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LÍNGUA PORTUGUESA

Profª Cássia Maria Rodrigues Olegário Corrêa


Prof. Guilherme Bernardes Filho

Diretor Presidente

Prof. Aderbal Alfredo Calderari Bernardes

Diretor Geral

Prof. Me. Eduardo Ogawa

Vice-diretor

Profª Me. Ana Carla Comune de Oliveira

Diretora EaD - UNISEPE

UNISEPE – EaD

Prof. Me. Igor Gabriel Lima

Prof. Dr. Jozeildo Kleberson Barbosa

Material Didático – EaD

Comissão editorial:

Fernanda Pereira de Castro – CRB6-2175

Gustavo Batista Bardusco

Prof. Dr. Renato de Araújo Cruz

Apoio:

Anderson Francisco de Oliveira

Matheus Eduardo Souza Pedroso

Projeto gráfico:

Prof. Carlos Machado

Nivaldo José Tadeu dos Santos Beirão

Revisão:

Profª Priscila Bueno de Godoy


Os ÍCONES são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de
linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual.
SUMÁRIO

UNIDADE III........................................................................................ 5
1. LINGUÍSTICA TEXTUAL............................................................. 5
2. MEIOS DIGITAIS........................................................................ 14
3. O JORNAL E SEUS GÊNEROS................................................... 23
4. EXPRESIVIDADE....................................................................... 33
UNIDADE III
CAPÍTULO 9 - LINGUÍSTICA TEXTUAL

No término deste capítulo, você deverá saber:


✓ Reconhecer e desenvolver as condições fundantes dos atos de leitura;
✓ Distinguir as dimensões que envolvem os processos de apreensão e
compreensão;
✓ Desenvolver aptidões de apreender e compreender os textos;
✓ Perceber a relação expressiva entre os textos e seus respectivos modos de
ocorrência;
✓ Identificar as intercorrências geradas pelos desvios linguísticos na
propriedade discursiva.

Introdução

Caro aluno!

Esse capítulo se reveste de aspectos exponencialmente significativos no que se refere


à textualidade. Nele, teremos a oportunidade de conhecer recursos pontuais na
tessitura e organização enunciativa, explorando o vasto universo dos textos e suas
particularidades discursivas. Esse processo desponta nos expressivos atos de leitura e
abarcam dimensões contextuais intrincadas no valioso decurso da apreensão e
compreensão por parte do interlocutor.

Alicerçados na construção de sentidos, apreciaremos o jogo intertextual buscando


enxergar os níveis mais complexos de significação e correlação por ele estabelecidas.
Depurando nosso olhar, conseguiremos entrever as múltiplas relações que dinamizam
a constituição dos textos, considerando as estratégias discursivas em pleno
funcionamento na manifestação das ideias, pensamentos e argumentações.

Que a satisfação de mais uma etapa de aprendizado mova nossas aspirações.

Bom estudo!

Reflexão

“Os processamentos estratégicos dependem não só de


características textuais, como também de características dos
usuários da língua, tais como seus objetivos, convicções e
conhecimento de mundo, quer se trate de conhecimento de tipo
episódico, quer do conhecimento mais geral e abstrato,
representado na memória semântica ou enciclopédica. Isto é,
as estratégias cognitivas são estratégias de uso do
conhecimento”.

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9.1Elementos balizadores da leitura dos textos

Inquestionavelmente vivemos um tempo em que a produção e divulgação de


conhecimentos irrompem de forma vertiginosa, no entanto precisamos considerar que
mais salutar do que a posse desse conhecimento, é justamente o seu apropriado
gerenciamento. E isso pressupõe habilidades como: dominar o sentido das palavras,
perceber a correlação entre as informações, avaliar seu grau de importância, acionar o
repertório cultural, reconhecer os dados contextuais, entre outras.

As inúmeras informações que circulam no mundo contemporâneo são veiculadas por


meio de textos, sejam eles de gêneros e discursos dos mais variados: resultados de
pesquisas, relatórios, notícias, comentários, enfim são expressivamente diversificados.

Ancorados nos fundamentos conceituais da autora Ingedore Koch, cujo caráter


dialógico da língua inscreve o texto como lugar por excelência da constituição dos
interlocutores, ressaltamos a relevância da competência leitora na apreensão e
compreensão das unidades de sentido inseridas nos textos.

Nessa conjuntura, ler não é apenas reconhecer um texto como uma mera sucessão de
palavras devidamente combinadas, mas acima de tudo, construir sentido, entendendo
o todo significativo a partir das relações que as unidades linguísticas estabelecem.

Estudos e pesquisas legaram procedimentos que auxiliam sensivelmente o processo


de leitura e entendimento textual. Afinal, o que é preciso saber para fazer uma boa
leitura?

Há algumas condições importantes que se faz oportuno citar:

• Conhecimento do código;
• Aquisição de repertório cultural;
• Reconhecimento do contexto

Quanto ao conhecimento do código, entende-se o domínio do sentido das palavras e


dos mecanismos acionados para combiná-las. No tocante ao repertório cultual,
entende-se a bagagem de conhecimentos acumulados na memória do leitor, cujo
acionamento é vital para o entendimento. E finalmente o reconhecimento contextual,
que significa considerar as circunstâncias históricas e socioculturais em que o texto foi
produzido, como também a unidade mais restrita: das palavras, orações, períodos e
parágrafos, que são elementos contextuais de referência à unidade mais ampla que é
o próprio o texto.

Quando falamos em contexto, nos referimos então a dois tipos distintos:

Contexto interno (ou explícito): é aquele que está escrito no limite da página, claro
aos olhos do leitor.

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Contexto externo (ou implícito): é aquele que se refere ao conjunto de
conhecimentos circundantes no cenário cultural do qual o texto faz parte. É externo,
pois não está contido no texto e é implícito, pois está na memória discursiva do leitor.

Observe a seguinte situação:

Marcos acordou atrasado para o trabalho, tomou um ônibus lotado que


quebrou durante o trajeto. Em seguida ele pegou um táxi para não se atrasar
tanto, mas teve de descer a três quarteirões do edifício onde trabalhava, pois,
como chovia muito, uma árvore caída na pista impedia a passagem de
veículos. Chegou ao trabalho atrasado e nervoso, dizendo: “Que belo dia!”

Notem que nesse contexto nos orientamos a considerar a frase numa conotação
irônica. Fora desse contexto, a mesma frase assumiria naturalmente outro sentido: a
de um dia muito bom e agradável.

Concluímos que a análise do contexto é condição importante para a apreensão e


compreensão dos sentidos.

9.2 Modos de processamento dos textos

Como já nos apropriamos dos conceitos e ideias referentes aos contextos, fica mais
fácil entender a noção de dois procedimentos de leitura que estão a eles associados:
apreensão e compreensão.

Apreensão: corresponde ao ato de apreender, ou seja, captar os significados


registrados no interior do texto.

É um passo necessário, mas não suficiente, pois há significados que são dados como
conhecidos pelo leitor, pois pertencem ao contexto externo. Logo, além da apreensão
que está ligada ao contexto interno, é necessário compreender os significados que
competem ao contexto externo. É o que chamamos de compreensão.

Compreensão: é relacionar os dados apreendidos no contexto interno, com outros


textos e significados culturalmente construídos e estão estritamente correlacionados
ao texto base.

Hiperlink:

Leia o artigo “Quem precisa da Barbie, tenha o corpo que tiver?”,


exemplo usado para o parágrafo seguinte: https://bit.ly/2Z4GTZa

Notem que naturalmente acionamos mecanismos de leitura, apreensão e


compreensão do texto:

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O processo de apreensão é ativado quando captamos as informações na superfície do
texto: o lançamento de novas versões da boneca Barbie, sintonizados com a
tendência e valorização da diversidade. Em seguida, a própria autora instiga o
processo de compreensão, ao afirmar: “Quando a mudança é anunciada, a Mattel
povoou a terra com uma superpopulação de suas criaturas loiras, altas e magras”. Nas
entrelinhas do texto, acionamos o contexto externo (compreensão) no sentido de que
o padrão de beleza e consumismo já foi ditado e incorporado pelas meninas; mais
ainda, inferimos que a empresa realiza um jogo de marketing, uma vez que seu
interesse primordial é o de reverter a queda de vendas e retomar o índice de
lucratividade.

Concluímos então, que os mecanismos de apreensão e compreensão asseguram a


devida apropriação das ideais explicitas e implícitas na enunciação, colaborando para
nossa a formação crítica nos processos de produção e recepção de textos.

9.3 Redes textuais: textos conversam entre si

Hiperlink:

Leia os seguintes poemas

• “Quadrilha”, de Carlos Drummond de Andrade:


https://bit.ly/2GiU80J
• “Quadrilha da sujeira”, de Ricardo Azevedo:
https://bit.ly/2LrMVzJ

É comum encontrar ecos ou referências de um texto em outro, como ficou bem


evidente no texto de Ricardo Azevedo, que traz referências formais estilísticas,
sustentadas no poema de Drummond. A essa relação se dá o nome de
intertextualidade.

A intertextualidade é a relação entre um texto e outro, e isso ocorre, quando elementos


de um texto são incluídos no interior de outro. Nenhum texto, portanto, é
absolutamente original na média em que o enunciador é uma voz que dialoga com
outras vozes do espaço cultural, seja na condição de acordo ou desacordo.

Segundo o linguista e pesquisador José Luiz Fiorin, há três processos básicos de


intertextualidade:

1. Citação de trechos maiores ou menores. É muito comum em trabalhos


científicos, livros didáticos e no gênero jornalístico. O autor cita literalmente a
fala do outro a fim de dar credibilidade ao que está sendo dito. Nesse caso, é
indispensável demarcar o trecho, seja em itálico, aspas, ou alguma
diferenciação gráfica. E no caso dos trabalhos científicos, é imprescindível citar
a fonte de onde foi extraído.

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Ex: “Ser ou não ser, eis a questão”, (SHAKESPEARE, 1599, ato III Cena I), era
a expressão preferida.

2. Alusão não literal de palavras ou expressões de uma obra, a fim de demonstrar


familiaridade com a obra e com o autor.

Ex: A mais bonita de todas era sem dúvida Helena - a minha filha e não a
outra.

(Alusão a Helena de Troia, a mulher mais bonita do mundo)

3. Intertextualidade por estilização: consiste em reproduzir num texto, traços


marcantes de estilo de um texto original. O poema Quadrilhada sujeira, de
Ricardo Azevedo, serve de exemplo.

A intertextualidade é um fenômeno do nível da compreensão de sentidos. O


diálogo entre os textos, seja explicito, seja atrelado à memória discursiva do
leitor, é componente fundamental na construção de sentidos mais profundos.

9.4 Desvios na produção e recepção dos textos

Você já deve ter ouvido falar em ambiguidade não é mesmo? Podemos entendê-la
como duplo sentido. Isso ocorre quando em um mesmo contexto, uma palavra ou
enunciado admite mais de um sentido. Dependendo da situação, a ambiguidade pode
ser um dano para o enunciado, por isso, devem ser evitadas nos discursos formais. No
entanto, quando trabalhada como recurso de expressividade, intencionalmente
explorada enquanto mecanismo gerador de sentidos, a ambiguidade se torna uma
figura de linguagem, na eloquência de textos poéticos e anúncios publicitários.

A ambiguidade pode ser:

Lexical: quando um termo sustenta dois ou mais significados simultâneos, em razão


do próprio contexto ou da força polissêmica (multiplicidade de sentidos) da palavra.

Ex: O rapaz pediu um prato ao garçom.

A palavra prato pode assumir tanto o sentido de objeto, quanto o sentido de refeição.
Não está claro se o rapaz pediu um prato, uma louça ou se pediu um alimento, uma
iguaria.

Sintática: quando um termo ou expressão pode se combinar com duas ou mais


palavras da estrutura da frase.

Ex: Chegou ao Brasil o reitor de uma universidade que acabou de receber um


prêmio da UNESCO.

O pronome que, pode estar retomando tanto reitor, quanto universidade. A


ambiguidade poderia ser desfeita substituindo-se o “que”, por “o qual”, “a qual”.

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Ex: Chegou ao Brasil, o reitor de uma universidade, a qual acabou de receber
um prêmio da UNESCO.

9.5 Fatores de organização Textual

Reportando-nos a conceitos já estudados, vimos que o texto é um encadeamento


lógico de palavras e frases sendo, portanto, uma unidade global de comunicação
veiculando ideias, pensamentos e opiniões. Nesse contexto, os enunciados devem
estar conectados entre si numa perfeita harmonização de frases, períodos e
parágrafos.

Para a elaboração de um bom texto, necessariamente se faz relevante o processo de


planejamento textual, na qual a progressão textual é responsável pela organização
temática e estrutural do texto.

Especialmente na produção de dissertações, gênero tão exigido nos vestibulares e


concursos, acionamos o movimento de retomada e ampliação de informações,
promovendo a progressão do texto. A desejável progressão ocorre por meio dos
processos de:

Remissividade: é a propriedade efetuada pelo enunciador com a finalidade de


correlacionar frases e orações entre si. É a escolha de certas palavras que retomam
termos já citados anteriormente estabelecendo relações de sentido.

Complementaridade: é a propriedade de um enunciado, que além de estar conectado


com o anterior, acrescenta informações novas. Para ser complementar, um enunciado
precisa ser remissivo, mas só isso não o suficiente, se for apenas remissivo e não
acrescentar nada de novo, pois incorrerá em redundância.

Direcionalidade: é a propriedade que consiste em escolher e combinar todos os


componentes do texto, orientando-os para o objetivo pretendido, fortalecendo o
posicionamento assumido pelo enunciador.

Hiperlink:

Leia a reportagem “Do rato ao computador”, usada de


exemplo no próximo parágrafo, clicando no link a seguir:
https://bit.ly/2Ggm45C

Analisando o texto, podemos observar preliminarmente que o titulo já baliza a ideia de


progressão ao demarcar um ponto inicial (do rato) e um ponto final (ao computador),
enquanto a palavra conexões destaca o conceito de correlação.

No texto ficou bem evidente que:

• Cada parágrafo, a partir do primeiro retoma algo que foi dito anteriormente;

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• Cada um acrescenta algo novo;
• Todos se orientam a cumprir o propósito de relatar um percurso que vai do rato
ao computador.

Assim opera-se a progressão textual, em que os enunciados se dispõem numa


sequência de tal forma que cada um retome significados anteriores, acrescente
significados novos e contribua para traduzir o sentido intencionado.

Resumindo

O texto é por excelência o espaço da interlocução e nele se instauram processos e


relações de elevada importância, no sentido de apreender, compreender, ativar
repertório, estabelecer relações intertextuais e produzir textos com progressão e
direcionamento.

Lembre-se

A intertextualidade é elemento constitutivo do processo de


leitura e escrita e se refere às maneiras pelas quais a
produção e recepção de um texto depende do conhecimento
de outros textos, por parte dos interlocutores.

Tome nota

Escrever bem é, assim, dispor as ideias numa sequência


precisa, que permita o desenvolvimento de raciocínio e haja
correlação entre uma frase e outra.

Investigue

http://geniodoenem.com.br/redacao-enem-progressao-textual

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Façamos juntos

. Os casos de interpretação ambígua em textos jornalísticos


ocorrem muitas vezes porque o leitor só lê a manchete, não o
texto total.

Considerando o exposto, avalie as manchetes transcritas a


seguir.

I. Jovem tenta assaltar PM com arma de brinquedo e é


baleado na zona sul de SP. (http:/ /noticias.r7.com)
II. A ONU está à procura de um técnico para ocupar o
cargo de diretor daquele centro de estudos sobre a
pobreza que vai instalar no Rio. (http:/
/pagina20.uol.com.br)
III. Macarrão levou Eliza Samudio para ser morta por
amar Bruno, diz advogado do goleiro. (http:/
/noticias.uol.com. br)
IV. Governo inclui vacina contra “hepatite A” no
calendário de vacinação do SUS. (http:/ /gl.globo.com)

É correto afirmar que há ambiguidade apenas em

a) I e IV.
b) II e III.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) I, II e IV.

http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/
2014/29_letras_portugues_bacharelado.pdfacessoem:12/03/
2019

Gabarito: D

A questão de nível fácil apresenta quatro manchetes, nas


quais o candidato analisará a ocorrência de ambiguidade,
precisando identificá-la. Necessariamente retomará o
conceito de ambíguo, como situação ou emprego vocabular
que permite duas ou mais intepretações e correlações.
.
No item I a ambiguidade ocorre em razão das possibilidades
de o verbo ser (é), retomar tanto “jovem”, quanto “PM”.No
item II, a ambiguidade tem ocorrência na possibilidade do
pronome “que” retomar o antecedente “centro de estudos
sobre a pobreza”, despontando a pergunta; instalar o que
?No item III, ambiguidade se aplica porque o trecho “por
amar Bruno”, pode se referir tanto a Macarrão quanto a Eliza.
O item IV não apresenta ambiguidade.

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Reflita

Não basta que a informação subsequente retome a antecedente


(remissividade). É necessário também que esse dado tenha
direcionalidade, isto é, que seja funcional para orientar e
sustentar o raciocínio e o sentido global do texto.

Bibliografia comentada:
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Desvendando os segredos do texto. 5.ed.
São Paulo: Cortez, 2006.

A autora apresenta reflexões sobre texto e linguagem, ancorada nas


pesquisas na área de linguística textual, que trata da construção dos sentidos
e da compreensão de textos. Ela enfatiza as atividades de referenciação, as
estratégias de progressão textual e o funcionamento dos articuladores
textuais.

Glossário
Inquestionável: que não é questionável; indiscutível.

Vertiginoso: que provoca o deslocamento extremamente rápido de algo. Que gira


com grande rapidez; que rodopia.

Explícito: explicado coerentemente, sem deixar dúvidas. Diz-se de qualquer regra


ou princípio cuja descrição é feita com precisão.

Implícito: que está envolvido, mas não expresso claramente; tácito, velado. Diz-se
da oração que tem a maioria de seus termos subentendida.

Instigar: levar uma ou mais pessoas a praticar uma ação; incitar, induzir. Ser
persuasivo; aconselhar.

Estilização: dar estilo ou forma estética diferente a algo. Atribuir ou adquirir novos
traços estilísticos; aprimorar (-se), renovar (-se)

Antirretroviral: são fármacos usados para o tratamento de infecções


por retrovírus, principalmente o HIV.

Soberba: Manifestação arrogante de orgulho, às vezes ilegítimo; presunção.

Eloquência: Habilidade de falar ou expressar-se em público com desenvoltura

Polissemia: Propriedade que uma palavra tem de assumir vários sentidos.

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CAPÍTULO 10– MEIOS DIGITAIS

No término deste capítulo, você deverá saber:


✓ Reconhecer cada um dos meios eletrônicos estudados, de forma a identificá-
los mediante suas características.
✓ Compreender o caráter revolucionário dos meios digitais na transformação
dos meios e formas de interação social.
✓ Usufruir dos benefícios de cada um dos meios, pela apropriação e emprego
de suas particularidades.

Introdução

Caro aluno,

Nesse capítulo você verá como os meios digitais têm ganhado cada vez mais espaço
no dia a dia da sociedade, haja vista sua natural proeminência nesta era globalizada.

Aprenderá a identificar cada um dos meios a serem estudados, pelas suas


características próprias de construção e interação.

Além disso, verá como esses meios são de fácil utilização e acesso, o que os torna
muito usuais e pertinentemente oportunos nas novas dinâmicas de relações
comunicacionais.

Nosso estudo está embasado em relevantes teses, dissertações e conclusões a


respeito dos meios digitais. Um notável pesquisador é o professor Luiz Antônio
Marcuschi, um dos grandes disseminadores das ideias de Bakthin a respeito dos
gêneros textuais e, neste caso,sobre os gêneros digitais emergentes.

Reflexão

“A ciência de hoje é a tecnologia de amanhã”, já dizia Edward


Teller. Com o avanço da ciência, novas tecnologias vão
surgindo, o que torna a vida das pessoas mais facilitada, pois
com apenas um clique, várias mensagens podem ser enviadas
instantaneamente, graças ao desenvolvimento tecnológico que
a ciência proporciona.

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10.1 Meios digitais – Introdução

Vivemos em um mundo globalizado. Podemos notar o avanço das mais diversas áreas
sociais, inclusive a área da comunicação. Mas, para chegarmos à nossa era digital,
vamos voltar um pouco no tempo...

A primeira manifestação da comunicação entre os seres humanos se deu por meio do


grito. Com o tempo, nossos ancestrais sentiram a necessidade de transmitir às
gerações futuras as experiências adquiridas por eles como, por exemplo, a atividade
da caça. Não somente isso, mas também o acúmulo de informações contribuiu para
que desenvolvessem formas de perpetuar suas vivências. Esses relatos se davam de
duas formas: por meio do ato de “contar histórias (provavelmente, também foi nessa
época que surgiram as primeiras histórias) e retratar os fatos em inscrições nas
paredes das cavernas” (Rapaport, p. 20, 2012). E foi dessa maneira que surgiu a
primeira forma de comunicação escrita.

O desenvolvimento da escrita foi bastante prolongado. Levou muitos anos para que
outros marcos históricos surgissem (somente em 4000 a.C.)

Na Grécia Antiga, a comunicação era estudada sob a forma de poesia e retórica e,


depois, foi atrelada à área acadêmica. Somente com o surgimento de meios de
comunicação como o telégrafo e o telefone (no final do século XIX) é que os
interesses pela comunicação de fato foram estimulados, e isso fez com que a escrita
fosse considerada como um campo acadêmico em si (Rapaport, 2012).

Especialistas de diversas áreas tentaram isolar a comunicação como um aspecto


específico de sua própria área, mas na década de 60, a sociedade estava num
processo de transição de uma cultura impressa para uma visual, firmada nas ideias do
educador canadense Marshall McLuhan de que “o meio é a mensagem” (2003). O que
chamava sua atenção foram às formas de comunicação por aparelhos tecnológicos
como filmes e a televisão.

Na década de 70, a comunicação passou então a ser concentrada no aspecto


persuasivo e nos usos da tecnologia da comunicação para propósitos sociais e
artísticos, incluindo a educação dentro e fora da escola.

O termo tecnológico se refere “às diferentes estratégias que o homem desenvolveu


para agir sobre a natureza e seu ambiente” (Rapaport, 2012). Desde os tempos mais
remotos, o homem já elaborava ferramentas que facilitassem a caça e a defesa de
predadores, e a partir de então vemos a transformação do homem no desenvolvimento
da agricultura. Mais à frente, a construção de computadores e tantas outras
contribuições, mostram que a tecnologia sempre esteve presente na vida do ser
humano, não sendo, portanto, uma característica exclusiva dos tempos modernos,
pois seu traço principal é o aperfeiçoamento sistemático dos métodos de ação do
homem sobre a natureza. Hoje, a tecnologia tem encontrado um espaço cada vez
maior nas relações sociais.

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Veremos a seguir, em cada item, um meio digital diferente cuja finalidade é, em termos
gerais, aproximar as pessoas por meio da mídia.

10.2 E-mail

O e-mail, também chamado “correio eletrônico”, surge no início dos anos 70, nos
computadores do departamento de defesa dos EUA (ARPANET), torna-se popular nos
anos 80 e assume a feição atual em meados dos anos 90. É uma “forma de
comunicação escrita normalmente assíncrona de remessa de mensagens entre
usuários do computador” (MARCUSCHI). No início, o e-mail tinha poucas linhas e,
apesar de ser emitido com certa rapidez, a recepção era muito lenta. Com o tempo, foi
sendo aperfeiçoado e tem sido bastante utilizado em nossos dias. Muitos o
consideram como o “fim dos correios tradicionais” e das cartas escritas. Realmente, o
e-mail tem tomado um espaço cada vez maior na sociedade, mas isso não representa
ameaça para os gêneros mais antigos, assim como os e-books não representam
ameaça aos livros impressos.

Podemos listar aqui algumas características do e-mail, tais como:

• São pessoais;
• Podem ser enviados de um emissor a um receptor ou a vários receptores
simultaneamente;
• A resposta à remessa pode ocorrer em um espaço curto de tempo quando
ambos estão conectados ou então em dias, pelo fato de o receptor ainda não
ter acessado sua caixa de mensagens.
• Geralmente os interlocutores são conhecidos ou amigos e raramente ocorre o
anonimato;
• Seu tamanho é ilimitado, mas geralmente não se ultrapassam de 5 a 10 linhas;
• Não é comum utilizar paragrafação
• A utilização de emoticons não é tão constante.

Podemos comparar o e-mail a uma carta tratando-se do formato textual. Há uma parte
pré-formatada, com cabeçalho já padronizado e posto pelo programa, e outra livre
para a escrita. Também pode receber textos anexados (attachmemnt). A estrutura
pode ser sequenciada desta forma:

1. Endereço do remetente: automaticamente preenchido


2. Endereço do receptor: deve ser inserido (quando não for uma resposta)
3. Possibilidade de cópias: a ser preenchido, visível ou não ao receptor
4. Assunto: deve ser preenchido
5. Data e hora: preenchimento automático
6. Corpo da mensagem com uma saudação, texto e assinatura

Os e-mails podem ter estrutura como a de um bilhete, sem linguagem monitorada,


visto que hoje podemos escrever um e-mail como rascunho e enviá-lo mais tarde.

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Há também o que chamamos de encadeamento de turnos: e-mails que podem estar
em sequência, sem serem apagados. É como se fossem várias cartas emparelhadas
em correspondência a um arquivo sequencialmente anexado.

O sistema de colagens também é utilizado: é uma construção textual que permite “um
sistema de resposta de e-mails colando parte do e-mail recebido; depois mais uma
parte com a resposta e assim, por diante, na estrutura de turnos”.

Curiosidade: a escrita com maiúsculas nos e-mails dá a sensação de que a pessoa


está gritando ou xingando, sendo por isso evitada.

O e-mail é um instrumento de comunicação atual que traz elementos numa estreita


relação com a oralidade, cujos aspectos formais e discursivos ultrapassam os limites
do domínio oral e escrito.

10.3 Postagens

Postagem é tudo aquilo que é publicado em sites ou em redes sociais, a fim de


promover discussões, responder a perguntas, provocar o riso, etc. Cada detalhe de
uma postagem pode fazer grande diferença em seus resultados. O uso de imagens,
emojis, hashtags são cada vez mais comuns em redes sociais de grande acesso. É
comum vermos, por exemplo, uma pessoa postando um prato de comida muitas vezes
diferente de sua rotina, com várias hashtags e ao fundo uma marca, fazendo
referência ao seu status de localização. (é uma forma de ganhar curtidas em sua
publicação).

As postagens de imagens nas redes sociais geram certo engajamento social on-line. É
fundamental escolher bem como organizar o post para que se torne interessante ao
público e esteja adequado aos tamanhos de imagens que cada rede social pode
suportar. Quanto maior o engajamento de um post, maior será o seu alcance. Quando
um post é compartilhado e agrada a muitas pessoas torna-se viralizante como, por
exemplo, vídeos de pessoas cantando e que em pouco tempo, já são vistas por uma
grande maioria.

Os screenshots são também uma boa opção para ilustrar as postagens em redes
sociais e suas capturas podem ser feitas a partir de mensagens de WhatsApp, de e-
mails, de folders, entre outros.

Importa que toda postagem seja contextualizada para que seja possível a sua
compreensão por parte dos leitores.

10.4 Blogs

Blog é uma modificação de weblog, possivelmente traduzida como “arquivo na rede”.


Os blogs surgiram no ano de 1999 com a utilização do software Blogger, pertencente à
empresa do norte-americano Evan Williams. Na verdade, ele não foi concebido com a
intenção de produzir blogs, mas a produção de diários digitais fez com que este fosse

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amplamente empregado. Esse software era um facilitador, pois permitia que a
população publicasse textos on-line, sem a necessidade de uma especialização em
computação, e justamente por essa causa o blog tornou-se popular.

Blog pode ser definido como a criação de uma página pessoal com o intuito de
compartilhar informações, experiências, etc., contendo textos, imagens e até músicas.
Diferentemente do diário escrito, no qual as pessoas colocam seus segredos sem a
intenção de serem lidos por outras pessoas, o blog evidencia questões humanas
justamente para serem lidas e discutidas por muitos. Encontram-se as seguintes
definições em sites destinados à produção de blogs:

Blog é uma abreviação de weblog, ou registro eletrônico, e apresenta um caráter


dinâmico de interação possibilitandos pela facilidade de acesso e de atualização. O
que distingue o blog de um site convencional é a facilidade com que se podem fazer
registros para a sua atualização, o que o torna muito mais dinâmico do que os sites.

Algumas características dos blogs são:

1. Facilidade para edição, atualização e manutenção dos escritos em rede.


2. Interatividade com o leitor das páginas virtuais
3. Aproximação com o gênero “diário” devido a traços em sua composição e uma
imagem estereotipada do escrito pessoal.
4. Não se paga por seu uso ou pela hospedagem do blog no site que oferece o
serviço, mas obviamente existem custos para o usuário como a aquisição de
um computador, a assinatura do provedor, entre outros.
5. Podem ser lidos por qualquer pessoa com acesso à internet
6. Exibem um nome ou apelido como marca registrada

10.5 Jornal on-line

A internet é a grande responsável pelo desenvolvimento dessa natureza de jornal ao


qual damos o nome de jornalismo on-line. Esse tipo de jornal segue as mesmas regras
de um jornal impresso, televisivo ou radiofônico, a saber:

• Periodicidade
• Universalidade
• Atualidade
• Publicidade

As características elencadas acima são postuladas como essenciais nas pesquisas do


jornalista alemão Otto Groth.

O jornal on-line é apenas mais uma das formas de materialização de uma realidade
ideal. Vemos também que esse tipo de jornal materializa jornais que outrora se
apresentavam ao público em outros suportes (impressos, radiofônicos e televisivos).
Vamos analisar a seguir como se dá o jornal on-line, considerando as características
especificamente singulares para todos os tipos de jornais.

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Assim como nos demais tipos de jornais, a periodicidade também é um fator
incontestável para um jornal na web. Sua variação depende das capacidades de
produção, do tipo de informação e do público-alvo. Muitos jornais on-line somente
reproduzem a periodicidade dos jornais impressos, seja na regularidade diária ou
semanal, mas há vários casos em que a periodicidade é reforçada com atualizações
na versão on-line, visto que se houver um fato noticioso num dia, pode-se obter essa
informação on-line, sem ter que aguardar o dia seguinte para granjeá-la. As notícias
são dadas no momento em que chegam à redação, e, além disso, as informações
ficam armazenadas e acessíveis no suporte, ou seja, as edições estão em
disponibilidade ao leitor que geralmente é um assinante, assim a notícia ganha em
profundidade temporal.

Quanto à universalidade, o jornal é responsável por apresentar um maior


conhecimento de mundo ao homem para que este construa seus pensamentos e
opiniões. Tudo o que se passa no mundo, que provoca curiosidade e desperta o
interesse do homem é tido como algo que pode se tornar um conteúdo jornalístico. E o
jornalismo on-line, neste quesito, é universal pelo fato de que qualquer assunto pode
ser incluído nas suas notícias, basta que faça parte do mundo objetivo de seus
leitores. O que o distingue dos outros jornais é a sua maior capacidade de cumprir a
universalidade, visto que pode abranger muito mais informação que um jornal
impresso – limitado pelo número de páginas – ou radiofônico e televisivo – limitados
pelo tempo disponível para a emissão.

O jornalismo on-line abrange o aspecto da atualidade de forma ainda mais acentuada,


e fato deste preservar e tornar acessível suas edições anteriores, não interfere neste
quesito. Toda informação jornalística veiculada na internet exige uma atualização
permanente, e diferentemente do rádio ou da televisão, o jornal on-line mantém sua
informação sempre disponível, mesmo que haja alguma intercorrência.

A atualidade no jornal on-line não é feita às custas da universalidade. Em primeiro


lugar, porque preserva a memória, dando assim conta das causas remotas dos
eventos atuais; em segundo lugar, porque sua organização possibilita dar conta da
pluralidade de acontecimentos, sem, com isso, investir menos na atualidade. Além
disso, os jornais on-line abrem espaço para que haja a interação dos leitores e sua
integração na produção, o que contribui para a atualização do jornal, visto que, com a
intervenção dos leitores, há uma consciência mais notória por parte dos jornalistas no
tocante ao que é tido como atual. Nesse contexto, releva-se pontuar o uso de uma
estrutura mais dinâmica e concisa, reforçando os princípios de transmissão ágil e
interativa (hipertextos), permitindo que o leitor “construa” sua leitura.

E, por fim, a publicidade faz com que o jornal se abra para as pessoas e dê a elas as
informações sobre seu mundo objetivo, podendo ser potencial – visando a alcançar
todos os possíveis leitores – ou efetiva – quando se restringe a um público
determinado. O jornal on-line cumpre com essa publicidade na medida em que
possibilita o acesso a todos os que em qualquer parte do mundo estão conectados à
Internet. Assim como os outros tipos de jornais, o jornal on-line depende das
condições culturais, sociais e econômicas de cada indivíduo ou local como o acesso a
computadores com rede.

19
Resumindo

Os meios digitais estão em constante ascensão em nossa era globalizada. Hoje em


dia, a maioria das pessoas têm acesso a informações através desses meios. Eles
estão tomando cada vez mais espaço pela sua facilidade e agilidade na transmissão
de informações diversas.

Investigue

https://www.youtube.com/watch?v=A4HW7ydWXUI –
Evolução dos meios de comunicação no Brasil – Globo
Ciência

Lembre-se

Os gêneros digitais estão em alta, mas isso não significa que


outros gêneros mais antigos como os correios tradicionais ou
diários não sejam mais utilizados. Ainda que seu uso seja
bem menor que outrora e muitos jovens e adolescentes dessa
geração nem saibam como utilizá-los, há pessoas que ainda
preservam seu uso.

Tome nota

Marcuschi afirma que os meios digitais podem afetar nossos


hábitos de leitura e escrita, visto que no ambiente virtual pode-
se notar certa relação entre a escrita e a fala informal, o que
provoca uma mistura (hibridismo) que, por vezes, pode ser
mal compreendida.

Reflita

É possível que, com o avanço dos meios digitais, outros


gêneros mais antigos venham cair em desuso?

20
Façamos juntos

(ENEM – 2013) O hipertexto permite – ou, de certo modo,


em alguns casos, até mesmo exige – a participação de
diversos autores na sua construção, a redefinição dos papéis
de autor e leitor e a revisão dos modelos tradicionais de
leitura e de escrita. Por seu enorme potencial para se
estabelecerem conexões, ele facilita o desenvolvimento de
trabalhos coletivamente, o estabelecimento da comunicação
e a aquisição de informação de maneira cooperativa.

Embora haja quem identifique o hipertexto exclusivamente


com os textos eletrônicos, produzidos em determinado tipo
de meio ou de tecnologia, ele não deve ser limitado a isso, já
que consiste numa forma organizacional que tanto pode ser
concebida para o papel como para os ambientes digitais. É
claro que o texto virtual permite concretizar certos aspectos
que, no papel, são praticamente inviáveis: a conexão
imediata, a comparação de trechos de textos na mesma tela,
o “mergulho” nos diversos aprofundamentos de um tema,
como se o texto tivesse camadas, dimensões ou planos.

RAMAL, A. C. Educação na cibercultura: hipertextualidade, leitura, escrita


e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2002.

Considerando-se a linguagem específica de cada sistema de


comunicação, como rádio, jornal, TV, internet, segundo o
texto, a hipertextualidade configura-se como um (a)

a) elemento originário dos textos eletrônicos.


b) conexão imediata e reduzida ao texto digital.
c) novo modo de leitura e de organização da escrita.
d) estratégia de manutenção do papel do leitor com perfil
definido.
e) modelo de leitura baseado nas informações da
superfície do texto.

Resposta correta: C

Resolução: A hipertextualidade é um novo modo de leitura e


organização da escrita, uma vez que envolve a participação
de diversos autores na sua construção, redefinindo, por
vezes, os papéis de autor e leitor, a ordem de leitura, e a
escolha do caminho a ser percorrido, modificando os
modelos tradicionais de escrita e leitura.

21
Bibliografia:
Gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital – Luiz Antônio
Marcuschi

Blogs e as práticas de escrita sobre si na Internet – Fabiana Cristina Komesu


(http://perdidanoparaiso.weblogger.com.br/)

KISCHINHEVSKY, Marcelo. Rádio e mídias sociais: mediações e interações


radiofônicas em plataformas digitais de comunicação. Editora Mauá: Rio de
Janeiro, 2017.

Glossário
Assíncrono – que não se realiza ao mesmo tempo que outro.

Emoji - Símbolo gráfico, ideograma ou sequência de caracteres [ex.:^_^] que


expressa uma emoção, uma atitude ou um estado de espírito, geralmente usado na
comunicação eletrônica informal.

Midiático – relativo à mídia. Que é transmitido, difundido pela mídia.

Podcasting – forma de transmissão de arquivos multimídia na Internet criados


pelos próprios usuários.

Streaming – tecnologia que envia informações multimídia, através da transferência


de dados, utilizando redes de computadores, especialmente a Internet, e foi criada
para tornar as conexões mais rápidas.

22
CAPÍTULO 11 - O JORNAL E SEUS GÊNEROS

No término deste capítulo, você deverá saber:


✓ Identificar os mais diversos gêneros jornalísticos a partir de suas
características próprias.
✓ Compreender que o gênero jornal serve de suporte para outros gêneros.
✓ Perceber a especificidade de cada um dos gêneros a serem estudados, e seu
respectivo enquadramento no jornal.
✓ Considerar as diferenças entre cada um dos gêneros em análise, a fim de
mobilizar-se enquanto leitor crítico dos discursos jornalísticos.

Introdução

Caro aluno,

Nesse capítulo você verá algumas características do jornal em termos gerais, porém é
necessário entender que o jornal, seja no suporte impresso, sejana versão digital, é
um gênero que tem a capacidade de abranger diversos outros gêneros
simultaneamente, por isso o chamamos de complexo. Mas há alguns gêneros como,
por exemplo, a crônica que também, pode ser encontrada em outros campos da
atividade humana.

Aprenderá que cada um dos gêneros carrega características que os tornam


identificáveis e possíveis de diferenciá-los.

Nosso estudo está embasado em teses e dissertações de renomados professores nas


suas conclusões a respeito dos gêneros jornalísticos.Um dos principais textos
utilizados foi o Manual de Jornalismo, contendo alguns dos gêneros que foram
tratados neste capítulo.

Reflexão

“Os jornais excitam sempre a curiosidade. Ninguém larga


nenhum jornal sem uma sensação de desapontamento.”, já
dizia Charles Lamb. Um bom jornal, ao se encontrar com um
bom leitor, sempre deixa um gostinho de “quero mais”.

11.1 Introdução

O jornal é um meio de comunicação pertencente à Imprensa escrita cotidiana cuja


característica é a periodicidade, visto que registra os acontecimentos do cotidiano
como um arquivo, e seu acompanhamento permite a cronologia dos fatos. Seu
objetivo é informar os leitores por meio de notícias, funcionando também em menor

23
parcela, como uma fonte de entretenimento e distração. Vamos listar a seguir algumas
características do jornal:

1. Aspectos formais e materiais:


a. Qualidade do papel;
b. Formato;
c. Número de páginas;
d. Tipografia: tamanho, tipo de impressão, etc.
e. Ilustrações: fotos, desenhos, caricaturas, gráficos, etc.
f. Primeira página: a “vitrine” do jornal;
g. Composição: organização e distribuição das colunas e seções;
disposição dos textos, títulos e ilustrações no interior das páginas do
jornal;
h. Nome: elemento de reconhecimento e de identificação do jornal;
i. Sistema de títulos: títulos, subtítulos e intertítulos das matérias e artigos
(denotam geralmente o “sentido” escolhido pelo jornal).
2. Aspectos históricos do jornal
a. Origem do jornal: local de publicação; data de fundação; membros
fundadores; contrato social da empresa;
b. Proprietários e diretores do jornal: nas diferentes fases; vínculos
político-ideológicos; obras e escritos principais;
c. Proposta do jornal: análise de números especiais – primeiros números;
números de mudança de direção; números comemorativos de
aniversário;
d. Corpo de redação do jornal: editorialistas e articulistas; tipos de vínculo
com a empresa jornalística;
e. Principais campanhas encapadas pelo jornal: especialmente durante o
período estudado.
3. Aspectos econômicos do jornal
a. Financiamento: controle acionário da empresa; exercícios financeiros;
doações; assinaturas e vendas avulsas; anúncios publicitários;
b. Tiragem: um dos elementos mais interessantes e que permite apreciar
a importância relativa de cada jornal;
c. Publicidade: fornece também indicações sobre o tipo de público leitor e
sobre o clima econômico do período estudado;
d. Difusão: sistema de vendas e de distribuição (implica também no
comportamento da compra);
e. Preço: estabelecer relações com custo de vida, salário médio e número
de páginas do jornal;
4. Aspectos da clientela do jornal: o público-leitor alvo;

24
a. Destinatários “explícitos”, seção de “carta ao leitor”, anúncios
publicitários, doadores ocasionais;
b. Idade, sexo, situação profissional, classe social e região geográfica.

Há um critério para classificar os gêneros na comunicação massiva periodística – que


se apresenta nos jornais e revistas – baseado na seguinte ordem: Campo,
Modalidade, Categoria, Gênero e Formato. No caso do jornal, temos então:

Campo: comunicação (massiva)

Modalidade: periodística (jornal e revista)

Categoria: jornalismo

Gênero: Informativo (Formato: nota, notícia, reportagem, entrevista); interpretativo


(Formato: análise, perfil, enquete, cronologia); opinativo (editorial, comentário, artigo,
resenha, coluna, caricatura, carta, crônica); utilitário (chamadas, indicador, cotação);
ilustrativo (gráficos, tabelas, caricatura, fotografia); de propaganda (comercial
institucional e legal); e de entretenimento (passatempo, jogos, histórias em
quadrinhos, palavras cruzadas, charadas).

11.2 Jornal como suporte de gêneros

O jornal é um gênero textual que carrega em seu interior vários tipos de textos, cada
um com suas especificidades e características próprias, ou seja, ele carrega vários
outros gêneros textuais.

Segundo Takazaki (2004, p. 106), há pelo menos 18 gêneros textuais encontrados nos
jornais com mais frequência. São eles:

1. anúncio classificado
2. anúncio publicitário
3. artigo
4. carta do leitor
5. chamada
6. charge
7. crítica(de arte)
8. crônica
9. editorial
10. entrevista
11. gráfico
12. legenda
13. manchete
14. notícia
15. reportagem
16. resenha
17. tabela

25
18. tira

A esses gêneros, é possível incluir outros, pois sabemos que se trata de uma lista
infindável. O horóscopo, por exemplo, também é um gênero encontrado nos jornais,
além de palavras cruzadas, indicadores econômicos, notas de falecimento, etc.

Enumerados os gêneros acima, é necessário também classificá-los de acordo com 3


características: aspectos tipológicos, capacidades de linguagem e domínios sociais.

A tabela que utilizaremos a seguir, adaptada do trabalho de Elvira Lopes Nascimento


(Nascimento apud Dolz e Schneuwly, 2005, p. 6) é uma amostra como exemplo:

Gêneros do Aspecto
Capacidade de linguagem Domínio social
jornal tipológico
Regulação mútua de
Anúncio Prescrições e comportamentos por meio da Regulação de
classificado instruções orientação (normativa ações.
prescritiva ou descritiva)
Sustentação, refutação, Discussões de
Anúncio
Argumentar negociação de tomadas de problemas sociais
publicitário
posição. controversos.
Sustentação, refutação, Discussões de
Artigo de
Argumentar negociação de tomadas de problemas sociais
opinião
posição. controversos.
Sustentação, refutação, Discussões de
Carta do leitor Argumentar negociação de tomadas de problemas sociais
posição. controversos.
Representação pelo discurso Documentação e
Chamada Relatar de experiências vividas, memorização das
situadas no tempo. ações humanas.
Sustentação, refutação, Discussões de
Charge Argumentar negociação de tomadas de problemas sociais
posição. controversos.
Sustentação, refutação, Discussões de
Crítica Argumentar negociação de tomadas de problemas sociais
posição. controversos.
Representação pelo discurso Documentação e
Crônica Relatar de experiências vividas, memorização das
situadas no tempo. ações humanas.
Sustentação, refutação, Discussões de
Editorial Argumentar negociação de tomadas de problemas sociais
posição. controversos.
Representação pelo discurso Documentação e
Entrevista Relatar de experiências vividas, memorização das
situadas no tempo. ações humanas.

11.3 Notícia

A notícia trata sobre fatos, acontecimentos reais e atuais, de caráter verdadeiro, cujos
valores são a proximidade, a importância, o conteúdo humano e a originalidade. Para
que uma notícia seja considerada como tal, precisa ter pelo menos três características:

26
• Veracidade (tratar sobre fatos verdadeiros),
• Atualidade (uma boa notícia trata de assuntos atuais e só faz uso de dados
antigos quando necessário no caso de comparações, por exemplo)
• Capacidade de interessar (precisa ser algo chamativo, que interesse os
leitores).

Logo, tudo o que um jornal publica é considerado uma notícia. Porém, num sentido
mais técnico, sua definição se restringe um pouco mais. Neste caso, podemos dizer
que notícia se refere a textos informativos, sendo eles curtos e bem claros, elaborados
mediante algumas regras como: título, lead, subtítulos, construção por blocos e em
forma de pirâmide invertida. Vamos ver algumas delas.

Lead – palavra de origem inglesa usada para se referir ao primeiro parágrafo da


notícia e que traz respostas a seis questões fundamentais: O quê? Quem? Quando?
Onde? Por quê? Como? – sendo que as duas últimas podem ser omitidas do lead e
serem respondidas no parágrafo subsequente. Logo, o lead é um resumo de tudo que
vai ser dito na notícia por completo.

O lead tem por função informar o leitor de forma imediata sobre o que vai se tratar a
notícia, as características mais importantes do fato, além de atraírem o leitor para o
restante do texto. Para isso, precisa se satisfazer num parágrafo curto e objetivo para
que a compreensão seja facilitada e a leitura, encorajada.

Em relação às seis questões para compor um lead, nem sempre todas serão incluídas.
Há casos em que algumas das perguntas, geralmente “Quando?” e “Onde?” são
desnecessárias. Por exemplo:

“A Câmara do Porto aprovou hoje, na sala de sessões dos Paços do Conselho,


alterações ao Plano Diretor Municipal...” (informação tautológica/repetição
desnecessária de uma mesma ideia)

Há casos em que o lead é composto por uma única frase, logo o verbo a ser utilizado
precisa ser bem escolhido: direto, de ação e estar no presente, de preferência, para
dar “tom” à notícia.

Quando o lead é bem construído, o leitor nem precisaria se apegar tanto às outras
partes da notícia, pois suas informações principais já foram dadas no primeiro
parágrafo, mas o caráter apelativo do lead leva o leitor a se interessar por todo o
conteúdo e querer lê-lo de forma ainda mais completa. Vejamos mais um lead a seguir
que responde aos 4Q’s das 6 questões tratadas nos parágrafos anteriores:

O Cônsul honorário de Portugal em Marrocos (Quem?) foi detido (O quê?)


ontem (Quando?) no porto de Ceuta (Onde?) com mais de 86 quilos de haxixe
(Por quê?)

O lead pode iniciar-se com qualquer uma das perguntas e a ordem pelas quais elas se
seguem dependerá do assunto e da ordem de relevância dos aspectos que envolvem
a notícia.

27
Nesse contexto da composição estrutural da notícia, é necessário pontuar o que na
linguagem jornalística é chamada de Pirâmide invertida – técnica mais comum de
construção da notícia que vem logo após o lead. As informações são relatadas em
ordem decrescente, ou seja, os fatos mais importantes vêm em primeiro lugar e à
medida que vamos descendo pelo corpo do texto, as informações vão se tornando
cada vez menos essenciais. Recebe esse nome porque sua base – o que é mais
importante – está no topo (diferentemente de uma novela, por exemplo).

Os parágrafos (construção por blocos) – está associada à pirâmide invertida. Essa


construção considera que cada parágrafo constitui uma “entidade logicamente
autônoma”, ou seja, os parágrafos não estão necessariamente ligados, tem relação
uns com os outros, mas funcionam como blocos estanques de forma autônoma. Tem
uma vantagem dupla: ainda que o leitor desista da leitura no decorrer do texto e perca
alguma informação, não fica com nenhuma ideia pendente do parágrafo seguinte;
além disso, se o editor ou paginador precisar diminuir apressadamente alguma parte
da notícia, pode começar cortando a partir do fim já que não é tão essencial e assim
não será preciso emendar nem corrigir os outros parágrafos.

A notícia é, portanto, um gênero de leitura facilitada. Essa clareza e


compreensibilidade podem ser notadas na memorização dos fatos mais importantes
do texto, na eficiência em fazer o leitor apressado captar essas informações e na
alteração ou correção da notícia.

10.4 Reportagem

É considerado o gênero jornalístico mais nobre. Assim como a notícia, seu objetivo é
informar os leitores sobre algum acontecimento, porém esta se diferencia daquela por
tratar do assunto de forma mais aprofundada, segundo o ponto de vista adotado. Na
reportagem, o assunto deve ser cuidadosamente investigado – sua estrutura é
diferenciada – e o jornalista deve investir mais tempo e recursos do que na notícia.

A reportagem tende a ser minuciosa, trazendo ao leitor o máximo de detalhes


possíveis a respeito da história, fazendo com que o leitor pareça vivenciar aquilo que
está sendo contado.

Uma reportagem sempre conta com títulos apelativos e permitem a livre construção do
texto desde a pirâmide invertida, até a isenção de quaisquer tipos de pirâmide O
jornalista é o responsável por recolher as informações para a produção de uma
reportagem, que permanece subordinada aos fatos e não admite intromissões de
qualquer natureza.

É uma produção trabalhada com antecedência na redação e, nesse momento, é


efetuada pelo jornalista em conjunto aos editores e chefias a escolha do tema, o
ângulo de abordagem a utilizar e os passos que deverão ser seguidos durante a
realização do trabalho de campo.O caráter da reportagem pode ser notado na
observação direta e no recolhimento de dados.

28
Quando um jornalista se encarrega de uma reportagem, precisa estar atento a dois
fatores que devem ser avaliados em conjunto: o ângulo pré-definido e o olhar
fenomenológico. Quanto ao primeiro fator, o jornalista faz previsões a respeito do
acontecimento do qual vai falar; já no segundo caso, ele tem que olhar para as coisas
como se tudo fosse novo. Se houver um conflito entre suas previsões e a realidade,
mais importa o segundo aspecto, pois, a partir dos novos dados recolhidos, poderá
haver uma alteração no ângulo de abordagem do trabalho.

O trabalho do jornalista o leva a se aprofundar no tema da reportagem, expandindo os


dados e mobilizando os leitores se aproximem dos fatos ou eventos noticiados.

11.5 Editorial

É um texto produzido pela direção do jornal, com comentários e análises esclarecidos


a respeito dos acontecimentos mais marcantes da atualidade ou daquela edição.
Sempre acompanha o número da publicação. O editorial expressa uma opinião do
próprio jornal. Diferentemente dos outros textos do jornal como os de colunistas que
comprometem apenas a eles mesmos, o editorial expressa à opinião da empresa
como um todo e, por essa razão, é vista como a seção mais nobre do jornal. Daí a
necessidade de cuidado com sua elaboração. Um editorial falho acaba colocando o
próprio jornal em descrédito

No caso de jornais que apresentam mais de um editorialista, o editorial fixo é escrito


pelo diretor enquanto os comentários referentes às outras seções do jornal não são
assinados demonstrando, assim, seu posicionamento de caráter coletivo. Ainda que o
jornal seja tomado como uma entidade coletiva, ele necessariamente deve expressar
sua opinião, pois não serve apenas para narrar acontecimentos isolados, mas deve
pronunciar-se sobre eles: tomar um partido: qual seu real significado? Que relações
podem estabelecer com outros acontecimentos? Quais consequências poderão vir
sobre as pessoas? Não deve se calar, nem tampouco utilizar de ambiguidade, mas
decidir-se a respeito de qual direcionamento seguir e levar isso a público, porém
sempre respeitando os leitores, pois estes vão chegar às suas próprias conclusões,
concordando ou não com o jornal. Por isso, os editoriais dogmáticos que chegam até
mesmo a insultar os leitores são inadequados. A opinião do jornal não deve violar o
estatuto editorial, mas sim inspirar diariamente o trabalho da Redação.

O editorial não deve ser feito para agradar a todos sem tomar um posicionamento,
mas também não pode ser um “editorial em órbita”, que fala de tudo, menos daquilo
que realmente importa aos leitores e ao próprio jornal.

O tema do editorial deve ser de interesse comum e que o editorialista domine bem
para opinar sobre isso.

O texto em si deve ser “claro, incisivo, rigoroso e assertivo”. Deve mostrar rigor em
suas argumentações e clareza em suas deduções. Quanto a seu tamanho, deve ser
relativamente curto, ocupando sempre o mesmo espaço. Não deve ser entediante
para não aborrecer os leitores (por isso, evita-se frases longas), nem pedante (utilizar
sempre uma linguagem de fácil compreensão).

29
Em relação à sua tipologia, Luiz Beltrão divide os editoriais em três aspectos:

Tropicalidade Conteúdo Estilo

Preventivo: se
antecipa à
Intelectual: apela à razão dos
realidade, Informativo: esclarece o leitor
seus leitores, convidando-os a
avaliando sobre fatos ou situações e explica
raciocinar e a seguirem uma
situações ainda aspectos que apenas ficaram
determinada linha de
esboçadas e implícitos na notícia
argumentação.
concluindo as
consequências.

De ação:
acompanha uma Emocional: apela à
ocorrência sensibilidade do leitor,
analisando as Normativo: intenta convencer e procurando tocar os seus
suas causas e exortar o leitor a assumir um instintos, crenças sentimentos
desenvolvimento determinado rumo de ação mais arraigados, de uma forma
no preciso emotiva e não totalmente
momento em racional.
que sucedem

De
consequência:
Ilustrativo: procura aumentar a
se debruça,
instrução dos leitores, chamando
dedutivamente,
a atenção para as questões do
sobre as
cotidiano que costumam passar
repercussões e
despercebidas.
consequências
de um fato.

11.6 Artigos de opinião

Assim como nos artigos de opinião da área acadêmica, este é um texto inteiramente
subjetivo e pessoal, no qual o autor exprime sua opinião, seu ponto de vista, a respeito
de algum assunto que tenha chamado sua atenção. Ao escrever, o autor pode adotar
estilos e temáticas bem diversificadas como, por exemplo, redigir um texto mais suave
e cheio de humor a respeito de algum costume ou então, de forma mais rigorosa,
analisar acontecimentos, relacionando os fatos que, aparentemente, podem ser
diferentes, mas a partir deles tirar suas deduções e conclusões.

Mas qual a finalidade de um artigo? Para que ele serve? Bem, o objetivo desse tipo de
texto sempre será o mesmo: afirmar posições pessoais de um indivíduo – neste caso,
o autor do artigo para o jornal. Mas, para que se afirme algo, o autor precisa se utilizar
de argumentos favoráveis a si mesmo para que, a partir da leitura de seu texto, os
leitores possam aderir às teses e conclusões tiradas por ele.

30
Diferentemente da notícia, cujo objetivo é o de informar, noticiar sobre um fato novo, o
artigo lança o debate e esclarece o público. Mas podemos encontrar nesse tipo de
texto alguns aspectos que não são notados na notícia ou que não podem ser tratados
nela, e isso só será possível, pela capacidade de análise do opinante.

Embora sejam textos totalmente subjetivos como falamos no início deste capítulo, eles
contam com uma pretensão de validade, talvez não universal, mas, podendo ser
“intersubjetivamente alargada”. O autor sabe que há uma parcialidade em suas
posições, mas concomitante a isso, deseja e espera que sua opinião, sendo bem
argumentada, seja partilhada e convença a uma grande maioria.

Já vimos que um texto ou artigo de opinião pode variar bastante quanto a seu estilo e
à sua temática, e não há regras para que se escreva um bom texto. Quando alguém
escreve um texto desse tipo num jornal, demonstra que tem algo a dizer aos leitores.
O valor de uma opinião corresponde ao valor de quem a enuncia, e os critérios
editoriais da publicação devem, portanto, e evidentemente, levar isso em
consideração.

Resumindo

O jornal é um gênero complexo que abrange vários outros gêneros e que pode ser
caracterizado mediante vários aspectos, dentre eles seus aspectos formais e
materiais, históricos e econômicos.

Tome nota

A disponibilidade aborda o quanto acessível o fato é para os


jornalistas, o quanto é tratável na forma técnica. Esse fator
ainda abarca o critério de brevidade que se atém ao essencial
de uma notícia.

Lembre-se

Existem gêneros totalmente jornalísticos, que são presos ao


jornal, mas há alguns que são considerados como livres, isto
é, não são obrigatoriamente pertencentes à esfera jornalística,
mas podem ser encontrados nela. E há alguns que recebem
mais destaque que outros.

31
Investigue

https://www.youtube.com/watch?v=C8yhimFq4dY

Reflita

É possível que um jornal possa abranger outros gêneros como


alguns mais atuais e implantá-los em suas páginas, ou
sempre fará uso dos mesmos gêneros?

Glossário
Coloquialidade – qualidade do que é coloquial. Coloquial – relativo ao discurso
oral ou aum discurso espontâneo e informal.
.
Fidedigno– digno de todo o crédito.

Lead= lide, é a primeira partede uma notícia, geralmente o primeiro paragrafo em


destaque.

Tautológica – em que há tautologia. Tautologia – repetição inútil da mesma ideia


em termos diferentes = pleonasmo, redundância.

32
CAPÍTULO 12 - EXPRESIVIDADE

No término deste capítulo, você deverá saber:


✓ Compreender a noção de desvio programado em nome da expressividade;
✓ Identificar e analisar os efeitos de sentido que as figuras de linguagem
agregam aos textos;
✓ Conhecer as figuras de linguagem selecionadas considerando seu mecanismo
gerador (semelhanças, oposição, contiguidade e repetição).

Introdução

Caro aluno!

Nesse capítulo investiremos nossos esforços na apropriação de recursos linguísticos a


serviço da expressividade. Dessa forma, teremos a oportunidade de caminhar entre
discursos, nos quais as palavras transcendem seus usos habituais e se dinamizam
nos desvios intencionalmente provocados para produzir efeitos de sentido. Esses
desvios premeditados caracterizam as figuras de linguagem como recursos retóricos
que se ancoram em princípios e mecanismos básicos de constituição.

No expressivo rol de figuras de linguagem selecionamos algumas das que exploram o


princípio de semelhança, oposição, aproximação e repetição em vista da maior
incidência nos textos de circulação social.

Que as páginas desse capítulo lhe reservem boas experiências no contato com formas
diferenciadas de burilar a linguagem.

Bom estudo!

Reflexão

“O homem político gostaria de provar a legitimidade de suas


ideias, um vendedor ambulante desejaria persuadir o cliente a
comprar seu produto, uma adolescente quer convencer os pais
para poder sair à noite, o advogado de defesa deve demonstrar
a inocência de seu cliente...”.

Dortier, Jean-François. Dicionário de ciências Humanas. São


Paulo:WMFMartins fontes,2000.p.23.

12.1 Recursos eficientes na linguagem

A linguagem é o maior atributo do ser humano no processo de comunicação e


certamente a palavra se traduz como o instrumento mais eminente na concretização
dessa interlocução. Inerente ao ser humano, a necessidade de dialogar e interagir

33
verbalmente flui em todos os meios e nas mais diversas situações. No entanto, não só
de bate-papo e conversas informais vive o homem, logo, os discursos mais
formalizados e programados também se fazem presentes na vida social das pessoas.
E falando em “programados”, vale iniciar nosso estudo nos reportando à democracia
grega, que privilegiava as questões mais significativas numa discussão em praça
pública (a agora), das quais reverberavam tomadas de decisão. Havia um interesse
singular em construir um discurso que obtivesse sucesso nesses debates, e foi então
que nasceu a retórica, uma arte, que segundo alguns representantes, tinha como
propósito a persuasão dos juízes e conselheiros das reuniões públicas.

Não é de se estranhar que as figuras de linguagem também sejam chamadas de


figuras de retórica, uma vez que se constituem como recursos linguísticos que
produzem efeito retórico, ou seja, funcionam como argumentos para persuadir.

Retórica é a arte de persuadir por meio do bom uso da linguagem. No caso da língua,
por meio de palavras.

Persuasão é uma estratégia de comunicação que consiste em utilizar recursos


emocionais ou simbólicos pra induzir alguém a aceitar uma ideia, uma atitude, ou
realizar uma ação.

Argumentos são recursos de linguagem acionados para tornar uma proposta mais
aceitável que outra.

Podemos assinalar então, que as figuras de retórica se configuram como certas


manobras que se fazem com as palavras ou expressões no intuito de dizer algo de
maneira mais notável, envolvente e mais impressionante. Elas impelem o modo de
dizer, projetando a atenção sobre o que se diz; e para isso, o corriqueiro cede lugar ao
inusitado exercendo força mobilizadora no tocante à enunciação.

Observem a diferença entre um modo de dizer usual e um modo de dizer mais


elaborado.

A Folha de S.Paulo é o jornal mais comprado “Folha de S.Paulo: o jornal que mais se
pelas pessoas, mas nunca se deixa compra e nunca se vende.” (Propaganda do
corromper por dinheiro. Jornal Folha de S.Paulo).

Vamos analisar outro exemplo de uso da linguagem a serviço da expressividade.

Fazendo menção ao episódio doloroso ocorrido na favela do Realengo,zona oeste do


Rio de Janeiro, em abril de 2011, na qual um rapaz de 23 anos, armado com dois
revólveres invadiu uma escola municipal, e agiu de forma tenebrosa, deixando12
mortos e 13 feridos; o Diário de Pernambuco comunicou com mais sensibilidade a
ocorrência trágica através da seguinte manchete:

12 mortos, 190 milhões de feridos.

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O jornal fez um considerável uso da linguagem para traduzir a dimensão da tragédia,
pois conseguiu registrar a brutalidade do massacre que atingiu a população brasileira.
A tristeza e a perplexidade diante da tragédia foram inscritas nesse título, que
sensivelmente ecoou a sensação de padecimento geral dos brasileiros.

Dessa forma, o modo de construção da manchete, valendo-se de sentido figurado em


prol do efeito argumentativo, chamou muito mais a atenção do leitor. Temos, portanto,
um exemplo de efeito retórico através de uma operação habilidosa com a linguagem
que colocou em projeção o modo de dizer, contribuindo expressivamente para a
orientação argumentativa do texto.

12.2 Relações de semelhanças

Como nosso estudo se apoia no uso das palavras em sentido diferente do usual, ou
seja, nos desvios programados, o tipo de relação que se estabelece nesse processo é
de suma importância para nossa compreensão. Adentaremos então nas relações de
semelhanças planificadas nos traços de sentidos entre as palavras, a começar pela
figura de linguagem denominada “comparação”. Como o próprio nome já esclarece, a
dinâmica que se constitui no discurso é o da comparação entre dois polos, e isso
ocorre de forma explícita através do emprego de uma partícula comparativa (que,
como, assim como, bem como...).

Ex: Os drones são como motoqueiros no ar.

Notem que o segundo termo (motoqueiro), transporta para o primeiro (drones), traços
de sentido que lhes são peculiares, conferindo maior expressividade. A agilidade e
destreza dos motoqueiros são características que foram transferidas para os drones.

Comparação: consiste na explicitação da semelhança entre dois termos por meio de


conectores (como, tal qual...).

É muito comum o emprego da comparação na linguagem informal (coloquial) e nos


textos artísticos como, por exemplo, na música e na literatura.

Observem um fragmento do poema de Manuel Bandeira:

Hiperlink:

Caro aluno, confira o poema “Desencanto”, de Manuel


Bandeira, clicando no link a seguir: https://bit.ly/2y0oq3H

O grande poeta Manuel Bandeira revela a enorme angústia e sofrimento que vibra em
seu coração. E, a cada verso, a dor fica mais patente ainda, por isso mesmo, “o fazer
versos” é comparado ao ato de chorar, de extravasar a dor e o sofrimento. Frequente
nos versos de Bandeira, a sensibilidade e a inspiração poética bebiam nas fontes de
sua vida pessoal.

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Vejamos mais um exemplo de comparação, dessa vez, exemplificada na música:

Hiperlink:
Caro aluno, leia a letra da música “Na Primeira Manhã”, de
Alceu Valença: https://bit.ly/2O376Gs

É perceptível, que os versos são carregados de comparações que traduzem


momentos de solidão e desatino de um enunciador que se vê perdido num extremo
isolamento.

Passaremos agora ao estudo de um processo similar, no qual uma palavra é usada


com o sentido de outra, ancorada numa relação de semelhança entre os seus
significados. Geralmente um traço do sentido próprio da palavra é transposto à outra,
contextualmente em sentido figurado. Estamos nos referindo à metáfora.

A metáfora é uma figura de linguagem, que nas palavras de José Luiz Fiorin
(Professor da USP), “dá concretude a uma ideia abstrata, aumentando a intensidade
do sentido”.

12.3Trabalhando os opostos

Quando desejamos confrontar palavras ou noções de sentidos opostos, salientando a


relação desigual entre dois dados da realidade, fazemos uso de uma figura retórica
denominada “antítese”. Nessa figura de linguagem, os opostos não são simultâneos.

Vejamos um exemplo de ideias opostas nos versos de Vinícius de Moraes

Hiperlink:

Caro aluno, leia a poesia “Soneto da Separação”, de Vinicius


de Moraes, no link a seguir: https://bit.ly/2XY6xgA

Ideias antitéticas:

• Riso x pranto
• Calma x Vento
• Triste x contente
• Próximo x Distante

O emprego das antíteses exterioriza as abruptas mudanças que se processam na


relação amorosa. Não mais que de repente tudo se transfigura em dor e sofrimento.

Quando as palavras ou noções contrárias são enunciadas simultaneamente, temos em


vez da antítese, um paradoxo: recurso retórico no qual as ideias contrárias são
englobadas num só conjunto.

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Ex: *O cotidiano escolar era um misto de céu e inferno.

A rica pobreza de Francisco de Assis é alvo de admiração ainda hoje.

Precisamos atentar quanto aos riscos de desconsiderar as diferenças entre a antítese


e o paradoxo, achando inadvertidamente que são as mesmas figuras. Podemos levar
em conta o critério da simultaneidade:

Ex: Em um momento dizem verdade, noutro mentira (antítese/ não é


simultâneo)

Em um momento dizem verdade e mentira (paradoxo/ é simultâneo)

Os efeitos de sentido do paradoxo são mais intensos, pois revelam a coexistência de


contradições na mesma realidade, e isso confere à mensagem maior força expressiva.
É um recurso muito útil para expressar ironia e sarcasmo.

Ex: Minha irmã vive no mundo da lua, passa os dias sonhando acordada.

Em arte, verdade é aquilo cujo contrário também é verdadeiro (Oscar Wilde)

Notem no fragmento do poema de Vinícius de Moraes o efeito retórico do paradoxo:

Hiperlink:

Caro aluno, leia o poema “Operário em construção”, de Vinicius


de Moraes, no link a seguir: https://bit.ly/1K2XpLw

A construção textual aponta para sentidos opostos de um mesmo termo que é a casa:
ao mesmo tempo a liberdade e a escravidão do eu-lírico.

12.4 Relações de interdependência

Algumas figuras retóricas estabelecem uma interdependência entre seus significados


numa correspondência de causa e efeito, como é o caso da figura de linguagem
denominado metonímia.
Ex: Meu som quebrou, vou levar para consertar.
Não é o som que deu problema e está precisando de conserto, mas o aparelho de
som. Num processo metonímico, foi usado o efeito (som) para designar a causa
(aparelho)
Metonímia consiste em empregar um termo no lugar de outro, havendo entre ambos,
estreita afinidade ou relação de sentido.
Alguns exemplos de metonímia:

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1 - Autor pela obra:

Gosto de ler Machado de Assis. (= Gosto de ler a obra literária de Machado de


Assis.)

2-Continente pelo conteúdo:

Bebeu o cálice todo. (= Bebeu todo o líquido que estava no cálice.)

3-Marca pelo produto:

Minha filha adora Danone. (= Minha filha adora o iogurte que é da marca
Danone.)

4- Parte pelo todo:

Comprei cem cabeças de gado. (=Comprou o gado inteiro).

12.5 Refinamento crítico

Quem já não passou por situações em que proferiu algo em tom irônico?Seja de forma
cômica ou sarcástica? A ironia está muitas vezes presente nas falas cotidianas, e
como figura de linguagem, consiste no uso de uma palavra ou expressão com sentido
oposto ao usual. É próprio da ironia, expor uma ideia para ressaltar outra contrária e
implícita.

Quem foi o inteligente que preencheu o formulário com erros?

Foi você quem quebrou a jarra? Que belo serviço!

Em alguns casos de construção textual, a discrepância entre o que se afirma e o que


se deve compreender ficam bem explícitas, em outros é mais sutil exigindo um nível
de interpretação mais complexo. Observe:

Como professor, ele é um ótimo fotógrafo.

Política no Brasil se faz com ética e corrupção.

No romance: Memórias Póstumas de Brás Cubas, o personagem protagonista, revela


sutilmente as verdadeiras intenções da amante Marcela, proferindo a seguinte frase de
contundente ironia:

“Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis...” (Machado


de Assis)

A ironia é definida como um recurso da linguagem que gera um efeito de sentido


contrário ao significado da palavra e/ou expressões utiliza no contexto.

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O discurso jornalístico, especificamente o de crivo interpretativo, além de lançar mão
de recursos sintáticos para construir e estruturar sua eficácia, também se utiliza de
ironia e refutação como estratégia retórica. Nesse caso, a ironia é assinalada
discursivamente nos momentos em que o texto demonstra a tomada de posição tanto
do enunciador quanto de suas fontes.

Observe o exemplo na manchete:

O Estado tem dezenas de depoentes que aceitaram contar o que sabem à


polícia ou a parlamentares que investigam a atuação do crime organizado.
Tiveram a garantia de uma suposta proteção que acabou não se concretizando
(R1)

Nesse título, o uso da palavra “suposta”'', ironiza a proteção oferecida pela polícia,
levando o leitor a compreender que embora a ideia socialmente estabelecida seja de
que o cidadão deva cooperar com as investigações, esse procedimento é muito
arriscado, uma vez que não se verificam garantias de segurança.

12.6 Os propósitos da repetição

Nem toda repetição se traduz em redundância ou vícios de linguagem, pois quando


bem trabalhada, se configura como efeito de sentido, enfatizando a convicção do
enunciador em seu discurso, o que contribui para autenticar as ideias veiculadas.

Pleonasmoé o uso intensificado de palavras na transmissão de uma ideia, com o


intuito de realçá-la. Pode atuar como uma figura de linguagem - pleonasmo literário -
ou como um vício de linguagem – pleonasmo vicioso.

Hiperlink:

Caro aluno, leia a poesia “Soneto de fidelidade”, de Vinicius de


Moraes, no link a seguir: https://bit.ly/2LAON6n

Esse soneto de Vinícius de Moraes vem permeado de retórica consubstanciando a


ideia de fidelidade e amor confessional. No terceiro verso do 2º quarteto, temos:

“Rir meu riso e derramar meu pranto”

A construção poética desse soneto se ancora no uso da figura de linguagem


denominada pleonasmo, pois há uma repetição intencional e bem lapidada que se
reflete em elevado grau de expressividade nos versos.

Já no pleonasmo vicioso a repetição das ideias é supérflua,sendo desnecessária para


a transmissão das ideias; o que ocorre geralmente por desatenção ou pouco
conhecimento acerca dos mecanismos da língua.

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Exemplos

1. Entrar para dentro


2. Sair para fora
3. Subir para cima
4. Descer para baixo
5. Adiar para depois
6. Surpresa inesperada
7. Ver com os olhos
8. Protagonista principal
9. Encarar de frente
10. Conclusão final
11. Há muito tempo atrás
12. Planejar antecipadamente
13. Repetir de novo

Resumindo

A comunicação expressiva dispõe de recursos e mecanismos para sublinhar nossas


ideias, num discurso que vai além dos usos habituais da linguagem, e se configura
como emissária de sentidos que visam alcançar habilidosamente os resultados
pretendidos.

Tome nota

As figuras de retórica são recursos de grande importância na


literatura, pois auxiliam na construção estética e criativa da
obra.

Investigue

https://sosletras.wordpress.com/2015/02/19/papo-letrado-
entrevista-com-joao-jonas-veiga-sobral/

Lembre-se

Operações enunciativas que trabalham uma repetição


intencional validam e realçam significados e sentidos nos
contextos discursivos.

40
Reflita

O campo da retórica, de certa forma perturba a pretensa


lógica da linguagem.

Façamos juntos

Os meios de comunicação podem contribuir para a resolução


de problemas sociais, entre os quais o da violência sexual
infantil. Nesse sentido, a propaganda usa a metáfora do
pesadelo para:

a) informar crianças vítimas de violência sexual sobre os


perigos dessa prática, contribuindo para erradicá-la.
b) denunciar ocorrências de abuso sexual contra
meninas, com o objetivo de colocar criminosos na
cadeia.
c) dar a devida dimensão do que é abuso sexual para
uma criança, enfatizando a importância da denúncia.
d) destacar que a violência sexual infantil predomina
durante a noite, o que requer maior cuidado dos
responsáveis nesse período.
e) chamar a atenção para o fato de o abuso infantil
durante o sono, sendo confundido por algumas
crianças com um pesadelo.

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Façamos juntos

Gabarito: C

A questão é de nível fácil, pois requer do aluno apenas a leitura


e apreensão do processo de semelhança entre os termos
violência sexual e pesadelo, cuja referência é de angustia e
tormento, ou seja, a metáfora do pesadelo é um recurso retórico
utilizado para aproximar comparativamente a violência sofrida
pelas crianças (abuso sexual), ao monstro que causa medo e
temor. Nesse contexto, o aluno logo identificaria as finalidades
do anúncio, articulado ao processo metafórico.

Bibliografia comentada:
FIORIN, José Luiz e SAVIOLI, Francisco Platão. Lições de texto: leitura e
redação. 5.ed. São Paulo: Ática, 2006.

Os autores, Francisco Platão Savioli e José Luiz Fiorin, apresentam em


Lições de texto: leitura e redação, uma proposta de aprendizagem prática e
produtiva,desenvolvendo questões teóricas, através da leitura de textos e
comentários que facilitama compreensão dos conceitos estudados.

FIORIN, José. Luiz. Figuras de Retórica. São Paulo: Contexto, 2014.

Numa perspectiva diferenciada nos estudos de retórica, o autor trabalha as


figuras como operações enunciativas que, intensificando ou atenuando o
sentido, constroem a persuasão.

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Glossário
Retórica: conjunto de princípios que constituem a arte da eloquência ou do
bem-dizer; oratória.

Impelir: conjunto de princípios que constituem a arte da eloquência ou do


bem-dizer; oratória.

Consternar: causar ou vivenciar sentimento de profundo desgosto ou grande


tristeza; lançar (-se) em consternação, desolar(-se), afligir(-se), contristar(-se).

Simultâneo: que se diz, faz ou acontece ao mesmo tempo em que outra coisa
pela qual se faz referência; concomitante, síncrono,

Espalmar: abrir a palma da mão, estendendo os dedos; apalmar:

Coexistência: existência simultânea; simultaneidade.

Sarcástico: que ataca ou critica com sarcasmo.

Sarcasmo: ironia ou zombaria mordaz e cruel.

Póstuma: que ocorre depois da morte de alguém.

Refutação: ato ou efeito de refutar; contestação.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Os gêneros do discurso. 2ª ed. São Paulo:


Martins Fontes, 1997.

CEREJA, Willian Roberto; MAGALHÃES, Tereza Cochar. Português: Linguagens,


volume único. 1Ed. São Paulo: Atual Editora, 2003.

CUNHA, Celso; CYNTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo.


7ªedição: Lexikon, 2016

AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. 2ª edição:


Publifolha, 2008

TERRA, Ernani. Curso Prático de Gramática. Editora Scipione: São Paulo, 1996
(adaptado)

FRANCHI, C.; NEGRÃO, E.; MÜLLER, A. L. Mas o que é mesmo gramática? São
Paulo: Parábola, 2006.

JAKOBSON, Roman. Linguística e Comunicação. Tradução de IzidoroBlikstein e José


Paulo Paes. São Paulo: 2ª Ed. Editora Cultrix, 2005.

SAVIOLI, Francisco Platão (1994). Gramática em 44 lições. São Paulo. Ática.

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 38 ed. rev. ampl. e atual. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2015.

FIORIN, José Luiz e SAVIOLI, Francisco Platão. Lições de texto: leitura e


redação.5.ed. São Paulo: Ática, 2006.

KOCH, IngedoreGrunfeld Villaça. Desvendando os segredos do texto. 5.ed. São


Paulo: Cortez, 2006.

MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital.


Em: MARCUSCHI, L. A. & XAVIER, A. C. (Orgs.) Hipertexto e gêneros digitais. Rio de
Janeiro: Editora Lucerna, 2004.

GRADIM, Anabela. Manual de jornalismo. Coleção Livros LabCom, 2000.

FIORIN, José. Luiz. Figuras de Retórica. São Paulo: Contexto, 2014.

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