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O tema da violência em sala de aula contra professores também foi destacado em posts
de Facebook e no Twitter por leitores em consultas promovidas pelo #salasocial, o
projeto da BBC Brasil que usa as redes sociais em busca de uma maior integração com
o público.
BBC Brasil - Quais são suas consequências para a saúde dos professores?
Ribeiro - Há pessoas que tinham grande capacidade de dar aulas, articulação didática, e
que caram completamente apáticas. O mais frequente é a incapacidade do professor
de dar aula porque está sendo impedido agressivamente. Ele não consegue mais se
impor e perde toda a autoridade diante da turma. Ameaças também são frequentes, não
são só ameaças contra a vida, mas contra o patrimônio da pessoa, como esvaziar os
pneus do carro, por exemplo. O maior medo é sofrer reprimendas na rua, depois das
aulas, fora da escola.
Leia mais em: Professora tenta suicídio duas vezes após agressões consecutivas de
alunos
Ribeiro - Uma professora tinha advertido um aluno em sala. Na reunião de pais, a família,
particularmente o pai, foi muito intensamente agressivo no auditório repleto de pessoas.
Seu discurso era raivoso e acusador. Depois desse evento, ela nunca mais pode
funcionar da mesma maneira. A maneira agressiva com que ele tentou tirar satisfações
foi tão hostil e a estressou de tal forma que essa a professora nunca mais conseguiu dar
aulas. A humilhação é tão dolorosa quanto a agressão física. São várias as formas de
violência.
Direito de imagem TWITTER
O leitor Leo Gomes comentou o tema via Twitter
Ribeiro - A violência física não costuma ser tão explícita, ela é menos comum. Na rotina
mesmo estão as agressões verbais, a desconsideração, um desrespeito profundo à
condição do professor. O que acontece é uma descaracterização de seu papel. O
educador, aquela pessoa que seria central e determinante na construção de um sujeito,
de um indivíduo, de uma personalidade, é tirado de seu lugar. Isso é muito grave, tem
consequencias muito importantes, porque cada agressão afeta não só a relação do
professor com o agressor, mas também com todos os demais alunos.
Ribeiro - Quem está limitado não costuma criar enfrentamentos. Essas pessoas
costumam ter respostas mais apáticas, por conta da ansiedade, da depressão. Isso tudo
acaba colocando o professor numa situação de limitação e quase sempre quem está
limitado não consegue entrar em situações de enfrentamento.
Leia mais em: Escolas, alunos e professores 'não falam mesma língua'
Ribeiro - Posso falar sobre o momento do retorno. Os readaptados dizem sempre sofrer
algum tipo de prejuízo. Isso acaba se tornando parte da própria condição social deles.
Acabam sendo vistos como uma posição de menos valia, o que causa baixa autoestima.
É como se eles passassem a ter menos valor do que aqueles que estão lecionando.