultado cm efe itos bené fi cos no controle da doença .
As práticas de manejo. como podas e condução de hastes, co mo o uso de espaçamentos mais abertos e a boa
nutrição das plantas. a escolha de variedades mais vigorosas e que suportam mais o ataque, são usadas como
auxiliares no controle químico.
A indução de resistência d e cafeeiros ao fungo H. vastatrix é facilmente obtida em condições de laboratório e
mesmo no campo, porém em curtos períodos, o que inviabiliza seu uso na prática. Alguns agentes aplicados à s fol has
do cafeeiro induzem a produção de fitoalexinas, que são substâncias de resistência das plantas. lnduções de
resistência já foram obtidas com aplicação de Bacillus thuringiensis, B. subtilis, B. megaterium, Xanthomonas
manihotis e Saccharomyces cerevisae . Até os próprios esporos da ferrugem, inviabilizados, provocam a indução.
Produtos como o Fegatex e os fosfüos também induzem.
O controle genético vem sendo introduzido, gradativamente, na medida em que se desenvolvem variedades
que associem boa resistência e adequadas características produtivas (o detalhamento desse controle encontra-se no
item 4.4).
O controle químico é adotado extensivamente no Brasil, pois é preciso proteger as nossas lavouras,
compostas em mais de 90% por variedades susceptíveis (Catuai, M.Novo). Na Colômbia, devido às dificuldades de
praticar o controle químico (função da topografia acidentada das áreas e das chuvas muito frequentes), houve grande
aceitação pelas variedades Colômbia e Castilla, do grupo dos catimores, resistentes à ferrugem.Também na América
Central tem havido grande interesse pelo cultivo de variedades resistentes, em substituição ao Caturra e Catuai, ali
mais cultivados.
d. 2) Controle químico
O controle químico da ferrugem no Brasil tem sido bastante simplificado e racionalizado nesses mais de 45
anos de convivência com a doença. Ele vem se mostrando muito efici ente e econômico, devendo, para isso, ser
adotado com a seleção correta do sistema, dos fungicidas, doses, épocas e tecnologia de aplicação.
As características da propriedade e da lavoura também devem ser consideradas para facilitar o controle,
destacando-se: a carga pendente; a topografia do terreno; o tamanho e sistema de cultivo; o nível tecnológico do
produtor; os equipamentos e a mão-de-obra disponíveis; a disponibilidade de água; as condições de clima em cada
região; a ocorrência simultânea de outras pragas e doenças e o custo/beneficio do sistema.
d.2.1) Sistemas de controle e fungicidas:
O controle químico da ferrugem do cafeeiro, considerando as características dos fungicidas, o seu modo de aplicação
e a época de uso dos produtos, pode ser definido através de 4 sistemas básicos:
1) Preventivo, através de pulverizações com fungicidas protetores.
2) Preventivo-curativo via foliar, usando pulverizações com fungicidas sistêmico s ou suas misturas com fungicidas
protetores.
3) Preventivo-curativo, através de fungicidas sistêmicos aplicados via solo.
4) Sistema integrado, ou combinação de sistemas.

Para o controle preventivo os produtos fungicidas eficientes são aqueles à base de cobre, podendo ser usados: a
calda bordaleza (natural ou pré-fabricada), ou produtos comerciais contendo sulfato básico de cobre, óxido cuproso,

325
l ~ickirtto de l-Obre. hidro:<id\) de cobre. cobre coloidn l ou ca ldas com:cntrndus cm cobre mai s cu l e ou_
tras formas d
cobn: org'jmco tmselnoto. quinoleato. acdnto. gluconn etc.). Nesse sistema de contro le. quar~do exc lus ivo, deven, e
usada1o 3.5 pul\'criznçôe por ciclo (ti.mçi\o da carga) e com doses de 1-2 kg c.k cobre metál ico /ha/?pl. Ultirnan,eSer
os fung1c1da · cúpricos tl!m sido u udos mais como complem~nto ou auxiliares de controle, sendo importantes nte
.. nutnc1onal.
seu c,ctto .. ~
antt-dc ,olha .
e rcduzmdo probl énms de rcs1 • . do t·ungo.
.stcncia · ' Pelo
Para o rontrole prtventh•o.curatlvo foliar, podem ser indicados fungicidas s istémicos, pertencentes ao grupo d
Tml7ôi ou suo combinações com outros fungicidas. como as estru biru linas e os cúpricos, em 2 a 3 pulv erizaçõos
pür e, lo. cm intervalos de 60-90 dias entn: jan/fev e março/abril. Controles começando cedo e terminando cedo ni}es
, . o
t m tdO C 1Ctl\O!!.
Para o controle protctivo-curativo via solo , i\o usados fun gic idas triazóis ou suas combinações com inseticida
em fomm la~·õcs , ia líquida. Os ativo~ indicado:- dos Lriazóis suo o Triad imenol, o Cyproconazole e o Flutria/j
(lmpact). É necessária uma só aplicação por ciclo, entre outubro e dezembro . Resultados semel h~ntes à aplicação v~
~olo podem ser obtidos com a aplicação dos triazóis cm altas doses concentradas (mesma quantidade de ati vo da vt
olo). cm 1-2 pu lvcnraçôe cm aplicações próxi mas. em de1.-ja11. a
Para o controle combinado. ou, mais propriamente. associado, utiliza-se doi s ou mai s sistemas, em combinação, na
me ma lavoura. Pode-se usar. por exemplo. uma dose de produto via so lo, com complementação com 2-3 aplicaçõe
fo liore . Na via foliar pode- e usar os produtos proteti vos e/ou sistémicos. Nesse sistema os obj etivos são: associas
efeitos ou ,antagcns dos diYersos produtos: reduzir riscos ou evitar problemas com raças resistentes, pelo uso d;
grupos fungi cidas di ferenciados: promover o cont role si multâneo de várias doenças e, a inda, de certas pragas· e
finalmente. procurar o melhor efeito. nào só sobre as doenças, mas também sobre a condição vegetativa/produtiv; d~
cafeeiro e com menor custo do trotamento.
Fungicidas cúpricos:
O fungicidas cúpricos são comercia lizados em formulações à base de oxícloreto de cobre (verde) ou óxido
cuproso (vermelho-alaranjado). na concentração mais comum de 50% de cobre metálico e também a 75% e 0
hidróxido (azul) com 35- 45% de cobre. Eles são os mais antigos, sendo a ca lda bordaleza o 1° fungicida usado no
mundo para o controle de doenças de plantas. Apesar disso , apresentam boa eficiência, não ocorrem resistências pelos
fungos. são bastante económicos e muito úteis para os programas de manejo de doenças no cafeeiro.
Os fungicidas cúpricos atuam de fo rma protetiva ou preventiva, liberando partículas de cobre, que
absorvidas no processo de genninação e a longamento das hifas, o íon cobre se toma tóxico, atuando na precipitação
ou desnaturação de proteinas, principalmente nas enzimas e acaba matando o fungo antes dele penetrar nos estômatos
da fo lha de café. Assim, eles não atuam dentro do tecido fo liar, após a instalação da infecção. Especificando mais 0
mecanismo de toxidez do cobre, verifica-se que esse íon forma complexos com enzimas que possuem ligações
hidroxilas, arnino, sulfidrila e carboxilas. Inativa essas proteínas levando à desordem geral do metabolismo e rompe a
integridade das células do fungo.
O Sulfato de Cobre ou outros sais desse elemento, sendo rapidamente so lúveis, tem ação fungicida limitada a
curtos períodos, sendo, por isso, necessária a sua complexaçào pela ca l ou por outras bases (NaOH, KOH) para que se
formem produtos químicos com liberação lenta do cobre.
A calda bordaleza narural é preparada na proporção de 1: 1 entre sulfato de cobre (pentahidratado) e cal, podendo
variar essa proporção de acordo com a qualidade da cal. Deve-se preparar a calda para que fique bem azulada, com a
rnaior quantidade de colóides em suspensão, o que se obtém, nonnalmente, a pH alcalino (pH 8-9). No processo
ocorre a complexação do cobre, podendo-se fonnar hidróxido e no fina l o Trioxisulfato de Cobre.
A calda pode ser indicada a 1%, à razão de 400 1 por hectare, o que resulta em cerca de 800g de cobre
metálico/ha (4 kg de sulfato de cobre com 20% Cu). Com volume de 200 1/ha pode-se usar a ca lda bordaleza a 2%,
com eficiência apenas ligeiramente inferior. As caldas com os sais de micro-n utrientes, onde entra o sulfato de cobre
e a cal, resultam também na formação da calda borda leza e sua ação fungicida vai depender da dose de cobre
aplicada. As usuais tem I 0% de cobre e usadas na dose de 4-5 kg/ha (= 400-500g de Cu/ha) dão um controle
intermediário (auxiliar) da ferrugem. Pode-se melhorar sua ação ad icionando uma fonte de cobre fungicida, como o
Oxicloreto. Ex istem caldas bordalezas pré-fabricadas, comercial izadas em pó, tendo 20% de cobre.
O Oxicloreto de Cobre é usualmente formulado em pó molhável, com concentrações normais de 35 e 50% de cobre
metálico, sendo de cor esverdeada. Havia muitas marcas no mercado, mas atualmente são ma is disponíveis somente
algumas como: o Recop, o Cobox e o Cuprogarb, todas com 50% de cobre metálico.
O Óxido Cuproso é form ulado como PM a 50% (antigo Cobre Sandoz, hoje Cobre Atar BR) ou a 75 % de Cu
(Redshield), sendo de cor alaranj ada.
O Hidróxido de Cobre, de cor azul, é formulado, no mercado, como pó molháve l (Garant e Garra - 45% Cu) ou na
forma líquida (Supera - 35% Cu) ou como &rrânulos dispersíve is em água (GRDA) e protegidos, como o Kocide
(atua lmente com 35% de Cu). Possui , ainda, fonnulação liquida SC, a 35% de cobre metálico(Supera).
326
de cobre tribásico é comercializado em combinação com antibiótico, com a marca Agrimaicin, tendo
511JfatO
O
4{f,ol decu.
· ,utações de cob re, aux1·1·1ares no contro 1e, d.1spomve1s
' · no mercado, são o fosfito de cobre e o glucona de
0111ras (orn
.-1ibrf· efeito fungicida do cobre é ~eneficiado pela~carn_cterist!ca _de _redistribuição do produto na ~olhagem. As

~cu: 0
ue atingem as folhas, atraves da pulven zaçao, sao red1str1bu1das pelas gotas de chuva e atmgem outras
~lhagem. Por isso a cobertura da pulverização não é tão importante como a de outros fungicidas. Essa
p:irt.es ~i·ca pennite, ainda, a eficiência de aplicações, com barra ou canhão, por cima das plantas ("over-head"),
ctens, d d
e~ . almente em lavou~as .ª ensa as. . • . . . .
prtncip Os fungicidas cupncos apresentam efeito tomco-nUJtr1c1onal sobre os cafeeiros, melhorando o aspecto das
5
quais ficam mais verdes, mais enfolhadas (maior retenção foliar) e aumentando a produtividade.
plantas, ~m regiões de solos humicos, como na cafeicultura de montanha na Zona da Mata de Minas e Espírito Santo,

e:: ' reas mais quentes, o uso de produtos à base de cobre é imprescindível, dentro dos sistemas de controle, pois
condições eles desempenham papel fundamental no suprimento de cobre às plantas (nutricional e tônico) e na
~.,1 ção de escaldaduras.
[ÇUu o efeito tônico do cobre pode ser explicado por três características. A primeira pelo efeito fungicida,
irolando também outros fungos e bactérias, epifitas e/ou patógenos. A segunda pela ação anti-etileno, retardando a
co~ das folhas e a terceira pela sua ação nutricional, como micro-nutriente importante.
3
qu · Assim, os efeitos paralelos benéficos dos fungicidas cúpricos são:
Oferecem controle eficiente (se preventivo) também para a cercosporiose, com 2-3 aplicações, de dezembro a
a) ço· b) Controlam eventuais infecções por Colletotrichum. que se aproveita de "portas de entrada" ou ferimentos
mar a;âo de ventos, de chuva de granizo, de lesões por outras pragas e doenças, etc.; c) Controlam a bacteriose
püfsada por Pseudomonas seringae p.v.garcae, conhecida como mancha aureolada.
cau Por outro lado, os fungicidas cúpricos, principalmente em doses excessivas e em regiões mais quentes e
ecas promovem o desequilíbrio para ácaro vermelho e para bicho-mineiro, aumentando a incidência dessas pragas,
5
que' exige cuidados adicionais de controle. Nas regiões problemáticas para essas pragas deve-se reduzir ao mínimo
~s doses e o número de aplicações de fungicidas cúpricos, ou, então, usar tratamentos combinando
acaricidas/inseticidas, sempre que necessário.
oquadro 5.121 demonstra os resultados de 2 ensaios, com o uso de fungicidas cúpricos aumentando o ataque
do ácaro vermelho e do bicho-mineiro nos cafeeiros, por efeito do uso de doses crescentes ou de nº elevado de
aplicações desses fungicidas.
O acréscimo da população de ácaros e do ataque de bicho mineiro não ocorre rapidamente, logo após às
aplicações dos fungicidas cúpricos. Demanda um período de 1-3 meses para haver o desequilíbrio, devido,
provavelmente, à ação hormonal do cobre, melhorando a reprodução das pragas, como também, a ação dos fungicidas
sobre inimigos naturais das pragas, fungos, bactérias, ácaros predadores.
Quadro S. 121 : Efeito de fungicidas cúpricos aumentando o ataque de ácaro vermelho e bicho-mineiro em cafeeiros.
Santa Teresa-ES e M atipo-
. . MG• 1975 e 76
Ensaio 1 Matipó - MG Ensaio 2 - Sta.Teresa-ES

% de folhas atacadas % de folhas minadas Nº total de minas


Tratamentos por ácaro vermelho Uunho) por /100 fls.(junho)
Oxicl. Cobre 1,5 kg/ha 25,60 ab - -
" " 3,0 kg/ha 54,00 bc - -
,. .. 6,0 kg/ha 80,60 e - -
Testemunha 1,80 a - -
Com 5 apl. de Oxicl. de cu
3kg/ha/apl, dez a abri1 - 89 300
Semcobre ( Test.) - 73 153
. . ' .
Fontes: Ensaio 2: Pauhm, Matiello e Paulino, Anais 4° CBPC, p. 48-9, 1976 e Ensaio 1 : Pau hni, Miguel e Mansk, Anais 3° CBPC, p .
38-40, 1975

Fungicidas sistêmicos:
Os fungicidas sistêmicos são absorvidos dentro das fo lhas, onde atuam evitando novas infecções e, também,
agindo sobre lesões pré-existentes, reduzindo a esporulação e abortando-as.
Os primeiros fungicidas sistêmicos eficientes contra a ferrugem do cafeeiro no Brasil, foram os do grupo das
Anilidas, o Pyracarbolid (Sicarol) e do Oxycarboxin(Plantvax), os quais saíram do mercado.
Os produtos sistêmicos atualmente usados são do grupo dos triazóis, que agem inibindo a bio-síntese dos
327
Qla'Óa& que skl pen.e inttgnmte da membrana 1..' elular dos fungos, causando distúrbios de funcionamento dess
mmlbrana, QU( lc,u à mibi.;Ao do desenvolvimento e por fim à morte do fungo. a
v,nos fungicidas Trill76is foram demonstrados efic ientes no controle à terrugem do ca feei ro. Alguns são
ctkicnn: SQllle.-ntc em aplicaçÕt~ folian.'S. outros. já. são absorvidos por várias partes das plantas, como pelo tronco e
plbos e pelo nema radicular. podendo ser aplicados via solo. . .
Os atl\'OS de Triuóis desenvolvidos e já us.1dos pam o controle da ferrugem são: Tnad1mefon (Bayleton);
Tnaduneool (Bayfidan. Caporol, Baysiston. Kit-café, P~mier Plus); Cyproconazole (Alto 100, Sphere Max,
Pnori,~tra, Aproacb prima,Verdadcro); Epoxiconazole (Opus. Opera, Soprano, Abacus, Envoy, G_u~po e Shake);
Hexaconazole (An, il); Terraconazole (Domarck); Flutriaful (lmpact. Authority, Pratico, Tenaz, Tnnrty e outros);
Tc~"Onarole (Folicur e outros): Propiconazole (Tih). Algumas dessas formulação não se encontram mais no
mercado, sendo q~ as disponivcis atualmente se encontram no quadro 5.127.
Outros ati\'OS tnazóis testados com resultados eficientes. porém sem ou com pequeno uso são: MetconazoJe
( aramba) e Fluquinconazole (flamenco). Diniconazok (Spotless) e Difcniconazole (Score) e Protioconazole (Fox)
Os triazóis são fungi cidas sistémicos. porém sua sistemicidade é variável e parece estar ligada à sua
capacidade hpofílica (ligaçAo com os óleo água). Os produtos com valores menores: Flutriafol (2,3),
Cyproconazole( 2,9) e Triadimenol(3.3) são mais sistémicos. A ação sistémica é, também, influenciada pela
formulação. pela solubilidade e pela quantidade de ati"o no produto.
O efeito sistémico dos Triazóis é bem evidente somente dentro da mesma folha, ou seja, as folh as que não
recebem o produto pulverizado podem desenvolver a infecção.
Para as aplicações via solo. ou seja, pela absorção radicular, os triazóis (a lguns) são translocados no sentido
acropetal. ou seja. de bai "O para cima, na corrente de transpiração, atingindo todas as folhas.
Os fungi cidas tria7óis, uns mais outros menos, tem efeito também hormonal, atuando como hormônios anti-
giberelina. ou seja. podem agir reduzindo o crescimento dos cafeeiros, dependendo das doses usadas.
Quando usados via foliar, devido às doses mais baixas e à menor absorção, raramente se constata qualquer
efeito hormonal de triazóis sobre cafeeiros, a não ser em mudas muito novas.
Nas aplicações via solo, entretanto, os Triazóis como o Triadimenol, o Cyproconazole e o Flutriafol,
promovem pequena redução no crescimento da parte aérea das plantas, principalmente em mudas e plantas jovens,
com maior desenvolvimento no sistema radicular. Este efeito melhora o vigor e o enfolhamento dos cafeeiros e sua
produtividade.
O aumento do sistema radicular fino das plantas é promovido, principalmente, pelos triazóis, havendo,
também, interação com o inseticida usado na formulação mista. Esse efeito na melhoria do sistema radicular de
cafeeiros pode ser observado através dos dados do quadro 5.122, em pesquisa realizada sobre cafeeiros Mundindu,
resistentes à ferrugem, ponanto eliminando qualquer interferência da doença.
Quadro 5.122 - Efeito do triazol Triadimenol e sua combinação com Dissulfoton sobre o sistema radicular de cafeeiros
resistentes à ferrugem (Mundindu) - Varginha - MG, 1992.
Tratamentos Comprimento das raizes na amostra(m)
Baysist0n GR - 40 kg/ha (Triadimenol. + Dissulfoton.) 36,2 a
Bayfidan GR - 1Okg/ha (Triailimeool) 35,9 a
Dysiston GR I O- 30 kwha (Dissulfoton) 25,3 ab
Testemunha 18,7 b
Fonte: Matiello, Almeida, Miguel, Ferrooi e Ferreira, Anais 18° CBPC, p. 95-6 , 1992.

O efeito positivo dos triazóis, deste modo, ocorre tanto na melhoria do controle da ferrugem, como na
produção. Tanto assim que o efeito tônico ou de melhoria no estado geral do cafeeiro ocorre também nas variedades
resistentes, aumentando 15-20 % sua produtividade. Em pesquisa, realizada com mudas, foi verificado que a taxa de
assimilação líquida das plantas tratadas com Triazol + Dissulfoton sofreu um acréscimo de 27 % em relação às
plantas sem tratamento.
Outra caracteristica dos tratamentos com fungicida ou fungicida/inseticida via solo é a permanência de efeito
residual, ligada à dose e ao ciclo de aplicação dos produtos. No 1° ano a ação fungicida é menor, sendo que parte do
ativo, quase certamente, fica armazenada na planta (na zona meristemática), e melhora o controle no ano seguinte.
Estrobilurinas:
Os fungicidas do grupo das estrobilurinas têm sido pesquisados para uso combinado com os triazóis, em
programas para controle da ferrugem e cercosporiose do cafe.eiro.
As estrobilurinas tem ação contra a ferrugem, exigindo, caso usadas isoladamente, menor intervalo e
consequentemente maior nº de aplicações. Possuem boa ação contra a cercosporiose e também ação paralela
(intermediária) contra Phoma/Ascochyta.
328
pesquisa onde o produto Ám,star (Azoxystrobin) foi usado, sozinho, em 5 aplicações por ciclo, cujos
A cstt\o colocados no quadro 5.123, mostrou o produto com boa eficiência contra a ferrugem e a
J1adOS
!\~~ riOSC -
,e(\,o..-J)O
, 23 . Avaliação d o fungic
1
. .d A .
i a mistar 500 WG (Azoxystrobin) para controle da ferrugem e da cercosporiose
O-• dro "N
~- S Garça. SP 1998
tefl . '
1,-J
(li % de folhas com •1o de folhas com
frtl•llttnlOS
Ferrugem Uulho) Cerrospor11 (julho)
l---:-:::;;;: 50 g/ha+Nimbus 0.20%/5 apl.mens. 5,2 a 30.0 ab
An11star
~ ar 100 g/ha+Nimbus 0.20%/5 apl.mens. 1,0 a 18.5 a
•. AflllSl • o •
V-:::::: ran ( ox,d. cobre 50 1/o) 3 kg/Cu 1,0 a 5,0 ll
J· fUJll!U '
~ ernunha . 69 ,5 b 69,0 e
0 .heira. Guerreiro e Furtado. Ana,s 24º CBPC, Mapa/Procafc. 1998. p. 148 - 50.
rflllt· 5'
As estrobilurinas ~gem nos t~ngos ~trav_é~ da _s~a atuação nas mitocondrias, que são as organelas, das células,
nsáveis pela produçao de energia. O fung1c1da m1be a respiração das mitocondrias, interrompendo o fluxo de
resll° 115 ue resulta na produção de ATP.
rlctr0 Ás esrrubilurinas têm efeito de proteção sobre a folhagem. e, também, parte do ativo atua em profundidade
. idos foliares . Esse eleito é chamado de mesostêmico. A parte que atua por contato pode ser red istribuída na
oOS rec à semelhança do que ocorre com os fu ngicidas cúpricos. Esse mecanismo ajuda na melhor eficiência de
fo(hage 01•
conuole.Elas são mais usadas em formulações prontas com Triazóis, sendo utilizadas, em lavouras de café, a
. crobina. a Trifloxistrobina, a Pyraclostrobina. a Picoxistrobina e a Cresoxin metílica. As concentrações delas
AZ_º:~iulações e o ti~ de Triazol usado em combinação estão indicadas no quadro 5.126. . .
nas o uso de adJuvantes, na fom, a de óleos, tem mostrado boa resposta no uso de estrobilunna e suas
mbinações com triazóis.
co Possuindo um mecanismo de ação diferente daquele dos triazóis, as estrobilurinas são uma boa opção para o
ejo de resistência no controle da ferrugem. Essa resistência do fungo H. vastalrix aos triazóis ainda não fo i
;:;provada. porém ensaios de cor~tr~le tem ?1ostr:do qu~ o uso de triazóis'. isoladame~te, especialmente nas
licações via solo, tem levado a md1ces de mfecçao finais de fem1gem mais altos. VeJa-se os exemplos dos
•P·ullados obtidos de ensaios de campo (quad ros 5. 124 e 125), onde se compara Triazóis isolados, via foliar ou via
:
0
e sua combinação com as estrobi !urinas.
QUadro 5.124 . Eficiência no controle da ferrugem do cafeeiro com Cyproconazole isolado ou combinado com
esrrobilurina Vga-MG, 2005.
Tratamentos % de folhas infectadas o/ ferrugem
Allo 100 (Cvoroconazole), 0.5 Ilha , 3 apl. 22,0 b
Sohere (Cyproconazole + Trifloxistrobin), 0,9 1, 2 apl. 6,0 a
()pera (Epoxiconazole + Pyraclostrobin), 1,5 e 1,0 1, 2 apl. 6,0 a
Tes1emunha 82,0 e
foott: Maoello. Almeida. FerrelJ'll e San Juan, Ana,s 31° CBPC. p. 36, 2005.

Quadro 5.125 - Eficiência no controle da ferrugem do cafeeiro com Triazóis via solo e sua combinação com triazóis mais
esuobilurinas via. fio Liar. Vga-MG 2015
'
Média de S ciclos (anos) de controle 2010-201S
Tra1ameo10s Infecção (% de fls infec. no pico da doença) Desfolha(%)
Aplicação via solo - média de 2 formulações 49, 1 34,6
Apticações via solo + 2 apl. foliares - média de 2
fonnulações de lriaz.+ estrobilurinas 2 1,8 14,6
Testemunha 61 ,3 49,6
- Procafe, 2015, p. 398
Fonte - Adaptado de Paiva et ali,, ,n Anais do 41ºCBPC, Fundaçao

Nos resultados do quadro 5.124 verifica-se que o Cyproconazole isolado resultou num nível final de infecção
de 22%, enquanto onde entraram as estrobilurinas esse índice caiu para 6%.
No quadro 5. 125 verifica-se, que, na média de 5 c iclos de controle da ferrugem, a infecção média foi de
49,1%de tls intectadas para o tratamento via solo, apenas ligeiramente melhor do que na testemunha, e na
combinação da via solo com a via foliar, onde entraram estrobi lurinas + triazóis, a infecção caiu para 21 ,8%.
Comportamento semelhante ocorreu para a desfolha.
No caso da ferrugem da soj a, os triazóis, de forma isolada, passaram rapidamente a serem pouco eficientes
329
no controle~. ultimamente. mesmo fonnulações de triuzóis mais estrobilurinas deixaram de apresentar boa eficiên .
KllUO, agora. comb'ma das com outros grupos fu ng1c1
~--,., · 'das. eia•
Em cenos casos pode se tomar necess.írio o uso de estrobilurinas alternadas com uso de triazóis ou e
outros grupos de fungicidas, visando atender a programas onde são previstas épocas diferenciadas, para contro~lll
outras doenças (Cercospora e Phoma). Nesse caso. as doses indicadas são: Amistar (Azoxytrob ina) - 100-200 g,'h ª~
Flint (Trifloxistrobina) --0,2-0,3 l/ha: Comet (Pyraclostrobina) --0,4-0,8 1/ ha. Pode-se, ainda, associar estrobilurin ª·
ou suas funnulações com triazóis. em mistura de tanque, com fun gicidas cúpricos, para efeito protetivo e curati vo. as
Resultados recentes tem mostrado efeito curativo mesmo no uso de estrobilurinas isoladamente, como dit
para atender controles específicos. No quadro 5.126 pode-se observar o efeito das estrobilurina~, at~ando _na inibiçt
da infecção, sobre índices mais elevados da doença. o que antes era conhecido apenas para os tnaz61s, efeito també~
comprovado para eles. no mesmo quadro. Uma aplicação foliar em abril , da estrobilurina Piraclostrob ina isolada 0
em fonnulações de estrobilurinas com triazóis, paralisou a evolução da doença, enquanto nas plantas da testemunhau
em controle, ela continuou evoluindo, resultando em desfolhas diferenciais nas plantas. '
Quadro 5.126 - Infecção pela femigem e desfolha em cafeeiros sob diferentes tratamentos com uma aplicação adicional de
. 'das. para contro Ie da doenca taro·13- Vargm
fung1c1 . ha- MG 20 13
Trata . .ntos l nfocçílo pela ferrugem (% de fls infectadas) Desfolha(%)
Em Abr/12013 Em Jun//2013
1-Testemunha 13.0 48,0 b 51 b
2-0oera - 1.5 l/ha ( Eooxiconazole + Pvraclostrobina) 10,5 11.0 a 34 a
3-Comet - O. 7 1/ha(Pvraclostrobina) 9,S 17,5 a 30 a
4-Comct O7 Ilha + Oxicl. de cobre 2 lu!/ha 13.5 16,5 a 31 a
'
Fontt - adaptado de Manello et alh. tn
'
-Anais do 39''CBPC. Fundação Procafé , 2013, p.22

Outros fungicidas e novo grupo para futuro:


Outros fungicidas tem apresentado uma eficiência inferior e podem ser indicados em programas onde entram
como auxiliares ou combinados, para atuar também contra outras doenças.
Dentre esses podem ser citados o Delan (Ditianona), que mostrou eficiência contra ferrugem, os
ditiocarbanatos igualmente, ou suas combinações com cúpricos. O Fegatex (cloreto de benzalcônio) apresenta ação
fungistárica e induz a resistência da planta. Os fosfitos tem resultado, através da indução de fito-alexinas, controle na
faixa de 50%. O uso do fungicida Cantus, no controle de Phoma, traz controle complementar, com eficiência
intermediária, também da ferrugem.
O uso de silicato de potássio e silicatos outros, pelo efeito provável de uma película protetora sobre as folhas,
dão um certo controle à ferrugem, mais restrito ao período em que estão sendo aplicados, efeito esse que cessa e não
oferecem eficiência final de controle.
O fungicida Celeiro (Flutriafol 100 gil + Tiofanato metilico 500 gil) pode ser usado em controle simultâneo
de ferrugem e antracnose. A dose indicada é de 0,75-1 ,251/ha.
O sulfato de níquel mostrou controle da ferrugem em condições de laboratório.
Um grupo novo que poderá ser usado, isolado ou em combinações com outros grupos fungi cidas, para
controle da ferrugem, é o das Carboxamidas, já contidas em algumas formu lações testadas e efetivas, tanto na
ferrugem do cafeeiro como na da soja (como o Orchestra).
Sistemas de controle associados:
Nos quadros 5.127 e 128 são mostrados dois exemplos de controle combinando sistemas.
Quadro 5. 127 - Eficiência no controle à ferrugem com formulações de triazóis e estrubilurinas em associação com
fuugic·d
1 as cupncos. Martms
. Soares - MG 2004
Tratamentos
. % de folhas infectadas oor ferr ueem (iunho/04)
2 apl. de Sphere a 0,9 Ilha 11 ,9 a
2 apl. de Sphere 0,6 Ilha+ oxicl.cobre 3 kg/ha 9,2 a
2 aol. de Opera ( 1,5 1 e 1,0 Ilha) 4,7 a
2 aol. de óoera (1,0 1e 0,66 Ilha ) + oxicl. cobre 3 kg/ha 7,6 a
2 apl. de lmpact a 1,S Ilha 6,4a
2 apl. de lmpact a 1,0 1+ oxicl. cobre 3 kg/ha 5,6 a
2 apl. de oxicl. cobre 3 kg/ha 38,5 b
Testemunha 72,5 e
Fonte: Matiello, Mendonça, Louback e Leite Filho, Anais 30º CBPC, Mapa/Procafé, 2004, p. 5.

No exemplo do quadro 5.127 os tratamentos associaram fungicidas protetivos e sistêmicos, com boa eficiência no
controle da ferrugem, com menor custo e com controle simultâneo da cercosporiose e correção da
330
Jclkl1:11c1t1 do cobre. No qmu.lro 5.128 são apresentados resultados de experimento combinando o sistema via solo,
~om Ji1Sv l\'du, ida pnru cli.•illl tônico. com aplicações foliares. Nesse caso, além da economia busca-se, com ativos
J l1cr,:ndnd~1:; v10 fol1t1r. l.'vilar nu rcdu,ir problemas com raças do fungo com resistência aos Triazóis. A combinação
Je ti.tngic1dus sist(·mk·o~. de algunms empresas. com os cúpricos, vem sendo considernda prejudicial, por certos
rc~uisudorcs. No entanto, a próticu tem demonstrodo o contrário, um efeito complementar, com melhorias de
dkí~nl.'i:1 deles. Pode haver. cm alguns casos. com cobres muito solúveis. efeito competitivo com alguns triazóis, que
pl\.•dsu :,;cr melhor definido. Com epoxiconazole a combinnção 1cm sido benéfica.
Qm1dm 5. 128 - l:::teih1 da complementação de füngicidalinscticida via solo, com redução de dose e uso de 1-2 apl. foliares.
C R.Clnro, MO, 2005.
Tratamentos
% lnfecçlo média, 2 ciclos Uunho)
t - Ot1wis1on - 50 kíl/hn 23,0 b
2- llt1ysis1l1n 40 kg/hu e 2 11pl. foliores de Oxicl.cobrc (jan) e Oxicl.cobre + Sphere (março) 5.0 a
3- Boys is1on 40 k.g/hn e 1 foliar de O1dcl.cobrc + Sphcrc (murço) 17,0 b
4. Verdadero GR - 25 kw'hn e Amislur O, l kw'hu (mllrço) 18,0 b
5. Tts1cnmnhn 44.0 b
F'onlt' : Adnptftdo de Al111c1do c l nlh. ln - Anais 3 t• CBl'C, Mopn/Procafé, 2005, p 304.

O uso de fomutlaçõcs füngicidas/inseticidas faci lita o tratamento simultâneo da ferrugem e do bicho-mineiro


e pennite melhor enfolhamento das plantas, com acréscimos significativos de produção, decorrentes, principalmente,
tk melhorias promovidas no sistema radicular do cafeeiro, mais ligadas ao ativo fungicida, porém também
inlluenciadas pelo inseticida. Os produtos inseticidas em uso, atualmente, em formulações com os fungicidas
sistémicos sno do grupo dos neonicotinóides , sendo : lmidacloprid e Thiametoxan. No passado eram usados os
inseticidas Dissulfoton e Ald icarb. Existem misturas comerciais prontas, com fungicidas e inseticidas {Verdadero,
Premier Plus. Pratico e hnpact mix).
O uso no solo, antes com formulações granuladas, atualmente é feito na forma líquida, com os produtos
sistémicos diluídos em água e aplicados com pulverizadores comuns, com bicos frouxos, para a distribuição no solo
junto à copa do cafeeiro ("drench"), ou com aplicadores especiais. No tronco ocorre boa absorção de alguns triazóis,
devendo-se pesquisar nova tecnologia para sua aplicação neste local. Na forma líquida, os fungicidas triazóis
indicados via solo tem boa eficiência também em uso na água de inigação (gotejo ou pivô-lepa). O detalhamento da
tecnologia de aplicação dos defensivos consta do item 5.3.6.
A indicação de produtos e suas doses respectivas, para controle da ferrugem, está resumida no quadro 5.129.
d.2.2) Dosagens dos fungicidas
A indicação da dose, para cada lavoura, depende do porte das plantas (idade e desenvolvimento), de sua área
foliar (espaçamento e enfolhamento), da carga pendente e das condições de incidência da ferrugem, com o emprego
de doses mais elevadas, dentro da faixa recomendada, para as lavouras com maior área foliar e boa carga e em
regiões mais favoráveis à doença. Essa indicação é influenciada, ainda, pelo número de aplicações, uma vez que uma
dose um pouco maior compensa, até certo ponto, um menor número de tratamentos, ou seja, mantém um controle
mais duradouro, seja pela maior eficiência, na redução do inoculo(sistêmicos), seja pelo resíduo maior do produto,
que persiste por um tempo mais longo entre as aplicações, no caso de fungicidas cúpricos e estrobilurinas
(protetivos).
Os fungicidas cúpricos foram demonstrados eficientes nas doses de I a 2 kg de cobre metálico por hectare,
por aplicação, correspondendo a 2 a 4 kg/ha dos produtos com 50% de cobre para lavouras adultas (acima de três a
quatro anos). A calda bordaleza ou caldas similares pode ser usada na base de 1% a 2%, em volume de 300 a 400
litros/ha. Produtos à base de hidróxido de cobre podem ser usados com doses correspondentes a 700 a 900 g de cobre
metálico/ha.
O efeito de dose dos fungicidas foi muito estudado para os fungic idas cúpricos. No quadro 5.130 pode ser
observado o efeito de 2 doses usadas no ano, uma baixa e uma alta e 3 números de aplicações e e intervalos maiores
ou menores. Houve certa compensação de um menor numero de aplicações e de um maior intervalo entre elas, com o
uso de maior dosagem.
No caso de fungicidas cúpricos, protetivos, o efeito das doses não se traduz em eficiência diretamente
proporcional à elevação das doses, como se pode ver pelos resultados experimentais apresentados no quadro 5.131 .
Com a dose de 1,5kg/ha ocorre uma melhora sigui ficativa de controle em re13ção à testemunha ( ou dose zero); já com
3kg (o dobro da dose) a eficiência aumenta ligeiramente e a partir de 4.5kg até 7,5kg, a eficiência é semelhante. Isso
ocorre porque a quantidade de partículas liberadas pelo fungicida protege adequadamente as folhas contra a infecção,
ocorrendo proteção direta nos pontos em que as partículas são distribuídas, havendo, também, o recobrimento por
efeito de sua redistribuição pelas chuvas.
331
Q•adro ~. 129: fungi\:tdas mdic:idos pam o c,omrolc da t~·m1gem do cafociro. Ativos, produto!- comerciais. dosc.'s t: tnodos
ck Cl.f)h..~-to
A t h os e- ro n<'t'oI ra ç&>s Produto Dose indicada Modo -
l•TRIA7.ÔIS + F.STROBILURINAs. \'IA FOLIAR -
C'yprocoo.aJ0te l{O g 1+ Azoxistrobin 200 g'I Prillri Xtm 0.75 1/ha 2-3 apl -
yproc'onvok- l óO g 1_._ Trifloxi trobma75g/l Sphc~ Max 0,25 - 0.40 1/ha 2-3 apl -
l:pô'\:K'Onazole 50 g 1 + Pyrndostrobm l 3J S 1
1 Opera 1.5 e 1,0 1/ha Nu 111 e 2" apl
cpo\lrona.zolc It,() gil .,. P)rndostrobin 260 gil Abacus 0.45 1/ha 2-3 apl
Cyprocona7ole ~O gil + Picox,strobinn 200 gil Aproach Prima 0.5 1/ha 3 apl
Epoxiconazole 125 g/1+ Cresoxim-mctili~o 125 Guap\) 0.4 - 0.6 1/ha 2-3 apl
Epox,convolc 62.5gd + P)Tadostrohin 85g/l Envoy 1,5 - 2.0 1/llA 2-3 apl
Flutna fo l 125 gil + Azoxistr()bin l 25g/l Authority 1 - 1,2 1/hn 2-3 apl
Epox,cona?ole h2.5 [l/1 + Pyraclostrobin 85 g/1 Shakc 1,2 - 2,2 Ilho 2-3 apl
Cyprocona7ok 100 gil A lto 100 0.5-075 1/ha 2-3 apl
Tc-trocon:17ok Domark 100 0,5- 1.0 1/ha 2-3 apl
2-Para VIA SOLO ou via AGUA DE IRRIGA(' ÃO
Cyproconazolc 300 g/kg + Thiam<.'toxon 300 Vcrdadero 600 1 kg lha 1 apl. nov, compl. por 2 apl.
g/kp, foliares de Priorixtra
C'yproconaz,)le 100 gil Alto 100 2-3 Vha 1 apl, nov, compl. por 2 apl.
fo liares de Priorixtra
Triodimenol 250 gil+ lmidocloprid 175 g/1 Premier plus 3-5 L/ha 1 apl, nov, compl. por 2
fol iares de Sohere max
Flutriafol 125 gil lmpact, e outros 4- 5 L/ha 1 apl. nov, compl.foliar com 2
Flutriafol 250 g/1 Tenaz e outros 2-2,5 L/ha apl. de Authority ou outros
Flutriaful 200 gil + lmidacloprid 250 g/1 Pratico 2,5 L/ha 1 apl, nov, compl. por 2
foliares de Guapo
Flutriafül(l mpact) + lmidacloprid(Warrant) lmpact mix 5 L + 1Kg 1 apl. nov, compl.foliar com 2
<> nl tl ,:, A uthoritv ou 01,tm<:
1-P,mi C'Ol\flUNAr.io v ia fr,fo,r
Cupricos - Oxicloreto, hidroxido, óxido, caldas Cobox, Recop, 2-3kg/ha de Em 2 apl.
com sulfato mais cal, fosfito de cobre, glucona Tutor.Supera, formulações ele em combinação.
de Cu. Mancozeb+cobre , Sulfato tribasico de Neoran, oxicloreto e 1, 7
cobre. Kocide, kg /ha de
Redshield, hidróxidos e
Vicacafe etc óxidos
4-Para atuar como AUXILIARES contra a ferrugem, quando aplicados na pré e pós florada. Atuam na redução do
inóculo da ferrugem . Quanto mais próxima a aplicação for do inicio do ciclo agrícola(out-nov) melhor.
Carboxamidas, Estrobilurinas, Tebuconazole, Orchestra, Cantus, Estrobilurinas, Dose mais alta de estrobilurinas,
Iprodione,Tebuconazole+ azoxistrobina, Folicur e outros, Rovral, Azimut, e doses de bula dos demais, em 2
Tebuconazole+ Tritloxistrobina. Nativo. apl. , na pré e pós-florada.

Quadro 5. 130 - Efeito de doses versus intervalos de aplicação de fungicidas cúpricos no controle à ferrugem do cafeeiro -
Manhumirim-MG - 1975
Doses (kldha/ano) Nº aplicações e intervalos (dias) Infecção (% de fls. com ferrugem)
12 5/ 30 3,7
4/45 13,0
3/60 24,5
24 5/30 3 ,5
4/45 3,7
3/60 14,0
Fonte: Miguel, Matiello, Mansk, Cameiro,Camargo - Anais 3° CBPC, IBC-Gerca, 1975. p, 134-6

332
Quidro 5. 131: Efeito de doses de fungicidas cúpricos (oxicloreto de cobre - 50%) no controle da ferrugem do cafeeiro -
Jaguapttd-PR 1975
Doses (kg/hn) Infecção (% de fls. c:/ferruRem. junho) Produçlo (Scs.bencflmil pés)
1,5 36 27
3,0 19 32
4,5 12 JR
ó.O 9 46
7,5 10 46
Tes1emw1ha 83 14
f'ontt: Mansk et alli - Anais 3° CBPC'. 1BC-Gerca, 1975, p , 292-4.

A tendência atual, ao usar os fungicidas cúpricos mais como auxiliares no controle da ferrugem, associando
,antagens. também no controle a outras doenças, é de empregar doses menores de cobre, observando-se as condições
de cada lavoura ou problema de doenças, pois traz economia nos tratamentos e menor desequilíbrio para a ocorrência
de bicho-mineiro e de ácaros. cujos ataques são favorecidos na medida em que é aumentada a dose de fungicidas
cúpricos. Por outro lado, sua retirada de alguns programs de controle tem trazido problemas de ataques de bacteriose
e de menor controle da cercosporiose de frutos.
Os sistêmicos a base de Cyproconazole e Epoxiconazole puros, agora pouco comercializados, tem doses
eficientes na faixa de 50 a 80g de i.a./ha (0,5 - 0,7 1/ha/apl.) e de 50-75g de i.a./ba/apl. (0,4 - 0,6 Ilha, podendo essa
dose ser ampliada em casos de maior efeito curativo: o Tebuconazole (Folicur e outros), sendo indicado em áreas
onde ocorre ataque simultâneo de Phoma/Ascochyta. em formulações puras ou combínadas com estrobilurinas,
apresenta eficiência regular à razão de 200-250g de ingrediente ativo por hectare/aplicação, ou 1 litro do produto a
20-25%. No caso das misturas de cúpricos e sistêmicos deve -se usar cerca de 70% da dose de sistémico e a dose
nom1al de cúp1ico. podendo usá-los. também. alternados, em doses normais.
O quadro 5.127. já apresentado. mostra que com a combínação com fungicida cúprico é possível r eduzir a
dose dos produtos sistémicos no controle eficiente da terrugem. No caso do Cyproconazole a Empresa não indica a
combinação com produtos que tenham cobre, muito embora, resultados experimentaís mostram que o efeito é
semelhante.
As doses das formulações de triazóis + estrobirulinas são as seguintes: Sphere Max- 0,25 - 0,40 1/ha/apl. ;
Ópera - 1.5 1 e l,O 1/ha, respectivamente na 1º e 2ª aplicaç-ão ou 3 aplicações de I L. Priorixta - 0 ,75 1/ha/apl,
Aproach Prima a 0,5 1.Jha, Abacus a 0,45 L/ba, Envoy e Shake de 1,2 a 2 ,2 L/ba, Guapo a 0,4-0,6 L/ha e Authority a
1- 1,2 L/ha.
Em lavouras no Iº ano, ainda sem produção, não é necessário efetuar tratamento específico contra a
ferrugem. Naquelas com dois a quatro anos e para as brotações de recepa, recomenda-se o uso de caldas que
contenham as doses já indicadas para lavouras adultas, diluídas em 400 litros d 'água, empregando-se o volume de
calda adequado, menor, nessas plantas também menores. Em cafeeiros jovens, pós-plantio, tem havido uma boa
resposta ao uso de produtos via solo, que melhoram o desenvolvimento radicular e da parte aérea das plantas,
independentemente do controle da ferrugem.
Os produtos para solo são, ultimamente, comercializados em formulações sólidas ou liquidas, para diluição e
uso via liquida, em aplicadores de herbicidas ou em dispositivos próprios, adaptados em aplicação mecanizada ou
manual. Para o Flutriafol a dose, via solo, deve ser de cerca 620g de ativo/ha, com sua formulação, quando puro,
variando de 125 a 250 g/1, correspondendo, portanto, a 5L e 2,5 L do produto comercial/ha. Caso possa ser usada
dose maior ela tende a trazer maiores efeitos tônicos sobre os cafee iros. O Verdadero na formulação WG 600 (300
g/kg de Cyproconazole e 300 g/kg de Thiametoxan) é indicado, diluído em água, na dose de I kg/ha. O Premier plus,
contendo 250 g de Triadimenol mais 175 g de Imidacloprid por kg, é indicado na dose de 3-5 1.Jha, as maiores doses
em situações mais favoráveis à doença e às pragas que essas formulações controlam, simultaneamente.
Quadro 5. 132 - Infecção pela ferrugem e vigor das plantas em cafeeiros sob diferentes combinações de sistemas, via solo
e foliar - Elói Mendes- MG, 2004.
% folhas com ferrugem (jun / 04)
Tratamentos Nota vigor
1• Baysiston 50 kg/ha 46,2 b 2,7
2-Bays.40kg/ha e 4 kg oxicl. de Cu(jan) e 4 kg oxicl. Cu + 0,9 1Sphere (mar.) 5,4 a 4,7
3- Testemunha 67,1 e 1,0
Fonte: Almeida S.R., Anais do 300 CBPC, MAPA/PROCAFÉ, 2004, p. 67.

Na combinação de aplicações via solo mais a via foliar, embora os trabalhos de pesquisa (quadro 5.132)
mostram que é eficiente um redução de 30% na dose do produto via solo, desde que combinado com 2-3 foliares em
dose nonnal, aliando controle, com a complementação de outro ativo, com vigor das plantas. As empresas, em
função das dificuldades havidas no controle, nos últimos anos, indicam a dose cheia via solo nessa combinação (ver

333
item sistema de controle associados).

d.l.J) Época, númtro e intervalo de tratamentos


A fenugem evolui, nonnalmente, no período de novembro a agosto, quando coincidem con?ições favoráveis
como a presem;.a de chuvas, temperaturas mais altas, maior enfolhamento, presença de móculo e rnaio '
suscetibilidade do cafeeiro, devido à presença de carga. De outubro a dezembro ocorre ~ passagem do inócui t
residual. das fo lhas velhas, do ano anterior. para as folhas novas, dando-se o início do aparec1 ment? de_ lesões nova:
sendo que, nesse período. a evolução é lenta. com pequeno número de pústulas nas folhas. _De Ja_ne1~0 a março ;
inoculação cresce em progressão geométrica e, a partir de abril -maio, a infecção aumenta muito, atmgmdo o "pico••
nos meses de junho a agosto, após o qual sobrevêm as desfolhas.
Os meses de janeiro a març.o -abril, período mais infectivo, são, portanto, os meses críticos e mais importantes
para o controle, quando as pulverizações se tomam essenciais. .
Nos anos em que a planta se apresenta desfolhada no início do ano agrícola (outubro-novembro), por efeito
climático ou por efeito de alta carga anterior, o inóculo residual é pequeno. Além disso, o reenfolhamento é mais
lento e a carga é menor, em razão do ciclo bienal, havendo um retardamento no ataque, com menor velocidade de
infecção. Nessa condição. o início dos tratamentos pode ser retardado e o controle é faci litado, podendo, portanto, ser
usado um menor número de aplicações. Ao contrário, nas lavouras que se mantêm mai s enfolhadas no início das
chuvas, com boas perspectivas de produção, o ataque da doença é maior e a infecção atinge seu máximo mais cedo
exigindo cuidados em seu controle. '
As figuras já apresentadas (fig. 5.54 e 55) mostram curvas de evolução da ferrugem, ao lado dos dados de
chuva e temperatura, em regiões cafeeiras típicas, do Centro-Su l do país. Pode-se observar as di fe rentes condições de
flutuação da doença, em cafeeiros com maior e menor carga pendente e a correlação da doença, durante os meses do
ano, com os fatores chuva e temperatura, além do relacionamento com a s usceptibilidade da planta, que aumenta após
o início da granação dos frutos.
Na figura 5.68 pode-se verificar, novamente, a evolução da fenugem, agora em longo prazo, na média de 14
anos e a evolução nos 2 últimos anos, na Estação Experimental de Varginha, a cerca de 1000 m de altitude, no Sul de
Minas.
FERRUGEM - INDICE MÉDIO DE INFECÇÃO(%)
VARGINHA-MG

100
90 Figura 5.68- Evolução
~ - - - - - - - - -- -··-··- -·---·- -··--· da ferrugem, em
80
Ili diferentes anos, o
Ili 70
"O
Ili
normal e os 2 últimos
u 60 ciclos da doença,
Ili
1ii 50 conforme dados da
Ili
Ili
.e 40 Estação de Avisos da
:g Fundação Procafé, em
30
'#- Varginba-MG. Média
20
geral de 1999 a 2013
10 (carga alta e baixa) -
o ciclo 2013/2014 e ciclo
set out nov dez jan fev mar abr mal jun jul ago 20 14/2015.
■ média 1999-2013 ■ 2013-2014 ■ 2014-2015

Observa-se que na média a doença evolui conforme seu ciclo conhecido e bem determinado, pois
acompanha, como já dito as condições climáticas e, em especial, a susceptibilidade da planta, influenciada pelo
período de granação da frutificação. Deste modo, a infecção evolui a partir de dez-jan, atingindo o pico em jun-jul e
caindo a partir de ago-set, com a desfolha e com os trabalhos de colheita. Nos 2 últimos anos, com temperaturas
ligeiramente superiores, com inverno um pouco mais úmido e com maior stress das plantas, pelo veranico observado
no inicio de 2015, houve um ligeiro atraso na evolução, até março, porem o fator extra de stress propiciou picos mais
elevados da doença, porem na mesma época, em jun-jul. Os dados climáticos na Estação Experimental de
Varginha mostram que ocorreu um período de pouca chuva no inicio de 2015, que freou um pouco a infecção. A
partir de março a chuva ficou dentro da nonnalidade, com até um pouco a mais em março, porem a temperatura
se situou, neste ano, cerca de 1,5-2,0 graus acima da média histórica, em junho-julho. Em função do stress os
cafeeiros ficaram mais susceptíveis à ferrugem e a condição de temperatura mais elevada, em seguida, facilitou
334
pelo ~-duç4o no período de: inc ubação do fungo. agravando a infecção. Houve, assim. condição J)rtrn maior
severidade e para ligeiro pro longamento do ataquc: da ferrugem.
A épcx:o ou período d e controle da ferrugem fo i bem estudado com base cm fungicidas protetores, os
cúpncos. O ensaio. cujos resu ltados ~!lo incluídos no quadro 5.133. mostra que aplicuções muito cedo, mesmo cm
numero elevado. até janeiro, resultam em in fecç:to até maior do que na testemunha. Vcriftca-sc que o contrnll.! fo i
melhorando. com baixas infecções finai s. na medida em que o período de controle foi abnmgcndo melhor o periodo
infectivo. de dezembro a abril.
Quadro 5. 133: Efeito de época de controle sobre a infecção provocada pelo fermgcm do cafeeiro - V. Nova-ES - 1975
tDO<'■s e númt'ros de ouh•eriucôes Folhas Infectadas(% )
Sct.. out., nov .. dcz .. jan. (5 ) 72
Sct.. nov. jan. (3) 53
Out..dez..jan .. fev. (4) 37
Nov .. jan .. mar. (3) 21
Nov .. dez .. jan., fcv., mar. (5) 6
De7 .. jan .. fev .. mar .. abr. (5) 3
Testemunha 66
Fonte: Man~k ct a_th - Anais 3• cBPC. IBC-Gen:o, t 975p. ) 18-20

Oeste modo. para os tratamentos preventivos. os resultados experimentais mostram a necessidade de cobrir,
com pulverizações, o período de dezembro-janeiro a março-abril, com intervalos de 30 a 4 5 dias entre as aplicações.
Para os tratamentos preventivos-curativos, via fo liar, com produtos triazóis ou suas formulações com
estrobilurinas o efeito sistémico curativo e protetivo, permite ampliar o intervalo e reduzir o numero de aplicações.
De inicio pensou-se cm usar índices iniciais de infecção, para, a partir deles, determinar o começo das aplicações.
Verificou-se. nos ensaios. que. com o uso das doses normais dos sistêmicos, não era possível adotar tal
monitoramento, para o controle da ferrugem, pois parte da infecção não pode ser vista, o fungo podendo já se
encontrar incubado, sem aparecer as lesões, externamente. Com doses bem elevadas dos fungicidas parece que é
possível iniciar o controle com maiores níveis de infecção.
Deste modo. até que se tenha resultados experimentais correlacionando doses com índices iniciais de
infecção. o inicio do controle, com as formulações de triazóis mais estrobilurinas via foliar, vem sendo indicado a
partir de dez-jan, pelo calendário, sabendo-se que nessa época coincidem cerca de 5-10% das folhas atingidas. A
segunda aplicação vem sendo adotada cerca de 60 dias após à primeira. Alguns programas de Empresas
fabricantes/distribuidoras dos produtos fungicidas tem indicado esta segunda aplicação coincidindo muito cedo, em
fevereiro.
Em algumas áreas, com inverno mais quente e chuvoso, e caso a primeira aplicação tenha sido feita muito
cedo. torna-se necessária uma terceira aplicação. Em lavouras com carga média/baixa, usualmente duas aplicações
são suficientes, sendo que, para ampliar a ação do sistêmico, pode-se fazer mistura de tanque com um fungicida
cúprico, o que reforça ainda mais a possibilidade de redução do número de aplicações, além de melhorar o controle
de cercosporiose.
Os resultados de ensaio recente, conduzido em Vargínha (quadro 5.134), mostram a importância de tenninar
as aplicações foliares mais tarde, em abril, tratamento que manteve a doença com uma infecção muito baixa(S¾), isto
mesmo diante de um ano em que a infecção pela ferrugem foi muito severa.
Quadro 5.134- Infecção pela ferrugem em cafeeiros sob efeito de tratamentos com diferentes números e épocas de
aplicação de formulação de triazól mais estrobiluri na, Varginha-MG, 2015
Tratamentos Epoca e numero de aplicações foliares % de folhas infectadas pela ferrugem
Nov/2014 Jan/2015 Mar/20 15 Mai/2015
Testemunba ----·-- 1,0 0,5 19,5 74,0
Triazól + Estrobilurina de-dfev (2) 0,5 0,0 5,0 59,0
Triazól + Estrobilurina dez/fev/abr (3) 1,0 0,0 2,5 5,0
Fonte- Matiel lo e Paiva, ln- Anais do 4 t ºCBPC, Fundação Procafé, 2015, p.3 t

O aparecimento de ferrugem tardia, em julho-agosto, escapando do controle nonnal, tem sido uma
preocupação dos Técnicos consultores e dos produtores. As principais razões para esse problema são -
a) Ocorrência de chuvas fortes em dezembro/janeiro, promovendo a lavagem de adubos aplicados ou de veranicos em
jan/fev e adubação fraca no último parcelamento, condição conjunta que deixa as plantas fracas e mais susceptíveis.
b) Inicio e término das aplicações de fungicidas sistêmicos de forma equivocada. Especialmente nos programas com
2 aplicações, a primeira aplicação fica muito cedo, pouco servindo.Então a segunda e/ou terceira se tomam
insuficientes e pouco eficientes. Sabe-se que os tratamentos mais próximos ao final do ciclo da ferrugem são os mais
335
1.mportut<" Ji que. no inicio do ciclo du doe111,:o, ns plantas aindaestão vegetando bem, repondo a sua folhagem
t\mlWllrlll:nte prejudicada por atuqu~s iniçiuis.No final do ciclo as desfolhas são mai s prejudiciais. '
f) O período chu,oso se! prolonb'tl e a tt:"mperntura se muntcm um pouco mais alta que o normal no período
obnlJunbo.
Corno rbultado a ferrugem aparece forte mais tarde. escapando, cm muitos casos, apesar do controle
~uimico praticado. .
No quadro 5.135, sào apresentados resultados de controle da ferrugem, na combinação de diferentes períodos
de controle. Pode-se ver, ainda. re ultados de eficiência de aplicações concentradas, em alta dose. Pode-se observar
que I lenugem evoluiu nos cafeeiros da parcela testemunha, sem controle, atingindo. em julho de 2014, o nível de
62º~ de infecção. No tratados com Ópera. em diferentes épocas, o nível variou de 2,4 a 27,6 %, mostrando controle
diferenciado. Verificou-se que as aplicações combinando épocas mais tardias foram mais eficientes na redução da
infecção final da doença, ou seja, diminuiram a evolução da ferrugem tardia. Quanto ao efeito da aplicação
concenrrada, ela foi efetiva quando usada numa época intennediária, que possibilitou reduzir, drasticamente, 0
inoculo e, assim, manteve residual adequado de controle da infecção final.
Quadro 5. 135 . Tratamentos do ensaio e infecção em cafeeiros, sob efeito de diferentes épocas de controle da ferrugem,
cm pro rama com o uso de fonnula ão do fu icida Ó era Ee xiconazol +Piraclostrobina Var inha-MG, 2014.
Trata 1nfecção por ferrugem no pico da doença
Produlos e doses ulveri1,.a &o % de fl s. infectadas, em ·ulho 20 14
10/dez. e 10/fev. 14,0 ab
1O/dez., 10/fov. e 25/mar. 6 ,0 a
15/'an. e 25/mar. 2,4 a
15/'an. 27,6 b
25/fev. 8.0 a
Testemunha. 62.0 e
Fonte - Manello Lacerda e Paiva, ln- Anais do 40"CBPC. Fundação Procafé, 2014, p.29.
Os resultados obtidos permitiram concluir que - a) A redução da infecção tardia da ferrugem é efetiva com
uso de aplicações coincidindo mais tarde no ciclo infectivo da doença, ou usar 3 aplicações cobrindo todo o período.
b)Um programa de 2 aplicações, na dose cheia, iniciando em meados de janeiro e a segunda em fins de março ou
inicio de abril também se mostra adequado. b) Quando necessário, usando doses mais elevadas da formulação
fungicida, o controle pode ser obtido, ainda, com aplicação única e em época intermediária do período infectivo.
Então, pela importância da época correta de controle, re-indicamos que - o controle da ferrugem tardia deve
ser baseado em uma das seguintes alternativas: a) Iniciar com uma aplicação protetiva, seguindo-se 2 aplicações de
sistêmicos (formulações triazóis+ estrubirulinas), iniciando e terminando mais tarde; b) Iniciar as aplicações dos
sistêmicos mais tarde e adequar a dose e um numero apropriado de aplicações, 2-3, conforme a necessidade
observada, sempre com a preocupação com a ferrugem de fim de ciclo.
Caso haja escape no controle pode-se aplicar, especialmente em lavouras com médio a bom potencial
produtivo para o ano seguinte, um tratamento foliar com fungicida curativo. Esse tratamento pode reduzir a evolução
da ferrugem e resultar num nível de enfolhamento adequado, evitando desfolha excessiva, que iria prejudicar muito o
pegamento da frutificação para a safra seguinte. Resultados de ensaio com tratamento complementar, curativo, podem
ser observados no quadro 5.136. Verifica-se que no curto espaço, de pouco mais de um mês, a ferrugem nas parcelas
das plantas testemunha dobrou o nível de infecção, passando de cerca de 34% de fls infectadas para 69,3%. Nesse
mesmo período, os tratamentos com fungicidas mantiveram ou reduziram ligeiramente os níveis iniciais de infecção.
Todos os tratamentos com a aplicação adicional, tardia, dos fungicidas, promoveram a redução ficaram, igualmente e
significativamente, superiores à testemunha, tanto na infecção como na desfolha final. A formulação de estrobilurina
isolada, provavelmente pelo seu efeito mesostêmico, também apresentou ação curativa.
Quadro 5.136-- Infecção e desfolha em cafeeiros sob efeito de tratamentos com fo rmulações fungicidas no controle de
ferrugem tard.ta. Vargm
. h a-MG, 2014
Tratamentos Maio /1 4 Julho/ 14
% fls infectadas % fls infectadas % de desfolha
1-FOX ( 150 g/1 de Triflox. + 175 gil de Protioconazol) - 500 mil ha 32,2 25,7 a 21,7 a
2- OPERA ( 133 gil de Piraclostr. + 50 gil de Epoxic.) - 1,5 1/ha 29,6 24,3 a 25,0 a
3- PRJORJ-XTRA (200 g /1 de Azox. + 80 gil de Ciproc.) - 0,75 Ilha 30,4 29,3 a 23,2 a
4- COMET (Piraclostrobina 250 g /1) - 600 mJ /ha 32,1 34,0 a 26,3 a
5- Testemunha 34,0 69,3 b 38,0 b
Fonte - Mauello, Ferreira, Almeida e Paiva, ln- Anais do 40ºCBPC, Fundação Procafé, 2014, p.33.

336
. fi uur..i 5 69 Jllllk -..e, oh-..l't' ,tdn ° <-'ktll1 da li.:rrugcm turdta. que atinge até o C1lt1mu rar de l<i lha~.
,1 -

f .1aura 5• 69 _ Detalhe da ocorrência da ferrugem tardia em cafeeiros, com a infecção chegando ao último par de fo lhas do
ra;o produtivo, levando a fort e desfo lha e seca da ponta da ramagem.
Os tratamento com aplicação de fungicidas sistémicos no solo devem ser fei tos cedo, em novembro -
dezembro, para dar tempo suficiente à s ua absorção pelo sistema radicular e à translocação dos produtos para a parte
aérea. No primeiro ano e para o ca o do Cyproconazole, a aplicação mais cedo, em ourubro, aumenta a eficiência,
assim como é indicado aumentar a dose do produto, com a mesma finalidade de mais rápido fornecer maior
quantidade de ativo à d isposição da planta. No caso do Flutriafol (lmpact e outros) é possível seu uso um pouco mais
tarde, até fina l de dezembro, sem problemas.
Em muitas áreas tem havido perda de eficiência dos tratamentos com sistêmicos do grupo dos triazóis. As
causas observadas para essas falhas, principalmente em seus usos via solo, têm sido: má absorção pelas raízes
(problema radicu lar e do solo); época atrasada de aplicação; presença de mato e má distribuição do produto. Além
disso é possível ocorrência, ainda não comprovada, de mjcro-organismos decompondo o ativo no solo e, até mesmo,
aparecimento de resistência no fungo. Tem sido constatadas, recentemente, novas raças fisiológicas de H. vastatrix
em áreas tratadas com triazóís.
d.2.4) Verificação da eficiência de controle
Como já discutido anteriormente, a eficiência do controle da ferrugem vem sendo avaliada através de
amostragens, onde são verificados, em folhas ao acaso, os níveis de infecção, medidos pela percentagem de fls
infectadas. Este tem sido um índice fácil de ser obtido e de ser compreendido.
Para servir de parâmetros de contro le, com base na observação prática, nas centenas de ensaios realizados,
foram estabelecidos os seguintes critérios -
- Níveis de infecção finais (maio-julho) inferiores a 10% de folhas infectadas e desfolha inferior a 20% - elevada
eficiência de controle.
- Níveis de 10-20% de infecção e desfolha inferior a 30% - controle bom.
- Níveis de infecção de 20-40% e desfolha de 30-50% - controle pouco eficiente.
- Índices de infecção superiores a 40% e desfolha superior a 50% - falta de controle.
Nessa condição média, aqui considerada, a testemunha, sem controle, apresentaria infecção de 60 - 90% e desfolha de
70-90%.
5.3.4.2 - Cercosporiose ou Mancha de Olho Pardo ou Olho de Pomba
A cercosporiose é uma doença causada pelo fungo Cercospora coffeicola (Berk e Cooke) que ataca folhas e
frutos, causando prejuízos em mudas e em plantações oo campo, principalmente em cafezais jovens (até o terceiro
ano) ou em lavouras estressadas por alta carga, por maltrato ou por falta de adubação ou de água. A doença se
apresenta nas folhas, iniciando-se com pequenas manchas circulares, de coloração marrom-escura, que crescem
rapidamente, ficando o centro das lesões cinza-claro, com um anel arroxeado ou amarelado em volta da lesão, o que
lhe confere a aparência de um olho. Algumas lesões são bem escuras e não formam o centro claro, dando origem ao
que se chama de cercospora negra, sendo este tipo comum nas folhas mais novas de cafeeiros com forte deficiência
de fósforo. As lesões variam muito de tamanho, desde uns poucos milímetros, no início, até 1cm, no final, podendo-
337
se ,m~n'lr, oc ~ füse. no centro dus te ' ô~s. ~le4uem\s pontos pretos, que sllo as fruti ~cações do fungo. As folhas
atlK'nda, caem raptdunwntc, ocom;ndo dl'sfolhns e secas de ramos (dic bi~ck). A ,h.:~lolha é causada pela W"ancte
pl'\)\Ju\-to Je etileno, no P•"'--esso de nt-crosc. sendo que basta umn lesão por tolha, paru causar sua queda.
O\ frutos. as k , (k conK-çum a npan:ter quando estilo ainda pequenos. aun~cnlllt1d0 0 a~aq~c. no início d
11ua granaçlo. ~ndo que as kc;õcs ~mmnC\:em nt0 o omuJurecimcnto do fruto._As lesocs sã~, ayn_n~ 1P1?, pequenase
de cor mamm,--claru óll arro eadas. deprimidas. crcs\.':cndo no sentido polar do lruto, com ma ior mcidenc 1a nos rarno;
p<tntcirns e nos mais expostos ao sol. mnnchos vdhas si'\o deprimidas. ~scurns e de aspecto ressecado, fazendo
com que a casca. nessa pane, tique aderente à semente. o que. cm ataques mais severos, causa O seu chochamento.
Condiçc'k-5 fnorí ,•<'is, r,oluçlo e danos:
1 o çnmpo. o plantio efetuado tardinmt'nle, sofrendo por làlta de água e, consequentemente, por falta de
nurricnte . são bastante suscctlvci ao ataque. apresentando rt,pida desfo lha . Nas plantas novas, com 2,5 anos d
tdadc. por oca i:lú da primeiro pruduçào. o ataque tornn-s~ prob lemático, devido à re lação estre ita folhas/frutose
ficando a planta de gastada e. portanto. mnis suscetível. '
afceiros ~ , atiedades menos \'igorosas. de mntumção precoce ou com baixa re lação fo lha/fruto são mais
atncadas i,ela cerco. poriose.o~ ~ak-eims Coni llon pmt ica mente não apresentam prob lemas com cercosporiose
sendo. em plantaçõc bem conduzidas. desnecessário o controle. '
Plantas com dc1iciências nutricionais. especialmente de nitrogênio e magnésio, são também mais atacadas
sendo que a deficiências podl!m ser reais. por falta dos nutrientes no solo, ou induzidas, por dificuldades n;
absorção. scju de, ido ao sistema radicular defi.:ituoso, seja por falta de umidade no solo, ou por outro impedimento
qualquer. Plantas com alta infecção pela füm1gem são mais atacadas por cercosporiose e vice-versa.
As regiões ~afeciras mais quentes são mais críticas, favorecendo o ataque de cercosporiose. As brotações de
re-cepa em óreas atacadas por nematoides. devido à redução do sistema radicular, ficam, também, muito sujeitas à
doença. Cafeeiros mais carregados de frutos ficam mais su.sceptíveis à cercosporiose, da mesma forma daqueles mais
abertos, com muira luminos idade. Cafeeiros sob sombra são pouco atacados.
Os danos causados pela cercosporiose decorrem da redução da área foliar e da desfolha, reduzindo 0
desenvolvimento da planta e chegando até a seca de ramos laterais, especialmente em áreas com carga mais elevada.
os frutos a doença causa sua queda, o que ocorre nos vários estágios de seu crescimento. A maturação é acelerada
havendo aumento dos grãos chochos e mal granados e perdas no rendimento (coco/beneficiado), no tipo e na bebida'
do café. As lesões da doença provocam a necrose da casca dos frutos, eles ficando mais sujeitos ao ataque de fungos
saprófitas. dos gêneros Penicillium, Fusarium e outros, que podem provocar fermentações prejudiciais à bebida do
café.
Ultimamente, tem sido observadas, em campo, 2 situações diferenciadas em relação à época nonnal de
ocorrência da cercosporiose, que dão origem à cercosporiose precoce e tardia.
A doença tardia, ataca no fim do ciclo produtivo do cafeeiro, de maio a agosto. Aqui os fatores que
favorecem a doença são também a fraqueza das plantas, provocada pelo consumo dos nutrientes aplicados
anterionnente na adubação ou por falta de chuvas e stress hídrico. No caso específico das regiões de Planalto e de
Chapada, na Bahia, ocorre outro fator que favorece a doença. São chuvas finas de inverno que, por um lado, não
chegam a suprir o solo de umjdade útil para as plantas, mas, por outro lado, favorecem a doença criando condições de
alta umidade e temperatura reduzida, adequadas à infecção. Este é um fator pouco conhecido e considerado pelos
técnjcos, no entanto, as observações em campo tem mostrado sua alta importância na evolução da cercosporiose
tardia. Outra condicionante da cercosporiose tardia está ligada a regiões de inverno mais quente, como no norte de
Minas. Alí, com as adubações parando mais cedo, as temperaturas de inverno, ainda a ltas, mantém o crescimento de
novos pares de folhas , os quais, sem a continuidade da nutrição, acabam sendo atacados pela cercospora. A
importância deste ataque tardio está, justamente, no fato da doença derrnbar os últimos pares de folhas,
remanescentes do ramo, aqueles pares mais importantes para evitar a seca dos ramos.
A Cercosporiose precoce ocorre em zonas mais ql!.lentes, com alta insolação e em anos onde a florada fica
antecipada. O excesso de chuva em dezembro, com a lavagem dos nutrientes, em especial o nitrogênio, também
antecipa o ataque.
Controle:
Cultural
Para reduzir o problema de cercosporiose pode-se adotar medidas auxiliares, preventivas, como - a) Uso de
variedades mais vigorosas, e, para regiões mais quentes, aquelas de maturação tardia. b) Usar espaçamentos que
resultem menor produção por planta. c) Fazer os tratos culturais adequados, v isando deixar as plantas fortalecidas,
através de nutrição, controle do mato, irrigação, etc. d) Em regiões muito quentes, arborizar ou adensar para reduzir a
insolação e o stress por carga.

338
Controle qulmiro .
Nos plant10s novos, havendo períodos de seca, é indicado efetuar pulvcrizaçc)es com uma mistura de
fungi..:idas e nutrientes. Nesse caso. pode-se empregar fungicidas cúpricos (oxicloreto. hidróxido. óxido cuproso.
ct1kl:is com cobre e outros) a 0,3 - 0,5% ou estrobilurinas (Comei. Flint, Amistar e outras). Pode-se agregar ure ia a

Nos cafezais do segundo e terceiro anos, situação em que a doença é grave. pela menor relação folhas/frutos,
:comenda-se adotar programas de pulverizações de forma preventiva, usando-se fungicidas cúpricos ou suas
;isturos com estrobilurinas ou. fo~1!1ulações de_ estrobilurinas + triazóis. Nestas lavouras em início de produção e nas
lt1,•ouras adultas, o uso de tnazo1s + estrob1 !urinas ou combinações com eúpricos, para controle da lerrugern,
coincide, em tennos de produtos e de época, também para o controle simultâneo da cercosporiose, o que é
~,,_ 0110 micamente favorável. Isto, especialmente nos programas de 3 aplicações. Nos de duas pulverizações. contra a
fernigem, nem sempre o co_ntrole da cercosporiose fica ideal. O fungicida Cercobin (Tiofanato metílico) também tem
eficiência contra cercosponoze, na dose de 0.7-1 ,0 k.g/ha. Os produtos à base de Mancozeb também tem eficiência,
intennediária.
O uso de fungicidas deve ser feito para proteger. na época mais crítica. que coincide com a granação dos
frutos (80-100 dias pós-florada), nonnalmcnte, com controle entre dezembro e fevereiro, com 2-3 pulverizações,
período em que as plantas ficam mais susceptiveis e o ataque da cercospora passa das folhas para os frutos. O
controle deve ser preventivo. já que não existe, principalmente para a cercospora em frutos , fungicidas de efeito
sistêmico para a doença.
Na Bahia os ensaios de época de controle mostraram melhores resultados com três aplicações, de dezembro a
março. com fungicidas cúpricos. Devido aos déficits hídricos, a doença é grave na região, havendo um tipo de
cercosporiose tardia. que desfolha muito as plantas. O quadro 5.137 apresenta resultados de época de controle de
cercosporiose, mostrando o período ideal da proteção, de dezembro a fevereiro.
Quanto aos fungicidas. para o controle de cercosporiose, vários grupos já foram testados, como exemplo dos
resultados do quadro 5. 138, onde pode ser verificado o destaque, na redução da infecção e no maior enfolhamento,
para as estrobilurinas e suas combinações com triazóis e os fungicidas cúpricos, estes intermediários quanto à
infecção, porem bastante efetivos sobre o enfolhamento.
Quadro 5.137 - Percentagem de infecção de cercosporiose em frutos de cafeeiros, por efeito da época de aplicação de
fungic ida cúpnc.o,
. . da Conqu1sta,
V"1tona . 8 a h.1a, 1980
Éoocas de oulverizacão % de frutos infectados em Abril
Nov. Dez. Jan. Fev e Mar 5,7 a
Dez.Jane Fev 7,5 a
Jan e Fev 30.5 ab
Jan e Mar 21,2 ab
Fev e Mar 44,2 e
Abre Maio 55,6 e
Testemunha 60,5 e
Fonte - Reis, Miguel e Mauello, ln • Anais do 8° CBPC. !BC. 1980

Quadro 5.138 - Discriminação dos tratamentos (produtos e doses),infecção por Cercosporiose e enfolhamento em mudas
de café, tratadas com formulações fungicidas. Martins Soares-MG, 201 O
Tratamentos % de folhas infectadas Número de fls/ muda (Junho)
Abril Junho
1- Nativo (Tebucon. 200g/L + Trifloxis. a 100 g/L - 26,7b 18.Jab 5,7bc
2- Amistar (Azoxvstrobin 500 WG), - a 0,04% 38,3c 45,0 e 3,7c
3- Comei (Pvraclostrobina 200 g por litro) - a 0.04% 8,3a 5.0 a 8,3a
4- Sohere (Cioroc. 80 g/L + Trifloxistr. 187 g/L - a 3,3a 10,0 a 6.4b
5- Óoera (Eooxicon. 50 g/L + Pyraclostr. 133 g/L- a 10,0a 6,7 a 6.3b
6- Oxicloreto de cobre 50% - a 0.6% 21.7b 25,0b 6,2b
7- Foljcur (Tebuconazole 200 g por litro), a 0,25% 50,0c 48.3c 4,2c
8- Antracol ( Prooineb 700 WG ) - a 0.5% 58,3c 50.0c 3,3c
9- Derosal (Camberdazin 500 SC). a 0,3% 20,0b 75,0d 3,8c
10- Testemunha 75,0d 90,0d 1,5 d
Os fungicidas sistêmicos do grupo dos Triazóis usados isoladamente, (Cyproconazole, Epoxiconazole,
Tebuconazole, Flutriafol e outros), apresentam controle inferior de cercosporiose, nesse caso com melhor
desempenho do Tebuconazole e do Epoxiconazole. Os fungicidas do grupo das estrubirulinas tem apresentado bom
desempenho contra a cercosporiose. Em plantas novas ( 1°ano) no campo, o Triadimenol e o Cyproconazole, usados

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P~ R'liu_iir probl>tnas 'úm a cerc~) po ro prec~~e uma da . indi:ações ad~quada: seri a i~ciar o controle
U"1tldü um tung:1e·1da cupncú ou outro proteti,o ou a oc1a-los na aphcaçoes nom1a1 . das torrnu laçocs de triazóis ;.
e,trobllunnas L ltimamente tem h:l\ ido restrição ao u o associado, por parte de alguns pesquisadores, no entanto
\.~nmentJ ·lo :i pra oca tem mo ·trado efeito b néfico dessa as ociação. 'ª
\ figura : _., l ilu trn a condiçõe de cerco porio e precoce em fruto e a tardia em folhas.

Figura 5.71 - Cercosporiose precoce, em meados de janeiro, provocando lesões e a maturação forçada dos frutos de
café(esq.) e a doença tardia, atacando o último par de folhas, em agosto(dir.).
Para reduzir a incidência e facilitar o controle q uímico da cercosporiose, deve-se manter um bom programa
de adubação, espec ialmente a nitrogenada, alem de executar todos os tratos necessários para os cafeeiros se manterem
com boas reservas e sem stress. Quando houver a cercospora negra, especialmente m plantas novas e no viveiro, onde
ocorre a "canela seca" das mudinhas, aplicar adubo fosfatado, via foliar ou via solo.
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