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TRANSLATION TOOLS AND CONCEPTS

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Sumário

TRANSLATION TOOLS AND CONCEPTS ............................................. 1

NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2

CONCEITOS DE TRADUÇÃO (CONCEPTS) ......................................... 4

ASPECTOS CONCEITUAIS DA TRADUÇÃO ..................................... 4

FERRAMENTAS DE AUXÍLIO À TRADUÇÃO (TOOLS)......................... 8

FERRAMENTAS DE TRADUÇÃO ASSISTIDA POR COMPUTADOR


(TAC) ................................................................................................................ 19

DICIONÁRIOS ONLINE ..................................................................... 30

WORDREFERENCE.......................................................................... 36

FÓRUNS ONLINE.............................................................................. 37

FERRAMENTAS DOS MOTORES DE PESQUISA............................... 39

COMPUTER ASSISTED TRANSLATION- CAT .................................... 45

TRADUÇÃO AUTOMÁTICA .............................................................. 56

GOOGLE TRADUTOR .......................................................................... 58

A FERRAMENTA GOOGLE TRADUTOR ............................................. 65

ANÁLISE DE TEXTOS TRADUZIDOS PELO GOOGLE TRADUTOR (GT)


......................................................................................................................... 65

REFERÊNCIAS ..................................................................................... 74

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CONCEITOS DE TRADUÇÃO (CONCEPTS)

A priori, pensar em tradução nos remete instantaneamente àquilo que a


palavra sugere aos nossos ouvidos, ou seja, o sentido literal do que se transpõe
de uma língua para outra língua. Falar em tradução também sugere pensar,
especificamente, nos procedimentos técnicos e poéticos de como se dá à
tradução propriamente dita, mas o momento permite, tão só, um olhar sob os
aspectos conceituais da tradução que nos possibilite entender o campo de
interpretação de seus variados sentidos.

ASPECTOS CONCEITUAIS DA TRADUÇÃO

Tipologia de Roman Jakobson

Etimologicamente, a palavra tradução é definida pelo dicionarista


Holanda (1986) como:
1. Ato ou efeito de traduzir.
2. Obra traduzida: quase só lê traduções.
3. Versão.
4. Processamento de dados – processo de converter uma linguagem em
outra.

Visto por estes ângulos é possível refletir a tradução a partir dos


pressupostos de Jakobson (1999, p. 64): “distinguimos três maneiras de
interpretar um signo verbal: ele pode ser traduzido em outros signos da mesma
língua, em outra língua, ou em outro sistema de símbolos não verbais”. Seguindo
o percurso acima, sua tipologia considera que:
1. Tradução intralingual ou reformulação é a interpretação dos signos
verbais por meio de outros signos da mesma língua;
2. Tradução interlingual ou tradução propriamente dita é a
interpretação dos signos verbais por meio de alguma outra língua;
3 Tradução intersemiótica ou transmutação é interpretação dos signos
verbais por meio de sistemas de signos não-verbais.

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Os pressupostos de Jakobson têm como ponto de partida a leitura do
signo verbal: oral e escrito e a interpretação desse signo em outros sistemas de
signos. Com a intensa proliferação de recursos tecnológicos e as formas híbridas
de representação de linguagem cada vez maiores, os estudos de Roman
Jakobson, de Charles Sanders Peirce, de Walter Benjamin no início do séc XX
e, no Brasil, contemporaneamente, os experimentalistas e teóricos concretistas
Augusto e Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Júlio Plaza, Philadelpho
Meneses, dentre outros, permanecem e atualiza de forma determinante essa
ideia multifacetada da palavra tradução. A poesia concreta e a aproximação
entre ocidente e oriente faz com que poetas brasileiros trabalhem seus ofícios
na contra mão da poesia eminentemente verbal. Dessa forma, o sentido da
palavra tradução se estende desde a leitura da criação verbal reformulada na
própria língua, à leitura daquilo que é transmutado de um sistema de signos para
outro sistema e, no sentido literal, à leitura do que se traduz de uma língua para
outra.

Tradução propriamente dita

José Paulo Paes no livro Tradução: a ponte necessária (1990) faz uma
retrospectiva histórica de como a tradução ganhou corpo no Brasil, citando
inclusive, alguns nomes importantes de tradutores poetas e não-poetas,
perfilhando da poesia, a prosa, ao teatro a ideia de como tudo começou. Seus
estudos têm como ponto de partida o barroco brasileiro, com as paráfrases de
Gregório de Matos, na poesia; passando pelas palavras-valise e neologismos de
Odorico Mendes na prosa, influenciando Sousândrade e Guimarães Rosa.
No século XX, sobretudo a partir dos anos 30, cria-se no Brasil a condição
mínima de ordem material e social, possibilitadoras do exercício da tradução
literária como atividade profissional, ainda que em sua maioria subsidiárias. José
Paulo Paes cita os tradutores desta fase: Monteiro Lobato e Érico Veríssimo.
Sobre Monteiro Lobato revela que ele “era um trabalhador incansável: produzia
uma média de vinte páginas por dia, de dois a três livros por mês. Verteu mais
de uma centena de obras: além de autores de menos categoria, traduziu Kipling,
Jack London, Melville, Saint-Exupéry, Hemingway, Sholem Ash, H. G. Wells etc”.

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(PAES, 1990, p. 26). Apresenta os precursores no Brasil da poesia
concreta: Augusto e Haroldo de Campos, Décio Pignatari e José Lino Grunewald,
dizendo serem importantes “tanto por suas formulações acerca da teoria da
tradução poética, quanto pelo trabalho de recriação de textos da mais alta
complexidade formal, como as Rime Pietrose de Dante, a poesia provençal, o
Lance de Dados de Mallarmé, os Cantos de Pound, o Finnegan’s Wake de
Joyce, a moderna poesia russa (em colaboração com Boris Schnaiderman) a
poesia bíblica etc”.(idem, p. 30).
Dos aspectos históricos mais gerais a especificidade de sua tradução,
observemos o que diz a Rinaldo Gama (1990, p. 74) sobre sua gênese tradutória:
“Quando terminei de ler [O Corvo, traduzido por Machado de Assis], entendi que
a poesia não precisava tratar apenas de amores frustrados. Ao mesmo tempo,
percebi o fascínio que era fazer, como uma espécie de ventríloquo literário, um
poeta estrangeiro falar a nossa língua”.

Foi a partir dessa tradução do poema O Corvo do americano Edgar Allan


Poe que nasceu em José Paulo Paes o interesse por esse ofício. Em outro
depoimento, afirma a Antônio Paulo Klein (1990, p. 34): “sou tradutor, na
verdade, porque não entendo bem as línguas que traduzo, daí preciso traduzir
para compreender. [...] Fui aprendendo pelo método certo/errado, num ritmo
estatístico”. E finaliza: “a consciência do tradutor é a consciência de Judas, que
sempre acha que traiu, sempre tem remorso por achar que podia ter feito melhor”
(idem, p. 34). Esse pensamento converge, em parte, historicamente na questão
da poesia ser considerada intraduzível por alguns tradutores-poetas. A exemplo
disso, a linha de pensamento de: Manuel Bandeira, Monteiro Lobato e, alguns
tradutores não-poetas. Por isso, Haroldo de Campos (1977, p. 100) vai advertir

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que “na tradução de um poema, o essencial não é a reconstituição da
mensagem, mas a reconstituição do sistema de signos em que está incorporada
esta mensagem, da informação estética, não da informação meramente
semântica”. Então, o remorso da traição e a intraduzibilidade se subvertem a
partir do momento em que o tradutor pressupõe o ato tradutório como recriação.

Décio Pignatari (1980, p. 112) faz a seguinte reflexão:

Toda tradução implica metalinguagem, ao nível da criação –


intrametalinguagem: não toca apenas o objeto traduzível, mas a natureza
do próprio signo. O que há de essencial, próprio e único de um objeto não
pode ser traduzido, assim como o que há de único que faz de alguém
alguém não pode ser comunicado – e no entanto o que se busca traduzir, o
que importa traduzir é justamente o intraduzível, como diria Michel Butor.
(Grifos do autor)

Do campo poético ao campo técnico-científico; ora por interesse próprio,


ora por exigências do ofício, a tradução propriamente dita foi se constituindo em
José Paulo Paes. Essa linha divisória no ato tradutório pode ser compreendida
na explicação de Sussana Busato Feitosa (1992, p. 113):

no campo da tradução técnica, a literalidade parece ser regra. A sua função


nada mais é do que transmitir, estabelecer-se como ponte entre o leitor e a
obra. Por sua própria característica (objetividade, concisão, clareza), a
linguagem técnico-científica (metalingüística) pouco oferece para que uma
tradução seja dificultada, salvo quando apresenta expressões e/ou palavras
de significado muito particular, cujo correspondente na outra língua não
existe, criando-se então, um termo mais adequado, ou ainda, inserindo-se a
palavra estrangeira na língua para qual se está traduzindo. [...]

No campo poético, as palavras têm um valor e esse valor consiste no sentido


que as palavras ocultam. O tradutor deve estar consciente disto: as palavras
apontam para um sentido, ou melhor, uma ‘significância’.

A fidelidade não consiste em traduzir literalmente, palavra por palavra, mas


a intencionalidade daquelas palavras, pois elas apenas mostram, apontam
para.

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FERRAMENTAS DE AUXÍLIO À TRADUÇÃO (TOOLS)
Introdução

Há mais de 50 anos, vêm sendo desenvolvidos sistemas de tradução por


máquina. A princípio, esses sistemas eram restritos a entidades de pesquisa ou
a empresas e órgãos que os financiavam e usavam em caráter restrito. Como o
custo desses sistemas era considerável, poucos usuários fora desse círculo
tinham acesso a eles. Além disso, no início do desenvolvimento desses
sistemas, os pressupostos e metas estavam muito distantes das capacidades
reais das aplicações produzidas, tendo que ser posteriormente repensados.
Nos dias de hoje, a disseminação de informações através da Internet e a
comercialização de inúmeros produtos de informática a preços cada vez mais
acessíveis fomentou o uso de tais sistemas por usuários leigos. Há usuários das
mais variadas línguas que têm acesso rápido a um volume enorme de
informações. Não possuindo o conhecimento e a habilidade para verter os textos
informativos para seus idiomas, encontram nesses sistemas acesso fácil,
velocidade e aparente comodidade.
Acostumados a ler textos traduzidos - e geralmente bem traduzidos - por
pessoas experientes, os usuários colocaram sua expectativa diante de tais
programas no mesmo patamar. Esperavam textos claros e corretos em suas
próprias línguas, com a vantagem adicional da rapidez, pois desta vez a tarefa
seria cumprida por uma máquina eficiente. Essas (falsas) expectativas podem
ter sido guiadas tanto pelas primeiras ideias que fomentaram a pesquisa e o
desenvolvimento dos sistemas de tradução por máquina, nos anos 40, quanto
pela divulgação dos sistemas atuais junto ao público leigo. O que se vê, no
entanto, é um conjunto de textos que poucas vezes se assemelham àqueles
escritos por falantes do idioma. Como consequência, a expectativa é totalmente
frustrada, visto que não se pode esperar perfeição de um sistema que não é
perfeito. De fato, para o usuário leigo, um sistema de tradução automática serve
apenas para que ele perceba o assunto do texto na língua estrangeira - nada
mais que isso. Contudo, para o usuário que também é tradutor, um sistema de
tradução por máquina é uma ferramenta válida e confiável, que pode lhe fazer
ganhar tempo e eficiência. Neste capítulo, mostraremos como um tradutor
humano pode se beneficiar do computador.

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Breve história e evolução

Na década de 40, a tradução automática teria sido a primeira aplicação


não numérica proposta para a nova área da ciência da computação [Nirenburg,
1987]. Ela ganhou um grande impulso com o início da guerra fria, sendo
patrocinada pelos governos americano e inglês com o objetivo praticamente
único de obter informações da inteligência soviética à distância e da maneira
mais rápida possível.

Guerra fria. Fonte: https://pt.slideshare.net/keliton/guerra-fria-completa

De modo geral, partia-se da ideia de que seria fácil calcar o processo


computacional em uma técnica humana aparentemente simples [Nirenburg,
1987]. Ambos os pressupostos estavam equivocados: nem a técnica de traduzir
é simples nem a sua simulação em um sistema computacional é fácil.
Apesar dos desenvolvimentos feitos nas décadas de 50 e 60, muitos dos
quais foram moldando as técnicas de linguística computacional e inteligência
artificial que conhecemos hoje [Mateus et al., 1995], os resultados obtidos
continuavam muito aquém das expectativas e a linguística formal não era capaz
de explicar uma série de problemas. Em 1966 foi publicado o relatório ALPAC,
da Academia de Ciências Americana, desacreditando a tradução automática e
provocando um corte geral de verbas governamentais [Slocum, 1985]. Seguiu-
se uma lacuna de 10 anos em que quase todas as pesquisas nessa área foram
desativadas.

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Os anos 80 trouxeram vários fatores que revitalizaram o interesse
pela tradução por máquina: a explosão da informatização, o desenvolvimento
e estabelecimento de teorias no âmbito da linguística formal (principalmente a
gramática gerativa) e de teorias com ênfase na investigação semântica e a
criação da Comunidade Econômica Europeia.
Na área computacional, já muito desenvolvida e evoluindo em progressão
geométrica, diversos recursos computacionais deixaram de representar
obstáculos à implementação de certos procedimentos básicos. Progredia a
inteligência artificial, na qual está incluída a linguística computacional, dedicada
ao processamento informatizado de línguas naturais com base em gramáticas
formais de análise e de geração de textos.
Somados a isso, novos conceitos sobre o processo da tradução humana,
o surgimento da tradução como disciplina teórica, a especialização dos
tradutores, a necessidade de um maior volume de traduções, provocado em
grande parte pela Comunidade Econômica Europeia, entre outros fatores,
abriram um novo espaço para pesquisas em tradução por máquina, que
passaram a ser financiadas pela indústria privada e a ser desenvolvidas em
paralelo em um grande número de países, principalmente na Europa, com menor
destaque nos Estados Unidos e, posteriormente e com grande ênfase, no Japão
[Slocum, 1985].
É importante frisar que a cooperação entre máquinas e tradutores
humanos partiu também de uma mudança de atitude com relação à tradução
humana. Essa alteração gerou parâmetros que servem de base até hoje para
desenvolvimentos ligados à tradução na área da linguística computacional. Por
exemplo, quanto mais focalizado e especializado o trabalho de um tradutor,
maior o grau de precisão e eficiência que ele tende a atingir. Além disso,
recomenda-se que todas as traduções passem por uma revisão posterior, feita
por alguém com autoridade para tal, principalmente se a tradução visa à
publicação (divulgação de informações).
Com relação ao processo tradutório, recentemente passaram a ser
altamente valorizados os estágios de decodificação da língua-fonte e de
reconstrução do texto na língua-alvo, em vez de pensar-se na tradução
primordialmente como a mera transferência de palavras de uma língua para
outra.

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A tradução por máquina no panorama atual

Nos dias de hoje, a tradução por máquina se enquadra dentro da área da


linguística computacional, que pode ser definida como uma sub-área da
inteligência artificial combinada com a aplicação da linguística formal (em
especial a gramática gerativa de Chomsky).
Assim, no que concerne à tradução por máquina, podemos nos basear no
quadro abaixo:

Todos os conceitos relacionados a essas áreas constituem alguns dos


pressupostos básicos para a pesquisa e o desenvolvimento de sistemas de
tradução por máquina. Idealmente, se fosse possível, através de técnicas de
inteligência artificial, dotar um computador da capacidade de decodificar um texto
em uma linguagem natural, de produzir textos em outra linguagem natural e,
simultaneamente, de fazer uso de dicionários e gramáticas abrangentes, ele
poderia tornar-se capaz de "traduzir" textos [Santos, 1995]. É claro que essa
condição ideal está muito longe de ser alcançada, na grande maioria dos casos
sequer constituindo um objetivo concreto, embora muito possa se aproveitar dos
sistemas existentes.
A principal dificuldade prática atual reside na dificuldade de implementar
em um sistema computacional certos aspectos textuais e discursivos mais
complexos ou abrangentes, como ambiguidades, referências anafóricas, etc.,
não tanto devido às capacidades computacionais (ao menos em termos teóricos)
quanto por uma questão de custo-benefício, segundo parâmetros que serão
vistos a seguir. Ocorre que, em um grande número de casos, a inserção de uma
quantidade de dados (processos, consultas a gramáticas ou a outras fontes de
informações, recursos complexos) suficiente para que o sistema desempenhe
análises em níveis mais complexos, devidamente esquematizadas pela

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gramática formal, torna o sistema inviável sob os aspectos de custos para o
desenvolvimento dessa aplicação, esforço computacional, tempo de execução,
margem de erros, etc. [Santos, 1995].
Atualmente, um sistema de alta qualidade é aquele que produz um
texto que permita uma revisão sem grandes problemas e cuja operação
completa (desde o seu desenvolvimento e/ou adaptação ao uso até a interação
humana e a revisão posterior) ofereça uma boa relação custo-benefício
segundo parâmetros ligados a:
 custo/tempo de desenvolvimento e/ou adaptação da aplicação;
 custo e esforço computacional;
 tempo de processamento;
 resultados (de acordo com os objetivos específicos);
 índice de correções (a revisão posterior é sempre necessária, mas
também deve ser considerado o grau de interação humana antes e
durante a tradução).

Todos esses fatores restringem consideravelmente as pretensões de


sistemas de tradução por máquina que visam atingir resultados práticos viáveis.
Por exemplo, um sistema pode ser muito rápido e flexível, porém gerar um
número de erros tal que a revisão posterior, feita por revisores/tradutores
altamente especializados, consuma tanto tempo que o emprego do sistema
deixe de valer a pena; por outro lado, um sistema pode fazer uso de recursos
altamente complexos, porém seu custo computacional (custo de implementação,
requisitos mínimos, tempo gasto, etc.) pode desanimar investidores; ou, ainda,
um sistema pode buscar minimizar o índice de revisão posterior empregando
restrições nos textos de entrada ou um alto grau de interação humana durante o
processo da tradução, o que pode deixar de representar uma economia
significativa de tempo ou de esforço pessoal dos tradutores humanos. Um índice
de correções considerado aceitável é de 20% de correções (ou seja, 1 correção
a cada 5 palavras, na revisão posterior) [Slocum, 1985].
É claro que, quanto maior a interação humana, melhores os resultados
qualitativos obtidos, porém maior é o tempo gasto, enquanto que as principais
vantagens do computador são a velocidade e a consistência terminológica.
Assim, as inúmeras ferramentas de auxílio à tradução existentes buscam atingir

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a melhor combinação das capacidades humanas e computacionais, de acordo
com os objetivos específicos da aplicação.

Ferramentas de auxílio à tradução

São muitas as ferramentas de auxílio à escrita e à tradução, várias das


quais já são comumente utilizadas por grande parte dos profissionais da área de
letras ou usuários de computadores, como os corretores ortográficos e
gramaticais e dicionários e glossários on-line. Assim como um profissional de
letras hoje em dia produz de maneira mais eficiente com o auxílio desses
utilitários, muitos tradutores profissionais (principalmente no caso da tradução
técnica) que passarem a fazer uso eficiente de ferramentas de auxílio à tradução
podem destacar-se com relação aos que ainda realizarem um alto índice de
trabalho braçal.
O esquema abaixo apresenta diversos tipos de ferramentas de auxílio à
escrita e à tradução, em ordem crescente de automação (menor intervenção
humana):

Como já foi dito, quanto maior a automação, maior a velocidade de


processamento, porém mais imperfeito o resultado final tende a ser. Como
contraponto, há uma ampla gama de ferramentas que não visam desempenhar
todo o processo tradutório, mas sim oferecer ao tradutor humano vantagens
computacionais. É o caso dos bancos de dados e dos sistemas de tradução
humana assistida por computador. As grandes vantagens dessas aplicações são
a facilidade e velocidade das consultas e sua possibilidade de atualização
[Slocum, 1985; Nirenburg, 1987].

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Como exemplo, podemos citar o Déjà Vu, que se constitui basicamente
de um grande banco de dados associado a uma interface com o usuário e
utilidades de programas da Microsoft, desenvolvido no âmbito da indústria de
software e voltado para ela. Ele registra frases traduzidas, estruturando seus
componentes, e as recupera quando surgem novas frases semelhantes - ideal
para a tradução de novas versões de programas, por exemplo [Translation
Journal, 25/12/1997; homepage da Atril].
Os sistemas de tradução que prevêem interação humana em maior ou
menor grau (as inúmeras variações de MAHT e HAMT) são hoje os que
provavelmente alcançam os melhores resultados, pois permitem a resolução de
problemas complexos, como a ambiguidade referencial, além de facilitar a
implementação de melhorias no sistema utilizado. Logicamente, é difícil chegar-
se a uma solução ideal, existindo uma ampla variedade desses sistemas, cada
um buscando chegar à combinação mais eficiente entre as capacidades e
vantagens humanas e as computacionais, tendo sempre em vista as aplicações
práticas e a relação custo-benefício já abordada.

Estratégias e exemplos de sistemas de tradução por máquina

Na busca pela eficiência e praticidade dos vários sistemas de tradução


por máquina, são empregadas diversas técnicas de linguística computacional.
Abordaremos aqui, rapidamente, a tradução direta e indireta, a existência de um
módulo de transferência ou de uma interlíngua e a sublíngua [Slocum,
1985; Tucker, 1987].
A tradução direta é realizada por programas desenvolvidos
especificamente para traduzir de uma língua A para uma língua B em um único
sentido. Todas as operações são direcionadas para esse par específico de
línguas (como a busca de soluções para ambiguidades e peculiaridades da
tradução dessas línguas, por exemplo) e baseiam-se sobretudo na análise
morfossintática e na consulta a dicionários. Se a sua atuação for devidamente
restrita, esses sistemas podem ser bastante práticos e produzir textos com uma
margem de erros pequena. Um exemplo de sistema que realiza a tradução direta
é o Globalink (com o qual fizemos testes que serão vistos adiante), desenvolvido

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nos Estados Unidos. Ele realiza a tradução totalmente automática ou de maneira
interativa (o tradutor humano pode fazer escolhas linguísticas frase por frase) e
é bastante flexível, aceitando inserções em dicionários e gramáticas. Exige
revisão posterior e sugere uma preparação do texto de entrada para obter
melhores resultados, pois realiza tradução direta e local, ou seja, bastante literal
e limitada. Contudo, como será visto, mesmo um programa simples pode ser
bastante útil para tradutores profissionais, se devidamente aplicados,
economizando um tempo considerável de tradução e consulta a dicionários.
No caso da tradução indireta, a análise da língua-fonte e a geração da
língua-alvo constituem processos independentes. Os problemas e
peculiaridades de uma língua devem ser resolvidos no âmbito dessa mesma
língua, pois ela pode ser a língua-fonte ou alvo de virtualmente qualquer língua.
Um sistema que utiliza a tradução indireta deve fazer uso de um módulo de
transferência ou de uma interlíngua.
Os sistemas que empregam um módulo de transferência (ou mais de um)
geram uma representação estrutural das unidades gramaticais da língua de
origem e, a seguir, uma representação correspondente para a língua-alvo, a
partir da qual será gerado o texto de saída. O módulo de transferência é
específico e uni-direcional para cada par de línguas; porém, por lidar com
estruturas gramaticais abstratas de cada língua, pode fazer uso de teorias
linguísticas e abordagens mais abrangentes, às vezes buscando abranger
diferentes níveis linguísticos (como a análise semântica, por exemplo), ao
contrário do que ocorre nos sistemas que realizam a tradução direta. O Systran
é um sistema que utiliza módulos de transferência, e é um dos mais bem-
sucedidos atualmente [Slocum, 1985; Tucker, 1987]. Nos anos 70, a Comissão
das Comunidades Européias adquiriu e passou a desenvolver o Systran para a
disseminação de informações, para poupar seus sobrecarregados tradutores.
Atualmente vários tradutores da Comissão utilizam o sistema em trabalhos de
rotina. Seu sucesso baseia-se no uso de dicionários abrangentes porém muito
especializados, referentes a um número restrito de áreas técnicas, além de uma
seleção rigorosa dos textos a serem traduzidos com o programa. Ele também
exige revisão posterior especializada. Além de várias outras aplicações
específicas, no final de 1997 o Systran uniu-se ao programa de busca na Internet
AltaVista, visando a aquisição de informações em 6 línguas, mantendo todas as

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funcionalidades do HTML. O serviço pode ser bastante útil, mesmo para o
usuário leigo, guardadas as devidas proporções, já que ele deve ser acima de
tudo rápido e traduzir todos os tipos de textos, o que impede um aperfeiçoamento
em áreas específicas.
Outro recurso para a tradução indireta é a interlíngua, conceito
desenvolvido e amplamente utilizado na área da inteligência artificial, baseado
em princípios de uma representação conceitual universal, independente de
qualquer língua específica. É feita uma representação principalmente semântica
da língua de origem através da qual pode-se gerar um texto de saída em
qualquer língua. Atualmente está se enfatizando bastante a pesquisa de
interlínguas, com o objetivo principal de permitir o desenvolvimento de sistemas
realmente multilíngues sem a necessidade da criação de dezenas de módulos
de transferência, já que os linguistas podem se dedicar ao desenvolvimento de
módulos de análise e geração na sua língua específica e de codificação e
decodificação da interlíngua. Um sistema com altas pretensões que está sendo
desenvolvido empregando uma interlíngua é o Eurotra, iniciado na década de
80, financiado por vários países e desenvolvido por linguistas e especialistas de
computação da Comunidade Econômica Européia. Como o interesse é abranger
todas as línguas da Comunidade, optou-se por uma interlíngua e suas
potencialidades [Slocum, 1985; Tucker, 1987].
Com relação à sublíngua, trata-se de uma linguagem restrita, adaptada
às capacidades específicas do sistema; ou seja, o texto de entrada precisa ser
preparado para minimizar o trabalho sobre o texto de saída. O uso de uma
sublíngua tem como objetivo reduzir o volume de revisão posterior ou mesmo
eliminá-la por completo. Logicamente, essa estratégia demanda uma
especialização dos profissionais que redigem ou adaptam o texto na língua-fonte
para que seja bem sucedida. A vantagem é que, se tanto o assunto quanto as
estruturas linguísticas necessárias forem realmente restritas, faz-se possível um
sistema autônomo e automatizado. Poucos sistemas de tradução efetivamente
alcançam esse objetivo, sem precisar de alguma intervenção humana. É o caso
do TAUM-Méteo, desenvolvido no Canadá, que converte informações
meteorológicas do inglês para o francês e vice-versa. Nesse caso, é utilizada
uma sublíngua extremamente específica e restrita, sem sequer variações

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verbais, e o sistema lida perfeitamente com as frases de entrada, enviando a
tradução pronta diretamente pela rede [Slocum, 1985; Tucker, 1987].

Ferramentas de auxílio à tradução: um caso prático

Como foi detalhado ao longo deste trabalho, o uso de programas de


tradução automática stricto sensu, para uma revisão posterior ou simultânea do
texto traduzido, pode ser altamente benéfico em termos de rapidez e eficiência.
A seguir, será apresentado um exemplo de interação entre usuário humano
(tradutor) e sistema.
O teste foi feito no programa Globalink, apresentado anteriormente. Foi
selecionado um relatório técnico de uma página (cerca de uma lauda literária),
em português, na área de informática. A tradução manual foi feita por uma
pessoa inglesa, com experiência em versões. Os termos mais técnicos (não
existentes em dicionários gerais) foram dispensados, já que o sistema também
não possui esses termos e, para fins deste teste, não foram feitas inserções no
dicionário ou na gramática, o que leva um tempo considerável e exige um grau
razoável de familiaridade com o programa [Alfaro, 1997].

Eis os resultados obtidos com relação ao tempo:

1. Tradução manual (com uso de editor de texto): 35 minutos + 5 minutos


para breve leitura inicial.
2. Tradução totalmente automática, sem preparação do texto de entrada ou
interação humana: entre 40 e 45 segundos. O texto produzido apresentou
diversos problemas, de naturezas variadas. Revisão: entre 25 e 30
minutos.
3. Tradução interativa: entre 15 e 20 minutos. O resultado foi sensivelmente
melhor. Revisão: entre 10 e 15 minutos.

Pode-se observar que, ainda que a diferença de tempo entre a tradução


humana e a tradução com auxílio do programa não seja radical, nos dois casos
de emprego do sistema o tempo de tradução foi ligeiramente reduzido. Vale notar

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dois pontos importantes: em primeiro lugar, uma familiaridade maior com o
sistema, com suas capacidades e com o tipo de texto de saída gerado
certamente reduziria o tempo necessário para a revisão, além de permitir a
adaptação do texto de entrada, visando solucionar de antemão algumas
dificuldades do sistemas. Em segundo lugar, um aumento no volume da tradução
acentuaria a economia de tempo. Vejamos:
Considerando o caso da tradução totalmente automática, ela levou,
incluindo a tradução e a revisão, entre 25:40 minutos e 30:45 minutos. Esses
valores representam, respectivamente, uma economia de 37,5% e 25% com
relação ao tempo gasto para a tradução manual. Isso significa que, se o texto
contivesse 100 páginas, a tradução manual seria feita em cerca de 66 horas -
mais de 8 dias de trabalho -, enquanto que a tradução automática seguida de
revisão desempenharia o trabalho entre 43 horas, na melhor das hipóteses, e
pouco mais de 50 horas, no pior dos casos, o que representa uma economia de
16 a 23 horas de trabalho - entre dois e três dias.

Conclusão

Queremos, em resumo, deixar em destaque dois pontos neste capítulo.


Em primeiro lugar, a tradução por máquina traz grandes vantagens ao dinâmico,
mas sempre custoso, processo de tradução. A decepção que se pode ter diante
de um texto traduzido automaticamente decorre de uma expectativa gerada por
leigos ou até pelos próprios fabricantes e pesquisadores. Em segundo lugar, em
momento algum a necessidade dos tradutores foi questionada. Pelo contrário:
desde a adaptação das expectativas com relação à tradução por máquina, ela
foi pensada como um auxílio aos tradutores profissionais. A tradução por
máquina, principalmente aquela voltada primordialmente para textos técnicos,
auxilia o tradutor, não o substitui, visto que esse tipo de tradução, em que
predominam um grande rigor vocabular e uma estrutura
textual rígida, ainda que em detrimento do estilo, exige
grande esforço e especialização dos tradutores humanos,
enquanto um computador pode realizar de maneira
bastante eficiente a parte mais árdua do trabalho.

18
De qualquer forma, assim como os tradutores humanos, os sistemas de
tradução por máquina buscam resultados mais eficientes através da
especialização, da restrição de contextos de trabalho e muitas vezes da própria
língua com que se trabalha; exigem revisão humana, seja antes, durante ou após
a tradução, não dispensando algum tipo de interação humana especializada em
hipótese alguma; e dedicam cada vez mais esforço computacional às questões
de análise e geração linguística. E, cada vez mais, tornam-se fortes aliados dos
tradutores profissionais.

FERRAMENTAS DE TRADUÇÃO ASSISTIDA POR


COMPUTADOR (TAC)

Atualmente, a conceção de tradução vai muito mais além do mero domínio


de uma língua estrangeira e da consulta de um dicionário de papel para poder
traduzir textos que o tradutor desconhece. Um tradutor, para além de precisar de
ter um vasto conhecimento das línguas com as quais trabalha, necessita de
dominar técnicas de pesquisa em ferramentas informáticas sofisticadas para que
possa ter o máximo rendimento sem baixar os parâmetros de qualidade. Atente-
se nas palavras de Ulitkin:
(…) as a result of incredibly rapid progress in the field of electronic hardware
and computer software, nowadays an important component of any
translator's professional competence is the technological one, which, first of
all, assumes skills in handling electronic resources and tools (Ulitkin, 2011,
par. 1).

Os recursos tecnológicos existentes permitem ao tradutor manter-se


competitivo no mercado atual já que grande parte destes profissionais aprendem
a utilizar diferentes tipos de software de apoio à tradução para poderem abranger
um maior número de clientes e satisfazer as suas necessidades. Um tradutor
que não saiba recorrer de forma eficaz a este tipo de tecnologias corre o risco
de não ser competitivo o suficiente em relação aos demais, tal como demonstra
Ulitkin, na citação que se segue:

19
Now that we hear the expression "translator's work tools," the first thing that
comes to mind is a personal computer (a desktop or laptop computer,
depending on one's personal preferences) and, surely, the Internet. Nobody
translates the way they used to thirty or forty years ago because convenient
electronic dictionaries, special translation software, and Internet resources
are available, which allows us to keep up to date. This is especially important
if we take into account the fact that we have entered the 21st century and
virtually all translators use the Internet, the computer, and other electronic
means in their work (Ulitkin, 2011, par. 2).

As ferramentas de Tradução Assistida por Computador (TAC)


apresentam-se, portanto, como aliadas dos tradutores humanos, ao invés de
rivais. As suas funções não têm o objetivo de substituir o profissional, mas sim
auxiliá-lo das mais diversas formas através de glossários e memórias de
tradução (MT) pré-existentes ou através do controle de qualidade de qualidade
do projeto final. Tal como Sánchez defende:
Computer-Assisted Translation (CAT) software is helpful to translators, since
it speeds up the translation process either with the help of translation
memories when working with very repetitive texts or using translation
software for texts written using controlled language (…). However, CAT tools
are seldom sufficient for obtaining a final product. They do help translators in
their task, but do not create, from scratch, the specific format the client asks
for (Sánchez, 2006, par. 2).

Segundo Sánchez (2006), os recursos que atualmente estão à disposição


dos tradutores incluem, entre outros, Processadores de Texto, Dicionários e
Enciclopédias Online, Navegadores de Internet, Plataformas de E-mail, Motores
de Pesquisa, Bases de Dados Terminológicas Especializadas, Plataformas de
Chat e Comunicação, Memórias de Tradução, Programas de Gestão
Terminológica, Programas de Localização, Programas de Legendagem,
Ferramentas de Tradução Automática, Programas para Documentos PDF,
Programas de Desktop Publishing e Programas de Revisão.

Com base em Sánchez (2006, par. 4-34), listo de seguida, os recursos


mencionados por este autor:

20
1) Processadores de Texto
Esta é uma das principais ferramentas dos tradutores. Permitem que o
tradutor escreva as traduções de forma digital e integram funcionalidades
importantes como o verificador ortográfico e a contagem de palavras e
caracteres. O Microsoft Word, o Google Docs ou o OpenOffice são apenas
alguns processadores disponíveis atualmente. Existem ainda verificadores
ortográficos independentes dos processadores de texto, como é o caso do Aspell
para sugerir correções e sinónimos num texto. Os processadores de texto
modernos incluem “many useful facilities such as a word-count, a spell-checker,
a thesaurus (in the popular sense of “synonym list”) and — of more dubious use
to a translator — grammar and style checkers (Hutchins, 2003, p.14). Apesar de
os típicos processadores de texto contarem com tais funções, existem outras
opções válidas, com funcionalidades avançadas neste âmbito, como o
CATCount, útil para ferramentas de TAC ou o AnyCount, que suporta vários tipos
de ficheiros. O Microsoft Word é o processador de texto mais utilizado. E ainda
o Google Docs em casos pontuais para disponibilizar informação em tempo real
na conta Google da Sport Zone.

2) Dicionários e Enciclopédias Online


Uma das competências básicas do tradutor é a proficiência em leitura e
escrita nos idiomas de partida e de chegada. No entanto, como nem os falantes
nativos dominam por completo as suas línguas, é natural que os tradutores
precisem de procurar fontes de referência para conseguirem ultrapassar dúvidas
de terminologia e ortografia. De acordo com Craciunescu, Salas, & Keeffe:
It takes far less time to type in a word on the computer and receive an answer
than to look through a paper dictionary; there is immediate access to related
data through links; and it is possible to use several dictionaries
simultaneously by working with multiple documents (Craciunescu, Salas, &
Keeffe, 2004, par.40).
São um recurso muito importante e útil devido à sua rapidez, facilidade de
pesquisa de termos e portabilidade. Têm ainda a vantagem de serem gratuitos,
na sua maioria. O dicionário online Cambridge Dictionary, por exemplo, pode ser
acedido de forma livre. Cada entrada tem os seguintes campos: definição do
termo, descrição fonética, pronúncia (com áudio em inglês dos EUA e do Reino

21
Unido), a classe da palavra (por exemplo, verbo), contextos de utilização, com a
possibilidade de verificar se integram expressões idiomáticas e phrasal verbs.
Além disso, oferece ainda a tradução da palavra em combinações linguísticas
específicas, tesauro de sinónimos e exemplos contextualizados. Por outro lado,
a plataforma online Wordreference1 é uma escolha eficaz ao trabalhar com
diferentes pares de idiomas, como espanhol, francês, português ou italiano.
Oferece dicionários bilingues e monolingues, além de dicionários de sinónimos.
Adicionalmente, disponibiliza fóruns para idiomas específicos, como por exemplo
espanhol e alemão, onde qualquer membro pode expor dúvidas e ter a ajuda de
membros nativos do idioma em questão. As enciclopédias são, de igual forma,
importantes para a rotina do tradutor, tal como Hutchins defende:
Encyclopedias and other general reference works are all useful resources for
the translator, and all can be integrated into the translator’s workstation. Of
course, as many translators already know, resources such as these, and
many more, are readily available on the World Wide Web, access to which
would be an essential element of the translator’s workstation (Hutchins,
2003, p. 20).
No que diz respeito a enciclopédias eletrônicas, a Wikipédia é
considerada, por muitos utilizadores, como a melhor no momento presente, uma
vez que todos os seus artigos são escritos por pessoas de todas as partes do
mundo. Tal fato pode levar a uma suposição a priori de pouca fiabilidade, mas
estudos recentes mostram que a Wikipédia chega perto da Britannica no que
toca à precisão das suas entradas científicas (Giles, 2005). De notar que, uma
vez que são os próprios utilizadores que criam ou editam o conteúdo dos artigos,
existem informações sobre uma ampla variedade de tópicos que não aparecem
noutras enciclopédias comerciais. A Wikipédia está em constante evolução,
portanto, o conteúdo dos artigos está geralmente atualizado. Por último, mas não
menos importante, os artigos da Wikipédia são escritos em muitos idiomas;
dessa maneira, é possível pesquisar tópicos através de uma língua, por exemplo
do inglês, para encontrar as suas traduções noutras línguas,
fornecendo opções de tradução que poderiam ser difíceis de aceder
por outros meios. Com base nas propostas de tradução obtidas
através da Wikipédia basta, por fim, atestar a sua fidedignidade em
relação à nossa procura.

22
3) Navegadores de Internet

A internet é o veículo que possibilita a partilha de ficheiros e o acesso a


informações armazenadas em páginas web. Para encontrar esse tipo de
informação, é necessário usar uma ferramenta chamada de “navegador”.
Atualmente, os navegadores mais populares são o Google Chrome, o Internet
Explorer e o Mozilla Firefox. Estas plataformas oferecem funcionalidades que
agilizam a procura de informações. Por exemplo, no decorrer de uma tradução,
caso o tradutor necessite, pode pesquisar por termos para os quais tem dúvidas,
diretamente na barra de pesquisa do navegador que utiliza, para obter vários
tipos de resultados, que vão desde entradas em dicionários a bibliotecas de
imagens. Para além disso, os navegadores suportam funcionalidades como a
tradução automática de páginas web.

4) Plataformas de E-mail
Hoje em dia, praticamente toda a comunicação é feita de forma digital. A
maioria dos tradutores usa serviços gratuitos de e-mail, como o Outlook, o
Yahoo! ou Gmail, para comunicar com os clientes e para receber e enviar os
projetos em que trabalham de forma imediata e eficaz. Estas plataformas de e-
mail são muito intuitivas e funcionais e servem, muitas vezes, como uma espécie
de software de gestão de trabalhos, uma vez que já incluem funcionalidades
como a criação de pastas, úteis para separar projetos e clientes (podendo-se até
definir para que pasta são recebidos os e-mails de cada utilizador de forma
automática), filtros de seleção, agenda com lembretes de tarefas, entre outras.

5) Motores de Pesquisa
São fundamentais para a pesquisa de termos e expressões, utilizando
filtros para resultados aprimorados bem como outras pesquisas no geral, como
por exemplo a procura de websites pelo seu nome. Os tradutores
frequentemente precisam de pesquisar os tópicos com os quais trabalham e a
melhor maneira de ultrapassar barreiras na falta de domínio de um campo
específico é consultar um motor de pesquisa como o Google. Caso seja
necessário, os tradutores também podem consultar literatura especializada,

23
acedendo ao Google Académico. Em qualquer caso, os tradutores devem ter o
bom senso de decidir se um resultado é relevante e se a informação é fidedigna.
Estes motores baseiam-se em certos algoritmos de pesquisa que influenciam os
resultados automáticos, que nem sempre vão diretamente ao encontro do que é
pretendido, e é por isso que é necessário utilizar técnicas de pesquisa
específicas para obter os melhores resultados. Alguns comandos úteis para
resolver problemas de terminologia, que se devem inserir na caixa de pesquisa
do Google, são:
(a) Comando de Pesquisa: * termo;
(b) Comando de Pesquisa: “termo”.

6) Bases de Dados Terminológicas Especializadas


Existem muitas informações que os mecanismos de pesquisa não
conseguem apresentar – a chamada "Web Invisível". O nome “Web Invisível”
aplica-se à informação existente dentro de websites que não consegue ser
acedida diretamente através dos motores de pesquisa – aspeto comum em
relação ao conteúdo das bases terminológicas online. Para obter esse conteúdo,
é necessário navegar dentro do website da base de dados. Por sua vez, a base
de dados pode ser acedida através de um motor de pesquisa ou digitando o seu
endereço na barra do navegador de internet.

7) Plataformas de Chat e Comunicação


Devido ao uso de novas tecnologias, hoje em dia é
possível trocar ideias e opiniões em tempo real com outros
tradutores ou especialistas, graças às mensagens
instantâneas. O Skype e o WhatsApp são ferramentas através
das quais é possível entrar em contato com outros tradutores
ou clientes em tempo real, onde quer que estejam.

8) Memórias de Tradução
O processo de tradução pode ser acelerado, dependendo do tipo de texto,
usando memórias de tradução.

24
Segundo Austermühl:
Translation memories are (…) databases that store translated texts together
with the corresponding original texts. However, texts are not stored as
wholes; they are stored in translation units or segments. In most cases, a
translation unit corresponds to a sentence, although smaller segments such
as table cell entries, list elements or even single words (e.g. a button on a
dialogue box) can also be translation units. Many texts, especially technical
documents, contain numerous repetitive elements (Austermühl, 2001, p.
121).

Resumidamente, o objetivo de uma MT é permitir que os tradutores


aproveitem as traduções anteriores, isto é, reutilizem as partes do texto que já
foram traduzidas e as reintegrem no processo de tradução de novos
documentos.
Ainda de acordo com Austermühl:
Since many products are based on previously existing products, the
corresponding documentation is also based on prior documentation. (…)
With the help of search algorithms, the translation memory system compares
the new text with the database and locates identical or similar translation
units. It thus allows translators to retrieve the information stored in the
database for use in the new translation. Translation memories thus recycle
existing translations so as to reduce time and costs as well as improve quality
and consistency (Austermühl, 2001, p. 121).

É preciso estar ciente das vantagens e desvantagens de usar uma MT


antes de iniciar um projeto, pois elas também podem retardar o processo de
tradução em textos pouco repetitivos, como obras de ficção, caso em que a
criatividade é mais importante do que a consistência terminológica. Um dos
sistemas mais populares com recurso a MT é, atualmente, o SDL Trados, que é
o programa que a maioria dos clientes exige. No entanto, existem outras
ferramentas mais acessíveis e até mesmo gratuitas, como o Wordfast Classic ou
o DéjàVu. A maioria das ferramentas de TAC são projetadas para trabalhar com
documentos provenientes de processadores de texto (.doc, .txt, ref, entre outros),
mas algumas também suportam ficheiros de outros tipos, como de PowerPoint
(.ppt), entre outros. A experiência com ferramentas de TAC prendeu-se

25
exclusivamente com o Wordfast Classic principalmente para a tradução de
documentos mais extensos e para a criação de memórias de tradução para
reutilizar em projetos idênticos.

9) Programas de Gestão Terminológica

A consistência terminológica afigura-se de extrema importância ao


traduzir em grupo ou ao lidar com um projeto extenso. O procedimento ideal
nestes casos seria fazer uma análise do texto-fonte e criar um glossário antes
de iniciar a tradução para evitar alterações de última hora na terminologia. Para
fazer isso, os tradutores usam ferramentas de extração e concordância de
termos, como o WordSmith Tools, o TextStat e o AntConc. Para construir
glossários e bases de dados terminológicas multilingues, a melhor opção é usar
ferramentas de gestão de terminologia como o MultiTerm ou o TermStar.

10) Programas de Localização

Ter um site multilingue é um dos fatores-chave para alcançar o maior


número possível de clientes e essa é a razão pela qual a localização Web
assume importância no mercado atual. Embora o conhecimento de HTML não
seja obrigatório graças aos eficientes editores de HTML WYSIWYG (i.e. What
You See Is What You Get), como o Dreamweaver e NVU, os tradutores devem
familiarizar-se com a sintaxe do HTML. No entanto, existem ferramentas de TAC
que, não só preservam a configuração original, evitando modificar o código
HTML por engano, como também possibilitam o uso de glossários ou MT,
permitindo ao utilizador ter acesso aos textos de partida e aos textos de chegada
ao mesmo tempo e visualizar a tradução num navegador web. O Trados
TagEditor e o Catscradle são as ferramentas TAC de referência para localização
de páginas web.

11) Programas de Legendagem

A Tradução Audiovisual é uma das modalidades que mais interesse


desperta, principalmente entre os tradutores iniciantes. No entanto, as várias

26
modalidades da Tradução Audiovisual que incluem Audiodescrição, Narração,
Voiceover, Dobragem, Legendagem e Legendagem para Surdos, entre outras,
conforme pode ser aferido em Gambier (2003) ou Hernández Bartolomé &
Mendiluce Cabrera (2005), acarretam vários desafios. No caso da dobragem, por
exemplo, é necessário ser muito criativo para alcançar a sincronização dos
movimentos dos lábios com a tradução.
Já no caso da legendagem, é necessário desenvolver a capacidade de
introduzir e retirar as legendas de forma eficaz, respeitando todas as normas
desta modalidade.
Existe uma vasta gama de ferramentas para a legendagem, que é o
método eleito de TAV em países como Portugal, Grécia ou Bélgica.
Surpreendentemente, muitas dessas aplicações provêm de tradutores amadores
– conhecidos como fansubbers – que legendam programas de televisão, séries
e filmes para disponibilizarem o seu trabalho na internet e que são capazes de
criar programas para legendar. Algumas destas aplicações são VisualSubSync,
Sabbu, Aegisub e SSATool. Caso seja necessário fazer edição de vídeo e áudio,
existem vários outros programas, como o VirtualDub para vídeo e o Audacity
para áudio.
Para além destas ferramentas é necessário possuir um bom reprodutor
de multimídia como o Media Player Classic, o VLC ou o The KMPlayer, nos quais
é possível reproduzir os ficheiros de vídeo com a respetiva legendagem.

12) Tradução Automática


Os sistemas de Tradução Automática (TA) têm vindo a evoluir ao longo
das últimas décadas e constituem uma ferramenta presente no dia a dia de
qualquer utilizador de internet. Para os profissionais da tradução, poderão ser de

27
grande utilidade, principalmente para tradutores que trabalham em regime de
freelancer, em alturas de maior volume de trabalho.
Estes sistemas não conseguem, no entanto, produzir resultados
completamente satisfatórios, principalmente em casos de ambiguidade, daí que
seja necessário fazer uma revisão das traduções obtidas.
Atualmente o sistema mais conhecido no mundo é o Google Tradutor.
Esta ferramenta suporta 103 idiomas, oferece opções como a tradução
automática de qualquer texto, permite guardar as traduções na conta online de
cada utilizador e traduzir automaticamente um website.
Para além do Google Tradutor, existem outros sistemas de TA online
gratuitas como o Bing Translator, o Babylon ou o Yandex Translate.

13) Programas para Documentos PDF


Os arquivos PDF (Portable Document Format) são usados quando não há
interesse em modificar um documento e, portanto, a versão final é a única coisa
que importa. Uma das suas vantagens é que este formato é um dos mais
utilizados para a leitura de documentos em dispositivos eletrônicos e, por isso, é
suportado por imensos programas de computador como o Acrobat Reader ou o
Foxit Reader.
Por vezes, o cliente envia um ficheiro PDF ao tradutor e pretende que a
tradução tenha a mesma configuração. A maneira mais fácil de fazer isso é
converter o ficheiro PDF para um documento do Word para que ele possa ser
editado.
Alguns bons conversores são o Solid Converter e o ABBYY FineReader.
Se for impossível converter um arquivo PDF num documento do Word
com qualidade suficiente, o último recurso é usar um editor de PDF. Existem
bons editores, que são capazes de manter toda a formatação do documento
intacta, como o Infix PDF Editor e o Foxit PDF Editor.

14) Programas de Desktop Publishing


O propósito dos processadores de texto é permitir produzir documentos
simples, relatórios e outros documentos do género e não projetar uma
configuração elegante para um jornal, por exemplo. Assim, as ferramentas de

28
Desktop Publishing (DTP) são usadas por profissionais para criar uma
configuração atraente para revistas ou folhetos de vendas. Um tradutor não
precisa necessariamente de dominar as ferramentas de DTP, mas ter
conhecimentos na área pode surgir como uma mais valia. As ferramentas de
DTP são muito diferentes das ferramentas de processadores de texto no que diz
respeito à maneira como trabalham com textos e grafismo. Os programas de
DTP mais conhecidas são o FrameMaker, o InDesign, QuarkXPress e Scribus.

15) Programas de Revisão


Uma vez terminada a tradução e respetiva edição, o projeto deve ser
revisto antes de ser entregue. Segundo Horguelin & Louise (1998, p. 237), a
revisão é a fase do processo de tradução que consiste em realizar um exame
abrangente e atento de um texto traduzido e do seu original, com o objetivo de
adequar a tradução aos critérios metodológicos e teóricos, linguísticos, textuais
e situacionais previamente definidos. A revisão encarrega-se, portanto, de
melhorar o texto na Língua de Chegada (LC) que pode conter erros a vários
níveis, como ortográficos ou de digitação, e garantir que o objetivo da tradução
é alcançado como pretendido.
O Microsoft Word integra uma função de revisão interna chamada de
"registo de alterações", que permite ao utilizador fazer alterações no documento
que exigirão uma aceitação posterior, mas também adicionar comentários ou
sugestões. Dessa forma é mais fácil controlar a qualidade do produto final. No
entanto, a grande parte dos revisores tem de trabalhar com ficheiros PDF,
portanto, as ferramentas de revisão de PDF são necessárias além das
ferramentas acima mencionadas.
O Acrobat Professional, além de criar arquivos PDF, é um dos principais
programas de computador para rever a versão final de um documento, graças
às ferramentas de comentários, como a ferramenta de sombreado ou a
ferramenta de rascunho, entre outras. Essas ferramentas de comentário imitam
as marcas tradicionais usadas pelos revisores realizadas durante a revisão de
documentos impressos.
Outras alternativas mais acessíveis são o Foxit Reader Pro, o Jaws PDF
Editor e o Bluebeam Revu.

29
É importante distinguir a TA das tecnologias de TAC, uma vez que são
conceitos facilmente confundidos e tomados como sinônimos por muitos,
provavelmente porque a tecnologia continua em constante mudança e, com isso,
os vários sistemas de tradução têm vindo a evoluir.
Não obstante, trata-se de conceitos distintos, com fundamentos e
objetivos próprios, tal como explica Bowker, que identificou a diferença entre
estes, atualmente, a mais aceite pelos profissionais da tradução:

The major distinction between MT and CAT lies with who is primary
responsible for the actual task of translation. In MT, the computer translates
the text, though the machine output may later be edited by a human
translator. In CAT, human translators are responsible for doing the
translation, but they make use of a variety of computerized tools to help them
complete this task and increase their productivity. Therefore, whereas MT
systems try to replace translators, CAT tools support translators by helping
them to work more efficiently (Bowker, 2002, p. 4).

DICIONÁRIOS ONLINE
Os dicionários online, tanto os monolíngues como os bilíngues, aportam
grandes vantagens para os vários tipos de utilizadores, em particular, a sua fácil
e constante atualização.
De acordo com Hutchins:
Online dictionaries can be little more than an on-screen version of the printed text;
or else they may take advantage of the flexible structure that a computer affords,
with a hypertext format and flexible hierarchical structure, allowing the user to
explore the resource at will via links to related entries (Hutchins, 2003, p. 19).

As informações que contêm podem ser editadas ou apagadas facilmente


e a entrada de novos termos e informações pode ser feita a qualquer momento
pelos editores, ao contrário dos dicionários impressos que, para qualquer
alteração que tenha de ser feita, é necessário fazer novas tiragens físicas. Desta
forma, torna-se evidente que a atualidade de termos é mais eficaz em dicionários
online do que em dicionários de papel.

30
Os dicionários online suportam o armazenamento de grandes
quantidades de informação, por isso, quando pesquisamos um termo, podemos
ser surpreendidos por vários exemplos de uso do termo em contexto de frases,
por exemplo. No que concerne a tradução, por vezes o significado de um termo
não basta e o simples fato de existir a possibilidade de o ver contextualizado em
frases com diferentes sentidos ou expressões idiomáticas, auxilia
consideravelmente na tomada de decisão quanto ao seu uso.
Na maioria dos casos, os dicionários online oferecem a função de
pronúncia bem como a descrição fonética dos termos. Os arquivos de áudio
servem para explicitar a pronúncia de novos termos ou dialetos que sejam
desconhecidos para quem procura o seu significado. Como linguista, considero
a funcionalidade da pronúncia de extrema importância, especialmente no caso
de uma língua estrangeira já que é de acrescentado valor não só saber o
significado de uma palavra nova como também aprender a pronunciá-la
corretamente.
Veja-se o que Hutchins afirma:

The online dictionaries may of course be mono-, bi- or multilingual. The way
in which information associated with each entry in the dictionary is presented
may be under the control of the user: for example, the translator may or may
not be interested in etymological information, pronunciation, examples of
usage, related terms and so on (Hutchins, 2003, p. 19).
Contamos com excelentes dicionários online monolíngues e bilíngues
gratuitos, de consulta livre. Dicionários monolíngues como o Infopédia, da Porto
Editora, e o Priberam são apenas dois dos dicionários portugueses online mais

31
reconhecidos atualmente, enquanto para inglês existe o dicionário online da
Cambridge (tal como o Oxford, Longman, Macmillan, entre outros) e, para
espanhol, o dicionário online da Real Academia Española (RAE). No que toca a
dicionários bilingues, o Wordreference destaca-se como um dos mais
conhecidos a nível mundial e aquele que eu mais utilizei devido à integração de
funções e plataformas adjacentes às opções tradicionais dos dicionários, como
o seu fórum de línguas com a interação de participantes de todo o mundo.

CONFIRA ALGUNS DOS MELHORES DICIONÁRIOS ONLINE


GRATUITOS

 Priberam
O dicionário online Priberam pode ser usado tanto em computadores
quanto em tablets ou smartphones.

Além das palavras da língua portuguesa, o site conta com definições de


termos científicos abrangentes. Outra ferramenta interessante desse dicionário
online é a pesquisa avançada, que mostra todas as diferenças ortográficas entre
o português europeu e o brasileiro.
O Priberam pode ser usado gratuitamente através de seu site:
dicionário.priberam.org

32
 Michaelis
O popular dicionário Michaelis também possui uma versão online gratuita.
Sua versão digital já está atualizada para o novo acordo ortográfico e é um dos
dicionários online mais completos disponíveis atualmente.
O Michaelis mostra, além do significado das palavras, sua divisão silábica,
classe gramatical, transitividade verbal, expressões em que elas são utilizadas,
entre outras características. Para utilizá-lo gratuitamente, basta acessar o site:
michaelis.uol.com.br

 Houaiss
O Houaiss é um dicionário online bastante conhecido, embora seja pago.
Isso porque ele é um dicionário completo, que atualmente conta com cerca de
230 mil verbetes. Além disso, ele recebe atualizações constantes e permite ser
customizado: é possível aumentar ou diminuir as letras, centralizar as palavras,
entre outros recursos.
Houaiss.uol.com.br

33
 Dicio
Esse dicionário online procura atualizar-se de acordo com as mudanças
frequentes da língua portuguesa. Através dele, é possível realizar pesquisas
mais aprofundadas, o que o torna um aliado de estudantes ou entusiastas. Ao
pesquisar por uma palavra, o Dicio mostra, além de sua definição, a classe
gramatical em que ela se encontra, sua etimologia (ou seja, sua origem), divisão
silábica e também conjugação verbal.
Além disso, este dicionário online é de graça e conta com um fórum onde
dúvidas frequentes de português são esclarecidas. dicio.com.br

 Caldas Aulete
O Caldas Aulete é um ótimo dicionário online para quem deseja realizar
pesquisas. Ele conta com cerca de 818 mil verbetes e definições. Ao abrir o site,
ele exibe a palavra do dia, bem como todas as suas definições e usos na língua,
tudo isso de graça. aulete.com.br

34
 Dicionário Informal
Essa opção de dicionário gratuito online é voltada especialmente para
quem deseja compreender o significado das palavras de acordo com sua
usabilidade. Isso porque quem define as palavras contidas nele são os próprios
usuários da Internet. Além disso, o Dicionário inFormal é essencial para quem
deseja conhecer gírias comumente utilizadas por brasileiros, uma vez que ele é
um dos únicos que conta com esse recurso. Ele também permite votar nos
significados atribuídos por usuários, de modo que os mais votados aparecem na
tela inicial do site: dicionarioinformal.com.br

 Dicionário de Antônimos
Sempre que tiver alguma dúvida a respeito de um antônimo, vale a pena
consultar este dicionário online. Ele é gratuito e contém cerca de 25 mil
antônimos que podem ser consultados. Sua interface é muito fácil de usar e as
palavras mais procuradas podem ser vistas logo em sua página inicial.
antônimos.com.br

35
WORDREFERENCE

O Wordreference destaca-se pela sua aposta em dicionários monolíngues


e bilingues. Tem dicionários em 19 idiomas, entre os quais português, inglês e
espanhol.

Tal como como a maioria dos dicionários online, o Wordreference conta


com a disponibilização da transcrição fonética, classe de palavras do termo
pesquisado e a apresentação do termo contextualizado em frases.
Permite ainda ouvir a pronúncia do termo pretendido, sendo que, em
inglês, existe a possibilidade de ouvir sete pronúncias diferentes: britânico,
britânico – Yorkshire, irlandês, escocês, jamaicano, americano e América do Sul.
As palavras podem ser pesquisadas no dicionário monolíngue ou no
dicionário bilingue. Também é possível pesquisar por sinônimos, por regras de
uso de um termo, explicando a plataforma em que contexto deve ser aplicado o
termo, onde o seu uso deve ser evitado e a conjugação de verbos. Apesar de
úteis, estas funcionalidades estão disponíveis apenas para alguns idiomas como
o inglês e o espanhol.
No caso do português, o dicionário apenas disponibiliza os dicionários
bilingues português-inglês e português-espanhol apenas com as traduções e
respetivas definições de termos. O Wordreference conta com um fórum dedicado
ao mundo dos idiomas onde os utilizadores podem interagir, trocar ideias e tirar
dúvidas acerca de várias matérias linguísticas.

36
Afigura-se importante referir que para cada termo pesquisado no
dicionário do Wordreference, no final da página, a plataforma disponibiliza uma
lista de tópicos dos seus fóruns, que contêm o termo pesquisado no seu título e
que podem ser acedidos clicando na hiperligação, de modo a fornecer
informação adicional ao utilizador.

FÓRUNS ONLINE

Segundo o dicionário online da Infopédia, um fórum de discussão online


é uma “página ou conjunto de páginas de debate onde são publicadas
mensagens abordando uma determinada questão”.
A maioria dos fóruns permite que visitantes anónimos visualizem as suas
publicações, mas, por norma, apenas os utilizadores com conta criada podem
publicar. Ainda assim, tal como em vários serviços disponíveis na internet, no
qual um utilizador pode deixar um comentário numa página web, os fóruns
costumam permitir que os seus afiliados façam publicações de forma anónima,
sem que o seu nome de utilizador seja exposto. Nestes casos, o controlo
costuma ser maior e é normal que as publicações sejam submetidas à aprovação
do administrador do website antes de ser publicado.
Os fóruns têm um conjunto específico de terminologia própria para fazer
referência a funções associadas. Um dos exemplos mais conhecidos é a palavra
thread, termo em inglês e entendido como universal para fóruns de várias línguas
(incluindo fóruns portugueses), que pode ser traduzido para “tópico” e que
basicamente se refere a uma nova conversa ou discussão sobre um tema em
específico.
As estruturas dos fóruns de discussão baseiam-se em hierarquias, uma
vez que é habitual existir vários subfóruns com diferentes tópicos e cada tópico
poderá conter várias discussões que se vão desenvolvendo à medida que os
utilizadores vão publicando novos comentários.
Existem fóruns dedicados a vários temas ou áreas em específico que vão
interessar a grupos de indivíduos particulares. Fóruns de música, de cinema e
de tecnologia são alguns dos grandes fóruns hoje existentes, mas, para além
desses, existem outros que vão ao encontro de áreas mais técnicas, como é o
caso dos fóruns dedicados à Tradução.

37
Os fóruns de Tradução funcionam como um meio de comunicação entre
os profissionais da área, ou mesmo entre os curiosos, para trocarem informação
e ideias de vários tipos. Um dos usos mais comuns destas plataformas, no que
toca aos profissionais da Tradução, centra-se com a exposição de dúvidas para
o uso de certos termos ou expressões. Muitas vezes, os tradutores têm de fazer
traduções para uma língua estrangeira, da qual não são nativos e, através dos
fóruns, podem obter ajuda de utilizadores nativos. O mesmo acontece quando
têm de traduzir para a sua própria língua, mas têm dúvidas quanto ao sentido de
uma frase ou de um termo na língua de origem.
Para além destas questões, existem outras igualmente válidas como
discussões relativas às várias ferramentas de tradução disponíveis para
computador ou até a nível de emprego na área.

 Proz
Este website possui uma vasta comunidade virtual de tradutores e oferece
uma ampla gama de recursos que vão desde o fórum de discussão a recursos
de uso prático como por exemplo glossários online. A página dedicada ao fórum
fornece uma estrutura capaz de abarcar discussões de utilizadores de todo o
mundo sobre vários temas, mas, principalmente, para expor dúvidas em relação
a termos ou expressões num determinado idioma. Segundo o website, até à data
já foi dada resposta a 3 634 334 tópicos criados, sendo que, todas as perguntas
feitas bem como as suas devidas respostas constituem uma base de dados
pesquisável muito importante para os profissionais da tradução.
O Proz fornece ainda acesso a glossários de diversas áreas, provenientes
de utilizadores do site, uma vez que existe a possibilidade de disponibilizar
conteúdo, não fosse esta uma plataforma colaborativa, e também provenientes
de outras fontes na internet. Muitos destes glossários podem ser descarregados
pelos utilizadores para seu uso posterior, como por exemplo a sua integração
nas ferramentas de TAC.
Para além disso, é possível que os utilizadores usem a plataforma como
um meio para encontrar emprego ao divulgarem, através do seu perfil, na página,
todas as suas competências, formação académica e experiência profissional.

38
FERRAMENTAS DOS MOTORES DE PESQUISA

Os motores de pesquisa permitem aos utilizadores pesquisar por


conteúdo na internet. Quando um utilizador pesquisa um termo ou uma frase
num motor de pesquisa obtém uma página com uma lista de resultados que,
basicamente, consiste numa elencagem de ligações para outros sites ou
documentos que contêm informação relevante relativa à pesquisa.
Os motores de pesquisa atualizam os seus algoritmos com frequência
para melhorar a experiência de utilizador, de forma a entender a maneira como
os utilizadores pesquisam para apresentar os resultados de forma relevante.
Estes mecanismos armazenam a informação de vários sites que depois
são apresentados por um Web Crawler que, em última instância, consiste num
robot virtual que capta todos os endereços existentes das várias páginas de um
site. Tal como afirma Bokor, “Search engines are Web sites equipped with special
software capable of periodically combing the Web and collecting each word in a
huge database.” (Bokor, 1999, par. 3).
Os conteúdos dos sites são analisados e indexados. Dessa forma, quando
um utilizador faz uma pesquisa, o motor de pesquisa analisa o conjunto de
websites da internet e posteriormente apresenta os resultados mais relevantes
segundo os termos ou frases pesquisados, sob a forma de uma lista de sites ou
documentos, dos mais aos menos relevantes.

39
No que toca ao campo da tradução, a pesquisa por termos ou expressões
pode aportar ótimos resultados, de acordo com Bokor: “In doing terminology
research using the search engines, you can find the sites where a given term is
used (and possibly its meaning clarified); (…) you can find the translation of the
term as in bilingual or multilingual sites” (Bokor, 1999, par. 16).
Ao longo deste capítulo, irei discutir a minha experiência com o Google,
que foi o motor de pesquisa que elegi para as minhas consultas, mostrando as
funcionalidades que mais utilizei e que mais me ajudaram no processo de
tradução.

a) Comando de Pesquisa: “ ”
Tal como afirma Bokor: “Most search engines are not case-sensitive.
Punctuation marks, including hyphens, and “stop words” such as and, or, is, for,
etc. are ignored unless they are part of a phrase between quotation marks”
(Bokor, 1999, par. 10).
Este comando pretende procurar a frase exata que está dentro das aspas.
Esta funcionalidade é ideal para os casos em que a frase que procuramos é
ambígua e possa ser confundida com algo diferente do que realmente
pretendemos ou quando não conseguimos obter resultados relevantes para a
nossa pesquisa.
Por exemplo, quando pesquisei a frase em espanhol “donde las fronteras
se difuminan”, num dos meus exercícios de tradução, obtive resultados
significativos para a expressão exata que queria e, dessa forma, dissipei as
minhas dúvidas mas quando pesquisei pela expressão sem aspas, como forma
de teste, o Google leu os termos em separado, sem uma ordem específica, e
obtive resultados que não me seriam muito úteis, caso não soubesse desta
funcionalidade, como: “de la ciudad se difuminan ... en la frontera de la ciudad”
ou “casos se difuminan, se desdibujan… y donde se”.
Esta funcionalidade foi muito útil quando traduzia para uma língua
estrangeira. Quando não tinha a certeza acerca de uma frase ou uma expressão
que tinha traduzido, pesquisava-a no Google utilizando as aspas para verificar
se obtinha resultados. Dessa forma, analisava o número de resultados para
poder validar ou descartar a minha opção de tradução.

40
b) Comando de Pesquisa: *
Este símbolo serve para substituir qualquer palavra de uma frase. Quando
não conseguimos lembrar-nos da expressão exata que queremos pesquisar,
mas sabemos quais são as palavras que antecedem e precedem as esquecidas,
basta digitar a expressão substituindo as palavras que não conseguimos
recordar por *. Basicamente, quando substituímos palavras por asteriscos numa
frase, é como se disséssemos ao Google “não sei qual é a palavra que se usa
aqui”. Esta funcionalidade é muito interessante e revelou-se bastante útil quando
não me conseguia lembrar de todas as palavras de uma expressão em inglês ou
espanhol. Por exemplo, se eu pesquisar a * in the hand is worth two in the *, o
Google vai apresentar os resultados mais utilizados com esta estrutura e eu
poderei consultar e obter aquilo que procuro.

c) Comando de Pesquisa: related:


Este comando permite ao utilizador pesquisar websites com conteúdo
semelhante ao website que segue o comando "related:". Por exemplo, se
procurarmos no Google por “related:dictionary.cambridge.org”, o motor de
pesquisa irá apresentar resultados com websites semelhantes ao dicionário
online da Cambridge.
Estes resultados tanto podem estar diretamente relacionados com o site
em si, partindo do pressuposto que no URL contenha a sequência
dictionary.cambridge.org, como com outros sites do mesmo género, como
dicionários online.

41
ALA, 2018. Afirma que: “Como tradutor, considero esta ferramenta de
extrema utilidade, uma vez que pode auxiliar na procura de glossários,
dicionários monolíngues e bilingues, sistemas de tradução online, entre outros.”

d) Comando de Pesquisa: filetype:


Este comando serve para encontrar um tipo específico de ficheiro que
contenha a palavra chave ou expressão pretendida. Por exemplo, ao fazer uma
pesquisa no Google por filetype:pdf formulário de candidatura o Google
apresentou vários resultados de formulários de candidatura em formato PDF.
ALA, 2018. Afirma que: Este exercício foi, na verdade, de grande utilidade,
uma vez que um dos meus projetos consistiu em traduzir um formulário de
candidatura de português para espanhol e precisei de consultar formulários já
existentes para poder encontrar os termos e requisitos equivalentes na LC.

e) Pesquisa Avançada
A opção de pesquisa avançada do Google oferece um grande leque de
opções, permitindo refinar a pesquisa de acordo com os interesses de cada
utilizador. Por exemplo, com esta funcionalidade, podemos definir parâmetros de
pesquisa para encontrar resultados de acordo com o país de publicação, o
idioma, o formato de arquivo (muito útil para encontrar documentos em PDF, por
exemplo), a data de publicação e podemos ainda excluir palavras da pesquisa
para evitar resultados que, algures num texto, apresentem esses termos.

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Nesta seção, é importante sublinhar a importância da pesquisa por região
e idioma uma vez que é crucial para o desenvolvimento e a qualidade do
trabalho.
Restringir a pesquisa a um idioma pode não ser suficiente para obter os
resultados que seriam desejados; dessa forma, assegurar que adicionamos o
filtro de pesquisa por região funciona como uma mais valia. Por exemplo, se eu
pretender pesquisar uma expressão ou termo em espanhol e tiver apenas o filtro
de idioma (em espanhol) selecionado, o Google irá apresentar expressões e
termos espanhóis que tanto poderão provir de regiões da América Latina como
de Espanha. Se o meu intuito for encontrar resultados de termos ou expressões
utilizadas apenas em Espanha, deverei filtrar a pesquisa por região.
Restringir a pesquisa a um certo período de tempo também se revela uma
ferramenta muito útil. As opções de pesquisa mais utilizadas, neste campo,
centraram-se maioritariamente em resultados de publicações feitas no último
mês e no último ano. A vantagem desta opção é que permite avaliar a atualidade
do termo e ainda obter termos de uso recente, algo útil na constante atualização
linguística no que toca a termos relacionados com tecnologias e tendências de
moda.

f) Copy/Cache
Esta opção é útil para que possamos aceder a uma cópia do site
pretendido, que está armazenada no servidor. Imaginemos que precisávamos
de aceder a um site, mas que este está em manutenção ou que, por qualquer
motivo, não está disponível online no momento. Se isso acontecer, podemos
clicar na opção "Em cache" que aparece ao lado do link fornecido pelo motor de
pesquisa.

g) Pesquisa por Imagens


Existe a possibilidade de pesquisar por imagens, ou seja, caso haja
dúvidas entre dois termos, basta utilizar nesses termos e fazer uma pesquisa no
separador de imagens para verificar o resultado. Esta é uma forma conveniente
de ver qual dos termos é o mais acertado segundo as ocorrências da imagem
desejada. Por norma, o termo que apresentar o maior número de vezes a

43
imagem da tradução que pretendemos será o mais acertado. Este tipo de
pesquisa é muito útil para pesquisar palavras nas quais tenhamos dúvidas, em
uso dentro de uma determinada cultura e que não têm tradução.
h) Analisar os Resultados
A melhor forma de começar a análise dos resultados obtidos através do
motor de pesquisa passa pelo número de ocorrências apresentadas pelo
Google, uma vez que, quantas mais ocorrências existirem, maior é a
probabilidade de que o termo pesquisado seja o certo.
Segundo Bokor,
“Using the search engines, you can find not only individual words, but the
type of lingo in which those words are used by those who work in that
particular field.” (Bokor, 1999, p. 16).
Por exemplo, na dúvida entre dois termos ou expressões, algo muito útil
é pesquisar os dois e fazer uma comparação para ver qual o que apresenta o
maior número de resultados. O que tiver mais, provavelmente, será a melhor
opção.
O conteúdo das páginas fornecidas pelo Google é também muito
importante no que toca à especificidade do tema da página. Um termo pode ser
polissémico e, numa língua estrangeira, a ambiguidade perpassa. Dessa forma,
é necessário pesquisar o termo em contextos que nos permitam determinar o
seu real significado e contexto de uso no que respeita à construção gramatical
em relação a outros termos.
Tal como Bokor (1999) defende:
Search engines are a magic tool for translators looking for an elusive word,
an abbreviation, or wishing to confirm a guess. It is, however, important to
employ the right search strategy in order to take maximum advantage of the
search engines’ tremendous power. (Bokor, 1999, par. 2).

Em suma, um aspeto importante nestas pesquisas é, antes de qualquer


ação, configurar a pesquisa para resultados
filtrados por idioma e a região pretendida onde
esse idioma é falado. Desta forma conseguimos
mais facilmente dissipar dúvidas e aplicar os
resultados obtidos de uma forma mais assertiva.

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COMPUTER ASSISTED TRANSLATION- CAT

A tradução assistida por computador, habitualmente designada por CAT


(Computer Assisted Translation) pode ser vista como a tradução manual com
recurso às tecnologias da informação (e, mais recentemente, também com
recurso a ferramentas de tradução automática). Logo, as CATs apenas o
auxiliam a “relembrar” segmentos de texto ao longo do trabalho. Dessa forma,
as CAT tools contêm uma memória que armazena as traduções de origem e de
destino previamente realizadas a fim de facilitar o trabalho do tradutor.
Habitualmente a CAT é realizada com software próprio, que integra de
algum modo diferentes recursos que são úteis ao tradutor enquanto
desempenha as suas funções. Por exemplo, permite a integração com
dicionários ou terminologias, ou o acesso a bases de memórias de tradução
(sobre as quais falaremos em breve).
No mundo em que vivemos, um tradutor nunca receberá um trabalho que
consista na tradução de um livro, sendo que esse livro lhe é entregue em papel,
e em que a tradução também deverá ser entregue nesse mesmo formato. Os
pedidos de tradução vêm nos mais diferentes formatos, mas todos eles
eletrônicos. Um tradutor tanto poderá ter de traduzir uma página da Internet
(habitualmente armazenadas num formato denominado HTML), como poderá ter
de traduzir um panfleto (que poderá, por exemplo, estar armazenado num
ficheiro InDesign) ou a tradução de um livro (que provavelmente virá em formato
Word). O que o tradutor terá de fazer é criar um documento em tudo semelhante
ao recebido, mas em que o texto está numa outra língua.
Esta forma de trabalhar levanta um grande problema: os tradutores não
podem gastar o seu tempo a aprender todas as diferentes tecnologias que a
cada momento vão surgindo. Nesse sentido, a ferramenta de CAT deverá ser
capaz de reconhecer estes formatos, processá-los e compreende-los, e
escondê-los do tradutor. Este último, deverá concentrar-se na tradução do texto
e, finda essa tarefa, a ferramenta de CAT deverá ser capaz de reconstruir o
documento final, aplicando os mesmos estilos do documento original. Na figura
1.2, que representa os vários componentes de um sistema CAT, este processo
de lidar com os formatos dos documentos é representado pelas setas Strip
Markup e Rebuild Markup.

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Nessa mesma figura vemos que a tradução tira partido de duas bases de
dados: uma terminológica e outra de memórias de tradução.
A necessidade de uma ou mais bases de dados terminológicas é
relativamente fácil de defender. Imagine-se o que seria a tradução de um
documento médico com referências a termos como “parênquima”,
“ecogenicidade”, “esteatose”, “ectasia”, “endoluminal” ou “esplenomegalia”.
Claro que na pior das hipóteses o tradutor iria consultar dicionários, textos
técnicos e, se necessário fosse, um especialista da área (neste caso, medicina).
Com a informação obtida iria saber realizar a tradução e, como tradutor
previdente, iria apontar a tradução usada em algum site para que mais tarde,
quando voltasse a ter a necessidade de traduzir essa mesma palavra, não
tivesse de gastar todo o mesmo tempo a consultar as diferentes fontes de
informação. Estes apontamentos, em que o tradutor guarda uma palavra, sua(s)
tradução(ões), exemplos de uso, etc, constituem uma base terminológica.

46
Existem, então, programas que permitem que o tradutor construa uma ou
mais bases terminológicas, sobre um ou mais assuntos, com as línguas que bem
entender. E estas bases terminológicas podem ser acedidas sempre que o
tradutor bem entender, para saber como traduzir um termo. Os sistemas CAT
integram com bases terminológicas para que, mal surja a necessidade de
traduzir uma frase que contenha um termo constante da base terminológica,
surja também a informação sobre qual a tradução convencionada. Isto garante,
ainda, que o tradutor seja coerente, e traduza sempre do mesmo modo os
mesmos termos.
Na figura 1.2, o processo de recolha de dados, seja pela consulta de
bibliografia especializada ou a simples conversa com alguém da área dos
documentos a traduzir, é representada pelas diferentes fontes de informação
(Different sources of information). Os dados recolhidos devem ser introduzidos
na base terminológica, processo que está representado nessa mesma figura por
Create. Finalmente, durante a tradução, essa base terminológica é consultada
(Consult).
A tradução técnica é, por um lado, desafiante, já que obriga o tradutor a
perceber um pouco de tudo. Por outro, é muitas vezes aborrecida, já que um
mesmo documento pode, por vezes, repetir-se, ou conter frases de outros
documentos semelhantes. Por exemplo, o tradutor que seja encarregue de
traduzir os manuais de uso de veículos automóveis de determinada marca, vai
deparar-se com grandes porções de texto que são repetidas entre manuais, já
que embora os veículos possam ser diferentes, alguns procedimentos são
semelhantes.
Os sistemas CAT também ajudam a minimizar este problema. Sempre
que o tradutor acaba a tradução de uma frase ou segmento, o sistema CAT
guarda esse segmento e a sua tradução numa base de dados, chamada de
memória de tradução. Isto permite que, sempre que uma nova frase tiver de ser
traduzida, o sistema CAT possa consultar as memórias de tradução e tentar
encontrar qualquer outra tradução que já tenha sido feita e que seja semelhante
àquela que se pretende realizar. Note-se que não é necessário que o sistema
encontre uma frase exatamente igual, já que muitas vezes se traduzem frases
muito semelhantes em que apenas uma ou duas palavras variam. Este processo
é representado no diagrama pelas setas Retrieve (que representa uma tradução

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que foi encontrada na memória de tradução) e Save (que representa o
armazenamento de uma nova tradução realizada pelo tradutor).
Para além deste uso direto, de simplificar a vida do tradutor usando
traduções já realizadas, as memórias de tradução também podem ser usadas
para consultar, por exemplo, como é que determinada palavra foi traduzida em
situações anteriores. Claro que sendo um termo de uma área específica, o
tradutor poderia ou deveria ter adicionado esse termo na base terminológica.
Mas tanto pode não o ter considerado, como pode ter escapado. E durante a
altura da tradução, ao verificar a existência de uma palavra estranha que já foi
traduzida numa qualquer outra altura, o tradutor poderá usar as memórias de
tradução para encontrar exemplos de frases em que essa palavra tenha
aparecido, e assim perceber como é que, nessa altura, realizou a tradução. Este
mecanismo dos sistemas CAT está representado na figura pela seta Consult.
Voltando a olhar para a figura 1.2 poderemos ainda verificar que existe
um processo de alimentação das bases de memórias de tradução de que ainda
não falamos. Este processo corresponde ao reaproveitamento de documentos
paralelos. Suponhamos, por exemplo, a necessidade de traduzir textos da área
económica. Antes de proceder à tradução, o tradutor poderia realizar algumas
buscas na Internet para obter textos dessa área que já tivessem sido traduzidos.
É natural que encontrasse documentos da Comunidade Europeia sobre
economia, traduzidos nas línguas em que vai ter de trabalhar. Esses documentos
podem ser recolhidos, e utilizado uma aplicação própria (designada por
alinhador) capaz de extrair associações entre segmentos nas duas línguas.
Poderemos considerar este processo como o reaproveitamento de traduções
que já foram feitas, seja pelo próprio tradutor seja por outro, que queremos
importar na base de memórias de tradução.
Os textos paralelos encontrados
(traduções prévias) são alinhados e
obtidas as memórias de tradução que
poderão ser importadas numa base de
memórias de tradução, para que o
sistema CAT as possa usar durante a
tradução.

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Porque estas ferramentas são importantes para o tradutor?

Porque o ajudam a:

 Melhorar a sua produtividade (a realizar mais traduções, mais


rapidamente e mais eficazmente).
 Melhorar a sua consistência terminológica (mantêm o texto mais
coerente).
 Melhorar a qualidade da sua tradução.

A tradução assistida por computador é basicamente um software


informático que ajuda o tradutor a executar as suas tarefas de tradução. Que
inclui algumas das seguintes características:
 Um software integrado onde se localizam as ferramentas necessárias
para elaborar a tradução.
 Uma pré-visualização do trabalho traduzido.
 Uma memória de tradução.
 Uma base de dados terminológica.
 Possibilidade actualização de um novo ficheiro para um projecto já em
andamento e a memória de tradução pode ser usada para preencher a
nova atualização do que já foi traduzido.
 Ferramenta para o gerenciamento do trabalho, como projetos,
documentos para traduzir ou já traduzidos, memórias de tradução e
terminologia.
 Partilhar o trabalho com os outros: Este programa permite uma
transferência mais fácil de documentos, memórias de tradução e
terminologia. E também tem uma funcionalidade que permite lidar com
arquivos de outras ferramentas CAT. Assim pode trabalhar com um
colega em um projeto, ter as suas últimas traduções do seu colega, e
garantir uma revisão por pares.
 Uma funcionalidade para a verificação de qualidade da tradução e alguns
softwares ainda podem ter uma verificação ortográfica (ortografia,
pontuação, links…) mas a maioria não tem como o caso do Memoq.
Porém permite abrir o ficheiro no Word e assim o tradutor já pode utilizar
a verificação ortográfica do mesmo.

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Qual é a diferença entre uma ferramenta CAT (tradução assistida por
computador) e a Tradução Automática ?
A Tradução Automática é a utilização de software de tradução de uma
língua para a outra, como por exemplo o Google tradutor. Porém não é o mesmo
que uma tradução feita por um tradutor humano com a ajuda de uma ferramenta
CAT, pois sabe que pode ter mais confiança nesta tradução. Enquanto que com
um texto traduzido usando o Google Tradutor, só pode ter a certeza de que tem
o essencial da tradução e não o trabalho e bem corrigido.

MEMÓRIAS DE TRADUÇÃO
Existe uma enorme variedade de CAT tools disponíveis no mercado. E já
de cara damos um conselho: não existe ferramenta perfeita.
Sua escolha irá depender de vários fatores, como por exemplo: seu
orçamento, que funções você realmente precise usar, a CAT tool que a agência
em que você trabalha ou seu cliente preferem que você utilize etc.

 TRADOS

Vamos começar falando do SDL Trados. Este é, indiscutivelmente, um


dos softwares líderes no mercado da tradução.
Desenvolvido originalmente pela empresa alemã Trados GmbH na
década de 1980, o software foi projetado desde o início para auxiliar na tradução

50
de textos. O grande impulso que popularizou o Trados ocorreu quando a
Microsoft decidiu utilizá-lo para a localização do sistema operativo Windows. Por
conta disso, no final dos 90’s o Trados já havia se consolidado como líder no
mercado mundial da tradução.
A ferramenta SDL Trados Studio ou simplesmente Trados é, certamente,
um dos softwares líderes no mercado de tradução e desde o final dos anos 90 já
havia se consolidado nessa posição.
É uma solução completa para traduzir, gerenciar terminologias
(ferramenta Multiterm), editar, criar, gerenciar memórias de tradução e criação
de projetos.
Várias versões estão disponíveis atualmente para tradutores freelancers
ou para agências de tradução.
Link: https://www.sdltrados.com/
Entre os principais componentes da versão freelance do SDL Trados
estão:
SDL Trados Studio – Uma aplicação que permite traduzir textos, criar e
gerenciar memórias de tradução e criação de projetos.
Multiterm – Ferramenta direcionada para terminologias.
Translator’s Workbench, o TagEdigor e o SDLX.

 WORDFAST

51
O Wordfast foi desenvolvido por Yves Champollion, um tradutor
freelance, gestor de projetos e consultor na área de tradução e localização, com
mais de 25 anos de experiência. Originalmente desenvolvido como uma
alternativa ao Trados, já conquistou o seu espaço no mercado. No início, o
Wordfast funcionava através de um conjunto de macros executados dentro do
Microsoft Word. Divulgado através do boca a boca, o Wordfast cresceu ao ponto
de se tornar o segundo software de tradução mais utilizado entre tradutores.
Foi criado como alternativa ao Trados, mas já se consolidou no mercado,
tornando-se o segundo software de tradução mais utilizado. Embora, talvez essa
posição no ranking possa ter mudado.
Em 2009 foi lançado o Wordfast Translation Studio, que inclui as versões
Wordfast Classic e Wordfast Professional – uma ferramenta de Memória de
Tradução standalone (autônoma) com base em Java, sendo compatível com
muitos dos outros softwares de tradução utilizados no mundo. Embora mais
popular entre tradutores freelance, o Wordfast é também utilizado em ambiente
empresarial. Também inclui mais recursos de gerenciamento de projetos e
suporta formatos como Java, InDesign (INX / IDML), InCopy (INC), FrameMaker
(MIF), Quark (TAG), Xliff (XLF / XLIFF), SDL Trados (SDLXLIFF / TTX) e PDF
editável.
O preço do Wordfast varia de 400€ na versão Classic ou a Pro, até 500€
a versão Studio, que é a junção das versões Classic e Pro. Mas o tradutor
freelancer tem um ótimo desconto de 50% sobre estes preços na compra de
qualquer versão.
Inicialmente, o Wordfast Classic funciona por meio de um conjunto de
macros executados no Microsoft Word, auxiliando na tradução de qualquer
documento.
Ele trabalha com formatos manipuláveis pelo Microsoft Word, incluindo
arquivos de texto sem formatação, documentos do Word (DOC / DOCX),
PowerPoint (PPT / PPTX), Microsoft Excel (XLS / XLSX), Rich Text Format
(RTF), RTF HTML.
Ambas as versões do Wordfast disponibilizam licença permanente.
Este programa é muito popular entre profissionais de tradução
freelancers, mas também é utilizado no ambiente corporativo.

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Outra versão do Wordfast muito utilizado por tradutores é o Wordfast
Anywhere, que é online e gratuito.
Está disponível uma versão para trial no site.
Link: https://www.wordfast.net/?go=buy&lang=engb

 OMEGAT

O OmegaT é um assistente de tradução de código aberto, projetado na


linguagem de programação Java, foi desenvolvido em 2000. De fácil utilização é
bem intuitivo, porém não tão sofisticado como para concorrer com o Trados e o
Wordfast, mas cumpre muito bem a sua função.
A OmegaT é uma das CAT tools gratuitas mais populares. É um
assistente de tradução de código aberto projetado em Java, lançado em 2000.
Assim também, ela oferece uma gama completa de recursos e é
executado em Windows, Mac e Linux. Também é compatível com arquivos
Trados.
É um software muito intuitivo e fácil de usar, bem menos sofisticado que
o SDL Trados e o Wordfast, mas isso não quer dizer que ele seja menos
eficiente.
Inclusive, é uma das ferramentas mais completas e gratuitas do mercado.
Entre suas principais funcionalidades, estão: glossários externos, suporte
Unicode, compatível com outras memórias de tradução, concordância difusa e
outras.
Com o OmegaT é possível fazer basicamente tudo o que é feito em outras
ferramentas de tradução.
Link: https://omegat.org/

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As principais características do OmegaT são:
·Utilização simultânea de várias memórias de tradução
·Concordância difusa
·Formato de ficheiro de documento: texto simples, HTML,
OpenOffice.org/StarOffice (este último contém excelentes filtros de conversão
para MS Word, Excele RTF)
·Glossários exteriores
·Propagação de concordâncias
·Processamento simultâneo de projetos com vários ficheiros
·Suporte Unicode (UTF-8): pode ser utilizado com alfabetos não latinos
·Compatível com outras aplicações de memória de tradução (TMX nível 1)
OmegaT é gratuito e tem as versões para Linux, Windows e Mac. Para o
programa funcionar bem no computador basta ter o Java JRE instalado e
atualizado.

 Swordfish

A Swordfish é uma CAT tool multiplataforma que pode ser executada em


Windows, Linux e Mac OS X, desenvolvida em Java.
Sua memória de tradução é armazenada numa base de dados interna ou
numa base de dados Oracle ou MySQL.
Essas últimas são indicadas para grandes projetos com muito volume de
dados, pois a base interna pode ter seu desempenho reduzido caso muitas
entradas sejam adicionadas.

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A Swordfish suporta a memória de tradução TMX, utiliza o formato XLIFF
e possui filtros de conversão para quase todos os formatos de arquivo de texto:
doc, odt, docx, abw, html, xml, entre outros.
Link: https://www.maxprograms.com/products/swordfish.html

 MemoQ

O MemoQ é outra CAT tool importante.


Embora não seja tão popular como o SDL Trados Studio, ela oferece
muitos recursos e possui algumas funções extras muito úteis, como o painel de
pré-visualização de tradução, que permite ver o segmento que você está
traduzindo naquele contexto.
O memoQ é compatível com o SDL Trados Studio e outros pacotes, o que
significa que os tradutores que o utilizam geralmente podem trabalhar em
conjunto com agências que usam outro software de tradução.
Igualmente, uma excelente ferramenta com inúmeros recursos.
Ele possui uma versão gratuita de 30 dias de teste, indicada para uso
pessoal ou pequenos projetos, e a versão pro está disponível com uma licença
permanente.
Link: https://www.memoq.com/en/downloads

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TRADUÇÃO AUTOMÁTICA

A tradução automática é uma alternativa de custo zero para obter-se uma


tradução rápida, porém que não exija muita importância, por exemplo: para
traduzir sites estrangeiros, e-mails e alguns pequenos textos, frases ou palavras
isoladas. Geralmente utiliza-se para traduzir textos de algum idioma fora do
nosso domínio. Por exemplo: para traduzir um texto em japonês ou hindi, apenas
para nos dar uma ideia do que o texto está dizendo. Por isso, em nenhuma
hipótese estes aplicativos devem ser utilizados profissionalmente. Pois eles
traduzem os textos de forma literal, considerando a tradução mecânica da frase
ou da palavra, ignorando o seu sentido literário. Isto pode, em algumas ocasiões,
produzir frases sem nenhum sentido ou concordância com o texto original.
A seguir vou colocar quatro exemplos de sites de tradução automática,
que podem ser úteis tanto para alguém que precisa de uma tradução simples,
de um parágrafo, por exemplo, quanto para um tradutor que precisa comparar
um texto ou apenas ter uma ideia do significado de um termo que esteja fora do
seu conhecimento.

 WORLDLINGO

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Worldlingo é um tradutor automático que tem vários serviços de tradução
instantânea online, gerada pelo próprio sistema. Nele você pode traduzir desde
pequenos textos gratuitamente até grande volumes de textos pagando uma
mensalidade. O serviço gratuito do site oferece apenas a tradução automática
entre 33 idiomas.
O site da Worldlingo também oferece outros serviços para o tradutor
freelancer, por exemplo: por US$2 você pode incluir o seu nome numa lista de
tradutores no eBay.
Site: http://www.worldlingo.com/

 My Memory

Esta é uma ferramenta interessante, pois além de oferecer a tradução


automática, como os exemplos anteriores, também possui um sistema no qual
os usuários podem fazer upload das suas próprias memórias de tradução e
segmentos de textos traduzidos. Desta forma, o sistema do site organiza todos
estes dados e criando um grande banco de memória de tradução.
O braço de tradução comercial do My Memory é outro site, o
http://www.translated.net/en/, que oferece tradução direta aos clientes, em três
formatos: Econômico, Profissional e Premium. A diferença entre os serviços é o
número de tradutores designados para o projeto, o controle de qualidade e o
prazo de entrega.

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Site: https://mymemory.translated.net/

GOOGLE TRADUTOR

Análise de Utilização e Desempenho da Ferramenta

58
GLOBALIZAÇÃO, TECNOLOGIA E TRADUÇÃO

A tecnologia pode ser uma aliada do conhecimento de novas culturas. Ela


está presente também no trabalho diário, porque muitas ferramentas são criadas
para aprimorar e auxiliar as pessoas.
Franz Josef Och entrou na empresa Google em 2004 para liderar uma
equipe voltada para a criação do Google Tradutor. Entre 2006 e 2008, a
ferramenta suportava apenas os idiomas inglês, espanhol, francês e alemão.
Em fevereiro de 2009, já cobria 98% dos idiomas lidos na internet,
totalizando 41 idiomas. Em agosto do mesmo ano, 51 línguas.
É visível que o crescimento no número de idiomas suportados e
atualizações com novos recursos tentam levar o Google Tradutor para mais perto
do usuário.
Hoje, conta com 71 idiomas, incluindo os chamados “idiomas alfa”, que
podem ter uma qualidade de tradução menos confiável enquanto ainda são
trabalhados. A denominação alfa é própria do site Inside Google Translate e,
possivelmente, trata dos idiomas ainda em fase de experimento na ferramenta.
Também houve a criação e o desenvolvimento de mais serviços acoplados.

59
O Google Tradutor é um dos serviços de maior sucesso do Google no
Brasil, sendo uma das cinco ferramentas da empresa mais populares entre os
usuários no país. A plataforma para traduções é usada por mais da metade
(59%) dos brasileiros pelo menos três vezes na semana. Surpreendentemente,
o Translator divide a preferência dos usuários apenas
com Gmail, Chrome, YouTube e o serviço de busca,
deixando Android e Google Maps para trás.
De acordo com SMAAL (2010), a intenção das empresas que
desenvolvem ferramentas de tradução automática é diminuir a distância entre as
línguas. Só o fato de o Google Tradutor ser disponibilizado gratuitamente e online
facilita para que qualquer pessoa com acesso à internet tenha contato com ele,
aumentando sua popularidade. Desde sua criação, o GT permite contribuições
de internautas que podem sugerir uma tradução melhor, editando a que foi
inicialmente apresentada pela ferramenta. LEAL (2009) indica em seus estudos
que tais contribuições ajudam no aperfeiçoamento da ferramenta, mantendo a
continuidade da evolução.
De acordo com MURANO (2010), a principal fonte de documentos
traduzidos pelo Google Tradutor é a internet. A ferramenta trabalha com base na
tradução automática por análise estatística, que detecta padrões em textos
bilíngues criados por tradutores humanos e determina qual a tradução
considerada mais adequada para o texto que lhe é apresentado.
Muitas das traduções que foram implementadas no banco de dados da
ferramenta são de vários documentos bilíngues oficiais, inclusive das Nações
Unidas (GOMES 2010).
Em 2016, o Google divulgou que o Brasil era o país que mais usava o
Tradutor no mundo. A empresa não chegou a revelar a lista completa,
afirmando apenas que os brasileiros estavam no topo. Na época, 8% das
pessoas que usavam o serviço eram dos Estados Unidos, o que leva a crer que
a fatia de usuários no Brasil respondia por um valor ainda maior.
A equipe de Franz Josef Och informou que há muitas maneiras de
aumentar a qualidade da ferramenta. As sugestões dos usuários também
alimentam o banco de dados. Um dos recursos mais importantes desse tradutor
é a capacidade de encontrar documentos traduzidos na internet e incorporar ao

60
seu banco de dados, tendo em vista a correlação direta entre a quantidade de
dados e o resultado final da tradução (MURANO 2010).

Identifica idiomas de cinco jeitos diferentes

A ferramenta começou oferecendo apenas identificação por texto, mas


hoje já pode identificar conteúdo traduzível de cinco formas diferentes. Além de
digitar, o usuário pode escrever à mão em telas sensíveis ao toque, além de falar
e enviar fotos para traduzir o conteúdo ou simplesmente apontar o celular
para o ambiente e esperar o aplicativo identificar um texto sozinho.
O Google tem uma página (translate.google.com/intl/pt-
br/about/languages/) que mostra os tipos de identificação suportados para todos
os idiomas na combinação com o português.

Google Lens pode traduzir de cinco jeitos diferentes, incluindo captura da câmera — Foto: Paulo
Alves/TechTudo

A ferramenta não é perfeita e autores como GOMES (2010) afirmam que,


ao se dedicar mais tempo em sua utilização, é possível notar que a tradução é
precisa em alguns pontos, entretanto, pode produzir sentenças confusas e mal
feitas em alguns casos. Por desconhecerem esse fato, os usuários leigos se
decepcionam ao verificarem que a ferramenta não é tão perfeita quanto os
desenvolvedores afirmam, os quais criam grande expectativa diante do texto
traduzido, sendo que muitos não enfatizam a importância do aperfeiçoamento do
trabalho humano de traduzir (ALFARO; DIAS 1998).

61
Para eliminar essa decepção é necessário enxergar a ferramenta como
um auxílio ao trabalho do tradutor humano e não como uma ferramenta tradutora
completa.
Há limitação nas ferramentas de TA, uma vez que elas não levam em
consideração características históricas, sociais e polissêmicas dos textos
apresentados, as quais não podem ser implantadas no banco de dados devido
a sua complexidade. Portanto, ainda que haja constante evolução, essa é uma
barreira intransponível.

Pode ajudar a melhorar a pronúncia em inglês

Desde o ano passado, o Tradutor traz um recurso de pronúncia que


permite treinar a forma correta de dizer as palavras em inglês. A função é uma
evolução do áudio que acompanha as traduções realizadas pela web.
Dessa maneira, além de escutar a pronúncia, é possível repetir em voz
alta, enviar o som para o Google e receber uma resposta de avaliação.
Para usar, é preciso ter a pesquisa configurada para inglês e pesquisar
“how to pronounce” seguido do termo desejado.

Tradutor permite treinar pronúncia por meio da busca do Google — Foto: Reprodução/Paulo
Alves

62
PERSPECTIVAS PARA O FUTURO DA TRADUÇÃO

Para alcançar uma posição firme e sólida no mercado de trabalho,


profissionais de diversas áreas devem saber utilizar bem as ferramentas que
estão disponíveis.
Em específico, para um tradutor aprendiz e até mesmo para um
profissional, o conhecimento do potencial das ferramentas de TA é tão
importante quanto o de outras ferramentas de auxílio, como dicionários
eletrônicos, softwares de edição de texto e memórias de tradução (ARAÚJO
2010).
Com base na teoria de aproveitamento, RESENDE SOUZA (2011)
afirmam E que a globalização implica na necessidade de comunicação entre
povos de diferentes culturas e línguas, que ocorre em meio à tradução. A
globalização implica em desenvolvimento também na tecnologia.
É pretensioso exigir que a tradução automática seja totalmente autônoma
e de grande qualidade, já que até mesmo a tradução humana passa por revisão
para garantir confiabilidade ao trabalho (SLOCUM 1975 apud ALFARO 1998).
Há tradutores que acreditam no uso consciente da ferramenta e assumem a
evolução da tecnologia como forma de auxílio.
Conforme a disponibilidade de ferramentas que afirmam ser de tradução
automática aumenta, surgem muitas críticas de usuários e profissionais ao uso
delas. A respeito das críticas, BERNABIO (2010) afirma que, muitas vezes, as
opiniões contrárias podem ser classificadas como equivocadas, porque muitos
profissionais acreditam que o desenvolvimento da tradução automática pode
ameaçar seus empregos, já que há usuários afirmando que a TA pode substituir
o trabalho do tradutor humano. Para LIMA (2011), as críticas ao uso são válidas,
mas nem sempre justas. O que ele discute em seu estudo e o que se pretende
reforçar é que há imensas possibilidades de utilização das ferramentas que o
autor classifica como sendo de tradução eletrônica, e é mais conhecida como
tradução automática.
SANTOS (2006) elucida esse conceito de auxílio quando reforça que o
objetivo das ferramentas de TA é facilitar o trabalho intelectual dos seres

63
humanos e não substituí-lo. Dessa maneira, o tradutor está livre das tarefas
repetitivas e aproveita o que já foi feito pela ferramenta.
Outros tradutores, como JOÃO AZENHA JÚNIOR (apud BENEDETTI;
SOBRAL 2003), afirmam que os programas de tradução ajudam na versão bruta
do trabalho, mas que é responsabilidade do tradutor alterar o que ele acredita
que deve ser feito. Assim, ele se torna um tradutor crítico e o texto não sairá com
a marca de um programa e sim com sua assinatura, com as escolhas feitas por
ele.
Para ARAÚJO (2002), as traduções obtidas por ferramentas são
indicativas e precisam apenas criar compreensibilidade para que o usuário possa
entender no geral o texto que é apresentado. Ainda assim, é preciso que um
usuário fluente nas línguas de partida e chegada identifique o conteúdo completo
do texto, servindo o tradutor automático como um auxiliador. BRUM (2008)
destaca que, se a qualidade do texto não for um fator importante para o
entendimento geral do conteúdo, a tradução automática servirá de apoio ao
trabalho do tradutor humano, já que ele está preparado para condições de
complexidade e má qualidade no texto original. Dessa forma, como há autores
que aceitam o auxílio do Google Tradutor e outros que recusam
terminantemente, há aqueles que são extremamente favoráveis ao uso de TA e
sugerem que haverá mudanças drásticas em um tempo futuro. Em uma
reportagem para a revista Veja, que foi muito comentada por vários profissionais
da área, PAVÃO JÚNIOR (2010) afirma que, com o avanço das ferramentas de
TA, a exigência de aprender um idioma estrangeiro poderá ser abalada. Nesse
caso, ele ignora por completo o enriquecimento vocabular, histórico e cultural
que uma experiência dessas traz para o aluno.
O número de recursos cresce, dando mais agilidade ao Google Tradutor,
o que pode culminar em pensamentos errôneos de que ele está acabado e
pronto para substituir um tradutor humano.
RINO SPECIA (2002) trazem um questionamento ainda atual: as maiores
E restrições aos sistemas de TA são impostas pela falta de soluções
computacionais para os problemas linguísticos. Ainda que haja evolução nas
ferramentas, elas sempre esbarram nessa dificuldade. Somente um tradutor
humano pode supri-las.

64
É possível verificar que há dois aspectos relevantes sobre a TA: o proveito
que a tecnologia pode trazer ao profissional, apesar das limitações existentes, e
a contribuição que o profissional pode dar à ferramenta, se desejar, para que o
desenvolvimento da tecnologia continue (ARAÚJO 2010).

A FERRAMENTA GOOGLE TRADUTOR

Em uma matéria de 2012, MURPHY afirma que o Google Tradutor conta


com 200 milhões de usuários mensais. A soma desses usuários provém apenas
dos dados de acesso da página da ferramenta, mas há usuários que utilizam via
navegador Google Chrome, celulares e pelo site YouTube.
A divulgação demonstra o alcance global que a ferramenta está tendo
desde sua criação. Um dado relevante é que, apesar de 76% dos usuários que
utilizam a ferramenta alegarem confiar nela, os mesmos afirmam haver a
necessidade de checar os dados em outras fontes.
O Google Tradutor também apresenta outros serviços acoplados à
ferramenta, como tradutor de sites e de documentos e a opção de ouvir a
pronúncia das palavras.

ANÁLISE DE TEXTOS TRADUZIDOS PELO


GOOGLE TRADUTOR (GT)

Nesta seção, serão apresentados excertos das traduções geradas pelos


trechos de textos aplicados no Google Tradutor.
As traduções aqui sugeridas são de nossa responsabilidade e outras
versões são possíveis.

1) Referência indicada pelo curso de Arquitetura.


Foi inserido na TA um parágrafo de um artigo de cinco páginas.
EISENMAN, P. Visions’ unfolding: Architecture in the age of electronic media. Roemer Van Toorn,
c2012. Disponível em: <http://www.roemervantoorn.nl/Resources/Peter%20Eisenman%20Art icle.pdf>.
(05/08/2012).

65
A estrutura sintática foi alterada completamente ao não iniciar a oração
com a conjunção “since” que dá a ideia de razão, motivo, traduzida como “uma
vez que”. O sentido ficou comprometido porque no texto original o conceito de
arquitetura incorpora “valor e obra”.
O verbo “house” – abrigar, acomodar, conter – aparece em sua forma de
particípio passado e conectado ao substantivo “valor” tendo assim “valor
abrigado”.
A ausência de pontuação no texto original foi um elemento complicador
no excerto acima. Percebe-se o uso do “one” como sujeito impessoal, em que a
ferramenta corretamente sugeriu “one would imagine” como “se poderia
imaginar, seria possível imaginar”. Entretanto, a tradução da ferramenta perde
completamente o sentido separando os substantivos “value” e “fact”, que
deveriam vir juntos em “a arquitetura tradicionalmente integra fato e valor”, ao
invés de trazer “fact” complementando o sujeito impessoal em “o fato se poderia
imaginar”.
Finalmente, é visível que os desvios mais sérios são os de origem
morfossintática e que houve comprometimento do sentido geral do trecho.

Observa-se neste excerto “architecture” como “arquitectura”. O português


utilizado foi o de Portugal. Ao abrir as opções de idiomas, ele não indica
português do Brasil ou de Portugal, usando-o de maneira genérica, sem
regionalismos.

66
Outro desvio foi com relação ao termo “changed”. O GT não conseguiu
identificá-lo como particípio do verbo, assumindo apenas como verbo no
passado, mas ainda assim a compreensão da locução é possível.
O principal problema envolveu “for” que pode ser uma preposição ou
conjunção. No texto original sua função específica é a de conjunção que poderia
ser substituída por “because” e, no português, “uma vez que, pois”. Entretanto,
houve uma troca pela preposição “para”, o que pode gerar má compreensão do
trecho. No original, a arquitetura é o sujeito da mudança.

A definição de “house and home” tem um significado simbólico. “House”


está se referindo a “casa” com um conceito de construção e mais concreto, sem
sentimentalismos. “Home” trata não só do abrigo, mas do “lar”, envolvendo
sentimento em sua definição, portanto, um conceito abstrato. A ferramenta não
conseguiu fazer essas diferenciações devido à pluralidade de significados. É
possível que um tradutor humano faça a adequação sem maior dificuldade, mas
não é tarefa fácil para a ferramenta.

67
O verbo “should” não teve sua tradução no tempo verbal correto. Ainda
que, ao clicar nas traduções alternativas, ele mostre como a forma “deveria”, a
mesma apresenta-se somente como terceira opção. “Arquitetura” foi traduzida
neste trecho para o português do Brasil, sugerindo que houve uma mudança na
fonte do banco de dados.

2) Referência indicada pelo curso de Ciências da Computação.


Foi inserido na TA um parágrafo de um artigo de 21 páginas.
GREENWOOD, D.; KHAJEH-HOSSEINI, A.; SMITH, J. W.; SOMMERVILLE, I. The cloud adoption toolkit:
Supporting cloud adoption decisions in the enterprise. School of computer science, 2010. Disponível em:
<http://www.cs.standrews. ac.uk/~ifs/Research/Publications/Papers-PDF/2010- /CloudAdoptionToolkit.pdf>.

(27/07/2012).

O termo “cloud computing” é técnico e específico da área, mas já é


aplicado em português como sendo “computação em nuvem”.
Se clicarmos em sugestões, o termo traduzido aparece como uma das
opções.
A escolha de um termo ou de outro não afeta a compreensão do texto.
A compreensão geral do trecho é possível.

68
O termo “cloud computing” aparece neste trecho traduzido. Percebe-se
então que não há padrão para a manutenção do termo técnico em língua original
ou sua tradução. Cabe ao usuário escolher uma das opções.
O único desvio mais notável neste trecho recai sobre “marketed
properties”, que pode ser traduzido como “propriedades comerciais” ou,
explicando o termo no contexto, a computação em nuvem é “altamente
comercializável”. No geral, os sentidos foram preservados.

“At present” perdeu a função de advérbio de tempo porque foi considerado


pelo GT como “muito presente”, intensificando o adjetivo presente,
desestabilizando os sentidos dos termos seguintes “much ambiguity and
uncertainty exist”.
“There is” perdeu o significado de verbo conjugado na afirmativa para um
na negativa, mesmo com a ausência do “not, no” no original.

69
Não houve adequação quanto às mudanças ortográficas na língua
portuguesa, pois há o uso do trema.
“Hype” não recebeu uma tradução e teve o termo mantido em inglês, o
que impossibilitou a tradução dos próximos termos na frase. O termo significa
propaganda agressiva e constante.
“Actual realization of these promised benefits” com a tradução do GT
como “a efetiva realização desses benefícios prometidos” também perdeu seu
sentido, pois teríamos “percepção real [ou efetiva] desses benefícios
prometidos”.

3) Referência indicada pelo curso de Engenharia Química.


Foi inserido na TA um parágrafo de um artigo de seis páginas.
TREYBAL, R. E. Adiabatic gas absorption and stripping in packed towers. ACS Publications,
c2012. Disponível em: <http://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/ie50715a009>. (05/08/2012).

A tradução desse trecho está quase perfeita, com os sentidos sendo


mantidos. Os desvios envolveram tempo verbal e uso de artigo no gênero
correto.

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Neste excerto, a ferramenta produz uma tradução quase perfeita, mas
falha em dar o termo-chave que é “allowance”. Foi sugerida a tradução
“provisão”, pois o termo é muito utilizado com o sentido de “subsídio, ajuda
financeira, mesada, provisão”. Em química refere-se à absorção ou redução na
reação química.

O GT, ao fazer a tradução do inglês para o português, não aplica os


artigos “a, o”, o que não impede na compreensão das frases. Percebe-seneste
trecho a expressão “account for” que pode realmente ser “contabilizado”, mas no
texto a melhor tradução seria “considerada”.
Finalmente, é possível notar que a conjugação verbal do verbo “to be” “é”
foi trazida em sua forma de presente do indicativo. Em caso de uso do “if”,
indicativo de condicional e, portanto, subjuntivo, a forma correta seria “for” (para
futuro) ou “caso a embalagem seja [presente] adequadamente irrigada”. O
trecho, porém, é bem compreendido na língua-alvo devido a suas características
técnicas.
De maneira geral, alguns desvios foram mais comuns nas traduções da
ferramenta. Houve mudanças na estrutura do trecho traduzido em relação ao
original que comprometeram o sentido do texto para o usuário. Também houve
dificuldades morfossintáticas causadas pelo fato de a ferramenta ter confundido

71
classes gramaticais e tempos verbais. Em casos em que há pluralidade de
sentidos, a primeira tradução apresentada pelo GT nem sempre correspondeu
ao sentido mais adequado do termo dentro da oração. Notou-se que a
ferramenta usa o português de Portugal e do Brasil sem diferenciação, além de
não seguir uma tradução padronizada de termos.
Finalmente, nota-se que a qualidade da tradução está também ligada ao
tipo de texto que é aplicado, evidenciando que, se o mesmo for técnico-científico,
pela baixa recorrência de pluralidade de sentidos, a tradução permite que o
usuário tenha uma compreensão geral do texto.
Para aqueles que têm proficiência razoável no idioma, é possível
identificar os erros para confirmar sua compreensão do texto.

Considerações Finais

Em relação ao Google Tradutor, possível observar que os estudos a


respeito da ferramenta são ainda escassos, mesmo após alguns anos de sua
criação.
A falta de conteúdo bibliográfico específico pode levar ao
desconhecimento de suas funcionalidades, o que pode ser refletido em
preconceito quanto a seu uso ou em opinião errônea quanto à qualidade das
traduções apresentadas.
Ao conhecer mais profundamente a ferramenta, há a possibilidade de se
tornar um usuário mais crítico e aproveitar melhor a evolução tecnológica e a
praticidade que ela oferece.
Tratando-se de tecnologia, as evoluções ocorrem rapidamente. A
ferramenta é muito utilizada, principalmente por universitários de menor faixa
etária. São usuários que se declaram tendo nível de proficiência linguística entre
iniciante (básico) e intermediário, com maioria na utilização para textos em língua
inglesa, o que reforça a importância do aprendizado deste idioma no mundo
atual.
Os usuários, independentemente do nível Declarado de proficiência,
sentem-se seguros em decidir optar por uma Ferramenta de auxílio ou não.
Quanto à eficácia da ferramenta, conclui-se que ela pode auxiliar os usuários em

72
textos técnicos de língua inglesa, pois estes possuem principalmente
características monossêmicas. Os desvios apresentados pela ferramenta
envolveram escolhas lexicais e, como a ferramenta utiliza dados estatísticos, as
traduções mais recorrentes são as mais sugeridas.
Nota-se também que os desvios mais significativos envolveram as
modificações que a ferramenta fez da estrutura do original, trocas de classes
gramaticais e tempos verbais, a não padronização de termos e a dificuldade em
adequar um termo quando há pluralidade de sentidos, dificultando a
compreensão completa da oração. Embora tenham ocorrido esses desvios, a
compreensão geral dos parágrafos foi possível.
Como afirmado por SANTOS (2006), a tradução constrói, é processo e
resultado, estabelecendo uma relação bidirecional entre dois lados
comunicativos. Com a evolução tecnológica e a globalização, a necessidade de
se comunicar está ainda mais presente. Da mesma maneira que nossas línguas
são dinâmicas, a tecnologia também vem se renovando a cada dia para diminuir
ou derrubar as barreiras culturais, fazendo com que consigamos nos comunicar,
ou ao menos tentar, em qualquer idioma.

73
REFERÊNCIAS

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José Paulo Paes de poemas selecionados de William Carlos Williams por
Alfredo Bosi. Tradução, uma nova produção. v. 2, nº 1, USP/SP, jan/mar 1988.

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FEITOSA, Sussana Busato. A questão da fidelidade na tradução. Se-


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BUJES, ROSANE. As melhores CAT Tools para o tradutor freelancer.


Disponível em: <https://bujestraducoes.com.br/cat-tools-para-o-tradutor-freelan-
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LARROSSA, LUCIANO. Oito ferramentas de tradução para o tradutor


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