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Anatomofisiologia

Prof.ª M.ª Adriana Leite Martins


Prof. Guilherme Bernardes Filho
Diretor Presidente
Prof. Aderbal Alfredo Calderari Bernardes
Diretor Tesoureiro
Prof. Frederico Ribeiro Simões
Reitor

UNISEPE – EaD
Prof. Me. Igor Gabriel Lima
Prof. Dr. Jozeildo Kleberson Barbosa
Prof. Me. Leonardo José Tenório Mourão Torres

Material Didático – EaD

Equipe editorial:
Fernanda Pereira de Castro - CRB-8/10395
Idamara Lobo Dias
Isis Gabriel Alves
Pedro Ken-Iti Torres Omuro
Prof. Dr. Renato de Araújo Cruz

Apoio técnico:
Alexandre Meanda Neves
Anderson Francisco de Oliveira
Gustavo Batista Bardusco
Matheus Eduardo Souza Pedroso
Vinícius Capela de Souza

Equipe de diagramação:
Laura Michelin de Oliveira Machado

Equipe de revisão:
Ana Beatriz Torres Omuro, Prof.ª Camila Santos Seimaru, Prof.ª Fabíola Löwenthal, Prof.ª Juliana Duarte, Laura Lemmi Di
Natale, Marcela Gonçalves Ferreira Camillo.
SOBRE A AUTORA:

Professora Adriana Leite Martins é graduada (Bacharelado) em Fisioterapia pela


Universidade de Mogi das Cruzes (2003). É mestre em Engenharia Biomédica (2006) pela
Universidade de Mogi das Cruzes em parceria com a UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo).

É docente do Centro Universitário do Vale do Ribeira (UNIVR) desde 2008, nos cursos de
Fisioterapia, Nutrição, Farmácia, Biomedicina, Enfermagem e Psicologia, já ministrou aulas na pós-
graduação nos cursos de Fisioterapia, Enfermagem e Educação Física. É supervisora de estágio
curricular nas áreas de Fisioterapia Neurológica e Fisioterapia Pediátrica.

Desenvolve atividades de iniciação científica como orientadora. È membro do núcleo docente


estruturante (NDE) do curso de Fisioterapia e membro da comissão Própria de Avaliação (CPA) do
UNIVR. Possui conhecimento no preparo de materiais para disciplinas EAD. Atua na área de
educação há 12 anos.

SOBRE A DISCIPLINA:

Caro aluno seja bem-vindo à disciplina de Anatomofisiologia Humana!

Esta disciplina tem por finalidade estudar o corpo humano conhecendo seus órgãos e
estruturas de formação, através dessa disciplina você conhecerá as formas, localização e
funcionamento de todos os constituintes corporais.

A disciplina de Anatomofisiologia Humana visa proporcionar o conhecimento básico da


estrutura e funcionamento dos diferentes sistemas orgânicos, bem como seu controle e inter-relações
com o meio interno e ambiente.

Este livro didático está dividido em três unidades, na primeira você conhecerá alguns conceitos
básicos necessários para entender o que é Anatomia e Fisiologia e quais as suas relações. Depois de
passar pelos conhecimentos da Introdução a Anatomia e Fisiologia nos próximos capítulos dessa
unidade, você estudará a Anatomia e Fisiologia Celular, Tegumentar e do Sistema Esquelético.

Na segunda unidade e terceira unidades, você aprenderá sobre a Anatomia e Fisiologia dos
Sistemas: Muscular, Nervoso, Endócrino, Cardiocirculatório, Respiratório, Digestório, Urinário e
Reprodutor.

Bons Estudos!
Os ÍCONES são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de linguagem e
facilitar a organização e a leitura hipertextual.
SUMÁRIO

UNIDADE II ..........................................................................................05
5º ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA MUSCULAR....................05
6º ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO......................18
7º ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA ENDÓCRINO...................30
8º ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA CARDIOCIRCULATÓRIO...42
UNIDADE II
CAPÍTULO 5 - ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA
MUSCULAR
No término deste capítulo, você deverá saber:

✓ Definição dos músculos;


✓ Funções do Sistema Muscular;
✓ Propriedades dos músculos;
✓ Tipos dos músculos;
✓ Tipos de fibras musculares;
✓ Componentes anatômicos dos músculos;
✓ Contração muscular;
✓ Tipos de contração muscular;

Introdução

O sistema muscular é responsável pelo movimento do corpo humano, é através da contração que os
músculos produzem força para tracionar os ossos e produzir movimento nas articulações. Além
disso, os músculos representam cerca de 45% do peso corporal e estabilizam a posição do corpo
humano contra a ação da gravidade.

Conhecer as funções do sistema muscular e seus componentes anatômicos abre um mundo


de informações que ultrapassam os limites relacionados apenas ao movimento humano.

Ao estudar esse capítulo, você aprenderá mais sobre esse fantástico sistema.

Arrepio ou Calafrio é uma sensação de frio que ocorre quando a temperatura corporal diminui.
Os tremores também ocorrem juntamente com calafrios, porque o corpo produz calor durante a contração
muscular em uma tentativa fisiológica de aumentar a temperatura do corpo.

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5.1 Definição

Os músculos são feixes de células musculares que se fixam pelas suas extremidades e movem
segmentos do corpo através de sua característica de contração e relaxamento, geralmente em
resposta a um estímulo nervoso.

Os músculos são capazes de transformar energia química através da “quebra” de uma


molécula chamada ATP (adenosina trifosfato) em energia mecânica e gerar trabalho.

ATP: a adenosina trifosfato, também conhecido como ATP, é uma molécula que transporta energia nas células.
É a principal moeda de energia da célula, todos os seres vivos usam ATP como fonte de energia.

O corpo humano é formado por aproximadamente 501 músculos, esse número não é exato
devido algumas variações como, por exemplo, as diferenças raciais. Nossos músculos representam
cerca de 40 a 50% do peso corporal.

Figura 1 – Musculatura humana

Fonte: https://todoimagenes.co/organos-del-cuerpo-humano

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5.2 Funções dos músculos

As funções do Sistema Muscular são:

1. Realização de movimentos - Dentre as diversas funções que os músculos realizam, a


capacidade de produzir movimentos é uma característica peculiar, ou seja, é uma
característica exclusiva, apenas o sistema muscular é capaz de realizar contração e
relaxamento muscular.
2. Estabilização das posições do corpo - As contrações que os músculos realizam estabilizam
as articulações e ajudam na manutenção da postura corporal. Assim, atitudes como ficar
sentado, em pé ou movimentar-se só é possível graças às contrações dos músculos.
3. Movimentação de substâncias orgânicas - Os músculos revestem as paredes dos vasos
sanguíneos e todos os nossos órgãos, dessa forma, as contrações geradas nos vasos ajudam
a impulsionar e transportar o sangue durante a circulação sanguínea, assim como
movimentar alimentos no tubo digestório ou urina no sistema renal.
4. Produção de calor - Quando os músculos se contraem produzem energia que é utilizada
pelo organismo para manter a temperatura corporal.

As funções do Sistema Muscular são:

1. Realização de movimentos
2. Estabilização das posições do corpo
3. Movimentação de substâncias orgânicas
4. Produção de calor

5.3 Propriedade do sistema muscular

O sistema muscular possui quatro propriedades básicas que lhe permitem trabalhar em harmonia.

1. Excitabilidade Elétrica – Refere-se à capacidade que as células musculares têm de responder


a determinados estímulos elétricos, assim como ocorre nas células do sistema nervoso. Por
exemplo, o coração possui algumas células musculares especiais (chamadas de marca-
passo do coração) que são capazes de deflagrar estímulos elétricos e gerar contração.

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2. Contratilidade – Refere-se à capacidade de contrair-se quando é estimulado pelo estímulo
nervoso, essa contração gera tensão (força) que traciona os pontos de fixação dos músculos
produzindo movimento.

3. Extensibilidade – É a capacidade que os músculos têm de esticarem-se sem sofrer danos,


isso ocorre durante o alongamento por exemplo.

4. Elasticidade – É a capacidade que o músculo possui de retornar ao seu comprimento


e sua forma depois de uma contração ou depois de um alongamento.

As Propriedades do Sistema Muscular são:

1. Excitabilidade Elétrica
2. Contratilidade
3. Extensibilidade
4. Elasticidade

Tipos de músculos

Existem três tipos de músculos, são eles:

MÚSCULO ESTRIADO ESQUELÉTICO

o Forma: recebe o nome de estriado porque suas fibras musculares estão dispostas de
maneira irregular, o que confere um aspecto de ‘estrias’, e esquelético porque está sempre
ligado a um ou mais ossos.
o Localização: esse tipo de músculo reveste todo o esqueleto.
o Função: realiza contração voluntária, ou seja, podemos contrair e relaxar os músculos
estriados esqueléticos e assim produzir movimento pelo nosso desejo voluntário.

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MÚSCULO LISO

o Forma: recebe o nome de liso porque suas fibras musculares estão dispostas de maneira
regular, o que confere um aspecto ‘liso’.
o Localização: esse tipo de músculo reveste a parede de todas as vísceras (órgãos) e vasos
sanguíneos.
o Função: esse tipo de músculo realiza contração involuntária, ou seja, a contração e o
relaxamento não dependem do nosso desejo voluntário.

MÚSCULO ESTRIADO CARDÍACO

o Forma: recebe o nome de estriado porque suas fibras musculares estão dispostas de
maneira irregular, o que confere um aspecto de ‘estrias’, e cardíaco porque está sempre
ligado ao coração.
o Localização: Esse tipo de músculo reveste a parede do coração.
o Função: Esse tipo de músculo realiza contração involuntária, ou seja, a contração e o
relaxamento não dependem do nosso desejo voluntário

MÚSCULO MÚSCULO LISO MÚSCULO


ESTRIADO ESTRIADO
ESQUELÉTICO CARDÍACO
TIPO DE Voluntaria Involuntária Involuntária
CONTRAÇÃO
LOCALIZAÇÃO Esqueleto Vasos sanguíneos e Coração
vísceras

5.5 Tipos de fibras musculares

A massa muscular do corpo humano é composta por dois tipos principais de fibras musculares, as
vermelhas e as brancas. As fibras vermelhas são também chamadas de Tipo I ou de contração lenta
e as brancas de Tipo II ou de contração rápida. A classificação das fibras é feita através das suas
características contráteis e metabólicas.

A maioria dos grupos musculares é composta por uma combinação igual de fibras vermelhas
(contração lenta) e brancas (contração rápida), embora existam alguns grupos musculares com

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predominância de certo tipo de fibra. A porcentagem dos tipos de fibra pode ser influenciada pela
genética, níveis hormonais e hábitos de exercício do indivíduo.

➢ Fibras vermelhas de contração lenta (do tipo I)

Possuem grande número de capilares sanguíneos e alta atividade enzimática mitocondrial, o


que permite que essas fibras possuam grande capacidade de metabolismo aeróbico (obtenção de
energia com a presença de oxigênio) e alta resistência à fadiga, por isso realizam contração lenta,
que são aquelas contrações de menor intensidade, porém de maior duração.

Por exemplo: Atletas de resistência (corredores de distância) possuem alta porcentagem de


fibras vermelhas de contração lenta (do tipo I).

➢ Fibras brancas de contração rápida (do tipo II a)

Apresentam capacidade limitada de metabolismo aeróbico, no entanto, têm uma grande


capacidade anaeróbica (obtenção de energia na ausência de oxigênio) e são menos resistentes à
fadiga, por isso realizam contração rápida, que são aquelas contrações de maior intensidade, porém
de menor duração.

Por exemplo: Atletas de potência (corredores de curta distância) possuem alta porcentagem
de fibras rápidas.

➢ Fibras intermediárias (do tipo II b)

Possuem características mescladas das fibras do tipo I e II e têm a capacidade de


modificarem-se0 e adquirirem mais as características de uma que de outra com o treinamento físico.
O treinamento físico de potência e o de resistência promove uma conversão das fibras.

FIBRAS DE CONTRAÇÃO LENTA (Tipo I)

- Sistema de energia utilizado: AERÓBICO (utiliza o oxigênio como principal fonte de energia);
- Coloração: vermelha (devido ao grande número de mioglobina e mitocôndrias);
- Contração muscular lenta; são altamente resistentes à fadiga;
- São mais apropriadas para exercícios de longa duração como natação e corrida.

FIBRAS DE CONTRAÇÃO RÁPIDA (Tipo II)

- Sistema de energia utilizado: ANAERÓBICO;

- Coloração: branca;

- Contração muscular rápida; fadigam rapidamente;

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- Predominam em atividades anaeróbicas que exigem paradas bruscas, arranques com mudança de ritmo e
saltos.

FÁSCIA MUSCULAR - É uma lâmina de tecido conjuntivo que envolve cada músculo.

✓ A camada mais externa que envolve todo o músculo é chamada de epimísio;


✓ A camada que envolve cada feixe muscular é chamada de perimísio;
✓ A camada que envolve cada fibra muscular é chamada de endomísio.

Figura 2 – Músculo Estriado

Fonte: https://www.slideshare.net/dralazeb/structure-of-skeletal-muscle

MIOFIBRILAS – São estruturas fusiformes encontradas no interior das fibras musculares. São
formadas por dois filamentos: Actina (filamentos finos) e Miosina (filamentos grossos). Nelas estão
presentes também as proteínas contráteis chamadas Troponina e Tropomiosina.

VENTRE MUSCULAR – Constitui o corpo do músculo (a porção carnosa), é formado por fibras
musculares e representa a parte contrátil do músculo.

TENDÕES – São estruturas ricas em fibras colágenas que servem para fixar o ventre muscular nos
ossos, no tecido subcutâneo (abaixo da pele) e nas cápsulas articulares. Os tendões geralmente têm
um formato cilíndrico, quando se apresentam em forma de ‘leque’ ou lâminas são chamadas de
Aponeuroses.

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BOLSA TENDÍNEA – São pequenos sacos de tecido conjuntivo que envolvem os tendões e servem
para evitar o impacto deles com os ossos.

5.6 Contração muscular

A capacidade de movimentar o corpo, seja levantar-se, manter-se de pé em equilíbrio, caminhar ou


mudar de posição, tudo isso só é possível devido à contração muscular, que é processo fisiológico
que possibilita realizar estes movimentos.

Este fenômeno pode ser compreendido conhecendo a composição de um músculo: que é um


tecido composto por vários elementos revestidos por membranas que estão distribuídas de forma a
originar estruturas individuais. Essas estruturas menores que formam o músculo são as fibras
musculares, constituídas microscopicamente por células que no seu interior possuem uma cadeia de
proteínas denominadas actina e miosina, dispostas paralelamente alternada entre elas.

✓ CONTRAÇÃO – Por parte do sistema nervoso, que envia o estímulo, os filamentos da miosina
e actina se deslizam uns sobre os outros, diminuindo e aproximando-se fazendo, assim, com
que a fibra muscular se contraia, produzindo a contração muscular.

Figura 3 – Contração Muscular

Fonte: https://pt.slideshare.net/FranciscoM72/funcionamento-e-estrutura-do-musculo-esqueletico

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A energia para a contração muscular vem das moléculas de ATP (adenosina trifosfato)
produzidas durante a respiração celular. Estas moléculas atuam na ligação da miosina à actina,
ocasionando a contração muscular.

ATP: a adenosina trifosfato, também conhecido como ATP, é uma molécula que transporta energia nas células.
É a principal moeda de energia da célula, todos os seres vivos usam ATP como fonte de energia.

✓ RELAXAMENTO – Quando cessa o estímulo nervoso para a fibra muscular.

✓ FADIGA MUSCULAR - Ocorre por deficiência de ATP, que é a energia necessária para o
deslizamento da actina sobre a miosina, ou incapacidade de propagação do estímulo nervoso
por meio da membrana celular.

ETAPAS DA CONTRAÇÃO MUSCULAR:

1. O impulso nervoso percorre todo o neurônio motor e chega à junção neuromuscular;


2. Isso provoca a liberação de acetilcolina na fenda sináptica;
3. Esse neurotransmissor aumenta a permeabilidade da membrana ao sódio (carga +) e causa
despolarização da fibra muscular com propagação do impulso nervoso por todo o músculo;
4. A despolarização atinge o retículo sarcoplasmático e promove liberação de cálcio;
5. O cálcio liberado permite uma forte ligação entre actina e miosina;

A contração muscular continua enquanto há energia disponível para deslizar a actina sobre a miosina.

5.7 Tipos de contração muscular

Para que um movimento ocorra é necessário que os músculos recebam um estímulo através de um
comando do sistema nervoso e se contraiam. Existem duas formas de os músculos realizarem
contração:

CONTRAÇÃO ISOTÔNICA – Na contração dos músculos do esqueleto, os movimentos produzem


sempre a aproximação de ossos articulados entre si, enquanto o relaxamento muscular permite o
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afastamento deles. Torna-se evidente que a aproximação só é possível pelo encurtamento das fibras
que formam os músculos, o que é denominado de contração isotônica. A contração isotônica é
dividida em:

➢ Contração Concêntrica - o músculo se encurta e traciona outra estrutura, como um


tendão, reduzindo o ângulo de uma articulação.
➢ Contração Excêntrica - quando aumenta o comprimento total do músculo durante a
contração.

Figura 4 – Movimento muscular: contração concêntrica e excêntrica

Fonte: https://raislife.com/blog/wp-content/uploads/2015/01/rais-data-saude-dor-muscular-tardia-dmt-contracao-muscular-concentrica-
excentrica-pt.png?x52980

CONTRAÇÃO ISOMÉTRICA – Na contração isométrica, o comprimento do músculo não varia, ou


seja, não há movimento durante a contração. Um exemplo de contração isométrica é o do atleta que
sustenta com os braços seu corpo no ar. Enquanto sustém, seus braços permanecem em contração,
embora não produzam movimento.

Figura 5 – Contração isométrica

Fonte: https://yogateachercentral.com/study-library/anatomy-physiology-2/anatomy-physiology/anatomy-of-the-core/fundamental-
teachings/

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Neste capítulo, você viu que os músculos são estruturas anatômicas capazes de realizar contração e
relaxamento e produzir movimentos.

Os músculos possuem quatro propriedades: Excitabilidade Elétrica, Contratilidade, Extensibilidade e


Elasticidade. E podem ser classificados em: Músculo estriado esquelético, Músculo estriado cardíaco e
Músculo liso.

Você viu também que a massa muscular do corpo humano é composta por dois tipos principais de fibras
musculares, as vermelhas e as brancas. As fibras vermelhas são também chamadas de Tipo I ou de contração
lenta e as brancas de Tipo II ou de contração rápida. A classificação das fibras é feita através das suas
características contráteis e metabólicas.

Conforme suas formas, origens, inserções, ações e funções, os músculos podem receber diversas
classificações.

É importante lembrar que existem dois tipos principais de contração muscular, a contração isotônica, que
promove movimento durante a contração e pode ser subdivida em contração concêntrica e excêntrica, e
contração isométrica, que não há movimento durante a tensão muscular.

Assista ao vídeo “Sistema Muscular: Estrutura, divisões e funções dos músculos esqueléticos”. Ele traz uma
aula de anatomia humana sobre o sistema muscular no qual descreve a estrutura, divisões e funções dos
músculos esqueléticos e como eles movimentam as articulações. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=UHBPIY4AEPs

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Palavras Significado
Contratilidade Propriedade que tem certas células, especialmente as do tecido muscular, de
reduzir as dimensões mediante estímulo.
Elasticidade Propriedade de um corpo sofrer deformação, quando submetido à tração, e retornar
parcial ou totalmente à forma original.
Excitabilidade Propriedade de se excitar com determinado estímulo.
Extensibilidade Propriedade de um corpo sofrer deformação, quando submetido à tração.
Flexibilidade Elasticidade, maleabilidade.
Vísceras Órgão.

(Questão adaptada de UFPI) O ATP gasto durante a contração muscular é reposto, de forma rápida, graças a
uma substância que transfere seu grupo fosfato energético para o ADP, transformando-o em ATP. Essa
substância é denominada:

a) adenosina trifosfato

b) guanosina trifosfato

c) creatina-fosfato

b) miosina-fosfato

e) actina-fosfato

RESPOSTA: C

De acordo com o que foi estudado, você viu que: os músculos são capazes de transformar energia química
através da “quebra” de uma molécula chamada ATP (adenosina trifosfato) em energia mecânica e gerar
trabalho.

***Então a alternativa C é a correta.

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Qual das seguintes alternativas não é uma propriedade dos músculos?

a) Contração
b) Elasticidade
c) Excitabilidade
d) Extensibilidade
e) Transformação de energia

Brandão, Miriam. Anatomia Sistêmica - Visão Dinâmica para o Estudante - Guanabara Koogan. RJ- 1ª Ed.
2004

Este livro atende às necessidades diárias daqueles que precisam de uma visão dinâmica e
fundamentada da Anatomia Humana. Fornece suporte didático à medida que ministra exercícios de fixação e
de correlação, e apresenta imagens fotográficas das peças anatômicas que permitem explorações técnicas de
acordo com a necessidade em questão.

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UNIDADE II
CAPÍTULO 6 - ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA
NERVOSO
No término deste capítulo, você deverá saber:

✓ Definição e Funções do Sistema Nervoso;


✓ Divisões Anatômicas do Sistema Nervoso;
✓ Tipos de Células Nervosas;
✓ Impulso Nervoso;
✓ Tipos de Sinapses;
✓ Tipos de Condução Nervosa;

Introdução

Estudar a Anatomia e a Fisiologia Humana e conhecer o corpo humano são mesmo fascinantes,
entender como são os sistemas, quais são os órgãos que constituem cada um deles, sua localização,
sua forma e seu funcionamento.

No entanto, conhecer o sistema que atua no controle de todos os outros é maravilhoso e


nesse capítulo vamos conhecer um pouco desse complexo e organizado maquinário que é o Sistema
Nervoso.

Esse capítulo vai nos mostrar quem é o sistema nervoso, onde está localizado, quais as
divisões e subdivisões anatômicas e o seu funcionamento de forma geral.

“O puro espírito é uma pura estupidez, retire o sistema nervoso e os sentidos, e o resto é um erro de
cálculo, e isso é tudo!”
(autor: Friedrich Nietzsche)

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6.1 Definição e funções

O Sistema Nervoso (SN) é formado por uma rede complexa, porém muito organizada de
células nervosas que desempenham funções diversas e ‘excelentes’ em nosso corpo
humano.

O sistema nervoso realiza a função de controlar e coordenar as funções de todos os


sistemas que compõem o corpo humano, dessa forma, o sistema nervoso pode ser
considerado um sistema ‘soberano’ em nosso corpo. A prova disso é que quando ocorrem
danos no sistema nervoso, o indivíduo pode apresentar disfunções em vários outros, como
alterações motoras, sensitivas, cognitivas, esfincterianas entre outras.

De uma maneira generalista podemos dizer que as funções do sistema nervoso são:

1. Adaptar o organismo às condições externas;


2. Ajustar o organismo às condições internas (homeostasia);
3. Integrar, controlar e coordenar os demais sistemas corpóreos;
4. Elaborar funções psíquicas superiores;

Homeostasia: é a condição de relativa estabilidade da qual o organismo necessita para realizar suas funções
adequadamente para o equilíbrio do corpo.

Figura 1 – Sistema nervoso

Fonte: http://fisica2100.forumeiros.com/t811-sistema-nervoso-central

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6.2 Divisão anatômica e funcional do sistema nervoso

Anatomicamente, o sistema nervoso é dividido em duas partes: Sistema Nervoso Central e Sistema
Nervoso Periférico.

O Sistema Nervoso Central (SNC) se refere a um conjunto de estruturas nervosas localizadas


dentro do esqueleto axial.

O Sistema Nervoso Periférico (SNP) se refere a um conjunto de estruturas nervosas


localizadas fora do esqueleto axial.

Esqueleto Axial: conjunto de ossos presentes na cabeça e tronco do corpo humano. Ele é composto por três
partes: a cabeça, a caixa torácica e a coluna vertebral.

De uma maneira geral, o sistema nervoso funciona da seguinte maneira:

Fluxograma 1 – Funcionamento do sistema nervoso

SNC
SNP – Vias Eferentes

SNP – Vias Aferentes

RECEPTORES ORGÃOS EFETUADORES


Fonte: Elaborada pelo autor

◼ SNC – Recebe os estímulos, interpreta-os, direciona as áreas específicas e elabora respostas


para o controle corporal.

◼ SNP – Captam os estímulos através dos receptores, conduz informações nervosas ao SNC
(vias aferentes) e conduz as respostas do SNC aos órgãos efetuadores (vias eferentes).

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6.3 Sistema nervoso central

Sistema Nervoso Central (SNC) é constituído por estruturas que se localizam dentro do esqueleto
axial (cavidade craniana e canal vertebral). Sua função é receber os estímulos, comandar e
desencadear as respostas.

O sistema nervoso central é subdividido anatomicamente em:

◼ Encéfalo: formado por um conjunto de órgãos (Cérebro, Cerebelo e Tronco


Encefálico) localizados no interior do crânio.
◼ Medula Espinhal: tem a forma de um cordão, está localizada no interior do canal
vertebral na coluna, desde a região da primeira vértebra até o nível da segunda vértebra
lombar.

Figura 2 – Subdivisão do sistema nervoso

Fonte: Elaborado pelo autor

O sistema nervoso central é protegido por três estruturas diferentes, o esqueleto axial, as
meninges e o líquor.

1. Esqueleto axial: uma das funções dos ossos é garantir proteção a órgãos considerados vitais,
os órgãos do sistema nervoso central localizam-se no interior do esqueleto axial.
2. Meninges: são lâminas ou membranas de tecido conjuntivo que envolve os órgãos do sistema
nervoso central, garantindo proteção a eles.

✓ Dura-máter: meninge mais espessa e resistente. É a camada externa.


✓ Aracnoide: dispõe-se entre a dura-máter e a pia-máter. É a camada intermediária.
✓ Pia-máter: meninge mais delicada e mais interna. É a camada interna.

3. Líquido Cefalorraquidiano: também pode ser chamado de líquor, percorre o espaço


subaracnóideo, entre as meninges aracnoide e pia-máter. Sua função é amortecer choques
e evitar trauma, assim também atua como um meio protetor ao SNC.

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6.4 Sistema nervoso periférico

O sistema nervoso periférico se localiza fora do esqueleto axial, sua função é conduzir os estímulos
ao sistema nervoso central e as ordens emanadas da porção central até os órgãos efetuadores.

O sistema nervoso periférico é subdividido anatomicamente em:

◼ Gânglios: estrutura responsável pela secreção de substâncias nervosas (neurotransmissor).

◼ Terminações Nervosas: conduzem informações nervosas ao neurônio seguinte através da


sinapse.

◼ Nervos: são cordões esbranquiçados que têm a função de conduzir informações nervosas.

✓ Nervos Cranianos: transmitem informações do encéfalo aos órgãos efetuadores (12


pares).
✓ Nervos Espinhais: transmitem informações da medula aos órgãos efetuadores (31
pares).

SNC:

5. Localização: dentro do esqueleto axial


6. Função: receber estímulos, interpretá-los e elaborar respostas
7. Divisão Anatômica: Encéfalo e Medula espinhal

SNP:

1. Localização: fora do esqueleto axial


2. Função: conduzir estímulos e respostas
3. Divisão Anatômica: Nervos, Gânglios e Terminações Nervosas

6.5 Células nervosas

No sistema nervoso existem dois tipos de células:

1. Neurônios: são as células funcionais do sistema nervoso responsáveis pela recepção e


transmissão dos estímulos nervosos, possibilitando ao organismo a execução de respostas
adequadas para a manutenção da homeostase.

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2. Células da Glia (chamadas também de neuróglia): são as células estruturais que cumprem
as funções de sustentar, proteger, isolar e nutrir os neurônios. São subdivididas em três tipos
e auxiliam na manutenção da estrutura do sistema nervoso, sendo:
3. ASTRÓCITOS: responsáveis pela nutrição da célula nervosa.
4. OLIGODENDRÓCITOS: formam a bainha de mielina, que é uma cobertura de lipídeos
(gordura) e proteínas que envolvem alguns axônios e acelera a velocidade de propagação do
impulso nervoso.
5. MICRÓGLIA: apresentam função macrofágica atuando como sistema imunológico.

Anatomicamente, tanto o neurônio quanto a célula da glia possuem basicamente uma


mesma forma. Trata-se de uma célula composta de um corpo celular (onde está o núcleo), de
onde partem inúmeros e finos prolongamentos celulares denominados dendritos, e um
prolongamento único e maior que recebe o nome de axônio, sua parte final é ramificada e
recebe o nome de terminações nervosas.

Figura 3 – Neurônio

Fonte: https://saulo.arisa.com.br/wiki/index.php/Perceptron

As células nervosas são:

1. Neurônios – Células funcionais

2. Células da Glia – Células estruturais (Astrócitos, Micróglia e Oligodendrócitos)

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6.6 Impulso nervoso

Quando o neurônio sofre um estímulo se inicia o impulso nervoso. Esse estímulo de ser
suficientemente forte para desencadeá-lo, isso acontece quando uma membrana está em potencial
de repouso, ou seja, uma condição em que a superfície interna da membrana possui carga negativa
em relação à superfície externa (polarização).

Isso acontece devido às concentrações de Na+ (sódio) extracelulares serem muito maiores
do que as concentrações intracelulares. O K+ (potássio), por sua vez, é encontrado em maior
quantidade intracelular e essa concentração é mantida pelo transporte ativo de íons. Isso ocorre
através da membrana por meio da bomba de sódio e potássio.

A diferença nos eletrólitos presentes nos meios interno e externo da célula é responsável pelo desenvolvimento
de uma carga elétrica através da membrana que auxilia na transmissão dos impulsos nervosos e regulação
das funções celulares.

Quando o neurônio sofre um estímulo, há a abertura dos canais de Na+ e uma entrada rápida
desse íon para o interior da célula. A entrada de carga positiva faz com que o interior da membrana,
que é negativo, se transforme em positivo (despolarização). Essa inversão de polaridade permite que
o impulso nervoso seja deflagrado (enviado).

Depois que o impulso nervoso foi enviado, a célula retorna a sua polaridade através do
fechamento dos canais de Na+ e a saída dos íons K+ para o meio externo. A diminuição de carga
positiva no interior da membrana faz com que ela volte a ser negativa e restabeleça a condição de
repouso (repolarização). Essas alterações no potencial elétrico da membrana são chamadas de
impulso nervoso.

Figura 4 – Impulso nervoso

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/biologia/o-que-e-impulso-nervoso.htm

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Potencial de Ação é um fenômeno que envolve três estágios: Estado de repouso, Etapa de despolarização e
Etapa de repolarização. Esse mecanismo é necessário para transmitir impulso nervoso e permitir o
funcionamento do corpo humano.

6.7 Tipos de sinapses

O funcionamento do Sistema Nervoso acorre mediante a transmissão de impulsos nervosos, um


impulso nervoso é transmitido através das sinapses.

SINAPSE: ponto de contato entre duas células para a propagação do impulso nervoso.

Figura 5 – Sinapse Química

SINAPSE
Fonte: http://liberacion-memoria-celular.blogspot.com/2015/10/moleculas-de-emocion-candace-pertpeptido.html

Existem dois tipos de sinapses:

 Sinapse Química: a propagação do impulso nervoso depende da liberação de mediador


químico (chamado Neurotransmissor).
 Sinapse Elétrica: a propagação do impulso nervoso depende da mudança de polaridade
elétrica entre as células que estão se comunicando.

25
Figura 6 – Sinapse Elétrica

Fonte: http://drlosada.blogspot.com/2011/11/oculoplastica.html

Na figura 5, a imagem mostra um exemplo de Sinapse Química, onde a liberação do


neurotransmissor facilita a propagação do impulso nervoso. Na figura 6, é possível perceber que a
ligação entre as células ocorreu de forma direta provavelmente pela diferença de eletricidade entre
elas, um exemplo de Sinapse Elétrica.

6.8 Tipos de condução nervosa

A propagação do impulso nervoso caracteriza dois tipos de condução, ou seja, existem duas
maneiras de o impulso nervoso percorrer as células. Portanto, para entender melhor esses conceitos,
é necessário compreender um processo denominado mielinização.

À medida que crescemos e nos desenvolvemos, as células nervosas sofrem um processo de


mielinização. Nesse, os axônios são circundados por um revestimento de várias camadas de lipídios
e proteínas chamadas de bainha de mielina, após esse processo de mielinização, as células se
tornam mielínicas. A bainha de mielina se dispõe de maneira irregular ao longo do axônio, os
intervalos entre a bainha de mielina são denominados de “nó de Ranvier”.

Mielinização: refere-se à deposição de bainha de mielina nas células do sistema nervoso. A bainha de mielina
acelera a propagação do impulso nervoso entre células mielínicas.

Os dois tipos de Condução Nervosa são:

Condução Axonal: quando o impulso nervoso percorre células amielínicas, ou seja, que não foram
mielinizadas, a condução percorre todo o axônio e por isso ocorre de forma mais lenta.

26
Condução Saltatória: quando o impulso nervoso percorre células mielínicas, ou seja, que foram
mielinizadas, o impulso ‘salta’ de intervalos a intervalos da bainha de mielina e por isso ocorre de
forma mais rápida.

CONDUÇÃO AXONAL CONDUÇÃO SALTATÓRIA


Ocorre entre células amielínicas (sem Ocorre entre células mielínicas (com bainha
bainha de mielina) de mielina)
O impulso nervoso percorre todo o axônio O impulso nervoso ‘salta’ os intervalos da
bainha de mielina
É mais lenta É mais rápida

Neste capítulo, você viu que o sistema nervoso é responsável pelo controle de todos os outros sistemas do
corpo humano. Anatomicamente, o sistema nervoso está dividido em sistema nervoso central e sistema
nervoso periférico.

O sistema nervoso central se refere a um conjunto de estruturas nervosas localizadas dentro do esqueleto
axial, são envolvidas pelas meninges e circundados pelo líquor, estruturas que garantem proteção ao sistema
nervoso. O sistema nervoso periférico está localizado fora do esqueleto axial e compreende os nervos, os
gânglios e as terminações nervosas.

As células do sistema nervoso são classificadas em neurônios e células da glia que compreendem os
astrócitos, a micróglia e os oligodendrócitos.

Você viu também que existem dois tipos de sinapse, a química e a elétrica, mecanismo indispensável para a
propagação do impulso nervoso e controle das funções corporais.

É importante lembrar que existem dois tipos de condução nervosa, esses tipos estão relacionados à presença
ou não de bainha de mielina entre as células. Um dos tipos é a condução axonal e o outro condução saltatória.

27
O sistema nervoso é um dos sistemas mais fascinantes e complexos do corpo humano, interligando uma
infinidade de componentes. Para saber detalhes sobre as funções, elementos e partes desse sistema, confira
o artigo “Sistema Nervoso – Funções e Elementos Essenciais”. Disponível em:
https://www.anatomiadocorpo.com/sistema-nervoso/

Palavras Significado
Analogia Em que há ou pode haver uma análise comparativa; comparação.
Amielínicas Sem bainha de mielina.
Circundados Rodeado.
Função macrofágica Função de limpeza celular.
Inter-relacionadas Que se relacionam entre si.
Mielínica Com bainha de mielina.
Sistema imunológico Sistema de defesa corporal.

O responsável por processar as informações recebidas de todo o nosso corpo é o sistema nervoso central.
Constituído por:

a) Nervos e encéfalo.

b) Encéfalo e medula espinhal.

c) Nervos e medula óssea.

d) Medula espinhal e medula óssea.

e) Medula óssea e encéfalo.

RESPOSTA: B

28
Você viu que, de acordo com o estudado: o sistema nervoso central é formado por encéfalo e medula espinhal.

O sistema nervoso central é envolto por três membranas fibrosas que para garantir a proteção elas envolvem
as estruturas que compõem o sistema nervoso central. A essas membranas damos o nome de:

a) Âmnios.
b) Pleuras.
c) Cárdias.
d) Fáscias.
e) Meninges.

29
UNIDADE II
CAPÍTULO 7 - ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA
ENDÓCRINO
No término deste capítulo, você deverá saber:

✓ Definição e Funções do Sistema Endócrino;


✓ Glândulas endócrinas e exócrinas;
✓ Órgãos-alvo;
✓ Hormônios secretados pelas Glândulas Endócrinas;

Introdução

As glândulas endócrinas liberam hormônios responsáveis pela regulação e controle das funções do
corpo, por isso a função do sistema endócrino é importante para o funcionamento do corpo
humano.

Para facilitar o estudo, o estudo do sistema endócrino será dividido em 8 partes:

1. Definição e Funções;
2. Receptores Hormonais;
3. Hipófise;
4. Tireoide;
5. Paratireoide;
6. Glândulas suprarrenais;
7. Pâncreas;
8. Glândulas sexuais.

Nesse capítulo, você estudará sobre a localização e função das glândulas endócrinas, assim como
entenderá os tipos de glândulas que existem, as suas diferenças e forma de ação nos órgãos.

Endocrinologia é uma especialidade da medicina e uma área da biologia que concentra seus estudos e atuação
no sistema endócrino, mesmo que os termos "endócrino" e "endocrinologia" só tenham entrado em uso comum
depois de 1800, já podemos perceber o estudo da endocrinologia há mais de 2.000 anos. Pois em 200 a.C.,
curandeiros chineses já extraíam hormônios hipofisários da urina humana, o procedimento era feito se usando
o gesso mineral sulfato e o composto químico saponina (extraído das sementes de uma planta com flor), após
isso usavam esses extratos para fins medicinais.

30
7.1 Definição e funções

O Sistema Endócrino é composto pelas glândulas responsáveis pela produção e secreção dos
hormônios. Quando os hormônios chegam à corrente sanguínea movimentam-se pelo corpo até
chegar aos órgãos onde irão atuar diretamente. O sistema endócrino age juntamente com o sistema
nervoso, embora trabalhem intimamente associados coordenando todas as funções do corpo,
possuem várias diferenças. As quais são:

O sistema nervoso faz a comunicação pelos sinais elétricos, que denominamos impulsos
nervosos. Esses emitem a informação de maneira rápida e realizam, normalmente, efeitos de curta
duração. Já no sistema endócrino, acontece ao contrário, onde a comunicação é feita através de
sinais químicos pelas substâncias denominadas hormônios. Portanto o sistema endócrino tem
resposta mais lenta e causa, normalmente, efeitos de longa duração.

O sistema Endócrino é formado por dois tipos de glândulas:

1. Glândulas Endócrinas: produzem hormônios e os lançam na corrente sanguínea, ou seja,


produzem substâncias que são lançadas para dentro do corpo (por isso, o prefixo “endo”, de
endócrina, significa dentro);
a. Exemplos: Glândulas Tireoide, Paratireoide, Hipófise, Suprarrenal, Pâncreas,
Gônadas.
2. Glândulas Exócrinas: produzem substâncias que são lançadas para um sistema de condutos
ou canais excretores que se abrem para a superfície externa do corpo (por isso, o prefixo
“exo”, de endócrina, significa fora);
a. Exemplos: Glândulas Salivar (produz saliva), Sebácea (produz sebo), Sudorípara
(produz suor).

Hormônios: são substâncias químicas secretadas por uma célula ou um grupo de células exercendo um efeito
fisiológico de controle sobre outras células, órgãos ou tecidos.

7.2 Receptores hormonais


Os hormônios não agem diretamente sobre o interior das células para controlar as suas funções.
Eles se combinam com receptores e essa combinação inicia uma cascata de reações nas células-
alvo. Os receptores estão localizados:

✓ Dentro ou na superfície da membrana celular;


✓ No citoplasma celular;
31
✓ No núcleo da célula.

No entanto, o hormônio deve “anunciar sua chegada” na célula-alvo fixando-se a seus


receptores. Se solúvel em água ou lipídios, seus receptores ficam situados no interior da célula ou
em sua membrana plasmática, se não, fica na sua parte externa.

Etapas sequenciais na indução da resposta da célula-alvo a um estímulo hormonal:

1) O hormônio deve ser reconhecido e captado pelo receptor específico (presentes na superfície ou
dentro da célula).

2) O complexo hormônio-receptor irá ativar um mecanismo gerador de sinais na célula-alvo.

3) O sinal gerado (segundo-mensageiro) permite que a ação do hormônio se estabeleça na célula.

Células-alvo: São as células nas quais o hormônio age diretamente. São chamadas de células-alvo, pois
quando liberados no sangue, os hormônios, agem apenas em um determinado tipo de célula. Estas células
possuem proteínas chamadas de receptores hormonais, que podem estar nas membranas ou no interior das
células.

De uma maneira geral, os receptores agem da seguinte maneira:

Figura 1 – Receptores hormonais

7.3 Glândula hipófise

A hipófise é uma glândula endócrina, está localizada no centro da cabeça, logo abaixo do cérebro.
Uma glândula pequena, medindo aproximadamente o tamanho de um grão de ervilha nos humanos,
e dividido em duas partes, sendo elas o lobo anterior (ou adeno-hipófise) e o lobo posterior (ou
neuro-hipófise).

32
A hipófise secreta oito hormônios e, portanto, afeta quase todas as funções do corpo. É
considerada a glândula mestre do nosso corpo, pois estimula o funcionamento de outras glândulas,
como a tireoide e as glândulas sexuais.

Hormônios – Hipófise Anterior (Adeno-Hipófise)

o H. do Crescimento (GH): promove o crescimento de quase todas as células e tecidos do


corpo;
o H. Adrenocorticotropina (ACTH): estimula a glândula suprarrenal a secretar os hormônios
adrenocorticais;
o H. Tíreo-estimulante (TSH): estimula a glândula tireoide a secretar tiroxina e triiodotironina;
o H. Folículo-estimulante (FSH): provoca o crescimento de folículos nos ovários antes da
ovulação; promove a formação dos espermatozoides nos testículos;
o H. Luteinizante (LH): desempenha um papel importante na ovulação; causa secreção de
hormônios sexuais nos ovários e testículos;
o H. Prolactina: contrai as células mioepiteliais das mamas permitindo a saída do leite quando
a criança mama.

Hormônios – Hipófise Posterior (Neuro-Hipófise)


o H. Antidiurético ou vasopressina (ADH): faz com que os rins retenham água, em
grandes concentrações causa a constrição dos vasos sanguíneos e eleva a pressão
sanguínea;
o H. Ocitocina: atua no estímulo da musculatura do útero; contrai o útero durante o parto,
auxiliando a expulsão do bebê na hora do nascimento.

Figura 2 – Hipófise

7.4 Glândula tireoide

Localizada abaixo da região popularmente chamada de pomo-de-adão, logo abaixo da laringe, está
a glândula tireoide, na base do pescoço. Nos adultos essa glândula pode pesar até 25 g e medir

33
aproximadamente 5 cm, é pequena e possui dois lobos ligados a uma parte central que dá a essa
glândula um formato semelhante ao de uma borboleta.

Figura 3 – Tireoide

A tireoide está intimamente ligada à regulação do metabolismo do corpo, pois é a responsável


pela produção de dois hormônios conhecidos como hormônios metabólicos do organismo, pois
são esses que aumentam a velocidade das reações químicas celulares, aumentando, assim, o
metabolismo corporal.

o T3 (triiodotironina);
o T4 (tiroxina ou tetraiodotironina).

Secretados pelas células C ou parafolicular, encontrada na tireoide, temos o hormônio


calcitonina que promove a deposição de cálcio nos ossos, diminuindo a concentração de cálcio no
líquido extracelular.

A função da tireoide é estimulada pela ação da hipófise, através do hormônio TSH


(tireoestimulante), esse induz a tireoide a produzir os hormônios T3 e T4. Para produzir esses
hormônios a tireoide necessita do iodo, o qual é deve ser obtido através da alimentação e do
consumo de água. Foi por esse motivo que o iodo passou a ser acrescido ao sal de cozinha, sendo
essa a maneira mais fácil e econômica de toda a população ter acesso a esse elemento.

7.5 Glândula paratireoide

As paratireoides são quatro pequenas glândulas localizadas atrás da tireoide, que produzem
o paratormônio, hormônio que regula a quantidade de cálcio e fósforo no sangue.

o Paratormônio (PTH): tem como função manter o nível de cálcio necessário para o bom
funcionamento do organismo.

O paratormônio é o responsável pelo controle do cálcio no sangue, pois ao se ligar aos receptores
de membrana em células-alvo (nos ossos, rins e intestino) ele atua de maneira a estimular a captação
de cálcio para o meio extracelular, deste modo aumenta a concentração sérica de cálcio.
34
Figura 4 – Paratireoide

7.6 Glândula suprarrenal


As glândulas suprarrenais, também chamadas de glândulas adrenais, localizam-se na parte superior
de cada rim, daí a sua denominação. Elas são glândulas endócrinas, responsáveis pela produção

de importantes hormônios que atuam em vários órgãos e participam do funcionamento do organismo.


Possui duas regiões distintas e cada uma delas é responsável pela produção de hormônios
diferentes. Apresentam características próprias e são denominadas: a medula e o córtex.

➢ Medula: porção central e mais escura da glândula responsável por sintetizar e secretar os
hormônios adrenalina e noradrenalina, conforme estímulos do sistema nervoso.
➢ Córtex: constitui até 90% da glândula, sendo a sua porção externa. Regula a produção dos
hormônios aldosterona e cortisol.

Figura 5 – Suprarrenal

o Aldosterona: atua no equilíbrio dos líquidos, especialmente de sódio e potássio no plasma


sanguíneo.

35
o Cortisol: conhecido como o "hormônio do estresse", é responsável por controlar o estresse e
atua na manutenção dos níveis de açúcar no sangue e da pressão arterial.

o Adrenalina: atua como um mecanismo de defesa do organismo, preparando-o para uma


situação de emergência, especialmente em situações de estresse.
o Noradrenalina: contribui na preparação do corpo para uma determinada ação em momentos de
sustos, surpresas ou fortes emoções.

7.7 Pâncreas

O pâncreas localiza-se na região abdominal atrás do estômago, entre o duodeno e o baço. É uma
glândula com função endócrina e exócrina, pertencente ao sistema digestório e endócrino. É
uma glândula mista, pois além de hormônios (insulina e glucagon) produz também o suco
pancreático, que é lançado no intestino delgado e desempenha importante papel na digestão.

Glândulas Endócrinas: produzem hormônios e os lançam na corrente sanguínea, ou seja, produzem


substâncias que são lançadas para dentro do corpo.

Glândulas Exócrinas: produzem substâncias que são lançadas a um sistema de condutos ou canais excretores
que se abrem para a superfície externa do corpo.

A secreção das enzimas digestivas, durante o processo de digestão, acontece na porção


exócrina, enzimas essas presentes no suco pancreático. Sendo assim, as maiores moléculas de
carboidratos, proteínas e gorduras são quebradas em frações menores para então seguirem até o
intestino. Já os hormônios da insulina e glucagon são secretados pelas porção endócrina, são esses
hormônios os responsáveis por regular o nível de glicose (açúcar) no sangue.

São encontrados 2 tipos de células na porção endócrina do pâncreas:

Células Alfa: produzem o glucagon.

36
Células Beta: produzem a insulina.

o Insulina: controla a entrada da glicose nas células (onde será utilizada na liberação de
energia) e o armazenamento no fígado, na forma de glicogênio.
o Glucagon: funciona de maneira oposta à insulina, estimulando a "quebra" do glicogênio em
moléculas de glicose.

Portanto, o glucagon e a insulina são antagonistas, pois o primeiro aumenta os níveis de glicose
no sangue e o segundo diminui.

- A falta ou a baixa produção de insulina provoca a diabetes, doença caracterizada pelo excesso de glicose no
sangue (hiperglicemia).

- Quando o organismo fica muitas horas sem se alimentar, a taxa de açúcar no sangue cai muito e a pessoa
pode ter hipoglicemia, que gera a sensação de fraqueza, tontura, levando, em muitos casos, ao desmaio,
causado pela falta ou baixa concentração de glucagon.

7.8 Glândulas sexuais

As glândulas sexuais, também chamadas de gônadas, são os ovários e os testículos, que fazem
parte do sistema reprodutor feminino e do sistema reprodutor masculino respectivamente.

Os ovários e os testículos são estimulados por um hormônio produzido pela hipófise


chamado Folículo Estimulante (FSH). Assim, enquanto os ovários produzem o estrogênio e
a progesterona, os testículos produzem a testosterona.

Hormônios produzidos pelos Ovários:

o Estrogênios: estimulam o desenvolvimento dos órgãos sexuais femininos, das mamas e


das características sexuais secundárias.
o Progesterona: prepara o útero para abrigar o feto, também ajuda a promover o
desenvolvimento do aparelho secretor das mamas.

37
Hormônio produzido pelos Testículos:

o Testosterona: estimula o desenvolvimento dos órgãos sexuais masculinos e das


características sexuais secundárias.

Figura 6 – Caracteres sexuais: masculino e feminino

Neste capítulo, você viu que os principais mecanismos de comunicação e coordenação do corpo humano são
as glândulas endócrinas e o sistema nervoso que controlam e regulam quase todos os sistemas do nosso
organismo, e embora suas funções estejam intimamente ligadas, os mesmos possuem várias diferenças.

Localizadas em diferentes partes do corpo, as glândulas endócrinas estão na hipófise, tireoide e paratireoide,
timo, suprarrenais, pâncreas e glândulas sexuais; e são responsáveis pelo fluxo de hormônios que agem nos
órgãos-alvo.

38
Localizadas em diferentes partes do corpo, como a hipófise, tireoide e paratireoides, timo, suprarrenais,
pâncreas e glândulas sexuais, as glândulas endócrinas formam o Sistema Endócrino, responsável pela
produção dos hormônios que são lançados no sangue e percorrem o corpo até chegar aos órgãos-alvo sobre
os quais atuam. Para saber mais, leia o artigo “Sistema Endócrino”. Disponível em:
https://www.todamateria.com.br/sistema-endocrino/

Palavras Significado
Endócrina Glândula de secreção interna; diz-se das glândulas cuja secreção é lançada
diretamente na corrente sanguínea, no sangue.
Exócrina São órgãos que produzem secreções ou substâncias que elaboram um sistema de
condutos ou canais excretores que se abrem em superfície externa.
Glândula Célula, tecido ou órgão que tem a função de elaborar certas substâncias usadas em
outras partes do organismo (secreção) ou eliminadas (excreção).

39
Glicogênio Formado a partir de moléculas de glicose, utilizado como reserva energética e
abundante nas células hepáticas e musculares.
Glicose Constitui a principal fonte de energia para os organismos vivos.
Metabolismo Conjunto de reações num organismo vivo que liberam energia.
Secreção Produção e descarga de substâncias específicas no meio externo pelas células de
um organismo.

No sistema endócrino estão as glândulas que produzem os hormônios a serem secretados e lançados
diretamente na corrente sanguínea pelas glândulas endócrinas. Marque a alternativa que contém apenas
glândulas do sistema endócrino:

a) Hipófise, tireoide e glândula sebácea.

b) Testículos, tireoide e glândula sudorípara.

c) Hipófise, tireoide e testículos.

d) Glândula sudorípara, glândula salivar e ovários.

e) Ovários, glândula salivar e testículos.

RESPOSTA: C

As glândulas sudoríparas, sebáceas e salivares não são glândulas do sistema endócrino, uma vez que são
glândulas exócrinas e, portanto, não produzem hormônios.

Localizada logo abaixo da laringe, no pescoço, está a glândula tireoide que é a responsável pela produção
de dois hormônios T3 e T4 (tiroxina e triiodotironina) que contêm iodo em suas constituições. Mas além desses
dois hormônios, a tireoide, nas suas células C, ainda produz outro hormônio. Denominado:

a) Vasopressina.

b) Prolactina.
40
c) Cortisol.

d) Calcitonina.

e) Paratormônio.

41
UNIDADE II
CAPÍTULO 8 - ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA
CARDIOCIRCULATÓRIO
No término deste capítulo, você deverá saber:

✓ Definição e Funções do Sistema Cardíaco;


✓ Órgãos constituintes do sistema;
✓ Diferenças anatômicas e funcionais entre artérias e veias;
✓ Circulação Coronária;
✓ Circulação pulmonar e sistêmica;
✓ Controle intrínseco e extrínseco do coração.

Introdução

Através desse capítulo, você conhecerá quais órgãos fazem parte do sistema cardiovascular e como
funciona essa complexa e fascinante máquina de transporte que mantém o nosso corpo vivo e em
condições de realizar suas demandas.

A função do sistema cardiovascular é fornecer e manter o fluxo sanguíneo suficiente, contínuo


e variável, para os diversos tecidos do organismo, conforme as suas necessidades metabólicas e
para desempenhar as funções que devem cumprir, diante das diversas exigências funcionais a que
o organismo está sujeito.

O sangue é um tecido vivo, bombeado pelo coração ele circula por todo corpo, leva oxigênio e nutrientes a
todos os órgãos. De 7% a 8% do peso corporal é o que corresponde o volume de sangue existente no corpo
humano. Por exemplo, se alguém pesa 85 quilos, terá aproximadamente de seis a sete litros de sangue em
seu corpo.

42
8.1 DEFINIÇÃO E FUNÇÕES

O Sistema Cardiocirculatório é formado por um órgão principal denominado coração e um conjunto


de vasos sanguíneos que se dividem entre veias e artérias e tem a função de transportar o sangue
pelo corpo.

É responsável por transportar elementos essenciais como glicose, oxigênio (O2), hormônios
para todas as células e os produtos do metabolismo como o gás carbônico (CO2), ureia e amônia
para os órgãos encarregados de excretar esse material.

O Aparelho Cardiovascular funciona para fornecer e manter suficiente, contínuo e variável


fluxo sanguíneo aos diversos tecidos do organismo, segundo suas necessidades metabólicas para
desempenho das funções que devem cumprir, diante das diversas exigências funcionais as quais o
organismo está sujeito.

Assim, por exemplo, durante o exercício físico, o organismo encontra-se numa situação de
elevado gasto energético e de aumento do metabolismo, em que vários órgãos necessitam ter seu
fluxo sanguíneo aumentado para maior disponibilidade de oxigênio, nutrientes e substâncias de
ações diversas, visando o atendimento das exigências funcionais desencadeadas.

Em outras situações, como no repouso, durante o sono, na circunstância de um estado


emocional alterado, ou no decorrer de um ato fisiológico, as exigências funcionais orgânicas
assumem distintas peculiaridades e o aparelho cardiovascular adapta seu funcionamento visando
atender as diferentes necessidades específicas de cada órgão ou sistema em cada situação.

Figura 1 – Sistema Cardiocirculatório

43
O Sistema Cardiocirculatório é formado pelo coração, vasos sanguíneos e sangue.

8.2 CORAÇÃO
O coração é um órgão ímpar localizado no centro do tórax, entre os dois pulmões (mediastino), 1/3
do coração está à direita e 2/3 à esquerda; com o ápice voltado levemente para o lado esquerdo e a
base direcionada para o lado direito. Assim sendo, sua base está para cima e para direita, e seu
ápice está para baixo e para esquerda. Tem o tamanho de um “punho fechado”, com cerca de 12cm
de comprimento, pesa em média 250g nas mulheres e 300g em homens adultos.

O coração consegue realizar sua função de contração e relaxamento porque está revestido por
músculo estriado cardíaco que se organiza em três camadas: epicárdio (camada externa), miocárdio
(camada intermediária) e endocárdio (camada interna).

Figura 2 – Coração

Músculo Estriado Cardíaco

- Forma: Recebe esse nome de estriado porque suas fibras musculares estão dispostas de maneira
irregular, o que confere um aspecto de ‘estrias’, e cardíaco porque está sempre ligado ao coração.

- Localização: Esse tipo de músculo reveste a parede do coração.

44
- Função: Esse tipo de músculo realiza contração involuntária, ou seja, a contração e o relaxamento não
dependem do nosso desejo voluntário.

Na parte interna do coração, sua cavidade está dividida em quatro câmaras, separadas por
paredes denominadas septos. As câmaras superiores são denominadas átrios e as inferiores
denominadas ventrículos.

Os átrios estão separados dos ventrículos por válvulas (valvas), que permitem a passagem de
sangue do átrio para o ventrículo, denominadas válvulas atrioventriculares ou cúspides.

A válvula que está entre o átrio e o ventrículo direito é chamada valva atrioventricular direita ou
válvula tricúspide. A válvula que está entre o átrio e o ventrículo esquerdo é chamada valva
atrioventricular esquerda, válvula bicúspide ou mitral.

➢ Função das valvas: impede o retorno (refluxo) de sangue dos ventrículos para os átrios.

Figura 3 – Coração: parte interna

A função do coração é bombear o sangue oxigenado (arterial) proveniente dos pulmões para todo o corpo e
direcionar o sangue desoxigenado (venoso), que retornou ao coração, até os pulmões, onde deve ser
enriquecido com oxigênio novamente.

45
8.3 VASOS SANGUÍNEOS

Os vasos sanguíneos são tubos compostos por músculos lisos responsáveis pela condução do
sangue para todas as células e de volta para o coração. São divididos em Artérias, Veias, Arteríolas,
Vênulas e Capilares. Os vasos possuem movimentos peristálticos.

• ARTÉRIAS:

Tubos cilíndricos, elásticos, nos quais o sangue sai do coração para ser conduzido para o corpo.

• VEIAS:

São tubos cilíndricos que transporta o sangue que já sofreu trocas gasosas com os tecidos da
periferia de volta para o coração. Possui válvulas para o impulsionamento do sangue de volta
para o coração.

Figura 4 – Válvulas das veias

Abaixo segue um quadro com as principais diferenças anatômicas e funcionais entre as


artérias e veias:

ARTÉRIAS VEIAS
São mais calibrosas São menos calibrosas
Possuem maior capacidade de distensão Possuem menor capacidade de distensão
São menos numerosas que as veias São mais numerosas que as artérias
Estão dispostas mais profundamente Estão dispostas mais superficialmente
Possuem coloração branca-amarelada Possuem coloração azulada
Transportam sangue arterial (rico em O2) Transportam sangue venoso (rico em CO2)

46
Figura 5 – Veia e Artéria

8.4 CIRCULAÇÃO CORONÁRIA

A circulação coronária é responsável por irrigar o coração e manter seu suprimento sanguíneo de
nutrientes e oxigênio.

O coração é um órgão que a cada minuto se contrai cerca de 80 vezes e impulsiona cerca de
70 ml de sangue num indivíduo adulto, ou seja, é um órgão que trabalha muito e por isso precisa
receber um aporte de sangue e nutrientes adequados para manter sua demanda.

A parte externa do coração é circundada por vasos sanguíneos que recebem o nome de
artérias e veias coronárias, esse complexo forma a circulação coronária ou coronariana.

Quando o coração está em contração (sístole) recebe pouco sangue das artérias coronárias,
quando relaxa (diástole) uma quantidade maior de sangue é impulsionado para o miocárdio através
das artérias, capilares e, em seguida, pelas veias coronárias.

A parede do coração possui o seu próprio suprimento sanguíneo. O fluxo do sangue pelos muitos vasos que
penetram o miocárdio é chamado de circulação coronária.

47
Figura 6 – Circulação coronária

8.5 CIRCULAÇÃO PULMONAR


Após o nascimento, o coração bombeia sangue em cada batimento para dois circuitos: circulação
pulmonar e circulação sistêmica.

A circulação pulmonar, também chamada de pequena circulação, refere-se ao transporte de sangue


do coração ao pulmão e de volta para o coração. Essa circulação leva o sangue venoso (rico em
CO2) para realizar a hematose nos pulmões e retorna ao coração agora arterial (rico em O2).

Hematose é o nome dado à transformação do sangue venoso em sangue arterial que ocorre nos pulmões,
através de uma troca de gases que ocorre devido à diferença de concentração de oxigênio e gás carbônico
por um processo conhecido como difusão.

O lado direito do coração bombeia sangue pela circulação pulmonar ou pequena circulação.
O lado direito (Azul) recebe sangue com baixo teor de oxigênio (sangue venoso), proveniente dos
tecidos do corpo, bombeia esse sangue para os pulmões para captar oxigênio e dispersar dióxido de
carbono (hematose) e depois retorna ao coração rico em oxigênio (sangue arterial).

➢ TRAJETO DA CIRCULAÇÃO PULMONAR: Ventrículo direito (CORAÇÃO) - tronco pulmonar,


artérias pulmonares direita e esquerda – PULMÕES - veias pulmonares superiores e
inferiores direita e esquerda - átrio esquerdo (CORAÇÃO).

48
Figura 7 – Trajeto da circulação pulmonar

8.6 CIRCULAÇÃO SISTÊMICA


Após o nascimento, o coração bombeia sangue em cada batimento para dois circuitos: circulação
pulmonar e circulação sistêmica.

A circulação sistêmica, também chamada de grande circulação, refere-se ao transporte de


sangue do coração ao corpo e de volta para o coração. Essa circulação leva o sangue arterial (rico
em O2) para todo o corpo a fim de fornecer oxigênio e nutrientes para os tecidos do corpo e retorna
ao coração agora venoso (rico em CO2).

O lado esquerdo do coração bombeia sangue pela circulação sistêmica ou grande circulação.
O lado esquerdo (Vermelho) recebe sangue com alto teor de oxigênio (sangue arterial), proveniente
dos pulmões, bombeia esse sangue para o corpo para fornecer oxigênio e nutrientes para os tecidos
e depois retorna ao coração rico em gás carbônico (sangue arterial).

➢ TRAJETO DA CIRCULAÇÃO SISTÊMICA: Ventrículo esquerdo (CORAÇÃO) – artéria aorta


– CORPO - veias cavas superior e inferior - átrio direito (CORAÇÃO).

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Figura 8 – Trajeto da circulação sistêmica

8.7 CONTROLE INTRINSECO (AUTOMATISMO CARDÍACO)


As células musculares cardíacas têm uma habilidade intrínseca para gerar e conduzir impulsos
elétricos que estimulam o coração a contrair de forma rítmica. Essas propriedades são do próprio
músculo cardíaco e não dependem de impulsos extrínsecos (externos). A esta propriedade se
chama automatismo cardíaco.

Mesmo que todas as conexões nervosas para o coração sejam cortadas, o coração continua
a bater ritmicamente. O complexo estimulante do coração é formado por uma série de células
musculares cardíacas especializadas, chamadas de nó sinusal (SA), consideradas o marca-passo
do coração, que transportam impulsos por toda a musculatura cardíaca, sinalizando às câmaras do
coração para contraírem na sequência adequada. Ele também inicia cada sequência de contração,
estabelecendo assim a frequência cardíaca básica.

Partindo do nó sinusal, os impulsos espalham-se em uma onda ao longo das fibras


musculares cardíacas dos átrios, sinalizando esses átrios para contraírem, através do feixe interatrial.
E atinge um segundo grupo de células localizadas na região superior do ventrículo direito chamada
nó atrioventricular (AV) onde os impulsos são atrasados por uma fração de segundo. Após esse
atraso, os impulsos correm pelo feixe de His, que se divide nos ramos direito e esquerdo e propaga
esse estímulo para toda a área ventricular.

Figura 9 – Nó atrioventricular

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O automatismo cardíaco é o nome que se dá para a função que o coração possui de originar em suas próprias
células os seus impulsos que fazem a contração e os consequentes batimentos cardíacos, fazendo assim com
que o sangue possa ser bombeado para todo o corpo.

8.8 CONTROLE EXTRÍNSECO (CONTROLE NERVOSO)

O sistema de condução do coração também é controlado pelo sistema nervoso autônomo. Ele recebe
ramos do nervo simpático e parassimpático, que irão controlar a frequência cardíaca.

O Sistema Nervoso Autônomo, de forma automática e independendo de nossa vontade


consciente, exerce influência no funcionamento de diversos tecidos do nosso corpo através dos
mediadores químicos liberados pelas terminações de seus 2 tipos de fibras: Simpáticas e
Parassimpáticas.

A noradrenalina (também chamada de Norepinefrina) é liberada pelas fibras simpáticas (em


quase sua totalidade), e a adrenalina é liberada pela medula das glândulas suprarrenais, em uma
quantidade considerável, na circulação. Todas as fibras parassimpáticas liberam um outro mediador
químico em suas terminações: acetilcolina.

No coração, a estimulação dos nervos parassimpáticos causa os seguintes efeitos:

• diminuir a frequência dos batimentos cardíacos;


• diminuir a força de contração;
• diminuir a velocidade de condução dos impulsos através do nódulo AV (atrioventricular);
• diminuir o fluxo sanguíneo através dos vasos coronários que mantêm a nutrição do próprio
músculo cardíaco.

Todos esses efeitos podem ser resumidos, dizendo-se que a estimulação parassimpática
diminui todas as atividades do coração – EFEITO CRONOTRÓPICO NEGATIVO. Usualmente, a
função cardíaca é reduzida pelo parassimpático durante o período de repouso, juntamente com
o restante do corpo. Isso talvez ajude a preservar os recursos do coração; pois, durante os
períodos de repouso, indubitavelmente há um menor desgaste do órgão.

Já a estimulação dos nervos simpáticos, no coração, tem efeitos exatamente opostos:

• aumenta a frequência cardíaca;


• aumenta a força de contração;
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• aumenta o fluxo sanguíneo através dos vasos coronários visando suprir o aumento da
nutrição do músculo cardíaco.

Esses efeitos todos podem ser resumidos, dizendo-se que a estimulação simpática
aumenta a atividade cardíaca como bomba – EFEITO CRONOTRÓPICO POSITIVO. Isso é
necessário quando um indivíduo é submetido a situações de estresse, tais como: exercício físico,
doenças, calor (clima excessivamente quente) ou em outras condições que exijam um rápido fluxo
sanguíneo através do sistema circulatório.

Neste capítulo, você conheceu o sistema circulatório ou cardiovascular que é responsável pelo transporte de
nutrientes e oxigênio para as diversas partes do corpo. Sendo ele formado pelo coração e vasos sanguíneos.
O percurso do sangue no sistema circulatório é a circulação sanguínea, em que o sangue realiza um
percurso por todo o corpo, sendo que no percurso completo o sangue passa duas vezes pelo coração. Esses
circuitos são chamados de pequena circulação e grande circulação.

Você viu também que o coração tem a capacidade de gerar seu próprio estímulo elétrico, o que chamamos de
automatismo, promovendo a contração das células miocárdicas contráteis. E que o coração está sob a
influência reguladora de uma rica rede de nervos oriundos de diversas estruturas do sistema nervoso, para o
controle do seu funcionamento, de modo a atender as necessidades variáveis de fluxo sanguíneo dos tecidos
do organismo, por meio da liberação em seus terminais de substâncias químicas neurotransmissoras
estimuladoras (noradrenalina e outras) ou inibidoras (acetilcolina e outras).

Ao desempenhar sua função, o aparelho cardiovascular está organizando, morfológica e funcionalmente, a


pressão, o volume sanguíneo, o nutriente e as substâncias. O conjunto dos sistemas vasculares distribuídos
em todas as estruturas do organismo é denominado grande circulação. Para saber mais, leia o texto “Sistema
Cardiovascular” na íntegra. Disponível em: https://auladefisiologia.wordpress.com/2010/08/27/sistema-
cardiovascular/

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Palavras Significado
Calibrosa Que tem grande calibre; que o diâmetro interior (de um cilindro oco: tubo,
vaso sanguíneo) apresenta dilatação.
Câmaras Cavidades
Circundada Rodeada
Disposta Colocado de certa maneira
Impulsionar ‘Empurrar’; transmitir

O Sistema Cardiovascular é composto por quais órgãos?

a) Sangue, Coração, Cérebro.


b) Pulmão, Sangue, Coração.
c) Coração, Sangue, Vasos Sanguíneos.
d) Aorta, Coração, Veias.
e) Coração, Cérebro, Vasos Sanguíneos.

RESPOSTA: C

O Sistema Cardiovascular é composto por Coração, Sangue e Vasos Sanguíneos.

O coração humano possui quatro câmaras: dois átrios e dois ventrículos. A comunicação do átrio esquerdo
com o ventrículo esquerdo é feito através da valva atrioventricular esquerda, também chamada de valva:

a) tricúspide.

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b) ventricular.

c) bicúspide.

d) pré-capilar.

e) atrial.

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