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Técnico em

Transações
Imobiliárias

DESENHO ARQUITETÔNICO E T
T
NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL I
Técnico em
Transações
Imobiliárias

DESENHO ARQUITETÔNICO E
NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL
AUTOR
Mariana de Oliveira Rodrigues

Expediente Direitos Autorais

DIRETOR PRESIDENTE
Arnaldo Manoel Alves

DIRETORA DE OPERAÇÕES
Jaqueline Araújo

DIRETORA ESCOLAR
Maria Tereza N. Abdal S. Cunha INSTITUTO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETÁRIA ESCOLAR
Lisamar Delazeri Castro
Informamos que é de inteira
COORDENAÇÃO DE CONTEÚDO responsabilidade do(s) autor(es)
Ariane Francine Serafim a emissão dos conceitos.

REVISÃO
Nenhuma parte desta publicação poderá
Maria Tereza N. Abdal S. Cunha
ser reproduzida por qualquer meio ou
Ariane Francine Serafim
forma sem prévia autorização do IBRESP.
Valéria Serafim
Davi Bagnatori Tavares
A violação dos direitos autorais é crime
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO estabelecido na Lei 9.610/98 e punido de
João Carlos Rossi Fonseca acordo com o Art. 184 do Código Penal.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Sueli Costa CRB-8/5213

Rodrigues, Mariana de Oliveira


Desenho arquitetônico e noções de construção civil
[livro eletrônico] / Mariana de Oliveira Rodrigues. –
São Paulo: IBRESP, 2020.
106 p.

Formato: PDF
ISBN: 978-65-88399-07-1

1. Arquitetura 2. Desenho 3. construção civil


I. Título
CDD-728.28

Índice para catálogo sistemático:


1. Arquitetura 728.28

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Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

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Sumário
` AULA 1. FUNDAMENTOS DO DESENVOLVIMENTO
DA ARQUITETURA, PÁG. 11

` AULA 2. NORMAS TÉCNICAS E MATERIAIS UTILIZADOS EM


REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS DE PROJETOS, PÁG. 27

` AULA 3. ETAPAS DO PROJETO: ESCOLHA E COMPRA DO TERRENO,


ESTUDO PRELIMINAR, ANTEPROJETO, PROJETO LEGAL
E DE EXECUÇÃO, PÁG. 41

` AULA 4. LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO, PÁG. 57

` AULA 5. PROJETO DE ARQUITETURA: PLANTAS, FACHADAS,


CORTES E QUADRO DE ÁREAS, PÁG. 69

` AULA 6. PROJETOS COMPLEMENTARES, PÁG. 115

` AULA 7. PROJETOS DE INTERIORES, PÁG. 121

` GLOSSÁRIO, PÁG. 128

` REFERÊNCIAS, PÁG. 129

` REFERÊNCIAS DE FIGURAS, PÁG. 130

` GABARITO, PÁG. 131

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Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Mariana de Oliveira
Rodrigues
Especialista em Gestão
de Construções e Edifícios
Sustentáveis e Graduada
em Arquitetura e Urbanismo.

Tem experiência em Gestão de Construções e


Projetos Civis, Projetos de Restauro de Patrimônio
Histórico e Projetos Navais. Em 2009, ingressou no
Centro Paula Souza como professora de Ensino Téc-
nico para lecionar no Curso Técnico em Edificações.
Desde 2017 é Coordenadora de Projetos na Adminis-
tração Central do Centro Paula Souza, responsável
pelo Eixo Tecnológico de Infraestrutura.

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Apresentação
Caro(a) aluno(a),

Seja bem-vindo(a) ao componente curricular de Desenho Arquitetônico e Noções


de Construção Civil do curso Técnico em Transações Imobiliárias.

Sou a professora Mariana de Oliveira Rodrigues e neste componente curricular abor-


daremos os diversos assuntos da área de desenho arquitetônico e noções de construção
civil de maneira prática e adequada ao desempenho profissional do corretor de imóveis,
de modo que você consiga ler e interpretar plantas e projetos arquitetônicos para facilitar
a transação imobiliária.

Inicialmente o desenho técnico causa certa apreensão, já que é regido por muitas
normativas e detalhes. Mas também desperta a curiosidade do público em geral. Saber
ler e interpretar tais elementos pode propiciar um bom domínio do empreendimento a
ser comercializado, aumentando a chance de sucesso da transação imobiliária.

Bons estudos!

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Técnico em
Transações
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Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

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Objetivo de
aprendizagem
Interpretar tecnicamente os principais elementos de um projeto arquitetônico.

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Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

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Aula 1
Fundamentos do
Desenvolvimento da Arquitetura

Fundamentos
do Desenvolvimento
da Arquitetura
Caro(a) aluno(a),

Esta primeira aula vai proporcionar a você a familiarização com os fundamentos de alguns
conceitos de arquitetura para que possa compreender o Desenho Arquitetônico.

Além disso, apresentaremos um breve histórico da arquitetura e a relação entre a engenharia


e a arquitetura, considerando as atribuições específicas de cada área, de modo que, ao final desta
aula, você possa entender os conceitos e atribuições dos profissionais envolvidos em um projeto.

Para desenvolvimento desta aula, veremos:

` Fundamentos e história da arquitetura;

` Atribuições profissionais.

Vamos ao trabalho!

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DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

O que é Arquitetura?
Arquitetura é a arte de criar espaços para abrigar as atividades do homem obedecendo aos
seguintes critérios:

„ Funcionalidade;

„ Técnica;

„ Ergonomia;

„ Sustentabilidade;

„ Custos;

„ Conforto;

„ Estética.

A arquitetura pode ser considerada, portanto, um tipo de manifestação artística que reúne
construções e/ou edificações que apresentam um propósito ou finalidade.

Lúcio Costa (1995) definiu a arquitetura como:

Arquitetura é antes de mais nada construção, mas construção concebida com o


proposito primordial de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade
e visando à determinada intenção.

Figura 1 – Arquiteto Lúcio Costa e o seu projeto para a cidade de Brasília


Fonte: Arquivo Lucio Costa

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Aula 1
Fundamentos do
Desenvolvimento da Arquitetura

Desde o princípio, a arquitetura é a arte de edificar por meio de uma ciência dinâmica e ilimi-
tada em sua capacidade criadora, aliando as necessidades do homem primitivo com as atividades
fundamentais do homem, como:
A. Físicas: de abrigo;

B. Emocionais: de segurança e proteção;

C. Estéticas: de beleza e funcionalidade.

A necessidade primitiva de buscar um abrigo da chuva, vento, frio e predadores fez com que
os primeiros homens buscassem um local seguro. No início, os homens usavam as moradias
como locais transitórios, mas aos poucos mudaram sua maneira de viver e, consequentemente,
a maneira como se relacionavam com seus abrigos. Um exemplo são os desenhos encontrados
nas cavernas, a utilização de materiais mais permanentes para se protegerem, o trabalho com os
rebanhos recém-domesticados e uma agricultura rudimentar. Assim, por necessidade, o homem
deixou de ser migratório e começou a ser social. À medida que evoluiu, seus abrigos deixaram
de ser apenas locais de refúgio. O homem começou a se preocupar com a função e a estética
de seus refúgios. As edificações eram mais sólidas e duradouras, limpas, arejadas e sobretudo
belas. Exemplos são as pinturas rupestres das grutas de Altamira, na Espanha, e as construções
monolíticas de Stonehenge, na Inglaterra.

História da Arquitetura
Agora que você já sabe o que é arquite-
tura, vamos de forma breve entender sua
história.

A história da Arquitetura acompanhou


o desenvolvimento da sociedade, uma vez
que surgiu da necessidade de organizar e
adornar espaços, sobretudo os espaços
urbanos.

Em outras palavras, a arquitetura é uma


arte que surge da relação entre o homem
e o espaço, organizando os ambientes.

Figura 2 – Portal Túmulo do Período Neolítico


Fonte: Depositphotos

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Na Pré-História (desde o período neolítico), os homens começaram a desenvolver técnicas de


construção, dando origem a uma arquitetura rudimentar, com pedras, madeiras e, mais tarde, metais.

Assim, aos poucos, a arquitetura foi adquirindo um lugar de destaque na construção das so-
ciedades.

Desde a Antiguidade, diversos povos desenvolveram espaços arquitetônicos por meio da cons-
trução de templos, pórticos, tumbas, moradias, pontes, aquedutos, praças, entre outros.

Das civilizações da Antiguidade podemos destacar as arquiteturas romana, grega, egípcia, etrusca,
bizantina e persa.

Torna-se tarefa difícil apresentar a história da arquitetura mundial, uma vez que o desenvol-
vimento da arquitetura depende da cultura em que está inserida, donde cada uma apresenta
peculiaridades, segundo suas características histórico-sociais.

Arquitetura Egípcia
A civilização egípcia, umas das mais importantes da Antiguidade, foi marcada pela religião, que
influenciava a sua organização social, política, cultural, além de orientar a produção arquitetôni-
ca. As edificações egípcias de maior destaque eram de uso religioso, como templos e túmulos
(pirâmides, hipogeus e mastabas), que se perpetuaram ao longo da história.

As construções eram feitas com enormes blocos de pedra e outros materiais, como tijolos de
barro cozido, com o cuidado de serem adaptadas ao meio ambiente, conferindo a elas solidez
e durabilidade.

A arquitetura egípcia, com uma aparência grandiosa, expressa um sentimento de eternidade


e um aspecto misterioso e impenetrável.

Figura 3 – As pirâmides de Gizé, Egito


Fonte: Depositphotos

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Aula 1
Fundamentos do
Desenvolvimento da Arquitetura

Figura 4 – Parthenon em Atenas, Grécia


Fonte: Depositphotos

Arquitetura grega e romana


As arquiteturas grega e romana, embora apresentassem diferenças, se destacaram pela gran-
diosidade e luxo das construções, bem como por seu caráter público.

A arquitetura grega se desenvolveu a partir do século VIII a.C., enquanto a romana a partir do
século III a.C.

A arquitetura romana é inspirada na grega e, portanto, ambas têm pontos em comum. No


entanto, sem dúvida os templos da arquitetura grega têm maior destaque, como, por exemplo,
o Parthenon, em Atenas.

Já na arquitetura romana, os arcos, desconhecidos pelos gregos, compuseram as mais impor-


tantes construções, como o Coliseu, em Roma. Além dos arcos, o uso da abóbada e da cúpula
complementa a arquitetura romana.

Os materiais mais utilizados nas construções gregas eram pedras, mármore, madeira e calcá-
rio. Já os romanos utilizavam mármore, areia, madeira, gesso, calcário, pedras, tijolos, cimento
e ladrilhos.

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Arquitetura Medieval e Renascentista


A arquitetura medieval foi desenvolvida durante os séculos V e XV. Os principais estilos foram
o gótico, visigótico, paleocristão, moçárabe, mourisca, bizantino e românico. As principais cons-
truções realizadas foram igrejas, mosteiros e castelos.

Durante os séculos XVI, XVII e XVIII, a arquitetura renascentista destacava-se pelos estilos
maneiristas, barroco e neoclássico, com a introdução de técnicas de perspectiva, proporções e
planejamento. Da mesma forma que no período medieval, as principais construções arquitetô-
nicas do Renascimento são as igrejas e mosteiros.

Figura 5 – Arquitetura Medieval e Renascentista


Fonte: Depositphotos

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Aula 1
Fundamentos do
Desenvolvimento da Arquitetura

Arquitetura Moderna e Contemporânea


Com o desenvolvimento da socie-
dade e da tecnologia, a arquitetura foi
expandindo suas possibilidades, suas
técnicas e os materiais utilizados.

As arquiteturas moderna (século


XIX e XX) e contemporânea (século
XXI) destacaram-se pelo rompimen-
to com padrões e pelo surgimento de
inovações estéticas. Ambos os perío-
dos foram caracterizados por constru-
ções gigantescas e muito altas, como
os arranha-céus.

Muitos movimentos de vanguarda


foram fundamentais para consolidar o
novo conceito da arquitetura moder-
na, que muitas vezes está associada
ao design.

Figura 6 – Arquitetura Contemporânea em Hong Kong


Fonte: Depositphotos

Dos movimentos da arquitetura moderna, podemos citar a Bauhaus, Arts & Crafts, Inter-
national Style e a Art Nouveau. Nesse momento, a arquitetura apresenta preocupação
com a funcionalidade e com as causas sociais em detrimento da estética.

A arquitetura contemporânea ou pós-moderna propõe uma nova concepção,


baseada no ecletismo. Por esse motivo, é considerada vanguardista e engloba
as produções mais recentes. Alguns movimentos contemporâneos são:
arquitetura desconstrutivista e arquitetura hightech.

Figura 7 – Vista de Abu Dhabi


Fonte: Depositphotos

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Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

O que a arquitetura pode fazer?


Vamos agora conhecer algumas possibilidades da arquitetura:

1. Concepção e execução de projetos: arquitetura de edifícios e cidades, projetos de inte-


riores, paisagismo;

2. Patrimônio histórico: preservação, conservação, restauro;

3. Conforto ambiental: projetos para melhorias de condições climáticas, acústicas, de ilu-


minação e ergonomia;

4. Instalações: projetos referentes a equipamentos de uma edificação (hidráulica, elétrica etc.);

5. Tecnologia: resistência dos materiais, materiais de construção, patologias e meios para


recuperar as edificações;

6. Sistemas construtivos e estruturais: estruturas e aplicações tecnológicas;

7. Meio ambiente: soluções para diminuir o impacto ambiental, projetos para licenciamento
e utilização de recursos e desenvolvimento sustentável;

8. Topografia: elaboração e interpretação de levantamentos topográficos cadastrais;

9. Planejamento urbano e regional: intervenções dos espaços das cidades, projetos de in-
fraestrutura, saneamento, sistemas viários, estudos para parcelamento dos solos e plano
diretor das cidades.

Qual a relação entre


arquitetura e engenharia?
Bom, a arquitetura e engenharia são profissões complementares e que possuem a mesma
importância dentro de uma obra. Cada uma segue seu conselho de classe. O CREA (Conselho
Regional de Engenharia e Agronomia) rege e fiscaliza as atividades dos engenheiros e o CAU
(Conselho de Arquitetura e Urbanismo) rege e fiscaliza as atividades dos arquitetos. Temos ainda
o CRT (Conselho Regional dos Técnicos), que rege e fiscaliza as atividades dos técnicos industriais,
como os técnicos em edificações, desenhistas de arquitetura, entre outros.

O arquiteto, em suma, é o profissional que faz o planejamento da utilização do espaço de


forma racional, que se envolve com questões ligadas à estética, arte e conforto do usuário. Ele
é o profissional que cria o projeto da edificação, faz os trâmites de aprovação do projeto na
prefeitura e nos órgãos legais e, com os engenheiros, fiscaliza a obra para verificar que ela está

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Aula 1
Fundamentos do
Desenvolvimento da Arquitetura

sendo executada exatamente como foi planejada. Geralmente, é o primeiro profissional procurado
pelo cliente e é aquele que acompanhará as obras e todos os trâmites até a finalização da obra.

Os engenheiros, considerando as diversas habilitações, como os civis, calculistas, elétricos,


entre outros, buscam soluções técnicas para viabilização do projeto do arquiteto. Tratam da
execução do projeto arquitetônico e podem ser responsáveis por projetos complementares
(estrutural, hidráulico, elétrico, lógica, entre outros). O engenheiro é o profissional que está na
obra acompanhando e orientando as equipes de execução sobre questões técnicas e de aca-
bamentos. É o profissional que atua desde as movimentações iniciais (instalação de canteiro de
obras e fundações) até a conclusão da obra.

O exercício profissional do engenheiro está regulamentado pela Lei nº 5.194, de 24 de de-


zembro de 1966. De acordo com a lei:
Art. 1º As profissões de engenheiro, arquiteto e engenheiro-agrônomo são caracterizadas
pelas realizações de interesse social e humano que importem na realização dos seguintes
empreendimentos:
A ) aproveitamento e utilização de recursos naturais;
B ) meios de locomoção e comunicações;
C ) edificações, serviços e equipamentos urbanos, rurais e regionais, nos seus aspectos
técnicos e artísticos;
D ) instalações e meios de acesso a costas, cursos e massas de água e extensões terrestres;
E ) desenvolvimento industrial e agropecuário.

E o exercício profissional do arquiteto está regulamentado pela Lei nº 12.378, de 31 de de-


zembro de 2010
Art. 2o As atividades e atribuições do arquiteto e urbanista consistem em: 
I ) Supervisão, coordenação, gestão e orientação técnica; 
II ) Coleta de dados, estudo, planejamento, projeto e especificação; 
III ) Estudo de viabilidade técnica e ambiental; 
IV ) Assistência técnica, assessoria e consultoria; 
V ) Direção de obras e de serviço técnico; 
VI ) Vistoria, perícia, avaliação, monitoramento, laudo,
parecer técnico, auditoria e arbitragem; 
VII ) Desempenho de cargo e função técnica; 
VIII ) Treinamento, ensino, pesquisa e extensão universitária; 
IX ) Desenvolvimento, análise, experimentação, ensaio,
padronização, mensuração e controle de qualidade; 
X ) Elaboração de orçamento; 
XI ) Produção e divulgação técnica especializada; e 
XII ) Execução, fiscalização e condução de obra, instalação e serviço técnico.

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O projeto arquitetônico
Já sabe o que é um projeto arquitetônico? Se não, vamos aprender, pois, com certeza, em
suas atividades como corretor de imóveis você ouvirá falar sobre.

Então vamos lá:

Projeto arquitetônico é a concepção da arquitetura propriamente dita com base em um pro-


grama de necessidades (funções e expectativas espaciais) e em determinados meios de edificação,
com seus equipamentos, materiais e técnicas construtivas que melhor se adequa a situação e
preocupação com o meio ambiente e o conforto dos usuários da edificação.

É importante ressaltar aqui que o projeto arquitetônico bem pensado e desenvolvido é fun-
damental para a execução da obra, pois erro de projeto significa erro na execução da obra e
acarreta prejuízos financeiros e atraso de conclusão.

É importante lembrar que a qualidade do projeto evita:

1. Prejuízo financeiro e de tempo;

2. Desperdício de materiais;

3. Riscos para os usuários e equipe de mão de obra.

Mas para projetar existe um método?

E a resposta é: não! Projeto não é uma receita de bolo que possui ingredientes e execução
descritos passo a passo. Mesmo as receitas de bolo podem variar muito de um cozinheiro para
outro, não é mesmo?

Por isso, para projetar, podem existir guias, normas e informativos que auxiliam e dão um norte
para o projetista, mas não é algo prescritivo.

O ideal é reunir todas as informações que o profissional tem, como literaturas, referências
acadêmicas, observação do cotidiano, entrevistas e diagnósticos com o cliente, legislações e o
mais importante: a prática!

Ao projetar, o profissional deve reunir todas essas informações e alinhar com os seguintes
pilares para um bom projeto:

1. Funcionalidade: o projeto tem que ter uma forma e função e deve sempre considerar o
usuário. Exemplo: ao projetar uma casa para um casal com filhos pequenos, não é acon-
selhável projetar escadas com guarda-corpo de vidro ou grandes vãos sem proteção.

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Aula 1
Fundamentos do
Desenvolvimento da Arquitetura

O projeto é um conjunto de desenhos que correspondem à organização das funções


(atividades) que ocorrerão na edificação. Itens a serem levados em consideração ao se
realizar o projeto: dimensionamento, circulação, zoneamento e ergonomia.

2. Técnica construtiva: levar em consideração a localidade onde será feita a edificação e


optar por técnicas que se adequam mais à realidade. São procedimentos necessários
para a execução das obras: mecânica dos solos, fundações, materiais de acabamentos,
entre outros. Por exemplo: em locais muito quentes, não são aconselháveis projetos com
grandes vãos cobertos por vidros sem aberturas para a troca de calor.

3. Materiais empregados: ao projetar, é importante entender a rotina e a realidade dos clientes.


Não se devem aplicar materiais de difícil manutenção ou que sejam escassos na localidade.

4. Conforto: levar em consideração novamente a localidade. Em locais muito quentes, por


exemplo, o ideal é projetar de acordo com o norte magnético e a predominância dos
ventos para dispor os cômodos de acordo com a orientação do sol. Cômodos localizados
na face norte, por exemplo, tendem a ser mais quentes por causa de o sol bater neles nos
horários em que está mais forte.

5. Sustentabilidade: prever materiais que sejam abundantes e de fornecedores locais para


fortalecer a economia local e evitar custos com transportes, dar preferência aos materiais
ecológicos, sustentáveis e que sejam de empresas certificadas.

6. Custos: um bom projeto é aquele que é feito de acordo com a disponibilidade financeira
do cliente e com um bom cronograma de execução. A obra transcorre sem prejuízos e
atrasos de fornecimento de materiais.

7. Topografia: sempre levar em consideração as características topográficas do terreno e do


entorno onde será construída a edificação. Locais muito íngremes precisam de um estudo
mais detalhado para que as fundações sejam feitas de maneira correta. Um bom projeto
tira partido dessas características e as utiliza como parte da edificação.

8. Local: temos que considerar algumas características do local em que será implantada a
edificação, como: se existe acesso para o terreno, se tem ligação de energia e água/esgoto,
se o transporte de materiais consegue chegar com facilidade etc.

9. Estética: esse item leva em consideração os desejos do cliente. Temos que projetar de
acordo com as características e aspirações do que o nosso cliente imagina que seja bom
para ele. Cabe aos projetistas juntar todas essas informações e fazer um projeto harmônico.

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Resumindo, um bom projeto é a somatória dos itens:

Estética Espaço

Técnica Forma

Função

Saiba mais
Para saber mais detalhes sobre as atribuições das atividades
dos engenheiros e arquitetos, acesse estes links:

` CREA: http://www.creasp.org.br/institucional/legislacao-crea-sp
Ou escaneie o código

` CAU: https://transparencia.caubr.gov.br/legislacao/
Ou escaneie o código

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Aula 1
Fundamentos do
Desenvolvimento da Arquitetura

Para saber um pouquinho mais sobre a história da arquitetura, acesse este link:

` https://www.youtube.com/watch?v=lenK03TSzxI
Ou escaneie o código

IMPORTANTE:
` A arquitetura é a arte de edificar, uma ciência dinâmica e ilimitada em
sua capacidade criadora;
` A arquitetura aliou as necessidades fundamentais do homem: físicas,
emocionais e estéticas;
` Os órgãos regulamentadores que fiscalizam as atividades da construção
civil são o CREA (Conselho Regional de Engenharia) e o CAU (Conselho
de Arquitetura e Urbanismo).

TOME NOTA: para projetar, são necessários os seguintes pilares: funcionalidade,


técnica construtiva, materiais empregados, conforto, sustentabilidade, custos,
topografia, local e estética.

Síntese da aula
` Os fundamentos da arquitetura;

` Os diferentes estilos arquitetônicos;

` As atribuições dos profissionais envolvidos em todas as etapas de uma obra: os arquitetos,


os engenheiros (civis, elétricos, calculistas, entre outros) e os técnicos (edificações, desenho
de arquitetura, entre outros);

` Os fundamentos de um projeto de arquitetura.

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Aula 1
Fundamentos do
Desenvolvimento da Arquitetura

Exercícios
Vamos verificar se você compreendeu a matéria desta aula?

Caso tenha ficado com dúvidas, sugiro que retorne ao conteúdo da aula para revisar a matéria.

1. A arquitetura pode ser considerada “um tipo de manifestação artística que reúne construções e/ou
edificações que apresentam um propósito ou finalidade”. A afirmação pode ser considerada:
A. ( ) Verdadeira.
B. ( ) Falsa.

2. O homem primitivo procurava os abrigos porque esse era seu instinto de preservação. A afirmação
pode ser considerada:
A. ( ) Verdadeira.
B. ( ) Falsa.

3. O corretor de imóveis deve conhecer sobre estrutura de obras, para que possa sempre oferecer o
melhor serviço aos clientes.
De acordo com um levantamento feito pelo CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo), a principal
causa de erro na execução de uma obra é:
A. ( ) Materiais.
B. ( ) Manutenção.
C. ( ) Projeto mal dimensionado.
D. ( ) Tempo.
E. ( ) Espaço.

4. Os estilos arquitetônicos mostram o grau de evolução de um povo em épocas distintas. A afirmação


pode ser considerada:
A. ( ) Verdadeira.
Gabarito e respostas na página 131

B. ( ) Falsa.

5. Quais são os pilares que você, como corretor de imóveis, pode observar para saber se um projeto
foi bem feito?
A. ( ) Funcionalidade, técnica construtiva, materiais empregados, conforto, sustentabilidade, custos,
topografia local e estética.
B. ( ) Prejuízo, desperdício e riscos para o futuro morador.
C. ( ) Tempo, durabilidade, mão de obra.
D. ( ) Serviços de manutenção e materiais.
E. ( ) Patologias, materiais, mão de obra.

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Aula 2
Normas técnicas e materiais utilizados
em representações gráficas de projetos

Normas Técnicas e Materiais


Utilizados em Representações
Gráficas de Projetos
Caro(a) aluno(a),

Nesta aula, estudaremos a importância das normas técnicas que nos ajudam a desenvolver
um bom projeto e os principais materiais utilizados em desenho técnico. Lembre-se que esses
são os principais itens e que constantemente são atualizados.

Para o desenvolvimento desta aula, veremos:

` O que são NBR e ABNT;

` A lista das principais NBRs referentes ao desenho técnico;

` A lista dos principais materiais utilizados na representação gráfica.

Vamos lá!

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Técnico em
Transações
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Para facilitar a compreensão universal do projeto, todos os componentes de desenho de


arquitetura e engenharia são padronizados e normalizados em todo o país. Para isso, existem
normas específicas para cada elemento do projeto, como: caligrafia, formatos do papel e outros.
Conseguem-se melhores resultados quando são utilizados padrões que supostamente descre-
vem o projeto de maneira mais adequada e que permitem a sua compreensão e execução por
profissionais diferentes, independentemente da presença daquele que o concebeu.

Você sabe o que é ABNT?


A ABNT é a sigla para Associação Brasileira de Normas Técnicas, instituição brasileira que pa-
droniza normas de produtos e serviços para que garantam confiabilidade, segurança e eficiência.

Lista das principais NBRs


referentes ao desenho técnico
É importante que você conheça as principais normas técnicas que regem os projetos de
arquitetura para entendê-los melhor. Assim, quando você estiver negociando um imóvel, terá
condições de explicar para seu cliente alguns detalhes do projeto, demonstrando maior conhe-
cimento do empreendimento.

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Aula 2
Normas técnicas e materiais utilizados
em representações gráficas de projetos

De acordo com a ABNT:

Número Nome Descrição


Esta é a norma de desenho técnico que fixa as condições exigidas na hora de
8192 Emprego de escalas.
trabalhar o emprego de escalas e suas designações nos desenhos técnicos.
Estabelece os tipos e os escalonamentos de larguras de linhas
Aplicação, tipos de linhas e para desenho técnico e documentos semelhantes.
8403
largura das linhas.
Considera tipo, dimensão, escala e densidade de linhas no desenho.
Um dos destaques das normas para desenho técnico da ABNT desvenda objetos de
10067 Representação em desenho técnico.
um projeto e revela como as representações técnicas devem ser colocadas em prática.

Torna padrão as características dimensionais das folhas em branco e as


10068 Folha de desenho e Leiaute e Dimensões.
pré-impressas a serem aplicadas em todos os desenhos técnicos.

Refere-se à representação gráfica no desenho da característica do elemento


10126 Cotagem de desenho técnico.
por meio de símbolos; notas; valor numérico sob medida; linhas.

Norma referente à localização e disposição do espaço para desenho, texto e legenda.


10582 Apresentação da folha para desenho.
Orienta o arquiteto a compreender como os espaços numa folha devem ser preenchidos.

13142 Dobramento de cópia. São várias especificações acerca das normas para dobramentos de desenhos.

Define os efeitos de tons e sombras a partir de linhas,


12298 Hachuras.
quando apresentadas em desenho de corte.

Trata da representatividade gráfica dos projetos, mostra os parâmetros necessários


6492/94 Representação dos projetos de arquitetura.
para a aplicação do desenho correto e a compreensão dos elementos em uma planta.
Estabelece os procedimentos gerais e as diretrizes para a aplicabilidade e produção das
Elaboração e desenvolvimento de serviços
principais etapas de elaboração e de desenvolvimento dos serviços especializados de
técnicos especializados de projetos arquite-
16636-1 projetos técnicos profissionais, arquitetônicos e urbanísticos, considerando-se outras
tônicos e urbanísticos Parte 1: Diretrizes e
normas específicas e apropriadas, de acordo com as diversas especialidades envolvidas
terminologia.
em cada projeto.
Elaboração e desenvolvimento de serviços
técnicos especializados de projetos arqui- Especifica as atividades técnicas envolvidas no desenvolvimento
16636-2
tetônicos e urbanísticos Parte 2: Projeto do projeto arquitetônico, com foco em edificações.
arquitetônico.

TOME NOTA: conhecer as normas é muito importante para o corretor de imóveis.

Em todos os projetos de construção civil, mesmo partindo das ideias e necessidades do cliente
e do projetista, os desenhos devem seguir uma série de normas técnicas que auxiliam na leitura
correta do que está sendo representado no projeto, uma espécie de norte preciso.

Por exemplo, você, corretor de imóveis, foi contratado para realizar a transação imobiliária de
um empreendimento que ainda vai ser construído, ou seja, comercializar um empreendimento
que está na planta, apenas projetado. Assim, você precisará saber ler o projeto. Portanto, as nor-
mas técnicas são necessárias para que o profissional interprete facilmente todos os conjuntos
de desenhos representados nos projetos.

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Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

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Aula 2
Normas técnicas e materiais utilizados
em representações gráficas de projetos

Principais materiais utilizados


na representação gráfica
de projetos técnicos
Agora vamos conhecer os principais materiais que são utilizados pelo projetista no momento
da elaboração do projeto arquitetônico.

Você deve estar se perguntando: “Por que eu, como corretor de imóveis, devo conhecer esses
materiais?”

E eu te respondo: os materiais utilizados influenciam no resultado do projeto. Por isso, você


compreender a sua concepção, tendo em vista os materiais utilizados, ajudarão você na hora da
leitura do projeto, facilitando a sua atuação como corretor de imóveis.

Então vamos lá conhecer cada um deles?

Mas, antes de iniciarmos o estudo dos materiais, é importante você saber que com o advento
dos softwares de desenho assistido por computador (CAD) e com as novas metodologias de mo-
delagem 3D (3 dimensões) e de modelagem de informações (sistema BIM – Building Information
Modeling ou, em português, modelagem da informação da construção), desenhos feitos à mão
têm caído em desuso, mas ainda é uma prática muito importante.

A seguir vamos ver uma lista dos principais materiais utilizados e sua correta utilização:

Lapiseiras técnicas
A função da lapiseira técnica é auxiliar a criação de traços mais finos e precisos, em
comparação aos traços feitos por lápis. Seu corpo foi criado especificamente para se en-
caixar nos esquadros e réguas, facilitando o traçado preciso e uniforme.

As lapiseiras possuem espessuras variadas. Vão desde a mais fina, de 0,2 mm, até a mais
grossa, de 5,6 mm.

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Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Grafites
As grafites têm graus de dureza variáveis e são utilizadas conforme o desenho que está
sendo executado: de 9H a 9B. As grafites são classificadas pela sua dureza – da mais suave
(macia) para a mais dura. Essa classificação foi criada por um fabricante de lápis inglês no
início do século XX. A dureza da grafite é classificada em 4 grupos:
B – A grafite mais macia. O B representa “blackness” (negritude);
H – A grafite mais dura. O H representa “hardness” (dureza);
F – Uma grafite de ponta mais fina. O F significa “fine” (ponta fina);
HB – Grafite mais comumente utilizada para escrita. É a intermediária entre a mais
macia e a mais dura.

Segue a escala da mais rígida para a mais macia:


9H 8H 7H 6H 5H 4H 3H 2H H F HB B 2B 3B 4B 5B 6B 7B 8B 9B

Exemplos:
9H é mais dura que o H;
9B é mais suave que o B.

Borracha
O ideal é usar uma borracha macia, compatível com o trabalho, para evitar danificar a
superfície do desenho. Existem no mercado modelos de borrachas em formatos variados.
Para usar em detalhes, o indicado é o modelo de caneta.

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Aula 2
Normas técnicas e materiais utilizados
em representações gráficas de projetos

Esquadros
Esquadros são o conjunto de duas peças de formato triangular, uma peça com 2 ângulos
de 45º e outra peça com ângulos de 30º e 60º.

Essas 2 peças são denominadas de “jogo de esquadros” quando são de dimensões


compatíveis. São equipamentos para a criação de linhas verticais, horizontais e inclinadas,
e seu uso é combinado com a régua paralela ou régua T.

Escalímetro
O escalímetro é um instrumento destinado à marcação de medidas na escala do dese-
nho e pode ser encontrado em dois tipos de graduações de escalas. A mais comumente
utilizada em desenho técnico arquitetônico é a que marca as seguintes escalas: 1/20, 1/25,
1/50, 1/75, 1/100 e 1/125. Por ser um instrumento de precisão, nunca deve ser utilizado
para o traçado de linhas, porque, ao se traçar uma linha apoiada no escalímetro, tira-se
as marcações feitas no equipamento e assim ela perde a precisão e se torna inutilizável.

De acordo com a NBR 8196, norma de desenho técnico que fixa as condições exigidas
na hora de trabalhar o emprego de escaladas e suas designações nos desenhos técnicos,
escala é a representação de qualquer tipo de proporção de objetos, seja ele linear ou não
linear.

Representadas por “Esc”, elas são inseridas na legenda do projeto e podem ser de três
tipos, lembrando, pela regra, que as escalas listadas a seguir podem ser reduzidas ou am-
pliadas à razão de 10, conforme os tipos de escala.

Os três tipos de escalas no desenho técnico:


` Redução: 1:2; 1:5, 1:10;
` Natural: 1:1;
` Ampliação: 2:1, 5:1, 10:10.

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Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Compasso
O compasso é um instrumento que serve para traçar circunferências, arcos de circun-
ferências e criar ângulos. Ele deve ser preciso e sem folgas nas suas hastes.

Gabaritos
Os gabaritos são réguas em plástico ou acrílico, com elementos diversos vazados, que
possibilitam a reprodução dessas formas nos desenhos. Como exemplo, o gabarito de
circunferências ou, como é comumente chamado, “bolômetro”, é útil para agilizar e man-
ter precisa a criação de círculos no desenho. Outros gabaritos muito utilizados são os de
equipamentos sanitários/hidráulicos e de mobiliário. Podem ser encontrados em diversas
escalas preestabelecidas (a mais comum é a escala 1:100).

34
Aula 2
Normas técnicas e materiais utilizados
em representações gráficas de projetos

Régua paralela
A régua paralela é destinada ao traçado de linhas horizontais paralelas no sentido do
comprimento da prancheta e a servir de base para o apoio dos esquadros para traçar linhas
verticais ou com determinadas angulações. Pode ser substituída pela régua T na pranche-
ta, que nada mais é que uma régua com um dispositivo na sua extremidade que permite
que se encaixe na lateral da prancheta e deslize sobre o desenho de maneira paralela ao
comprimento da prancheta.

Prancheta
Geralmente de madeira e com formato retangular, a prancheta é o local em que as folhas
de papel nas quais será feito o desenho são fixadas. Para proteção, recomenda-se cobrir
as pranchetas com vinil verde ou branco. As pranchetas podem ser articuladas, fixas ou
portáteis. Suas dimensões podem variar. Existem desde pranchetas portáteis, de tamanho
A4 e A3, até de tamanhos maiores que as folhas A0.

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Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Ferramentas computacionais
para desenho técnico
Atualmente, a grande maioria dos projetos é executada em meio digital (de acordo com
o Decreto nº 10.306/2020, todos os projetos para órgãos e entidades públicas devem ser
entregues de acordo com o sistema BIM – Building Information Modeling ou, em português,
modelagem da informação da construção). Os softwares mais conhecidos e utilizados são
o Autodesk Autocad, o Sketchup e o Autodesk Revit.

Existem outros programas mais avançados, como o Vector Works, Autodesk 3dMax,


Vray, Kerkythea, Lumion etc., que vêm ganhando muito espaço no mercado devido aos
recursos avançados e de otimização de tarefas.

Apesar das facilidades para melhoria de qualidade dos projetos, produtividade e norma-
tização oferecidas por esses recursos, precisamos ter uma boa base de desenho técnico
executado à mão, pois é com essa base que se extrai o melhor que esses softwares podem
oferecer.

Caro(a) aluno(a), vimos até aqui a importância de conhecer as normas regulamentadoras


que podem te ajudar a explicar o projeto com mais detalhes para seu cliente. Vimos um pouco
também dos equipamentos necessários para se fazer um projeto.

IMPORTANTE:
O órgão que regulamenta as normas brasileiras se chama ABNT – Asso-
ciação Brasileira de Normas Técnicas;
Hoje os projetos são realizados, na sua grande maioria, com o auxílio de
ferramentas computacionais, entre elas o Autodesk Autocad, Autodesk
Revit, Sketchup, entre outros.

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Aula 2
Normas técnicas e materiais utilizados
em representações gráficas de projetos

Síntese da aula
` A ABNT é um sistema de padronização que serve de base para os desenhos
técnicos, garantindo qualidade e facilidade de leitura e interpretação;

` Existem mais de 10 normas técnicas relacionadas ao


desenho técnico para o projeto arquitetônico;

` Existe uma infinidade de materiais para auxiliar o projetista no desenho técnico.

Saiba mais
Para mais informações sobre as normas, acesse o link:

` http://www.abnt.org.br/normalizacao/lista-de-publicacoes/abnt
Ou escaneie o código

Sobre materiais de desenho Sobre os programas para desenho


e técnicas: em computador:

` https://www.youtube.com/ ` https://www.youtube.com/
watch?v=PpIKgmotW10 watch?v=lenK03TSzxI
Ou escaneie o código Ou escaneie o código

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Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

38
Aula 2
Normas técnicas e materiais utilizados
em representações gráficas de projetos

Exercícios
Vamos verificar se você compreendeu a matéria desta aula?

Caso tenha ficado com dúvidas, sugiro que retorne ao conteúdo da aula para revisar a matéria.
1. A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) regulamenta uma série de NBRs (Normas
Brasileiras Regulamentares) para garantir uma padronização na execução e leitura dos projetos
técnicos. Essa afirmação é:
A. ( ) Verdadeira.
B. ( ) Falsa.

2. A respeito da NBR 6492:1994 (ABNT, 1994), você, corretor de imóveis, deverá saber que é a norma
mais importante para os projetos técnicos de arquitetura, pois trata mais especificamente de:
A. ( ) Especificações de normas para dobramentos de desenhos.
B. ( ) Representatividade gráfica no desenho da característica do elemento por meio de símbolos,
notas, valor numérico sob medida, linhas.
C. ( ) Representatividade gráfica dos projetos, mostrar os parâmetros necessários para a aplicação
do desenho correto e a compreensão dos elementos em uma planta.
D. ( ) Especificação de atividades técnicas envolvidas no desenvolvimento do projeto arquitetônico,
com foco em edificações.
E. ( ) Regulamentação dos memoriais descritivos.

3. Qual ferramenta que você, corretor, poderá utilizar para transferir medidas que estão em desenho
para medidas reais na obra:
A. ( ) Compasso.
B. ( ) Transferidor.
C. ( ) Lapiseira.
D. ( ) Gabarito.
E. ( ) Escalímetro.

4. Quais são os tipos de escalas utilizadas no desenho técnico que você, como corretor de imóveis,
Gabarito e respostas na página 131

poderá encontrar em um desenho de um imóvel que ainda não foi construído?


A. ( ) Redução, ampliação, natural.
B. ( ) Digital e analógica.
C. ( ) Matemáticas e ampliação.
D. ( ) Artística e natural.
E. ( ) Milimétrica e redução.

5. É correto afirmar que o corretor de imóveis precisa ter pleno domínio de ferramentas computacionais
de desenho técnico?
A. ( ) Sim.
B. ( ) Não.

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Técnico em
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Aula 3
Etapas do projeto

Etapas do Projeto: escolha e


compra do terreno, estudo
preliminar, anteprojeto,
projeto legal e de execução
Caro(a) aluno(a),

Até aqui estudamos sobre o que é arquitetura, sua história e as principais normas regulamen-
tadoras que regem os projetos, além de algumas ferramentas de desenho. Mas para que estamos
estudando tudo isso?

Todo projeto é fruto de uma mistura de normas e repertório (quando falamos em repertório,
estamos nos referindo ao conjunto de informações que o projetista vai acumulando ao longo do
processo do projeto para usar no seu desenho, como se fosse uma pasta de inspirações). Após
essa etapa, o projeto segue uma ordem de processo para que a ideia inicial, que o projetista ali-
nhou com seu cliente, seja aprovada pela prefeitura e fique pronto para que você possa vender
para seu cliente.

O corretor de imóveis precisa saber ler as plantas dos projetos arquitetônicos dos imóveis
que irá mostrar para seus clientes para que possa apresentar as especificidades e detalhes. Isso
acontece principalmente quando a construção do imóvel ainda não teve início ou quando ele
está sendo construído.

Você, como corretor de imóveis, certamente fará visitas com seus clientes em obras e em-
preendimento. Para tanto, é necessário que saiba fazer a leitura de um projeto arquitetônico e
entenda como ocorre o andamento de um projeto na construção civil.

É isso que você verá nesta aula, e assim demonstrará conhecimento e profissionalismo para
seu cliente.

Bons estudos!

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Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Para o desenvolvimento desta aula, veremos:

` O que é um projeto de arquitetura;

` As etapas de um projeto e seus detalhes;

` O plano diretor e o código de obras.

Agora vamos aprender as etapas do projeto, mas primeiro precisamos entender o que seria
um projeto de arquitetura.

O projeto de arquitetura é um conjunto de desenhos técnicos, representações gráficas e do-


cumentos usados na construção ou reforma de alguma edificação (pode ser uma casa, edifício,
pontes, estradas etc.).

Podemos diferenciar os tipos de projetos em:

„ Residenciais: casas e apartamentos;

„ Comerciais: restaurantes, clínicas, lojas etc.;

„ Empresariais ou corporativos: escritórios e empresas;

„ Institucionais: escolas, museus, hospitais, fóruns e obras governamentais em geral.

Ao realizar um projeto, o profissional precisa seguir os procedimentos determinados em duas


normas da ABNT. Por isso, o corretor de imóveis precisa saber quais são, para que possa ter a
certeza de que está comercializando imóveis que seguem todas as normas.

Vamos saber quais são elas:

„ ABNT/NBR 13532 – Elaboração de projetos de edificações – Arquitetura;

„ ABNT/NBR 6492 – Representação de projetos de arquitetura.

Além de todas as informações e normas, existe uma sequência de ações que deve ser realizada
e que é importante para o melhor andamento do projeto, de acordo com a NBR 13563/95 (que
dispõe sobre a elaboração de projetos de edificações em arquitetura), que pode ser descrita de
acordo com:

42
Aula 3
Etapas do projeto

Levantamento de Dados (LD)


Após vistoriar o local e sua vizinhança, o profissional que fará o projeto tem que analisar os
seguintes itens:

A. As dimensões do terreno e de edificações já existentes, se for o caso;

B. A topografia;

C. A posição em relação ao sol;

D. A infraestrutura da região;

E. A escritura do terreno ou planta original.

Nessa etapa, deve-se fazer um levantamento de dados para identificar se o terreno está prepa-
rado para receber a obra. Os itens a serem identificados são: a metragem do terreno, as cotas de
níveis, as condições do terreno – topográfica e ambiental –, qual a orientação do sol em relação
ao terreno – condição importante para garantir o conforto térmico da edificação.

Em muitos casos, o profissional tem que solicitar um levantamento topográfico planialtimé-


trico, que nada mais é que uma planta exata do terreno feita por um topógrafo profissional ou
técnico em agrimensura.

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Técnico em
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Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Esse levantamento é importante, pois traz segurança e precisão ao profissional que irá fazer o
projeto. Prevê possíveis problemas relacionados ao terreno, antecipando a realização dos ajustes
no projeto, antes que as mudanças não sejam mais possíveis. Com isso, evitam-se gastos des-
necessários com retrabalho e o atraso de conclusão da obra.

É muito importante conhecer detalhadamente as medidas e os detalhes geográficos do terre-


no para poder assessorar seu cliente na escolha do que for mais adequado às necessidades dele.

No caso de visitas a obras já prontas, é necessário avaliar alguns pontos a mais, como:
` Características gerais do uso do espaço;
` Características gerais das ruas e arredores da obra;
` Histórico do bairro;
` Construções e reformas em andamento nos arredores;
` Características dos imóveis vizinhos.

Nesse momento, além de todos esses levantamentos, é interessante realizar um levantamento


fotográfico para o registro visual do andamento da obra, deixando assim a documentação do
terreno bem detalhada, o que facilita o acesso às informações no momento da comercialização.

Programa de Necessidades (PN)


O programa de necessidades (ou briefing) é criado nas primeiras reuniões do corretor de
imóveis com o cliente.

Nesta etapa, o corretor de imóveis precisa reunir o maior número de informações possíveis
sobre os objetivos do cliente. Em um projeto residencial, por exemplo, é necessário saber o
número de cômodos, o tamanho aproximado de cada ambiente, a quantidade de moradores,
entre outras informações.

Alguns profissionais criam uma espécie de checklist de perguntas predefinidas para ajudar a
levantar todos os dados, procedimento considerado essencial para começar a buscar o imóvel
que melhor se encaixa nas necessidades do cliente.

Os profissionais mais experientes, em uma espécie de bate-papo informal, já conseguem extrair


de maneira sutil todas as informações e desejos do cliente, até mesmo aquelas mais delicadas,
como verba disponível, prazos e rotina da família que irá ocupar a casa, que são itens de suma
importância para comercializar um imóvel.

Após o fechamento do contrato com os valores e prazos, é hora de partir para as análises
técnicas do empreendimento.

44
Aula 3
Etapas do projeto

Estudo de Viabilidade (EV)


O estudo de viabilidade é uma análise técnica da viabilidade de um empreendimento ou
edificação. São avaliados:

A. A área do terreno;

B. Sua localização dentro do zoneamento da cidade;

C. Os parâmetros urbanísticos determinados pelo Plano Diretor do Município, que define


os recuos, uso do solo, gabarito de altura, taxa de ocupação e aproveitamento etc.

O resultado do estudo é um relatório técnico sobre o que se pode e o que não se pode edi-
ficar em determinado local, e é nesse momento que se verifica se o que vai ser construído ou
reformado está de acordo com o Plano Diretor e com o código de obras da cidade. Esta etapa é
muito importante, pois, de acordo com a legislação vigente nas cidades, existem atividades que
não podem ser exercidas em determinados locais. A legislação regulamenta e acaba interferindo
também no tamanho dos recuos, altura máxima permitida da edificação, necessidade de dispor
de equipamentos especiais como lixeiras, vagas especiais etc.

Para o corretor de imóveis, esses documentos são muito importantes. Tê-los em mãos facilita
muito a busca de um imóvel que seja exatamente o que seu cliente quer.

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Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Por exemplo: seu cliente irá abrir uma padaria e você o auxiliará na busca do melhor imóvel
para esse empreendimento. Seu cliente gostou muito de um imóvel, porém, antes de fechar o
negócio, é fundamental saber se naquele local a prefeitura do município permite esse tipo de co-
mércio, de acordo com o código de obras e o plano diretor, que abordaremos logo na sequência.

O que é Plano Diretor?


Plano Diretor é o documento que define a política de desenvolvimento de um muni-
cípio. Geralmente, é revisto a cada quatro anos, dependendo da legislação do município.
Portanto, não é definitivo e o seu principal objetivo é orientar o poder público e a iniciativa
privada sobre quais os rumos para o desenvolvimento na construção dos espaços urbanos
e rurais de cada município, priorizando o desenvolvimento, bem-estar e segurança dos
munícipes durante o crescimento das cidades. 

A altura máxima de uma obra em determinado local, a taxa de ocupação e o coeficiente


de aproveitamento são algumas das informações encontradas neste documento, que irá
auxiliar o corretor de imóveis a buscar a melhor localidade para os seus clientes, oferecendo
um imóvel, terreno ou empreendimento que esteja adequado à legislação local, evitando
futuros problemas com fiscalização.

O que é Código de Obras? 


O Código de Obras são normas técnicas municipais que regulamentam as regras para a
construção e tem como objetivo garantir alguns fatores que contribuem para o bem-estar
da área urbana e rural de um município.

Cada cidade tem seu código de obras específico e, antes de projetar, o profissional deve
entrar em contato com a secretaria de obras da sua cidade para obter esse documento,
pois nele estão descritas as normas técnicas para todo tipo de construção a ser feita no
município. Esse documento tem o objetivo de garantir o conforto do usuário, a acessibi-
lidade de pessoas com problemas de mobilidade, entre outros itens.

Esse documento também determina a metragem mínima de cada cômodo e o tama-


nho mínimo exigido de aberturas (janelas), assim como especifica a quantidade de vagas
normais e especiais por tipo de construção e por tamanho do empreendimento.

O corretor de imóveis deve estar atento à legislação do município para explicar para
seus clientes tais detalhes. Exemplo: a quantidade de vagas para idosos e portadores de
necessidades especiais é assegurada por esse documento, que fixa essa quantidade de
acordo com o tamanho do imóvel. O não cumprimento dessa lei pode gerar multas e até
embargo da obra, além de fechamento do estabelecimento.

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Aula 3
Etapas do projeto

Estudo Preliminar (EP)


Com o programa de necessidade já bem definido e a análise de viabilidade do local, o estudo
preliminar constitui o início da solução arquitetônica proposta para a obra.

Cada projetista tem uma espécie de rotina no processo de criação, porém todos os projetos
começam com a setorização dos cômodos a serem criados em seus croquis e perspectivas
volumétricas, sem preocupação de estarem nas suas medidas finais.

Quando falamos em setorização, estamos dizendo que basicamente uma edificação contém
os seguintes setores:

„ Íntimo (os dormitórios, suítes, closets etc.);

„ Social (salas, lavabos, área de lazer etc.);

„ Serviço (cozinha, lavanderia etc.).

Além disso, nesse momento, são utilizadas algumas referências projetuais (outros projetos
que sirvam de inspiração). Aqui é importante que o projetista esteja alinhado com as ideias e
necessidades do cliente para que possa partir para as etapas seguintes do projeto. É nessa etapa
que o profissional usará sua criatividade para projetar.

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Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

A criação de croquis é muito bem-vinda para estimular o surgimento de ideias e para dar início
às primeiras plantas baixas, maquetes 3D e outras representações gráficas do projeto.

Dominar os principais programas de arquitetura, como o Sketchup, Autocad, Revit e 3dmax, é


importante para que o projetista consiga criar uma representação realística e encantar o cliente.

É com esses softwares que são criadas as imagens foto realísticas apresentadas nos stands
de venda de imóveis que ajudam seu cliente a entender melhor os tamanhos dos cômodos para
a disposição dos móveis. Muitas construtoras e imobiliárias já estão utilizando tecnologias que
permitem ao cliente usar óculos especiais de realidade virtual para “andar” pelo empreendimento
sem sair do escritório. Essas técnicas ajudam muito no momento da venda. Dessa forma, o cliente
consegue entender e vivenciar de maneira virtual o ambiente em questão.

Anteprojeto (AP)
Depois que o conceito inicial do projeto foi aprovado pelo cliente, o projetista inicia a próxima
etapa, o Anteprojeto, que constitui a configuração final da solução arquitetônica proposta para
a obra.

Podemos pensar que o Anteprojeto é a etapa de aprofundamento do estudo. O projetista re-


colhe as informações obtidas e criadas no estudo preliminar e as coloca em medidas já definidas
para o projeto. É nesse momento que o projetista define aspectos mais técnicos da obra para
garantir um bom projeto executivo e posterior execução.

Os projetos criados nessa etapa, de modo geral, são:

A. Plantas baixas (com as especificações de cada ambiente);

B. Plantas de cobertura;

C. Plantas de cortes;

D. Plantas de fachadas;

E. Planta de localização do terreno;

F. Planta de situação;

G. Maquete 3D final.

É importante que você, futuro corretor de imóveis, saiba diferenciar cada tipo de desenho
que compõe o projeto, pois, em algumas ocasiões, você será o profissional que explicará para o
cliente a planta de um imóvel que talvez ainda nem tenha começado a ser construído.

48
Aula 3
Etapas do projeto

É importante que todas as alterações de projeto sejam realizadas nesse momento, pois as
mudanças nas fases posteriores gerarão retrabalho e, consequentemente, custos e prazos adi-
cionais para o cliente.

É nesse momento que o profissional começa a pensar nos projetos complementares, que
são, entre outros:
A. Estruturais;

B. Hidrossanitários;

C. Elétricos;

D. De automação;

E. De ar-condicionado;

F. De proteção contra incêndio.

Para criar esses projetos complementares, é interessante contratar profissionais específicos


para cada tipo de assunto (engenheiros calculistas, elétricos etc.). Cada profissional valida o pro-
jeto e faz uma compatibilização projetual. Assim, quando o projeto for executado, não haverá
interferências, como uma tubulação de esgoto passando no meio de uma viga estrutural, que,
por sua vez, não pode ser alterada para passar essa tubulação. É nesse momento que serão feitas
todas as alterações e adições ao projeto, pois, se isso for feito na fase executiva, demandará mais
tempo para os ajustes, resultando em aumento de custos.

Após a aprovação do material, é hora da parte mais burocrática do processo. Sabendo desses
detalhes, você poderá explicar para seu cliente em que fase o projeto ou a obra estão demons-
trando assim interesse e preocupação com ele.

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Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Projeto Legal (PL)


Chegamos à parte burocrática das etapas de um projeto. Chamamos de Projeto Legal aquele
que passou por todo o trâmite anterior para aprovação da prefeitura, portanto atende, além das
exigências contidas no programa de necessidades estabelecidas com o cliente no estudo preli-
minar, o Anteprojeto já com as exigências legais (normas técnicas de acordo com o município).
As pranchas (nome que se dá às folhas impressas do projeto) impressas (ou digitais, dependendo
do município) devem ser formatadas segundo os padrões exigidos pela Prefeitura do Município
e seus órgãos fiscalizadores para que o projeto seja aprovado e, assim, a obra autorizada possa
ser executada.

Cada município tem legislação própria, com exigências e normas específicas. De modo geral,
o projetista precisa entregar todos os documentos exigidos para a aprovação.

Então, vamos conhecer os documentos que são usualmente exigidos no processo de apro-
vação:

A. Projeto impresso em folha A1 com carimbo padrão de cada prefeitura, em escala 1/100
e contendo plantas baixas, cobertura, cortes, elevações e todas as peças gráficas para
o correto entendimento do fiscal. Geralmente são exigidas duas cópias assinadas pelo
proprietário e pelo profissional autor do projeto;

B. Requerimento padrão da prefeitura;

50
Aula 3
Etapas do projeto

C. Cópia do documento de propriedade do imóvel (certidão de matrícula no cartório de


registro de imóveis ou do compromisso de compra e venda);

D. Documento de responsabilidade técnica do autor do projeto, que pode ser:

` ART – Anotação de Responsabilidade Técnica, que é emitida


pelo engenheiro, que registra seus serviços junto ao CREA –
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, ou;

` RRT – Registro de Responsabilidade Técnica, que é emitida pelo arquiteto, que


registra seus serviços junto ao CAU – Conselho Regional de Arquitetura;

E. Duas cópias do memorial descritivo da obra assinado pelo proprietário e pelo autor do
projeto (neste documento, é descrita toda a obra, quais materiais serão utilizados e quais
técnicas construtivas serão empregadas);

F. Cópia do espelho do IPTU (folhas que contenham o endereço do imóvel e o ano da


construção).

ATENÇÃO: poderão ser solicitados outros documentos específicos ao longo da


análise do projeto, como o estudo de eia/rima, que é um estudo de impacto ambiental.

SAIBA MAIS:
Com esse material, o responsável da prefeitura que fará a avaliação poderá checar
se tudo está de acordo com as normas do município.

Caso falte alguma informação ou algum ponto não esteja de acordo com as exigências,
o projeto volta para o profissional responsável. É o chamado “comunique-se”.

É importante destacar que reformas de interior de apartamentos, casas, lojas etc.


não precisam de aprovação da Prefeitura. No caso de apartamentos, é necessária
apenas a aprovação do condomínio e da ART.

Nesta etapa, o corretor de imóveis atuará mais diretamente com os outros profissionais
envolvidos. Para obter a autorização da prefeitura e dos órgãos regulamentadores,
são necessários diversos documentos, entre eles o contrato de compra e venda do
imóvel, o espelho do IPTU com o nome do proprietário, entre outros.

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Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Projeto para Execução (PE)


O Projeto para Execução é a última etapa de todo o processo do projeto. É quando o projeto
sai do papel e torna-se realidade.

É uma das fases mais trabalhosas para o projetista, pois trata-se de projetos minuciosos, em
que é feito todo o detalhamento construtivo do projeto, permitindo que a obra seja executada
exatamente como foi projetada.

Trata-se de um conjunto de documentos técnicos (memoriais, desenhos e especificações)


necessários à execução da obra. É nele que o profissional especifica dimensões, acabamentos,
materiais, sistemas construtivos, tipologias, pontos hidráulicos e estruturas gerais.

Explicando de forma mais simples, o projeto executivo é composto das plantas que vão para
o canteiro de obras.

É nesse momento que se somam os resultados dos projetos complementares e se executa


a compatibilização entre eles. É de extrema importância que todos os desenhos de arquitetura
sejam revisados e que se atualizem as posições e as dimensões exatas de cada elemento cons-
trutivo (aberturas de vãos – portas e janelas, vigas, pilares etc.). É nele que o projetista especifica
os materiais que serão utilizados (revestimentos, torneiras, cubas, móveis), as dimensões dos
elementos construtivos, tipologias, pontos hidráulicos e de iluminação, enfim, fornece os detalhes
necessários para a execução do projeto.

As pranchas detalhadas do projeto são enviadas para o canteiro de obras e ficam sob respon-
sabilidade do mestre de obras e do responsável técnico pela execução. Muitas empresas adotam

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Aula 3
Etapas do projeto

o costume de deixar fixos em uma parede todos os projetos para que os profissionais envolvidos
estejam cientes de todos os detalhes executivos da obra.

É de extrema importância que a obra não se inicie sem que todas as plantas do projeto exe-
cutivo estejam concluídas, revisadas e entregues à equipe responsável por sua execução.

Apesar de todas as fases citadas serem comuns na realização de um projeto, é importante dizer
que cada projeto e cada profissional são únicos, e, dependendo das particularidades de cada um,
pode haver variações nas etapas. Além disso, vale lembrar também que essas fases são aplicadas
a todos os tipos de edificações: habitacionais, educacionais, culturais, religiosos, comerciais,
industriais, administrativos, esportivos, de saúde, de lazer, de comunicação, de transporte etc.

Esse processo pode variar também de acordo com o tipo de projeto, necessidades de cada
cliente e processos internos da empresa.

Entender as etapas de um projeto é importante para que você saiba como o projeto foi criado.
Conhecer as normas e regras (entender código de obras e plano diretor é essencial para oferecer
o melhor imóvel para seu cliente), assim como entender os desenhos que compõem o projeto,
possibilita que você visualize o que será construído.

IMPORTANTE: a sequência para projetar geralmente é: levantamento de


dados, programa de necessidades, estudo de viabilidade, estudo preliminar,
anteprojeto, projeto legal e projeto executivo.

Saiba mais
Para saber mais sobre roteiros de desenvolvimento
do projeto de arquitetura, acesse o link:

` http://www.iab.org.br/sites/default/files/
documentos/roteiro-arquitetonico.pdf
Ou escaneie o código

53
Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Síntese da aula
` Podemos diferenciar os projetos em: residenciais, comerciais, empresariais ou corporativos
e institucionais;

` Plano diretor é o documento que trata da política de desenvolvimento de um município, que


regulamenta usos, recuos, taxas de ocupação, alturas, entre outros aspectos importantes
da construção;

` O Código de obras é o conjunto de normas técnicas municipais que regulamentam as


regras para a construção;

` De acordo com a NBR 13563/95 (que dispõe sobre a elaboração de projetos de edificações
em arquitetura), as etapas para a elaboração de um projeto podem ser resumidas em:
levantamento de dados, programa de necessidades, estudo de viabilidade, estudo preliminar,
anteprojeto, projeto legal e projeto para execução.

Exercícios
Vamos verificar se você compreendeu a matéria desta aula?

Caso tenha ficado com dúvidas, sugiro que retorne ao conteúdo da aula para revisar a matéria.

1. Imagine que você, corretor de imóveis, foi contratado para fazer o levantamento de dados iniciais
de um terreno. Seu cliente quer avaliar se vale a pena comprar em uma determinada localização
para construir uma pousada. Você deverá analisar os seguintes itens: dimensões (do terreno e de
edificações já existentes, caso existam), a topografia, a posição em relação ao sol, a infraestrutura
da região e a escritura do terreno ou a planta original para auxiliar seu cliente na escolha do terreno
ou edificação que melhor atenda às necessidades dele. Essa informação é:
A. ( ) Verdadeira.
B. ( ) Falsa.

54
Aula 3
Etapas do projeto

2. Você, corretor, encomendou um estudo de viabilidade de um terreno para futura implantação de


um empreendimento. Quais itens esse estudo analisou?
A. ( ) A área do terreno, a localização do zoneamento da cidade e os parâmetros urbanísticos.
B. ( ) As dimensões do terreno e a topografia.
C. ( ) A quantidade de material que será utilizado.
D. ( ) O tempo para a execução da obra.
E. ( ) A quantidade de verba que o cliente dispõe para a compra do local.

3. Você está auxiliando seu cliente a buscar uma residência e encontrou um terreno que se encaixa
nos padrões que ele busca. Quais desenhos serão desenvolvidos na etapa de anteprojeto para que
seu cliente possa ter uma ideia do imóvel depois de pronto?
A. ( ) Estrutural, hidrossanitário e de estrutura.
B. ( ) Plantas em geral e estudos volumétricos.
C. ( ) Detalhamento de marcenaria e elementos decorativos.
D. ( ) Quantidade de materiais a ser utilizada.
E. ( ) Levantamento de dados iniciais.

4. Na conversa inicial com seu cliente, você, corretor de imóveis, deverá levantar quais os dados
necessários para identificar as necessidades estruturais do cliente a fim de auxiliá-lo na busca do
imóvel mais adequado. Quais são esses dados?
A. ( ) Número de cômodos, quantidade de pessoas que irão
utilizar o imóvel, detalhes do cotidiano, entre outros.
B. ( ) Tempo disponível, materiais a serem utilizados e equipe de mão de obra.
C. ( ) Taxa de ocupação, coeficiente de aproveitamento e recuos.
D. ( ) Equipamentos a serem utilizados.
Gabarito e respostas na página 132

E. ( ) Características dos imóveis vizinhos.

5. Qual a função do código de obras municipal?


A. ( ) Definir a área do terreno.
B. ( ) Regulamentar as características dos imóveis vizinhos.
C. ( ) Definir os projetos hidrossanitários.
D. ( ) Mostrar as maquetes de realidade virtual.
E. ( ) Garantir o conforto ambiental e conservação de energia, assim como
a acessibilidade de pessoas com mobilidade reduzida, entre outros.

55
Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

56
Aula 4
Levantamento topográfico

Levantamento Topográfico
Caro(a) aluno(a),

Nesta aula, abordaremos itens importantes para você na hora de negociar um empreendimento.
Aprenderemos um pouco sobre topografia e quais os equipamentos e as técnicas utilizadas em
um levantamento topográfico. Este levantamento é muito importante para assegurar as medidas
reais do terreno e para identificar se existem aclives ou declives (acidentes geográficos), a exis-
tência de rios, lagos ou outros detalhes que possam inviabilizar o empreendimento.

Vamos lá?

Bons estudos!

57
Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Introdução
A topografia é a ciência que estuda a superfície de um terreno e seus acidentes geográficos
naturais ou provocados pelo homem (cortes, aterros, taludes etc.), definindo a situação e a lo-
calização de qualquer ponto e determinando as medidas (área/perímetro) com exatidão de seu
relevo por meio de representações gráficas em cartas ou plantas topográficas.

A topografia poderia ser descrita como a ciência ou mesmo a arte que descreve o relevo de
uma localidade graficamente, com todas as características do local de estudo (dimensões, ele-
mentos existentes no terreno, variações altimétricas e acidentes geográficos). O termo vem do
grego: topos – lugar, região e graphen – descrição.

O levantamento topográfico reúne dados obtidos por estudos e análises que utilizam instru-
mentos e métodos específicos, dando base para a execução de projetos e obras realizados por
engenheiros ou arquitetos. Trata-se de uma etapa fundamental do projeto e da execução da obra.

Breve História da Topografia


Bom, agora que você já sabe o que é topografia, vamos conhecer de forma breve a história
dessa importante área para a construção?

A topografia e a cartografia surgiram praticamente ao mesmo tempo como consequência


da necessidade do homem primitivo de demarcar caminhos, locais de caça e suas propriedades.

As civilizações seguintes começaram a desenvolver e utilizar instrumentos rudimentares que


serviram para delimitar propriedades, traçar rotas comerciais e erguer construções.

A groma egípcia, por exemplo, é um instrumento manual com uma base em forma de “X”,
suspensa por uma corrente com pendentes em cada ponta do “X” e uma corda com um pequeno
peso. Além de ser utilizado para alinhar direções em áreas planas até objetos distantes e depois
transferir as linhas para o solo marcando linhas retas, podia ser usada para marcar ângulos ne-
cessários nas construções, como nas pirâmides.

Amarante (2012) explica que o início do entendimento do globo terrestre como o conhecemos
hoje, deu-se no ano de 1828, quando o matemático, astrônomo e físico alemão Carl Friedrich
Gauss apresentou um modelo aperfeiçoado do globo terrestre com base em seus estudos mate-
máticos. Em 1873, o matemático Johann Benedict Listing criou o termo geoide, que denomina a
figura da terra tendo como base o nível médio dos oceanos e a altitude média dos continentes e,
em 1945, o físico russo Mikhail Molodenskii demonstrou em seus estudos que a superfície física
da Terra pode ser determinada com base nas medidas geodésicas, criando assim sistemas de
referências verticais para grandes áreas.

58
Aula 4
Levantamento topográfico

Assim, profissionais responsáveis por levantamentos topográficos, como engenheiros agri-


mensores e técnicos de agrimensura, entre outros, começaram a criar as redes geodésicas, que
são sistemas que determinam as características físicas da superfície terrestre e são baseadas na
altitude com relação ao geoide e à longitude.

Recentemente, a maior revolução na topografia foi a invenção do GPS (Sistema de Posicio-


namento Global), que possibilitou determinar posições estáticas ou em movimento com mais
rapidez e precisão do que qualquer outro método anterior.

A importância da Topografia
Agora vamos saber da importância da topografia.

A topografia é um estudo importante para a criação, implantação e execução de qualquer obra.


É a base inicial para engenheiros e arquitetos realizarem qualquer projeto ou obra.

Então agora, vamos conhecer alguns itens que podem compor o estudo topográfico:

A. A representação em planta e em qualquer escala;

B. Todas as variações apresentadas em uma superfície;

C. A identificação de todos os limites de propriedades;

D. A expressão exata de seu relevo com todos os detalhes de seu interior (vegetação, vales,
córregos, cercas, cursos d’água, edificações e outros).

São várias as aplicações da topografia na implantação de projetos de engenharia, sendo ve-


rificadas em diversas modalidades, tais como:
` Edificações em geral: aeroportos, portos, cais, conjuntos habitacionais;
` Túneis, pontes, pontilhões, viadutos, barragens;
` Sistema de drenagem, galerias, canais, sistema de água e esgoto;
` Planejamento urbano;
` Paisagismo;
` Usinas hidrelétricas;
` Telecomunicações;
` Agricultura;
` Reflorestamento.

59
Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

60
Aula 4
Levantamento topográfico

A Importância da Topografia
para a Construção Civil
A primeira coisa que o profissional contratado para fazer o projeto ou mesmo para
auxiliar em uma transação imobiliária deve fazer é solicitar um serviço de levantamento
planialtimétrico cadastral do terreno (a topografia) para poder auxiliar o seu cliente
na escolha do melhor terreno, de acordo com as necessidades básicas do projeto.

O levantamento topográfico confirma a metragem de um determinado terreno


com o levantamento planialtimétrico, e com esse levantamento o corretor terá como
avaliar as características do local e se tem condições para receber a execução do
projeto ou mesmo avaliar se esse local é adequado para seu cliente.

Um levantamento topográfico bem apurado deve considerar todos os elementos


existentes no local:

A. Meio-fio;
B. Arruamentos internos;
C. Alinhamentos de muros e cercas;
D. Marcos demarcatórios;
E. Árvores;
F. Caixas de drenagem;
G. Postes;
H. Ralos;
I. Edificações existentes;
J. Edificações confrontantes;
K. Indicação do sentido do trânsito;
L. Existência de rios ou córregos próximos ao terreno;
M. Pontos cotados;
N. Curvas de nível;
O. Taludes;
P. Rochas.

61
Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Na fase de execução da obra, a topografia serve de instrumento técnico para:

A. Demarcação dos limites do terreno;

B. Locação de nivelamento dos furos de sondagem;

C. Demarcação do esquadro da obra;

D. Locação de estacas;

E. Locação de pilares;

F. Nivelamento do terreno;

G. Acompanhamento das prumadas dos pilares;

H. Nivelamento dos pisos e lajes;

I. Marcações das áreas de lazer e jardim.

O levantamento topográfico é, em resumo, o estudo do terreno, visando verificar as suas


divisas, dimensões e perfis. Ele pode ser dividido em três etapas:

A. PLANIMÉTRICO: abrange somente as divisas e ângulos;

B. ALTIMÉTRICO: abrange as curvas de nível e as alturas do terreno;

C. PLANIALTIMÉTRICO: é o levantamento topográfico propriamente dito, apresentando o


estudo planimétrico e altimétrico do terreno.

Curvas de Nível
As curvas de nível são linhas curvas que indicam as alturas e a inclinação do terreno. As curvas
de níveis devem ser representadas metro a metro em um levantamento topográfico. Essas curvas
são definidas de acordo com a sinuosidade do terreno. Quanto mais próximas, mais o terreno
possui inclinação. Quando são mais espaçadas, indicam que o terreno é pouco inclinado ou até
mesmo plano. Conforme podemos notar na imagem a seguir, o setor A é o mais íngreme e o
setor B é o menos inclinado.

Por exemplo: se seu cliente deseja comprar um terreno para instalar uma fábrica, o estudo
de curvas de nível a seguir mostra que, dependendo do tamanho da instalação, esse terreno não
seria indicado, pois o ponto A demonstra que o terreno é bem íngreme e, para fazer a instalação
dessa fábrica, deverá ser feito um aterro e isso pode encarecer o valor da obra.

62
Aula 4
Levantamento topográfico
210
2

26
22
19

26
18

23

25
24

24
25

23
A

22
C

Figura 8 – Curvas de nível


Fonte: Domingues (1979)

Orientação
A orientação é a posição do norte em relação ao terreno e deve constar no levantamento
topográfico, pois é de fundamental importância para o projetista elaborar o projeto e por meio
dele o corretor orientar melhor seu cliente no momento da escolha do terreno.

Existem dois tipos de orientação:


A. A magnética (bússola);

B. A verdadeira, que é a geográfica.

No levantamento topográfico, é utilizada a verdadeira, pois a magnética apresenta variações


no decorrer dos anos.

Entendendo melhor os estudos topográficos, você, como corretor de imóveis, poderá orientar
de forma mais assertiva seus clientes na escolha do terreno ou imóvel, de acordo com as ne-
cessidades dele. Por exemplo: imóveis que estão voltados para o sol nascente são imóveis mais
valorizados por causa da incidência solar.

63
Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Termos Técnicos
Para melhor compreensão do estudo topográfico, o Técnico em Transações Imobiliárias precisa
estar por dentro de alguns termos técnicos relacionados à situação do terreno:

` Terraplanagem – Processo de preparação do terreno, para dar início à construção.


` Aterro – Preenchimento de uma área em desnível, com terra ou entulho.
` Desaterro – Retirada de terra de uma área.
` Declive – Quando a inclinação do terreno está abaixo do nível da rua.
` Aclive – Quando a inclinação do terreno está acima do nível da rua.
` Logradouro – Local público, como praças, ruas, avenidas, parques etc.
` Arruamento – Processo de criação das ruas.
` Caixa de Rolamento – Parte da rua destinada para o trânsito de veículos.
` Passeio – Parte da rua destinada para o passeio de pedestre.
` Afastamento – Distâncias exigidas pelo uso do solo da edificação em relação ao terreno.

Bom, até aqui vimos que os estudos topográficos são importantes para você orientar seu
cliente quanto à escolha do terreno, de acordo com as necessidades dele. Entender como foram
obtidas as medidas e os detalhes vai te ajudar a interpretar melhor os projetos.

64
Aula 4
Levantamento topográfico

Saiba mais
Para se aprofundar ainda mais nos estudos topográficos, acesse:

` https://www.youtube.com/watch?v=RlYTNsmZefY
Ou escaneie o código

IMPORTANTE: a topografia é a expressão exata do relevo com todos os


detalhes (vegetação, vales, rios, aterros e taludes, córregos, cercas, cursos
d’água, edificações e outros).

Síntese da aula
` Breve história da topografia;

` A importância da topografia para a construção civil;

` Diferenças entre os tipos de estudos topográficos;

` Curvas de nível;

` Orientação sobre os pontos cartesianos;

` Termos técnicos utilizados nos estudos topográficos.

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Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Exercícios
Vamos verificar se você compreendeu a matéria desta aula?

Caso tenha ficado com dúvidas, sugiro que retorne ao conteúdo da aula para revisar a matéria.

1. A topografia é uma ciência que estuda a superfície de um terreno com todos os seus acidentes
geográficos naturais ou provocados pelo homem (cortes, aterros e determinando as medidas – área
e perímetro). Essa afirmação é:
A. ( ) Verdadeira.
B. ( ) Falsa.

66
Aula 4
Levantamento topográfico

2. Em um estudo inicial de um futuro empreendimento, você, como corretor de imóveis, irá encontrar
no documento de análises de estudos topográficos alguns itens que irão auxiliar para definir se o
terreno em questão é adequado às necessidades de seu cliente. Qual desses itens não se encontra
nos resultados das análises de estudos topográficos?
A. ( ) Demarcação dos limites do terreno.
B. ( ) Locação de estacas.
C. ( ) Quantificação de materiais para execução.
D. ( ) Nivelamento dos pisos e lajes.
E. ( ) Medidas dos cômodos de uma edificação.

3. Você, como corretor de imóveis, encomendou um levantamento topográfico de um terreno para


um futuro empreendimento. Quais desses itens não constam no documento:
A. ( ) Meio-fio.
B. ( ) Árvores.
C. ( ) Edificações existentes.
D. ( ) Carros.
E. ( ) Existência de rios.

4. O estudo topográfico pode ser dividido em três etapas: planimétrico, altimétrico e planialtimétrico.
Em qual dessas três fases o corretor de imóveis pode contar com um documento para observar as
melhores condições de um determinado terreno para a implantação de um futuro empreendimento?
A. ( ) Planimétrico.
B. ( ) Altimétrico.
C. ( ) Planialtimétrico.
D. ( ) Nenhuma das três etapas.
Gabarito e respostas na página 132

E. ( ) Todas as etapas.

5. No estudo topográfico para um futuro empreendimento, surgiu o termo ARRUAMENTO. O que


significa?
A. ( ) Processo de preparação do terreno para dar início à construção.
B. ( ) Preenchimento de uma área em desnível com terra ou entulho.
C. ( ) Inclinação do terreno abaixo do nível da rua.
D. ( ) Processo de criação das ruas.
E. ( ) Locais públicos, como praças, ruas, avenidas, parques etc.

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Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

68
Aula 5
Projeto de arquitetura: plantas,
fachadas, cortes e quadro de áreas

Projeto de Arquitetura:
plantas, fachadas, cortes
e quadro de áreas
Caro(a) aluno(a),

Nesta aula, abordaremos itens importantes para o entendimento de um projeto. Todos os de-
talhes dos desenhos que compõem um projeto são necessários para que você possa interpretar
a planta do imóvel que negociará com o seu cliente.

Para o desenvolvimento desta aula, veremos:

` O desenho técnico;

` Os detalhamentos gráficos;

` As técnicas de desenho;

` Tipos de linhas e letras;

` As representações gráficas de uma prancha de projeto, com


os carimbos, margens e dimensionamento de papel;

` As escalas e as suas diferenças;

` Dimensionamento de um projeto;

` O projeto e o desenho de arquitetura com seus elementos: plantas, cortes,


elevações e as características, sequências de desenho e representações gráficas;

` Os índices urbanísticos contendo os cálculos de áreas, coeficiente


de aproveitamento, área de projeção e taxa de ocupação;

` Cobertura de edifícios e seus elementos e detalhamentos;

` Tipos e características de circulação vertical e como calculá-la.

Vamos lá?

69
Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

O Desenho
O homem primitivo já se comunicava por meio de grafismos e desenhos. As primeiras repre-
sentações que conhecemos são as pinturas rupestres, que o homem utilizava para representar
não apenas o mundo que o cercava, mas também as suas sensações e atividades rotineiras, como:
alegrias, medos, crenças e danças. Ao longo da história, o desenho foi evoluindo e deu origem a
duas formas de representação: o desenho artístico, que pretende comunicar ideias e sensações,
estimulando a imaginação do espectador; e o desenho técnico, que tem por finalidade a repre-
sentação dos objetos o mais próximo possível do real, em formas e dimensões.

Na construção civil, o desenho é a principal forma de expressão. É por meio dele que o proje-
tista exterioriza ideias por meio de suas criações e soluções, representando o seu projeto, sendo
ele de um móvel, um espaço, uma casa ou de uma cidade. Com esse tipo de representação, o
projetista consegue passar as ideias que foram sendo criadas para o papel e você, como corretor
de imóveis, consegue interpretá-las e explicá-las para seu cliente.

O Desenho Técnico
Foi a partir do Renascimento, com as obras de Brunelleschi e Leonardo da Vinci, que o dese-
nho começou a ser usado como meio preferencial de representação do projeto arquitetônico.
Nessa época, ainda não havia conhecimentos sistematizados na área, o que tornava o desenho
mais livre e sem nenhuma normatização. Foi a partir da criação da Geometria Mongeana, criada
por Gaspar Monge (1746-1818), que o desenho técnico se aprimorou com o método de repre-
sentação das superfícies tridimensionais em desenho bidimensional que até hoje é utilizado nos
desenhos técnicos.

No século XIX, com a Revolução Industrial, os projetos das máquinas passaram a necessitar
de maior rigor, e os diversos projetistas, de um meio comum para se comunicar. Então, a partir
dessa demanda, foram institucionalizadas as normas técnicas para desenho.

O desenho arquitetônico é uma especialidade do desenho técnico normatizado e está voltado


para a execução e representação de projetos na construção civil. O desenho, portanto, manifes-
ta-se como um código que representa uma linguagem universal estabelecida entre o projetista
e o leitor. Dessa forma, sua leitura requer certo nível de entendimento.

Assim, o desenho técnico é a forma de comunicação do profissional da construção civil. Quan-


do o projetista elabora um projeto, ele está criando um documento que contém, na linguagem
de desenho, informações técnicas para o entendimento e execução de uma obra arquitetônica.
Esse desenho segue normas de linguagem que definem a representatividade das retas, curvas,
círculos e retângulos, assim como dos diversos outros elementos que nele aparecem. Dessa for-
ma, poderão ser perfeitamente lidos pelos demais profissionais envolvidos na construção. Esses

70
Aula 5
Projeto de arquitetura: plantas,
fachadas, cortes e quadro de áreas

desenhos podem ser realizados sobre uma superfície de papel, dentro de pranchas, na maioria
das vezes, ou na tela de um computador, para posterior reprodução.

Do modo convencional, são executados sobre pranchetas com uso de réguas, esquadros,
lapiseiras, escalas, compassos, canetas de nanquim etc. Podem ser também digitalizados por
meio da computação gráfica, em programas de computador específicos. Ou seja, os traços e
os demais elementos apresentados deverão transmitir todas as informações necessárias para a
construção do objeto, independentemente da forma que foram feitos, se do modo tradicional ou
com auxílio de computador. O corretor de imóveis, tendo domínio desse conteúdo, consegue
interpretar os projetos e transmitir a ideia do empreendimento para seu cliente de maneira mais
clara e objetiva.

Os Detalhamentos Gráficos
O projeto deve:

A. Estar bem paginado;

B. Estar em pranchas padronizadas com margens e


carimbo com as informações necessárias;

C. Estar limpo e sem rasuras;

D. Conter traços homogêneos, com espessuras diferenciadas que


identifiquem e facilitem a compreensão dos elementos desenhados;

E. Conter textos com caracteres claros, que não gerem dúvidas ou dupla interpretação;

F. Possuir dimensões e demais indicações que permitam


a boa leitura e perfeita execução da obra.

As Linhas
As linhas são os principais elementos do desenho técnico. Além de definirem o for-
mato, a dimensão e o posicionamento dos elementos de um projeto, como paredes,
aberturas, escadas etc., elas também informam as características de cada elemento
projetado.

Sendo assim, deverão estar perfeitamente representadas dentro do desenho. As linhas


de um desenho normatizado devem ser regulares e legíveis (visíveis) e devem possuir
contraste entre si com diferenciação de espessura entre cada uma.

71
Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Nas plantas, cortes e fachadas, para sugerir profundidade e mostrar o plano em que
se encontram, as linhas sofrem uma variação no traçado.

As linhas do primeiro plano – mais próximo – serão sempre mais grossas e escuras,
enquanto as dos outros planos vão ficando cada vez mais claras e finas, conforme a
profundidade.

Vamos conhecer os tipos de linhas representados nos projetos:


` Traço forte: utilizamos as linhas de traçado forte para se representar os elemen-
tos que cruzam a linha de corte tais como paredes, janelas e portas. Todas as in-
formações de título também utilizamos o traço forte;
` Traço médio: todos os elementos que ficaram abaixo da linha de corte tais como
peitoris, soleiras, mobiliários entre outros serão representadas por linhas médias
assim como alguns elementos textuais;
` Traço fino: é para detalhes de texturas, linhas de cotas, linhas auxiliares e proje-
ção utilizamos as linhas de traço.

Figura 9 – Representação de uma planta baixa de um banheiro

Fonte: Gomes (2012, p. 31)

72
Aula 5
Projeto de arquitetura: plantas,
fachadas, cortes e quadro de áreas

Na imagem, vemos a diferença entre as espessuras das linhas utilizadas em uma planta baixa
de um banheiro. Percebemos que as linhas mais grossas representam as paredes, que foram
cortadas na planta em primeiro plano, e as demais vão tendo sua espessura reduzida conforme
os objetos que representam se distanciam do observador.

Técnicas de Desenho
Como o desenho é o meio de expressão dos profissionais que irão lidar com o projeto, tais
como arquitetos, engenheiros e técnicos, e também será utilizado por você para a comercia-
lização de um empreendimento imobiliário, é importante que o traçado seja o mais preciso e
perfeito possível para que outros profissionais que precisarem fazer a leitura, como é o caso dos
corretores de imóveis, possam interpretá-lo.

A precisão de todos os traços do desenho é muito importante. Tudo que estiver na folha
deverá ser desenhado conforme as normas. Até mesmo o texto é considerado um desenho de
letras técnicas.

73
Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Tipos de Letras e Números


Alguns itens precisam ser abordados aqui para que você, como futuro corretor de imóveis,
entenda o projeto em sua totalidade. Além dos itens gráficos, como linhas, espessuras etc., há
regras para sua execução. Os textos e os demais itens no desenho também seguem uma norma,
conforme abordaremos a seguir.

As características mais importantes do desenho das letras são legibilidade e consistência, tanto
em estilo quanto em espaçamento.

A NBR 6492/1994 (ABNT, 1994) apresenta algumas convenções para escrita em desenho
arquitetônico. As letras devem ser sempre maiúsculas e não inclinadas, com dimensões entre
3 mm e 5 mm e entrelinhas não inferiores a 2 mm.

Rótulo ou Carimbo
Nesta seção, você, futuro corretor de imóveis, encontrará todas as informações sobre o projeto.
Em toda prancha (que é como chamamos a folha em que está desenhado o projeto) deve haver
um rótulo que uniformiza as informações identificando assim o projeto.

O rótulo ou carimbo deve ser inserido no canto inferior direito do papel, facilitando sua visu-
alização quando o papel estiver dobrado.

Segundo a NBR 6492/1994 (ABNT, 1994), que trata da representação de projetos de arquitetura,
devem constar no rótulo, no mínimo, as seguintes informações:

A. Identificação da empresa e do profissional responsável pelo projeto;

B. Identificação do cliente, nome do projeto ou do empreendimento;

C. Título do desenho;

D. Indicação sequencial do projeto;

E. Escalas;

F. Data;

G. Autoria do desenho e do projeto;

H. Indicação de revisão.

ATENÇÃO: os órgãos responsáveis pela aprovação do projeto arquitetônico geral-


mente possuem um rótulo padrão.

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Aula 5
Projeto de arquitetura: plantas,
fachadas, cortes e quadro de áreas

Formato e Dimensões do Papel


A folha em que se desenha o projeto é denominada prancha.

No Brasil, a ABNT adota o padrão ISO: usa-se um padrão inicial denominado A0 de 1 m²,
medindo 841 mm x 1189 mm.

A folha com esse formato é chamada A0 (A zero). A partir dela, obtêm-se múltiplos e submúl-
tiplos (a folha A1 corresponde à metade da A0, assim como a 2A0 corresponde ao dobro daquela).

A maioria dos escritórios utiliza os formatos A1 e A0 devido à escala dos desenhos, à quanti-
dade de informação e às exigências de muitas prefeituras, que normatizam o tamanho da folha
preferencialmente em A1 com dobras padronizadas para encaixar em uma pasta tamanho A4.
Figura 10 – Formatos e derivados de tamanhos de folhas – série A Fonte: Oberg (1997, p. 8)

1189 mm

A1 A2

DO
RA
AD
QU
841 mm

O
LD
ONA
AG
DI

A3 A4
a

a
A5 25mm
x

Do formato A0 resultam os demais formatos de papéis:


Referência X – Eixo vertical (mm) Y – Eixo horizontal (mm) a – tamanho da margem (mm)
2A0 1189 1682 15
A0 841 1189 10
A1 594 841 10
A2 420 594 7
A3 297 420 7
A4 210 297 7
A5 148 210 5

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Transações
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Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Dobramento das Pranchas


As cópias dos projetos podem ser dobradas para ocupar um menor espaço e facilitar
seu manejo. O formato final deve ser o A4 para arquivamento. A NBR 6492 (ABNT, 1994)
mostra uma sequência de dobramentos para os tamanhos-padrão de papel.
Figura 11 – Dobragem padrão das folhas – série A Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1987)
Fixação da folha

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Projeto de arquitetura: plantas,
fachadas, cortes e quadro de áreas

Escalas
Por meio do desenho técnico, o projetista gera os desenhos necessários para as construções
que são reproduzidos “em pranchas”, isto é, folhas de papel com dimensões padronizadas por
norma técnica em que o espaço utilizável é delimitado por linhas chamadas de margens.

Uma prancha “A4”, por exemplo, tem 21 cm de largura por 29,7 cm de altura e espaço utilizável
de 17,5 cm de largura por 27,7 cm de altura.

Dessa forma, se tivermos que desenhar a planta, o corte e a fachada de uma edificação nessa
prancha, eles deverão estar em escala. Os padrões de escalas são encontrados em réguas cha-
madas de escalímetros.

Escala é, portanto, uma medida que indica a relação entre as dimensões de um desenho e as
do objeto real desenhado. Um dos fatores que determina a escala de um desenho é a necessidade
de detalhe da informação. Na etapa de projeto executivo, os elementos com muitos detalhes
construtivos, como as esquadrias (portas, janelas etc.), devem ser projetados preferencialmente
em escalas mais próximas do tamanho real (1:20 ou 1:25) para facilitar a leitura de todos os deta-
lhes desenhados. Grandes projetos, como um loteamento, podem influenciar na escala adotada
para impressão e em geral são desenhados nas escalas de 1:500 ou 1:1000.

Escalas recomendadas:
1:1 / 1:2 / 1:5 e 1:10 Detalhamentos em geral
1:20 e 1:25 Ampliações para detalhes de banheiros, cozinhas ou outros cômodos
1:50 Plantas, cortes e fachadas
1:75 e 1:175 Preferencialmente para uso de apresentação
Plantas, cortes e fachadas, estudos de situação e paisagismo. Escala que
1:100
a maioria das prefeituras exige para projetos de legalização
Plantas, cortes e fachadas de projetos de grandes dimensões. Ideal para plantas
1:200 e 1:250
de situação, localização, topografia, paisagismo e desenho urbano
1:500 e 1:1000 Plantas de localização, paisagismo, urbanismo e topografia
1:2000 e 1:5000 Levantamentos aerofotogramétricos, projetos de urbanismo e zoneamento

As escalas são classificadas em numéricas e gráficas, explicadas a seguir.

Escala Numérica
A escala numérica pode ser de redução ou de ampliação. Podemos chamar de es-
cala de ampliação quando a representação gráfica é maior do que o tamanho real do
objeto. Exemplo: 3:1, 5:1, 10:1.

Em projetos de construção civil, as mais comuns são as escalas de redução, quando


o desenho é sempre realizado em tamanho inferior ao do objeto real. Exemplo: 1:25,
1:50, 1:100.

77
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Transações
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As escalas de redução são representadas da seguinte forma:

E = D/R (desenho / objeto real)

Exemplo: considerando-se uma escala de 1:5 (lê-se escala 1 por 5), cada 1 m do
desenho representa 5 m do objeto real, ou seja, para desenhar nessa escala, divide-se
por 5 a verdadeira grandeza das medidas.

Escala Gráfica
É a escala representada por meio de um gráfico proporcional à escala utilizada, ge-
ralmente uma régua graduada ou uma linha fragmentada, facilitando a diferença gráfica,
uma vez que nessa régua estão descritas as medidas reais.

É utilizada para reduzir ou ampliar um desenho por processo fotográfico. Assim, se


reduzirmos ou ampliarmos o projeto, a escala o acompanhará em proporção. Para
obter a dimensão real do desenho, basta copiar a escala gráfica em uma tira de papel
e aplicá-la sobre a figura.

Exemplo: a escala gráfica correspondente a 1:50 é representada por segmentos


iguais de 2 cm, pois 1 metro/50 = 0,02 ou 2 cm.

Exemplo: você está apresentando o apartamento de um futuro empreendimento para


seu cliente e ele pergunta qual a medida de um item que não foi descrito no projeto. O
ideal é que você tenha em mãos o escalímetro para tirar quaisquer dúvidas no momento
que elas aparecerem. Por esse motivo, é muito importante que você, como corretor de
imóveis, saiba o conceito e como utilizar as escalas tanto numéricas quanto gráficas.

Utilização do Escalímetro
O escalímetro é uma ferramenta que auxilia na leitura das medidas de um desenho
técnico.

Essa ferramenta é uma régua triangular de três faces e em cada face contém duas
escalas diferentes que são utilizadas para medir e fazer representações gráficas ampliadas
ou reduzidas. É utilizada em desenhos técnicos, auxiliando o entendimento do desenho
e na interpretação de leitura de medidas em projetos já prontos.

Em cada face do escalímetro, contém duas escalas em cada lado. Os escalímetros


de redução têm as seguintes escalas: 1:20 e 1:25 em uma face; 1:50 e 1:75 em outra
face e na última face as escalas de 1:100 e 1:125. Ao ler as marcações, confira se está
usando a escala correta, de acordo com o que foi descrito no projeto. Exemplo: se o
desenho no projeto está indicando a escala 1:50 (lê-se 1 por 50), devemos utilizar o
escalímetro no local indicado.

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Projeto de arquitetura: plantas,
fachadas, cortes e quadro de áreas

Dimensionamento/Cotagem
As cotas são os números que representam as medidas reais do objeto no desenho técnico.
Elas servem para determinar a distância entre dois pontos, que pode ser a distância entre duas
paredes, a largura de um vão de porta ou janela, a altura de um degrau de escada, o pé-direito
de um pavimento etc.

Sem essas indicações, a equipe da obra vai buscar essas informações no próprio desenho
com o auxílio de um escalímetro, o que pode causar erros de leitura e, assim, erros de execução.

Na construção civil, as medidas normalmente são representadas em metros, exceto em casos


específicos, como detalhamento de uma esquadria. Podemos utilizar outra unidade de medida
que melhor se adeque ao projeto, como um projeto de construção de estradas, em que a uni-
dade de medida mais adequada será o quilômetro, desde que se mantenha em todo o desenho
a mesma unidade.

Exemplo: se o projetista iniciou o projeto com a unidade de medida em metros, todo o pro-
jeto deverá obrigatoriamente ser feito em metros; se iniciou o projeto em milímetros, tem que
terminar em milímetros, senão haverá um grave problema de escalas.

Normalmente, quando fazemos desenhos de alguns detalhes construtivos, como esquadrias,


a execução requer rigorosa precisão, portanto as dimensões podem ser dadas em milímetros.
Contudo, na fase de cotar, o projetista deve ter o cuidado de não apresentar em um mesmo
desenho duas unidades diferentes, centímetros e metros, por exemplo.

As cotas devem margear os desenhos. Isso quer dizer que elas devem estar fora do limite
das linhas principais de uma planta ou qualquer outra representação, para que suas linhas de
cotas e auxiliares não interfiram no projeto e não causem uma leitura errônea do projeto. Caso
necessário, algumas cotas podem ser inseridas dentro do projeto. No entanto, isso deve ser feito,
preferencialmente, sem linhas e setas, apenas com o número para que a leitura das informações
seja feita de forma correta.

O Projeto e o Desenho
de Arquitetura
Para o correto entendimento de um projeto, você, corretor de imóveis, deve compreender as
informações que estão descritas nos desenhos que estão representados. Um bom projeto contém
todas as informações gráficas, tais como plantas, cortes, fachadas e até perspectivas artísticas que
ajudam no entendimento de como o empreendimento irá ficar depois de construído.

Existem também outras informações que estarão por escrito nos memoriais descritivos, tais
como especificação de materiais que serão empregados, quantidades e qual sistema construtivo
foi empregado durante a construção.

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Saber interpretar corretamente o projeto faz toda a diferença no momento da negociação,


pois os detalhes do empreendimento influenciam no valor final de venda do imóvel.

Os Elementos do
Desenho Arquitetônico
Em um projeto arquitetônico, há um conjunto de desenhos que representam o imóvel a ser
construído. São eles:
A. As plantas baixas;

B. Os cortes;

C. As elevações ou fachadas;

D. A planta de cobertura;

E. A planta de localização;

F. A planta de situação.

Vamos saber o que significa cada um desses desenhos?

Planta Baixa
Nesse desenho, caro aluno, você irá encontrar todas as informações dos cômodos,
tais como pé-direito, metragens e aberturas de portas e janelas. Para se chegar nesse
desenho, imagine que fizemos um corte horizontal no volume da edificação. Vou te
explicar isso melhor.

Imagine um ambiente, como uma sala. Para representar a planta desse local, cor-
tamos no plano horizontal a mais ou menos 1,50 de altura e “tiramos” a parte de cima;
serão representados naquilo que restou para baixo os itens como paredes, portas, ja-
nelas, mobiliário etc.

Cortes
Para se representar as informações verticais dos cômodos de uma edificação, usamos
os desenhos de corte, que, dessa vez, é o resultado da intersecção do plano vertical
com o volume da edificação. O posicionamento e o sentido do observador do corte
dependem muito do que está sendo representado no projeto. Preferencialmente, os

80
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Projeto de arquitetura: plantas,
fachadas, cortes e quadro de áreas

cortes passam pelas áreas molhadas (banheiro e cozinha), pelas escadas e poço dos
elevadores ou algum detalhe construtivo que não seja possível visualizar tanto nas
plantas ou nas elevações.

Elevações ou Fachadas
Nesses desenhos, você, como corretor de imóveis, encontrará a representação das
fachadas em plano ortogonal sem profundidades ou perspectivas. O desenho estará
representado em formado bidimensional ou, como costumamos chamar, um desenho
“2D”.

Planta de Cobertura
Chamamos planta de cobertura os desenhos que representam a vista superior do
edifício. Nesse desenho, colocamos todas as informações pertinentes ao entendimento
do sistema de cobertura. Essas informações são, entre outras: o tipo de sistema cons-
trutivo do telhado, o tipo de telha, a angulação de queda das águas, o posicionamento
dos reservatórios de água, calhas, rufos etc.

Planta de Localização
Nesse desenho, representamos a relação da edificação a ser construída com os
demais itens do terreno, tais como recuos, muros e itens de lazer, como piscina, chur-
rasqueira etc.

Planta de Situação
No desenho de planta de situação é representado todo o entorno do local em que
será a construção como no projeto. Nesse desenho, conseguimos entender a relação do
terreno com o seu entorno, sua posição na quadra, o tamanho do lote, entre outros itens.

Outros
Além de todos os desenhos que acabamos de ver, para o melhor entendimento do
projeto, ainda são necessárias perspectivas e maquetes físicas, que irão ajudar muito
no momento da comercialização do empreendimento.

Se você conseguir explicar para o seu cliente, utilizando essas plantas e maquetes
de apoio, como será o empreendimento, ele compreenderá a proposta do imóvel e a
negociação ficará mais fácil.

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Figura 12 – Projeto Arquitetônico Residencial

PROJETO ARQUITETÔNICO RESIDENCIAL

PLANTA TÉRREA PLANTA DO MEZANINO PERSPECTIVA

ELEVAÇÃO SUL ELEVAÇÃO NORTE CORTE A CORTE B

ELEVAÇÃO OESTE ELEVAÇÃO LESTE

CORTE C CORTE D

Fonte: Dourado (2016)

Bem, já sabemos a definição dos desenhos. Agora vamos entender melhor cada um com deles
suas especificidades, para fazermos a leitura adequada e atendermos da melhor forma possível
nossos clientes.

82
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A Planta Baixa
Como já vimos, a planta baixa é a representação gráfica de um corte feito na horizontal do
ambiente ou edificação, ou seja, é o desenho que demonstra os cômodos, suas metragens e de
que maneira eles se organizam. É por meio da planta baixa que você poderá mostrar para seus
clientes os imóveis que ainda não foram construídos.
Vamos ver exemplos de planta baixa:
Figura 13 – Planta baixa Fonte: Oberg (1997) Figura 14 – Planta baixa Fonte: Oberg (1997)

Denominação
Em projetos de edificação térrea, ou seja, com apenas um pavimento, a planta será
denominada “planta baixa”.

Agora, em projetos com mais de um pavimento, deverá aparecer o desenho de todos


eles, e cada um deverá ser denominado conforme o seu uso ou pavimento.

Exemplo das denominações: planta do subsolo de garagem, planta baixa do pavi-


mento tipo (que em um edifício residencial significa os andares que as plantas se repe-
tem, ou seja, os apartamentos em si), planta do 1º pavimento, planta do 2º pavimento
(quando os projetos forem diferentes em cada andar). Utilizam-se as denominações
“piso” ou “pavimento”.

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Composição do Desenho
Nos projetos, temos os desenhos que indicam o que será construído, e você, como
corretor de imóveis, terá que interpretar os elementos para explicar o projeto para seu
cliente.

Nas plantas baixas, temos as indicações dos seguintes elementos:

„ As alvenarias, os elementos construtivos;

„ Os vãos de abertura como portas e janelas, a paginação dos pisos,


o tipo de circulação vertical (escadas, elevadores e rampas);

„ As louças sanitárias, pias e chuveiros, entre outros.

Nas plantas baixas, encontramos também elementos textuais que irão auxiliar no
entendimento dos cômodos, tais como:

„ Nome do cômodo (sala, dormitório, cozinha etc.);

„ Metragens de cada ambiente (área quadrada, perímetro etc.);

„ Tipo de piso que será instalado (cerâmica, ardósia, madeira etc.);

„ Nível (altura do ambiente em relação à altura da rua);

„ Indicação de cortes verticais;

„ Indicação de aberturas (cotas no desenho ou


simbologia para consulta no quadro de vãos);

„ Cotas gerais (metragens de cada parede do cômodo);

„ Informações de projeções;

„ Outros elementos que não estão visíveis no desenho.

Como vimos até aqui, é importante que você, como corretor de imóveis, saiba interpretar e
identificar os detalhes construtivos de uma planta baixa para explicar com maior clareza para
seus clientes as disposições de uma edificação.

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Representação dos Elementos


Construtivos em Desenhos
de Planta Baixa
Além de saber interpretar as plantas baixas em projetos, existem elementos que são
necessários você conhecer, para o melhor entendimento do projeto, tais como:

Paredes
Esse elemento construtivo será representado de acordo com a sua espessura, que
varia de acordo com o tipo de material que será utilizado na construção. Pode variar
de 7 cm, no caso de uma parede feita de drywall (sistema construtivo feito com pla-
cas de gesso acartonado), até 20 cm, que é o caso de paredes de blocos de cimento,
geralmente externas. As suas hachuras também serão diferenciadas de acordo com o
material que será utilizado (gesso acartonado, tijolos maciços de cerâmica, blocos de
concreto, entre outros).

Vamos ver alguns exemplos das representações das paredes:


Figura 15 – Representação das paredes

a) parede de tijolos:

b) parede de concreto:

PAREDE A MEIA ALTURA:


INDICADA COM TRAÇO MÉDIO
NÃO ESTÁ SENDO CORTADA
h = 100

PAREDE ALTA PISO-FORRO


TRAÇO GROSSO
ESTÁ SENDO CORTADA
A LETRA “h” MINÚSCULA É USADA
PARA INDICAR A ALTURA
Fonte: Oberg (1997)

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Figura 16 – Representação das paredes

h = 100

Escalas 1/200; 1/250; 1/500; ou similares


Paredes cheias para facilitar a representação

Fonte: Oberg (1997)

Portas e Portões
Para representar esses elementos construtivos, é necessário representar a(s) folha(s)
do elemento (janelas ou portas) e a projeção de seu movimento de abertura, para que
seja possível visualizar o espaço que irão utilizar quando abertos.

Vamos ao exemplo:
Figura 17 – Representação de portas e portões

de abrir/pivotante pivotante de correr


eixo lateral eixo central externa/interna

pantográfica/camarão sanfonada

Fonte: Oberg (1997)

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fachadas, cortes e quadro de áreas

Janelas
Para representar as janelas, dependemos da escala do desenho, que permite maior
ou menor grau de detalhamento, conforme imagem com exemplo a seguir:
Figura 18 – Representação de janelas

a) para escalas inferiores a 1/50:

b) para escalas 1/50 (mais adotada):

c) convenção alternativa:

d) convenção com detalhamento:

Fonte: Oberg (1997)

Pisos
É nos desenhos de planta baixa que iremos representar graficamente o tipo de piso
que será instalado em cada cômodo. Temos que identificar os pisos impermeáveis (os
revestimentos cerâmicos) e os pisos comuns (taco de madeira, carpetes e afins).

A marcação dos pisos é apenas ilustrativa. O tamanho do piso e a maneira que vai
ser instalado serão representados em uma planta complementar, chamada “planta de
paginação de piso”. A especificação técnica do piso será descrita no memorial descritivo
com o tamanho, tipo, cor e fabricante.

Exemplos:
Figura 19 – Representação de pisos

a) Pisos Comuns: b) Pisos Comuns:

Fonte: Oberg (1997)

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Equipamentos Hidráulicos de Construção


Levando em consideração a ideia de que a planta baixa é uma secção horizontal da
edificação a uma altura de 1,40 m, as peças hidráulicas podem ser seccionadas ou não.
São normalmente representadas por desenhos que identificam o seu uso.

Exemplos: vasos sanitários, pias e cubas, tanques, entre outros. Vamos ver essas
representações?
Figura 20 – Representação de Equipamentos hidráulicos de construção Fonte: Oberg (1997)

Lavatório Vaso sanitário Balcão com pia Tanque Chuveiro

Elementos não Visíveis


Uma vez que na planta baixa você, como corretor de imóveis, encontrará as infor-
mações importantes sobre os imóveis que você irá comercializar, é importante você
entender os elementos descritos nela.

Já vimos os principais elementos, como paredes, aberturas, pisos e elementos textuais,


como metragens, níveis, entre outros. Mas existem outros elementos que estão acima
do plano de corte, que, por norma, não seriam representados, porém são importantes
para o completo entendimento do cômodo descrito.

Para podermos diferenciar esses elementos, devemos representar conforme a norma:


„ Linhas do tipo “traço-ponto-traço”: para elementos acima do plano de corte.

„ Linhas “tracejadas”: para elementos ocultos, tais como


ângulo de abertura de uma porta, entre outros.

Vamos ao exemplo:
RES. SUP.
1000L
projeção cobertura

ilum. zenital

Figura 21 – Representação de elementos não-visíveis Fonte: Oberg (1997)

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fachadas, cortes e quadro de áreas

Mobiliário
Em um desenho de uma planta baixa, é sempre interessante haver alguns elementos
que ajudam o cliente a entender como ficará o ambiente. Desenhos de mobiliários e
demais equipamentos, por exemplo, fazem com que a planta fique mais “humanizada”.

Exemplos:
Figura 22 – Representação de mobiliários - Dormitório Figura 23 – Representação de mobiliários - Cozinha

DORMITÓRIOS COZINHA

Fonte: Gomes (2012)

Fonte: Gomes (2012)

Figura 24 – Representação de mobiliários - Banheiro Figura 25 – Representação de mobiliários - Escritório

BANHEIRO ESCRITÓRIO

Fonte: Gomes (2012)

Fonte: Gomes (2012)

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Figura 26 – Representação de mobiliários – Área de serviço Figura 27 – Representação de mobiliários – Área de estar

ÁREA DE SERVIÇO ÁREAS DE ESTAR

Fonte: Gomes (2012)

Fonte: Gomes (2012)

Figura 28 – Representação de mobiliários – Área de refeições Figura 29 – Planta humanizada

ÁREA DE REFEIÇÕES

Fonte: Gomes (2012) Fonte: Miramar (2019)

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fachadas, cortes e quadro de áreas

Representação das Informações


NOME DOS DESENHOS Vamos agora conhecer as 2 formas:
Como você já viu até aqui, os desenhos
técnicos têm que seguir uma série de normas FORMA 1
para facilitar a compreensão de todos que fo-
rem interpretar o projeto. Além das normas já PORTAS:
mencionadas anteriormente, temos que seguir Todas as portas e portões devem ser cota-
alguns padrões de representação das informa- dos, identificando-se sua largura e altura, na
ções, tais como: maneira L x H (largura x altura). Essa informa-
ção deve constar dentro da folha da porta.
Os nomes dos cômodos devem seguir um
tipo de letra padrão (costuma-se utilizar a letra Figura 30 – Representação de uma porta
de fôrma, conforme a NBR 6492/94);

Escrever qualquer informação sempre na

80 X 210
horizontal e centralizada no ambiente

ÁREAS DAS PEÇAS


Além do nome do cômodo (sala, cozinha
etc.), é importante ter a informação da metra- Fonte: Gomes (2012)

gem. Para tanto, seguimos novamente a NBR


6492/94: devemos centralizar essa informa-
ção abaixo do nome do cômodo, com letra JANELAS:
de tamanho menor, indicando a metragem na No desenho da planta baixa, as janelas de-
unidade “m²” (metro quadrado). vem ser cotadas na maneira L x H/ p (largura
x altura sobre peitoril). Essa informação deve
TIPO DE PISO DOS AMBIENTES constar fora do desenho. Exemplo:
Abaixo do nome do ambiente e da me- Figura 31 – Representação de uma janela
tragem encontramos o tipo do piso que será
colocado. 130 X 100 / 110

COTAS
Fonte: Gomes (2012)
Nas plantas, pode haver 2 formas diferentes
de indicar as medidas das portas e janelas. Am-
bas estão corretas. Cabe ao projetista entender
qual é a mais adequada para inserir no desenho,
de forma que fique mais harmônico para as in-
formações serem passadas de maneira precisa.

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FORMA 2

UTILIZAÇÃO DE QUADRO DE ESQUADRIAS


A forma mais comum de dimensionar portas e janelas é por meio do quadro de vãos ou es-
quadrias.

Para identificar cada porta e janela, utilizamos um código seguido por um número dentro de
uma circunferência, conforme a norma NBR 6492.

Cada código deverá aparecer em um quadro, denominado quadro de esquadrias, que des-
creverá as informações relevantes de tal esquadria; o quadro de esquadrias deve estar localizado
acima do carimbo.

Utilizamos os códigos J1, J2 e sucessivamente para janela. Para portas, utilizamos P1, P2, P3,
P4 e assim por diante.

Nesse quadro deverá conter informações conforme o exemplo a seguir:

QUADRO DE ESQUADRIAS

CÓDIGO DIMENSÕES QUANTIDADE MATERIAL/TIPO


P1 0,80X2,10 03 Madeira/abrir

P2 0,70x2,10 02 Madeira/abrir

P3 0,60x2,10 01 Madeira/abrir

J1 1,00x1,00x1,10 02 Alumínio/correr

J2 0,50x0,50x1,60 01 Alumínio/basculante

Observações Gerais
Vamos ver algumas observações importantes sobre o que vimos até agora:

„ As plantas para aprovação em prefeitura devem ser apresentadas com escala 1:100. Para
detalhamento de marcenaria ou paginação de piso, por exemplo, a escala apropriada é a
de 1:50 ou 1:25;

„ De acordo com a NBR 6492/94, a espessura das linhas em uma planta baixa é representada
conforme a distância do objeto do plano de corte horizontal. Elementos mais próximos são
representados com linhas mais grossas, como paredes, e, conforme vão se distanciando, a
espessura vai diminuindo, chegando às linhas mais finas, que representam hachuras, linhas
de chamada e elementos em projeção.

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Os Cortes
Os cortes são desenhos que representam as vistas que obtemos após cortar a edificação com
um plano vertical. É nos cortes que conseguimos obter informações que na planta baixa não
conseguimos, tais como pé-direito, distribuição de escadas e posicionamento de reservatórios
de água.

Para projetos de legalização de prefeitura, por exemplo, são exigidos pelo menos 2 cortes:
um transversal (plano de corte na menor dimensão da edificação) e outro longitudinal (na maior
dimensão da edificação), devendo um corte representar as circulações verticais (elevador, escada,
rampas, caso existam no projeto, entre outras).

A quantidade de cortes necessária em um projeto varia de acordo com sua complexidade,


como paredes irregulares, muitos elementos construtivos diferenciados, diferença de níveis dos
pisos, entre outros.

Exemplos:
Figura 32 – Plano que gera o corte transversal

PLANO QUE GERA O CORTE TRANSVERSAL:

PLANO QUE GERA O CORTE LONGITUDINAL:

Fonte: Gomes (1997)

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Posicionamento dos Cortes


Conforme a orientação da NBR 6492/94, tanto o posicionamento do plano de corte quanto
o sentido de observação dependem do que se quer representar. É recomendado que os cortes
representem algum ambiente de área molhada (cozinhas, banheiros etc.) e, se houver mais de
um pavimento ou desnível de pisos, devem ser representadas as circulações verticais (rampas,
escadas, elevadores etc.).

Ainda de acordo com a norma, os cortes devem estar representados em planta baixa com a
seguinte simbologia:
Figura 33 – Representação de cortes em planta baixa

Fonte: Gomes (1997)

Figura 34 – Representação de cortes em planta baixa

CORTE AB SENTIDO INDICADO CORTE AB SENTIDO INDICADO

CORTE CD INDICADO CORTE CD INDICADO


Fonte: Gomes (1997)

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fachadas, cortes e quadro de áreas

Assim como interpretar os desenhos das plantas baixas é muito importante, interpretar os de-
senhos dos cortes também é necessário, pois é nesse desenho que conseguimos compreender
elementos que não aparecem nas plantas, tais como pé-direito, passagem de escadas e corrimão,
entre outros, conforme exemplos.
Figura 35 – Desenho de cortes

Fonte: Gomes (1997)

Figura 36 – Desenho de cortes

Fonte: Gomes (1997)

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Representação das Informações


Como já vimos, os desenhos representando os cortes servem para que possamos obter a maior
quantidade de informações para o correto entendimento da edificação, tais como pé-direito, níveis
dos pavimentos, ângulos de inclinação dos telhados, rampas, escadas, elevadores, entre outros.

Cotas

No desenho de corte, devem constar apenas as medidas verticais, tais como: pé-direito dos
ambientes (altura do cômodo, a distância do piso até o forro ou o teto), alturas de elementos
que não conseguimos identificar em planta baixa, tais como alturas de balcão fixo, alturas de
patamares e pisos, altura de empenas e platibandas, altura do telhado e cumeeiras (é a parte mais
alta de um telhado na intersecção de duas ou mais águas do telhado), entre outros.

Bem, acredito que você deva estar se perguntando: “o que é empena e platibanda?”.

Vou te explicar:

Empena é a parte superior das paredes externas acima do forro, fechando assim o vão for-
mado pelo telhado.

Platibanda é um detalhe construtivo do telhado, uma espécie de mureta construída acima das
paredes externas para proteger e ornamentar a fachada e o telhado).

Exemplos de cortes:
Figura 37 – Cortes

Fonte: Oberg (1997)

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Projeto de arquitetura: plantas,
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Figura 38 – Cortes

Fonte: Oberg (1997)

As Fachadas
Definição
Fachadas são os desenhos que representam as faces externas de uma edificação.
Esse desenho é importante para que seu cliente visualize de maneira bidimensional
como vai ficar o imóvel após a conclusão da obra.

Exemplo:
Figura 39 – Representação de fachada

Fonte: Oberg (1997)

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Cobertura e Planta de Locação


A planta de cobertura é um desenho que representa como irá ficar a edificação de uma vista
superior. Esse desenho demonstrará o telhado, com os detalhamentos de calhas, telhas, inclinação
das águas do telhado, entre outros.

A planta de locação representa como a edificação interage com os outros elementos que estão
no mesmo terreno. É nesse desenho que constam informações importantes, como dimensões
do terreno, recuos, muros, calçadas, portões, entre outros elementos.

A cobertura e a planta de locação podem estar contidas no mesmo desenho.

Exemplo:
Figura 40 – Representação de Cobertura e planta de locação

Fonte: Oberg (1997)

98
Aula 5
Projeto de arquitetura: plantas,
fachadas, cortes e quadro de áreas

Planta de Situação
Nesse desenho, situamos a posição do terreno na quadra em que está inserido. Dessa ma-
neira, o corretor de imóveis consegue identificar, por exemplo, a localização do imóvel que está
negociando com o cliente dentro de um grande loteamento.

Nesse desenho existem informações importantes para você, caro aluno:


„ O norte geográfico (assim conseguimos localizar onde estará o sol nascente,
que é a melhor posição para as janelas, portanto são os apartamentos
mais procurados em um edifício residencial, por exemplo);

„ O nome da rua em que está inserido o terreno, bem como as


ruas vizinhas para maior facilidade de localização;

„ As dimensões do terreno;

„ O número do lote, de acordo com as leis de zoneamento da prefeitura;

„ As curvas de nível do terreno.

Exemplo:
Figura 41 – Planta de situação

Fonte: Oberg (1997)

Esses são exemplos de informações que podem estar no desenho, mas existem também
outras informações pertinentes.

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Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

100
Aula 5
Projeto de arquitetura: plantas,
fachadas, cortes e quadro de áreas

Índices Urbanísticos
Definição
Estes índices são muito importantes para que você possa oferecer para seu cliente
o terreno, imóvel ou empreendimento mais adequado para as necessidades dele.

Vamos saber os motivos pelos quais esses índices auxiliam o corretor de imóveis a
oferecer o melhor serviço para seus clientes?

A elaboração de projetos deve seguir alguns índices que variam de acordo com
cada prefeitura, conforme as leis de uso e ocupação do solo. Os índices que devem
ser calculados são:

„ Área total construída – é a soma de todas as áreas cobertas utilizáveis


do terreno. Se está sendo projetada uma casa de dois pavimentos,
por exemplo, deve-se somar a área dos dois andares;

„ Coeficiente de aproveitamento – cada prefeitura, em seu Plano Diretor, especifica


esse número, que, multiplicado pela área do terreno, vai estabelecer a metragem
quadrada máxima permitida para construção naquele determinado terreno;

„ Área de projeção – calcula-se a área que a edificação projeta no terreno;

„ Taxa de ocupação – é o percentual resultante da relação da


projeção horizontal da edificação e a área do lote;

„ Taxa de permeabilidade – é o percentual das áreas


verdes do terreno em relação à área total dele.

101
Técnico em
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Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Cobertura de Edifícios
Definição
A cobertura de uma edificação é um elemento importante no projeto, pois com esse
elemento podemos definir o estilo de uma edificação. Por exemplo: as coberturas de
telhas cerâmicas remetem a um estilo mais colonial e as lajes de concreto com plati-
bandas evidenciam um projeto mais contemporâneo.

A cobertura, além de definir o estilo da edificação, tem uma função principal, que é
proteger o interior das edificações das ações de intempéries (sol, chuva, vento, frio etc.).
Encontramos no mercado diversos tipos de sistemas construtivos, dos mais tradicionais,
como telhas cerâmicas e de fibrocimento, até os materiais e técnicas mais alternativos,
como o uso de embalagens recicladas de alimentos e de tubos de pasta de dente.

Telhados
O sistema construtivo de um telhado é composto basicamente de:

A. Telhas (cerâmicas, metálicas, fibrocimento, vidro etc.);

B. Estrutura (tesouras de madeira, sistema metálico, lajes pré-fabricadas etc.);

C. Sistema de escoamento de águas pluviais (calhas e condutores).

Chamamos de água cada plano do telhado. Conforme o tipo e o número de águas,


os telhados classificam-se em:

Figura 42 – Telhados

a) Telhado de uma água

Perspectiva Vista frontal Planta de cobertura

Fonte: Oberg (1997)

102
Aula 5
Projeto de arquitetura: plantas,
fachadas, cortes e quadro de áreas

Figura 43 – Telhado de duas águas

b) Telhado de duas águas

Perspectiva Vista frontal Planta de cobertura


Fonte: Oberg (1997)

Figura 44 – Telhado de três águas

c) Telhado de três águas

Perspectiva Vista frontal Planta de cobertura

Fonte: Oberg (1997)

Figura 45 – Telhado de quatro águas

d) Telhado de quatro águas

Perspectiva Vista frontal Planta de cobertura

Fonte: Oberg (1997)

103
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Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Nomenclatura
No sistema construtivo de um telhado, existem elementos importantes, conforme
descrição a seguir:

A. Cumeeira – é o encontro das águas mais


altas e horizontais do telhado;

B. Espigão – é o encontro descendente de cada água;

C. Rincão – é o encontro de cada água do telhado.


Os rincões são representados por duas linhas.

Exemplo:

Figura 46 – Nomenclatura de sistema construtivo de telhado

Rincão Espigão

Cumeeira

Fonte: Oberg (1997)

104
Aula 5
Projeto de arquitetura: plantas,
fachadas, cortes e quadro de áreas

Circulação Vertical
Escadas
As escadas são um meio de circulação vertical que permite o acesso aos diferen-
tes níveis. Podemos dizer que as escadas são elementos construtivos compostos dos
seguintes itens:
A. Degrau – elemento composto por pisos e espelhos;
B. Piso – elemento horizontal em que apoiamos nossos pés;
C. Espelho – elemento vertical que serve para unir os pisos e
promover o fechamento a fim de evitar acidentes;
D. Bocel – elemento que se projeta além do piso e serve para arremate;
E. Corrimão – elemento horizontal que serve de apoio
para as mãos, facilitando a subida e a descida;
F. Montante – elemento vertical que serve de apoio
para o corrimão ou guarda-corpo;
G. Guarda-corpo – elemento de fechamento que evita a queda de
pessoas ou objetos da escada. Pode ser feito de vários materiais,
como vidro, barras metálicas, madeira, entre outros;
H. Lanço (ou lance) – é o conjunto de degraus ininterruptos. A prefeitura
pode, por meio de leis, fixar um número máximo de degraus por lanço;
I. Patamar – é o elemento que divide os lanços, um degrau de descanso;
J. Largura – é a largura do degrau.

Exemplo:
Figura 47 – Representação de escadas

Fonte: Oberg (1997)

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Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Tipos de Escadas
Nos inúmero projetos com que você, como corretor de imóveis, se deparará, você
vai perceber que existem diversos tipos de escadas, que, além da função de ligar os
diferentes andares da edificação, podem acrescentar elementos de decoração no am-
biente, conferindo estilo ao projeto.
Assim, é importante que você saiba diferenciar os principais tipos e seus detalhes. A
primeira diferenciação é entre escadas soltas ou engastadas.
Escadas engastadas são aquelas que se encontram entre duas paredes paralelas. Já
as escadas soltas são aquelas que podem se sustentar sem o apoio de uma parede ou
com o apoio de apenas uma parede.
Os dois tipos de escadas podem ainda se diferenciar em escadas retas, curvas ou
mistas. A seguir alguns tipos de escadas:

Figura 48 – Tipos de escadas

Escada engastada Escada solta Figura 49 – Escada curva

Escada com três lanços retos


Fonte: Montenegro (2001) Fonte: Montenegro (2001)

106
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Projeto de arquitetura: plantas,
fachadas, cortes e quadro de áreas

Dimensões
O cálculo da escada com suas dimensões deve seguir a NBR 9050 – Acessibilidade a
edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, que rege dimensões mínimas
para promover a acessibilidade a todos os usuários da edificação e garantir um maior
conforto. Porém, cada prefeitura, por meio de seus códigos de obras (exemplo: Lei nº
11.228/92 – código de obras e edificações do município de são Paulo), especifica mais
detalhadamente essas metragens, que iremos abordar a seguir.
Primeiro devemos diferenciar o uso da escada em escadas de uso privativo, que
são escadas destinadas ao uso de interior de apartamentos ou residências, e o uso de
escadas coletivas, que são destinadas ao uso público, tal como escadas de shopping
centers, escolas etc.
As escadas de uso privativo devem observar a largura mínima de 0,80 m. Existem
casos de escadas chamadas restritas, que são de uso para depósitos, por exemplo, que
podem ser projetadas com o mínimo de 0,60 m.
A Lei nº 11.228/92 estabelece que o conjunto de degraus deve assegurar passagem
livre de no mínimo 2,00 m e que é obrigatório o uso de patamares intermediários de
0,80 m de largura caso o desnível vá ser superior a 3,25 m.
As escadas de uso coletivo seguem a determinação de dimensionamento das NBR
9077/2001 e NBR 9050/2004, que fixam os seguintes parâmetros de dimensionamento:
„ Largura mínima de 1,20 m para patamares e escadas fixas;

„ O tamanho do piso varia entre 0,28 m e 0,32 m e o espelho entre 0,16 m e 0,18 m.

Exemplo:
Figura 50 – Dimensões das escadas

ESPELHO

PISO

Fonte: Montenegro (2001)

107
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Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Cálculo de uma Escada


Você sabe como calcular o tamanho de uma escada?
Existem cálculos que fazemos para garantir que um projeto de escada represente
uma escada que seja confortável ao ser utilizada. Esse cálculo é feito por meio da
fórmula de Blondel (Nicolas-François Blondel foi um matemático e engenheiro civil
francês), que é um conjunto de cálculos que nos ajuda a chegar nos tamanhos ideais
para uma determinada escada, padronizando a construção dos elementos, visando à
segurança e ao conforto.
Claro que você, como corretor de imóveis, não precisará fazer tais cálculos. Fique
tranquilo. Mas é sempre importante conhecer!
Vamos lá?

Antes de mais nada, vamos conhecer os elementos que iremos encontrar nessa
fórmula:
„ El – espessura da laje;
„ PD – pé-direito do ambiente;
„ H – altura do vão que a escada irá vencer (encontramos essa medida
por meio da soma do pé-direito com a espessura da laje);
„ E – espelho da escada;
„ P – piso da escada;
„ N – número de degraus da escada;
„ Cp – profundidade do patamar da escada;
„ D – tamanho da escada em projeção horizontal (precisaremos
dessa medida para determinar o projeto em planta baixa).

Agora vamos aos cálculos:

1. A primeira medida que temos que encontrar é o h


(altura do vão que a escada irá vencer);
2. Após essa medida, temos que definir o E – altura do espelho
(lembra que a NBR 9050 definiu que essa medida deve estar
entre 0,16 m e 0,18 m? – você vai escolher qual medida é a mais
adequada ao seu projeto, mas geralmente utiliza-se 0,18 m);
3. Vamos dividir o h (altura do vão) pelo E. O resultado
será o N (o número de degraus);

108
Aula 5
Projeto de arquitetura: plantas,
fachadas, cortes e quadro de áreas

4. A proporção de 0,63 m ≤ (p + 2e) ≤ 0,65 m irá nos


auxiliar no cálculo da largura do piso;
5. Uma escada tem um número N de degraus e então irá ter N-1
pisos. Então temos que seguir a seguinte fórmula: D = P (n-1).

Parece um pouco confuso, não é mesmo? Vamos fazer um exemplo para te ajudar.

Iremos calcular uma escada reta de lance único com as seguintes informações: PD
3,10 m e EL 0,20 m.

H = PD + EL = 3,10 m + 0,20 m = 3,30 m

N = H/E = 3,30 / 0,18 = 18,33 – como estamos falando de número de degraus, ar-
redondamos sempre para cima, portanto 19 degraus.

Com esses dados, temos:

E = H/N = 3,30/19 = 0,1736 – nesse caso, estamos falando da altura do espelho, e,


portanto, não podemos arredondar o número, pois pode dar diferença na altura. Imagine
se arredondarmos esse número para 0,17. Temos um número de 19 degraus na nossa
escada. Se arredondamos para 0,17 m a altura do espelho, teremos uma escada para
vencer um vão de 3,23 m e não 3,30 m, como foi proposto inicialmente. Então teremos
uma diferença de 7 cm no degrau final, que irá ficar com 0,24 m.

Com esses dados, teremos:

H / E = 3,30 / 0,1736 = 19 degraus

Vamos calcular agora a largura do piso da nossa escada. Lembrando de nossa con-
dição de Blondel, 0,63 m ≤ (p+2e) ≤ 0,65 m, então:

P+2E = 0,64 m

Temos:

P + (2x0,1736) = 0,64

P + 0,3472 = 0,64

P = 0,64 – 0,3472

P= 0,2928

Com esses cálculos, nossa escada terá 19 degraus, com altura do espelho de 0,1736
m e piso de 0,2928 m.

109
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Transações
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Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Para finalizar nosso cálculo, temos que determinar o tamanho da nossa escada no
plano horizontal. Iremos calcular conforme as fórmulas de Blondel:

D = P (N-1)

D = 0,2928 (19-1)

D = 0,2928 x 18

D = 5,27 metros

IMPORTANTE: fique tranquilo! Esses cálculos são feitos pelos projetistas no


momento do desenvolvimento do projeto. Mas é interessante você saber
como eles são realizados para melhor interpretar os projetos.

Representação gráfica
Figura 51 – Representação gráfica

Fonte: Montenegro (2001)

110
Aula 5
Projeto de arquitetura: plantas,
fachadas, cortes e quadro de áreas

Figura 52 – Representação gráfica

Fonte: Montenegro (2001)

Saiba mais
Para se aprofundar em desenho técnico, acesse os links:

` https://www.youtube.com/ ` https://www.youtube.com/
watch?v=4iEhc2odsFo watch?v=M2a5fhRZ7cQ
Ou escaneie o código Ou escaneie o código

IMPORTANTE:
` O desenho técnico é a principal forma de expressão na construção
civil, sendo nossos desenhos padronizados pelas NBRs, para facilitar o
entendimento por todos os profissionais envolvidos, inclusive por você,
corretor de imóveis;
` A escala mais utilizada nos projetos legais é a 1:100.

111
Técnico em
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DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Síntese da aula
` Cada detalhe em um desenho de projeto é importante
e cada desenho tem seus detalhes;

` O corretor de imóveis deve entender e saber ler o projeto de maneira clara


e precisa, para que possa oferecer o melhor serviço para seu cliente.

Exercícios
Vamos verificar se você compreendeu a matéria desta aula?

Caso tenha ficado com dúvidas, sugiro que retorne ao conteúdo da aula para revisar a matéria.

1. Em um projeto de um futuro empreendimento estão contidos alguns desenhos. Esses desenhos


geralmente estão representados em que tipo de escala?
A. ( ) Natural.
B. ( ) Redução.
C. ( ) Real.
D. ( ) Reprodução.
E. ( ) Ampliação.

112
Aula 5
Projeto de arquitetura: plantas,
fachadas, cortes e quadro de áreas

2. O projeto de um futuro empreendimento que você, como corretor de imóveis, irá comercializar,
contém algumas informações numéricas que chamamos de COTAS. Essas cotas têm a finalidade
de:
A. ( ) Indicar as dimensões do objeto.
B. ( ) Indicar as dimensões da espessura das linhas.
C. ( ) Indicar o número de aberturas.
D. ( ) Indicar as áreas dos ambientes.
E. ( ) Todas as respostas estão certas.

3. O desenho no projeto arquitetônico que contém informações que ajudam o corretor de imóveis a
entender detalhes do imóvel de um futuro empreendimento, como as medidas, largura e compri-
mento, é denominado:
A. ( ) Planta baixa.
B. ( ) Cobertura.
C. ( ) Corte.
D. ( ) Fachada.
E. ( ) Situação.

4. No projeto de um empreendimento, existe um desenho chamado de planta de situação. Ela serve


para representar:
A. ( ) A posição da construção dentro do terreno.
B. ( ) O desenho do objeto visto na sua projeção sobre um plano vertical.
C. ( ) A vista superior da obra, necessitando assim da representação
de todos os detalhes relativos à cobertura.
D. ( ) A representação do lote dentro da quadra.
Gabarito e respostas na página 133

E. ( ) A projeção do imóvel visto da rua.

5. Sobre planta baixa é correto afirmar:


A. ( ) São projeções verticais de cortes efetuados por planos imaginários.
B. ( ) Nome que se dá ao desenho de uma construção feita, em geral,
com base no corte horizontal à altura de 1,5 m do chão.
C. ( ) Representação das seções: LONGITUDINAL e TRANSVERSAL.
D. ( ) Indica a posição da construção dentro do terreno.
E. ( ) Indica a posição do lote na quadra.

113
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Transações
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Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

114
Aula 6
Projetos Complementares

Projetos Complementares
Caro(a) aluno(a),

Conforme estudamos até agora, um projeto é o conjunto de documentos e desenhos que


se complementam para representar um edifício, não é mesmo? Mas sabemos que um imóvel
tem muitos detalhes construtivos feitos por profissionais especializados e que necessitam de
informações especiais. Você deve saber o que são projetos complementares e quais são os
profissionais que realizam esses desenhos para uma visita eventual a uma obra em andamento
para poder explicar ao seu cliente o que está em andamento. Assim, a confiança dele em seus
serviços aumentará.

Nesta aula, veremos:

` O que são projetos complementares;

` Projetos estruturais, hidráulicos, elétricos, climatização,


segurança, automação e proteção contra incêndio.

Vamos lá?

115
Técnico em
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DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

O que são Projetos


Complementares?
Os projetos complementares são projetos técnicos que se integram ao projeto arquitetônico
e assim conseguimos compreender com mais facilidade os detalhes construtivos da edificação,
auxiliando a equipe responsável pela execução da obra a ter um entendimento maior de cada
etapa da construção, evitando, assim, problemas que possam surgir. Cada projeto deverá ser
executado por um profissional especializado em cada área, como engenheiros elétricos, calcu-
listas etc. Você, como corretor de imóveis, poderá ir com seu cliente visitar o empreendimento e
estará em contato diretamente com todas essas equipes ao longo de todo o processo. Portanto,
é importante que saiba do que se trata cada projeto complementar para passar ao cliente o que
está acontecendo na obra.

Os projetos complementares podem ser: estruturais, hidráulicos, elétricos, de climatização,


segurança, automação, proteção contra incêndio, entre outros.

Vamos conhecer um pouco mais cada tipo de projeto complementar?

Estrutural
Neste projeto, que é feito por um engenheiro civil especializado em estruturas ou um enge-
nheiro calculista, serão dimensionados todos os elementos de estrutura da construção. Existem
diversas técnicas construtivas. Devem ser descritos cada etapa e o dimensionamento das peças.
Exemplos de projetos estruturais: planta de fundação e projeto de estrutura de cobertura.

Hidráulico
Nesta etapa, o engenheiro civil irá projetar sistemas de instalações de água pluvial, águas frias
e quentes e esgoto. Esse mesmo profissional irá projetar elementos que tornam a edificação
sustentável por meio de reaproveitamento de uso de água e aquecedores solares.

116
Aula 6
Projetos Complementares

Elétrico
Este projeto é desenvolvido por um engenheiro civil especializado em elétrica e compõe toda
a parte de sistema de energia da edificação. Neste projeto, deverão constar projetos que preve-
em os pontos elétricos, tamanho de fiação, equipamentos de aterramentos, disjuntores, tipos e
quantidade de lâmpadas e cálculos de potência.

Climatização
Este projeto se refere a todos os itens relacionados aos sistemas de aquecimento, como
ar-condicionado.

Segurança
Este projeto prevê todos os sistemas de segurança, tais como câmeras de circuito interno,
alarmes, cercas elétricas, portões automatizados, entre outros.

Automação
Este projeto se refere aos projetos de instalações de cabeamentos de telefone, TV, entre outros.

Proteção contra incêndio


Embora algumas prefeituras não exijam projetos de proteção contra incêndio para a aprova-
ção do projeto como um todo, é importante efetuar esse estudo que se refere às rotas de fuga
de emergência, instalação de alarmes de incêndio, sprinklers, hidrantes, portas corta-fogo, entre
outros.

Caro aluno, você percebeu que, para iniciar uma obra, são necessários, além de um projeto
detalhado de arquitetura que vai servir como guia de execução da obra, conjuntos de projetos
complementares que também servirão para orientar a execução da obra. Esses projetos são
entregues para o cliente ao final da obra para orientar possíveis reformas ou alterações que se
fizerem necessárias.

Importante: cada projeto complementar só pode ser feito por um profissional especializado
na área correspondente (exemplo: um projeto de estrutura de fundações só poderá ser feito por
um engenheiro calculista).

117
Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Síntese da aula
` O conjunto de projetos complementares é importante
para o correto andamento da obra;

` O conjunto de projetos complementares serve como documento para


ser entregue para o cliente após a conclusão do serviço, ajudando assim
reformas e alterações que futuramente se fizerem necessárias.

Exercícios
Vamos verificar se você compreendeu a matéria desta aula?

Caso tenha ficado com dúvidas, sugiro que retorne ao conteúdo da aula para revisar a matéria.

1. O projeto hidráulico indica que tipo de instalação?


A. ( ) Instalações de águas pluviais, redes de esgoto e reservatórios.
B. ( ) Estruturas metálicas.
C. ( ) Sistemas de energia.
D. ( ) Projetos de tubulações para ar-condicionado.
E. ( ) Instalações de circuitos de segurança.

118
Aula 6
Projetos Complementares

2. O projeto estrutural é realizado por qual profissional?


A. ( ) Arquiteto.
B. ( ) Engenheiro civil.
C. ( ) Engenheiro elétrico.
D. ( ) Topógrafo.
E. ( ) Decorador.

3. Você está negociando um imóvel que ainda não foi construído. Seu cliente pergunta sobre instalação
de sistemas de climatização. A que ele está se referindo?
A. ( ) A questões ligadas ao aquecimento e resfriamento dos cômodos, assim como
à instalação de aquecedores, ar-condicionado e pisos aquecidos, entre outros.
B. ( ) Projeto que envolve sistemas de energia, pontos elétricos, fiações e instalações elétricas.
C. ( ) Projetos complementares que representam os sistemas de segurança do imóvel.
D. ( ) Projetos de comunicação, como instalações para uso
de telefone, internet, interfones e outros.
E. ( ) Nenhuma das anteriores.

4. Em um imóvel já construído, é importante observar se o projeto de proteção contra incêndio foi


bem executado e cumprido. Elementos que podem indicar que foi feito de maneira correta é a
presença desses itens:
A. ( ) Ar-condicionado, aquecedores.
B. ( ) Hidrantes, extintores, sprinklers.
C. ( ) Cavaletes e placas.
D. ( ) Nenhum dos itens acima.
Gabarito e respostas na página 133

E. ( ) Todos os itens acima.

5. O projeto de instalações elétricas é realizado por qual profissional:


A. ( ) Arquiteto.
B. ( ) Corretor de imóveis.
C. ( ) Engenheiro calculista.
D. ( ) Técnico em edificações.
E. ( ) Engenheiro civil ou elétrico.

119
Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

120
Aula 7
Projeto de interiores

Projeto de Interiores
Caro(a) aluno(a),

Até aqui já vimos a importância de uma série de fatores que orientam um projeto. O proje-
to de interiores é o planejamento dos elementos internos para deixar os cômodos agradáveis
para seu cliente. Hoje existem empresas que se especializaram em decoração de interiores para
comercialização de imóveis, tornando-os mais atraentes, principalmente nos lançamentos de
empreendimentos, com a exposição de unidades decoradas.

Vamos lá?

121
Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

122
Aula 7
Projeto de interiores

Introdução
É no projeto de interiores que se faz o planejamento da decoração e de todos os elementos
internos de uma edificação para solucionar problemas técnicos e estéticos, facilitando assim o
cotidiano de quem irá utilizar esse ambiente.

O corretor de imóveis pode utilizar-se de um projeto de interiores bem-feito para facilitar


a comercialização de um imóvel, oferecendo aos seus clientes ideias de como os ambientes
podem ficar com móveis e decoração, por isso os ambientes decorados em empreendimentos
não construídos são tão importantes. A maioria do público não compreende os desenhos em
um projeto, fazendo com que esses stands se tornem necessários para a concretização da co-
mercialização do imóvel.

O bom projeto leva em consideração as particularidades do usuário e deve ser feito de acordo
com estudos minuciosos, que avaliam fatores subjetivos, como gostos, cotidianos, preferências etc.

Alguns fatores são considerados;


A. Normas técnicas;

B. Medidas de ergonomia;

C. Topografia;

D. Clima.

Um bom projeto de interiores também valoriza um imóvel no momento de sua comercia-


lização, pois os ambientes decorados podem ajudar na visualização do empreendimento após
sua conclusão. Uma prática que as construtoras estão adotando para facilitar a compra de novos
imóveis ainda em construção é a construção de “modelos decorados”, que é um modelo cons-
truído e decorado em tamanho real para os clientes poderem visualizar como ficará o imóvel
depois de construído.

123
Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Etapas do Projeto de Interiores


Um projeto de interiores é realizado em várias etapas, que começam com uma entrevista com
os clientes para identificar as necessidades, passa por projetos e estudos dos ambientes, defini-
ção de mobiliários, cores e materiais a serem empregados na obra e vai até a execução de obra.

Vamos conhecer as etapas mais importantes?

Entrevista com o Cliente


Nesta etapa, assim como você, futuro corretor de imóveis, precisa identificar quais
são as principais necessidades do seu cliente para poder oferecer o melhor imóvel, o
profissional contratado para essa etapa precisa entender quais são os hábitos, os gostos
e detalhes do cliente, por meio de uma conversa informal que servirá de base para o
projeto.

Após essa conversa, o profissional cria um programa de necessidades. Exemplo:


uma família composta por um casal recém-casado tem necessidades diferentes de
uma família composta por um casal com 3 filhos adolescentes.

Com esse programa de necessidades, é feito um primeiro projeto, que é chamado


de croqui, que vai ajudar o profissional a mostrar suas ideias para que o cliente possa
fazer alterações até chegar no resultado esperado.

124
Aula 7
Projeto de interiores

Projeto
Feito esse primeiro estudo e com o croqui já com as alterações feitas e aprovadas
pelo cliente, inicia-se a fase de projeto. Cria-se um layout do cômodo com a distribuição
dos móveis, cores e iluminação desejadas.

Quando o projeto chegar à versão final, parte-se para os projetos complementares,


como estudamos na aula anterior. Em projetos de interiores, temos alguns detalhamen-
tos específicos, tais como projetos de planta de forro, que mostra os rebaixos de tetos,
criação de sancas (moldura de gesso), projeto de iluminação, plantas de paginação de
piso (que mostra como o piso será instalado), perspectivas, entre outros.

Memorial Descritivo
Neste documento, você poderá conferir com o seu cliente se o que foi contratado
com a construtora ou empreiteiro foi entregue. Ele é o registro por escrito de todos os
elementos que fazem parte do projeto, como as especificações técnicas dos materiais
empregados na obra e as quantidades de materiais utilizadas, técnicas construtivas e
projetos complementares.

O memorial descritivo deve conter, além da descrição do material, informações mais


precisas do que foi utilizado, com detalhes das técnicas empregadas.

No momento da negociação do imóvel, ter esse conjunto de informações, além de


amostras dos materiais empregados, ampara o corretor de imóveis, pois auxilia o cliente
a visualizar melhor como o imóvel ficará depois de entregue.

Saiba mais
Para saber mais sobre a “home staging”, técnica de valorização de imóveis,
acesse o link:

` https://www.youtube.com/watch?v=F0HdKI3-TK8
Ou escaneie o código

125
Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Síntese da aula
` Que as etapas do projeto de interiores são: entrevista com o
cliente, projetos, detalhamentos e memoriais descritivos.

Exercícios
Vamos verificar se você compreendeu a matéria desta aula?

Caso tenha ficado com dúvidas, sugiro que retorne ao conteúdo da aula para revisar a matéria.

1. Um stand de vendas com uma unidade decorada dificulta a venda de um imóvel na planta.
Essa afirmação é:
A. ( ) Verdadeira.
B. ( ) Falsa.

126
Aula 7
Projeto de interiores

2. Tendo em mãos o memorial descritivo, quais informações o corretor de imóveis


poderá obter que auxiliarão o cliente na escolha do melhor imóvel?

A. ( ) Quantidade de ambientes, área total do imóvel, materiais empregados e acessórios.


B. ( ) Quantidade de equipe de obra.
C. ( ) Tempo de execução de obra.
D. ( ) Tipo do imóvel.
E. ( ) Valores venais do imóvel.

3. Qual profissional é indicado para fazer os projetos de interiores?


A. ( ) Corretor de imóveis.
B. ( ) Engenheiro calculista.
C. ( ) Arquiteto.
D. ( ) Técnico em edificações.
E. ( ) Mestre de obras.

4. No conjunto de documentos entregue para seu cliente com as chaves do imóvel novo, vai o projeto
executivo para auxiliar em futuras reformas e nas adequações que se fizerem necessárias. Nesse
documento estão quais tipos de detalhamentos?

A. ( ) Plantas de detalhamentos de forro de gesso, assentamentos de


pisos, bancadas, projetos de luminotécnica e hidráulica.

B. ( ) Projeto de estrutura de fundações.


C. ( ) Projeto de paisagismo.
D. ( ) Cortes e elevações do edifício.
Gabarito e respostas na página 134

E. ( ) Nenhuma das anteriores.

5. Um projeto de interiores deve levar em consideração quais fatores?


A. ( ) Normas técnicas, medidas de ergonomia, topografia e clima.
B. ( ) Tempo de execução.
C. ( ) Equipe de obras.
D. ( ) Tipo de material a ser empregado.
E. ( ) Paisagismo.

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Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Glossário
Abóbada – cobertura de secção curva.

Afastamento – distância mínima a ser observada entre as


paredes externas da edificação e os limites do terreno.

Água – termo que designa o plano do telhado.

Alvenaria – conjunto de pedras, tijolos, blocos ou concreto, com


ou sem argamassa, para formação de paredes, muros etc.

Área útil – superfície de utilização de uma edificação sem considerar as paredes.

Balanço – Avanço da edificação sobre alinhamentos ou recuos regulamentares.

Basculante – Janela ou peça móvel em torno de eixo horizontal.

Beiral – Parte saliente da cobertura.

Croqui – “rascunho” de um projeto.

Espelho da escada – Face vertical de um degrau.

Esquadria – Fechamento dos vãos, formada por grade ou marco e folhas.

Cumeeira – Parte reta mais alta dos telhados em que têm início as águas.

Guarda-corpo – parapeito; proteção de um vão.

Parapeito – resguardo de pequena altura.

Patamar – superfície intermediária entre dois lances de escada.

Pé-direito – distância vertical entre forro e piso.

Peitoril – parte inferior da janela/distância entre o piso e o início do espaço ocupado por ela.

Pivotante – folha móvel em torno de eixo vertical.

Planta baixa – projeção horizontal; vista superior; projeção


de um corte horizontal numa edificação.

Rodapé – faixa de proteção entre a parte inferior da parede e o piso.

Soleira – elemento localizado no piso, no vão das portas, de marco a marco.

128
Referências
AMARANTE, R. R. Sistematização do processamento de dados gravimétricos aplicados à
determinação do modelo geoidal. Dissertação [Mestrado] – Unicamp, Campinas, 2012.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 6492:


Representação de projetos de arquitetura. Rio de Janeiro, 1994.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 9077:


Saídas de emergência em edifícios. Rio de Janeiro, 1993.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 10068:


Folha de desenho – Leiaute e dimensões. Rio de Janeiro, 1987.

COSTA, L. (1902-1998). Considerações sobre arte contemporânea (1940).


In: Costa, L. Registro de uma vivência. São Paulo: Empresa das Artes, 1995. 608 p.

DOMINGUES, F. A. A. Topografia e astronomia de posição para engenheiros


e arquitetos. São Paulo: Mcgraw-Hill do Brasil, 1979.

DOURADO, L. Por que contratar um arquiteto? Conceitua, 14 maio 2016.


Disponível em: http://www.conceitua.com.br/site/?p=489. Acesso em: 3 abr. 2020.

Gauss, C. F. Bestimmung des Breitenunterscchiedes zwischen


den Sternwarten von Gottingen und Altona. Gottingen, 1828.

GOMES, A. P. Desenho Arquitetônico. Ouro Preto: IFMG, 2012.

Heiskanen, W. A.; Moritz, H. Physical Geodesy. San Francisco, 1967. 364 p.

Helmert, F.R. Die mathematischen und physicalischen Theorien


der hoheren Geodasie. Leipzip, Frankfurt: Teubner, 1880.

Listing, J. B. Uber unsere jetzige Kenntnis der Gestalt und Grosse der Erde.
Gottingen: VDM Verlag Dr. Müller, 1873.

MIRAMAR. Times Square Residence. 2019. Disponível em:


https://construtoramiramar.com.br/times-square-residence/. Acesso em: 28 abr. 2020.

MONTENEGRO, G. A. Desenho arquitetônico. São Paulo: Edgard Blucher, 2001.

NEUFERT, E. A Arte de Projetar em Arquitetura. 15. ed. Barcelona: Editorial Gustavo Gille, 2001.

OBERG, L. Desenho Arquitetônico. 33. ed. Rio de janeiro: Ao Livro Técnico, 1997.

129
Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Referências de Figuras
Figura 1 – Fonte: Arquivo Lucio Costa. Disponível em: https://www.arquivo.arq.br/lucio-costa

Figuras 2-7 – Fonte: Depositphotos

Figura 8 – Fonte: DOMINGUES, F. A. A. Topografia e astronomia de posição para


engenheiros e arquitetos. São Paulo: Mcgraw-Hill do Brasil, 1979.

Figuras 9; 22-28; 30; 31; 35; 36 – Fonte: GOMES, Adriano Pinto. Desenho Arquitetônico. Ouro Preto: IFMG, 2012.

Figuras 10; 15-21; 32-34; 37- 47 – Fonte: OBERG, L. Desenho


Arquitetônico. 33. ed. Rio de janeiro: Ao Livro Técnico, 1997.

Figuras 11 – Dobragem padrão das folhas – série A – f – Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA


DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 1006887: folha de desenho leiaute e dimensões. 1987.

Figura 12 – Projeto Arquitetônico Residencial – Fonte: DOURADO, Lívia. Por que contratar um arquiteto?
Conceitua, 14 maio 2016. Disponível em: http://www.conceitua.com.br/site/?p=489. Acesso em: 3 abr. 2020.

Figura 29 – Planta humanizada – Fonte: Construtora Miramar. Disponível em <https://


construtoramiramar.com.br/times-square-residence/>. Acesso em 28 abr.2020.

Figuras 48-52 – Fonte: MONTENEGRO, Gildo A. Desenho arquitetônico. São Paulo: Edgard Blucher, 2001.

Demais Figuras – Fonte: Depositphotos

130
Gabarito
Aula 1
1. RESPOSTA: A
Comentário: a arquitetura teve como função inicial a criação de abrigos para proteção
e depois para diversas outras finalidades, como construção de templos.

2. RESPOSTA: A
Comentário: a busca ainda hoje por abrigos ocorre pela necessidade de proteção,
seja das intempéries climáticas, seja dos agressores externos.

3. RESPOSTA: C
Comentário: de acordo com levantamentos feitos pelo CAU, a maior causa de erros na execução é
decorrente de projetos mal dimensionados, causando desperdício de material e retrabalho.

4. RESPOSTA: A
Comentário: entre os parâmetros mais consistentes para medir o nível evolutivo de um povo estão
suas edificações, o apuro das técnicas construtivas e naturalmente a evolução dos estilos.

5. RESPOSTA: A
Comentário: o corretor precisa observar esses itens para identificar o melhor imóvel para oferecer para seu cliente.

Aula 2
1. RESPOSTA: B
Comentário: a ABNT é uma associação que foi criada justamente para garantir a padronização de uma
série de itens e procedimentos dentro dos quais estão as normas referentes aos projetos técnicos.

2. RESPOSTA: C
Comentário: a norma referente a dobramentos de desenhos é a 13142, a representatividade
de símbolos é a 10126 e a atividades técnicas é a 16636-2.

3. RESPOSTA: E
Comentário: o escalímetro é a ferramenta utilizada para conferir medidas que
foram representadas no desenho em escala de redução.

4. RESPOSTA: A
Comentário: as escalas servem para reduzir a medida real proporcionalmente para poder ser representada
em uma folha de papel. Poderão ser de ampliação para um detalhe técnico construtivo ou mesmo serem
representadas em escala natural, que é o tamanho original do objeto que está sendo representado.

5. RESPOSTA: B
Comentário: o corretor de imóveis precisa interpretar os desenhos para poder comercializar
melhor o imóvel em questão e tirar todas as dúvidas de seu cliente.

131
Técnico em
Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Aula 3
1. RESPOSTA: A
Comentário: os seguintes itens do levantamento inicial deverão constar no estudo inicial de viabilidade:
as dimensões do terreno – se está conferindo com o que consta na escritura –, se existem edificações
no local, se o terreno é íngreme a ponto de inviabilizar a construção, entre outros itens.

2. RESPOSTA: A
Comentário: o estudo de viabilidade é um conjunto de documentos e estudos que
auxilia os profissionais a entenderem melhor o terreno e seu entorno.

3. RESPOSTA: B
Comentário: plantas em geral e estudos volumétricos são desenvolvidos na etapa de anteprojeto
para que possamos ter uma ideia inicial de como ficará o imóvel depois de pronto.

4. RESPOSTA: A
Comentário: em uma primeira conversa com o cliente, o corretor precisa entender quais são as
necessidades básicas dele. Itens como quantidade de cômodos e características de utilização são muito
importantes para que o corretor possa oferecer o imóvel adequado às necessidades do seu cliente.

5. RESPOSTA: E
Comentário: o código de obras é um conjunto de leis que estabelece metragens mínimas dos cômodos
e aberturas de janelas, entre outros itens, como número de vagas e rampas de acessibilidade.

Aula 4
1. RESPOSTA: A
Comentário: a palavra topografia vem do termo grego topos – lugar e graphen – grafia, ou seja, a representação gráfica
de um lugar específico com todos os seus detalhes característicos, como acidentes geográficos, construções, entre outros.

2. RESPOSTA: B
Comentário: as locações de estacas não fazem parte desse tipo de estudo, pois se referem
ao estudo do local como estava ANTES de se iniciar qualquer construção.

3. RESPOSTA: D
Comentário: em um levantamento topográfico, devemos observar os
acidentes geográficos naturais ou causados pelo homem.

4. RESPOSTA: C
Comentário: no estudo planialtimétrico, é feito o documento do levantamento topográfico
propriamente dito, apresentando o estudo planimétrico e altimétrico do terreno.

5. RESPOSTA: D
Comentário: arrumamento é o nome do processo de abertura e criação de ruas.

132
Aula 5
1. RESPOSTA: B
Comentário: para que um projeto inteiro caiba em uma folha de papel, é necessário que se façam escalas de reduções.

2. RESPOSTA: E
Comentário: usamos as cotas para indicar todas as informações acima que
são necessárias para o correto entendimento do projeto.

3. RESPOSTA: A
Comentário: é na planta baixa que colocamos todas as informações necessárias para o correto entendimento do
projeto. Os outros desenhos servem para entendimento gráfico e algum detalhe que não tenha aparecido na planta.

4. RESPOSTA: D
Comentário: representação do lote dentro da quadra, situação do lote em
relação ao seu entorno e aos demais itens da localidade.

5. RESPOSTA: B
Comentário: é o desenho baseado no corte horizontal a 1,5 m do chão.

Aula 6
1. RESPOSTA: A
Comentário: o projeto hidráulico prevê a instalação de redes de águas pluviais, projetos para
tubulações de esgoto, água quente e fria nos banheiros e reservatórios de água.

2. RESPOSTA: B
Comentário: o engenheiro civil é o profissional especializado em estruturas.

3. RESPOSTA: A
Comentário: o projeto de climatização é o conjunto de documentos que se referem aos projetos e especificação
de instalações de ar-condicionado, aquecedores e outros itens que garantem o conforto térmico de um cômodo.

4. RESPOSTA: B
Comentário: esses itens auxiliam em situações de perigo, como incêndio e evacuação emergencial do edifício.

5. RESPOSTA: E
Comentário: o projeto de instalação só pode ser feito por um engenheiro civil
com especialização em elétrica ou por engenheiros elétricos.

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Transações
DESENHO ARQUITETÔNICO E
Imobiliárias NOÇÕES DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Aula 7
1. RESPOSTA: FALSA
Comentário: o stand de vendas decorado auxilia o cliente a ter ideia de como os
ambientes ficarão após a entrega, o que facilita a venda, não o contrário.

2. RESPOSTA: A
Comentário: o memorial descritivo lista todos os detalhes construtivos que foram empregados na obra.

3. RESPOSTA: C
Comentário: o profissional que pode, por lei, executar esse tipo de projeto é o arquiteto.

4. RESPOSTA: A
Comentário: no conjunto de documentos entregues para o cliente com as chaves deve constar todas
as plantas e detalhamentos das instalações elétricas e hidráulicas, os detalhes de assentamento de
pisos e forros, para que o cliente esteja ciente de todas as instalações que estão no seu imóvel.

5. RESPOSTA: A
Comentário: esses itens são importantes para a criação de um bom projeto.

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9 786 588 39 9071

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Imobiliárias

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