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INTAeácl

GRADUAÇÃO E PÓS-GRADLJAÇÃO
Sumário
Palavras do Professor-Autor ........................................... 11
Ambientação.................................................................... 14
Trocando ideias com os autores .................................... 16
Problematizando ............................................................. 18

1 Introdução à comunicação humana


Noções da comunicação ..................................................................................... 24
Escrita, Língua, Linguageme Fala ............................................................. 27

2 Ainterpretação
Gramática para a produção, compreensão e
de textos
Concordância Verbal ............................................................................................. 31
Concordância Nominal ................................................................................. 35
Pontuação ................................................................................................................... 38
Acentuação Gráfica conforme o novo acordo ortográfico ............. 43
Crase ...................................................................................................................... 46
Tirando suas dúvidas ...................................................................................... 50
Sintetizando o que mudou no novo acordo ortográfico ................. 58

Português Instrumental 7
3 Noções textuais para compreensão da leitura
Características de um texto...................................................................... 65
Ler e compreender .................................................................................................. 66
Tópicos para compreensãode textos ........................................................ 67
Tipos e gêneros textuais: uma real proximidade ................................... 71

Leitura Obrigatória ....................................................82


Saiba mais ...................................................................84
Revisando ....................................................................86
Autoavaliação .............................................................88
Bibliografia .................................................................106
Bibliografia da Web ..................................................... 108

8 Português Instrumental
AMBIENTAÇÃO À
DISCIPLINA
Este ícone indica que você deverá ler o texto para ter
uma visão panorâmica sobre o conteúdo da disciplina.

Português Instrumental 9
A língua portuguesa faz parte da cultura do Brasil e de outros países que falam
a este mesmo idioma com instrumento de comunicação entre os povos. Porém
o valor da comunicação não esta no significado pronunciado, a língua não pode
ser compreendida como sistema de códigos exclusivamente linguístico, mas pelas
diversas formas de interação que a língua estabelece com a realidade e com o sujeito
falante e com outros. Isto quer dizer que existem diversas nuances de enunciados;
verdadeiros, falsos, belos...
Poucos leitores compreendem os textos conforme a intenção do autor ao
comunicar a mensagem que seja escrita ou falada. O uso da linguagem tornou-se
densamente enraizado na cultura humana, além de ser empregada para comunicar
e compartilhar informações.
A linguagem também possui vários usos sociais e culturais, como a manifestação
da identidade, da estratificação social, na manutenção da unidade em uma sociedade
e para o entretenimento. A palavra "linguagem" também pode ser usada para
descrever o conjunto de regras que torna isso possível, ou o conjunto de enunciados
que podem produzir diversas normas nesse sentido. É uma das intenções da inserção
do estudo da Língua Portuguesa, neste curso, oferecer subsídios para o estudante
aperfeiçoar as habilidades de leitor e produtor de textos.

Recomendamos este livro: Comunicação e Escrita.


BAHIENSE, Raquel. Comunicação e Escrita. Rio de Janeiro:
Senac Nacional, 2005.

A leitura deste livro tem a intenção de promover um momento


de ambientação ao conteúdo da disciplina. Leia e faça um
resumo das ideais do autor.

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Português Instrumental
TROCANDO IDEIAS
COM OS AUTORES
A intenção é que seja feita a leitura de obras indicadas
pelo professor-autor numa perspectiva de dialogar com
os autores de relevo nacional e/ou mundial.
Vamos dar continuidade ao processo de ambientação ao
estudo da língua Portuguesa.

A gramática é fundamental para você conhecer o padrão culto da língua. A


origem da palavra gramática vem do grego gramma (letra) e era o nome dado às
técnicas de leitura e escrita. Após um tempo, passou a designar o conjunto de regras
que garantem os padrões de certo/errado para o uso do idioma.
É importante lembrar que a norma culta é apenas mais uma das variantes que a
língua portuguesa possui. Isso significa que a língua não se restringe ao conjunto de
normas ditadas pela gramática. Tais variantes encontram-se no estudo da variação
linguística, que analisa a língua dentro de um contexto histórico, geográfico, social,
entre outros. Entretanto, em razão da norma culta ser hoje um instrumento de
prestígio social e ascensão profissional, seu conhecimento e aplicação tornam-se
imprescindíveis em nosso estudo. Além disso, a norma culta é unificadora, criando
um padrão linguístico que facilita a comunicação entre as diversas regiões do país,
ou entre países que falam a mesma língua.

Sugerimos dois livros. Escolha um livro, leia e


elabore um resumo sobre o que mais aprendeu.

EMEDIATO, Wander. A fórmula do texto: redação, argumentação e leitura. São


Paulo: Geração Editorial, 2004
INFANTE, Ulisses; NETO, Pasquale Cipro. Gramática da Língua Portuguesa. São
Paulo: Scipione, 1998

Português Instrumental 17
PROBLEMATIZANDO
É apresentada uma situação problema onde será feito
um texto expondo uma solução para o problema
abordado, articulando a teoria e a prática profissional.
Será que Ler e Compreender são a mesma coisa?
Vamos fazer uma experiência?

Leia o texto abaixo:

O dissacarídeo de fórmula C12H22O11, obtido através da fervura e da evaporação


de H2O do líquido resultante da prensagem do caule da gramínea Saccharus
officinarum, Linneu, isento de qualquer outro tipo de processamento suplementar que
elimine suas impurezas, quando apresentado sob a forma geométrica de sólidos de
reduzidas dimensões e arestas retilíneas, configurando pirâmides truncadas de base
oblonga e pequena altura, uma vez submetido a um toque no órgão do paladar de
quem se disponha a um teste organoléptico, impressiona favoravelmente as papilas
gustativas, sugerindo a impressão sensorial equivalente provocada pelo mesmo
dissacarídeo em estado bruto que ocorre no líquido nutritivo de alta viscosidade,
produzindo nos órgãos especiais existentes na Apis mellifica, Linneu.

Fonte: http://www.humornaciencia.com.br/laboratorio/simples.htm

Há diferença entre os termos Ler e Compreender, Você leu o texto? Compreendeu


o texto?

Português Instrumental 19
APRENDENDO A PENSAR
O estudante deverá analisar o tema da disciplina em
estudo a partir das ideias organizadas pelo professor-
autor do material didático.
INTRODUÇÃO À COMUNIAÇÃO
1
HUMANA

Conhecimentos
Compreender o conceito de comunicação.

Habilidades
Identificar os vários elementos básicos na comunicação.

Atitude
Usar a comunicação verbal e escrita adequada às normas vigentes.
O que é comunicação

A palavra comunicar vem do latim communicare, que significa pôr em comum.


Conclui-se daí que a essência da palavra comunicar está associada à ideia de
convivência, comunidade, relação de grupo, sociedade.
A comunicação surgiu, provavelmente, da necessidade que os homens sentiam
de trocar ideias e experiências com outros membros do seu grupo, nos estágios
primitivos da civilização. Desde que passou a viver em sociedade, o homem vem
sentindo cada vez mais a necessidade imperiosa de se comunicar,.
O mundo da comunicação é vastíssimo, contudo, os mais predominantes
quando se fala em comunicação são os sistemas de comunicação verbal, não verbal
e a comunicação escrita. Existem, porém, muitos outros meios de comunicação,
como, imagens, sons, artes e até o sinal do computador, que constituem formas de
comunicação não verbal. A comunicação não verbal, portanto, pode ser estabelecida
principalmente através dos sons (o código Morse, o tambor falante das tribos
do Congo); através das imagens (cartazes, televisão, cinema); através dos gestos
(convencionais ou codificados, como o alfabeto dos surdos-mudos). Os sinais de
trânsito (placas indicativas, apitos, semáforos) são exemplos de comunicação não
verbal que usamos quotidianamente.
Modernamente, vários fatores, como a maneira de se vestir, de andar, sentar, falar
ou calar, a postura, o comportamento social vêm sendo estudados como formas
de comunicação entre as pessoas. Essas formas de comunicação não verbal do ser
humano são chamadas de linguagem corporal.
Atualmente, os meios de comunicação de massa estão abrindo espaço para
trabalhos que divulgam as formas não verbais da comunicação. O jornal O Estado
de S. Paulo, de 6-1-88, no “Caderno de Empresas”’, publicou interessante artigo do
Gaudêncio Torquato (professor titular da ECA/USP), intitulado: “Comunicação pelo
traje”, do qual foram extraídos os seguintes parágrafos:

Na composição do modelo visual, a vestimenta assume papel de realce.


Não há dúvida sobre o fato de que o traje carrega uma retórica que põe
à disposição das pessoas o sonho de mudar de identidade. Por trás de um
pequeno detalhe, da cor de uma roupa, do corte, do volume, do tipo de
tecido de um adereço, milhares de pessoas procuram ser reconhecidas como
“outras”, realizando, de algum modo, o sonho de uma dupla personalidade.
Quando não é esse o caso, então é a lógica profissional, que passa a exigir o
traje adequado, para o cargo adequado, na empresa adequada.

22 Português Instrumental
A Folha de S. Paulo do dia 8-3-88, na “Folha Ilustrada”, trouxe, sob a rubrica
MODA, a matéria de Costanza Pascolato: “A linguagem das roupas é antiga e
universal”, da qual vale a pena transcrever alguns trechos:

A declaração de que a roupa é uma linguagem não é nova. Balzac, em


“Filha de Eva” (1839), observou que, para uma mulher, vestir é “a contínua
manifestação de pensamentos íntimos, uma linguagem, um símbolo.” Hoje
a semiótica está em voga e os sociólogos nos dizem que a moda também é
uma linguagem de signos, um sistema não verbal de comunicação.

A tendência atual é unificar os sistemas de sinalização e informações dos


aeroportos, estradas, estações rodoviárias e ferroviárias, assim como de outros
lugares públicos e de atração turística, empregando-se a comunicação pela
imagem, através de placas indicativas.

Esses símbolos convencionais, considerados linguagem universal, são mais


facilmente identificados e decodificados, pois não exigem o conhecimento de
nenhuma língua escrita.

Noções da Comunicação.

Todo ato de comunicação constitui um processo que tem por objetivo a


transmissão de uma mensagem e, como todo processo, apresenta alguns elementos
fundamentais, essenciais e não podem deixar de estar presente ao ato de comunicar.
São seis os elementos envolvidos no processo de comunicação, conforme o
seguinte esquema:

Português Instrumental 23
Figura 1 - Elementos do processo de comunicação interpessoal

Obs.: Na imagem demonstrativa, a “resposta” é o código a língua, que tem de


ser do conhecimento de ambos, emissor/receptor para que haja comunicação.
O emissor ou destinador é quem transmite a mensagem; é fonte porque gera,
cria o que será comunicado. Pode ser um indivíduo, um grupo, uma firma ou um
órgão de difusão.
O receptor ou destinatário é aquele que recebe a mensagem. Pode ser
um indivíduo, um grupo, um animal ou até mesmo uma máquina (computador,
gravador). Note que o fato de receber a mensagem não implica, necessariamente,
decodificá-la e compreendê-lá.
Mensagem é tudo aquilo que o emissor transmite ao receptor; é o objeto da
comunicação. Toda mensagem é transmitida através de um canal de comunicação.
Canal ou contato é o meio físico, o veículo através do qual a mensagem é levada
do emissor ao receptor e vice-versa. De maneira geral, as mensagens circulam
através de dois principais meios:
• meios sonoros: ondas sonoras, ar (voz);
• meios visuais: excitação luminosa, percepção da retina.

Português Instrumental 25
Assim sendo, mensagens transmitidas através de um meio sonoro utilizam
sons, palavras, músicas. Se a transmissão é feita por meios visuais, empregam-se as
imagens (desenhos, fotografias) ou símbolos, i.e., a escrita ortográfica. No primeiro
caso diz-se que são mensagens icônicas; no segundo, mensagens simbólicas. As
mensagens tácteis recorrem aos choques, pressões, trepidações etc.; as olfativas
utilizam odores, um perfume, por exemplo.

• Código é um conjunto de signos e suas regras de comunicação.


Cada tipo de comunicação tem seu código próprio: comunicações verbais
e comunicações não verbais, evidentemente, utilizam códigos diferentes,
específicos a cada situação comunicativa.
• Referente é o assunto da comunicação, o conteúdo da mensagem.

O papel do código é de suma importância, pois emissor e receptor devem


possuir pleno conhecimento do código, da língua utilizada para que a comunicação
se realize; caso contrário, a comunicação será apenas parcial ou nula.
Exemplificando: uma classe em que os estudantes têm por língua materna o
português é convidada para assistir a uma conferência pronunciada em inglês.
Ocorre que alguns estudantes dominam perfeitamente o inglês, outros dominam
relativamente e os restantes não conhecem essa língua. Os que dominam plenamente
a língua inglesa, o código, compreenderão as palavras do conferencista; portanto,
a comunicação será plena. Para aqueles que conhecem relativamente o código,
a comunicação será parcial e os que não conhecem a língua, obviamente, não
participarão do processo de comunicação.
Só haverá comunicação se houver decodificação — o emissor envia uma
mensagem ao receptor, através de um canal, utilizando um código que contém um
referente (assunto) a ser decodificado pelo receptor.
Cada tipo de comunicação exige um código adequado, ou seja, uma linguagem
específica.

26 Português Instrumental
Escrita, Língua, Linguagem e Fala.

Apesar de haver muitas relações entre a forma falada e a forma escrita da língua
(os princípios para construir uma oração, por exemplo, são praticamente os mesmos),
o ato de escrever é diferente do ato de falar.
A grande diferença talvez esteja no fato de que o interlocutor está presente no
momento da fala e ausente no momento da escrita. Estando o interlocutor presente
quando falamos, qualquer problema de compreensão pode ser imediatamente
esclarecido. Além disso, há sempre junto com a fala um jogo de gestos, de expressões
faciais, de tons de voz que complementam e reforçam aquilo que está sendo dito.
Nessa perspectiva, a qualidade maior de um texto escrito é a clareza: não devemos
poupar esforços nesse sentido. O leitor não deve ter dificuldade de compreensão
ao que estamos transmitindo. Se ele tiver dificuldades, a comunicação poderá ser
frustrante, com consequências negativas para nós.
O cérebro humano tem uma importante e complicada tarefa; colocar em
funcionamento o processo da linguagem. Ao conviver com crianças pequenas na
fase em que começam a falar nós, adultos, não atinamos com o fantástico processo
que está ocorrendo até porque as crianças aprendem, sem maiores dificuldades
e sem nenhuma especial orientação, a falar a língua que ouvem a sua volta. Mas
há algo de extraordinário e complexo atrás desse corriqueiro acontecimento. Para
perceber basta lembrar, por exemplo, que a estrutura da língua é de extrema
complexidade e a criança, quando está aprendendo a falar, é exposta apenas a um
número muito limitado de material linguístico (não esquecer que a língua é infinita)
e durante muito pouco tempo (dois anos).
Avançar na compreensão do processo de aquisição significa também trazer mais
luz à própria compreensão das particularidades de nossa espécie. Afinal, a língua e
sua aquisição são duas de nossas mais peculiares características.

Português Instrumental 27
2
A GRAMÁTICA DA LÍNGUA
PORTUGUESA

Conhecimentos
Conhecer estruturas gramaticais para a produção, compreensão e interpretação
de textos.

Habilidades
Identificar as estruturas gramaticais nas atividades de interpretação de textos.

Atitude
Saber codificar textos através do uso das estruturas gramaticais estudadas.

26 Português Instrumental
Concordância verbal

De acordo com Mattoso Câmara, em gramática, chamamos de concordância o


fato de um adjetivo variar em gênero e número de acordo com o substantivo a que
se refere (concordância nominal). Também recebe este nome a circunstância em
que um verbo varia em número e pessoa de acordo com seu sujeito (concordância
verbal).

Regra geral: O verbo concorda em número e pessoa com o sujeito.


Exemplo: Os jogadores e a torcida abraçaram-se no campo.

Logo, podemos concluir que:


• Concordância, conforme o próprio nome sugere, é um acordo estabelecido
entre termos gramaticais.
A concordância verbal diz respeito ao verbo em relação ao sujeito, sendo que o
primeiro deve concordar em número (singular ou plural) e pessoa (1ª, 2ª, 3ª) com o
segundo.
Já a concordância nominal diz respeito ao substantivo e seus termos referentes:
adjetivo, numeral, pronome, artigo. Essa concordância é feita em gênero (masculino
ou feminino) e pessoa.
Acima, vimos que existem regras gerais de concordância. Contudo, alguns casos
especiais devem ser estudados particularmente, pois geram dúvidas quanto ao uso.

Português Instrumental 31
Sujeito simples Verbo no singular
Verbo no plural, se expressar reciprocidade.
Exemplo: Mais de um dos convidados abraçaram-se durante
o evento.
Se o sujeito for representado por nomes próprios.
Sujeito simples
Exemplo: Os Estados Unidos investem bastante em tecnologia.
Se o sujeito for representado pela expressão “um dos que”.
Exemplo: Ele foi um dos colegas que mais me apoiaram.

Verbo no singular:
Se vários elementos do sujeito forem sintetizados: por
tudo, algo, nada, ninguém, etc.
Exemplo: prédio, árvores, postes, tudo veio abaixo.
Sujeito composto
Sujeito formado por palavras sinônimas: Muita raiva,
indignação dominava seus gestos.
Sujeito representado por verbos no infinitivo: Viajar e
passear constitui seu ideal de vida.
Verbo no plural:
O verbo ficará no plural quando os núcleos dos sujeitos
forem ligados pelas conjunções:
1- ou/ou (se não houver ideia de exclusão, caso contrário, usa-
se o singular);
2- nem (se não houver ideia de exclusão, caso contrário, usa-se
o singular);
Sujeito composto
3- não só, mas também, tanto, como (quando expressam ideia
de inclusão).
Exemplos:
Ou eu ou você participaremos da eleição.
Nem Drummond nem Bandeira perderam seu valor.
Tanto ele como eu nos saímos bem no exame.

32 Português Instrumental
Sentido de existir = somente 3ª pessoa do singular.
Exemplo: Havia histórias estranhas sobre a mulher do sobrado.

Sentidodeexistirformandolocuçãoverbal(impessoalidade)
= 3ª pessoa do singular.
Exemplo: Pode haver propostas mais interessantes.
Concordância
do verbo haver Verbo haver (como verbo auxiliar) no sentido de ter. É
pessoal e concorda com o sujeito.
Exemplos: Nós havíamos obtido ótimos resultados com a
pesquisa.
Nós tínhamos obtido ótimos resultados com a pesquisa.

O verbo fazer, impessoal, expressando tempo decorrido,


fica na 3ª pessoa do singular.
Exemplos: Faz alguns anos que o casamento acabou.

Concordância Fazia horas que o congestionamento iniciara.


do verbo fazer Como verbo pessoal, o verbo fazer concorda com o sujeito
e significa “fazer alguma coisa”.
Exemplos: Os lavradores fazem muito por todos nós.
Nas férias, nós fazemos belos passeios pelo lago.
Na voz passiva sintética ou pronominal, formada com o
Concordância pronome apassivador “se”, o verbo concorda em geral com
do verbo na voz o sujeito.
passiva. Exemplos: Aceitam-se terra e tijolos.
Vendem-se casas.

Português Instrumental 33
Casos particulares:
Se o sujeito for constituído pelos pronomes: tudo, isso,
isto ou aquilo e o predicativo estiver no plural, o verbo ser
concordará normalmente com o predicativo.
Exemplos: Tudo seriam lembranças passageiras.
Aquilo eram fantasias da infância.
O verbo ser concorda com o sujeito quando este for
representado por um nome próprio ou ente animado.
Sujeito simples Exemplos: Os Sertões são a obra-prima de Euclides da Cunha.

A menina seria os encantos dos mestres.


Se o sujeito se referir a coisas ou objetos, o verbo ser
concordará, de preferência, com o predicativo.
Exemplos: A tristeza são os dias perdidos da juventude.
O banco eram duas tábuas estreitas e ásperas.

Quando se usam pronomes retos como sujeito, o verbo ser


sempre concorda com eles.
Exemplos: Ele é os pilares de nossa casa.
O advogado aqui és tu.

Quando há, na frase, dois pronomes retos, o verbo ser


concorda com o primeiro.
Exemplos: Eles não são nós, e nós não somos eles.

Sujeito simples Quando o verbo ser expressa quantidade, concorda com o


predicativo.
Exemplos: Dois reais era suficiente para a passagem.
Na indicação de horas, datas e distâncias, o verbo ser
concorda com o numeral:
Exemplos: Hoje são vinte e nove de novembro.
Hoje é dia vinte de maio.
Neste caso o verbo concorda com a palavra dia, mesmo quando
vier subentendida:
Hoje é vinte de maio.

34 Português Instrumental
Concordância nominal

Na concordância nominal o adjetivo, o pronome, o numeral e o artigo concordam


em gênero e número com o substantivo ao qual se referem.
Leia a frase abaixo e observe as inadequações:
“Aquele dois meninos estudioso leram livros antigo”.
Fazendo-se os ajustes necessários, a frase ficará assim:
Aqueles dois meninos estudiosos leram os livros antigos.
A concordância nominal consiste na adaptação de uns nomes aos outros,
harmonizando-os nas suas flexões com as palavras de que dependem.
Regra geral
Concordância
As palavras que se referem ao substantivo devem concordar com ele em:
• Gênero: masculino e feminino;
• Número: singular e plural.

Vejamos os casos gerais

Um adjetivo referindo-se a mais de um substantivo de gêneros ou números


diferentes.
• Quando vem após o substantivo, o adjetivo pode:

1 - Ir para o masculino plural


O carro e a casa novos foram presentes do seu pai.
A irmã e o irmão pequenos viajaram.

2 - Concordar com o substantivo mais próximo


Tinha os pés e as mãos amarradas.
Tinha mãos e pés amarrados.

Português Instrumental 35
• Quando vem antes dos substantivos, o adjetivo concorda geralmente
com o mais próximo.
Os novos livros e revistas foram guardados.
As novas revistas e livros foram guardados.

Numeral com o substantivo


• Quando os numerais são empregados com o artigo, o substantivo pode ir para o
singular ou ir para o plural.
O segundo e o terceiro andar são escuros.
O segundo e o terceiro andares são escuros.

Mais casos de concordância nominal


Se o adjetivo vier antes de dois ou mais substantivos,
Adjetivo concordará com o mais próximo:
anteposto Exemplos: Nova escola e professores terei esse ano.
Novos professores e escola terei esse ano

Se o adjetivo vier depois de dois ou mais substantivos,


pode-se fazer a concordância de duas formas:

1 - Se os substantivos forem do mesmo gênero, o adjetivo


poderá ficar nesse gênero, no plural, ou concordar com o
substantivo mais próximo.
Exemplos: O presidente recebeu o ministro e o secretário
Adjetivo argentinos. (ou argentino)
posposto
Mariana usava saia e blusa estampadas. (ou estampada)
2 - Se os substantivos forem de gêneros diferentes, o
adjetivo ficará no masculino, por ser o gênero que prevalece,
flexionando-se apenas em número:
Exemplo: Comprou na feira goiaba e caqui maduros.
O garçom trouxe-nos o vinho e a laranjada bem gelados.

36 Português Instrumental
Sujeito composto:
Quando o adjetivo vier depois dos substantivos, ficará
no masculino plural se os substantivos tiverem gêneros
diferentes; casocontrário, ficaráno gênero dos substantivos,
no plural.
Adjetivo na Exemplos: A professora e o aluno chegaram apressados.
função
O dentista e o cliente estavam gripados.
de predicativo
A telefonista e a secretária foram atenciosas.
do sujeito.
Quando o adjetivo vier antes de substantivos de gêneros
diferentes, poderá ficar no masculino plural ou concordar
com o substantivo mais próximo.
Exemplos: Preocupados, a mãe e o pai ligaram para o filho.
Satisfeita, a advogada e o réu comemoravam.

Se o núcleo do objeto for constituído por um único substantivo,


o adjetivo concorda com ele em gênero e número.

Exemplos: Entregou-me o carro amassado.


Mantiveram as lojas fechadas, durante a passeata.
Se o objeto for constituído por dois ou mais núcleos compostos
por substantivos do mesmo gênero, o adjetivo vai para o plural,
Adjetivo na no gênero desses substantivos.
função de
Exemplos: Julgaram o filme e o ator bem fracos.
predicativo do
objeto O caseiro encontrou a porta e a janela arrombadas.
Se o objeto for composto por dois ou mais núcleos constituídos
por substantivos de gêneros diferentes, o adjetivo ficará no
masculino plural.
Exemplo: O curso de idiomas tornou Flávio e sua irmã mais
preparados.

Português Instrumental 37
O substantivo fica no singular e põe-se o artigo também antes
do segundo adjetivo.
Exemplo: Meu professor ensina a Língua Inglesa e a Francesa.
Dois adjetivos e
um substantivo O substantivo fica no plural e omite-se o artigo antes do
segundo adjetivo.
Exemplo: Meu professor ensina as Línguas Inglesa e Francesa.

Pontuação

Iniciamos, agora, um importante estudo sobre os sinais de pontuação.


Conceituando: os sinais de pontuação constituem recursos próprios da língua
escrita: representam as pausas e entonações da linguagem oral. Com acentuada
característica subjetiva, a pontuação não possui critérios rígidos, mas requer atenção,
porque qualquer deslize pode prejudicar a clareza do texto.

Leia o texto a seguir:

Um homem muito rico estava extremamente doente, agonizando. Pediu papel e


caneta e escreveu, sem pontuação alguma, as seguintes palavras:
“Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do
padeiro nada dou aos pobres.”

Não resistiu e se foi antes de fazer a pontuação. Ficou o dilema, quem herdaria
a fortuna? Eram quatro concorrentes.

Veja o que eles escreveram


1) O sobrinho fez a seguinte pontuação: Deixo meus bens à minha irmã? Não! A
meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.
2) A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o texto: Deixo meus bens à minha irmã.
Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.
3) O padeiro pediu cópia do original. Puxou a brasa para a sardinha dele: Deixo meus
bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro.
Nada dou aos pobres.

38 Português Instrumental
4) Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do
padeiro? Nada! Dou aos pobres.
Moral da história: A vida pode ser interpretada e vivida de diversas maneiras. Nós
é que fazemos sua pontuação. E isso faz toda a diferença...
Você observou que um texto escrito sem pontuação pode não ter sentido preciso.
Verificou também que uma frase adquire sentidos diferentes quando pontuada de
diferentes formas. Assim, os sinais de pontuação estão diretamente relacionados
com a sintaxe das orações e das frases, servindo para marcar as pausas e a entonação.
Também substituem outros componentes específicos da língua falada, como os
gestos e a expressão facial. Desse modo, facilitam a leitura e tornam o texto mais
claro e preciso.
Há alguns sinais de pontuação cujo emprego, atualmente, obedece a uma
razoável disciplina, como a vírgula, o ponto, o ponto e vírgula, os dois-pontos e
o ponto de interrogação. Outros têm emprego mais livre, mais subjetivo, como o
ponto de exclamação e as reticências.

Usos dos sinais de pontuação

• Ponto final: Indica a pausa máxima. É empregado no final de frases


declarativas.
• Ponto de interrogação: É empregado no final de frases
interrogativas diretas.
• Ponto de exclamação: É empregado no final de frases
declarativas, com a finalidade de indicar estados emocionais,
como espanto, surpresa, alegria, dor, etc.
• Dois-pontos: É empregado para introduzir a fala de uma personagem ou
uma citação, uma explicação, um esclarecimento.
• Travessão: É empregado no discurso direto para indicar a mudança do
interlocutor.
• Reticências: Podem indicar interrupções na fala ou sugerir alegria, ironia,
silêncio, dúvida, ameaça surpresa, etc.
• Aspas: São usadas no início e no final de citações para destacar palavras
estrangeiras e gírias, para indicar a fala de pessoas ou de personagens, destacar uma
palavra ou expressão.

INTA EAD Português Instrumental 39


• Parênteses: Usados para isolar palavras, locuções ou frases intercaladas no
período com caráter explicativo, proferidas em tom mais baixo.

Vejamos o uso inserindo explicação:


Exemplo:
O mártir da independência (Tiradentes) deixou um exemplo raro ao nacionalismo.
• Vírgula: é usada em diversas situações.
- Separar elementos que exercem a mesma função sintática.

Exemplos:
“Tivera pai, mãe, marido, dois filhos. Todos aos poucos tinham morrido.” (Nesse
exemplo a vírgula separa uma série de objetos diretos do verbo “ter”.) LISPECTOR,
Clarice. A legião estrangeira.
Quando elementos que têm mesma função sintática aparecem unidos pelas
conjunções e, nem e ou, não se usa vírgula, a não ser que as conjunções apareçam
repetidas:

Exemplos:
Tenho muito cuidado com meus livros e meus CDs.
Ou você, ou sua esposa deve comparecer à escola de seu filho.
- Para indicar que uma palavra, geralmente verbo, foi suprimida.

Exemplo: Patrícia, a todos os seus irmãos, deu um presente de Natal; ao marido,


apenas um beijo. (A vírgula após “marido” está indicando a supressão do verbo
“dar”).

- Isolar vocativo.
Exemplo: E agora, meu marido, aceito ou não o emprego?

- Isolar aposto.

Exemplo: Goiânia, capital de Goiás, é uma cidade que tem belas mulheres.

40 Português Instrumental
- Isolar complemento verbal ou nominal antecipados.
Exemplos: Um medo terrível, eu senti naquele momento. (Inversão do objeto
direto)
De cobra, eu morro de medo! (Inversão do complemento nominal)

- Isolar adjunto adverbial antecipado.


Exemplo:
“Dizem muito que, no Brasil, os corruptos ficam soltos enquanto os ladrões de
galinha vão para a cadeia.”
VERISSIMO, Luis Fernando. Novas comédias da vida
pública – A versão dos afogados.

- Isolar nome de lugar, quando se transcrevem datas.


Exemplo: Goiânia, 21 de janeiro de 2001.

- Isolar conjunções intercaladas.


Exemplo: A ferida já foi tratada. É preciso, porém, cuidar para que não infeccione.

- Intercalar expressões como “em suma”, “isto é”, ”ou seja,” “vale dizer”,
“a propósito”.
Exemplo: Preciso dar uma maquiada no texto, ou seja, subentender algumas
ideias.

Entre orações, a vírgula é usada para:


• Separar as orações coordenadas assindéticas e as sindéticas que não sejam
introduzidas pela conjunção e:
Exemplos:
Cheguei, peguei o livro, voltei correndo para o curso.
Há aqueles que se esforçam muito, porém nunca são reconhecidos.
É aconselhável usar a vírgula quando a conjunção e:
- aparece repetida no período:

Português Instrumental 41
Exemplos:
Passaram aqui para perguntar, e questionar, e amolar, e comprometer.

- aparece entre orações de sujeitos diferentes:


Exemplos: O tempo estava nublado, e o piloto desistiu do voo.

• Não tem sentido de adição:


Exemplos:
A senhora apertou a campainha, e ninguém veio atender. (O e tem valor de
conjunção adversativa)

• Isolar orações intercaladas.


Exemplos: E o ladrão, perguntei eu, foi condenado ou não?

• Isolar orações adjetivas explicativas.


Exemplos: As frutas, que estavam maduras, caíram no chão.

• Isolar orações adverbiais.


Exemplos:
“Fiquei tão alegre com esta ideia, que ainda agora me treme a pena na mão.”
(Machado de Assis)

• Isolar orações reduzidas.


Exemplos: “Para serenar a roda, propus novo chope.” (Cyro dos Anjos)

42 Português Instrumental
Acentuação gráfica conforme o novo acordo
ortográfico

Na língua escrita, há vários sinais que acompanham as letras, sendo, de maneira


geral, relacionados à pronúncia das palavras. Um desses sinais é o acento gráfico.
O acento gráfico pode ser agudo (´), circunflexo (^) ou grave (`).
O acento agudo é usado nas vogais tônicas abertas a, e, o e nas vogais tônicas
i e u.
Exemplos: pálido, café, avó, tímido, rústico.

O acento circunflexo é usado nas vogais tônicas fechadas a, e, o.


Exemplos: lâmpada, ipê, avô.

O acento grave é usado para indicar a crase.


Exemplos: Vou à festa.
Fui àquele cinema.
I - Palavras proparoxítonas
Todas são acentuadas: árvore, chávena, maiúsculo, feiíssimo.
I - Palavras paroxítonas
São acentuadas graficamente as paroxítonas terminadas em:

ÃO(S): bênção(s), órfão(s) Ã(S): ímã(s), órfã(s)

L: amável, dócil R: líder, mártir

EI(S): amáveis, dóceis UM, UNS: álbum, álbuns

I(S): táxi, grátis US: bônus, lótus

N: hífen, éden PS: bíceps, fórceps

X: tórax, ônix

Observações:
Acentuam-se graficamente todas as paroxítonas terminadas em ditongo
crescente: mágoa, tênue, rádio, ânsia.
Não levam acento gráfico as paroxítonas terminadas em:
ns: itens, folhagens, jovens, nuvens;

Português Instrumental 43
m: item, folhagem, jovem, nuvem;
Não se acentuam os ditongos abertos ei, oi das paroxítonas: assembleia, estreia,
jiboia, heroico;
Não levam acento o i e o u tônicos, precedidos de ditongo: feiura, cauila
(avarento).
III - Palavras oxítonas
Levam acento gráfico as oxítonas terminadas em:
Á(S): sabiá (s)
É(S), Ê(S): café(s)
Ó(S), Ô(S): avó(s), avô(s)
ÉM, ÉNS: refém, reféns
Observação:
Seguem esta regra:
As monossílabas tônicas terminadas por á(s), é(s), ê(s) ó(s), ô(s): lá(s), pé(s),
pó(s);
As formas verbais oxítonas do mesmo tipo, seguidas ou não de pronomes:
amá-lo, está(s), vendê-lo, propôs, contém, conténs.
São acentuadas as oxítonas terminadas em ditongo aberto:
ÉIS: papéis, bacharéis
ÉU(S): chapéu, chapéus
OI(S): herói, heróis
São também acentuadas as oxítonas em que o i e o u estão depois de ditongo
em posição final seguida ou não de s: Piauí, tuiuiú.
Portanto, não levam acento gráfico as oxítonas terminadas em i e u precedidas
por consoante: juriti, tatu.
IV – Hiatos
Acentuam-se o i e o u tônicos, precedidos de vogal, quando sozinhos ou
seguidos de s, formando uma sílaba: viúva, saíste, baú, saída.
Observações:
Não leva acento gráfico o i, mesmo sozinho, seguido de nh: rainha, moinho.
Não são acentuados graficamente os hiatos oo e ee: voo, creem.
Não se usa o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles)
arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir.
Observação:
Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir,

44 Português Instrumental
como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir, etc. Esses
verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do
presente do subjuntivo e do imperativo:
Se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas
graficamente: enxáguo, enxáguas, enxágue, delínques, delínquem, delínqua; Se
forem pronunciadas com u tônico, elas não são acentuadas: enxaguo, enxaguas,
delinques, delinquem, delinqua. No Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira,
aquela com a e i tônicos.
V – Acento diferencial
Usa-se o acento diferencial nas seguintes situações:
Verbo pôr – para diferenciar da preposição por:
Eu pedi para ela pôr o pão no armário por causa das moscas.
Pôde – terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo do verbo
poder para diferenciá-lo de pode - terceira pessoa do singular do presente do
indicativo do mesmo verbo:
Ela não pôde passar na tua casa ontem, mas pode passar hoje.

Observação:
O acento diferencial é facultativo em:
Fôrma (substantivo) e forma (substantivo, terceira pessoa do singular do
presente do indicativo e segunda pessoa do singular do imperativo afirmativo do
verbo formar).

VI – Verbos ter e vir


Os verbos ter e vir levam acento circunflexo na terceira pessoa do plural do
presente do indicativo para diferenciar da terceira pessoa do singular do mesmo
tempo verbal: ele tem, eles têm; ele vem, eles vêm.
Seus derivados, como deter e intervir, por exemplo, seguem a acentuação das
oxítonas terminadas por em, mas na terceira pessoa do singular do presente do
indicativo recebem acento agudo e na terceira pessoa do plural do mesmo tempo
acento circunflexo, a fim de diferenciar as duas formas verbais: ele detém, eles
detêm; ele intervém, eles intervêm.

VII – Trema
O trema somente é usado em nomes estrangeiros e seus derivados: Müller,
mülleriano.

Português Instrumental 45
Crase
Leia estes versos de Manuel Bandeira:

“Não aprofundes o teu tédio.


Não te entregues à mágoa vã.”

Na frase “Não te entregues à mágoa vã.”, “à” resulta da contração da preposição


a com o artigo feminino a. Esse fenômeno é chamado de crase e vem indicado pelo
acento grave (`). Ocorre crase também quando a preposição a se une aos pronomes
demonstrativos aquele(s), aquela(s), a(s), ou aos pronomes relativos a qual e as
quais.
Observe:
Ele se referia àquela passagem do romance.
a + aquela
preposição + pronome demonstrativo

Crase

Crase é a fusão da preposição a com o artigo a (s) ou com os pronomes


demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo.
• Chamamos de crase a fusão da preposição a com o artigo feminino a ou as.
• A crase é indicada pelo acento gráfico.
• Dois elementos são necessários para que ocorra crase: palavras de sentido
incompleto que exijam a preposição a, e substantivo feminino que venha determinado
pelo artigo.
• São excluídos do uso da crase: nomes masculinos e verbos, pronomes
indefinidos; nomes próprios de cidade que não admitam o artigo feminino, a não
ser que venham determinados e as palavras casa, terra, distância, se também não
estiverem determinadas. (Observação: alguns gramáticos abonam o uso da crase
antes do vocábulo “distância”, mesmo sem determinantes).
• É facultativo o uso do acento grave sobre o a em três casos: antes de nomes
próprios femininos de pessoas, antes dos possessivos, depois da preposição até.

46 Português Instrumental
Casos obrigatórios da crase
1 - Em locuções adverbiais: às pressas, às carreiras, às escondidas, à tarde, à
noite, à toa, etc.
Exemplo: Voltou à tardinha à pensão.

2 - Em locuções prepositivas: à frente de, à causa de, à custa de, à maneira de,
à vista de, etc.
Exemplo: O carro parou à beira do precipício.

3- Em locuções conjuntivas: à medida que, à proporção que...


Exemplo: O Brasil cresce à medida que trabalhamos.

4 - Quando os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo vierem


precedidos de verbos regidos pela preposição “a”.
Exemplo: Todos nós iremos àquele show na praça.

5 - Quando se submetem às expressões: à moda de, à maneira de, etc.


Exemplo: Preparou para o jantar bifes à milanesa.

6 - Quando houver numerais indicando horas.

Exemplo: Regressamos às quatorze horas ao escritório.

7 - Antes de nomes de lugares que admitem o artigo.


Exemplo: O presidente foi à Itália em visita ao Papa.

8 - Antes das palavras casa e terra, se vierem determinadas.


Exemplos: Minha tia foi à casa do médico bem cedo.
Nas férias, regressaremos à terra de nossos pais.

Português Instrumental 47
Não se emprega crase
Antes de substantivos masculinos.
Exemplo: Vendas a crédito. Abateu-o a facão. É bom andar a pé. Vou a Portugal.

Obs.: Se houver palavra feminina subentendida, haverá crase. Exemplo: Foi à São
José (Casa de Saúde) para visitar um parente. Salto à Luiz XV (à moda de Luiz XV).
Antes de verbos no infinitivo
Exemplo: Começou a falar. Preço a combinar. Contrato a assinar.

Antes de pronomes pessoais (casos reto e oblíquo):

Exemplo: Dei a ele um presente. “Mas não servia ao pai, servia a ela” (Camões).

Antes de possessivo feminino que se antepõe a nome de parentesco, título ou


dignidade, pelo fato de não se empregar o artigo antes de tais possessivos.

Exemplo: A minha mãe, estas flores.


Comunico a V. Exa. que...
Encaminho a V. Sª o presente requerimento.

Antes das palavras: alguém, alguma(s), cada, certa(s), determinada(s), cuja(s),


essa(s), esta(s), muita(s), nada, nenhuma(s), ninguém, outra(s), pouca(s),
qualquer, quaisquer, quanta(s), quem, tamanha(s), tanta, tal, toda(s), uma(s),
várias.

Exemplo: Dirigiu-se a cada candidata sobre o assunto.


Aludiu a certa questão da prova.
Aquela casa, a cuja planta os arquitetos ficaram ligados.
Passo a essa diretoria o resultado dos exames.
Não era a pessoa a quem se referia.
A tanta dedicação jamais poderei dar o meu empenho.

48 Português Instrumental
Entre substantivos idênticos.
Exemplo: Cara a cara. Face a face. Frente a frente. Gota a gota.

Antes de palavra no plural, em sentido indeterminado.


Exemplo: O depoimento foi tomado a folhas...
A palestra foi dirigida a pessoas cultas.
Matou-a a punhaladas.

Antes de numerais cardinais que se referem a substantivos com sentido


indeterminado.
Exemplo: Assisti a duas palestras.
Daqui a sete dias voltarei a te ver.
De dez a vinte deste mês saberemos dos resultados.

Casos de emprego facultativo da crase


Antes dos possessivos femininos: minha(s), tuas(s), sua(s), nossa(s), vossa(s).
Exemplo: Vou a (à) minha terra.
Ponho-me a (à) sua disposição.

Antes de nomes personativos femininos. Contudo, convém atentar para as


seguintes observações:
a) Num tratamento cerimonioso, não haverá crase. Ex. A Marilda, com respeito.
b) Num tratamento íntimo, haverá crase. À Lucinha, com afeto.

Após a locução prepositiva até a.


Correu até à (a) porta da frente e abriu-a.

Português Instrumental 49
2.6 Tirando suas dúvidas

Usos dos porquês

Há quatro maneiras de se escrever o porquê: porquê, porque, por que e por quê.

Porquê
É um substantivo, por isso somente poderá ser utilizado quando for precedido
de artigo (o, os), pronome adjetivo (meu(s), este(s), esse(s), aquele(s), quantos(s)...)
ou numeral (um, dois, três, quatro).
Ninguém entende o porquê de tanta confusão.
Este porquê é um substantivo.
Quantos porquês existem na Língua Portuguesa?
Existem quatro porquês.
Por quê
A palavra que, em final de frase, deverá sempre receber acento, não importando
qual seja o elemento que estiver antes dela.
Ela não me ligou e nem disse por quê.
Você está rindo de quê?
Você veio aqui para quê?

Por que
Usa-se por que quando houver a junção da preposição por com o pronome
interrogativo que ou com o pronome relativo que. Para facilitar, pode-se substituí-
lo por: por qual razão, pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas quais, por qual.
Por que não me disse a verdade? = por qual razão
Gostaria de saber por que não me disse a verdade. = por qual razão
As causas por que discuti com ele são particulares. = pelas quais
Ester é a mulher por que vivo. = pela qual

50 Português Instrumental
Porque
É uma conjunção subordinativa causal ou conjunção subordinativa final
ou conjunção coordenativa explicativa, portanto ligará duas orações, indicando
causa, finalidade ou explicação. Para facilitar, pode-se substituí-lo por já que,pois
ou a fim de que.

Não saí de casa, porque estava doente. = já que


É uma conjunção, porque liga duas orações. = pois
Estudem, porque aprendam. = a fim de que

Mas ou Mais
Leia este bilhete:

Mamãe,
Você disse que não pode comprar mais nada esse mês. Mas hoje é o aniversário
da Ana. Você sabe que nada é mais importante para mim do que dar um presente
para ela. Compreenda mãe, eu estou apaixonado. Será que não dá pra descolar um
adiantamento da mesada?
Beijo
Renato

Mais sobre a língua


A palavra mas estabelece uma oposição ao que foi expresso antes. Pode ser
substituída por outras palavras como: porém, todavia, contudo, entretanto, que têm
o mesmo sentido.
Exemplos: Porém hoje é o aniversário da Ana.

Já o mais é uma palavra que dá ideia de intensidade ou quantidade. É o oposto


de menos. Observe:

Exemplos: Nada é mais (menos) importante do que dar um presente para ela.

Português Instrumental 51
Mal ou Mau

Mal: É antônimo de bem. Pode ser empregado como advérbio, substantivo ou


conjunção.
Exemplos: O candidato foi mal recebido na cidade onde nasceu. (advérbio)
Fizeram mal em dizer tais coisas. (advérbio)
O mal nem sempre vence o bem. (substantivo)
Há males que vêm para o bem. (substantivo)
Mal você saiu, ele chegou. (conjunção adverbial temporal)

Mau: É antônimo de bom. Seu feminino é má. Emprega-se como adjetivo.


Exemplos: Não era mau rapaz, apenas um pouco preguiçoso.
Não estavam maus os trabalhos dos alunos.

Senão / Se não

Senão: Equivale a caso contrário ou a não ser.


Exemplos: Sai daí, senão vai se molhar.
Exemplos: Não faz outra coisa senão reclamar.

Se não: tem essa forma quando equivale a caso não, introduzindo orações
subordinadas condicionais.
Exemplos: Esperarei mais um pouco; se não vier, irei embora.
Se não quiser, não faça.

Há e A
Há - essa forma equivale ao verbo fazer indicando o tempo já transcorrido.

Exemplos: Não se encontram há (faz) tempos.


Saiu daqui há (faz) duas horas.
Não o vejo há (faz) quinze dias.

52 Português Instrumental
A - essa forma, que é comum se confundir com a anterior, é preposição: a
substituição por faz é impossível.
Exemplos: Sairei de casa daqui a duas horas.
Estava a um passo de mim e eu não percebi.
Moro a dois quilômetros da escola.

Uso do Onde e Aonde


Onde: A sala onde fica a televisão é espaçosa. (CORRETO)
Observe que o pronome onde somente pode ser usado quando se refere a uma
ideia de lugar físico (a sala).

Exemplos: A pesquisa onde encontrei este artigo é interessante. (ERRADO)

Neste caso, PESQUISA não traz a ideia de lugar físico, então o correto seria usar
EM QUE.
Exemplos: A pesquisa em que encontrei este artigo é interessante.

Aonde: (PREPOSIÇÃO A + ADVÉRBIO ONDE = a que lugar) é usado com os


verbos que exprimem movimento e são redigidos pela preposição a.

Ir a
Exemplos: Aonde você vai?
Você sabe aonde ir com isso?

Chegar a:
Exemplo: Você quer chegar aonde com essas perguntas?

Dirigir-se a:
Exemplo: Não sei aonde dirigir-me para obter o documento.

Português Instrumental 53
Uso do Haver

Este verbo é usado sempre no singular quando tem o sentido de existir.


Qualquer verbo que estiver servindo de auxiliar do haver também fica no singular.
Há muitas pessoas contribuindo para a organização da festa. (CORRETO)
Deve haver muitas pessoas contribuindo para a organização da festa. (CORRETO)
Houve muitas fraudes durante a votação. (CORRETO)
Na reunião houveram muitas controvérsias. (ERRADO)

Ir ao encontro de / Ir de encontro a:
Cada expressão significa o contrário da outra.

“Ir de encontro a” equivale a ir contra alguma coisa.


Sua decisão foi de encontro às nossas. (Decisão contrária às nossas).

“Ir ao encontro de” é ser favorável a algo.


Sua decisão foi ao encontro das nossas. (Decisão favorável às nossas).

A fim de / Afim
A fim de: indica uma finalidade.
Exemplos: Vive reclamando a fim de me irritar.

Afim: significa semelhante.


Exemplos: Temos objetivos afins.

Acerca de / Há cerca de/A cerca de:


Acerca de: significa “a respeito de, sobre”.
Exemplos: Os professores conversavam acerca de materiais pedagógicos.
Nada disse acerca de seus problemas emocionais.

54 Português Instrumental
Há cerca de: indica um tempo já transcorrido.
Exemplo: Estivemos aqui há cerca de uns dez anos.

A cerca de: significa “a uma distância de”:


Exemplo: Campinas fica a cerca de uma hora de automóvel da capital.

A princípio / Em princípio
A princípio: significa no começo, inicialmente.

Exemplo: A princípio, sua sugestão pareceu-me boa, mas depois percebi que
não era daquilo que precisávamos.

Em princípio: significa em tese, teoricamente.


Exemplo: Em princípio, sua sugestão é muito boa, vamos vê-la na prática.

Meio / Meia
Observe o emprego de meio e meia nestas frases:
O bebê comeu meio mamão e meia maçã. (adjetivo)
Pedro é meio tímido com os colegas de outras classes. (advérbio)
A professora ficou meio aborrecida com o resultado da avaliação dos alunos.
(advérbio)
A palavra meio pode ser adjetivo e advérbio. Quando adjetivo, tem o sentido
de “metade” e concorda com o substantivo a que se refere. Quando advérbio, tem
o sentido de “um pouco” e fica invariável, isto é, apresenta-se sempre no masculino
e no singular.
Ela era “MEIA” louca. (ERRADO)
O CORRETO é MEIO: meio louca, meio distraída, meio irônica.

Ao invés de / Em vez de
Ao invés de: indica oposição, situação contrária.

Exemplo: Você devia ficar feliz, ao invés de triste.

Português Instrumental 55
Em vez de: indica substituição, troca:
Exemplo: Você devia ir ao teatro em vez de ir ao cinema.

E mais:
Para “MIM” fazer. (ERRADO) Mim não faz, porque não pode ser sujeito.
O CORRETO é EU: para eu fazer, para eu dizer, para eu trazer.
Equívocos na escrita:
1 - Nunca confunda tiver e tivesse com estiver e estivesse.
Correto
Quanto tiver voltado da Europa.
Quando estiver satisfeito.
Se tivesse saído mais cedo.
Se estivesse em condições.

2 - O subjuntivo de ser e estar é seja e esteja.


Correto
Que seja feliz.
Que esteja feliz.
E nunca
Que “esteje“ feliz.
Que “seje” feliz.

3 - Ele é “de menor”. O de não existe.


Correto
Ele é menor.

4 - Ela é “menas” egoísta que você. Não existe menas.


Correto
Ela é menos egoísta que você.
Ela é menos dedicada aos estudos.

56 Português Instrumental
5 - Não confunda “ouve” com “houve”.
Fale alto porque ele “houve” mal. (ERRADO)
CORRETO
Fale alto porque ele ouve mal.

6 - Fale sem “exitar”. Escreva certo: fale sem hesitar.


Êxito significa sucesso, enquanto hesitar indica estar indeciso, mostrar receio.
7 - O certo é exceção. (Veja outras grafias erradas e, entre parênteses, a
forma correta: “paralizar” (paralisar), “beneficiente” (beneficente), “xuxu” (chuchu),
“previlégio” (privilégio), “cincoenta” (cinquenta), “zuar” (zoar), “frustado” (frustrado),
“calcáreo” (calcário), “advinhar” (adivinhar), “benvindo” (bem-vindo), “ascenção”
(ascensão), “pixar” (pichar), “impecilho” (empecilho), “envólucro” (invólucro).
8 - Quebrou “o” óculos. Concordância no plural: os óculos, meus óculos. Da
mesma forma: Meus parabéns, meus pêsames, seus ciúmes, nossas férias, felizes
núpcias.
9 - Chegou “em” São Paulo. Verbos de movimento exigem a e não em: Chegou
a São Paulo. / Vai amanhã ao cinema. / Levou os filhos ao circo.
10 - A última “seção” de cinema. Seção significa divisão, repartição; sessão
equivale a tempo de uma reunião, função: seção eleitoral, seção de esportes, seção
de brinquedos; sessão de cinema, sessão de pancadas, sessão do congresso.
11 - O fato passou “desapercebido”. Na verdade, o fato passou despercebido,
não foi notado. Desapercebido significa desprevenido.
12 - Ficou “sobre” a mira do assaltante. Sob é que significa debaixo de: Ficou
sob a mira do assaltante. / Escondeu-se sob a cama. Sobre equivale a “em cima
de” ou “a respeito de”: Estava sobre o telhado. / Falou sobre a inflação. E lembre-
se: O animal ou o piano têm cauda e o doce, calda. Da mesma forma, alguém traz
alguma coisa e alguém vai para trás.
13 - Eles “têm” razão. No plural, têm é escrito com acento; tem é a forma do
singular. O mesmo ocorre com vem e vêm: Ele tem, eles têm; ele vem, eles vêm.
14 - A questão não tem nada “haver” com você. A questão, na verdade, não
tem nada “a ver” ou nada que ver. Da mesma forma: Tem tudo “a ver” com você.

Português Instrumental 57
2.7. Sintetizando o que mudou com o novo
acordo ortográfico.

ALFABETO
COMPARE COM REGRA APLICAÇÃO NA NOVA
NOVA REGRA
ANTERIOR REGRA
O K, W, Y foram O K,W,Y não eram Essas letras são usadas
introduzidos ao nosso consideradas, de forma em nomes próprios,
alfabeto oficial. Portanto o oficial, letras do nosso nomes de lugares, siglas,
alfabeto possui agora 26 alfabeto. símbolos, em palavras
letras. estrangeiras.Vejamos os
exemplos: Walter, Kuwait,
Lady, W(watt ), km(
quilômetro)...

TREMA
COMPARE COM REGRA APLICAÇÃO NA NOVA
NOVA REGRA
ANTERIOR REGRA
Com o novo acordo não Sinal usado nos grupos Veja como fica agora:
se usa mais o trema (¨) na gue, gui, que, qui, como Cinquenta, frequência,
Língua Portuguesa. Sinal os exemplos: cinqüenta, bilíngue.
que era colocado sobre freqüência, bilíngüe.
Agora não se usa mais
a letra “u” para indicar
o trema na Língua
seu uso na pronúncia dos
Portuguesa, porém
grupos gue, gui, que, qui.
mantém-se em nomes
estrangeiros e derivados.
Exemplos: Müller,
mülleriano, Citroën...

58 Português Instrumental
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
COMPARE COM REGRA APLICAÇÃO NA NOVA
NOVA REGRA
ANTERIOR REGRA
Nas palavras paroxítonas, Assembléia, alcalóide, Veja como fica agora:
os ditongos abertos (ei, idéia, heróico, paranóico. assembleia, alcaloide,
oi) não recebem acento ideia, heroico, paranoico

Importante: O acento, porém, ainda continua nos ditongos abertos de palavras


oxítonas e monossilábicas, tais como: papéis, anéis, mongóis. Continua também o
acento no ditongo aberto “eu” tal como nos exemplos a seguir: véu, chapéu.

COMPARE COM REGRA APLICAÇÃO NA NOVA


NOVA REGRA
ANTERIOR REGRA
O hiato “oo” não será mais Perdôo, vôo, povôo, Perdoo, voo, povoo,
acentuado nas vogais abençôo, côo. abençoo.
tônicas fechadas.

O hiato “ee” não é mais crêem, dêem, lêem, vêem, creem, deem, leem, veem,
acentuado na 3ª pessoa relêem, revêem. releem, reveem.
do plural do presente do
indicativo de crer, dar, ler,
ver e seus derivados.
Com a nova regra, caiu Pára (verbo) Para (verbo),
o acento diferencial, que Pólo, pêlo (substantivo) polo, pelo (substantivo)
permanece somente em
Pêra (substantivo) Pera (substantivo)
pôde (pretérito perfeito) e
pôr (verbo)

Importante: O acento diferencial é facultativo em “fôrma” para diferenciar de


“forma”.
COMPARE COM REGRA APLICAÇÃO NA NOVA
NOVA REGRA
ANTERIOR REGRA
Não se acentua a letra “U” Argúi, enxagúe, apazigúe, Argui, enxague, apazigue,
tônica nas formas verbais averigúe, obliqúe, oblique.
quando precedida de Q e
G, seguido de E ou I. (gue,
gui, que, qui)

Português Instrumental 59
USO DO HÍFEN
COMPARE COM REGRA APLICAÇÃO NA NOVA
NOVA REGRA
ANTERIOR REGRA
O hífen continua usado Anti-herói, super-homem, Anti-herói, super-
nos prefixos, quando a supra-renal, anti-sala, homem,suprarrenal,
palavra seguinte começa ultra-sonografia e ultrassonografia,
por “H”. Não se usa mais anti-social. antissocial, antessala.
quando a palavra inicia-se
por “R” ou “S”

Importante: Em prefixos terminados por “r”, permanece o hífen se a palavra


seguinte for iniciada pela mesma letra: hiper-realista, hiper-requintado, hiper-
requisitado, inter-racial, inter-regional.

COMPARE COM REGRA APLICAÇÃO NA NOVA


NOVA REGRA
ANTERIOR REGRA
Ohífennãoé mais utilizado Auto-escola, contra- Autoescola,
em palavra formada de indicação, infra-estrutura, contraindicação,
prefixo, terminada em semi-aberto, semi-árido infraestrutura,
vogal e seguida por semiaberto, semiárido.
palavra acompanhada de
vogal diferente.
Usa-se o hífen quando o Microondas, microônibus, Micro-ondas, micro-
prefixo é terminado por antiinflamatório, ônibus, anti-inflamatório,
uma vogal e a palavra antiimperialista. anti-imperialista.
seguinte é iniciada pela
mesma vogal.

Importante: No caso do prefixo “co” somente haverá hífen se o vocábulo


começar por “h”. Exemplos: co-herói, co-herança, coautor, copiloto.

COMPARE COM REGRA APLICAÇÃO NA NOVA


NOVA REGRA
ANTERIOR REGRA
Com a nova regra não se Pára-quedas, pára-lama, Paraquedas, paralama,
usa mais pára-choques, vaga-lume, parachoque, vagalume,

60 Português Instrumental
hífen em palavras manda-chuvas mandachuvas.
compostas que pelo uso
perderam a noção de
composição.

Importante: O uso do hífen permanece tanto em palavras compostas que


não contêm elemento de ligação e constituem unidade sintagmática e semântica,
mantendo o acento próprio, bem como naquelas que designam espécie botânica e
zoológica: azul-claro, médico-cirurgião, conta-gotas, guarda-roupas, segunda-feira.

CASOS EM QUE O USO DO HÍFEN PERMANECE

PERMANECE EXEMPLOS
• Em palavras formadas pelos
Ex-presidiário, vice-presidente, sem-terra.
prefixos ex, vice, sem.
• Com os prefixos “pan e circum”,
Pan-americano, circum-navegação, pan-
se a palavra começar por “h”,
helenismo.
vogal, “m” ou “n”
• Em palavras formadas com os
Pós-graduação, pré-natal, grão-mestre, recém-
prefixos que recebem acento ou
nascido.
til na sua composição
• Depois de “mal”, se a palavra
seguinte começar por “h” ou Mal-educado, mal-estar
“vogal”
Sub-base, sub-hélice, sub-raça
• “sub” recebe hífen se o
vocábulo seguinte começar por Exceções: subumano, subumanidade
h, r, ou b.
• Não existe mais hífen em Fim de semana, café com leite, sala de jantar,
locuções de qualquer tipo cartão de visita, cor de vinho.
(substantivas, adjetivas,
Exceções: cor-de-rosa, água-de-colônia,
pronominais verbais, adverbiais,
propositivas ou conjuntivas.) mais-que-perfeito, pé-de-meia.

Português Instrumental 61
SEPARAÇÃO SILÁBICA EXEMPLOS
[(...)] o ex-
É importante compreender que -presidente não foi avisado da reunião,
no final da linha, na separação
[(...)] vou convidá-
de uma palavra composta ou de
uma combinação de palavras já -lo para a festinha,
existentes, repete-se o hífen na
[(...)] o anti-
linha seguinte para que fique
mais claro. -inflamatório não serviu.

As dúvidas relacionadas à língua acontecem com


frequência. É nessa perspectiva que o dicionário apresenta-
se como um instrumento imprescindível de aprendizagem de
novas palavras, seja na hora de escrever, ler ou compreender.
Portanto, sugerimos o dicionário da Academia Brasileira
de Letras-ABL como fonte de pesquisa, contendo 381.000
verbetes com as respectivas classificações gramaticais e outras
informações conforme descrito no Acordo Ortográfico.

62 Português Instrumental
NOÇÕES TEXTUAIS PARA
3
COMPREENSÃO DA LEITURA

Conhecimentos
Conhecer os fundamentos básicos para o entendimento de leitura.

Habilidades
Identificar os elementos textuais que envolvem a leitura e compreensão de textos.

Atitude
Adquirir a cultura do uso da linguagem as normas gramaticais da língua
Portuguesa
Características de um texto

A coerência textual é atributo imprescindível em qualquer tipo de texto. As frases


precisam estar conectadas entre si para dar sentido e consistência ao texto.
Identificamos a incoerência textual quando não se percebe a conexão de sentido
entre as frases que organizam o texto. Outro fator é
a ligação das frases por informações que recuperam
passagens já ditas ou garantem a concatenação
entre as partes. Assim, em “Não chove há vários
meses; os pastos não poderiam, portanto, estar
verdes”, o termo portanto põe uma relação de
decorrência lógica entre as duas frases.
Importante destacar: um conjunto de frases
pode ser coerente mesmo quando sua organização tem outra forma de sentido.
Analise o texto abaixo, de Carlos Drummond de Andrade.

O Que se Diz.

Que frio! Que vento! Que calor! Que caro! Que absurdo! Que bacana! Que
tristeza! Que tarde! Que amor! Que besteira! Que esperança! Que modos!
Que noite! Que graça! Que horror! Que doçura! Que novidade! Que susto!
Que pão! Que vexame! Que mentira! Que confusão! Que vida! Que talento!
Que alívio! Que nada!

Assim em plena floresta de exclamações, vai-se tocando para frente.

Percebe-se ausência de informações de ligação entre as partes no primeiro


parágrafo, mas na última frase, “Assim, em plena floresta de exclamações, vai-se
tocando pra frente", produz-se a unidade de sentido.
O texto deixa de ser um amontoado aleatório de exclamações, adquirindo
coerência e, dessa forma, mostrando o caráter estereotipado de nossa linguagem
cotidiana.
Outra característica de um texto é que ele é abalizado por dois brancos. Se o
texto é um todo organizado de sentido, ele pode ser verbal (um conto, por exemplo),
visual (um quadro), verbal e visual (um filme).
Mas, em todos esses casos, será delimitado por dois espaços de não-sentido,

64 Português Instrumental
dois brancos, um antes de começar o texto e outro depois. É o espaço em branco

Português Instrumental 65
no papel antes do início e depois do fim do texto; é o tempo de espera para que o
filme comece e o que está depois da palavra FIM; é o momento antes que o maestro
levante a batuta e o momento depois que ele a abaixa.
O texto é produzido por um sujeito num dado tempo e num determinado espaço.

Ler e compreender

Compreender um texto não implica, necessariamente, saber ler. Crianças ou


adultos analfabetos compreendem muitas coisas, inclusive textos que são lidos para
eles. Nesta disciplina tratamos da compreensão daquilo que lemos sem obter ajuda.
Ler significa extrair o som da palavra. Compreender significa extrair o seu
sentido. A compreensão tem vários níveis – compreendemos um mesmo texto
com diferentes níveis de profundidade, por exemplo: podemos entender apenas as
palavras de um texto ou as frases isoladas, mas não captamos o sentido. Podemos
compreender apenas o sentido explícito: você escuta uma fábula e acha que é a
história de dois animais, de suas personalidades, de suas falas. Podemos ainda
ler um texto sem perceber o humor ou o contexto em que foi usada determinada
palavra ou expressão. Há pessoas que até se ofendem ao encontrar palavras como
negro, moleque ou mulherzinha num texto, sem levar em conta a situação em que
foram escritas.
Cada leitura comporta diferentes níveis, dependendo da capacidade de
entendimento e crítica do leitor. O primeiro passo, no ensino da compreensão, é
ajudar você a entender o que está no texto, seja ele de qual gênero for, e o que o
autor quis comunicar. Mas isso não basta – para compreender um texto é preciso
adotar desde o início uma postura crítica e avaliar o que foi escrito. Mas, para avaliar
corretamente, é preciso antes entender o que está escrito e o contexto em que foi
escrito.
Cabe observar que as mesmas competências que servem para desenvolver
a capacidade de compreensão de textos também servirão para ajudar no
desenvolvimento das competências de escrita.
Sugerimos que você assista ao vídeo Interpretação de textos - Recursos
Morfossintáticos, o qual trata dos recursos estruturais e gramaticais que fazem toda
a diferença no processo de interpretação de textos.

66 Português Instrumental
Tópicos para a compreensão de textos

Reunimos em cinco os fatores que comprometem nossa capacidade de


compreensão de textos: fluência, vocabulário, uso de estratégias cognitivas,
conhecimentos da estrutura da língua e conhecimento das características dos
textos.

Primeiro tópico: Fluência

A fluência é a ponte que liga a leitura à compreensão dos textos. A fluência da


leitura é avaliada por meio de três indicadores:
• A velocidade de leitura (palavras por minuto);
• O número de erros (que deve ser inferior a 5% das palavras lidas);
• A prosódia, que se refere à entonação e ao ritmo de leitura.
Fica claro que a fluência é a ponte que liga a competência de ler com a competência
de compreender. De um lado, a velocidade da leitura permite alimentar o cérebro
com informações suficientes para relacionar o que está sendo lido com o que já
foi lido na frase, no parágrafo ou no texto. Uma leitura incorreta ou muito lenta
prejudica o funcionamento da memória de trabalho. Isso significa que quem tem
dificuldade para ler precisa concentrar sua atenção e memória para decodificar ou
decifrar o que está escrito. Como a memória de trabalho é muito limitada, não sobra
espaço cognitivo para o leitor ativar os mecanismos que ajudam na compreensão.
Se ele tentar fazer as duas coisas ao mesmo tempo, não irá conseguir, criando, dessa
forma, uma sobrecarga cognitiva – como se fosse um curto-circuito.
Por outro lado, a leitura fluente somente ocorre quando conhecemos a estrutura
sintática da língua. É isso que permite ao leitor, por exemplo, mudar a entonação de
uma palavra no início da frase quando esta termina com um ponto de interrogação.

Segundo tópico: Vocabulário

O vocabulário é o maior preditor da capacidade de compreensão de um texto.


Quanto mais vocabulário, informações e conceitos temos a respeito de determinado
assunto, maior facilidade teremos para compreender um texto sobre esse assunto.
Ter um bom vocabulário não significa apenas conhecer muitas palavras, mas
também identificar o sentido destas no contexto de uma leitura.
Neste viés, quanto mais palavras sabemos, com apreensão de sentido, maior é a
nossa capacidade de conhecimento interpretativo.

Português Instrumental 67
Terceiro tópico: Estratégias Cognitivas

A compreensão de textos, em particular, depende de várias competências. As


mais importantes são:
• O QI ou capacidade cognitiva geral
O coeficiente de inteligência (QI) é um forte indicador da capacidade das
pessoas para lidar com conceitos abstratos, relacionar ideias e, especialmente, lidar
com informações verbais – típicas dos livros e textos impressos. Pessoas com maior
QI têm mais facilidade de compreensão de textos.
• Estratégias de metacognição

Metacognição refere-se ao controle da própria aprendizagem. No caso da


leitura, trata-se da capacidade de ajustar a leitura aos objetivos propostos e à
dificuldade do texto. Uma coisa é ler uma notícia de jornal para ter uma ideia do
que está acontecendo, de forma rápida, “saltando pedaços”. Outra coisa é ler a
mesma notícia para saber detalhes, por exemplo, se um amigo estava envolvido
num acidente. Uma coisa é consultar a enciclopédia para buscar alguma informação
sobre os dinossauros. Outra coisa é ler um texto para dar uma aula sobre os hábitos
alimentares dos dinossauros, ou sobre as causas de sua extinção.
• Estratégias específicas de compreensão de textos
Essas estratégias vão desde competências mais básicas como gostar de ler livros
e textos impressos, incluindo habilidades como identificar o autor, título, índice,
capa, , até habilidades mais complexas como identificar o tema principal, as partes
de um texto, parágrafos que pertencem a determinado tema, os personagens e suas
características.

Quarto tópico: Coerência e Coesão

O conhecimento da estrutura da língua – especialmente dos elementos


gramaticais responsáveis pela coerência e coesão de um texto – é essencial para
assegurar a sua compreensão.
• Coerência
A coerência refere-se à relação entre o todo de um texto e suas partes – das
palavras na frase, das frases no parágrafo, dos parágrafos entre si. Refere-se,
fundamentalmente, aos conteúdos abordados, tanto no que diz respeito à sua
propriedade quanto à lógica e à ordem de apresentação das ideias. Um texto é
coerente quando faz sentido e suas partes têm relação com o todo, com a intenção
do autor.

68 Português Instrumental
Alguns exemplos para identificar a coerência de um texto:
• Se o texto começa “Era uma vez...”, ele deve usar verbos no passado, falar de
castelos e dragões, e não de edifícios, carros ou naves espaciais;
• Se um texto técnico descreve a relação entre as fases da lua e o crescimento
dos cabelos, ele deve falar sobre esses dois temas – e não sobre concursos
de beleza ou tipos de tesoura;
• Se o autor diz que vai dar exemplo de países tropicais, o leitor deve esperar
que este cite países abaixo da linha do Equador.
A coerência é verificada em aspectos como: organização, relação entre tema-
audiência-objetivo e continuidade temática.
A organização ocorre na estrutura do texto, levando em consideração começo,
meio e fim.
Essa relação entre tema, audiência e objetivo deve ser tratada de forma compatível
com a intenção do autor e com o tipo de leitura a que o texto se destina.
E a continuidade temática quer dizer que todas as frases e parágrafos do texto
devem estar extremamente relacionadas entre si.

• Coesão
A coesão refere-se aos elementos linguísticos que o autor usa para ligar as partes
do texto entre si e com o todo. Para que um “amontoado de frases” seja um texto é
necessário que essas frases estejam ligadas umas às outras. O modo como às frases
estão ligadas estabelece o sentido do texto, tornando-o coerente. Isso vale também
para a estrutura interna de uma frase – como as palavras se relacionam entre si – e
para a relação dos parágrafos dentro do texto. Os elementos coesivos podem ser
classificados de acordo com funções básicas: referencial e sequencial.
Assista ao vídeo Coesão e Coerência textuais para aumentar oportunidade de
aprender os elementos da quarta chave: coesão e coerência.
No que concerne ao assunto supracitado, observe também a descrição feita na
tabela abaixo:
ELEMENTOS
Tipo Recurso EXEMPLOS
LINGUÍSTICOS

Português Instrumental 69
João passou de ano.
Pronomes
ELE é estudioso.
João estuda muito.
Verbos
Maria FAZ o mesmo.
João adora a escola.
Substituição Advérbios
Lá ele aprende muito.
João e Maria
passaram de
Numerais
ano. AMBOS são
estudiosos.
Referência Repetição Ivani ilustrou o LIVRO.
lexical Que LIVRO bonito!
Ana vendeu seu
último QUADRO.
Sinônimos
Era sua OBRA mais
Reiteração importante.
Os GATOS arrepiaram.
Hipônimos
Eram ANIMAIS bravos.
Ana adora FRUTAS.
Hiperônimos Come MAÇÃ
diariamente.
Foi à escola DEPOIS
Encadeamento
do trabalho.
Elementos
ONTEM fui ao cinema,
Temporal indicadores de
HOJE irei ao teatro.
tempo
SAIU cedo e VOLTARÁ
Sequencial Tempos verbais
tarde.
Passou de ano
Conjunções PORQUE estudou
Por conexão muito.
Tirou DA mesa e
Preposições
colocou NA estante.

70 Português Instrumental
Tipos e Gêneros Textuais:
uma real proximidade

Até que ponto gêneros e tipos textuais podem ser aproximados? Comunicar-se
parece, a princípio, algo simples para qualquer indivíduo. No entanto, durante esse
processo realizado automaticamente, não se questiona a sequência de passos a
percorrer para que se realize o ato complexo de comunicação por meio da língua.
A comunicação seria extremamente difícil se, como diz Bakhtin (1997), os
indivíduos não dominassem os gêneros do discurso e tivessem que criá-los no
processo de fala. As dificuldades da criação de um gênero a cada construção de
um enunciado de modo totalmente livre seriam sentidas na perda da agilidade do
processo. Daí ser necessário admitir, conforme o teórico supracitado, que a língua se
realiza por meio de enunciados (orais ou escritos). Dadas as diferentes situações de
uso, os enunciados vão sendo agrupados em tipos - de acordo com a finalidade- e
ensinados de forma a levar o aprendiz a tomar conhecimento dos diferentes tipos e
a usá-los de acordo com os objetivos que têm em mente (PASQUIER e DOLZ, 1996).
Os enunciados - agrupados - são usados em toda e qualquer atividade
humana. Essas atividades se caracterizam por condições especiais de atuação e por
objetivos específicos, e, sendo inúmeras, cada esfera de atividade desenvolve tipos
relativamente estáveis de enunciados que passam a ser comumente associados a
elas. Mesmo variando em termos de extensão, conteúdo e estrutura, os enunciados
conservam características comuns, por isso são considerados tipos relativamente
estáveis. Bakhtin (1997) chama de gêneros de discurso esses tipos estáveis de
enunciados. Vale ressaltar que o termo gênero normalmente é associado aos estudos
literários, daí a tendência, nos estudos linguísticos, para o uso da expressão “tipos
de texto”, considerada mais neutra (Silva, 1995).
O termo “tipo de texto” aqui usado refere-se à intenção comunicativa do autor,
isto é, as razões pelas quais as pessoas escrevem. Sem esgotar todas as intenções
dos possíveis autores, podemos identificar as razões principais para escrever e que,
dessa forma, circunscrevem os tipos mais usados:
• Narrativo: Narra, conta histórias.
• Informativo: Informa.
• Persuasivo: Convence.
• Procedimental: Explica um procedimento, como se faz.
• Poema: Emociona, sensibiliza.
• Dissertação: Opinião sobre o assunto

Português Instrumental 71
Texto Narrativo
Definição
O texto narrativo pode ser literário (quando se aproxima da função expressiva
– embora o valor literário do texto possa ser “maior” ou “menor”) ou não literário
(quando se aproxima da função informativa como no caso das notícias, cartas
pessoais, bilhetes, etc.).

O Coveiro
Millôr Fernandes

Ele foi cavando, cavando, cavando, pois sua profissão - coveiro - era cavar. Mas,
de repente, na distração do ofício que amava, percebeu que cavara demais. Tentou
sair da cova e não conseguiu. Levantou o olhar para cima e viu que sozinho não
conseguiria sair. Gritou. Ninguém atendeu. Gritou mais forte. Ninguém veio. (...)
http://raquelletras.blogspot.com.br/2010/03/exemplo-texto-narrativo.html

Como reconhecer um texto narrativo?


O texto narrativo conta uma história real ou de ficção, algo que aconteceu ou
que é totalmente inventado. E, por vezes, pode ser uma mistura de ambos.

Estrutura e Linguagem
Na narração o ambiente situa a história; ele é o espaço, ou contexto, onde
ocorrem as ações. Pode ser uma rua, uma escola, uma cena rural, em um tempo
determinado, como “num reino antigo” ou “era uma vez”. Há protagonistas,
antagonistas e personagens secundários. As ações se desenrolam no tempo e no
espaço.
As ações se desenvolvem a partir de um enredo ou trama; frequentemente os
personagens se encontram diante de conflitos a serem resolvidos. A sequência pode
ser temporal ou não, dependendo do enredo. Este, por sua vez, revela o tema, ou
temas, que o autor desenvolve, de forma implícita ou explícita. Esses conceitos são
desenvolvidos nos parágrafos seguintes.

72 Português Instrumental
O Ambiente

“Descamba o sol. Japi sai do mato e corre para a porta da cabana. Iracema
sentada com o filho no colo, banha-se nos raios do sol e sente o frio arrepiar- lhe o
corpo. Vendo o animal, fiel mensageiro do esposo, a esperança reanima seu coração;
quer erguer-se para ir ao encontro de seu guerreiro senhor, mas os membros débeis
se recusam à sua vontade”.
(Fragmento de Iracema, de José de Alencar.
Fonte: http://pt.shvoong.com/books/480117-iracema/#ixzz2PPMe4wrV)

O ambiente é onde a história se situa; pode incluir a descrição do lugar, um


determinado período de tempo ou situação, a estação do ano ou clima. Por exemplo,
estes dois últimos elementos podem ser cruciais para configurar o dilema enfrentado
pelos personagens: uma torneira aberta ou um trovão provocam reações imediatas
e previsíveis no Cascão (personagem do Maurício de Souza).

Os personagens

“Era uma pessoa de aparência extremamente inglesa: alto, cadavérico e destituído


de emoção.” (O reprimido, Agatha Christie)

A caracterização dos personagens permite ao leitor entender quem eles são, o


que dizem, o que os outros dizem deles e o que irão fazer. São importantes para
o entendimento da evolução das ações e podem ser reais ou fictícios, pessoas ou
animais, como nas fábulas e mitos, seres inanimados (Dona Pedra) ou fantásticos
(Peter Pan, a Fada Sininho).
Nos papéis desempenhados pelos personagens há o protagonista, personagem
principal, e o antagonista, que contrapõe-se ao personagem principal. Em alguns
gêneros, os personagens se apresentam em duplas, ressaltando os conflitos, ou
em complementaridade entre antagonista e protagonista: mocinho-bandido,
herói-vilão, princesa-plebeu, bruxa-fada, homem-mulher. O papel secundário é
desenvolvido pelos personagens cuja influência pode ser, ou não, importante.

Português Instrumental 73
Exemplos de personagens típicos de alguns gêneros
As ações e seu desenvolvimento

Quatro conceitos nos ajudam a entender as ações e seu desenvolvimento:


enredo ou trama, conflito, sequência de eventos e tema.

Enredo ou trama
O enredo ou trama é a sequência de eventos que acontecem na história. Os
eventos decorrem de algum problema – e no desenvolvimento dos eventos os
personagens lidam com o problema até resolvê-lo. Há dois tipos principais de enredo:
o progressivo (os eventos vão se encadeando até chegar a um clímax, quando ocorre
a solução. É o que acontece tipicamente numa novela) e o episódico (há várias
pequenas histórias ou episódios que se relacionam por causa dos personagens ou
do contexto).

O conflito
O conflito é a tensão que existe entre as situações ou forças que o protagonista
tem que enfrentar. Pode ocorrer entre o personagem e o ambiente – a luta contra o
tempo ou contra uma tempestade – ou com outros personagens – como o pescador
que luta para dominar uma baleia. O conflito pode ser radical – o bem e o mal, o
certo e o errado, o querer e o dever.
Um conflito amoroso pode envolver duas ou três pessoas: João ama Maria que
ama Pedro. Ou pode ser um conflito real que envolva classes sociais – os pobres e
os ricos – ou um conflito de ideias ou religiões. Ou pode ser um conflito criado pela
situação: um lenhador pobre (condição) que decide abandonar seus filhos (dever). O
conflito também pode ser a busca de uma explicação, como o que ocorre nos mitos
e lendas, ou a busca de refazer algum dano, imperfeição ou desequilíbrio – um amor
perdido ou uma situação de injustiça.

O tema
TEMA é diferente de enredo. É a ideia que sustenta o sentido da história. Da
mesma forma que os personagens refletem nossas características, expectativas,
valores ou ansiedades, os temas das narrativas, geralmente, também se relacionam
com as necessidades humanas – amar, ser amado, pertencer a um grupo, conseguir
sucesso, segurança ou adquirir conhecimento.

74 Português Instrumental
O tema nem sempre é explícito: cabe ao leitor descobri-lo, por “detrás” da história
– é facilmente identificado numa fábula, por exemplo, mas pode ser mais sutil numa
crônica ou num romance. E há casos em que o autor deixa propositadamente ao
leitor a tarefa de definir qual foi o tema.

Linguagem
A linguagem dos textos narrativos é muito variada. Nos textos literários há todo
tipo de linguagem, formal e não formal, simples ou rebuscada, clara ou obscura.
Cada autor explora a liberdade de criação da forma que lhe parece mais adequada
para seu público leitor. Já em outros tipos de narrativa, especialmente a não literária,
normalmente é usada a linguagem formal, embora em certos textos, como contos
modernos ou crônicas, seja muito comum a reprodução da linguagem informal,
dialetos e maneirismos dos vários falantes.
Em suma:
• Intenção Comunicativa: narrar, contar histórias, eventos, compartilhar o que
aconteceu;
• Estrutura: ambiente, ações, personagens;
• Ambiente: situa o contexto;
• Personagens: desempenham papéis protagonistas e antagonistas, reais ou
fictícios, previsíveis ou complexos;
• Ações: enredo ou trama, conflito e tema;
• Enredo ou Trama – o que acontece;
• Conflito: sequência das situações;
• Tema: assunto, implícito ou explícito;
• Linguagem: conotativa ou denotativa, formal ou informal.

Texto Informativo
Vivemos na era da informação. Usamos celulares, computadores, consultamos
a Internet. A todo o momento estamos procurando informações, fatos e dados a
respeito de um determinado assunto. Sobre este aspecto, merece ênfase o texto
informativo.
Textos informativos servem para que possamos adquirir conhecimento a respeito
de diversos assuntos do mundo, das disciplinas científicas, dos conhecimentos
tratados na escola.

Português Instrumental 75
Vejamos alguns exemplos de textos informativos e seu uso:
• Um dicionário informa sobre os vários sentidos de uma palavra. Mas também
pode informar sobre a origem da palavra ou sua função gramatical;
• Uma bula de remédio informa sobre o conteúdo, o modo de usar, os efeitos
colaterais. Um roteiro turístico informa sobre os lugares para onde queremos ir, os
horários da viagem ou dos passeios, os meios de ir a esses lugares e como voltar
deles.

Estrutura e Linguagem
Não existe uma estrutura formal comum aos vários textos informativos. A
estrutura depende do gênero e do próprio conteúdo ou objeto descrito. Podemos
identificar um texto informativo pelas seguintes características:
• Trata de um assunto (Ex: Os gatos);
• Usa um tipo específico de linguagem (Ex: Os gatos são animais predadores);
• Contém informação nova (Os gatos são membros da família dos felinos);
• Usa fatos e dados (Os gatos gozavam de elevado conceito no Egito antigo);
• Ensina algo sobre o assunto.
A linguagem dos textos informativos tem as seguintes características:
• É descritiva;
• É precisa, vai diretamente ao assunto, sem florear ou dar voltas;
• É relacionada a determinado assunto;
• Os verbos quase sempre encontram-se no presente.

Em suma:
O texto informativo tem como função apresentar dados, conceitos, ideias. A
estrutura tende a ser lógica, mais do que cronológica, mas depende da natureza da
informação. A linguagem é simples, clara e objetiva.
É comum o uso de substantivos adequados, precisos e de termos técnicos. É mais
raro o uso de adjetivos, exceto quando necessários para dar exatidão à informação. O
texto pode incluir mapas, gráficos, diagramas, tabelas, ilustrações, que normalmente
têm um título, são relacionadas com o texto e comentadas pelo autor. O objetivo
desses recursos é explicar melhor as ideias.

76 Português Instrumental
Texto Dissertativo

Definição
Um texto dissertativo nos apresenta uma ideia a ser defendida com argumentos.
É formado por três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão.
É importante ressaltar que a elaboração de textos dissertativos requer domínio
da modalidade escrita da língua, tanto com relação ao domínio da boa ortografia
quanto ao uso do vocabulário, além do conhecimento sobre o assunto que aborda
a posição crítica (pessoal) diante do tema em questão.

Estrutura do Texto Dissertativo

Introdução
Apresenta de maneira clara o assunto abordado, levando o leitor a um primeiro
contato com o tema. Na introdução podemos formular uma tese, que deverá ser
discutida e, consequentemente, provada durante o desenvolvimento do texto.

Desenvolvimento
É a parte mais importante da dissertação. Neste, são apresentadas as justificativas,
aspectos positivos e negativos do assunto em questão; é a parte em que as ideais,
opiniões, conceitos e informações serão desenrolados e avaliados progressivamente.

Conclusão
É o momento em que o leitor tem acesso à opinião formada do autor; há também
uma avaliação final do assunto discutido durante todo o texto.

Texto Persuasivo
É aquele cuja intenção é convencer. Geralmente esses textos têm como função
orientar, influenciar o leitor, conforme se observa nos exemplos a seguir:
• “Venham todos para a vacinação! Não deixe de trazer o seu filho (ou seu
cachorro)!”
• “Papai, me mande dinheiro!”

Português Instrumental 77
• “Senhor Prefeito, sugerimos que a prefeitura coloque placas em todas as
esquinas e monumentos do município para que os visitantes conheçam melhor a
nossa história”.
• “Em conclusão: eu não gastaria um real para comprar os livros desse autor”.
Textos persuasivos, ou argumentativos, são muito comuns em nosso cotidiano,
por exemplo: quando mandamos um bilhete para um amigo, ou quando os pais
mandam reclamações (ou justificativas) para a escola dos filhos. Tais tipos de textos
também incluem avisos, convites, anúncios comerciais, folhetos de propaganda, etc.
Mas também podem ser escritos em forma de relatório, abaixo-assinado, carta para
pedir emprego, discurso ou um simples cartaz para mostrar, por exemplo, como é
feio jogar papel sujo no pátio da escola.

Estrutura e Linguagem
A estrutura do texto geralmente é organizada de forma lógica, para convencer
racionalmente, ou de forma psicológica, para convencer por meio de argumentos de
autoridade ou apelos emocionais, e não de forma cronológica (início – meio – fim).
Normalmente encontramos três tipos de argumentos mais usuais nesse tipo
de texto:
• Argumentos lógicos ou factuais: o autor identifica e analisa o problema.
Apresenta fatos, analisa as causas, as consequências e introduz seus argumentos de
forma convincente. Um exemplo típico é um relatório que apresenta argumentos
para fundamentar suas conclusões.
•Argumentos de autoridade: nas propagandas, por exemplo, usam-se artistas
modelos, pessoas que os leitores consideram importantes, como referência, ou
citações de autores que são respeitados pelo leitor.
• Argumentos emocionais: são os apelos para os sentimentos, o prazer (de
fumar, de gozar férias), os sentidos (saboroso, cremoso, crocante), as emoções ou
valores (Você vai adorar! Você vai se sentir um verdadeiro pai!). Nem sempre um
texto persuasivo possui personagens. Os argumentos frequentemente se baseiam
em algum tipo de pessoa, autoridade ou modelo, alguém que é respeitado e exerce
influência sobre o leitor, suas ideias, convicções e ações.
A estrutura formal pode ser bem marcante, como no caso de anúncios, slogans,
cartazes ou uma carta aberta. Ou mais sutil, como um ensaio, artigo ou relatório.

A linguagem persuasiva é muito característica e os recursos de linguagem mais


usuais nesse tipo de texto são:

78 Português Instrumental
• Verbos fortes, imperativos (venha, faça, não perca, etc).
• Frases repetitivas, slogans, palavras de ordem (última oportunidade, agora ou
nunca, etc).
• Frases conclusivas (portanto...; diante desses fatos somente é possível concluir...).
• Adjetivos (às vezes com exagero, como em certos anúncios).

Em suma:
• A intenção é convencer;
• A estrutura formal depende dos gêneros utilizados;
• A estrutura da argumentação pode ser lógica ou psicológica.
• Os tipos de argumento podem ser lógicos, de autoridade ou emocionais;
• Os personagens são genéricos (representam grupos, por exemplo: fumantes,
esportistas, idosos), grupos de pessoas, autoridades ou modelos respeitados pelo
leitor;
• A linguagem: uso de comandos, imperativos, frases conclusivas e adjetivos.
Comumente associada a ilustrações.

Linguagem Procedimental

Um texto procedimental explica como fazer. Alguns textos desse tipo também
servem para dizer o que fazer – como no caso de listas, legislação, normas ou
combinados.
O texto procedimental tem uma intenção comunicativa clara: dizer o que fazer
e como fazer, realizar determinada tarefa, por exemplo: uma receita culinária ensina
a preparar um alimento, um manual de instruções para garçons ensina a servir a
comida na mesa. Uma lei ou estatuto explica o que é legal, válido ou aceitável fazer
nas várias situações.
A ordem para apresentar as informações é muito importante. Elas seguem uma
sequência. Vejamos os exemplos:
Para uma lei ou norma, partimos do mais geral para o mais específico, organizando
os itens por assunto – por exemplo, direitos e deveres, responsabilidades dos
estudantes, dos pais, dos professores, etc. No caso de uma receita há, de um lado,
os ingredientes e do outro, o modo de fazer. No caso dos jogos, são apresentados o

Português Instrumental 79
objetivo, os jogadores, as regras e os elementos ou componentes.
A linguagem dos textos de procedimento tende a ser muito técnica e objetiva.
Geralmente, neste tipo de texto, há muitos verbos. Substantivos usados no sentido
denotativo e o uso de adjetivos são, praticamente, inexistentes.

Em suma:
O objetivo do texto é orientar o leitor para fazer algo, seguindo determinados
procedimentos.

A estrutura dos textos é formal:


• Na ordem de apresentação das informações ou instruções;
• No formato e disposição visual da informação;
• Receita: ingredientes e modo de usar;
• Bula de remédio: uso, dosagem, substâncias, cuidados, etc;
• Jogo: objetivo do jogo, como jogar, material necessário.
• Instruções: ferramentas e itens necessários, passo a passo;
• Linguagem diretiva;
• Verbos usados no imperativo (faça, misture, colha) ou infinitivo (fazer, regar,
recortar, etc.);
• Linguagem simples, técnica, objetiva.

Texto Poético

Este é o tipo mais elaborado de texto literário. É também muito difícil de ser
incluído dentro de uma classificação, pois em todos os outros gêneros pode haver
um pouco de poesia. O poema é apenas uma das formas de expressão da poesia,
ela pode ser encontrada em muitos outros tipos de texto.

80 Português Instrumental
A onda
(Manuel Bandeira)
A ONDA
A onda anda
Aonde anda
A onda?
A onda ainda
Ainda onda
Ainda anda

Aonde?
Aonde?
A onda a onda.

A poesia tem como intenção provocar no leitor respostas emocionais. Para


tanto, faz uso especial e cuidadoso da linguagem e de estruturas formais. Aqui a
linguagem é parte da estrutura. Por isso, o uso de técnicas rigorosas relacionadas
com o ritmo, o uso de frases curtas, melodiosas, palavras organizadas com ritmo e
sonoridade são fatores que contribuem para encantar, envolver os ouvintes, facilitar
a compreensão e, de modo especial, a memorização.
O texto poético é mais que um conjunto de rimas, com sílabas contadas,
musicalidade ou esquema definido de composição. Seguindo esse viés, a essência
da poesia deixa de ser simplesmente a forma e passa a se concentrar no uso da
linguagem, na maneira especial de tratar as coisas, ideias e sentimentos.
Em suma:
• A poesia é a parte mais pura da expressão literária;
• A função comunicativa da poesia é motivar respostas emocionais no leitor;
• A estrutura da poesia é fundamentalmente baseada na linguagem;
• A linguagem inclui o uso de ritmos, rimas, jogos e brincadeiras com as palavras,
que são escolhidas para atingir a sensibilidade do leitor;
• É amplo o uso de linguagem figurada, metáforas e múltiplos sentidos.

Português Instrumental 81
LEITURA OBRIGATÓRIA
Este ícone apresenta uma obra indicada pelo professor-
autor que será indispensável para a formação
profissional do estudante
No intuito de melhorar sua escrita de textos e de
opiniões, indicamos o livro: Língua Portuguesa: prática
de redação para estudantes universitários.
O mesmo trata-se de reflexões e práticas textuais,
que permitirá a ampliação do conhecimento tendo um
vasto domínio na língua portuguesa. Envolve assuntos
polêmicos desenvolvendo a visão críticas dos fatos. Será
uma leitura singular, pois é destinada aos acadêmicos,
assim como você.

FARACO, Carlos Alberto. Língua portuguesa: prática de redação para


estudantes universitários. 13. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

Após a leitura do livro acima referido, faça


uma resenha.

Português Instrumental 83
SAIBA MAIS
Neste ícone será encontrado sugestões de
aprofundamento da disciplina em outro espaço.
Pesquisas divulgadas, em formato de entrevistas, com o
próprio autor da investigação
Para aprimoramento de seus estudos, sugerimos que
você acesse o site Central de Favoritos para que possa
esclarecer suas dúvidas sobre redação oficial, a formalidade
e a padronização na hora de escrever documentos oficiais
com clareza e concisão.

Português Instrumental 85
REVISANDO
É uma síntese dos temas abordados com a intenção
de possibilitar uma oportunidade para rever os pontos
fundamentais da disciplina e avaliar a aprendizagem
Ao longo desta disciplina, aprendemos sobre a importância da interpretação
de textos. Tivemos a oportunidade de estudar alguns tópicos que ajudará na hora
de compreender textos, tais como fluência, vocabulário, estratégias cognitivas,
coerência e coesão. Vimos também os gêneros textuais como gênero narrativo,
informativo, procedimental, dissertação e poema.

Foi repassado um embasamento teórico prático para o desenvolvimento da


comunicação oral e escrita. Ao longo dessa disciplina compreendemos a importância
da linguagem, estudamos as novas regras gramaticais do novo acordo ortográfico, o
que permitiu a você comparar, através de um quadro explicativo, o que mudou, como
era a regra anterior e como se aplica, facilitando seu processo de aprendizagem.
É importante você ter compreendido que o domínio da gramática normativa é
a formação de um padrão linguístico aceito como correto, por isso estudamos aqui
as regras de pontuação, acentuação, concordância verbal e nominal com foco no
estudo de textos para que suas habilidades de escrita, leitura e interpretação de
textos tornem-se cada vez mais eficazes.

Português Instrumental 87
AUTOAVALIAÇÃO
Momento de parar e fazer uma análise sobre o que o
estudante aprendeu durante a disciplina.
1. Gêneros Textuais
Agora, para você fixar melhor conteúdo estudado, sugerimos que leia o trecho a
seguir e diga qual é o tipo de gênero textual próprio. Quando chegar a uma resposta,
explique o porquê dessa resolução, apontando as características percebidas que o
levaram a essa conclusão.

Pegue a areia e despeje-a no tabuleiro. Se a areia estiver seca, umedeça-a, até


ficar boa para modelagem. Alise a areia com a régua até ficar bem plana (a areia deve
ficar um centímetro mais baixa do que a borda da forma). Com o punho fechado,
compacte toda a superfície de areia, socando bem. Alise-a novamente com a régua.

2. Leia o texto abaixo:


Inclusão Digital pode ser considerada como democratização das tecnologias.
Este assunto tem sido muito repercutido no Brasil pelas dificuldades encontradas
para implantação.
Promover a inclusão digital não se limita a possibilitar o acesso às tecnologias
da informação e da comunicação. Inclusão digital se relaciona mais com a
motivação e a capacidade para utilização destas tecnologias de forma crítica e
empreendedora. Os objetivos de uma inclusão digital que se diga efetiva devem
envolver, necessariamente, o uso da tecnologia para o desenvolvimento pessoal e
comunitário, para a construção de uma consciência histórica, política e ética, para a
qualificação profissional e geração sustentável de renda e emprego, para a produção
e disseminação do conhecimento e para a ação cidadã e transformação social.
Fonte: http://caminhoinclusaodigital.wikidot.com/o-que-e-inclusao-digital

Quanto ao texto, podemos dizer que predomina:


a) A narração.
b) O diálogo.
c) A dissertação.
d) A descrição.

Português Instrumental 89
3. Leia o texto abaixo:
A origem do spam provém da contração das palavras inglesas spice ham, que
era uma marca de presunto barato enlatado e distribuído de forma maciça às tropas
inglesas nos tempos de guerra. Ele (presunto) era refugado pelos soldados, porque
não era pedido e todos tinham dificuldade em comê-lo, pois não era apetitoso. Por
esta razão, denominou-se de spam o lixo eletrônico, aquelas comunicações não
solicitadas, muitas vezes enviadas de forma maciça, que ninguém quer e o usuário
se apressa em excluir.
Fonte: http://www.dicas-l.com.br/arquivo/spam_origem_do_termo.php#.U7qNQpRdV48

A Finalidade do texto é:
a) Advertir.
b) Informar.
c) Solicitar.
d) Divertir.

Predomina no texto:
a) A narração.
b) A dissertação.
c) A descrição.
d) O diálogo.

4. Marque certo ou errado quanto ao texto dissertativo:


a) O texto dissertativo é formado por espaço, personagens, enredo, tempo e ponto
de vista. ( )
b) Podemos concluir a dissertação com uma indagação. ( )
c) A principal finalidade da introdução é fazer com que o leitor tenha um primeiro
contato com a ideia a ser transmitida. ( )

5. Reescreva no seu caderno as frases a seguir, fazendo a devida concordância


das palavras entre parênteses.
a) Meu avô gosta de folhear jornais e revistas (velho).
b) É (proibido) venda de alimentos nesse local.

90 Português Instrumental
c) É (proibido) a venda de alimentos neste local.
d) Esta comida é (pouco) nutritiva.
e) A porta (meio) aberta deixava ver o armário e a cama (desarrumado).
f) Todos os dias, ele almoça ao meio-dia e (meio).
g) Ela saiu (muito) apressada e nem disse (obrigado).
h) Ela estava (meio) nervosa e não conseguiu se explicar.
i) A gasolina custa muito (caro).
j) Vi uma loja de sapatos e roupas (usado).
k) Já era meio-dia e (meio), quando as crianças voltaram da visita ao planetário.
l) Os meios de comunicação têm divulgado (bastante) problemas sobre o meio
ambiente.
m) A moça saiu feliz da reunião; ela dizia repetidamente ao seu novo chefe: “Muito
(obrigado)’’.

6. Que palavra completaria adequadamente este poema: meio ou meia?

Por quê? Levo a vida assim,


direita, torta,
Às vezes arrombando a festa
Outras, dando com a cara na porta.
(Ulisses Tavares. Viva a poesia.São Paulo: Saraiva, 1997, p. 20)

7. Leia e compare as frases abaixo:


Costumo comer bastantes frutas.
Ele mastiga bastante os alimentos.
Hoje ela não comeu o bastante no almoço e logo ficou com fome.

a) Em uma das frases, a palavra bastante é adjetivo e tem o sentido de várias,


diferentes. Em que frase isso ocorre?

b) Em uma das frases, bastante é um advérbio que intensifica a ação verbal.

Português Instrumental 91
Identifique a frase em que isso ocorre.

8. Leia essa tira:

Responda:
Haveria alteração no enunciado “Obrigado pelo empurrão!” caso o motorista fosse
do sexo feminino? Se afirmativo, como ficaria?

9. Passe o sujeito das frases a seguir para o plural, obedecendo à concordância


correta:
Ouve-se a música preferida pelo rádio. .
Demorou a chegar até nós a alegre notícia. .
Começa muito tarde o programa noturno. .
Era sempre eu o atrasado.
Faz-se bolo caseiro. .

10. Leia o texto e faça uso dos sinais de pontuação adequados.


No céu e na terra.
Na costa do Paraná e ainda sem um plano de preservação oficial o Arquipélago
dos Currais é um dos mais importantes viveiros naturais de aves marinhas do
Brasil Habitam as três ilhas Grapirá, Três Picos e Filhote por volta de 20 mil aves de
cerca de 30 espécies Entre elas estão o atobá ou mergulhão Sula Leucogaster e a
fragata Fregata magnificens Aves migratórias como os trinta-réis-do-bico-amarelo
Sternaeurygnatha também usam as ilhas para se reproduzir E até pinguins são vistos
nos meses de inverno.
(Revista National Geographic Brasil, jun. 2002, p.26.)

92 Português Instrumental INTA EAD


11. Leia as frases:
Bruno, meu vizinho, adora jogar futebol.
Bruno, meu vizinho adora jogar futebol.
Justifique o uso da vírgula em cada uma das orações.

12. Pontue os textos adequadamente:


Sempre o Juquinha
A mãe recebe o boletim das mãos da professora Juquinha tirou segundo lugar em
Matemática.
Ela se entusiasmou com o filho e a professora diz
Isso não parou de puro acaso
Como assim
Todas as crianças ficaram em primeiro lugar este mês

Outra do Juquinha
Na escola a professora pede ao Juquinha
Enumere cinco coisas que contêm leite
Queijo, manteiga sorvete de creme e duas vacas

13. Leia a tira a seguir para responder as questões abaixo:

a) É comum os pontos de interrogação e exclamação serem empregados juntos


com a intenção de expressar determinada entonação, o estado emocional de uma
personagem, etc. De acordo com o contexto, o que o emprego desses sinais juntos
expressa na fala da mulher no 2º quadrinho?

Português Instrumental 93
b) Observe a frase empregada no último quadrinho. Se colocássemos uma vírgula
entre os termos não e no futebol, o emprego dessa vírgula alteraria o sentido da
frase?
Justifique sua resposta.

14. Coloque a vírgula onde for necessário:


a) Da próxima vez que vier nos visitar estarei bem longe daqui.
b) Não fique triste irmã que ele não merece esse sofrimento.
c) A cozinheira desde que voltou da fazenda anda inventando pratos da roça.
d) De tanto sonhar acordado de tanto chegar atrasado você vai acabar perdendo o
emprego.
e) Feitas as recomendações necessárias após um demorado abraço a mãe ainda
chorosa liberou o filho para que entrasse no vagão.
f) Quando a canoa já ia longe já no invisível do horizonte foi que o pescador se
lembrou da conversa que tivera na véspera com o vendeiro.
g) Faça chuva ou faça sol o time estará pronto para o melhor combate.
h) Assim o herói chegava de sua longa aventura: sem cavalo sem escudo sem
esperança.
i) América do Norte significa trabalho fé heroísmo indústria capital força e matéria.
(Eça de Queiroz)

15. Pontue os trechos com vírgula, ponto-e-vírgula e dois-pontos onde for


necessário.
a) Para que a planta sobreviva são necessários alguns cuidados dar água ao vaso
todos os dias dar luz as folhas todos os dias dar adubo à terra de vez em quando e
podar os ramos todos os anos.
b) Assim há de ser o sermão há de ter raízes fortes e sólidas porque há de ser fundado
no Evangelho há de ter um tronco porque há de ter um só assunto e tratar uma só
matéria deste tronco hão de nascer diversos ramos que são diversos discursos mas
nascidos da mesma matéria e continuados nela estes ramos hão se ser secos senão
cobertos de folhas porque os discursos hão de vestidos e ornados de palavras. [...]
(Pe. Antônio Vieira. Antologia. Rio de Janeiro: Agir, p.109.)

94 Português Instrumental
16. Justifique a pontuação (travessão, parêntese e aspas) utilizada nos
enunciados a seguir:
a) — Um feiticeiro conhece todos os feiticeiros... - ironiza o velho sozinho. (Mia
Couto)
b) O médico decidiu que dessa vez (ele não costuma abrir exceções a ninguém) iria
deixá-lo entrar após terminado o horário de visita.
c) Quantas vezes se escreveu, neste jornal, que “a democracia está por um fio”?
d) Os estrangeiros hoje já não conseguem morada - em todo o continente europeu
- sem a evidência de que não pretendem ocupar postos de trabalho da população
local.
e) “Apressa-te” dizia a si mesmo o homem, aflito em sua fuga.
f) Maria trouxe o novo namorado - provavelmente um lunático, como ela - para
apresentar a família.
g) Os atrasos dos voos foram aclarados: “overbooking”, repetem todos os jornais.

17. O texto a seguir é de autoria de Ana Miranda. Sua pontuação e letras


maiúsculas foram retiradas. Tente devolver ao texto seu ritmo original,
dividindo os períodos, acrescentando vírgulas, dois-pontos, ponto final.
Nossos pais diziam que para nos tornar seres completos era preciso escrever um
livro plantar uma árvore e ter um filho meu pai que era engenheiro acrescentava
construí uma casa escrevi livros até demais tenho um filho e plantei uma árvore no
jardim da casa onde cresci uma muda do pau-rosa ou flor-do-paraíso que havia sido
esquecida ao lado de uma cova estreita e funda uma muda frágil com poucas folhas
mais alta do que a menininha que a salvou a muda cresceu transformou-se em um
majestoso flamboyant coberto de flores vermelhas.
Ana Miranda. Um amor, uma cabana.

http://www.jornaldepoesia.jor.br

18. No parágrafo a seguir, o autor utilizou 6 vírgulas e 3 pontos finais. Copie o


parágrafo, colocando esses sinais convenientemente.
O mundo da literatura como o mundo da linguagem é o mundo do possível esta
afirmação não tem nada de novo já Aristóteles respondendo a Platão dizia que
enquanto a história narrava o que realmente tinha acontecido o que podia acontecer
ficava por conta da literatura.
LAJOLO, Marisa. O que é literatura. São Paulo: Brasiliense, 1983, p.45

Português Instrumental 95
19. Coloque os dois-pontos nos seguintes enunciados:
a) O motivo da minha visita é claro quero retomar nossa conversa.
b) O professor repetia “quem havia escrito aquelas palavras na lousa”?
c) É como dizem por aí “longe dos olhos, longe do coração”.
d) “A notícia de sua perda veio aos poucos a pilha de jornais ali no chão, ninguém os
guardou debaixo da escada”. (Dalton Trevisan, Apelo)
e) Senhora condômina sinto informar que o atraso implica no pagamento de multa.

20. Em cada uma das sequências abaixo, há, pelo menos, uma palavra que
não deve ser acentuada. Identifique as palavras que devem ser acentuadas e
reescreva-as, acentuando-as adequadamente.
a) juizes, jiboia, rainha, epopeia, povareu, cauboi.
b) faisca, distraido, amendoim, paraiso, suite, miudo, berimbau.
c) carnauba, ciume, feiura, gaucho, conteudo, saude, miudo, berimbau.
d) pinceis, saude, viuvo, gratuito, azaleia, colmeia, reu, plateia.

21. Copie a alternativa em que há um erro de acentuação, corrigindo-o. Em


seguida, justifique sua escolha.
a) maracujá – argúi – rapé.
b) lápis – tainha – túnel.
c) chapéu – hifen – item.
d) jataí – régua – próton.
e) ruim – órgão – egoísta.

22. Passe para o plural as seguintes palavras: anel, papel, lençol e carretel.
Explique a alteração que ocorre nessas palavras no que se refere à acentuação
gráfica.

23. Assinale a alternativa em que todos os vocábulos são acentuados por serem
oxítonos:
a) paletó, avô, pajé, café, jiló.

96 Português Instrumental
b) parabéns, vêm, hifen, saí, oásis.
c) você, capilé, Paraná, lápis, régua.
d) amém, amável, filó, porém, além.
e) caí, aí, ímã, ipê, abricó.

24. Sob um... de nuvens, atracou no ... o navio que trazia o ... .
a) veu, porto, herói d) véu, porto, heroi
b) veu, pôrto, herói e) véu, porto, herói
c) véu, pôrto, herói

25. Indique a alternativa em que nenhuma palavra é acentuada graficamente:


a) lapis, canoa, abacaxi, jovens.
b) voo, legua, assim, tênis.
c) ruim, sozinho, aquele, traiu.
d) flores, açucar, album, vírus.
e) saudade, onix, grau, orquídea.

26. Em todas as alternativas as palavras foram acentuadas corretamente, exceto


em:
a) Eles têm muita coisa a dizer.
b) Estude os dois primeiros ítens do programa.
c) Afinal, o que contém este embrulho?
d) Foi agradável ouvir aquele orador.

27. Use o acento grave onde ocorre crase:


a) Os alunos saíram a procura do livro recomendado pelo professor.
b) As vezes, canto para não chorar.
c) As crianças estavam ansiosas para ir a festa.
d) Gosto de andar a cavalo.
e) Foi entregue um pacote aquele senhor.

Português Instrumental 97
f) Solicitamos a V. Exa. providências imediatas.
g) É preciso obedecer as leis de trânsito.
h) Os meninos voltaram a jogar bola.
i) Não gosto muito de ir a bailes. Prefiro ir a concertos.
j) Há tempos não assisto a uma boa apresentação de dança.

l) O presidente se referia aquele grave problema acerca do número de analfabetos


no país.
m) Todos se apegaram aquele menino adotado, que trouxe união a família.
n) Já está tudo pronto para nossa excursão a Bahia, a Minas Gerais e a Goiás.
o) As terças-feiras, as oito horas, o coral se reúne na igreja local.
p) A prova deve ser feita a tinta e não a lápis.
q) Depois do ocorrido, não posso mais garantir meu apoio aquelas normas discutidas
ontem na reunião dos condôminos.

28. Há crase:
a) Responda a todas as perguntas.
b) Avise a moça que chegou a encomenda.
c) Volte sempre a esta casa.
d) Dirija-se a qualquer caixa.
e) Entregue o pedido a alguém na portaria.

29. Assinale a alternativa em que não deve haver o sinal da crase:


a) O sonho de todo astronauta é voltar a Terra.
b) As vezes, as verdades são duras de se ouvir.
c) Enriqueço a medida que trabalho.
d) Filiei-me a entidade, sem querer.
e) O sonho de todo marinheiro é voltar a terra.

98 Português Instrumental
30. Qual das alternativas completa corretamente os espaçosvazios?
“E entre o sono e o medo, ouviu como se fosse de verdade o apito de um trem
igual....... que ouvia em Limoeiro.” (José Lins do Rego)
“Habituara-se....... boa vida, tendo de tudo, regalada.» (J. Amado)
“Os adultos são gente crescida que vive sempre dizendo pra gente fazer isso e
não fazer....... .” (M. Fernandes)

a) àquele, aquela, aquilo.


b) aquele, àquela, aquilo.
c) àquele, àquela, àquilo.
d) aquele, aquela, aquilo.
e) àquele, àquela, aquilo.

31. Assinale a frase em que o acento indicativo de crase foi empregado


incorretamente:
a) Ao voltar das férias, devolverei tudo à Vossa Senhoria.
b) O candidato falou às classes trabalhadoras.
c) Fiquei à espera de meus amigos.
d) Sua maneira de falar é semelhante à de Paulo.
e) Você só poderá ser atendido às 9 horas.

32. Leia o poema e faça o que se pede:


XIX
O luar quando bate na relva
Não sei que cousa me lembra...
Lembra-me a voz da criada velha
Contando-me contos de fadas.

E de como nossa senhora vestida de mendiga


Andava à noite nas estradas
Socorrendo as crianças maltratadas...

Português Instrumental 99
Se eu já não posso crer que isso é verdade,
Para que bate o luar na relva?

a) Dê a classificação morfológica das palavras a, à e as que aparecem destacadas


no poema.
b) Explique a ocorrência da crase nesta frase:
Andava à noite nas estradas.
c) Reescreva a frase do item b, substituindo a palavra noite por pé. Justifique as
alterações ocorridas nela com relação à crase.

33. Entre as frases seguintes, há duas nas quais o acento indicador de crase está
empregado em desacordo com a variedade padrão escrita. Indique-as.
a) Daqui a pouco, os pugilistas vencedores em seus Estados estarão frente à frente,
disputando o 1º lugar no torneio nacional.
b) Fomos à lanchonete após as aulas do curso de inglês.
c) Emocionada, ela começou à chorar no final do filme.
d) A mãe costumava esperar seus filhos ora sentada à porta da frente da casa, ora
encostada à janela.
e) O diretor chamou à aluna representante da equipe vencedora para receber a
medalha de campeã.

34. Justifique a ocorrência do erro no acento indicador de crase, nas frases da


questão anterior.

35 A única frase em que o a destacado deveria ser grafado com o acento grave
indicativo de crase é:
a) Estou pronto a discutir o novo projeto.
b) Pelé fará uma viagem a Roma.
c) O presidente não fez alusão a qualquer ministro.
d) Vamos a sala vizinha, disse o ministro.
e) Preferiu morrer a entregar-se.

100 Português Instrumental


36. Complete as frases usando: por que, por quê, porque, porquê
a) Paula passa horas na biblioteca, gosta de ler.
b) Você vai sair tão tarde, ?
c) A agência de viagens não nos explicou o do cancelamento da
excursão que programamos há mais de um mês.
d) ele não pode assistir à televisão até tarde? E eu, não
posso?
e) Ficar na festa até mais tarde, ?
f) você me deixou esperando todo esse tempo?
g) Não sei esse aluno é tão rebelde.

h) O deputado explicou precisa de mais tempo para apresentar seu


relatório.
i) Você não veio votar é contrário ao projeto?
j) Não entendo o da sua revolta.

37. Transforme as frases interrogativas diretas em interrogativas indiretas, e


vice-versa, observando a grafia da palavra porque. Veja o exemplo:

Exemplo: Você não compareceu à aula de recuperação por quê?


Eu gostaria de saber por que você não compareceu à aula de recuperação.
a) O secretário de esportes quer saber por que vocês se recusam a participar dos
jogos do interior.
b) Você não quer ir ao supermercado comigo por quê?

38. A palavra mais foi empregada duas vezes no bilhete. Em qual das frases a
palavra mais dá ideia de:
a) Intensidade? b) Quantidade?

Português Instrumental 101


39. Observe o emprego da palavra mas nesta frase do bilhete: “Mas hoje é o
aniversário da Ana”:
a) Essa palavra opõe-se a uma ideia que foi expressa antes. Que ideia é essa?

b) Qual das palavras a seguir poderia substituí-la sem alterar o sentido da frase?
Porque como entretanto quando

40. Complete as frases com “mal” ou “mau”, de acordo com o contexto:


Ela ficou - humorada depois que aquele garoto criado e educado a
tratou .
O menino está passando devido ao resultado de sua avaliação de
matemática.
Sempre soube que ele tinha um caráter.
O professor não aceitou nossa pesquisa, porque, segundo ele, está feita.
Dizem que o urubu é ave de agouro.

41. Complete as frases com senão ou se não.


1 - Vá de uma vez, você vai se atrasar.
2 - Nada mais havia a fazer conformar-se com a situação.
03 - O presidente nada assinará houver consenso.
4 - Luta, estás perdido.

5 - Não era ouro nem prata, ferro.


06 - Havia dois jogadores, três.
7 - Não encontrei um na apresentação da peça.
8 - for possível despachar a mercadoria, telefone-me.
09 - Quem poderia ser você?
10 - Acha que haveria muitas pessoas em frente ao televisor tivesse uma
boa imagem?
11 - Ninguém, você, me escreveu.
12 - Seremos advertidos forem trabalhar.

102 Português Instrumental


13 – Não visitava ninguém a eles.
14 - Se convém, é delicado; , é taxativo.
15 - Eis a vantagem, disse, ela nunca o procuraria.
16 - Não era nem um nem dois, uma verdadeira multidão.
17 – Não o fez para irritá-lo, para adverti-lo.
18 - Ninguém, os irmãos Corrêa, compareceram à cerimônia.
19 - chover, iremos passear.

42. Complete as frases com há ou a:


a) O filho entra acanhado na sala; não vê o tio doze anos.
b) Não imaginamos que os técnicos do laboratório só chegariam às onze horas para
o início dos trabalhos; afinal eles estavam apenas dois quilômetros do local.
c) Nancy e Neiva saíram do apartamento três horas e ainda não chegaram.
d) Daqui pouco começam as propagandas políticas na TV.
e) Interessante o título deste filme: um passo da felicidade.

43. Complete as frases a seguir, usando uma das formas entre parênteses, de
acordo com o contexto.
a) O professor releu meu texto de avaliá-lo com mais cuidado. (afim - a
fim de)
b) A aula de ginástica se inicia sempre no mesmo horário: dia e .
(meio - meia)

c) É melhor você estudar mais, de ficar conversando ao telefone. (ao


invés de - em vez de)
d) Ainda bem que o acidente não foi grave. Temos de rir chorar. (ao
invés de - em vez de)
e) Neste ano, de 1 milhão e meio de vestibulandos disputando
vagas nas universidades públicas. (a cerca de - acerca de - há cerca de)
f) Meus argumentos iam muitas vezes daquele deputado, embora
pertencêssemos a partidos de filosofias opostas. (de encontro aos - ao encontro
dos)

Português Instrumental 103


g) dois anos realizamos o primeiro encontro para a implantação de
uma biblioteca numa aldeia indígena em Roraima.
(acerca de - há cerca de)
h) Parece satisfatório o fato de apresentarmos alternativas para a solução
do problema educacional na cidade (a fins - afins)
i) Todas as tentativasforam plausíveis , mas o resultado provocou muita
divergência. (a princípio - em princípio)
j) O prefeito ainda não sabia queria chegar o engenheiro com aquele
projeto grandioso sobre um simples campo de futebol. (onde - aonde)

44. Responda as seguintes questões:


a) O que é concordância nominal?
b) Qual a regra de concordância nominal de adjetivo situado após dois ou mais
substantivos?
c) Qual regra de concordância nominal de adjetivo situado antes de dois ou mais
substantivos?
d) Como aplicar as regras para casos especiais de concordância nominal?

104 Português Instrumental


Português Instrumental 105
BIBLIOGRAFIA
Indicação de livros e sites que foram usados para a
constituição do material didático da disciplina
BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: Estética da Criação Verbal. 2ª
ed. São Paulo : Martins Fontes, 1997.
BRANDÃO, H. N. & MICHELETTI, G.(org.) Aprender e ensinar com textos didáticos
e paradidáticos. São Paulo: Cortez, 2001.
Gêneros do discurso na escola: mito, conto, cordel, discurso político,
divulgação científica. São Paulo: Cortez, 2001.

CEREJA, W.R; MAGALHÃES, T, C. Português linguagens: volume 3. 5ª ed. São


Paulo, 2005.
. Língua Portuguesa. 4ª ed. - São Paulo: Atual, 2006.
. Gramática: texto e reflexão e uso. 3ª ed. Reformada. São Paulo: Atual,
2008.
DIONISIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. Gêneros textuais & ensino. 4ª
ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.
EMEDIATO, Wander. A fórmula do texto: redação, argumentação e leitura. São
Paulo: Geração Editorial, 2004
FARACO, Carlos Alberto. Língua portuguesa: prática de redação para estudantes
universitários. 13. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
FERREIRA, Reinaldo Matias; LUPPI, Rosaura de Araújo Ferreira. Correspondência
comercial e oficial com técnicas de redação. Editora: Martins Fontes – WMP. 15ª
Edição, 2011.
INFANTE, Ulisses; NETO, Pasquale Cipro. Gramática da Língua Portuguesa. São
Paulo: Scipione, 1998.
LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1999.

LOPES-ROSSI, M. A. G. Gêneros discursivos no ensino de leitura e produção de


textos. Taubaté: Cabral, 2002.
MARTINS, D. S.; ZILBERKNOP, L. S. Português Instrumental: de acordo com as
atuais normas da ABNT. 25ª ed.-São Paulo: Atlas, 2004.
OLIVEIRA, T. A; SILVA, C. O; GAVIOLI, E; ARAÚJO, L. Coleção Tecendo Linguagens-
Língua Portuguesa- São Paulo: IBEP, 2006.
PASCHOLIN, M. A. Gramática: Teoria e exercícios. Ed. Renovada.- São Paulo: FTD,
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