Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
;'
POLITICA SOCIAL,
EDUCAÇÃO E
CIDADANIA
PAPIRlJ S
--
- ..
.
·•
EDITORA
C;:aps:1 · Fer.nando Com~cchía
Futr.:r. Aennaco ·,esta
Coplrl~q,~~ Lúcia Helona Lahoz MoreUi
f l d ~ o : c,i::::>liiirte Auretsen ~ n ~ v i n i
Bihliog~fla.
ISBN 65-306-0273-X
3ª edição
2000
--·
DIRElºJ u ~ AESEAVAOOS PARA A LÍNGUA ronTUOUESA:
dM. A. Coma.cchfa Livnuia e Editora Lt<Ja. - PapinJ-S Fditora
Telefones: (019) 272-4~00 e 272- 4534 - Fo.x: (019) 272-7576
Caixa PO$tal 736 CEI"' 1 ~ 1 - 9 7 0 - Campinas - St-> - Brasil.
E - n-.ail; pHpfrusOlexxa.c<Kn.br - http·#vuww. papit'uc.com -b,
APRESENTAÇÃO 9
1. O QUE É POLÍTICA SOCIAL 13
Eliminar, reduzir uu cunvulidar 14
O que é pobreTA 19
3. A QUB5TÃO DO ESTADO 43
Do capitalismo liberal ao sociul~mo real. 44
O Estado que temos e de que precisamos 49
5. PIANEJAMENTO.SOCTAT, 67
Mito e realidade do planejamento social 67
Planejamento assistencial . 73
Planejament(l socioeconômico 81
Plallejatnento participai ,vo 89
6. DESENVOLVIMENTO 99
CONCLUSÃO 109
BIBLIOGRAFIA 111
..
APRESENTAÇÃO
11
1
O QUE É POT .ÍTICA SOCIAL
16
e) política social supõe, de modo geral, planejamento, ou se_ja,
a percepção de qu·e é possível intervir no processo histórieo,
não o deixando a_c onteccr à revelia - "quem sabe faz a hora,
não espera acontecer:,.
Essa maneira de ver coloca como primeiro datlo a desigualda-
de estrutural, e, em decorrência, considera a possibilidade histórica
de uma sociedade menos designai como processo de conquista por
parte dos interessados. Uma conclusão vital é: n~o se pode enfrentar
a pobreza sem o pobre.
18
O que é pobreza
23
2
TllliS HORIZONT~ DAPOLÍTICASOCIAL
Políticas assistenciais ·
27
e) a~s.istê1n;i'a ·signifiQl ili-rciut·à~·sobreviv.ência, em sua essên-·
eia, nã·o· s.e ·. apres~n.tando ~orno estratégia válida de
cnfrentame.nto .d ilS .desigualdades sociais; ..,
d) pa.ra comhat~r pQbt~za, é mister introduzir outros compo-
nc n tcs. . ~a, ·. .política. social voltados
.
a process9s
em.a nc1patonos. :
•
A tradiçãó brasileira as.~istenciar (do. tipo Legião Brasileira de
Assi~téncfa - LBA) ~plica a~sistência- ·a inúmeros outros grupos,. e,
no Iundo, a todo$ O$ ·pop~es. Entra~ aí migrantes, gestantes, pedintes;
enfermos, e at~ microprodutorc~. Embora seja muito polê1nica a
delimitação da emergê.ncia grave . ou da vulnerabilidade, por uma
quc.s tão prática é funçlamcn.tal saber, ·ao n1es.1no terupo, defender e
limitar a assistência. Tomar a pobreza inteira como alvo de assistência
já é notável assistencialismo, pelas.seguintes razõe.": ·
a) banaliza-se o conceito dé pobreza: não se pode tratar adequa..
damente de pobreza estrutural. cóm. meios conjunturais, ou ~
incorreto mànter lra lamentos E:mergenciais a situaçõ~s tipi-
camente estruturais, co~o vítimas da seca no Nordeste~
Pt>liticas socioeconômicas
. .
O carnpo sociocconômico da política social re~cte ao re.laciona-
1n~nlo condicionante entre o horizonte social e econôrnko na sociedade.
Volta-se para o en"rrcutan1cuto tia pobreza material (pôbre7..a sociocconô-
1nica), pnrlindo de modo geral da relevância do en]j,rcgo e da renda pa_ra
qtmlquer tentativa de reduzir as dcsigu~J<l:1dcs sociais. ·
Ao lado da ~ssistência, o Estado tem presença marcnntc tam-
bé1n nt=:;sc espaço, emb9ra sua ação devesse ser apenas de apoio e
normalização, jamais de substituição dos ageptcs produt,ivos. · De
todos os modos, -foi nlgurn avanço entender que
o crcsciq1cnlo econô-
mico é instrumento - mesmo sendo instrume_n to indispensável - e
32
que o "social" é a finalidade. Concretamente, o crescimento precisa
da"r conta ·das inclusões ·quantitativa e qualitativa no · mercado de
trabalho para toçla a população ativa. Tarefa funda~cntal do _Estado é
plàn.cjar direcionamentos do crescimento econômico e incentivar
tipos de investimento volh1dos à ger.<1ç~io de emprego e renda. Pois., sem
1
gerar rcnd~, ·n üo há como, nem o que distribuir, ainda que a redistribui-
ção seja típica conquista política,- não efeito econômico (Duarte &
Miranda 1985, Oliveira Nclo 1985, Toma-zi 1986, Villaça 1986).
. .
Políticas participativas
37
b) sabendd não estorvar, é possível ocupar a posição de instn1-:-
. me-ntação, sobretudo no sentido de garantir às associações
popularcs.ac_esso à informação estratégica, à justiça e à segu-
. rança, a seryiços .pú.blicos d~ qual idacle1 para o exercício da
cidadania; · ·
e) por fim, é função d_o Estado garintir outros serviços públi-
cos adequ:1dos, dirigidos a. -instrumentar o processo · de
formação da cidadania, ·cm particular educação básica., pro-
moção cultµral e acesso _à cou1unicação.
. .
A cidadania organi7.ada dt~lcga ao Estado funções importantes
e1n tcnnos ue ~cc.limcntação de canais de participação, a c9mcç:lr pela
educação. A escoln pública tem como Junção imprescindfv~l garantir
acesso irrestrito ao ) ~ grau, c;omo r~za a Constituição, porquo se
ad1uitc cumo C(?ndição b:isica de exercício da cidadanül. Entretanto, é
fundamental perceber que educação não_é propriamente ..coisa" do .
Estado, ·mas exigência da sociedade civil organizada. O Estado á
efetiva sob dclcgaçâo, e a qualidnde d.a ofcr~a educacional csUi espe-
cificamente na cap~lcidadc de-controle e avaliaçüo da sociedade m}lis
do que cm alguma virtude prévia pública. Ao contrário, o Estado
abandonado à sua lógh;a do pqdcr, obstaculiza processos democráti-
co~, pois prefere o Jãcaio ao cjdad;ío (Siebcneichler 1989, Raichels
1988, Silva 1988, Rcymão 1986, Wulff 1990). ·
O espaço participativo revela, ademais, que políti<.:a social _
não
pode ser apenas pública·. Parte dela - ~ m~titos diriam: sua 1nelhor .
parte - provén1 da própria sociedade, sob o-signo do controle demo-
crático do· Estado. ;i>olítica sindical, defesa da cidadania, idenlitlatle
cullural, assoc.iativiscno e coopcrativistno são ink~iatjvas que dc:vem
ser normatizadas pelo Estado, 1nas não ~ubmctidas a ele. Em gra_n de
par.te se f:r.1.cm Hpcsnr do Estado, à revelia do Estado, e mesmo contra
o &tado (Nozk:·k. 1991 Souza 1987, Caldart 1987, Gadotti & Pcrei~a
7
L "Socic.d,,dc civi I" é u ru lcnno impreciso. lomado a(lui na are~ão 2enérica de _erupo dominado
e não orgaoiz~do, cm contmposiçiio ao dominante,..
39
. , yistas a f om1àr · traiu~ associativà resistenl~ às in terveriçõcs
_a utoritárias; ca.bem aí ·comunidades eclesiais do base, nsso-
·Ciaçócs de b(iirros ~ favelas, condomínios, associações de
1niéroen1prcsári~, associaçõ_e s de pais, assoei~ções dc. em-
Bregadns doméstic~s etc: (Bobbio 1982);
42
3
AQUE5TÃo·oo ESTADO
F.,n termos co1npa ralivos> o Brasil não possui urn Esulllo parti-
culanncntc g ra nde, pelo rncnos t1 primeira vista. O Es tado é gra nde,
poré1n, no conlt;xlo concreto de s ua his tória: porque a inda é prcpotcn-
L~ diante uos n1ovin1c nlos <lc base; gasla mai:; do que nrrcca<la; é
clicntc list.a e corrupto; invade dcsncccssnria1ncnlc espaços produtivos
o u apadrinha produtores <lc tal fo rrna a incrementar seu pa ras itis mo
social; ~ohrc ludo é cncar<li<la1ncn lc inefic ie nte . Essa rnarca ncga tiv;i
pode ser visu:1liza (hl, por cxc1nplo, no rato de que o país gasta ern
prograrnas sociais quantias rnuilo significativas, c111 tc nnos 1nundiais
re lativos, c 1nbora conviva corn <lcsigua lc.fadcs sociais e regionais
cornparávcis aos países rna is pobres do inundo (Pnud 1990). Aprirnci-
ra conclusão é que grnnclc parte~uns recursos soc iais fica na máquina:
serve para t)aga r Lécn icos, ,Hltnin istradorcs, apoio!), c!)truturas físicas
e propina~. A !'icgunda co nclusão é que rcali~a1n o eco concentrador e
dcs1nobil izador: sob ling uagcrn socia l, rclard~l-SC o u obstrui-se o
processo de fo nnn ção da ciuacJania org~ niz:1da, hem como drena-se
para os privil egiados a maior parle dos recursos. Esse Estado tem
53
con10 prohlc1ua principal não st!lJ tamanho nem sequer a pretensa
urgência de JHiyatiza<;ão, ma:-; certamente sua precária qualidade de-
1nocrática. E nisso 4 uc não presta, decepciona e se torna espaço
eslrdtégicu <lo acirramento das desigualdades sociais.
Fundamental é, pois, restabclc.ccr o confronto dialético entre 1
54
4
BEM-ESTAR SOCIAL
E SUA~ COMPARAÇÕE<i TORTA~ .
59
cob~rlura unJversal, não quer diZ-et que ele seja comparável aos
sisteinas do centro. A presença sindical existe, além de estar em
evolução positiva 7 valendo o mesmo para a estrutura partidária, mas
é pura pretensão nos comparar com o centro. Sobretudo não temos
cidadania e produtividade para ttu1lo.
Pior que a comparação é a suposição gratuita de que "deveria
existir'>, como é o c:iso da Constituição. O desfile de direitos sociois
encoutnuia devida viabilização se houvesse cidadania e economia na
dimensão necessária. O Estatuto da Criança e do Adolescente, daí
deriv~do, retrata essa suposição gratuita até o extremo do.pedagogis-
mo, imaginando que problema dessa gravidade pode ser enfrentado.
apenas com assistência e educação. Oferece proteção,. náo oportuni-
dade. Tem medo do trubalho produtivo, porque o adolcscenl~ não
"deveria'? trabalhar, pretendendo emancipá-lo apenas pelas vias polí-
tica e assisten<.:htl. Chama de "prevenção especial" o cuidado em
torno da degradação provocada por espetáculos ilnµrúprios, ambien-
tes prostilnícios etc., o que tem seu lugar, mas nem de longe seria
"prevenção especial". O Esta tu to representa avanço drástico e1n com-
paração ao antigo Código de Menores, mas é no mínimo ingênuo
diante do desafio de enfrentar tamanho problema. Uma conseqüência
dessa postura pedagogista é o protecionismo extremo que deixa a
criança e o a<lolescente inatingíveis a sanções, como se tivessem
apenas direitos, não deveres, deixando com isso tan1bém inatingíveis
gnngues que usam "menores" para atuar impunemente.
Nesse contexto, é fundamental chamar a atenção para a visão
geralmente 1nuito restrita Lle bem-estar social, reduzido a quantidade
de vida, por mais que se aduza freqüentemente a noção de qualidade
de vida. De certa maneira, isso reflete postura tecnocrática economi-
cista, que continua ncrcdirondo que o dcscnvolvi1nento ~ocial aparece
em decorrên.cia do crescimento econômico. Na verdade, ainda não
exis~ a convicção pulílica, por exemplo, da hnportância da un iver-
sa Jização da educação ·de 1u grau, do papel decisivo do controle
democrático dos meios de comunicação, da sensibilidade ela identidade
cultural, da relcvânciá do processo associativo popular, <la significa-
ção histórica de processos de conquista de dir~itos básicos, e assim
60
por diante. Esse outro lado p~rfaz propriamente o que chamamos de
qua,lidade de vida (OIT 197.5> C.epaur 1986, Ghai 1977).
Sumariando a questão, poderíamos diZer que~faz parte da noção
teórica e prática dc.hc1n-cstar social, do ponto de vista da política social:
No plano assistencial
.
1. garantias de sobrevivência condigna a grupos populacionais
que não se auto-sustentam, particularmente ·a crianças, ido-
so.s e deficientes;
2 capacidade instalada de atendimento a calamidades, dentro
de estratégias cmcrgenciais, nfio, porém, o tratamento emer-
gencial de ocorrências estruturais, como seca;
3. co1npetência técnica em assistência social, traduzida tam-
bém em mctotlulogias produtivas e participativas, dotadas de
impulsos concretos e1nancipat6rios.
1
No plano socioeconô1nico
4. condições previdenciárias;
5. condições de saúde, nutrição, saneamento;
6. condições de preparação da mão-de-obra, em termos de qua-
lificação profissional;
61
7. cond.ições de vida urbana: transporte de massa, equipamen-
tos urba nos, faveias;
8. gasto~ sociais, fundos sociais: como repercutem nas popu-
lações mais pobres;
9. condições de consumo de bens: acesso a vários tipos de
hens, móveis, imóveis, duráveis, eletrodomésticos etc.;
10. condições dos desequilíbrios regionais: bem-estar material
nas várias regiões.
No plano participativo
63
e) esquece-se (ou cscan1otcia-s~) qu~ u <.lcscnvulvimcnto socioe-
conômico é inseparável do desenvolvimento político, ou seja,
o que transforma o crescimento cm de.~envolvimento é a cida-
dania urganiuu.Ja; o que impressiona nos países de bem-estar não
é somente a abundância de bens, mas sobretudo a democracia;
..
65
5
PIANEJAMENTO SOCIAL
69
gov~rnus que inclusive fonnam secretaria específica, com sen-
tido de articular essa dctnanda; a~ t;Onlradições são abundantes:
- vende-se a iuéia fanlásLica de que o governo é capaz de
resolver' toda a demanda, o que é cvid~ut~ banalização da
pobreza extrema da n1a ioria das con1unidadcs;
- procura-se ccntrali7..ar num lugar.só pretensa compctancia
de articulação, emprestando a uma secretaria, por exe,nplo,
tarefa impossível de o governo coordenar na área social -
esta passa a enfrcn~H todos os problemas comunitários (in-
finitos cm princípio, além de gravíssilnos), sobretudo os que
não lhe dizem respeito;
- forja-se a quimera técnica de um grupo '4e.~pecializado" em
1niséria <..:omunilária, insinuando divisão odiosa de trabalho:
desgraça da grande fit.:a com essa secretaria, enquanto a parte
melhor fica com as outras; assitn, n1esu10 havendo uma
secretaria dedicada ao problcrna habitacional, habil.ação de
baixa rendn é atribuição dos especialistas cm miséria;
- c1nbrulha-sc um pncole co1nuni~írio incrível, quando se
reserva para um grupo de iluminados - que se intitulam
espcci<tlistas em ação comunitária, todos de esquerda, críticos,
atualiz;1díssimos - o rnonopólio da competência democrática
de um governo, confundindo 1'1canh:1mc~nte meta com método:
lrab.alhar com as comunidades não pode ser c~pccificidade
de un1a secn;t,Jria ou de um grupinho ucntro dela, mas meto-
dologia connun de un1 governo dcn1ut,;rático;
d) por conseqüência, rica prejudicada a fun':são técnica de pla-
ncj<1mcnto, que, d:l supcrvalorização tecnocrática, passo de
repente a alivi<.Jadc cnvcrgonhncla; irnngina-sc diminuir a
vergonha, lravcslintlo-a de n1uJambos parLicipativos - daí
saem muitos planos participativos, cont cvidcnle abuso dos
tennos; o plancjador conversa co1n algumas "lideranças" da
sociedade, sohretf1do empresários, políticos, autoridades mi-
litares e eclcsitísticas, 1nais algumas representações de base
(sindicatos, sobretudo), e co111 i:-;so à mão decreta seu plano
70
como pnrticipativo; n.a verdade, houve apenas um acumpli-
ch1mcnto da sociedade, enquanto se deixa de v:-a1ori7.ar :tlgo
natural em qualquer governo legítimo: entre suas funções
está a de planejar; tal planejamento tem que ser, de si,
tecnicamente compctenlc:, capaz tlc avaliar cientifica,ncnte a
situação social e üc propor os devidos enfrcntamcntos; não
preci.5a de subterfúgios participativos, até porque planejamento
participativo é algo totalmente diverso, nem seria praticável no
nível do país ou de um Est..'ldo e mesmo ele um município;
e) ademais, as comunidades tendem a ser sobretudo "usadas'>
nas propostas ditas comunitárias; se olharmos a atuação
recente da Seac (Secretaria Especial de Ação Comunilári~)>
tais contr~diçôes são patentes:
Planejamento assistencial
74
b) deve ser compn:lmi~~o da área assistencial atingir a demanda
de modo significativo> cm quantidade e qualidade; tomando
o exemplo das crianças de/na rua, dificilmente se encontram
programas que vão além de cobertura mínima; na prática,.
isso não tem qualquer relevância, sem falar em que por vezes
os gastos per capita rccomendclriam doar os recursos direta-
mcn te à família; qualquer enlidade deveria a tender a pelo
menos 50% d.H demanda para poder se justificar,. o que levaria
logo a reconhecer que não pode dc<lk.:ac-sc <1 infinitas iniciati-
vas - todns em si importan tcs - que levam apenas a dispersar
esforços e recursos; csta1nos totalmente distantes de qualquer
atendimento razoável aos menores de rua ou aos idosos ou aos
deficientes (Dal-Ros.-so 1986, Macedo 1985);
e) no fundo, o ossistcncialismo grassa cm todos os cantos das
assistências> porque n tratamento é tipicamente emergenciaJ
de uma realidade cncardidamcntc estrutural; não há propria-
mente assistência, mas bülcão de doações, magras, arduamente
disputadas, por vezes motivadoras de certa "indústria"' das
esmolas públicas:> quando sempre os mesmos são atendidos,
várias vezes, cn1 vários lugares, sc1nprc de novo;
d) é preciso - urgentemente - colocar metas concretas de
atcndi1ncnto, do tipo: passar d.a cobr~rtur~ de eri~ nÇ<lS em
creche de 20% a 80"tó cm cinco anos, sob processo intenso
<lc avaliação e cobrança, para podermos indigitar melhor
por que sislcmnticamcnte tais programas pintados con10
assistências devidas passa1n tão ao largo dos problemas-
parece que servcn1 1nuito 1nais à n1anutcnção de uma má-
quina burocrfltica do que ao cnfrcntamcnto da questão;
planejamento assistencial há de significar, tccni(..~mcntc, a
cnpacidude de, por exemplo, mapear a demanda de assis-
tência por parte da população deficiente (física e mcn tal)> na
capital e no interior, e, a partir daí, projclar de modo con1pe-
tcnte o atendimento rc~dista e crescente para o futuro, ano
a ano, com 1nctas concretas, com recursos definidos, com
ncccs..c;iúa<lc de pessoa] e de instaJação física, e assim por
diante; hoje, de modo geral> i1npcra o amadorismo, que no
75-
fundo é pura irrcsponsahilidaúc de um Est1do destituído de
compro1nisso para co1n a~ popttla<:s'ôes mais carentes, embora se
apresente :10 contrário no discurso;
e) do po1úo de vista do Estado, é fundamental a conjunção
entre co1npctên<.:ia técnica e compromisso político; não
temos nem um:l, nem outro; e1n termos de competência
técnica, a assistência social devida ainda é problema n1ar-
ginal na formação de cicotistns sociais; cm termos de
cornpromisso polf lico, impera <dnda a linguagcn1 de esquer-
da, pretensamente radical, n1us longe da prática cocrcnlt;, o
que tc1n levado inuitas instituições assistenciais a se po-
voar de figuras quixotcs(;aS e contn11.lilúrh1~ .. que discutem
o <lia lodo "n1atcrialis1no histôrku", sem perceber que isso
nada te m a ver con1 sua prálil:a, íl;dundando cm parasitis-
mo sochll dos 1uai~ vazios;
() sobretudo é 1ni<;lcr inlrnchr,dr, sempre que possível, mcto<lologfos
produliva~ e participativas, pnrn <.pie as a~islências <lcvitlm; não
dcgcncrc1n tüo facihncntc c rn tissistcndalisrno, para cultivar, adc-
m:1 is, conccp«;ão e prática int<.:rl igatla co1n as faces econômica
e política, e parn alinhar-se ~H) s des afios c1nancipatórios <la
sociedade;
g) i1npo rlanlc ainda é <lcM.:cnlralizar as políticas, sobretudo mu-
nicipalizar; para tanto , con11n;tÜ11(;ia Lécnic;} e apoio
financeiro ~ão cruciais, lt;tH.lu en1 vis la lrn nsfcrir condições
de aulnnontia local, para <11.e c~1dn 111unkípio possa construir
e gerir s ua p1úpria políLica de assistência.
Aqucst1o ruclo<.lológica ligada ao <.Jcsafio produtivo e p:1rlicipa-
tivo é lilo fundan1cntal que <.:onvé1n c1nprcstar-lhc a devida atenção.
Em priinciro lugar, não é o caso <lc tmnsfonuar as~islência cm produ-
ção ou p:1rticipaçiio, porquanto, se consi<lcraua co1no dcvi<ln, cube Ut;
qualquer 1nodo, mc::;m<.> sem produção e parlicipaçiio. Uma criança
de/na run tern direito à assislência, co1no ser humano que é, e tendo em
vista sua idade e suu ncccssiuadc. Assislir ~,í é algo crn si nobre, que se
ba:-;la a ~i 1ncs1no. Introduzir tnclotlologias produtivas e part.i,~ipativas
não pode ser inlcq>rct1du c;o1no cxpccJicnlc inventado para di1n inuir a
76
;
77
que. quase sc1nprc está() no pano de fundo dessas teorias m:itcrnalistas,
elns são implacáveis em aplicar o trabalho como método funda1ncntal
de ressarcimento da infra<_sfto e de recuperação social.
Por outrâ, seria erro considerar o trabalho como meta, pois é
metodologia cmancipatórin . Quer dizer, vê-se no trabalho seu valor
pedagógico, como instrumento de reintegração do infrator na socie-
dade. A~sim, será boa idéia se o adolescente infrator puder participar
da produção de algum hem comercializável, em cujo processo apren-
da a co-gcrir lucros, investi1ucnlos, tempo de trabalho, encomendas
regulares e assim por diante. Com isso - lraha1lrnndo e participando
- pode recuperar o Cl1minho de sua cidadania produtiva, até pon.1ue
é sabido que a<lolcsccntc infrator assistido cm entidade pública difi-
cihncntc lcni no futuro inserção adcquad:1 nn mercado formal, tendo
que sobreviver como autônomo.
78
a) 6 se::111µ rc possível lransfo n na r traba lho e partic ipação em
expl o ração de 1não-dc -o bra ba ra la, bc 1n co m o e1n exped iente
d e libc r~ção d as o brigações do E stado;
a) não va le s upc n.J i1nc n:-i io 11a r a tiluu cs vol un Uí rins c m po líticas
ass is te nc ia is, do ti po ~'pri n1c irn- c..ta ma''; p r imeiro, po líticas
~1 s.· istcnc ia is, do po nto de v i sta de um Estad o de dire i to, não
são facu lta t ivas, m:1s es trita m e nte. o briga tó ri as; segundo,
n a da 1G111 a V(.;f co 1n co m iscração, c 1n bo ra não se possa
d esde nhar que pcs. oas ric as raçarn sua. cs1nolas - apenas é
n, i~tc r acentua r q ue po r aí nfio se reso lve nntla de i1nporta nte,
n nno ser a mií consc iência; 1ncsmo a~s irn, é d irei to d~
cil.t1u,111 i,1 d o rico dedicar-se a assis tê ncias, sej a lá q ual fo r a
a legação j li=-> l i ficac..l o ra ;
79
b) atendimentos c111crgcnciais pa!>sam facilmente a idéia total-
mente errônea <lc que pobreza é cmcrgcnciol; é um desacerto
fatal esperar soluções mais ~ignificativas de tratamentos
cmcrgenciais, cx.cclu ~e se tratar <lc emergências;
e) pcrdo--se de vista a importância de ,nctodulugia.s produtivas
e p:1rticipr1Livas, que ja1n~1is se coadunam com eventos cfê-
1ncros, inlcnnitcntcs> pontuais; podem encher relatórios,
mas não rcsolvcn1 nada.
A título de exemplo, desafio essencial é o atendimento cn1
creche ~lS crianças pobres, dentro da concepção constitucional (scrn-
pre de zero a seis), porque aí assistência conjuga-se co1n cducaçâo,
lrnnsfnrman<lo-sc possivelmente no investimento estratégico preven-
tivo mais eficaz. Hoje esse :Hcnditncnlo está cm torno de 25%, no
múxitno. E1n 1985, nas regiões rnctropnlitanas tlc Forta)c:,..a, Bclé1n e
Recife, cnnsl:1lnu-sc alcnúiincnto <l~ quase 30%, com prioridade para
crianças carcnlcs, o que revelava a presença de inslitu içõcs como a
LBA. Embora a quali<l~u.lc do atcndiincnlo ~cnlprc lenha sido qucstio-
nad,l> esse rato n1ostra que seria possível avHnçar nessa direção,
incluindo lngo la 1nhéln o probleana da q u:1 lidadc.
Entretanto, n cobertura <lcvcria chegar aus 80%, digan1os, conso-
lidando con, isso dcliniliv:uncnlc u1n tipo de {lSSistência dos mais
1ncrhórios, ur~an1~ntado naturah11cntc e fazendo parle de 11rnn paisagem
talvez intocável. A 1nc<li<la que a LDA rct.:uou, permeou-se de outras
inúmeras ações residuais, n1alb~1ral,1ndo sua chance cúmo instituição,
sc111 falar na relegação de tun úircilo conslitucion:11. Até hoje a LBA
posta-se ~) 1ncin catninho, co1no :-;e tivesse dúvitla <la ilnportância da
tarefa. De LHn lado, continua a '~creche coanunit:íria" obnubilad(i por
rclaciona1ncnto d(1bio con1 as conn111icJac.lcs, sobretudo com participação
financeira institucional aviltada. De oulro, emerge sempre o afã de
utcndi1ncnto in tcgral, a1npl iado ~. l~uuíl ia, porq uc de pouco adiantaria
cuidar da criança e deixar a fon1í1ia na pobreza de scinprc.
80
Por fim, o comprometimento orçament.-írio será de vulto, mas também
teria a chance de mostrar se inqucstion:ívcl se pudéssemos mostrar
que é invcstirncnto, não mero gasto_ Enquanto a LHA atirar para todos
os lados, não accrw nada.
Pfaneja,nento socioeconô11út:o
81
A segunda preocupação volta-se pnra a lógica tecnológica. A
modernidade produtiva, capaz de gerar excedentes econômicos muito
mais significativos, não se volta à geração de emprego. Isso introduz
desafio acerbo, porque, de um lado, não se pode 1nais confundir o
"social'' com atividades econômicas intensivas de mão-de-obra e
atrasadas, e, de outro, parcela pequena da população ativa tem condi-
ções de ser incluída no processo 1noderno. Ton1an<lu-sc ainda em
conta nossa defasagem em educação básica, a transição, além de
demorada:, traz fricções consideráveis.
83
Muitas vezes·se fantasiou uni pouco essn pretensa versatilidade
do 1nigrante pobr~, (.";Xpulso da zona rural, chamando-a de "'estratégia
de sobrevivência", como se ele fosse estrategista. E111 certa n1edida é,
de falo, e em tom sarcástico diz-se que esse é propriamente o «milagre
brasileiro··: como sobreviver sem renda adequada. Mas ~, expressão
pode conter uma pitada piegas, puxando a chanue, como se pobreza
tivesse charme (Hu1nphrcy 1982, Haguette 1982, Demo 1980).
Olhando para nossos estados ma is avan<_;ados, como São Paulo,
a absorção da 1uão-ú~-obra já acusa perfil de país desenvolvido: apenas
por volta de 10% esU'io em atividades agrícolas e congêneres; por volta
dos 40% estão no setor induslrial, ficando 50% cm comércio e serviços.
Parece claro que esse equilíbrio cslá sobretudo no setor indu."trial, que
deveria absorver parte significativa da ruão-<le-obn1 disponível. Mas São
Paulo não serve como modelo nacional, porque tenue ma is a ser exce-
ção. Estados mais pobres podem ainda acusar maioria da população
ativa (ou quase) nu ~çlor primário da c..-conomia, o que significa um
desafio <lc crescimento econô1nico muito difícil de in1aginar.
85
Seus grandes problcmns sflo, rcsumic.b1ncnlc:
e) llificuluadc de gcrcncia1ncnto;
t) dificul<.JacJc cJc organizaçho polílic}1, ~oh forma associativa,
para poucr úcfcn<.Jcr o direito à produçfio.
Talvez nflo fosse exagero d izcr que é funçfto cio Estado, não dar
emprego, ,nas planejai por Louo~ os 1ncios po~sívcis o espaço cslrnlé-
gico ua rnicropro<luçfio, prccisau1c11lc pela sua in111ortância social.
Cada 1nicroc1nprcsa que fecha as portas signific\1 ll~scmprcgo, dhni-
nui<_;no de consu1no e 1nais um candidato a cn1prcgo púhlko. O
tnicroc mprcsá rio é o úlli1no que ~linda tci1na cm produzir, recusando-
se a ser assalari;1do. R epresenta nesse sentido tun dos cidadãos mais
úteis que a socictlaue possa Ler, ao lado do trabalhador produtivo.
b) n tcn<_sfio para invcstin1cn tos de <.:ará ler coletivo, uãu 110 scnti-
d o de produçfio co1nt11n, 1nas ele organização coletiva de
determinada produ<,.;ão, por viiri:as razões:
86
- pürquc isso polcncia a chance de rcsislência a crises;
- porque pode ro1nentar 1nanifestaçõcs pertinentes de cida-
dania organizada;
- porque po<lc ocupar c~paços mais significativos no comér-
cio, sctn falar no acesso facilitado à matéria-pri1na;
87
exceto naquilo que já for oferta pública (Lanumann 1982, Neto 1982,
Anluniassi 1981). Hahitaç:io evidencia ain<l~ n1~lis sua relação cconô-
1nica, por a<.:,arrctar invcsti1ncnto ,1llo, cn1bora muit1s vezes se cerque
a questão com apoios públicos a populações pobres (uua~fio de lote,
urbanização etc.).
88
Planeja,nento participativo
91
não se trata de supervalorizar nem teoria, ne1n prática, 111as
de compor os dois momentos, que no fundo form3m um todo
só; o resultado mais visível desse momento é a capacich1de de
criar projeto próprio, de ocupar lugar próprio, de se propor a
sair da siluação de objeto de manipulação externa (Borda 1986,
Gajardo 1986, Demo 1985h, Gro~<;i 1981,, Gow 1983);
<.:) aí surge o terceiro momento, que é o descobrimento lógico
da necessidade de se organizar: para enfrentar con1 conipe-
tência os problemas e montar projeto próprio é indispensável
a cidadania organizada; a cidadania organizada representa
meio e fim: é n1eio, porque é fonua Ul! se organi✓..ar, por
intcnnédio do assocfativismo e de suas variantes; é fi1n, porque
rcali7.a a democracia possível (On illcrm & . Bourdc.t 1980).
Em Lermos metodológicos, é sempre muito coinplicado avaliar
fenômenos participativos, naquilo que revelam sua intcnsidau~ quali-
tativa. Esta pode tra nsparcccr cm fenômenos ,, extensos, n1as c~tcs sõo
sempre apcnêlS urna insinuação indireta. E claro, por <~xcrnplo, que a
cfc1neriua<le das orgauiza~úcs populares é algo visível, e ao mesmo
tc1npo transparece um problema profundo de qualidade política. To-
d:-ivia, é possível afirmar que qualidade formal <lc uma associação não
precisa coincidir com qualidade política: ela pode ter 1nuitos sócios,
reunir-se regularmente, oslcntar c:-;l.atulos lcgalrncutc co1 tclos e reco-
nhecidos, possuir uma sede bonita, e assin1 por dü1ntc. Mesmo assím,
é possível que nho funcione coino dcmonstnlção pr;j lka de ocupação
de espaço <lc po<.h;r, no sentido lia conscWncia crítka, da capacidade
de definir projeto próprio, <la compct6ncia organizativa inllucnte
(Demo 1986, 1987a~ Oliveira 1985, Pctrini 1984).
,,
E scn1plc urna pcrgunla angusLiantc, co1no saber da qualidade .
política de. uma associação, de um :,;jndicato, uc u1n pnrliuo. A tílulo
de proposta Lenlaliva, uma aproxirnaç~io possível seria por tncio dos
quatro critérios sogu in tcs:
95
educaciom1is se volt;.1m 1nais para o 1ncrcado de trahalho, não
se tra ta apenas c.lc prol.luzir '' recurso~ humanos.. competentes,
mas <le criar também coinpctência política, seja como elite
inteleeltrn I seja como ocupa~-ão do trabalho de coordenação,
supervisão, planejamento, seja como grupo de influência especí-
fica na sociedade e assim por diante; principahncnle, continua
mar<..""n fundamental ela hboa educação" o processo de dentro paro
fora, a criação de novos mestres, não a reprodução de discípulos
- um fcnô1ncno csscndahncntc polílico---parlicipativo, que exi-
ge igualmente profossorcs ao n1csmo le1npo dotados de qualidade
fonnal e de qualidade política (Barreiro 1980, Relotti 1979, Bour-
dicu 1975, Brandão 1986, Butl~l 1979, Oirnciro 1985, O1rr-HiU
1976, Fletcher 1985, Libânio 1986, Ribeiro 1987, Ribeiro 1982);
b) na área da cultura, é re levante partir de po líticas d e dentro
para fora, evitando-se ··tcvar"" cullura para incultos, porquan-
to toda con1unidadc lern tra~os cullurais prôprios; quem tem
suficiente identidade cullurnl snbc aprender de outras; quem
não tc1n, copia; todavi:-1 idcn t.idndc cultural não é intocável,
7
96
poder, mas sobrcludo condição de vida democrática; os mo-
dernos meios de comunicação intcrrcrem na formação de
nossa pc~onaliLlade, na cristalização de ideologias dominan-
tes, na estabilização do consumo, no processo educativo
muito 1nais do que se i1nngina; sua democratização é essen-
cial., o que leva a evitar 1nonopólios privados e estatais,
censuras ou irnpun idndcs, invasões de fo~a ou provincianL5-
mo de dentro e assim por diante (C.()hn 1978);
97
p;lr:1 cumprir o que deve à sociedade. Segundo, a confusiio da lógica
comunil<iria com a estatal serve ele engodo para reafirmar a prepotên-
cia do Eslado, à medida que fahric:i a dcpen<lência. "Conselhos
paritários'~ podem ~er idéia conveniente para tornar mais trnnsparen-
tcs processos decisórios e alol:ações <..lc recursos, mas facilmente
induzem à farsa da paridade. O Estado tcrn sempre maior poder de
fogo, dificilmente divide rcnlmcntc decisões, e no fundo quer co1npa.rsas
para dividir fracassos. O que a socicdodc decidiu, pela Constituição,
atribuir :10 r::st.ado como serviço público não faz sentido devolver.
Dados de 1988 do IBGE indicam que a cidadania brasileira é
n1uito precária: dentre as pessoas de 18 anos ou 1nais, estavam filiados n
partidos ou associações comunit.:íri~s apenas 17%. No Sul essa cifra
subia para 33%, no Sudeste pcnnanccia c1n 16'~ e no Nor<lcsle era de
9%. Todas as cifras sfio urnilo baixas, embora impressione a posiçáo do
Sul. Nc:jsa região possivchncntc o fator mais importnnlc se encontra, a
par de 1narcas culturais, na educação básica, a 1nclhor do País. Em 1988,
o analfabclisrno rural j;í era inferior õ ~1xa n1édia nacional, e a procura
por cscol:1 particular <lc 1u gnn1 era a menor <lc todas (10%).
Isso leva a colocar a itnportância da c<lucoçrto básjca como
inslrumcn lí1çflo mais eficaz <la citln<lania, ao lado do. produtividade
moderna. O aproveitamento cio 1S2 grau csl.aria por volta de 1/3 (con-
chtintcs da 8° série), e deveria ser elevado pan1 85% c1n dez anos, não
só para cuinprir a Constituição, .tnas igu:il1nenlc ()ara h:1vcr cidadania
e tnodcrnidadc adcquad<1s.
98
6
DESENVOLVIMENTO
,
E ainda co1uun1 a alcgaç5o de que "crescimento" é fenômeno
apcuas cconô1nico, enquanto "<lcscnvolvi1nento>' seria crescimento
co1npromcti<..lo cotn o social. Conlinua sendo válida essa percepção, mas,
hoje, a questão <lo dcscnvolvi1ncnto ganhou dimensões bem mais múlti-
plas e rnati'l..adas (Moycr 1989, Santos 1990, Scil7 1988, Dcrno 1991).
1-louvc época c1n que descnvolvilncato se reduzi~• fül lado econó-
mico, predominando aindn c~s::. vis:io e1n meios econômicos, sobretudo
da área de política cconô1nica dos governo~. Interessante é notar 4u<; tal
postura encontra apoio o~lcnsivo no ~ocialisrno e no capitalismo, por
razões nn1ilo diferentes, é claro. No socialismo acredita-se que "a reali-
e.fade 6 dctcnninac.la, pelo 1ncnos cm última instância, pelo econômico".
Embora o nl:1tcrial is1no histórico tenha sofrido retoques consideráveis, a
cxc1nplo de Gra1nsci, to1nado a ~ério, atril,ui à infra-estrutura cconôm,ca
o pnpcl de 1nóvcl suhslancial <la realidade e das mudançns históricas.
99
reais" in1pri1niran1 atenção concentrada L:1mbtm ao lado social, ten-
do-se destacado, na verdade, pela cqualização <lc oportunidades via
acesso popular a cducu~ão, saúde e snncamcnto, habitação cll:. Não
resolveram, por6m, por ironia, n questão das produções econômica e
tecnológica, permanecendo, nessa parle, socicd~ldcs obsoletas.
O capitalisn10 atribui ao crescimento papel dctcnninantc por força
da lógica da concentração elo capital, rescrvnndo para o social a conces-
são acomodadora e controladora dos prohlcrn~s da pobrc7..a. Soluções
socfajs são C!'itrilamcnlc uccorrcntcs. Dois cxcmpJos marcar-tim época
entre nós. Quan<lo Delfim Nctto era ,niui~tru ua Economia (começo da
década de 70), dizia ser mister pri1nciro fazer o bolo crescC!r, p'1ra depois
pensar ein rc<listribuição. Rcccnlcn1cntc, a ministra Zélia Cardoso de
Mcllo costumava afirmar que o social era o combate à inflação, tendo
cm visl}l qtm esta atingiria sobretudo os humikJes.
L l'obrc~a rd.1tiva si~nifit.·.i o confronto cntrt' estratos nrnL'> altos e urnis h:\ixos. uns rr.lativosaqs
OUI ros. l'~tada 1rn1hcnt:mclo. 1xm1uc- ;i ui:-:tâ11d:l cnlru tai~ grupo$ cro~co: 4..•nd11 vez mais gcato
po~.:;ui mc.:noli e ~1Ji1 v,,~ menos !;C:nh.; i><>~:-.ui ,uai:-;. N:1o aumt't\la, normalmente, a pobreza
al>:iolurn, ou seja, <.:onsic.lcrn<.la no próprio grupo. Também os grupos pobres obtêm ganhos de,
100
A pr<'>pria lógica <.1;1 concentração do capital impede na prática
considerar o social como filn> mantendo o econômico como meio.
Isso leva a reconhecer que a dcsconccnlração da renda não p.-ovétn do
lado cconôu1ico, 1nas do lado político (pre~são e conquista da cidada-
nia organizada). Niio se trnla apenas de i1npor a questão instrumental
como fim, mas sobretudo da dificuldade de subjugar a busca do lucro
ao interesse comum. Entretanto o capitalismo possui seu faro hish1ri-
co pela sobrevivência, transitando da mais-valia absoluta à relativa.
Enquanto a pritncira supõe o enriquecimento do capitalista à custa da
espoliação física do l~tbalhaJor (salários tnfuiinos, desgaste físico
tutd, t~uipo excessivo de trabalho etc.), a outra consegue enriqueci-
mento ainda 1naior pcln via do investimento tecnológico, atribuindo
ao trabalhador compelente lugar de destaque no processo qualitativo da
produç3o e no consu1no, incluindo remunerações mais significativas.
Aí tcn1os algo novo, de fato. O creschncnto econômico moder-
no precisa, para ler chance no mercado co1npctitivo e quali1;ltivo,
cssencia I n1en te rn;·1ncjaón pelo dotn ín io tecnológico, de Lrabal hadores
ctotadn.s de coinpetência básíca consiuenível. A acumulação oe capital
depcnc.lc, sempre mais:. de educação, ciência e lccnolugia, sobretudo
da quali<lauc clluct1tiva popular. Educação, para além de sua fun~ão
tradicionaltncnlc reconhecida <lc bc1n cm si e de instrumentação
eficaz da cí<ladania, ossu1nc papel decis ivo no processo produtivo
moderno. Todo lrabalhndor precisa <lc form~ção básica adequada,
univcrsaliza<la, na con<liçflo de palrhnônio fundnmcntal da nação.
rcnd;i no tcmJJO. por exemplo. diminuindo o monlantc de l~1mílias c.om rendimentos mínimos,
ou o nú moro de lrabalh:ldorcs tiu~ g:rnh:un ap<.'n:t~ sal.frio mínimo r,I~. N}1 cY1m11:lr~ç:io rcb1tiV;\,
1>ur~m. o fosso prossegue.. fn,H<:l~ Jo úiní ç mc~füfa Jc c-on<:l·ntrl\~Úo Jc ro1lJt~, que vni do zorQ
(iguald:1dc lotai) a um (<lisparidaúc tot:il). O Brasil possui uma d.is maiores conc:cntra~'Õcs de
rcndn do mundo (Pnud 1990).
101
polflica da população, mas não econômica. Acrescentava-se ainda a
insinuação de que o cnpiüllisrno - o perverso - se comprazia em
dispor de 1não-dc-obra pouco qualificada, cn1bora bem -treinada (do
tipo Scnni/Scnac), porque produzia muilo e não se metia c1n contes-
tação (Salin 1980).
Hoje, entra c1n cena u1na vilntagcm cornparativa rcaln1cuw
decisiva; cllul,;a<sfto, ciCncia e tecnologia. Ac;sitn, essa face social
começa a fozcr p<1rlc do econômico, não m.é,iS apenas como apelo
finalfstico teórico, mas co1no condição de produtividade, l:omputên-
cia d~ 111cr<.:ado, diálogo internacional. O c.Jcscnvolvimento capitalista
não muda a essência, mas a<lcptirc matiz social intrínseco, embora
com tcn<lência instrumcnlnlizanlc. No contexto da nrnh;-valia relati-
va, a relação de cxploraçao continua, mas a cornpctência do
trabalhador pode clc~hordnr a face <le uso por parle do capitalista,
entrando con10 condição de inrlu6ncia nas relações de trabalho e no
espectro das desigualdades.
102
Ainda assim, representa "gancho" fundamental cm termos de
valorização do social, à medida que educação, de gasto geralmente
duvidoso aos olhos dos ··orçamentciros., e dos capitalistas retrógrados,
passa <l invcsti1ncnto mais cstrntégicn. N ;1 penumbra d:1 produtividade é
possível avançar na cidadania, co nquistando para o trabalhador lugar
mais condizente com suas pretensões justas de sujeito social.
103
sozinha, salvasse o mundo. As maiores agressões ao homem e à
nnturc2a são maquinadas por pessoas~ sociedades "bcrn-cducadas".
~
b) crcscim~nto econômico;
e) modernização ·da produção e do E.~t._1do;
d) sustenta hil idade (a111hientnl);
104
e) cq uai ização de oporlu nitladcs;
t) cichiclnnia .
Representam desafios comuns de toda sociedade que deseja
desenvolver-se, variando a maneira de lraluu1cnto, que repercute en1
velocidade maior ou menor de efetivação. Etnbora todas as estraté-
gias sejnm r(-}levnntcs, admite-se que a primeira (educação, ciência e
tecnologia) detém posição mais prioriL1ria, por p~n~Lrnr as outras
matric.i:,lmcntc de forma mais completa e garantir maior velocidade
de atingimento das metas. O <lifercncfol de desenvolvimento aloja-se
na coinpctência hist6rica de dotar a população de formação bá!-;ica
adequada como pntrimônio universalizado, e no domínio científico e
tecnológico, encerrando u vcrdadcirn v~nt.1gcm comparativa atual.
105
ci<la<lunia, a hahil.ibilidadc <los espaços, a educação como fator de acesso
tccnol<lgico transformn<lo cm bcin-cstar co1nunl etc. Em certa medi-
da, lêll prcocupnçflo pode inclinar-se n representar o pensamento de
país~:s avançados, que jêí Htcriam tempo" p~ra se ocupar de tamanhas
filigrnnas, sem falar que a depredação a1nbicn1al mais devast'ldora
provém deles. Na verdade, é questão crucial cm todos os lugares,
porque o dircilo de crescer não pode implicar o <le destruir. As
pretensões de dcscuvolvimenco em países avançados são h~m mais
sofisticadas, até o ponto <lc se rcssallarc1n, não ruais rcptos materiais,
mas anseios de outra orclcm1 como superar a solidão, participar cultu-
ralrncntc, aceder à ~ducaçfto conlinuada e à univcr.sidnclr. à dist5ncia
etc. Entrct~nto, a sustcntubilidadc tornou-s~ ~o,npromisso comum,
como parte tio mundo moderno tornado urna pequena aldeia.
O desenvolvimento não resolve todos os problemas. Falando de
maneira irônica e sobrcludo c.lialética> o dcscnvolviincnlo apenas
muda os proble1nas. Considerando a cena nHHH.lial, essa contraúição
parece clara . Oc um lado, o mun<lo c<lpit.alista conseguiu constl'uir
so<.:ictlaocs intcrcssunlcs no centro, dcnlro dn welfare s/afe, apesar da
crise atual cm paísc:-; que não alc..:au~aratn 1no<lcrnizar-sc convcnicntc-
mcnlc. Todavia, 1nuito c.Jifcrcnlc é a condi<;rio nos pélbcs t.:é1pi~11istas
subdesenvolvidos, enredados crn níveis de pobrc~m cxlrcn1a. Seu
sucatcaanc nto é crcscculc, principahncnlc porque o capitalismo mo-
derno depende cada vez menos de matéria-prhna in1portada, fonte
tradicional de <.;otnércio corn o Terceiro Mundo. De outro lado, o
n1un<lo socialisL~• estaria ucsabanc.lo e alinlwndo-s<~
,, ao capitalismo, e
mcsino vollanJo para o capit.tlis1uo. E difícil prever tais ru1nos
cm lcnnos de vislutnbrarmos alternativas ao cnpilalis1no e ao
social is,uo (real).
106
A~ oportunidades de desenvolvimento do Terceiro Mundo con-
tinuam sendo expectativa d.ifícil, co1n tendência crc~ccnlt ao
desencanto, <liantc do tamnnho do desafio. Primeiro, o carninho é de
longo prazo, significando o sacrifício de gcr~1çõcs e a superação de
obst:iculos prementes. Scgunc.Jo, a n1odcrnidadc traz co1npulsoricda-
dcs incôcnoda.s que podem, ainda, agravar mais a condição de objeto
sucateado. Tcrccirü, são necessárias mudanças profundas que passam
por revisão do Estado, dcsconccntraç~ío e.la renda, câmbio ue elite:-
supcração do palcrnalisn1u, alLmliza~ão Lias t.:Onuiçõcs de produção,
manejo da <lívida externa, esvaziamento do campo o inchamento das
cidades ü1.c . A solução do prohle1na cclucacional de base, ao lado do
acesso à ciência e l1 lccnologia, parece ser a peça 1n;1is scnsfvcl dessa
cngrcnagctn.
107
CONCLUSÃO
109
Os problemas, entretanto, nfio advêrn apena~ dns hases econô-
micas, mas igualn1cntc <la área :-;ocia], co111u lal. Continuam vigentes
c()ncepções assistencialis~1s, rcsi<lualistns, compensatórias do social,
alimentadas pelos órgãos dedicados ao problema. A competência
técnica é prccúria, resultado de un1 processo furmalivo arcaico. O
corporativismo tomou conta, misturando dircilos essenciais com
iuopcrânc..: ias gri tan tcs.
Sobretudo, continua 1nalposta a vi~flo <lc pobreza. Fazendo
parte da estrutura <lo sistema, seu combate tende u ser cortina de
fumaça. Em certa 1ncdi<.ln, isso é componente sistêtnico, e nn capita-
lh-;mu ~igniflên reconhecer que pol'ítica social tende. a ~cr " bombeira'•
da ccono,n i.a e depende do excedente oconô 1nico para tudo. Essa
dctl:rrninação sobrepõe-se, na prütica> à noçüo de clircito,. por mais
que, cm lcorfa, se diga o utra coisa e cslcja escrito na Constituição.
A dcsconccnlrnçflo da renda depende n1ais c.fo ci<l:1dania <lo que
da cco110111ia. A <:i<.lauania é conquista sohrctuúo. 'lbdavia continua-
n1os acreditando •parte é crendice, parle é rnnnobra -que u Estado
(o governo) l'az a dcsconccnt.n1çflo da rcnc.Ja, e que a cidad,1nia é
dada/o utorgada. No rum.lo, ainda nrío <.Jcscobritnos e nho elaboramos
nosso pn.>ccs~o de cn1ancipaçiio.
110
BIBLIOGRAFIA
111
_ _ _. Moi imento popular de b<1irro -de frente para o Estado, em buscu
1
ARAN"ll~S. A.A. O q111J. é Cu/Jura Popult1r, São Paulo, Bra~H icnse, 1982.
-. Qual
- - -P;1z socialismo-discussào de uma lllfernativa, Rio de Janeiro,
e Terra, 1987.
_ __ _. Estado, governo., soc:iedude -paru urna tcorill Ke,-al da política,
Riu tlc J,u1t;Í10, Paz e Tcrrn, 1987a.
_ _ _ _ & OOVERO, M. So<:ied<1úe e Estado na filosofia política moderna,
São Paulo, Dra:silicu~c, 1987.
DOl-;-F, e. Como trabalhar com o povo, Petrópolis, Vozes, 1986.
BOFF, L. & llOPf. e. Como fazer teo/ogi,i da libertação, Pctró1>0lis, Vozes,
1986.
BORDA, o.r. & nRANDÃO. C.R. /nvestigaciân participatiwi, Montcvidéu, Ban-
da Oriental, 1986.
DORDEN/\VE. J.D. & CARVALHO> 11.M. Conwnicaçiio e planejamento, Rio de
J;u,ciro, Paz e Tcrrn, 1980.
_ _ __ . O que é parlicipaçâo, Sfío Pnulo, Brasiliense, l 98S.
uoscrn, R.R. A arte d,1 associ11çiin - po/lLicll de bllse e democnzcia no
Brasil, São PauJo, Vérlil'c, 1987.
BOURülclJ, 11 • & PASSEl<.ON, J.C. A reproduçiio -elttmentos para uma teoria
do sis1e11ll1 de ensino, Rio de Janeiro, Fr. Alvc.~, 1975.
DR/\NDÃO, C.ll. A questcio poUtica da educaçlio popular, São P,rnlo, Brasi-
liense, 1980.
_ ___ . O que é e,lucaçiio, Sfio P.iulo, Brasiliense, 1982.
_ _ _ _ (org.). Pesquis,r participante, São Paulo, B1.1:silicnse, 1982a.
113
_ _ _ _ (org.). Repensando,, pesquisa participante., São Paulo, BrasHicu•
se, 1984.
_ _ _ _. A educaçâo como cullura, Sfio Paulo, Brnsilicm;c, 1986.
filUON~. o. Eva/11c1ci6n de programas sociales -ic!orü1 y metodo/ogía de
la investigaci6n educativa, Sauth,go, PHc, 1985.
8Ul-'FA. E. Ideologias em conJJiLo: escola públi<~,, ,~ escola privada, São
Paulo, Corlcz, 1979.
_ _ _ _ et alii. Educ"çlio e cid"rlonit1 - qu<!m educa o cidad,lio?, São
Pnu)o, Corlcz, 1987.
116
_ _ _ _. Mt!todologia c.ümtifica em ciências sociais, São Paulo, Alias,
1989.
_ _ _ _. "Cidadania & ctnnncipaçfio». ln: Tempo Brasileiro, n~ 100,
jan.-mar. 1990, pp. 53-72.
_ _ _ _."Educação & desenvolvimento: algumas bip61cscs de trabaJho
frcule à questão tecnológica». ln: Tempo Brasileiro, ng 105, abr.-jun.
1991, pp. 149-170.
DIAS, E. História das luta.t ·"nciais no Brasil, São Paulo. Alfa-Omega, 1977.
OORH, M. Economia dei bienestar e economía dei socialismo, México, Siglo
21, 1971.
DOIMO, A.M. Movimento social urbano, Igreja e participn.çiío pnpu.Jar, Pe-
trópolis, Vo7.es, 19~4-
DUAHTE, A. & MIRANDA, O. Trabalhismo e social-democracia, Sõo Paulo,
OlobaJ, 1985.
ENGOI.S, F. Do socÍtllismo 1116pic.o on .~ncitlfismo cienJifico, Portugal. Estatn-
pa, 1971.
FJ\LElROS, V.P. PoUlica sociul do estado capitalista, São Paulo, Cortcz, 1985.
_ _ _. O que é poUtica social, Siio Paulo, Brasi]iensc, 1986.
FEIJÓ. M.C. O que é polúica cultural. São Paulo, Brasiliense, 19x:,.
r-1sc 1mR, R.M. O direito d,1 população à segurança. Pctr<>polis, Vozes, 1985.
FLETCHER. P.R. <'Os mitos, as cscrncégias e as priorit.ladcs para o ensino de 1°.
grau,,, B1asília, Ipca/Iplan, mni. 1985, mimco, 22 J>P·
FLORA, M.C.D. Mendigos: pnr que surgem, por onde circulam, como siio
tratados?, Petrópolis, Vozes, 1987.
FRANCO . R. (coord.). Planificación social en America Lalina y r-d Cnrihe,
Santiago, llpcs/Unkct I 981.
_ _ __ & ZAV/\L A. J.C.C. (coord.). Desarrollo social an los 80, Santiago,
Ccpal IJpcs-Uniccf 1981. 1
117
G/\DOTTJ, M. & Pcf<EJ KA, O. Pra que PT - origem, prnje.to e consolidaçilo do
Partido dos Trabalhadores~ São Paulo, Cortcz, 1989.
GAJARDO, M. Pesquisa participante na América Latina, São Paulo, Rrasi-
liénsc, 1986.
GHAI, D.f'. "What is a basic-nccds appn:,ach to devclopmc1lt alJ about'!''. ln:
D.P. Ghn i ct al., The Basic-needs approach to development, Gcncbra9
OIT, 1977.
GlLLY, A. Sacerdotes e burocratas: introdução ao socialismo reul, Sio
Paulo, Brasiliense, 1985.
Teoria crÍlica e resistência a,11 educação, PctrbpoJis, Vozes.
Cil~OlfX, JI.
1986.
OOJ IN, M.G.M. A força da pt?rift?.rin - a lula d,1s mulheres por crechas cm
sao Paulo,. Petrópolis, Vozes, 1985.
GORZ, /\.Criticada divisao do irabal/uJ, Sao Paulo, Martins Fontes, 1989.
GOW, D.D. & v AS/\NT. J. "Bcyond thc rhct.oric of rural ck.vclopmcnt JHHticipa-
tion: Jmw <:<til it bc donc?". ln: ~Vor"J Deve!opment, nº..">, 1983, vol.
11, pp. 427-446.
GR/\MSCI, A. Os intelecuulis e a org,rnizaçtio da cullura, l{io de Janeiro,
CiviJiz.,ção Brasilcirn, 1978.
GROSSI, F.V. "Sociopolitkal implil:atio1L'> of pa rtidpatory rcscan·h». ln: Con-
vcrg<:ncc, 14(3): 44 ss., Cana<lá, 1981.
GRZYDOWSKJ, C . Caminhos e descilmi11hos dos movimentos socit1is no cam ..
pn, Pctrópol is, Vozes, 1987.
(ilHT .LERM, A. & UOlJRDET. Y. Autogesliio: umll mudanç,1 radical, Rio de
Janeiro, Zahar, 198U.
IlABERMAS, J. A cri,s e de legitimação do capitalismo 1ar1lio, Rio de J~•neiro,
Tempo Ora:-;ilciro, 1980.
_ _ _. Ptlra a rcconstruçiio do materu1/ismo ltistórh:o, São Paulo, Brasi-
l Íc lt~C, 1983.
HADDAD. P.R. Pariic.ipnçtio, justiça social e planejamenLo, Rio c.Jc Janeiro,
Zallar, 1980.
118
HAGUETTE, M.T.F. O mito das estratégias de sobrevivência, FortaJeza~ Edit.
Univ. Federal, 1982.
HEII .BRONER. R.L. Meios econômicos e fins sociais> México, Expressão e
CUitura, 1969.
HíRSCHMAN. A.O. De consumidor a cidudc1u - atividade privada e partici-
p11çüo nu vida pública, São Paulo, Drasilicnsc, 1983.
1-IUMPIIREY, J. Fu°L.elldo o "milagre" - co11trole capitali,s ta e luta operária
na indústria automobil(stica brasileira, Pctr6polis, Vozes, 1982.
JACOBI, P. Movi1ne11Jos sociais e polúicas JJ1íblicas, Sõo Paulo, Cortcz> 1989.
JAGUAlUBE, H. et alii. Brasil 2000 - para u,n novo pacto social, Rio de.
Janeiro, Paz e Tt?rra, 1985.
_ _ __ . Brasil - reforma ou caos, Rio de Janeiro, Paz~ T~rra, 1989 .
KOEHLER. H. P"1nificaciôn y bieneslar - est11dio comparativo de lns .~i.\·l.1?-
mas capitalista y sor.i,lli,\•f.(I, Rur.nos Aires, Amorrortu. 1967.
1..AMOUNIER. o. Partidos & ulopias - lJ Brasil no limi11r ,Jo.(; n.no.r. 90, S;\O
P.lulo, Loyol-a, 1990.
LANDMJ\NN . .r. 1:vil(lnrln
1
a saúde & promovendo a doença - o sistema de
s,uíde no Brasil, São PauJo> Achicuné> 19~2.
LEFORT. e. A invençao democrática - os limites do 1otali1arismo, São
Paulo, Brn~ilkusc, 1987.
r.EIIFEI .D, N.I\.S. Uma "bordagem 1u,pid11(:iorwl para u.111 {Jroblema e."itrutu-
r<1I: lwbitarii.o, Pct ro1)0Jis, Vozes, 19H8.
OfFE, K. "A dcnio crncia J>,l rli<lária t'Ompctiliva e o wcJforc statc hcyucsiano:
fatores d<'. cs1:1bilicfo<lc e dcsorganíza<;ão ln: Rev.. Ciências Sociais,
71
•
122
RIBECRO JR., J.C. A festa do povo - ped'1gogi1.i du resistência, PctrópoJis,
Vozes, 1982.
RODRIGUES . E. Os lil)(~rtárins - idéias e experiências anárquicas~ Petrópo-
lis, Vozes, 1988.
ROIO, J.L.D. Movime11tos populares no Brasil, São Puu1o, Global, 1986.
SAl)ER, E. (org.). MoPimentos sociais nll tnrnsiçiio damocrâlica, Sflo Paulo;,
C.or1 cz, 1lJX7.
123
SPOSA'TI, A. Vida urócmu e gestc1o da pobrezll, São Paulo, Cortcz, 1988.
eJ alii. Os direitos (dos dcsussistidos) sociais, São Paulo, Cortez,
----
1989.
STErAN, A. Esu1do, corporativismo e t111Loritarismo, Rjo de Janeiro, Paz e
Terra, 1980.
'J'OMAZI, Z.T.Saúde e Estado /Jn1sileiro, São Paulo, GJobal, 1986.
VICTORIA. c.r.. ,u alii. Epídemiologit, d(l desig1u1/dade, São Paulo, Hucitec,
1988.
VILLAÇA. F. lle1bitc1ç'10, São Paulo, Global, 1986.
WC:FFORT. F. Por que democrllcia?, São Paulo, Brasiliense, 1985. \
124
MAGISTÉRIO: FORMAÇÃO E TRABALHO PEDAGÓGICO
DIDÁTICA: RUPTURA,
CAMINHOS Ç)A PROFISSIONALIZAÇÃO
OOMAGISTERIO
COMPROMISSO E PESQUISA
Maria Rita N.S. Oliveira (org.} - 144 PP
lima P.A. Veiga (ora.) • 176 PP
A DIMENSÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO
CAPITALISMO E ESCOLA NO BRASIL Mauro Guimarães - 108 pp
Maria Etizabete S.P. Xavier• 184 PP
EDUCAÇÃO, CULTURA E CRIANÇA
A CAUSA DOS PROFESSORES C:Jrmcn Maria Aguiar - 112 pp
Eglê Pontes Franchi (ore.} - 172 pp
l:UUCAÇÁO E DESENVOLVIMENTO
Pedro Demo - 96 PP
COMfNIO OU UAAH rt: Ot:. t:.NSINAH
TUDOATODOS EDUCAÇÃO E ESCOLA NO CAMPO
Joáó Luiz Gasparin - 188 PP Jaoqves Therfien
Maria N. Oamasceno (coorós.J - 252 pp
CONCEPÇÕES DE MUNDO
NO ENSINO DA HISTÓRIA EDUCAÇÃO E QUALIDADE
Sífma do Carmo Nunes - t32 pp Pedro Demo - 160 pp
EDUCAÇÃO INFANTIL: INt-OKMÁ I IÇA t:DUGATIVA: DOS PLANOS
UMA PROPOSTA DE GESTÃO MUNICIPAL E DISCURSOS À SALA DE AULA
Ana Mana Costa de Sousa - 160 pp Ramwl útt Oliveira - 176 pp
A PRÁTICA DE ENSINO E O
TFCNlr.AS DE ENSINO: POR QUE NÃO?
ESTÁGIO SUPERVISIONADO llma Passos A. Veiga (O(Q.) • 152 pp
, S1elê:1 C. Be,tholo Pioonez (coord.J • 140 pp O TRABALHO COMO PRINCIPIO AHTl(.;ULAUOH
NA PRATICA DE ENSINO t NUS ESTÁGIOS
PRECONCEITO E AUTOCONCEITO: Helena Cosia ae Frei/as· 248 pp
IDENTIOAUI:: 1:: IN 11::HAÇÃO NASALA OE AULA
Ivone Martins de Oliveifa • 120 pp TRABALHO OOCENTC, CLASSE SOCIAL
C nctAÇÓC$ DE GÊNERO
Álvaro Luiz M. Hypolito • 120 pp
PROFESSOR: AGENTE DA EOUCAÇAO?
Renato Luiz Wenzel • 120 pp TRARAI HO ESCOLAR E CONSELHO OE CLASSE
Ángela I.L. de Freitas Dalben · 208 pp
1 PROFESSOR DE 19 GRAU:
IDENTIDADE EM JOGO A TRANSMISSÃO DO GONHt:(;IMtN ro
Ezequiel Theodoro da Silva • 132 pp E O ENSINO NU TURNO
Maria Bemarclete s.c. Caporatini • 204 µp
O PROFFSSOR OE EDUCAÇÃO FÍSICA
UMA ESCOLA SCM/COM FUTURO
E A CONSTRUÇÃO DO SABER Nelson De Luoa Prctto · 248 PP
Cecília M. Ferreira Borges
UNIVERSIDADE À NOITF.: FIM OU
O PROFESSOR EM CONSTRUÇÃO COMEÇO DE JORNADA?
Maria da Glória flimentel • 96 pp Maria Éugênia Castanho - 128 pp
UNIVtHSIOAOE FUTU~NTE: PRODUÇÃO
PROJETO POLÍTICO-PFnAr,ó~1r,o DA ESCOLA:
DO ENSINO E lNOVAÇAO
UMA CONSTRUÇÃO POSSÍVEL Dcni$o 8.C. Leite
llma Passos de A. Veiga (org.) - 192 pp Marftia Morosini (oros.J · 200 PP
QUAL A SUA FORMAÇÃO, PROFESSOR? UNIVERSIDADE PÚBLICA: Pülh ICA,
Ana C. Baptiste/la de óliveira - 256 pp DESEMPENHO, PERSPECTIVAS
Jacques Velloso (org.) · 256 pp
A RECONSTRUÇ~O DA DIDÁTICA: .
ELEMENTOS TEORICO-METOOOLOGICOS VIOI. F.NCIA E EDUCAÇÃO
Maria Rita N. Sales Oliveira - 172 pp Regis de Morais· 136 pp
Outros títulos da Papirús
Administração educacional: Um
con1promisso dernocrático
Dirce Mendes da Fonseca (org.)
Cidadania e educação
Luis Albala-Bertrand (org .)
Desmistificando a
profissionalização do rnagistério
lima Passos A. Veiga
Maria Isabel da Cunha (orgs.)
Docência na universidade
Marcos Masetto (org.)
Educação e desenvolvimento
Pedro Demo
Educação para uma sociedade
em transição
Ubiratan D'Ambrosio
Municipalização da educação
Ivo J osé Both
Poder e cidadania
1-'aulo Martinez
Solicite catálogo
Caixa Postal 736
13001 -970 - Campinas-SP
papirus @lexxa.com.br
http://www.papirus.com .br