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Mas o que marca o início da Gestão de Projetos, como disciplina, é o surgimento do Método
do Caminho Crítico (CPM – Critical Path Method) e do Program Evaluation and Review Technique
(PERT). São duas técnicas semelhantes, porém distintas, que surgiram na mesma época e
com objetivos similares. A DuPont queria reduzir o tempo de parada de suas plantas para
manutenção. A manutenção de suas plantas era composta de um grande número de
atividades – algumas em paralelo, outras em sequência – que geravam grande complexidade
na programação das atividades. O CPM é um método de programação de atividades de
projeto que ajudou a reduzir o tempo de manutenção. Na mesma época, a Marinha dos EUA
estava desenvolvendo um míssil balístico (projeto Polaris). Preocupada com o atraso no
projeto, a Marinha, com a ajuda da empresa de consultoria Booz, Allen & Hamilton, criou o
método PERT. A diferença básica entre o CPM e o PERT é que no CPM as atividades têm
duração determinística (por exemplo, a atividade A tem duração de 15 dias), e no PERT as
atividades têm duração probabilística (por exemplo, a duração mais provável da atividade A
é de 15 dias, mas ela pode levar de 12 até 25 dias para ser realizada).
Observe que, neste primeiro momento da gestão de projetos, havia uma preocupação quase
que exclusiva com a gestão do tempo no projeto (gestão do prazo ou gestão do cronograma).
Desde então, muitos outros aspectos do projeto passaram a ser considerados pelo
gerenciamento de projetos, como custo, qualidade, escopo, aquisições, riscos etc.
Hoje entendemos que a importância da gestão de projetos para as organizações vai além das
questões operacionais. A construção civil trabalha basicamente por projetos. Uma empresa
que constrói pontes ou túneis trabalha por projetos, já que não existem dois túneis iguais ou
duas pontes iguais. Nela, o gerenciamento de projetos se confunde com o gerenciamento de
suas obras. Contudo, também nas empresas de produção seriada, como as montadoras, as
estratégias são implementadas através de projetos. Isto inclui, entre outras coisas, o
desenvolvimento de produtos, expansão da capacidade produtiva, criação de novos canais
de distribuição, entrada em novos mercados, e revisão e melhoria de processos
administrativos ou gerenciais. O papel da gestão de projetos como instrumento de realização
da estratégia empresarial, dá a ela uma nova importância dentre das empresas.
O guia do PMI já está na sétima edição e se chama Project Management Body of Knowledge
– PMBoK. Como dito, existem outros guias, mas este é, sem dúvida, o mais popular no Brasil
e tem influenciado os cursos e programas de formação de gerentes de projetos.
Por fim, a fase de encerramento envolve as ações para finalizar o projeto, desmobilizar os
recursos e eliminar todas as pendências do projeto.
Uma outra forma de olhar os processos de gestão de projetos descritos pelo PMBoK é
através das áreas de conhecimento. Aqui os processos não são mais agrupados em fases do
ciclo de vida, mas pelas diferentes facetas da gestão de projeto. As áreas de gestão de projetos
descritas na última edição do guia são: integração, escopo, cronograma do projeto, custos,
qualidade, recursos, comunicações, aquisições, e as partes interessadas do projeto.
Essas áreas são apresentadas separadamente por razão didática, mas na prática elas se
misturam e uma decisão tomada em uma área costuma afetar as decisões de outras áreas. Por
exemplo, a decisão de reduzir a duração de certas atividades tomada na gestão do cronograma
pode afetar os recursos humanos e materiais alocados nas atividades, seus custos e a sua
qualidade.
Cabe à área de gestão da integração do projeto o papel de manter a consistência das decisões
e ações tomadas nas demais áreas do projeto para que ele possa alcançar os seus objetivos.
Apesar do esforço das pessoas envolvidas ser essencial para o sucesso de um projeto, a
organização deve procurar formas de obter bons resultados no desenvolvimento de projetos
de forma consistente. Dito de outra forma, o sucesso dos projetos desenvolvidos por uma
empresa não deve se assentar apenas no esforço pessoal dos envolvidos. Deve haver um
contexto organizacional que favoreça a gestão de projetos e que gere os resultados desejados
de forma regular. Assim, é importante que que os aspectos organizacionais da gestão de
projetos, aspectos que transcendem os limites de cada projeto, sejam tratados. Para que isto
ocorra é preciso implantar o gerenciamento de projetos como uma função organizacional, o
que pode ser feito, por exemplo, com a criação de uma área específica. Frequentemente esta
área recebe o nome de Escritório de Projetos, e suporta os projetos dentro da organização.
Um aspecto interessante a considerar é que os recursos são escassos, mas a demandas não.
Ideias, oportunidades e propostas para novos projetos precisam ser avaliadas antes de se
transformarem em projetos, já que não há recursos disponíveis para a realização de todas.
Procedimentos formais de avaliação e seleção de projetos devem ser adotados para que os
melhores projetos, os mais consistentes e alinhados com a estratégia da organização sejam
priorizados.
Por fim, devemos lembrar que uma empresa pode desenvolver mais de um projeto
simultaneamente. Várias empresas desenvolvem muitos projetos simultaneamente e, apesar
da importância com o desempenho de cada projeto, o sucesso da carteira de projetos é o
elemento chave. A realização de um projeto sempre envolve riscos, portanto, mesmo que
um projeto fracasse, o sucesso dos demais projetos da carteira pode ainda ser bem
significativo. Isto ilustra a importância da gestão de projetos como função organizacional
que, ao longo do tempo, perpassa os projetos realizados e a realizar.