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Amor

Nathaly Karitas Suleiman de Lima

O amor talvez seja o sentimento mais falado e buscado pelas pessoas. Aparece no
imaginário como algo de caráter idealizado e superior a outras questões, podendo até
legitimar atitudes equivocadas que, em nossa consciência, se tornam justificáveis em nome
do amor. Sentimento sublime, que nos tira a razão, nos amolece, nos desarma. Faz emergir
nossa essência, nossa espontaneidade. O amor nos faz nos assujeitarmos ao outro,
ultrapassando os limites de si mesmo, nos refletindo no ser amado. Dessa maneira, temos a
sensação de completude que nos faz termos a certeza de que viver vale a pena, que toda a
falta está sendo compensada ali naquele amor todo que sentimos.

Nós tendemos amar conforme nosso modelo inconsciente de fazê-lo. São os nossos
representantes inconscientes que nos movem a desejar o outro, nos fazendo sentir esse
amor sem mesmo conseguir entendê-lo, é apenas sentido. Assim, não se escolhe amar, o
amor desperta sem que haja razão para tal. O que tentamos fazer é tentarmos reconhecer
elementos no outro e na relação que possam justificar as causas desse sentimento. Mas, há
razões que ainda assim não conseguimos alcançar, pois amar é dar o que não se tem. Nos
reconhecendo incompletos, nos tornamos completos e plenos no amor. Nos edificamos, nos
desarmamos a ponto de vermos escapar comportamentos que jamais imaginamos ter, pois
algo do nosso Eu mais profundo emerge pela efervescência do sentimento.

A contrapartida da vivência no amor está nas atitudes do ser amado. É no outro, que
te entrega o próprio coração, que nos refletimos e evidenciamos a nós mesmos. No
momento que me entrego afetivamente, me satisfaço pelo prazer de amar. O retorno dessa
entrega, a correspondência desse amor, me motiva a continuar amando, criando um ciclo
vicioso, amoroso, vital, que nos move para a vida que se faz completa. Assim, amar é se
completar no outro, é sentir que minha individualidade é compartilhada com aquele que irá
nutri-la com carinho, cuidado, afeto, proteção e prazer, muito prazer. Amar é se realizar no
outro, é praticar a alteridade da maneira mais sublime, desarmada, despretensiosa, visando
tão somente o melhor que se tem para quem se destina o amor. A realização amorosa está
nisso, em ver o ser amado nutrido e no ápice da felicidade e satisfação por receber teu
amor. Realização esta, de ordem narcísica até, mas legítima na medida que devemos nos
amar também, e satisfaço a mim mesma amando sem medidas aquele que faz vibrar meu
coração para tão maravilhoso sentimento.
Na máxima cristã sobre amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo
como a si mesmo, nos leva a entender o amor regendo as circunstâncias como um todo em
nossas vidas. Nesse sentido, Jesus vivencia o que seria de fato ultrapassar a si mesmo no
amor, nos fazendo compreender que é pela via do amor que se desinflama e se desintoxica
toda e qualquer situação nociva dessa vida. Sob sua regência é possível ver nascer
possibilidades harmônicas em prol da verdadeira paz no lar e na sociedade. O índice de
sucesso nas relações, empreendimentos e ações sociais se justifica pela base no amor que
ultrapassa e nos faz transbordar, onde produzimos o que temos de melhor em nós.

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