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POÉTICA - ARISTÓTELES

Tragédia

 Conceito: ação elevada, de alguma extensão e completa; possui


linguagem adornada, com atores atuando e não narrando.
Desperta piedade e temor e tem por resultado a catarse dessas
emoções.

 Metro: variado; forma: dramática; extensão: concentrada.

 Partes da tragédia: Espetáculo; Melopeia (canto, ritmo);


Elocução/Fala (enunciados; linguagem); Mito/Fábula (imitação das
ações; composição dos atos); Caráter (o que determina as
qualidades e a ação do personagem); Pensamento (retórica; ideias;
temas).

 Elementos da tragédia: Meios (elocução/fala e melopeia); Modo


(espetáculo); Objetos (mito, caráter e pensamento/ideia). O
mito/fábula é o mais importante.

Objetos da tragédia

 Mito/fábula: imitação das ações e composição dos atos. O efeito


trágico reside no mito.

 “A fábula/mito é imitação da ação. Chamo fábula a reunião das


ações.” (p. 43) (fábula = trama, o arranjo das ações)

 Unidade de ação: O arranjo dos atos é o elemento mais importante


da tragédia. A fábula/mito deve ser una. Os elementos devem
seguir-se de maneira que, quando um deles for eliminado ou
deslocado, o todo se desordene. Se a presença ou ausência de algo
não modifica o todo, é porque não é parte do todo.

 Mito/fábula bem composto: Articulação necessária de princípio,


meio e fim (Como um “organismo”).

 Sem ação não haveria tragédia, mas poderia havê-la sem


caracteres.
 Trama dos fatos (entrecho, enredo ou intriga): articulação de
peripécias e reconhecimentos.

 Peripécia é a alteração das ações que produz um efeito contrário ao


esperado (revelações que deveriam sossegar, mas causam agonia,
por exemplo); reconhecimento é a passagem do desconhecimento ao
conhecimento. A mais bela de todas as formas de reconhecimento é
a que se dá juntamente com a peripécia.

 A fábula/mito é feita de peripécia, reconhecimento e catástrofe. A


última é uma ação que resulta em grandes danos.

 A peripécia e o reconhecimento devem decorrer da estrutura interna


da fábula, derivando da necessidade ou verossimilhança, afinal, é
muito diferente acontecer uma coisa por causa de outra ou depois
de outra.

 “Quanto à poesia, o impossível convincente tem preferência ao


possível que não convence.” (p. 73)

 Tipos de reconhecimento: sinais (menos artística); urdidos pelo


poeta; memória; silogismo ou raciocínio; derivado da própria intriga
(mais artístico).

 A fábula/mito bem-feita é simples; nela não se deve passar do


infortúnio à felicidade, mas da felicidade ao infortúnio. Não por
maldade, e sim por algum erro da personagem, que deve tender
mais para melhor do que para pior, afinal, a tragédia retrata
homens superiores à média.

 Mitos/fábula episódicos: a relação não necessária nem verossímil


entre um e outro episódio resulta na ruptura do nexo de ação.
Mito/fábula simples: a fortuna dos personagens muda sem
peripécias e reconhecimentos. Mito/fábula complexo: a mutação
da fortuna se faz pela peripécia, ou pelo reconhecimento ou por
ambos.

 Caráter: aquilo que nos leva a dizer que as personagens possuem


tais ou tais qualidades. Não aparece nas falas proferidas. É
percebido quando as personagens tomam decisões de aceitar ou
rejeitar algo.
 “Os homens possuem diferentes qualidades, de acordo com o
caráter, mas são felizes ou infelizes de acordo com as ações que
praticam. Assim, segue-se que as personagens, na tragédia, não
agem para imitar os caracteres, mas adquirem os caracteres para
realizar as ações. Desse modo, as ações e a narrativa constituem a
finalidade da tragédia e, de tudo, a finalidade é o que mais
importa.” (p. 44)

 Pensamento/Ideias: são as ideias originadas no texto. Esses


pensamentos dão valor às coisas ou retiram valor; despertam
emoções como piedade, medo, raiva. São expressos em palavras. O
pensamento está ligado primeiramente à retórica com a função de:
1. Demonstrar e refutar; 2. Suscitar emoções; 3. Majorar ou minorar
o valor das coisas.

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