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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC

Luiz Carlos de Miranda Júnior

AVALIAÇÃO DE SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA E


SAÚDE DO TRABALHO. UM ESTUDO DE CASO EM EMPRESA
DISTRIBUIDORA DE ENERGIA ELÉTRICA.

São Paulo
2009
2

LUIZ CARLOS DE MIRANDA JÚNIOR

AVALIAÇÃO DE SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA E


SAÚDE DO TRABALHO. UM ESTUDO DE CASO EM EMPRESA
DISTRIBUIDORA DE ENERGIA ELÉTRICA.

Dissertação de mestrado apresentada ao


Centro Universitário SENAC, como exigência
parcial para a obtenção do grau de Mestre em
Sistema Integrado de Gestão – área de
concentração: Segurança e Saúde do
Trabalho.

Orientador: Prof. Osvaldo Luiz Gonçalves


Quelhas, D. Sc

São Paulo
2009
3

Miranda Júnior, Luiz Carlos de

M672v AVALIAÇÃO DE SISTEMA DE GESTÃO DE


SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO. UM ESTUDO
DE CASO EM EMPRESA DISTRIBUIDORA DE
ENERGIA ELÉTRICA / Luiz Carlos de Miranda Junior –
São Paulo, 2009.
170f.: il.

Orientador: Prof. Dr. Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas


Dissertação (Mestrado em Gestão Integrada em Saúde
do Trabalho e Meio Ambiente) – Centro Universitário
Senac, São Paulo, 2009.

Gestão da Segurança e Saúde Ocupacional, Sistemas


de Gestão, Sustentabilidade. I.Autor II.Título

CDD 363.7
4

Aluno mestrando: Luiz Carlos de Miranda Júnior

AVALIAÇÃO DE SISTEMA DE GESTÃO


DE SEGURANÇA E SAÚDE DO
TRABALHO. UM ESTUDO DE CASO EM
EMPRESA DISTRIBUIDORA DE
ENERGIA ELÉTRICA.

Orientador: Prof. Osvaldo Luiz Gonçalves


Quelhas, D. Sc

A banca examinadora dos Trabalhos de Conclusão do Curso de


Mestrado, em sessão pública realizada em ___/___/______,
considerou o candidato: ________________________________.

1) Examinador (a): ______________________________________

2) Examinador (a): ______________________________________

3) Presidente: _________________________________________
5

Dedicatória

Dedico esse trabalho aos meus mestres que


muito me auxiliaram na avaliação crítica do
mundo do trabalho e, em especial, às
mulheres da minha vida: Eliana, minha
esposa, e, Ana Luíza, minha filha, sempre
compreensivas em relação aos meus projetos.
6

Agradecimentos

Agradeço a Deus pela saúde. Ao meu


orientador, Prof. Dr. Osvaldo Luiz Gonçalves
Quelhas, pelas importantes contribuições que
permitiram a conclusão desse trabalho e a
todos os amigos que sempre me incentivaram
para que mais essa etapa fosse vencida.
Especial agradecimento ao meu pai que
através de seu exemplo sempre me
impulsionou a buscar o melhor.
7

RESUMO

A presente dissertação investiga a participação e a visão dos trabalhadores


relativas ao desempenho de um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde do
Trabalho. A pesquisa foi desenvolvida a partir de revisão de literatura e utilização
de questionário para avaliação de um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde
do Trabalho. O estudo de caso foi realizado em uma empresa do setor elétrico a
partir de pesquisa de campo, obtendo-se a visão qualitativa dos trabalhadores
sobre aspectos que compõem o sistema de gestão. Da pesquisa realizada,
resultaram sugestões de melhoria para o sistema de gestão. O trabalho conclui
que é relevante a participação dos trabalhadores na concepção e aprimoramento
de Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho.

Palavras-Chave: Gestão da Segurança e Saúde Ocupacional, Sistemas de


Gestão, Sustentabilidade.
8

ABSTRACT

This essay deals with the workers’ participation and their opinions related to the
performance of an occupational safety and health management system. The
survey was based on the literature review and the questionnaire to evaluate the
occupational safety and health management system. The case study took place in
an electrical company with data based on field research, in which the workers’
quality evaluation about the management system aspects is obtained.
Suggestions to improve the management system were taken from the survey.
According to this essay, it may be stated that the workers’ participation in the
definition and improvement of an occupational safety and health management
system is relevant.

Keywords: Management of Occupational Safety and Health, Management


Systems, Sustainability.
9

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Evolução dos acidentes do trabalho por 100 mil trabalhadores


no Brasil desde a década de 70 ................................................ 20
Figura 2 - Evolução relativa de acidentes e fatalidades no Brasil desde a
década de 70 ............................................................................ 21
Figura 3 - TF anuais do setor elétrico brasileiro – 1987 a 2006 ................ 28
Figura 4 - TG anuais do setor elétrico brasileiro - 1987 a 2006 ................ 29
Figura 5 - Evolução de acidentes 2004 – 2006 de alguns setores
econômicos no Brasil ................................................................ 33
Figura 6 - Os Cinco elementos da gestão bem-sucedida da SST ............ 53
Figura 7 - PDCA e melhoria contínua em SST .......................................... 54
Figura 8 - Cavalete e lâmina do programa Segurança ao Seu Lado ........ 79
Figura 9 - Norma Regulamentadora 10 – tema desenvolvido para o
programa Segurança ao Seu Lado ........................................... 79
Figura 10 - Choque Elétrico – tema desenvolvido para o programa
Segurança ao Seu Lado ........................................................... 79
Figura 11 - Cartão do programa Sinal Verde para a Segurança ................. 80
Figura 12 - Caderno do Diálogo Semanal de Segurança – DSS ................ 81
Figura 13 - Equipamentos de Proteção – tema desenvolvido para o
Caderno do DSS ....................................................................... 81
Figura 14 - Evolução da Taxa de Freqüência 2000 – 2007 ........................ 82
Figura 15 - Tabulação respostas dadas para a questão 1 .......................... 87
Figura 16 - Tabulação respostas dadas para a questão 2 .......................... 88
Figura 17 - Tabulação respostas dadas para a questão 3 .......................... 89
Figura 18 - Tabulação respostas dadas para a questão 4 .......................... 90
Figura 19 - Tabulação respostas dadas para a questão 5 .......................... 91
Figura 20 - Tabulação respostas dadas para a questão 6 .......................... 92
Figura 21 - Tabulação respostas dadas para a questão 6 por categoria de
respondentes ............................................................................ 93
Figura 22 - Tabulação respostas dadas para a questão 7 .......................... 94
Figura 23 - Tabulação respostas dadas para a questão 7 por categoria de
respondentes ............................................................................ 95
10

Figura 24 - Tabulação respostas dadas para a questão 8 .......................... 96


Figura 25 - Tabulação respostas dadas para a questão 9 .......................... 97
Figura 26 - Tabulação respostas dadas para a questão 10 ........................ 98
Figura 27 - Tabulação respostas dadas para a questão 10 por categoria
de respondentes ....................................................................... 99
Figura 28 - Tabulação respostas dadas para a questão 11 ........................ 100
Figura 29 - Tabulação respostas dadas para a questão 11 por categorias
de eletricistas e técnicos ........................................................... 101
Figura 30 - Tabulação respostas dadas para a questão 12 ........................ 101
Figura 31 - Tabulação respostas dadas para a questão 13 ........................ 102
Figura 32 - Tabulação respostas dadas para a questão 13 por categoria
de respondentes ....................................................................... 103
Figura 33 - Tabulação respostas dadas para a questão 14 ........................ 104
Figura 34 - Tabulação respostas dadas para a questão 14 por categoria
de respondentes ....................................................................... 105
Figura 35 - Tabulação respostas dadas para a questão 15 ........................ 106
Figura 36 - Tabulação respostas dadas para a questão 15 por categorias
de eletricistas e técnicos ........................................................... 107
Figura 37 - Tabulação respostas dadas para a questão 16 ........................ 107
Figura 38 - Tabulação respostas dadas para a questão 16 por categoria
de respondentes ....................................................................... 108
Figura 39 - Tabulação respostas dadas para a questão 17 ........................ 109
Figura 40 - Tabulação respostas dadas para a questão 17 por categorias
de eletricistas e técnicos ........................................................... 110
Figura 41 - Tabulação respostas dadas para a questão 18 ........................ 110
Figura 42 - Tabulação respostas dadas para a questão 18 por categoria
de respondentes ....................................................................... 111
Figura 43 - Tabulação respostas dadas para a questão 19 ........................ 112
Figura 44 - Tabulação respostas dadas para a questão 19 por categoria
de respondentes ....................................................................... 113
Figura 45 - Tabulação respostas dadas para a questão 20 ........................ 114
Figura 46 - Tabulação respostas dadas para a questão 20 por categorias
de eletricistas e técnicos ........................................................... 115
11

Figura 47 - Tabulação respostas dadas para a questão 21 ........................ 115


Figura 48 - Tabulação respostas dadas para a questão 21 por categorias
de eletricistas e técnicos ........................................................... 116
Figura 49 - Tabulação respostas dadas para a questão 22 ........................ 117
Figura 50 - Tabulação respostas dadas para a questão 22 por categorias
de eletricistas e técnicos ........................................................... 118
Figura 51 - Tabulação respostas dadas para a questão 23 ........................ 118
Figura 52 - Tabulação respostas dadas para a questão 23 por categorias
de eletricistas e técnicos ........................................................... 119
Figura 53 - Tabulação respostas dadas para a questão 24 ........................ 120
Figura 54 - Tabulação respostas dadas para a questão 24 por categorias
de eletricistas e técnicos ........................................................... 121
Figura 55 - Tabulação respostas dadas para a questão 25 ........................ 121
Figura 56 - Tabulação respostas dadas para a questão 25 por categoria
de respondentes ....................................................................... 123
Figura 57 - Tabulação respostas dadas para a questão 26 ........................ 124
Figura 58 - Tabulação respostas dadas para a questão 26 por categorias
de eletricistas e técnicos ........................................................... 125
Figura 59 - Tabulação respostas dadas para a questão 27 ........................ 125
Figura 60 - Tabulação respostas dadas para a questão 27 por categorias
de eletricistas e técnicos ........................................................... 126
Figura 61 - Tabulação respostas dadas para a questão 28 ........................ 127
Figura 62 - Tabulação respostas dadas para a questão 28 por categoria
de respondentes ....................................................................... 128
Figura 63 - Tabulação respostas dadas para a questão 29 ........................ 129
Figura 64 - Tabulação respostas dadas para a questão 29 por categorias
de eletricistas e técnicos ........................................................... 129
Figura 65 - Tabulação respostas dadas para a questão 30 ........................ 130
Figura 66 - Tabulação respostas dadas para a questão 30 por categoria
de respondentes ....................................................................... 131
12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Média de acidentes e doenças no Brasil nas últimas quatro


décadas .................................................................................... 19
Tabela 2 - Fundamentação Teórica – alguns autores pesquisados .......... 26
Tabela 3 - Acidentes do Trabalho Fatais e Percentual sobre Número
Total de Trabalhadores – Setor Elétrico Brasileiro.................... 31
Tabela 4 - Taxa de Freqüência de Acidentes Fatais no Setor Elétrico
Brasileiro – 1982 a 2007 ........................................................... 32
Tabela 5 - Elementos do SCIS – Sistemas de Classificação Internacional
de Segurança do DNV .............................................................. 47
Tabela 6 - Resultados da implantação de SGSST para as organizações
segundo diversos autores ......................................................... 56
Tabela 7 - Questões do questionário aplicado .......................................... 61
Tabela 8 - Propostas recebidas dos trabalhadores participantes da
pesquisa concernentes ao que deve ser intensificado
(ELEVAR) no SGSST adotado pela empresa .......................... 134
Tabela 9 - Propostas recebidas dos trabalhadores participantes da
pesquisa concernentes ao que deve ser criado (CRIAR) no
SGSST adotado pela empresa ................................................. 143
Tabela 10 - Propostas recebidas dos trabalhadores participantes da
pesquisa concernentes ao que deve ser reduzido (REDUZIR)
no SGSST adotado pela empresa ............................................ 149
Tabela 11 - Propostas recebidas dos trabalhadores participantes da
pesquisa concernentes ao que deve ser eliminado
(ELIMINAR) no SGSST adotado pela empresa ....................... 151
Tabela 12 - Acidentes do Trabalho Fatais e Percentuais Relativos
(trabalhadores próprios e de empresas contratadas) – Setor
Elétrico Brasileiro ...................................................................... 154
13

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................... 16
1.1. Contexto geral .......................................................................... 16
1.2. Desenvolvimento industrial e infortunística .............................. 16
1.3. Situação problema .................................................................... 22
1.4. Questão de Pesquisa ............................................................... 22
1.5. Objetivo, justificativa e relevância ............................................. 23
1.6. Estrutura do trabalho ................................................................ 24
2. REVISÃO DA LITERATURA .................................................... 26
2.1. O setor elétrico brasileiro, infortunística associada e
comparação com alguns outros setores econômicos
nacionais relevantes ................................................................. 27
2.2. Sistemas de Gestão em Segurança e Saúde do Trabalho -
SGSST ...................................................................................... 34
2.3. A importância da participação dos trabalhadores nos sistemas
de gestão em segurança e saúde do trabalho ......................... 40
2.4. Alguns aspectos de sistemas de gestão de segurança e
saúde ocupacional com base em diretrizes do DNV e da
OSHAS 18001 .......................................................................... 47
3. ESTRATÉGIA DE PESQUISA .................................................. 58
4. ESTUDO DE CASO: Avaliação de sistema de gestão de
segurança e saúde do trabalho. O estudo da participação dos
trabalhadores em empresa distribuidora de energia elétrica .... 68
4.1. Introdução ................................................................................. 68
4.2. Breve histórico da empresa ...................................................... 68
4.3. SGSST – Sistema de Gestão de Segurança e Saúde do
Trabalho …………………......................................................... 69
4.4. Principais processos do sistema de gestão de segurança e
saúde adotado pela empresa e resultados relevantes ............. 73
4.5. Pesquisa de campo e resultados .............................................. 82
4.6. Análise dos resultados .............................................................. 152
4.7. Recomendações a partir do estudo de caso ............................ 157
14

4.8. Considerações finais ................................................................ 158


5. CONCLUSÃO E SUGESTÕES PARA NOVAS PESQUISAS .. 160
REFERÊNCIAS ........................................................................ 162
ANEXOS ................................................................................... 166
Matriz de Avaliação de SST – Segurança e Saúde do
Trabalho – anverso ................................................................... 166
Matriz de Avaliação de SST – Segurança e Saúde do
Trabalho – verso ....................................................................... 167
Matriz de Avaliação de SST – Segurança e Saúde do
Trabalho – auxílio no entendimento dos itens e na avaliação .. 168
15

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APR - Análise Prevencionista de Risco


BS - British Standards
BSI - British Standards Institution
BVQI - Bureau Veritas Quality of Standards
CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CSST - Comitê de Saúde e Segurança do Trabalho da Fundação COGE
DSS - Diálogo Semanal de Segurança
DNV - Det Norske Veritas
EPC - Equipamento de Proteção Coletiva
EPI - Equipamento de Proteção Individual
GRIDIS - Grupo de Intercâmbio e Difusão de Informações sobre Engenharia
de Segurança e Medicina do Trabalho
ISO - International Organization for Standardization
MPS - Ministério da Previdência Social
NRs - Normas Regulamentadoras do Capítulo V do Título II, da
Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e
Medicina do Trabalho
NTEP - Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário
OC - Organismo Certificador
OHSAS - Occupational Safety and Health Assessment Series
PDCA - Plan, Do, Check, Act
PST - Profissional de Segurança do Trabalho
SAT - Seguro Acidente do Trabalho
SEP - Sistema Elétrico de Potência
SGSSO - Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional, o mesmo
que SGSST
SGSST - Sistema de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho
SST - Segurança e Saúde do Trabalho
TF - Taxa de Freqüência de Acidentes
TG - Taxa de Gravidade de Acidentes
16

1. INTRODUÇÃO

1.1. Contexto geral

A complexidade das organizações, assim como a velocidade da incorporação dos


mais diversos aspectos que as partes interessadas em seus negócios impõem a
elas, faz com que, atualmente, sistemas de gestão que possam auxiliar nesse
processo tornem-se ferramentas indispensáveis.

Para maior eficácia desses sistemas, é fundamental a participação dos


trabalhadores desde sua concepção até as fases de operacionalização e revisão
para a melhoria contínua.

O presente trabalho propõe avaliação de um SGSST – Sistema de Gestão de


Segurança e Saúde do Trabalho e a verificação do nível de participação dos
trabalhadores, implantado em uma empresa de grande porte, o que é feito com a
aplicação de questionário de avaliação desenvolvido com base nos principais
aspectos de um SGSST.

A aplicação da metodologia proposta também resulta na obtenção de sugestões


sobre as ações a serem tomadas para buscar o aperfeiçoamento do sistema e,
consequentemente, de seus resultados.

Espera-se com isso contribuir para melhoria de Sistemas de Gestão de


Segurança e Saúde do Trabalho implementados pelas organizações, que com a
utilização da ferramenta criada, poderão identificar o nível de conhecimento e
participação de seus empregados no sistema, assim como obter suas propostas
para a sua melhoria contínua.
17

1.2. - Desenvolvimento industrial e infortunística1

Inicia-se esta dissertação com uma citação de Brasil (2002) sobre a ocorrência de
acidentes nas atividades laborais:

“O mesmo trabalho que retirou o homem das cavernas e o colocou


viajando em meio às estrelas tem interrompido projetos de vida
individuais e familiares ao gerar sofrimentos físicos e mentais de várias
ordens, além de impor prejuízos sem conta para a sociedade.” (2002,
p.1)

De fato, os acidentes do trabalho têm mutilado e tirado a vida de milhões de


trabalhadores ao longo da história e produzido prejuízos imensos para a
sociedade, muitas vezes impossíveis de se mensurar com exatidão. E isso se
intensificou desde a revolução industrial, iniciada na Europa do século XVIII.

Paralelamente ao desenvolvimento tecnológico e econômico que se iniciavam nos


primórdios da revolução industrial, trabalhadores eram submetidos aos mais
variados riscos de acidentes e agravos à saúde que ceifaram vidas ou
determinaram a incapacidade para o trabalho de milhares de pessoas.

Hunter (apud MENDES, 1996, p.7), afirma:

“Toda a sorte de acidentes graves, mutilantes e fatais, além de


intoxicações agudas e outros agravos à saúde, atingiram os
trabalhadores, incluindo crianças de cinco, seis ou sete anos e
mulheres, preferidos que eram – crianças e mulheres – pela
possibilidade de lhes serem pagos salários mais baixos.”

Famílias numerosas e extremamente pobres eram recrutadas nas grandes


cidades inglesas como mão-de-obra fácil. Não somente os homens eram aceitos
como trabalhadores, mas também suas mulheres e filhos e não havia quaisquer
restrições quanto ao estado de saúde e desenvolvimento físico dessas pessoas
indefesas (BRASIL, 2002).

1
Estudo dos acidentes de trabalho e suas conseqüências, incluídas as doenças ditas profissionais.
18

Assim, os trabalhadores, em sua grande parte crianças e mulheres, tiveram a


saúde comprometida de forma extremamente grave.

Os acidentes do trabalho passaram a ser rotina e tinham origem tanto pela


inabilidade dos trabalhadores que não estavam habituados a operar máquinas e
não eram orientados para tal, quanto pela ausência das proteções básicas de
engrenagens e correias. Somado a isso, ambientes totalmente insalubres, sem
ventilação e com níveis de ruído ensurdecedores agravavam o risco da ocorrência
de acidentes (BRASIL, 2002).

As precárias condições de trabalho vigentes à época e a inobservância a


preceitos básicos de higiene do trabalho, capazes de evitar o adoecimento dos
trabalhadores, não se justificavam na falta de conhecimento do nexo causal de
diversas moléstias que acometiam os trabalhadores. Já no século XVII, os
estudos de Bernardino Ramazzini2 evidenciavam a correlação entre várias
atividades de trabalho e ambientes ocupacionais nos quais se desenvolviam com
a saúde dos trabalhadores. Portanto, pode-se concluir que, se assim desejassem,
os empreendedores da época poderiam ter proporcionado melhores ambientes de
trabalho aos operários que não os conduzissem ao adoecimento. Infelizmente,
não foi o que ocorreu.

Segundo Berlinguer (2004), essa situação praticamente não se alterou durante


muitas décadas na medida em que, não obstante estarem expostos a toda sorte
de riscos nos ambientes de trabalho, a proteção dos trabalhadores não
experimentou nenhuma celeridade. Ao se analisar a situação dos trabalhadores
no século XIX, observa-se a continuidade da total inobservância das mais
comezinhas regras de prevenção de acidentes e promoção da saúde.

No Brasil, a história não foi diferente. Somente atrasada em alguns séculos, o que
é evidenciado pela constatação de que a “revolução industrial brasileira” ocorreu a

2
Nascido na cidade italiana de Capri em 3 de novembro de 1633, o médico Bernardino Ramazzini deixou importante
contribuição à medicina em seu trabalho sobre doenças ocupacionais chamado De Morbis Artificum Diatriba (Doenças do
Trabalho) que relacionava os riscos à saúde ocasionados por produtos químicos, poeira, metais e outros agentes aos quais
se expunham os trabalhadores de 52 ocupações estudadas pelo médico italiano (BERLINGUER, 2004).
19

partir do final da I Guerra Mundial e, infelizmente, também registrando números


alarmantes de acidentes do trabalho.

Atualmente, o Brasil apresenta um parque industrial moderno e que já o colocou


como oitava economia mundial. Não obstante, tal modernidade não afastou o
grande número de acidentes do trabalho que vitimam seus trabalhadores, como
pode ser verificado na tabela 1.

TABELA 1 – Média de acidentes e doenças no Brasil nas últimas quatro décadas


Acidentes Óbitos
Médias Acidentes Óbitos /
Total de / 100
por Trabalhadores Doenças / 100 mil Óbitos 10 mil
Acidentes mil
década trab. acidentes
Típico Trajeto trab.

Anos 70 12.428.828 1.535.843 36.497 3.227 1.575.566 13.696 3.604 30 23

Anos 80 21.077.804 1.053.909 59.937 4.220 1.118.071 5.388 4.672 22 42

Anos 90 23.648.341 414.886 35.618 19.706 470.210 1.998 3.925 17 85

Anos 00* 30.206.932 344.919 53.844 24.885 423.648 1.397 2.830 9 68

*dados até 2006


Fonte: Anuário Brasileiro de Proteção 2008 (http://www.protecao.com.br/, acessado em 6 de setembro de 2008), a partir de
dados do INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social

Como se pode verificar, os anos 70 foram aterradores no que se refere à


ocorrência de acidentes do trabalho. Mais de um milhão e meio de acidentes
registrados que resultaram na morte de três mil, seiscentos e quatro
trabalhadores. O resultado foi de uma razão de trinta óbitos para cada cem mil
trabalhadores registrados e a fatalidade de vinte e três óbitos para cada dez mil
acidentes do trabalho registrados.

O país não podia continuar nessa trajetória e no final da década o resultado dos
esforços para prover o Brasil de um ordenamento legal em segurança e saúde do
trabalhador foi coroado com a oficialização das Normas Regulamentadoras (NR)
em Segurança e Saúde do Trabalho, aprovadas pela Portaria N0 3.214, de 8 de
junho de 1978.
20

Não obstante o número de trabalhadores mortos em acidentes do trabalho tenha


aumentado na década de 80, o arcabouço legal trazido pelas NRs contribuiu com
a reversão do quadro sombrio à época, o que pode ser verificado pela diminuição
das médias de acidentes do trabalho registradas nas décadas seguintes e, na
presente década, com a diminuição do número de mortes no trabalho.

Na Figura 1 está evidenciada a expressiva redução dos acidentes do trabalho


comparada ao número de trabalhadores do mercado de trabalho formal registrada
ao longo das últimas três décadas até meados da presente década. Ou seja, a
sinistralidade3 diminuiu.

16000
14000
12000
Quociente

10000
8000 Acidentes/100 mil
6000 trabalhadores

4000
2000
0
anos 70 anos 80 anos 90 anos 00 (até
2006)

Décadas

Figura 1 – Evolução dos acidentes do trabalho por 100 mil trabalhadores no Brasil desde a
década de 70
Fonte: Construída pelo autor a partir dos dados do INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social

Não obstante o resultado positivo registrado, a fatalidade aumentou como pode


ser verificado na Figura 2. Enquanto o número de óbitos por cem mil
trabalhadores diminuiu de forma relevante, o número de óbitos por 10 mil
acidentes aumentou drasticamente. Ou seja, a fatalidade decorrente dos
acidentes registrados aumentou substancialmente.

3
Sinistralidade: relativa à ocorrência de acidentes, no caso, acidentes do trabalho.
21

90
80
70
60 Óbitos/100 mil
Quociente trabalhadores
50
40
30 Óbitos/10 mil
20 acidentes

10
0
anos 70 anos 80 anos 90 anos 00 (até
2006)

Décadas

Figura 2 – Evolução relativa de acidentes e fatalidades no Brasil desde a década de 70


Fonte: Construída pelo autor a partir dos dados do INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social

Embora não seja objeto do presente trabalho, algumas questões podem ser
levantadas à luz desses dados:

As ações adotadas pelo governo e sociedade brasileiros visando à prevenção de


acidentes e doenças no país estariam realmente surtindo os efeitos desejados e
diminuição dos acidentes do trabalho?

Estaria havendo subnotificação dos acidentes do trabalho no Brasil tendo em vista


que mesmo com a sinistralidade4 diminuindo a fatalidade não apresentou redução
proporcional à redução dos acidentes?

A aparente contradição originada pela análise dos números, menor número de


acidentes relativo à força de trabalho e maior fatalidade relativa, seria o resultado
da diminuição dos riscos nos ambientes de trabalho produzindo a eliminação dos
acidentes de menor gravidade que, não tendo o mesmo efeito sobre os riscos de
maior gravidade, não conseguiu modificar o cenário relativos aos acidentes mais
graves?

Nesse contexto, os SGSST – Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde do


Trabalho podem se constituir em ferramentas de auxílio ao aperfeiçoamento

4
Sinistralidade: relativa à ocorrência de acidentes, no caso, acidentes do trabalho.
22

contínuo das ações voltadas à prevenção de acidentes e agravos à saúde dos


trabalhadores e, além disso, também proporcionar às empresas economia nos
custos relevantes decorrentes de acidentes e doenças.

1.3. Situação problema

Conforme relatado anteriormente, os ambientes e os processos laborais no Brasil


têm causado inúmeros acidentes, alguns com gravíssimas conseqüências.

Com o objetivo de organizar de forma sistêmica as ações direcionadas à


prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, empresas têm
implantado sistemas de gestão de segurança e saúde do trabalho certificados ou
não por terceira parte5.

Vários autores que serão mencionados na revisão de literatura ratificam a


importância de um sistema de gestão para que se obtenham melhorias
substanciais e contínuas na prevenção de acidentes, nas relações de trabalho e
mesmo na sustentabilidade das organizações.

Outros autores, trabalhos e legislações versando sobre a contribuição e


participação dos trabalhadores na construção e posterior administração de
SGSST também são citados no capítulo de revisão da literatura.

Pretende-se, com a pesquisa, desenvolver ferramenta que agregue a participação


de trabalhadores na construção e administração de Sistemas de Gestão de
Segurança e Saúde do Trabalho, contribuindo assim para o sucesso e melhoria
desses sistemas.

1.4. Questão de pesquisa

Para a elaboração da questão de pesquisa, parte-se da seguinte premissa:

5
Certificação de terceira parte: certificação do sistema de gestão de segurança e saúde do trabalho concedida por
auditores independentes, sem vínculo com quaisquer das partes envolvidas.
23

A participação dos trabalhadores na construção de um SGSST é um ponto


relevante para o sucesso do sistema!

A partir dela, pretende-se responder a seguinte questão:

Como viabilizar a participação dos trabalhadores na construção,


operacionalização e melhoria contínua de sistemas de gestão de saúde e
segurança ocupacional?

1.5. Objetivo, justificativa e relevância

O presente trabalho objetiva o desenvolvimento de sistemática de avaliação de


SGSST - Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho através da
verificação do nível de conhecimento e participação de trabalhadores nos
mesmos.

Esse objetivo foi alcançado com a utilização de um questionário versando sobre


trinta aspectos relevantes de um SGSST, aplicado aos trabalhadores de uma
empresa de grande porte. Também foram obtidas suas contribuições para a
melhoria do sistema.

Considerando os acidentes que continuam a ser registrados nos diversos setores


da economia brasileira e a necessidade da reversão desse quadro, a implantação
de um SGSST eficaz, capaz de contribuir para a eliminação dos acidentes e
doenças originadas no trabalho, justifica a presente pesquisa.

Também é relevante estabelecer metodologia capaz de avaliar os SGSST


implantados, com base na participação dos trabalhadores, bem como levantar
suas contribuições para a melhoria dos mesmos.
24

1.6. Estrutura do trabalho

No capítulo 2, desenvolve-se pesquisa da literatura onde se evidencia a


ocorrência de acidentes do trabalho nas empresas do setor elétrico brasileiro,
comparativamente com a de outros relevantes setores econômicos nacionais.

Também são estudados autores que tratam da importante contribuição dos


SGSST para a busca da eficácia da gestão de segurança e saúde nas
organizações, assim como outros que enfatizam a importância da participação
dos trabalhadores para o sucesso das melhores práticas em segurança e saúde
do trabalho.

Ainda no capítulo 2, são abordados dois dos principais modelos de gestão em


segurança e saúde ocupacional atualmente utilizados pelas empresas: o sistema
SCIS - Sistema de Classificação Internacional de Segurança concebido pela DNV
– Det Norske Veritas e a OHSAS 18001 – Occupational, Health and Safety
Assessment Series.

No capítulo 3, discute-se a estratégia do trabalho a ser realizado, com ênfase no


questionário com trinta questões sobre saúde e segurança do trabalho, elaborado
para avaliar o SGSST implantado, por meio da opinião dos trabalhadores e de
suas contribuições para a melhoria do SGSST.

No capítulo 4, faz-se um breve histórico da empresa onde o estudo de caso foi


realizado, do SGSST por ela implementado, dos principais processos que o
suportam e resultados obtidos.

Nesse capítulo, também é descrita em detalhe a pesquisa de campo realizada,


com ênfase nas respostas ao questionário, comentários sobre divergências entre
os grupos de trabalhadores, objeto da pesquisa, e sugestões para a melhoria do
sistema formuladas pelos trabalhadores.

O capítulo 4 também se ocupa da análise dos resultados, recomendações


decorrentes e considerações finais sobre o trabalho realizado.
25

Fechando a dissertação, o capítulo 5 traz as conclusões gerais obtidas e


sugestões para pesquisas futuras correlacionadas que podem ampliar o
entendimento sobre a construção e resultados de SGSST nas organizações que
os adotam.
26

2. REVISÃO DA LITERATURA

Nesse capítulo discorrer-se-á sobre a situação do setor elétrico em relação à


ocorrência de acidentes do trabalho e sua comparação com alguns outros setores
brasileiros. Também abordar-se-á a importância de um SGSST como ferramenta
para a identificação dos riscos de acidentes e sua eliminação.

Serão apresentados os sistemas de gestão de segurança e saúde ocupacional


com base na proposta da DNV6 – Dot Norsche Veritas e na OHSAS7 18001.

Também serão mencionados autores que destacam em seus estudos a


importância dos trabalhadores no processo de construção, manutenção e
melhoria de SGSST.

Na tabela 2 é ilustrada a integração e sintonia entre o problema, os objetivos, a


questão e os fundamentos teóricos.

TABELA 2 – Fundamentação Teórica – alguns autores pesquisados


Problema Objetivos Questões Referências Autores
Otimizar os Avaliação de Quais os benefícios SGSST lastreados Rocha; 2007
resultados dos Sistemas de Gestão que se pode obter a nas referências DNV Benite; 2004
SGSST adotados de Segurança e partir da implantação e OHSAS 18001 e De Cicco; 1999
pelas empresas com Saúde do Trabalho - de SGSST nas pesquisas realizadas. Fernandes; 2005
a participação ativa SGSST. empresas? Rodrigues e Guedes;
dos trabalhadores a 2003
fim de se obter a Desenvolver A participação dos Importância da Pereira; 2007
redução dos metodologia capaz de trabalhadores na participação dos Almeida; 2006
acidentes e agravos à agregar a construção de um trabalhadores em Borelli; 2006;
saúde. participação dos SGSST pode ser SGSST. SCIS-DNV
trabalhadores na considerada um OHSAS 18001
construção, ponto relevante para
operacionalização e o sucesso do Borelli; 2006
melhoria de SGSST. sistema? Como essa Deming; 1997
participação pode ISTAS; 2003
contribuir com a Drummond, 1994
melhoria continua do Convenção OIT 187
SGSST?
Fonte: Construída pelo autor a partir da revisão da literatura realizada

6
DNV: Det Norske Veritas (A Verdade Norueguesa – tradução livre).
7
OHSAS: Occupational Health and Safety Assessment Series.
27

2.1. O setor elétrico brasileiro, infortunística associada e comparação com


alguns outros setores econômicos nacionais relevantes

Acidentes ocorrem pela materialização de um perigo que apresenta uma dada


probabilidade de se manifestar. Quanto maior a probabilidade da ocorrência,
maior o risco do acidente ocorrer.

Inicia-se esse item com essa consideração, pois no Brasil há uma confusão entre
termos que estão claramente definidos na língua inglesa: hazard e risk. Segundo
De Cicco (2004) o termo hazard tem sua tradução para perigo na língua
portuguesa e significa fonte de dano potencial. Para o mesmo autor, risco,
tradução do inglês risk, é a possibilidade de ocorrer algo que terá impacto nos
objetivos que se quer atingir. Deve-se ainda considerar que, analisando as
conseqüências que pode determinar, o risco pode se materializar sob a forma de
impactos positivos ou negativos.

Alinhados os conceitos, podemos afirmar que as atividades desenvolvidas no


setor elétrico expõem seus trabalhadores a perigos e riscos expressivos. Dentre
os principais perigos, destacam-se:

quedas, em função das redes aéreas de transmissão e distribuição;

choques elétricos, em função do produto principal do setor: a energia elétrica;

queimaduras e outras lesões provenientes de arco elétrico (curto-circuito


acidental);

acidentes de trânsito devido ao grande número de veículos utilizados, dentre


outros.

Para evitar que os perigos transformem-se em acidentes, várias ações tem de ser
implementadas, a saber: conhecimento do trabalhador em relação a esses
perigos e riscos associados, treinamentos específicos para que se possa
28

desempenhar as atividades no SEP8 com o mínimo risco possível, utilização de


equipamentos de proteção individual – EPI adequados e de qualidade,
ferramentas e instrumentos especialmente desenvolvidos para as atividades,
além de uma série de técnicas e dispositivos que têm o objetivo de evitar que o
acidente ocorra ou, na hipótese de sua ocorrência, de minimizar as lesões
decorrentes.

Mesmo com todos os cuidados citados, os perigos mencionados têm sido causas
de vários acidentes de trabalho. Lamentavelmente, número expressivo deles
apresenta grande gravidade.

Na Figura 3 são apresentadas as TF9 do setor elétrico brasileiro desde 1987 até
2006, onde se pode observar tendência geral de queda, que atinge um patamar
quase constante de 2001 a 2005, caindo novamente em 2006. No entanto, a
média ainda encontra-se elevada (6,35) comparando-se a outros setores da
economia brasileira. Essa TF significa que a cada 157.480 horas-homem-
trabalhadas no setor elétrico, um acidente com afastamento é registrado,
incluídas também na taxa as doenças ocupacionais ou do trabalho.

8,00 7,31
7,15
6,77
7,00 6,51 6,35 6,48
6,27 6,24 6,35
5,82
6,00 6,26
6,00 5,41
6,09 5,29
5,90 5,11 5,12
5,00
5,03
4,00 4,20
3,45 TF Setor elétrico
3,00 Média do setor

2,00

1,00

0,00
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
00
01
02
03
04
05
06

Figura 3 – TF anuais do setor elétrico brasileiro – 1987 a 2006


Fonte: Construída pelo autor a partir de dados do GRIDIS10 e CSST11 da Fundação COGE / ELETROBRÁS

8
SEP – Sistema Elétrico de Potência.
número − de − acidentes − com − afastamento
9
Taxa de Freqüência – TF = x 106, quociente entre o
total − de − horas − hom em − trabalhadas
número de acidentes registrados e as horas totais trabalhadas.
10
GRIDIS – Grupo de Intercâmbio e Difusão de Informações sobre Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho.
11
CSST – Comitê de Saúde e Segurança do Trabalho da Fundação COGE.
29

Quando analisadas as TG12 do setor elétrico, elas também são preocupantes. De


natureza muito mais difícil de gerir, pois a gravidade das lesões decorrentes dos
acidentes é algo imponderável, as TG não têm apresentado a mesma tendência
de queda das TF, conforme se pode verificar na Figura 4.

A média da TG de 778 ao longo dos anos considerados significa que em todos os


anos houve acidentes graves que provocaram lesões incapacitantes prolongadas,
definitivas ou, até mesmo, que levaram trabalhadores à morte.

1200

966
1000 903 886 903 905
809 802 879
759
800 778
763 638
728 751 746 686
688 719 T G S etor elétrico
600 672
M éd ia d o setor
504 522
400

200

0
87
88

89
90
91

92
93
94
95

96
97
98
99
00

01

02

03
04
05
06
Figura 4 – TG anuais do setor elétrico brasileiro - 1987 a 2006
Fonte: Construída pelo autor a partir de dados do GRIDIS e CSST da Fundação COGE / ELETROBRÁS

De forma sucinta, esse é o quadro da sinistralidade13 do setor elétrico brasileiro


nos últimos 20 anos e mais preocupante ainda é o fato de que as TF e TG
evidenciadas nas Figuras 3 e 4 se referem apenas aos trabalhadores próprios das
empresas do setor de energia elétrica. Se forem incluídos os trabalhadores de
empresas contratadas, as chamadas “terceirizadas”, analisando assim toda a
força de trabalho do setor, as taxas em análise seriam muito superiores.

12
número − de − dias − perdidos + dias − debitados
Taxa de Gravidade – TG = x 106, quociente entre os
total − de − horas − hom em − trabalhadas
dias perdidos por afastamentos decorrentes de acidentes e doenças mais os dias debitados por incapacidade permanente
ou morte (extraídos da norma brasileira NBR 14.280 - Cadastro de Acidentes, da ABNT – Associação Brasileira de Normas
Técnicas).

13
Sinistralidade: relativa à ocorrência de acidentes, no caso, acidentes do trabalho.
30

A última década do século passado trouxe a globalização que, segundo Vieira


(2005), embora normalmente associada a processos econômicos, como a
circulação de capitais, também abrange fenômenos na esfera social, como a
criação e expansão de instituições supranacionais, a universalização de padrões
culturais e o equacionamento de questões concernentes à totalidade do planeta,
tais como: meio ambiente, crescimento populacional e direitos humanos.

A visão neoliberal do capitalismo pode ser incluída no rol das importantes


transformações sócio-culturais que influenciaram fortemente as empresas e,
dentre várias alterações na relação capital-trabalho, intensificou o processo de
terceirização de algumas das atividades antes desenvolvidas por trabalhadores
próprios.

No setor elétrico, esse fenômeno se verifica a partir de 1997. Com a privatização


de parte das concessionárias do setor elétrico brasileiro, muitas atividades foram
terceirizadas e, a julgar pelos acidentes registrados pelas empresas contratadas
por essas concessionárias, a prevenção dos acidentes não está sendo
privilegiada por essas empresas contratadas.

Há que se avaliar essa situação sob a ótica crítica que propõe um repensar sobre
o próprio fenômeno da privatização. Seria realmente a privatização o caminho
para o desenvolvimento, melhores serviços e produtos oferecidos para a
sociedade?

Sobre a privatização, Vieira (2005) menciona:

A abertura econômica, a integração dos mercados e a privatização têm


sido apresentadas como a panacéia do desenvolvimento. As
conseqüências sociais são graves: aumento do desemprego, queda dos
níveis salariais, aumento da pobreza e da concentração de renda,
conflitos sociais, degradação dos serviços públicos, deterioração da
qualidade de vida, destruição ambiental.

É certo que, atualmente, o cenário brasileiro nos oferece vários indicadores que
se contrapõem às graves conseqüências apontadas por Vieira (2005). Os
31

indicadores de desemprego estão em queda, os salários tiveram ganho real ao


longo dos últimos anos, sobretudo devido ao domínio da inflação que dilapidava
seu valor, e boa parte dos serviços públicos estão sendo universalizados como
nunca antes visto no país. Ou seja, a realidade parece não comprovar todas as
afirmações de Vieira (2005) sobre os males da globalização e da privatização das
empresas.

Não obstante, no que se refere à infortunística, não há como negar a realidade


que aponta para uma situação muito difícil e que precisa ser enfrentada pelas
empresas terceirizadas e por aquelas que as contratam.

Dados da Fundação COGE indicam preocupante situação relativa aos acidentes


do trabalho com conseqüência fatal atingindo os trabalhadores das empresas do
setor elétrico brasileiro. A tabela 3 evidencia a afirmação que, a princípio, atesta
condições inadequadas com que a prevenção de acidentes está sendo
administrada, sobretudo pelas empresas terceirizadas.

TABELA 3 – Acidentes do Trabalho Fatais e Percentual sobre Número Total de


Trabalhadores – Setor Elétrico Brasileiro
Ano
Indicador
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Acidentes com
trabalhadores das
26 15 17 23 14 9 18 19 13
empresas contratantes -
conseqüência fatal
Percentual de óbitos sobre
o número total de 0,023% 0,015% 0,017% 0,024% 0,014% 0,009% 0,018% 0,019% 0,012%
trabalhadores próprios
Acidentes com
trabalhadores de empresas
49 49 60 55 66 52 57 74 59
contratadas (terceirizadas)
- conseqüência fatal
Percentual de óbitos sobre
o número total de
trabalhadores das - - - - 0,166% 0,067% 0,064% 0,067% 0,053%
empresas cotratadas
(terceirizadas)
Fonte: Construída pelo autor a partir da estatística 2007 elaborada pela Fundação COGE com base nas informações de 74
empresas do Setor Elétrico Brasileiro (dados das empresas contratadas disponíveis a partir de 2003)
32

Como se pode verificar, os percentuais de óbitos sobre o número total de


trabalhadores são expressivamente maiores nas terceirizadas quando
comparados às concessionárias.

Há ainda que se mencionar que a ocorrência de acidentes fatais com


trabalhadores do setor elétrico infelizmente sempre ocupou patamar muito
preocupante desde antes das privatizações ocorridas. Na tabela 4 são
apresentadas as TF de acidentes fatais ocorridos em períodos pré e pós
privatização, onde se podem verificar taxas elevadas em ambos os períodos. Há
que se excetuar o período onde não havia o controle do número de trabalhadores
terceirizados (1998 a 2002) onde o cálculo das TF ficou prejudicado.

O que certamente é incontestável é que, no período pós-privatização, os


acidentes fatais acometeram mais os trabalhadores das empresas contratadas,
ou seja, aqueles que desenvolvem as atividades que foram terceirizadas, como se
pode concluir a partir dos dados da tabela 3.

TABELA 4 – Taxa de Freqüência de Acidentes Fatais no Setor Elétrico Brasileiro – 1982 a


2007
Ano Acidentes Fatais Força de Trabalho % Fatais/FT Fatais/FT*1000 TF
1982 26 175095 0,000148 1,48 0,06
1983 47 172788 0,000272 2,72 0,10
1984 51 174825 0,000292 2,92 0,11
1985 41 181681 0,000226 2,26 0,09
1986 64 189644 0,000337 3,37 0,13
1987 47 187890 0,000250 2,50 0,09
1988 54 195141 0,000277 2,77 0,10
1989 43 201130 0,000214 2,14 0,08 Estatais:
1990 46 204780 0,000225 2,25 0,09 trabalhadores
1991 43 196788 0,000219 2,19 0,08 próprios
1992 43 191325 0,000225 2,25 0,09
1993 44 186237 0,000236 2,36 0,09
1994 35 183380 0,000191 1,91 0,07
1995 18 164117 0,000110 1,10 0,04
1996 29 78446 0,000370 3,70 0,14
1997 9 52452 0,000172 1,72 0,06
1998 31 130698 0,000237 2,37 0,09 Transição pós-privatizações:
1999 75 111166 0,000675 6,75 0,26 trabalhadores próprios e
2000 64 101720 0,000629 6,29 0,24 terceirizados (sem controle do
2001 77 97148 0,000793 7,93 0,30 número dos terceirizados – cálculo
2002 78 96741 0,000806 8,06 0,31 prezudicado)
2003 80 137048 0,000584 5,84 0,22
2004 61 173563 0,000351 3,51 0,13
2005 75 187274 0,000400 4,00 0,15 Estatais e privatizadas:
2006 93 211976 0,000439 4,39 0,17 força de trabalho
2007 71 215735 0,000329 3,29 0,12

Fonte: Construída pelo autor com base nos dados da Fundação COGE
33

Como anteriormente mencionado, os acidentes do trabalho registrados no setor


elétrico brasileiro apresentam-se em patamar elevado e quase estável nos últimos
anos. Não obstante, sua comparação com os acidentes registrados em alguns
outros setores econômicos relevantes da economia nacional dá conta de que ele,
o setor elétrico brasileiro, está longe de registrar os maiores números de
acidentes.

Na figura 5, são apresentados dados sobre a ocorrência de acidentes em alguns


importantes setores da economia brasileira. Por se tratarem de números
absolutos de acidentes e não de taxas, a comparação da sinistralidade14 entre os
setores não é possível. No entanto, o que se quer demonstrar é a quase
estabilidade da ocorrência de acidentes em altos patamares nas empresas
desses segmentos entre os anos de 2004 e 2006.

Acidentes 2004 a 2006

35.000

30.000

25.000

20.000 2004
2005
15.000 2006

10.000

5.000


Distribuição de Fabricação Metalurgia Fabriação de Construção civil
energia elétrica produtos básica produtos de
químicos metal

Figura 5 – Evolução de acidentes 2004 – 2006 de alguns setores econômicos no Brasil


Fonte: Construída pelo autor a partir de dados do Ministério da Previdência Social
(http://www.previdenciasocial.gov.br/aeps2006/15_01_03.asp, acessado em 25/10/2008)

14
Sinistralidade: relativa à ocorrência de acidentes, no caso, acidentes do trabalho.
34

Como se já não fosse suficientemente preocupante a estabilização do número de


acidentes do trabalho no Brasil em altos patamares, dados recentemente
disponibilizados pelo Ministério da Previdência Social dão conta de que em 2007
houve um aumento de 27,5% de acidentes do trabalho em relação ao ano de
2006. Ainda segundo o MPS15, o aumento já é um reflexo das alterações na
legislação que rege o SAT16 pois, 21,28% (179.600) dos acidentes registrados em
2007 (653.090) não foram comunicados pelas empresas, mas sim detectados
com base no NTEP17 que faz o nexo causal entre os acidentes e doenças
registrados e as atividades econômicas que lhes dão causa.

Inúmeras são as razões para a preservação desse cenário, dentre elas a


manutenção de uma visão de causalidade dos acidentes com base em teorias de
culpabilidade que impedem que as reais causas dos acidentes sejam
determinadas e eliminadas. Ou seja, é preciso buscar novas abordagens para o
sério problema de infortunística brasileiro.

De fato, modelos e pressupostos arraigados têm conduzido a gestão de SST ao


esgotamento e há anos, não somente no setor elétrico brasileiro, mas também
nos demais setores da economia nacional, o país encontra-se estacionado em um
patamar desconfortável de ocorrência de acidentes do trabalho ou, pior,
apresenta tendência de alta nos últimos anos.

2.2. Sistemas de Gestão em Segurança e Saúde do Trabalho - SGSST

A complexidade das organizações modernas exige gestão que permita a análise


de dados complexos e numerosos para a tomada de decisões que, por sua vez,
devem ser lastreadas em condutas éticas que, além de obviamente priorizarem o
respeito à legislação vigente, também considerem questões ambientais e sociais
envolvidas.

15
MPS: Ministério da Previdência Social.
16
SAT: Seguro Acidente do Trabalho.
17
NTEP: NexoTécnico Epidemiológico Previdenciário.
35

Os modelos de gestão preconizados por normas nacionais e internacionais têm


auxiliado as organizações nessa tarefa de relevância crescente na sociedade
contemporânea.

Desse modo, cuidar de forma criteriosa, adequada e com a preocupação da


melhoria contínua de assunto vital para a preservação da qualidade de vida dos
trabalhadores, como é o caso da SST, passou a ser estratégia empresarial que
contribui para o sucesso e sustentabilidade organizacionais.

Ratificando esta afirmação, Rocha (2007, p.14) observa:

Com a evolução dos níveis motivacionais dos trabalhadores, juntamente


com o fortalecimento dos sindicatos, nota-se que o tema segurança e
saúde ocupacional (SSO), apesar de todo contexto negativo, vem
desenvolvendo ao longo dos anos, uma importância significativa nas
organizações, pois está havendo uma obrigatoriedade de atendimento a
requisitos legais.
O tema SSO cada vez mais é incorporado como uma parte importante
na estratégia de negócio. Em alguns este tema (SSO) vem sendo
incorporado como ponto de vulnerabilidade e de preocupações das
organizações.
Se bem trabalhadas essas questões podem transformar-se em
oportunidades dentro de um planejamento estratégico, uma vez que
estão em jogo, parâmetros essenciais de uma avaliação da
sustentabilidade empresarial que são:

imagem (credibilidade e reputação);

credibilidade junto às partes interessadas – os stakeholders;

custos relacionados a perdas, inclusive decorrentes de acidentes;

capital humano, principalmente.

Nessa mesma direção que reforça a necessidade de adoção de SGSST, Benite


(2004, p.13) escreve:
36

As mudanças que vêm ocorrendo no contexto social, econômico,


político e tecnológico no mundo e no Brasil, impõem às empresas a
necessidade de novas estratégias e deixam evidente que os modelos
de gestão tradicionais não são suficientes para responder aos novos
desafios surgidos, devendo ser reavaliados.

Ainda segundo Benite (2004), é responsabilidade das empresas revisarem seus


sistemas de gestão frente à realidade de forma a tratar os problemas e desafios
que lhes são apresentados de maneira inovadora e sistêmica, que lhes permita,
ainda, a assimilação rápida de novas informações para aprimorar sua gestão.

Ou seja, a adoção de sistemas de gestão de segurança e saúde do trabalho traz


vantagens para as organizações que podem ser evidenciadas desde a eliminação
ou controle de perigos até a melhoria de sua imagem junto à comunidade.

Para De Cicco (1999), há um número crescente de organizações desejosas de


demonstrar, junto aos seus “stakeholders”, seu comprometimento em relação à
segurança e saúde de seus empregados e contratados.

Ainda segundo o mesmo autor, as organizações preocupam-se de forma


crescente com a demonstração de seu desempenho em SST, e o fazem através
do controle dos riscos que podem conduzir a acidentes e doenças ocupacionais
associados às atividades que desenvolvem e à luz da política, objetivos e metas
de SST por elas estabelecidos (De Cicco, 1999).

Ou seja, a preocupação com a segurança e a saúde dos trabalhadores é


crescente e isso se tem evidenciado tanto pelas ações voluntárias das
organizações visando a melhor gestão da questão, quanto pelas iniciativas dos
governos com a adoção de novas e mais exigentes legislações.

Nesse sentido, Fernandes (2005, p. 16) menciona:

“No que tange às relações de trabalho, faz-se mister atentar para a


implementação da gestão da segurança e saúde ocupacional na
organização. Isso é ter uma atuação pró-ativa: conhecer com maior
37

amplitude o risco da atividade, ou seja, os potenciais passivos que


podem inviabilizar a sustentabilidade da organização, tendo em vista
que a segurança e a saúde do trabalho são “valores” garantidos através
de legislação específica.”

Ou seja, o respeito pela integridade física e saúde dos trabalhadores passa a


transcender questões humanitárias e até mesmo econômicas para dizer respeito
também à própria sustentabilidade das organizações.

Nessa mesma linha, Rocha (2007, p.15), em sua dissertação de mestrado sobre
sistemas de gestão de segurança e saúde ocupacional em indústria de
fertilizantes, afirma:

“A falta de uma abordagem preventiva de gestão quanto à SSO nessas


indústrias, vem despertando preocupações em relação à
sustentabilidade do negócio, juntamente com as questões ambientais.
...
Desta forma, reforça-se que se deve desenvolver um modelo de
Sistema de Gestão Segurança e Saúde Ocupacional (SGSSO) que
possa estabelecer novas práticas para a busca de uma excelência
nesse ramo de atividade industrial, que se constitui num desafio que
motivou a escolha deste tema.”

Santos (2005, p.18) também contribui na mesma direção da importância dos


SGSST para as organizações:

“A gestão baseada nos princípios da sustentabilidade (meio ambiente,


segurança, saúde ocupacional e qualidade total) está despontando
entre as organizações como o modelo adequado para a compreensão
de quão relevante é a implantação do gerenciamento dos riscos em
saúde e segurança ocupacional.”

Ainda sobre o tema, Luís Fonseca, diretor da APCER – Associação Portuguesa


de Certificação, menciona no prefácio de trabalho de orientação sobre a OHSAS
18001 publicado pela entidade (Rodrigues e Guedes, 2003, p.1):
38

“Os elementos disponíveis relativos à Segurança e Saúde no Trabalho,


evidenciam a necessidade das organizações em implementar Sistemas
de Gestão de Saúde e Segurança no Trabalho capazes de gerir os
riscos, identificando os perigos, avaliando os riscos e, posteriormente,
controlando os mesmos riscos.”

Os sistemas de gestão de SST partem da política definida pela organização,


definem os objetivos e metas a serem atingidos, avaliam a evolução dos trabalhos
desenvolvidos na busca de tais objetivos e implementam revisão crítica a ser
sistematicamente realizada pela alta administração das empresas com as
decorrentes correções que se mostrarem necessárias. Com o uso do ciclo do
PDCA18, procuram obter benefícios sistemáticos e duradouros em prol da
prevenção de acidentes e da promoção da saúde dos trabalhadores.

Atualmente, existem alguns sistemas de gestão voltados à SST e o BSI - British


Standard Institution, órgão britânico responsável pela elaboração de normas
técnicas, foi uma das primeiras organizações a propor um SGSST. Publicada em
1996, a BS19 8750 foi logo adotada por empresas de diversos países e serviu de
base para a OHSAS20 18001, norma amplamente utilizada nos dias atuais.

A BS 8750 preconizava que um SGSST deveria incluir:

a composição de uma estrutura organizacional;

o desenvolvimento de atividades de planejamento;

a definição de responsabilidades de todas as partes envolvidas;

as práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar


e atingir os objetivos estabelecidos;

18
Ciclo do PDCA: ferramenta de gestão e solução de problemas criada por Walter A. Shewart, na década de 30, detalhada
mais adiante.
19
BS – British Standard.
20
OHSAS – Occupational Health and Safety Assessment Series.
39

e a análise crítica visando a correções necessárias e melhorias para manter a


política de SST da organização.

Sobre os objetivos de um SGSST, Pereira (2007, p.3) apud Quelhas (2006)


enfatiza:

Este conjunto de ações, quando aplicado de forma adequada e


equilibrada, nos setores de produção e serviços, tem como objetivo
alcançar melhor produtividade nos resultados operacionais, melhoria no
ambiente de trabalho, qualidade, inovação e preservação ambiental.

As afirmações de Pereira (2007) dão conta da necessidade da adequada gestão


da segurança e da promoção de saúde dos trabalhadores para que as empresas
atinjam o sucesso e a maior produtividade.

Não obstante, ainda há uma parte do empresariado que desconsidera os


problemas nos ambientes de trabalho de suas empresas e que poderão ser
causadores de acidentes e agravos à saúde dos trabalhadores. Para alguns, não
são esses fatores os responsáveis pelos acidentes, mas a falta de preparo e
atenção dos trabalhadores, sua desobediência em seguir as normas de
segurança ou em utilizar os equipamentos de proteção que lhes são
disponibilizados.

Nessa linha, Almeida (2006, p.2) argumenta:

Tradicionalmente as análises de acidentes do trabalho concluem


atribuindo culpa às próprias vítimas e negando a existência de
problemas ou disfunções nos sistemas que dão origem a esses
eventos. Nas últimas décadas, surgem visões que questionam esse
desfecho e destacam a ocorrência de acidentes como avisos da
existência de disfunções sistêmicas, sinais da ocorrência de problemas
incubados que precisam ser ouvidos e adequadamente interpretados
pelos sistemas de gestão de saúde e segurança do trabalho (SGSST).

Ainda à luz das argumentações que reforçam a importância da adoção de


SGSST, Borelli (2006, p.1) menciona:
40

Sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho - SGSST - é um


processo estruturado que pode auxiliar as organizações a melhorar
progressivamente o desempenho da segurança e saúde no trabalho.

Toda essa alteração na gestão empresarial em relação à SST está alinhada com
a crescente exigência legal e social em relação à preservação da segurança e
saúde dos trabalhadores o que, além da manutenção de um direito inalienável
dos mesmos, também evidencia alto grau de responsabilidade social das
empresas.

2.3. A importância da participação dos trabalhadores nos sistemas de


gestão em segurança e saúde do trabalho

Ouvir os trabalhadores e fazer com que conheçam e se conscientizem da


importância de um SGSST para a melhoria da qualidade dos ambientes e
métodos de trabalho são condições fundamentais, mas não suficientes para o
sucesso.

Mais do que isso, é preciso que cada trabalhador esteja comprometido com o
processo desde sua implementação e que de forma permanente contribua para
que, de fato, seja eficaz.

Esse estágio não é alcançado somente com informações e treinamentos e sim


com uma mudança de visão que conduza a todos a crer que a totalidade dos
riscos e perigos presentes nos ambientes e atividades ocupacionais podem e
devem ser identificados e eliminados ou, ao menos, mitigados. É necessário,
portanto, que uma nova cultura seja incorporada por todos que compõem a
organização.

Nessa direção, Borelli (2006, p.1) menciona:

Entretanto, para alcançar essa melhoria faz-se necessário que as


organizações criem as condições para formar as competências que
respondam adequadamente à necessidade de cumprir diferentes
requisitos preconizados em procedimentos, diretrizes, guias, normas e
especificações estabelecidos. Além disso, é importante que as
41

organizações criem as condições para que as questões da segurança e


saúde estejam incorporadas ao seu jeito de ser, ou seja, sua cultura
organizacional.
É imprescindível que esses requisitos sejam permanentemente
ajustados em função do aprendizado organizacional decorrente do
funcionamento do sistema. Este ajuste irá assegurar que o SGSST
adquira a maturidade necessária e se consolide ao longo do tempo,
proporcionando à organização um instrumento cada vez mais
consistente para que possa auxiliá-la na tarefa de identificar, analisar e
controlar seus riscos com eficiência.

De fato, os SGSST adotados pelas organizações pelo mundo afora foram


alicerçados nos sistemas de gestão da qualidade anteriores a eles. Assim, suas
estruturas básicas são muito similares e enquanto em um se buscam as causas
dos problemas que comprometem a qualidade de produtos ou serviços, no outro o
objetivo é identificar e eliminar causas de acidentes e agravos à saúde dos
trabalhadores.

Para o sucesso desses sistemas de gestão, a participação dos trabalhadores é


fundamental. Não basta somente a participação, mas como já mencionado é
mister que seja desenvolvida uma nova cultura organizacional que privilegie a
segurança e saúde.

Da cultura para elementos mais práticos do sistema, novamente a participação


dos trabalhadores é fundamental. Sem seu envolvimento e cooperação é
impossível a identificação de tantos fatores que podem dar origem a incidentes ou
acidentes com a finalidade de eliminá-los, rompendo assim o encaminhamento
que poderia transformá-los em acidentes.

A importância da cooperação para que objetivos organizacionais sejam atingidos


é evidenciada por Deming (1997) em sua obra “A nova economia para a indústria,
o governo e a educação” e para que isso ocorra é necessário que as empresas,
através de suas linhas de comandos e de seus processos formais estabelecidos,
propiciem a real participação dos trabalhadores na gestão de assuntos críticos,
como: a prevenção de acidentes e doenças do trabalho.
42

Para Deming (1997), a excelência somente será alcançada se houver a


cooperação sobre os problemas de interesse comum entre as pessoas e
departamentos das empresas e a necessária cooperação certamente passa pela
oportunidade dos trabalhadores influenciarem a gestão das organizações.

Agora nos apropriando das recomendações da publicação Sistemas de Gestión


Medioambiental - Guía de actuación para trabajadores (2003) a participação dos
trabalhadores se vê reforçada pela essencialidade a ela conferida, tanto na fase
de implantação quanto na de funcionamento. Tanto assim que o regulamento
europeu EMAS21 reconhece explicitamente em seu artigo 10 o papel dos
representantes dos trabalhadores nos sistemas de gestão ambiental. Novamente
aqui se estabelece paralelo para afirmar a necessidade inequívoca da
participação dos trabalhadores em sistemas de gestão de segurança e saúde do
trabalho a fim de que seu sucesso seja atingido.

A mesma publicação enfatiza que, para se evitar o fracasso de um sistema de


gestão, é preciso investir no capital humano22 e modificar numerosas práticas e
processos, o que somente se pode fazer através da participação e cooperação
dos trabalhadores.

Essa, aliás, não é uma visão nova. A legislação italiana há muito determinou a
participação dos trabalhadores na identificação de riscos em seus ambientes de
trabalho, assim como na sua eliminação ou controle. Ela foi uma das fontes
inspiradoras da Portaria n0 5 de 17 de agosto de 1992, expedida pelo
Departamento Nacional de Segurança e Saúde do Trabalho (atual Secretaria de
Segurança e Saúde do Trabalho), que alterou a Norma Regulamentadora NR 9
da Portaria 3.214/78, tornando obrigatória a elaboração e a fixação, nos locais de
trabalho, de mapa de riscos ambientais (Drummond, 1994).

21
EMAS - a UE Eco-Management and Audit Scheme (EMAS) é uma ferramenta de gestão para empresas e outras
organizações para avaliar, reportar buscar a melhoria de seu desempenho ambiental. O sistema está disponível para a
participação das empresas desde 1995 e era inicialmente restrito a empresas de setores industriais.
22
Capital Humano: conceito que tem origem durante década de 50 nos estudos de Theodore W. Schultz e que diz respeito
à incorporação do capital aos trabalhadores, sobretudo na forma de conhecimento, o que atribuí vantagem competitiva às
organizações.
43

Para reforçar a importância da participação dos trabalhadores na gestão da


prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, cita-se a opinião de Carlos
Eduardo Moreira Ferreira, ex-Presidente da Fiesp/Ciesp e do Conselho Regional
do Sesi (Drummond, 1994, p.5):

O envolvimento dos trabalhadores na elaboração e implementação de


medidas prevencionistas é uma maneira simples e prática de dar
eficácia às iniciativas neste campo, já que deste modo se comprometem
os principais interessados com a obtenção de resultados. E a prevenção
não é uma questão que possa ficar na dependência da boa vontade de
uns ou do senso de cooperação de outros, pois tem implicações
econômicas e sociais extremamente relevantes. Deve ser tratada, por
isso, com a mesma seriedade e o mesmo rigor dispensados aos demais
fatores associados à gestão empresarial.

Essa mesma linha que enfatiza a importância da participação dos trabalhadores


está expressa na publicação “Sistemas de Gestión Medioambiental – Guía de
actuación para trabajadores (2003)” que inclusive incentiva que tais participações
sejam inseridas nos acordos coletivos entre empresas e trabalhadores.

Para que os sistemas de gestão atinjam seus objetivos, segundo o Guía de


actuación (2003) e de acordo com a Ley de Prevención de Riesgos Laborales da
Comunidade Européia, os trabalhadores devem:

Receber informação sobre os riscos de seus ambientes e postos de trabalho,


assim como sobre as medidas de proteção e prevenção e as emergenciais;

Receber formação teórica e prática preventiva com atualização sempre que


necessário;

Ter o direito a formular propostas ao comitê de saúde e segurança com o objetivo


de melhorar a saúde e segurança da empresa;

Participar da discussão e encaminhamento de assuntos relativos à prevenção de


acidentes do trabalho;
44

Ser submetidos a exames de saúde periódicos e relacionados com os riscos


inerentes ao seu posto de trabalho;

Ter o direito de denunciar para a inspeção do trabalho que as medidas


preventivas adotadas não são suficientes para garantir a segurança;

Ter o direito de recusa ao trabalho em condições de risco grave e iminente.

Esclarece-se que o Guía se refere à gestão ambiental. Não obstante, as


recomendações são perfeitamente aplicáveis a SGSST, objeto do presente
trabalho.

A mesma linha é adotada na publicação “Manual para negociadores y


negociadoras em salud laboral” do Instituto Sindical de Trabajo, Ambiente y Salud
(ISTAS, 2004) que trata da capacitação de trabalhadores para atuarem na
negociação de aspectos relativos ao ambiente e saúde no trabalho. Mais uma vez
é enfatizada a importância da participação dos trabalhadores, cooperando com as
empresas na gestão de assuntos que lhes são vitais.

Em adição às considerações sobre a importância da participação dos


trabalhadores na construção, manutenção e melhoria de SGSST, cita-se a
Convenção 187 da OIT23, cujas recentes alterações enfatizam a necessidade da
mencionada participação.

Para a OIT (Convention 187 ILO, 2006), a importância da participação dos


trabalhadores na construção de melhores condições de trabalho é evidenciada
logo no campo II. Objetivo, Artigo 2, item 3:

3. Cada membro, em consulta com as organizações mais


representativas de empregadores e de trabalhadores, deverá rever
periodicamente as medidas que poderiam ser tomadas para que
ratifiquem as convenções pertinentes da OIT sobre segurança e saúde
no trabalho. (grifo nosso)

23
OIT – Organização Internacional do Trabalho.
45

Como pode ser verificado, já na fase de ratificação das Convenções da OIT que
abordam a questão da segurança e saúde ocupacionais, fica evidenciada a
consulta a organismos de representação dos trabalhadores.

Nessa mesma linha, o campo III. Política Nacional, Artigo 3, item 3, também
privilegia a participação dos trabalhadores no desenvolvimento de uma política
nacional:

3. Ao desenvolver a sua política nacional, cada membro deve promover,


em conformidade com as condições nacionais e em consulta com as
organizações mais representativas de empregadores e de
trabalhadores, os princípios básicos, tais como: avaliação dos riscos
ou perigos do trabalho; consultar na sua origem os riscos e ou perigos
do trabalho; e desenvolver uma cultura nacional de prevenção em
matéria de segurança e saúde que inclua informação, consulta e
formação. (grifo nosso)

Repete-se a mesma orientação de participação dos trabalhadores no campo IV.


Sistema Nacional, Artigo 4, itens 1 e 3, alínea “a”:

1. Os membros devem criar, manter e desenvolver gradualmente e


rever periodicamente um sistema nacional de saúde e segurança no
trabalho, em consulta com as mais representativas organizações de
empregadores e trabalhadores. (grifo nosso)
...
3. O sistema de segurança e de saúde deverá incluir, se for o caso:
a) um órgão consultivo tripartite ou organismos no âmbito nacional
para abordar questões relativas à segurança e saúde no trabalho; (grifo
nosso)

O órgão tripartite mencionado deve ser formado por representantes dos


Governos, Empresas e Trabalhadores e, embora o Brasil ainda não seja
signatário da Convenção 187, já adota o tripartismo na discussão e
encaminhamento de diversos assuntos relacionados à segurança e saúde
ocupacionais.
46

Ainda mencionando a Convenção 187 da OIT e suas recomendações quanto à


participação dos trabalhadores em temas relacionados à segurança e saúde
ocupacionais, o campo V. Programa Nacional, Artigo 5, item 1, cita:

1. Cada membro deve formular, implementar, monitorar e rever


periodicamente um programa nacional de segurança e saúde no
trabalho, em consulta com as mais representativas organizações de
empregadores e trabalhadores. (grifo nosso)

Ou seja, como não poderia deixar de ser, até mesmo pelo suporte da lógica e do
bom senso, a importância da participação dos trabalhadores na construção de
melhores e mais saudáveis processos e ambientes de trabalho, capazes de
eliminar riscos a sua integridade física e a sua saúde, encontra amparo em
diversos autores e organizações.

Definitivamente, daquele que desenvolve suas atividades no cotidiano, seguindo


os procedimentos estabelecidos, utilizando as ferramentas e equipamentos
necessários nos mais diversos ambientes laborais é de se esperar contribuição
singular e indispensável na construção, manutenção e melhoria de SGSST.

Na seqüência, discute-se de forma sucinta dois sistemas de gestão de segurança


e saúde no trabalho que foram a base da gestão implementada na empresa
objeto do presente estudo.
47

2.4. Alguns aspectos de sistemas de gestão de segurança e saúde


ocupacional com base em diretrizes do DNV e da OSHAS 18001

DNV – Det Norske Veritas

O SCIS – Sistema de Classificação Internacional de Segurança concebido pela


DNV é uma ferramenta de avaliação da gestão de SST a partir da análise de 20
elementos essenciais a um SGSST, descritos na tabela 5:

TABELA 5 – Elementos do SCIS – Sistemas de Classificação Internacional de Segurança do


DNV
Elemento Descrição Objetivo
Elemento 1 - São avaliados aspectos Mensurar a maturidade do
Liderança e relacionados aos níveis de SGSST através da
Administração comando, tais como: política geral, verificação do envolvimento
coordenação do controle de perdas, dos níveis gerenciais
eficácia de comitês de segurança e
saúde, reuniões de gerenciamento
do sistema, dentre outros
Elemento 2 - Elemento que aborda desde a fase Verificar o nível de
Treinamento da de levantamento de necessidades conhecimento dos requisitos
Liderança de treinamento das lideranças, até do sistema, assim como sua
revisões e atualizações necessárias aplicação por parte da
liderança
Elemento 3 – Aborda as inspeções planejadas Verificar a correta utilização
Inspeções que devem ser efetivadas, assim das inspeções que permitem
Planejadas e como seus resultados, relatórios, monitorar o SGSST e
Manutenção análise e providências decorrentes identificar problemas a
serem solucionados, assim
como oportunidades de
melhoria a serem adotadas
Elemento 4 – Nesse tópico são discutidas a Verificar o cumprimento
Análises e administração geral do sistema, rigoroso das tarefas críticas,
Procedimentos de inventário de tarefas críticas e ponto-chave para o sucesso
Tarefas Críticas identificação de perdas potenciais, do SGSST proposto
dentre outros pontos
48

Elemento 5 – Aborda toda a estrutura de Avaliar o nível da


Investigação de investigação de acidentes e investigação realizada para
Acidentes/Incidentes incidentes e manutenção dos os incidentes e acidentes,
respectivos relatórios fontes de identificação de
falhas a serem corrigidas
Elemento 6 – Aqui são discutidos os tipos de Determinar os trabalhos e
Observação de observações que deverão ser atividades que serão
Tarefas realizados, assim como a observados para
sistemática de acompanhamento diagnosticar
das observações e medidas preventivamente falhas a
preventivas/corretivas propostas serem eliminadas e
oportunidades de melhoria
Elemento 7 – Esse tópico se destina a avaliar Avaliar o grau de
Preparação para todos os recursos técnicos e preparação das equipes de
Emergências humanos necessários ao atendimento às situações de
atendimento a situações de emergência, assim como a
emergência, tais como: equipes de adequação de materiais e
emergência, experiências equipamentos
adquiridas, planejamento pós-
evento, comunicações necessárias,
dentre outros
Elemento 8 – Trata da avaliação dos normativos e Identificar e avaliar a
Regras e procedimentos que determinam o adequação dos
Permissões de comportamento dos trabalhadores procedimentos criados para
Trabalho quando desenvolvendo trabalhos trabalhos em condição de
em condição de risco risco
Elemento 9 – Detalha a análise das causas e Avaliar a pertinência das
Análise de controles necessários e direciona as soluções adotadas para que
Acidentes/Incidentes equipes de projeto as soluções os riscos de incidentes e
elencadas acidentes sejam eliminados
Elemento 10 – Aborda toda a gestão do Avaliar a adequação dos
Formação e treinamento dos trabalhadores, treinamentos realizados com
Treinamento dos desde o levantamento das os trabalhadores e a
Empregados: necessidades até a comprovação absorção do conhecimento
dos treinamentos e seus resultados
49

Elemento 11 – Item onde são avaliados os EPI no Avaliar a adequação e


Equipamento de que se refere à adequação e qualidade dos EPI
Proteção Individual - qualidade, assim como os registros disponibilizados para os
EPI documentais necessários trabalhadores, assim como a
gestão de sua entrega e
utilização
Elemento 12 – Onde é avaliada toda a gestão dos Identificar os programas
Controle de Saúde e programas direcionados à criados pela organização
Higiene Industrial promoção da saúde dos visando ao controle de
trabalhadores, comunicações, agravos à saúde dos
registros, etc trabalhadores e sua eficácia
Elemento 13 – Elemento direcionado à verificação Avaliar aspectos básicos do
Avaliação do de aspectos primordiais ao sucesso SGSST que são seus pilares
Sistema do programa, tais como: controle de de sustentação e sem os
perdas, cumprimento de padrões, quais não é possível atingir
inspeções de percepção e registros os objetivos determinados
Elemento 14 – Trata da identificação preventiva de Avaliar a eficácia da
Engenharia e Gestão perigos e riscos associados a novos sistemática adotada para o
das Modificações projetos ou modificações, tanto os estudo prévio de situações
originados pelos equipamentos de risco que possam ser
quanto aqueles derivados dos geradas pela modificação de
procedimentos de trabalho, e do procedimentos, novos
controle dos mesmos; projetos, etc
Elemento 15 – Aborda as comunicações que Verificar a eficácia dos
Comunicações devem ser efetivadas entre a sistemas de comunicação
Pessoais organização e seus trabalhadores, estabelecidos entre a
assim como a qualidade das empresa e seus
mesmas na integração, formação e empregados, fundamental
reciclagens dos mesmos para o sucesso do SGSST
Elemento 16 – Avalia a eficácia das reuniões e a Verificar a efetividade dos
Reuniões de Grupos participação de todos os resultados produzidos pelas
profissionais envolvidos com os reuniões sobre o SGSST
assuntos tratados
Elemento 17 – Aborda as iniciativas da Avaliar a eficácia dos meios
Promoção Geral organização para a difusão do criados pela organização
sistema, tais como: quadros de para a promoção de seu
aviso, estatísticas, prêmios de SGSST
reconhecimento, promoção de
ordem e limpeza, etc
50

Elemento 18 – Nesse item são verificadas desde a Verificar a pertinência dos


Contratação e aptidão física e mental para o requisitos e verificações
Colocação exercício das atividades relacionados aos riscos
profissionais, passando pelos associados aos trabalhos
exames médicos necessários e que serão desenvolvidos,
orientações pré-admissionais que estabelecidos na fase de
os trabalhadores devem receber seleção dos trabalhadores
Elemento 19 – Elemento direcionado à busca da Avaliar a qualidade de
Administração de qualidade de materiais adquiridos, materiais, equipamentos e
Materiais e Serviços assim como à qualificação da mão- mão-de-obra envolvidos nos
de-obra contratada para o processos produtivos,
desenvolvimento de atividades intrinsecamente
terceirizadas relacionados com a gestão
da SST
Elemento 20 – Item que verifica as ações da Levantar ações gerais
Segurança Fora do organização para o fomento da voltadas à prevenção de
Trabalho prevenção de acidentes e acidentes e promoção da
incidentes fora do local de trabalho saúde desenvolvidas pela
organização fora de seus
ambientes do trabalho
Fonte: Manual DNV, 2000

Cada um desses vinte elementos se subdivide em várias verificações que têm


pontuações a elas associadas e que, na situação hipotética de um sistema
perfeito, totalizaria mil pontos. Assim, quanto maior a pontuação obtida pela
organização, mais maduro o SGSST por ela adotado.

A utilização dos vinte elementos permite avaliar o estágio da empresa no que se


refere à segurança e saúde do trabalho e evidenciar quais os pontos principais a
serem aperfeiçoados, ou mesmo, implantados. Esse é o grande mérito da
metodologia proposta pela DNV, o diagnóstico da situação atual apresenta um
detalhado panorama do que precisa ser feito para que patamares mais
adequados de segurança e saúde sejam atingidos.

Aliás, a forma como é aplicado o sistema facilmente permite que se verifiquem em


que elementos se encontram as principais oportunidades de melhoria: aqueles
51

com menor número de pontos em relação à pontuação total possível de ser


atingida.

Não se tratando de norma com a possibilidade de ser certificada, o sistema de


pontuação se presta à comparação com outras organizações que aplicam o SCIS
para a verificação do grau de maturidade do sistema e possibilidades de
aperfeiçoamento. Também pode ser utilizado para avaliar a melhoria contínua da
organização que o adota a partir da comparação de resultados obtidos ao longo
do tempo.

OHSAS – Occupational Health and Safety Assessment Series - 18001

O crescente número de empresas com seus SGSST certificados nos últimos anos
demonstram a correção da afirmação de De Cicco (1999) de que esse processo
sofreria rápida aceleração. Não obstante, ainda nos dias atuais não há um modelo
normativo para a gestão de SST no âmbito da ISO, ao contrário do que ocorreu
com a qualidade e o meio ambiente.

Assim, a OHSAS 18001, diretriz para a gestão de SST que surgiu em 1999, foi
alçada a uma posição de destaque como a principal referência para as empresas
que desejam aprimorar sua gestão de SST, como também obter a certificação
desse processo.

Embora não sendo uma norma oficialmente reconhecida, a OHSAS 18001 foi o
resultado do trabalho de um grupo de organismos certificadores e entidades
internacionais de normatização que se propôs a adaptar normas internacionais de
gestão já existentes à época, direcionando-as para a gestão da SST.
De Cicco (1999, p.5) relata:

...um grupo de Organismos Certificadores (BSI, BVQI, DNV, Lloyds,


Register, SGS entre outros) e de entidades nacionais de normalização
da Irlanda, Austrália, África do Sul, Espanha e Malásia, reuniu-se na
Inglaterra para criar a primeira “norma” para certificação de Sistemas de
Gestão da SST de alcance global: a OHSAS 18001 ...
52

A norma OHSAS 18001 foi então oficialmente publicada pela BSI – British
Standards Institution, entrando em vigor no dia 15 de abril de 1999 (De Cicco,
1999).

Não se tratando de norma oficial nacional ou internacional, a certificação em


conformidade com a OHSAS 18001 só é concedida por OC - Organismos
Certificadores de forma não acreditada, ou seja, sem credenciamento por
entidade oficial do OC para esse tema. Essa situação perdura até os dias atuais
(De Cicco, 1999).

Mesmo sem sê-lo, a OHSAS 18001 passou a ser utilizada como “norma”
internacional por organizações do mundo todo, provendo elementos de um
sistema de gestão de SST eficaz e possível de ser integrado a outros sistemas de
gestão por elas já adotados. Assim, passará a ser referida como norma OHSAS
18001.

Alicerçada na mesma proposta da melhoria contínua que inspirou as normas ISO


9001 e ISO 14001, a OHSAS 18001 apresenta cinco elementos com respectivos
subitens, cuja premissa é auxiliar as empresas na gestão de SST.

Na Figura 6 está exemplificado o modelo proposto pela OHSAS 18001.


53

Melhoria
contínua

Análise crítica
pela
Política de SST
administração

Planejamento
Verificação e
ação corretiva
Implementação
e operação

Figura 6 – Os Cinco elementos da gestão bem-sucedida da SST


Fonte: Construída pelo autor a partir de De Cicco (1999)

Considerando esses elementos e respectivos subitens e ainda com a utilização do


mundialmente conhecido ciclo do PDCA (Plan, Do, Check, Act), também
conhecido como ciclo de Shewhart ou ciclo de Deming, as organizações procuram
a melhoria sustentada e constante de suas ações para a prevenção de acidentes
e a promoção da saúde.

Para não deixar de mencionar, o ciclo do PDCA foi criado por Walter A. Shewart,
na década de 30. Suas quatro fases envolvem importantes etapas para a gestão
e solução de problemas, a saber:

P – Plan: primeira etapa do processo onde o planejamento é realizado e são


definidos os objetivos e metas, recursos e estratégias necessárias para atingi-los,
além dos indicadores a serem acompanhados;
54

D – Do: etapa na qual se desenvolve a capacitação do pessoal envolvido,


executam-se as ações propriamente ditas, assim como se iniciam a coleta de
dados ;

C – Check: essa terceira etapa preconiza o monitoramento dos resultados


obtidos e sua comparação com os indicadores, objetivos e metas estabelecidos
no planejamento, a fim de que se possa verificar o desenvolvimento do processo
de gestão como um todo;

A – Act: última etapa na qual, se necessário, age-se corretivamente a partir das


verificações estabelecidas na fase anterior, dessa forma fechando-se o ciclo do
PDCA com a, assim chamada, espiral da melhoria contínua (Pereira, 2007).

Na Figura 7 é apresentado o esquema geral do ciclo do PDCA associado à


melhoria contínua em SST que se pode obter a partir de sua aplicação.

Figura 7 – PDCA e Melhoria Contínua em SST


Fonte: Construída pelo autor a partir de Benite (2004)
55

Embora não se pretenda no presente trabalho detalhar a OSHAS 18001, seguem-


se os cinco elementos que norteiam a aplicação da norma com alguns
comentários: (De Cicco, 1999)

Elemento 1 – Política – definida pela alta administração, a política de SST deve


estabelecer claramente os objetivos globais de segurança e saúde e o
compromisso com a melhoria contínua;

Elemento 2 – Planejamento – nessa fase as organizações devem estabelecer


procedimentos para a identificação contínua de perigos com a conseqüente
avaliação do risco associado, definir as medidas de controle necessárias,
considerar os aspectos da legislação pertinente e outros requisitos entre partes,
elencar os objetivos globais e setoriais de SST, assim como os programas de
SST que serão implantados;

Elemento 3 – Implementação e operação – a estrutura relacionada com o


sistema de gestão de SST, bem como as responsabilidades de todos os
envolvidos é objeto desse elemento, que também aborda o treinamento,
conscientização e competência daqueles que terão interface com o sistema.
Estratégias de comunicação, documentação e sua gestão, controle operacional e
preparação para situações de emergência também devem ser abordados nessa
etapa;

Elemento 4 – Verificação e ação corretiva – a partir da monitoração e


mensuração do desempenho do sistema, análise de acidentes, incidentes, não-
conformidades e ações corretivas/preventivas, assim como dos registros e
relatórios gerados pelas auditorias internas e externas, estabelecem-se as ações
corretivas a serem adotadas;

Elemento 5 – Análise crítica pela administração – periodicamente a análise


crítica é realizada para verificar a adequada e eficaz convivência do SGSST com
as demais atividades da organização, alterando a política, se necessário, e
definindo novos objetivos e metas a fim de garantir a continuidade do processo de
melhoria contínua, preceito básico da OHSAS 18001.
56

Ainda a propósito de SGSST, independentemente do sistema normativo adotado


como referência, na tabela 6 apresenta-se de forma sinóptica a visão de alguns
autores sobre a implantação e conseqüentes resultados desses sistemas de
gestão para as organizações.

Pode-se observar a congruência dos autores sobre a contribuição de SGSST para


a melhoria da segurança e saúde dos trabalhadores, para seu inter-
relacionamento e até mesmo para a produtividade.

Também é mencionada por um dos autores a importância da criação de


indicadores pró-ativos e do acompanhamento de seu desempenho para a
otimização dos recursos e correção dos desvios para que os objetivos e metas
estabelecidos sejam atingidos.

Finalmente, se pode verificar a menção de alguns dos autores à importância da


participação dos trabalhadores como parceiros das empresas na construção e
manutenção de um SGSST.

TABELA 6 – Resultados da implantação de SGSST para as organizações segundo diversos


autores
Autor Resultados
Benite Os SGSSTs propiciam a melhoria do desempenho em SST e trazem resultados
(2004, significativos, podendo-se destacar:
p.103)
um ambiente de trabalho seguro e saudável com a conseqüente redução dos
acidentes;

a melhoria das relações de trabalho em virtude de um maior envolvimento dos


trabalhadores nas definições dos processos da empresa;

a melhoria das relações com os organismos fiscalizadores com a redução de


ocorrências de notificações;

a redução da probabilidade de passivos trabalhistas, resultante de uma melhor


qualidade da documentação e de melhorias efetivas dos ambientes de trabalho.
57

Fernandes Possuir um sistema de gestão significa ter de uma forma organizada e modelada de
(2005, controle e utilização dos recursos da organização, monitorando através de
p.88) indicadores seu resultado. No planejamento desse sistema pode-se considerar a
integração dos sistemas, de forma a eliminar sobreposição de controles,
treinamentos e obter otimização de custos.
Rocha Após a implementação do SGSSO, em um estudo de caso, numa empresa de
(2007, fertilizantes, concluiu-se ser possível a forte regressão dos indicadores reativos e,
p.67) simultaneamente, introduziu-se uma relação de parceria com os colaboradores,
criando-se um forte desenvolvimento dos indicadores pró-ativos, saindo do cenário
negativo em que atualmente se encontram as empresas desse setor.
Medeiros O modelo de gestão integrada, apresentado nesse trabalho, caracteriza-se
(2003, principalmente por propor o melhoramento contínuo da empresa levando em
p.132) consideração tanto os fatores de performance exigidos pelos acionistas, como
aqueles derivados de outras partes interessadas, que hoje, mais que nunca,
absorvem e exigem das instituições, a qualidade dos produtos e serviços e o
atendimento aos conceitos do desenvolvimento sustentável.
Quinan Ao propor o desenvolvimento de um sistema de gestão de SST, que dê sustentação
(2005, ao aumento de produtividade, com ênfase na cultura gerencial da empresa,
p.104) valorizando os princípios de SST nas atividades cotidianas do setor produtivo, este
trabalho alcança seu objetivo ao evidenciar a necessidade de uma mudança
estratégica de paradigma da postura na empresa analisada, deixando de ser uma
simples empreiteira, de relacionamento sazonal e temporário com o consumidor
final, para se transformar numa prestadora de serviços com uma relação
permanente e duradoura com seus clientes, adquirindo competitividade em seus
negócios.
Este estudo também cumpre com seus objetivos ao demonstrar que sistemas
integrados de gestão com a visão de implementar gestão de SST necessitam
deslocar do eixo administrativo para o setor produtivo as atividades prevencionistas
contra as perdas, que nos processos organizacionais de trabalho, são causadas por
meio dos comportamentos de riscos e ambientes de trabalho não adequados. Desta
maneira se desfaz a abordagem tradicional de gestão de SST restrita apenas aos
horizontes de conhecimento e competências de setores administrativos da empresa,
como a conhecida área de recursos humanos, sugerindo-se que o setor de SESMT
componha a área de suporte técnico gerido pelas gerências de produção
responsáveis pelas áreas do setor produtivo em que são gerados os riscos.
58

3. ESTRATÉGIA DE PESQUISA

No capítulo anterior discutiu-se sobre a relevância dos SGSST para as


organizações e a importância da participação dos trabalhadores nos sistemas
adotados pelas empresas.

Com a finalidade de avaliar os SGSST implantados, bem como verificar a


participação dos trabalhadores com o levantamento de suas opiniões sobre o
SGSST, desenvolveu-se pesquisa em empresa de grande porte do setor elétrico
brasileiro.

A pesquisa foi realizada com aplicação de questionário para diagnosticar a


situação atual do SGSST na visão dos trabalhadores, assim como foi utilizada
uma matriz visando a obter de forma organizada as sugestões dos trabalhadores
para contribuir com a evolução do SGSST implantado na empresa.

A aplicação do questionário seguiu as exigências legais no que diz respeito à


ética em pesquisa e os respondentes foram informados sobre o objetivo da
pesquisa e de seu caráter de participação voluntária. Também houve a
preocupação de esclarecimento quanto ao sigilo sobre as respostas dadas.

A coincidência nas respostas dos trabalhadores, identificadas a partir de sua


percepção sobre 30 itens relativos ao sistema, indica bom nível de conhecimento
do SGSST implantado pela empresa. As respostas discrepantes identificam os
gaps do SGSST em relação aos aspectos analisados.

Já a coincidência de sugestões dos trabalhadores visando à melhoria dos


aspectos que foram mal avaliados no questionário ratifica a importância da sua
participação na construção e administração de um SGSST.

A pesquisa de campo foi realizada em empresa concessionária de distribuição de


energia elétrica com aproximadamente três mil empregados, dentre os quais em
torno de mil e novecentos atuando em atividades operacionais.
59

Para a pesquisa, foi desenvolvido instrumento do tipo survey devido à pertinência


das características desse método de pesquisa com os objetivos do trabalho.
Segundo Babbie (2001), algumas das características gerais da pesquisa de
survey são:

Deve facilitar a aplicação cuidadosa do pensamento lógico;

Os resultados de Surveys amostrais podem ser estendidos a população maior da


qual a amostra foi inicialmente selecionada;

As análises explicativas em pesquisas de survey se prestam a desenvolver


proposições gerais sobre o comportamento humano;

O método permite replicar um achado entre subgrupos diferentes, fortalecendo


assim a certeza de que ele representa um fenômeno geral na sociedade;

A pesquisa busca o máximo de compreensão com o menor número de variáveis


possível;

Deve-se sempre levar em conta que o ato de medir é um dos problemas da


pesquisa em survey. A presença do pesquisador pode interferir nas respostas dos
entrevistados. Assim, é mister que se tome o máximo cuidado para evitar tal
interferência.

Desenvolvido o instrumento de pesquisa, o questionário/matriz abordando trinta


aspectos relativos ao SGSST adotado pela empresa foi aplicado, obtendo-se
respostas qualitativas dos trabalhadores.

Para tanto, os respondentes indicaram suas respostas com percentuais que


variam de zero a cem por cento, a intervalos constantes de vinte e cinco. Os
valores percentuais foram escolhidos após discussões com profissionais de
segurança e saúde que tecerem críticas à versão inicial do questionário e
julgaram que a adoção dos valores facilitaria o entendimento dos trabalhadores
no momento das respostas. As correspondências dos valores numéricos em
60

relação às indicações de respostas normalmente utilizadas nesse tipo de


pesquisa são: 0% = discordo plenamente, 25% = discordo parcialmente, 50% =
não concordo nem discordo, 75% = concordo parcialmente e 100% = concordo
plenamente.

Importante mencionar que o questionário inicialmente concebido contava com 22


tópicos a serem respondidos e que, após a avaliação dos profissionais de
segurança e saúde anteriormente mencionados e suas importantes contribuições,
o mesmo foi ampliado para 30 questões.

A princípio algumas das questões podem parecer de difícil entendimento para a


análise e resposta dos trabalhadores. Não obstante, a aplicação do questionário
foi sempre supervisionada pessoalmente pelo pesquisador e o esclarecimento de
dúvidas feito de forma imediata. Além disso, a boa formação educacional dos
trabalhadores da empresa em estudo auxiliou de forma decisiva no resultado do
trabalho.

No desenvolvimento da pesquisa, também se teve o cuidado de realizar a


aplicação do questionário nas diversas regiões de atuação dos trabalhadores para
aumentar a representatividade da amostra obtida. Assim, considerando a
característica dos serviços de uma empresa de distribuição de energia elétrica e a
grande área de sua atuação, a pesquisa teve lugar em mais de uma dezena de
cidades pertencentes a três grandes regiões operacionais onde a empresa, foco
da pesquisa, atua.

Em todas as ocasiões de aplicação do questionário, logo após a discussão inicial


dos objetivos da pesquisa, foi enfatizada a importância das respostas serem
dadas de forma sincera e que os questionários por eles devolvidos não deveriam
conter os seus nomes, ou seja, a participação foi anônima.

O anonimato pretendeu garantir a tranqüilidade dos participantes para que


pudessem expressar de forma verdadeira suas opiniões a respeito dos itens
abordados.
61

O objetivo foi o de evitar algum viés, efeito negativo que Babbie (2001) menciona
como possível nesse tipo de pesquisa científica.

Os dados coletados foram tabulados e são objeto das discussões que serão
realizadas nos itens 4.6 e 4.7.

Os trinta aspectos relacionados ao SGSST resultantes do trabalho de elaboração


e que compõem o questionário/matriz estão descritos na tabela 7.

TABELA 7 – Questões do questionário aplicado


Assunto Questão Objetivo
Política de SSO Há política de segurança e Questão formulada com o objetivo
saúde claramente definida e de avaliar a opinião dos
praticada por todos os trabalhadores sobre o entendimento
colaboradores da e a prática da política de segurança
organização? e saúde estabelecida
Segurança como A segurança é um valor da Questão formulada com o objetivo
valor organização expressado por de levantar a opinião dos
organizacional todos os seus trabalhadores, trabalhadores sobre a importância
independentemente do nível que os colaboradores da empresa
hierárquico? dão à segurança,
independentemente de seu nível
hierárquico
Normativos e Há normativos e orientações Questão formulada com o objetivo
orientações sobre segurança claros e de de avaliar se os normativos
conhecimento dos existentes abrangem a maioria das
trabalhadores? atividades executadas pelos
trabalhadores e se são
compreendidos por eles
Treinamento / Os trabalhadores são Questão formulada com o objetivo
desenvolvimento adequadamente treinados de verificar a qualidade do
dos trabalhadores para suas atividades antes de treinamento realizado
iniciarem seu trabalho?
Conscientização / Os trabalhadores estão Questão formulada com o objetivo
motivação dos conscientizados e motivados de provocar a auto-avaliação sobre
trabalhadores para para desenvolver suas a motivação dos trabalhadores para
segurança atividades com segurança? a prática da segurança
62

Comportamento Os trabalhadores Questão formulada com o objetivo


preventivo dos demonstram tal motivação de verificar a coerência entre a
trabalhadores através dos comportamentos intenção e a prática
expressados na prática?
Comprometimento Os níveis de comando estão Questão formulada com o objetivo
dos níveis de comprometidos com os de verificar a participação efetiva
comando com a aspectos de segurança e dos níveis de comando em relação
segurança externalizam tal ao SGSST
comprometimento?
Responsabilidades A liderança tem Questão formulada com o objetivo
dos níveis de responsabilidades claramente de verificar se para os trabalhadores
comando com a definidas em relação à estão claras as responsabilidades
segurança segurança e prevenção de de seus líderes em relação à
acidentes? segurança
Segurança é A segurança dos Questão formulada com o objetivo
estratégia trabalhadores é administrada de verificar a percepção da
empresarial como estratégia empresarial interferência dos aspectos
e interfere de forma decisiva relacionados com a segurança no
nas decisões dia-a-dia das atividades realizadas
organizacionais? na empresa
Metas claramente São estabelecidas metas Questão formulada com o objetivo
estabelecidas claras em relação à de verificar a existência e
prevenção de acidentes e entendimento de metas
discutidas com os relacionadas à prevenção de
trabalhadores? acidentes
EPI – Os EPI disponibilizados pela Questão formulada com o objetivo
Equipamentos de empresa são de qualidade e de verificar a adequação geral dos
Proteção Individual tecnicamente adequados aos EPI sob a ótica de seus usuários
adequados trabalhos desenvolvidos?
EPC – Os EPC disponibilizados pela Questão formulada com o objetivo
Equipamentos de empresa são de qualidade e de verificar a adequação dos EPC
Proteção Coletiva tecnicamente adequados aos sob a ótica de seus usuários
adequados trabalhos desenvolvidos?
Ferramentas e As ferramentas Questão formulada com o objetivo
veículos disponibilizadas pela de verificar a adequação das
adequados empresa são de qualidade e ferramentas sob a ótica de seus
tecnicamente adequadas aos usuários
trabalhos desenvolvidos?
63

Participação dos Há participação dos Questão formulada com o objetivo


trabalhadores na trabalhadores na escolha e de verificar o envolvimento dos
definição de EPI, avaliação técnica de EPI, trabalhadores nos processos de
EPC e ferramentas EPC e ferramentas? decisão da empresa sobre a
escolha de EPI, EPC e ferramentas
Possibilidade de Trabalhadores têm a real Questão formulada com o objetivo
interrupção do possibilidade de interromper de verificar a prática da política
trabalho sob risco os trabalhos quando em estabelecida pela empresa
condição de risco?
Cumprimento das A empresa cumpre todas as Questão formulada com o objetivo
exigências legais exigências legais relativas à de verificar a opinião dos
segurança do trabalho trabalhadores sobre as obrigações
relacionadas ao seu da empresa que lhe são familiares,
trabalho? tais como: entrega de EPI, EPC e
ferramentas adequadas, realização
de exames médicos admissionais,
periódicos e demissionais,
treinamentos específicos, etc
SESMT adequado O SESMT – Serviço Questão formulada com o objetivo
Especializado em Segurança de verificar a eficácia do trabalho
e Medicina do Trabalho é dos profissionais do SESMT junto
adequado ao risco da aos trabalhadores
empresa e conta com
profissionais atuantes?
Segurança com O nível de segurança das Questão formulada com o objetivo
empresas empresas contratadas é o de identificar diferenças entre as
contratadas mesmo que têm os condições de segurança de
trabalhadores da trabalhadores próprios e
contratante? contratados
Segurança com a A empresa investe Questão formulada com o objetivo
população suficientemente na de verificar o conhecimento e
conscientização da opinião dos trabalhadores a
população de modo geral no propósito das ações de prevenção
que diz respeito aos riscos de de acidentes com a população
suas redes e instalações?
Comunicação A comunicação de fatos Questão formulada com o objetivo
sobre SSO relativos à segurança e de verificar a facilidade e eficácia da
saúde é adequada na comunicação empresa-trabalhador
empresa e os meios relativa a assuntos de segurança e
utilizados são eficazes? saúde
64

Auditorias internas São realizadas auditorias Questão formulada com o objetivo


internas e seus resultados de verificar a percepção dos
são eficazes? trabalhadores sobre a real
contribuição das auditorias internas
Auditorias externas São realizadas auditorias Questão formulada com o objetivo
externas (de terceira parte) e de verificar a percepção dos
seus resultados são trabalhadores sobre a real
eficazes? contribuição das auditorias externas
Investigação e A empresa possui um Questão formulada com o objetivo
análise de sistema de investigação e de verificar o conhecimento e
acidentes e análise de acidentes confiança dos trabalhadores a
incidentes adequado e eficaz? respeito do sistema de investigação
e análise dos acidentes registrados
Gestão de As pessoas que assumem Questão formulada com o objetivo
mudança de novas responsabilidades são de verificar se os trabalhadores
pessoas treinadas em suas novas estão recebendo as informações
tarefas e sobre os riscos necessárias ao desenvolvimento de
inerentes a elas? novas atividades
Integridade/qualida As instalações elétricas (o Questão formulada com o objetivo
de das instalações ativo da empresa) são de verificar o estado de
adequadas e se encontram conservação das instalações
em bom estado de elétricas da empresa
conservação?
Gestão de As alterações ou mudanças Questão formulada com o objetivo
mudança na nas instalações são de verificar se os trabalhadores são
instalação prontamente incorporadas à informados das alterações que
documentação e podem impactar nos aspectos de
comunicadas a todos os segurança do trabalho
trabalhadores, sobretudo
aquelas que possam implicar
em riscos?
Análise de risco A empresa possui sistemática Questão formulada com o objetivo
adequada de análise de risco de verificar a opinião dos
capaz de evidenciar e trabalhadores sobre a eficácia das
eliminar/controlar os riscos de APR – Análises Prevencionistas de
acidentes antes da realização Riscos realizadas
dos trabalhos?
65

Prontidão para A empresa possui planos de Questão formulada com o objetivo


emergências emergência para situações de verificar o nível de conhecimento
de acidentes e seus de planos de emergência e as
trabalhadores estão prontos a responsabilidades dos
aplicá-los? trabalhadores na sua
implementação
Exames médicos São realizados exames Questão formulada com o objetivo
médicos periódicos e os de verificar se há retorno efetivo dos
resultados são discutidos médicos relativo aos resultados dos
com o trabalhador? exames realizados com os
trabalhadores
Qualidade de vida A empresa realiza ações de Questão formulada com o objetivo
incentivo e promoção da de verificar se as ações de
qualidade de vida dos promoção da qualidade de vida
trabalhadores? estão realmente chegando até os
trabalhadores

Além das respostas aos 30 aspectos descritos, a pesquisa também buscou


coletar sugestões dos trabalhadores e, para tanto, também se solicitou aos
respondentes que opinassem sobre quais os fatores associados ao SGSST
deveriam ser eliminados, reduzidos, elevados ou criados para que, na visão
deles, seja possível obter a melhoria contínua do sistema. Visando organizar as
sugestões, as mesmas foram coletadas através de uma matriz que direciona as
propostas para as quatro categorias anteriormente descritas: eliminar, reduzir,
elevar e criar.

A estrutura geral do questionário/matriz, que pode ser verificada no Anexo 1, teve


como ponto de partida a proposta desenvolvida por W. Chan Kim e Renée
Mauborgne (2005) em seu livro “A Estratégia do Oceano Azul”. Embora
inicialmente concebida para a avaliação estratégica das empresas em cenários de
grande concorrência, devido a sua simplicidade e com algumas adaptações,
pareceu interessante para identificar os gaps do SGSST a serem vencidos.

No citado livro, Kim e Mauborgne (2005) analisam empresas e suas estratégias


para a sobrevivência no mercado altamente competitivo no qual estão inseridas.
Os autores dividem as empresas entre aquelas que atuam em “oceanos
66

vermelhos”, ambientes altamente competitivos, com poucas inovações e


oportunidades de conquistas e os por eles definidos como “oceanos azuis”, que
se caracterizam por organizações que buscam ambientes inovadores e com
oportunidades de crescimento. Os oceanos azuis surgem a partir de
oportunidades identificadas pelas empresas que neles atuam e, na maior parte
dos exemplos descritos no livro, estão relacionados à inovação e/ou descobertas.

Para identificar/distinguir aspectos em que as organizações já atuam de forma


eficaz daqueles em que há oportunidades de melhoria ou inovação, ou mesmo
para que se possam criar oportunidades de atuação em pontos ainda não
abordados, os autores propõem a utilização da Matriz de Avaliação.

A Matriz estabelece a eficácia dos diversos pontos propostos para a discussão.


Dessa forma, identifica as oportunidades de melhoria e auxilia na definição de
alguns itens que merecem atenção e que podem conduzir as organizações a
“oceanos azuis”.

A partir desses conceitos adaptados à gestão de SST na empresa estudada,


desenvolveu-se o questionário/matriz anteriormente descrito com a finalidade de
verificar a abordagem e amplitude do SGSST implantado, assim como avaliar a
participação efetiva dos trabalhadores no sistema e coletar suas contribuições.

Finalizando esse capítulo, volta-se a enfatizar que todos os autores anteriormente


citados (Benite (2004), Fernandes (2005), Rocha (2007), Medeiros (2003), Quinan
(2005)) e que discorreram sobre SGSST, indicam a importante contribuição de
sistemas de gestão de segurança e saúde na implementação e administração
adequadas de ações que privilegiem a prevenção de acidentes e a promoção da
saúde dos trabalhadores.

As décadas que sucederam à industrialização do Brasil e, particularmente, o


fenômeno da globalização trouxeram alterações substanciais na gestão de todo o
sistema produtivo das organizações e para que se possa garantir condições
salubres nos ambientes de trabalho, que incorporem metodologias e técnicas
eficazes, torna-se imprescindível um sistema de gestão voltado à segurança e
67

saúde capaz de diagnosticar com exatidão os riscos aos quais os trabalhadores


estarão expostos. O correto diagnóstico levará às medidas de eliminação e/ou
mitigação dos riscos com maiores chances de prevenir a ocorrência de acidentes
e doenças originadas a partir dos ambientes e processos de trabalho.

Não se pode deixar de ressaltar aqui que a participação dos trabalhadores é


fundamental nesse processo. Não apenas cumprindo normas e procedimentos de
trabalho, mas sendo co-autores de toda a construção do SGSST adotado pela
organização.

Os autores anteriormente citados: Deming (1997), Drummond (1994), assim como


a publicação “Sistemas de Gestión Medioambiental - Guía de actuación para
trabajadores (2003)” e a própria Norma Regulamentadora número 9, ao tratar da
obrigatoriedade dos Mapas de Risco elaborados com a participação dos
trabalhadores, corroboram a importância dos trabalhadores na construção de
sistemas de gestão relacionados aos métodos e ambientes de trabalho.

Nessa mesma linha, a afirmação de Cardella (2008) de que a gestão eficiente e


eficaz é feita de forma que necessidades e objetivos das pessoas sejam
consistentes e complementares aos objetivos da organização a que estão ligadas
reforça a necessidade da participação dos trabalhadores que, através de suas
experiências, podem contribuir de forma importante com um sistema de gestão
consistente e condizente com a realidade da organização e, ao mesmo tempo,
agregar constantemente modificações e atualizações que farão com que o
SGSST esteja sempre alinhado com as necessidades presentes da organização.
É esta a etapa que os autores costumam denominar melhoria contínua do
sistema.
68

4. ESTUDO DE CASO: Avaliação de sistema de gestão de


segurança e saúde do trabalho. O estudo da participação dos
trabalhadores em empresa distribuidora de energia elétrica.

4.1. Introdução

De acordo com o discorrido no capítulo 2, infelizmente o setor elétrico brasileiro


não se constitui exceção quando se trata da ocorrência de acidentes do trabalho,
apresentando número relevante de acidentes, alguns gravíssimos que chegam a
determinar o óbito do trabalhador.

Esse importante setor da economia brasileira também sofreu profundas


alterações nos últimos anos com a privatização de várias empresas
concessionárias. Para buscar a melhoria da gestão visando à eliminação dos
riscos decorrentes de suas atividades e, conseqüentemente, evitar os acidentes,
empresas do setor elétrico adotaram SGSST, alguns com êxito inegável.

Pretende-se nesse estudo de caso abordar uma grande empresa do setor elétrico
privatizada no final da década de noventa e que adotou um SGSST visando à
gestão das questões relativas à prevenção de acidentes e doenças de origem
ocupacional.

4.2. Breve histórico da empresa

Com uma longa história de atuação no setor elétrico, a empresa foi privatizada no
final da década de noventa. Trata-se de uma distribuidora de energia elétrica,
atuando em mais de duas centenas de municípios em área geográfica superior a
90 mil km2, atendendo a mais de 3 milhões de clientes.

Na ocasião de sua privatização, a empresa contava com cerca de 7.000


funcionários e, dentre várias transformações trazidas pela privatização, a
diminuição de seus empregados levou a empresa para cerca de 3.000
trabalhadores próprios.
69

Paralelamente a essa diminuição de empregados, foram sendo introduzidas


novas metodologias de trabalho e equipamentos, além da terceirização de
algumas atividades para que o serviço prestado pela empresa não tivesse
solução de continuidade.

Esses e outros fatores impactaram sobre a gestão organizacional em todos os


aspectos e, especificamente no que se refere à segurança do trabalho, esse
impacto foi muito ruim. Após cerca de três anos da privatização, no ano de 2000,
sua TF de acidentes atingiu valor elevado (6,89), constituindo-se em um dos
principais problemas organizacionais da empresa.

Buscando a reversão da situação negativa, a empresa implantou um SGSST –


Sistema de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho ou, como também
mencionado em publicações sobre o assunto, SGSSO – Sistema de Gestão de
Segurança e Saúde Ocupacional, para sistematizar todas as suas ações com o
objetivo de privilegiar a prevenção dos acidentes e a promoção da saúde.

Somente com o auxílio de uma ferramenta estruturada de gestão, acreditava-se,


fosse possível reassumir o controle sobre as causas imediatas e básicas que dão
origem aos acidentes, eliminando-as ou controlando-as de forma a que não
viessem a determinar acidentes ou doenças.

4.3. SGSST – Sistema de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho

A organização e gestão da segurança e saúde em uma empresa de serviços,


onde a quase totalidade dos trabalhos de risco ocorrem em logradouros públicos,
longe dos controles organizacionais mais formais, é um desafio de grandes
proporções.

Nessas condições, certamente são os trabalhadores que detêm o poder da


decisão de trabalhar com atenção aos riscos, identificando-os para sua
eliminação ou neutralização e, conseqüentemente, evitando acidentes deles
decorrentes.
70

Sendo assim, é imprescindível que estejam muito bem familiarizados com os


métodos de trabalho, ferramentas e equipamentos a serem utilizados e cuidados
em geral a serem verificados.

A construção compartilhada entre empresa e trabalhadores de um SGSST capaz


de auxiliar na gestão desse importante aspecto foi a alternativa escolhida e que
teve como alicerce duas importantes referências internacionais: DNV e OHSAS
18001.

Início da implantação da gestão de segurança do trabalho e saúde com a


utilização da metodologia DNV

A empresa deu seus primeiros passos rumo à implantação de um SGSST com o


uso das ferramentas propostas pelo SCIS – Sistema de Classificação
Internacional de Segurança concebido pela DNV24.

Dentre os vinte elementos propostos, alguns foram trabalhados prioritariamente


para proporcionar a mudança de cultura necessária na ocasião. Foram eles:

Treinamento da Liderança: os líderes receberam treinamento específico para


conhecer o SCIS e suas responsabilidades para o sucesso do sistema de gestão
que se pretendia implantar;

Inspeções Planejadas e Manutenção: foram estabelecidas metodologias para


as inspeções a serem realizadas, assim como para os seus desdobramentos,
ações corretivas e/ou preventivas a serem adotadas;

Análises e Procedimentos de Tarefas Críticas: realizadas com a finalidade de


identificar as tarefas que envolviam riscos mais acentuados a fim de eliminá-los
ou mitigá-los;

Investigação de Acidentes/Incidentes: estabeleceu-se sistemática de


investigação e análise de acidentes e incidentes simplificada para eventos mais
24
DNV – Det Norske Veritas (A Verdade Norueguesa - tradução livre).
71

corriqueiros e uma outra baseada na metodologia de árvore de causas25 para as


ocorrências mais complexas;

Observação de Tarefas: foi formado um grupo de trabalhadores das áreas


operacional, engenharia e de segurança a fim de realizar a observação das
tarefas realizadas e propor melhorias nos procedimentos, equipamentos e
ferramental;

Preparação para Emergências: estabeleceram-se planos para as principais


situações de emergência passíveis de ocorrerem;

Formação e Treinamento dos Empregados: todos participaram de discussão e


treinamento sobre o SGSST que se pretendia implantar;

Equipamento de Proteção Individual – EPI: implantou-se sistema de


participação dos trabalhadores na definição e testes de EPI;

Controle de Saúde e Higiene Industrial: revisou-se o PCMSO – Programa de


Controle Médico de Saúde Ocupacional, incluindo avaliações de caráter extra-
ocupacional;

Comunicações Pessoais: foram introduzidos sistemas e programas para facilitar


a comunicação entre os trabalhadores visando à fluência das comunicações de
quaisquer eventos relacionados a incidentes e acidentes e, até mesmo, a
condições abaixo do padrão26;

Reuniões de Grupos: incentivou-se a discussão de aspectos relacionados à


prevenção de acidentes e à promoção da saúde por parte dos trabalhadores, no
âmbito das CIPA27, assim como nos DDS28 e DSS29;

25
Árvore de Causas: metodologia desenvolvida pelo INRS – Institut National de Recherche et de Sécurité para a
investigação de acidentes e que auxilia na identificação de fatores que ficam sem explicação e demandam informações
complementares, proporcionando que se estabeleça um maior número de fatores organizacionais envolvidos na gênese
dos acidentes.
26
Condição abaixo do padrão: situação anormal que pode provocar incidente ou acidente.
27
CIPA: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.
28
DDS: Diálogo Diário de Segurança.
29
DSS: Diálogo Semanal de Segurança.
72

Promoção Geral: intensificou-se a discussão das oportunidades de melhoria na


prevenção de acidentes e agravos à saúde dos trabalhadores através dos
veículos de comunicação disponibilizados pela empresa.

O trabalho desenvolvido resultou na incorporação gradual do SGSST pela


organização e seus trabalhadores e contribuiu com o início da reversão do quadro
negativo de acidentes registrado.

A organização muito particular de uma empresa de distribuição de energia elétrica


fez com que o sistema DNV apresentasse algumas dificuldades para sua
implementação completa e, concomitantemente, o referencial normativo OHSAS
18001 ganhava destaque cada vez maior no mundo todo, com a vantagem de ser
possível a certificação de terceira parte. Dessa forma, a empresa optou por
basear seu sistema de gestão em segurança e saúde do trabalho na OSHAS
18001 que trazia também a vantagem adicional de possuir concepção similar aos
normativos ISO 9001 e ISO 14001 já adotados pela mesma.

A transição para a gestão de segurança do trabalho e saúde com base na


OHSAS30 18001

Após um ano de trabalho de implantação do SGSST com base no SCIS/DNV, a


empresa decidiu migrar para a OSHAS 18001, buscando a certificação de seu
SGSST lastreado nesse referencial normativo. Essa decisão levou em
consideração o fato do SCIS/DNV não permitir a certificação de terceira parte.

Considerando que o SCIS/DNV é um sistema muito mais detalhado do que a


proposta de gestão de segurança e saúde da OHSAS 18001 e que ele foi a base
da construção da gestão de segurança e saúde adotada pela empresa, não houve
nenhuma dificuldade nas adaptações necessárias à adoção da OHSAS 18001.

A incorporação das ações que já haviam sido implementadas foi realizada e a


sistemática de condução do SGSST, com foco na melhoria contínua prevista pela
OHSAS 18001, passou a reger as novas ações e programas, o que possibilitou a
30
OHSAS: Occupational Health and Safety Assessment Series.
73

certificação da empresa apenas alguns meses após sua tomada de decisão


nesse sentido.

4.4. Principais processos do sistema de gestão de segurança e saúde


adotado pela empresa e resultados relevantes

Mais importante do que a certificação de terceira parte31, os resultados positivos


que foram obtidos em decorrência dos sistemas criados e que contribuíram com a
eficácia da gestão da segurança de saúde, assim como o decréscimo dos
acidentes do trabalho registrado, ratificaram a escolha da empresa. Na seqüência,
alguns dos sistemas e instrumentos adotados são descritos de forma sucinta.

Detecção dos perigos e riscos de acidentes

Com a implantação do SGSST, a empresa teve a oportunidade de revisar sua


sistemática de detecção e análise de perigos e riscos e de propor medidas
preventivas ou mitigadoras para todos eles.

Mais de 900 perigos e riscos foram identificados e analisados com metodologia


criada para considerar as medidas de controle já existentes e sua real eficácia. As
poucas análises que resultaram na manutenção de uma situação de risco grave e
iminente foram objeto de novos estudos com o objetivo de eliminação ou
mitigação do fator ou fatores que qualificavam a situação como grave e iminente.

Participação dos trabalhadores na identificação de perigos

A participação dos trabalhadores no trabalho de identificação de perigos foi


fundamental. Sua experiência e sólido conhecimento da execução das atividades
muito auxiliaram os profissionais da engenharia e da segurança na identificação
dos perigos e riscos decorrentes, assim como, na proposição das medidas
preventivas ou mitigadoras a eles associadas.

31
Certificação de terceira parte: certificação do sistema de gestão de segurança e saúde do trabalho concedida por
auditores independentes, sem vínculo com quaisquer das partes envolvidas.
74

A própria identificação dos perigos e riscos associados às atividades


desenvolvidas pelos trabalhadores somente foi possível no nível de detalhamento
atingido a partir da participação dos mesmos em todas as etapas do trabalho
desenvolvido.

Além disso, também se criou um sistema de comunicação de eventos32,


disponibilizado na intranet da empresa, que permite a todos os trabalhadores
inserir informações sobre: condição abaixo do padrão33, acidente material34,
acidente com veículos35, acidente pessoal36 e acidente com a população37. Assim,
cada um dos trabalhadores pode agir como auditor do SGSST, informando
qualquer situação irregular que possa gerar acidentes, assim como acidentes já
ocorridos.

Sistematização e padronização da realização das atividades

A partir da revisão das atividades e identificação dos perigos e riscos, foi possível
a elaboração de procedimentos de trabalho, considerando em todas as etapas os
aspectos primordiais para garantir a prevenção de acidentes e a integridade física
dos trabalhadores.

Mais uma vez com a participação ativa dos trabalhadores, foram construídos mais
de 300 procedimentos de trabalho que descrevem em detalhes as etapas a serem
desenvolvidas e os cuidados a serem adotados em cada uma delas a fim de que
acidentes sejam evitados.

Foram eleitos monitores entre os trabalhadores que, representando seus pares,


fizeram parte da equipe que construiu a padronização das atividades e, após isso,
participaram diretamente do treinamento com seus colegas de trabalho em
programas com cargas horárias superiores a 300 horas.

32
Eventos: situações que podem conduzir a acidentes (situações abaixo do padrão) ou acidentes já ocorridos.
33
Condição abaixo do padrão: qualquer anormalidade identificada que pode levar à ocorrência de acidentes.
34
Acidente material: acidente envolvendo danos apenas a equipamentos.
35
Acidente de trânsito com veículos da empresa.
36
Acidente pessoal: acidente envolvendo trabalhadores que provoca lesão em, ao menos, um deles.
37
Acidente com a população: acidentes com a população em geral envolvendo as redes de distribuição de energia elétrica.
75

No processo de melhoria contínua da avaliação de risco e para garantir que riscos


não identificados à priori sejam considerados, foi criada a APR – Análise
Prevencionista de Riscos. O instrumento consiste na verificação e identificação de
possíveis riscos de acidentes em momento imediatamente anterior ao da
execução do trabalho e no próprio local onde o mesmo irá ser realizado.

Mais uma vez aqui são os trabalhadores em seus diversos locais de trabalho os
responsáveis pela utilização eficaz desse importante instrumento.

A participação dos trabalhadores no desenvolvimento de EPI e EPC

São os trabalhadores os usuários das ferramentas, EPC38 e EPI39 nas atividades


diárias que desenvolvem e, portanto, sua participação no estudo, avaliação e
aprovação desses equipamentos não pode ser ignorada. Assim, a empresa objeto
do estudo de caso desenvolveu metodologia para assegurar a participação ativa
dos mesmos nesse processo e suas opiniões afetam de forma real as decisões
tomadas.

A título de exemplo descreve-se a seguir dois processos muito relevantes em que


a participação dos trabalhadores muito contribuiu para o sucesso.

Vestimenta FR – Fire Retardant40

A Norma Regulamentadora 10 – Serviços e Instalações em Eletricidade, através


de sua revisão aprovada em 7 de dezembro de 2004, passou a exigir
propriedades específicas das vestimentas utilizadas pelos trabalhadores expostos
ao risco de arco elétrico. A exigência conferiu às vestimentas o “status” de EPI
que, segundo o item 10.2.9.2 da NR-10, devem ser adequadas às atividades e
contemplar a condutibilidade, inflamabilidade e influências eletromagnéticas.

Com essas propriedades, os incrementos de proteção que se pretendeu dar ao


trabalhador foram:
38
EPC: Equipamento de Proteção Coletiva.
39
EPI: Equipamento de Proteção Individual.
40
FR: Fire Retardant (tecido que impede a propagação da chama).
76

Condutibilidade - o tecido adotado para a confecção das vestimentas não pode


ser condutor de eletricidade e também deve minimizar a condução do calor;
Inflamabilidade - o tecido não pode ser inflamável, ou seja, não pode manter a
chama após cessar a fonte de calor;
Influências eletromagnéticas - o tecido deve resistir ou atenuar a energia calorífica
(energia incidente) originada pela ocorrência de arco elétrico.
Decorrente disso, a empresa adotou para seus trabalhadores o tecido composto
de 88% algodão e 12% nylon cujos fios recebem tratamento ignífugo41,
anteriormente à trama do tecido.

Após os testes realizados com um grupo de trabalhadores, a empresa iniciou a


implantação da nova vestimenta e, concomitantemente à distribuição do EPI, fez
chegar a cada um dos trabalhadores um questionário de avaliação de 18
características relacionadas a ele.

Após três meses de utilização da nova vestimenta, prazo acordado para a


devolução dos questionários respondidos, aproximadamente dois mil
questionários chegaram até a área de segurança e saúde da empresa com várias
propostas interessantes, a maioria delas objetivando a melhoria do conforto da
nova vestimenta. Tal fato se explica devido à gramatura do novo tecido, superior
em 50 gramas/m2, se comparada com o tecido anteriormente utilizado,
característica necessária para que as novas propriedades exigidas sejam
garantidas.

Com o resultado dos questionários em mãos, a empresa passou a estudar


alternativas que favorecessem ao conforto e, após alterar o layout das
vestimentas, inclusive padrões e cores, submeteu o novo modelo mais uma vez
aos trabalhadores, desta feita com aprovação quase unânime.

Ou seja, mais uma vez nesse caso, a participação dos trabalhadores e o respeito
as suas contribuições foram fatores que muito contribuíram para o sucesso da
adoção da nova vestimenta.

41
Ignífugo: que dificulta ou obsta a combustão de materiais.
77

Cinto de segurança tipo paraquedista com linha da vida

A exemplo das vestimentas, também a tecnologia que elimine o risco de queda


dos trabalhadores do setor elétrico é uma exigência da NR-1042.

Novamente, em todo o processo de desenvolvimento, testes e aprovação dos


cintos de segurança tipo paraquedista com linha da vida que passaram a ser
adotados, a participação dos trabalhadores foi intensa e fundamental.

Suas sugestões e contribuições auxiliaram muito na concepção e projeto de um


EPI realmente capaz de evitar acidentes relacionados à queda, segunda causa
mais grave de acidentes na área de distribuição elétrica, na medida em que a
maioria das redes elétricas brasileiras são aéreas.

Não somente nessa fase do processo, mas também no treinamento de todos os


eletricistas, a participação dos trabalhadores foi decisiva. Foram eles, os
trabalhadores, que desenvolveram os treinamentos com seus colegas no
momento de entrega do novo EPI.

Disseminação sistemática de conhecimentos e informações sobre a


prevenção de acidentes

Paralelamente ao treinamento teórico e prático relativo à execução das tarefas


realizadas pelos trabalhadores, iniciaram-se vários programas com o objetivo de
disseminar conhecimento sobre a prevenção de acidentes e a promoção da
saúde dos trabalhadores. Para tanto, as características do setor impuseram mais
um desafio: como fazer chegar a informação e o conhecimento a trabalhadores
que atuam de forma tão capilarizada.

À exceção das atividades administrativas e de alguns trabalhos realizados em


suas subestações, os serviços executados pela empresa ocorrem nos
logradouros públicos dos municípios para os quais a empresa fornece energia
elétrica. Trata-se, portanto, de uma atividade “extra-muros” em instalações que se
42
NR-10: Norma Regulamentadora 10.
78

encontram nas ruas: postes, transformadores, cabos, etc., localizados em mais de


duas centenas de municípios.

É evidente a dificuldade na disseminação rápida e eficaz de conceitos,


conhecimentos e informações para um grupo de trabalhadores que atua
pulverizado em mais duas centenas de municípios.

Com isso, houve a necessidade de serem criados programas e ações capazes de


fazer com que os objetivos de comunicação fossem atingidos sem a necessidade
de estruturas formais, tais como: salas para reunião, projetores, cadeiras, etc.
Assim, surgiram os programas que se passa a descrever de forma sucinta.

Segurança ao Seu Lado

Consistiu na confecção de cavaletes com lâminas que abordam temas


relacionados à segurança do trabalho, saúde e qualidade de vida. Após sua
distribuição para os PST43 e membros das CIPA44, o material é utilizado para a
divulgação e conscientização dos colaboradores durante os DSS45. Nas Figura 8,
9 e 10 apresenta-se o modelo concebido para o programa, assim como alguns
temas abordados.

43
PST – Profissional de Segurança do Trabalho.
44
CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.
45
DSS – Diálogo Semanal de Segurança.
79

Figura 8 – Cavalete e lâmina do programa Segurança ao Seu Lado


Fonte: Empresa objeto do estudo de caso

Figura 9 – Norma Regulamentadora 10 – Figura 10 – Choque Elétrico – tema


tema desenvolvido para o programa desenvolvido para o programa Segurança
Segurança ao Seu Lado ao Seu Lado
Fonte: Empresa objeto do estudo de caso Fonte: Empresa objeto do estudo de caso

O material permite a realização de reuniões “em campo” e já foram registrados


treinamentos e discussões até mesmo em vias públicas com o cavalete sobre o
capô dos veículos operacionais da empresa.
80

Sinal Verde para a Segurança

Programa que consistiu na atribuição de cartões a empregados que respeitam e


cumprem os procedimentos de segurança descritos nas tarefas operacionais. Isso
é aferido através de inspeções realizadas em campo. O cartão é composto de
duas vias, superior e inferior, sendo a primeira arquivada no prontuário do
empregado e a segunda, depositada em urnas existentes nas localidades que
possuem CIPA46, a fim de que o trabalhador que o recebeu possa concorrer a
prêmios sorteados mensalmente durante as reuniões das comissões. Na figura 11
é apresentado o layout do cartão concebido para o programa.

empresa

Figura 11 – Cartão do programa Sinal Verde para a Segurança


Fonte: Empresa objeto do estudo de caso

O programa propicia a cobrança e a verificação constantes do cumprimento dos


procedimentos operacionais e de segurança e inverte a tradição punitiva sobre os
resultados de inspeções dessa natureza, premiando aqueles que seguem os
padrões ao invés de punir os que deixam de segui-los. Mais uma vez aqui

46
CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.
81

enfatiza-se a participação dos trabalhadores, nesse caso membros das CIPA47 da


empresa, um dos grupos responsáveis pela aplicação dos cartões.

Diálogos Semanais de Segurança – DSS

Com objetivos similares ao do programa Segurança ao Seu Lado, consiste na


confecção de cadernos que abordam temas relacionados à prevenção de
acidentes e promoção da segurança do trabalho, saúde e qualidade de vida.

Propositalmente, a disposição dos assuntos é intercalada, sugerindo alternância


do conteúdo a ser semanalmente tratado. Tais cadernos são distribuídos aos
PST48 e membros das CIPA, assim como a líderes de equipes e supervisores,
para serem utilizados em DSS49. Nas figuras 12 e 13 é apresentado o caderno
concebido para o programa.

Figura 12 – Caderno do Diálogo Semanal de Figura 13 – Equipamentos de Proteção –


Segurança – DSS tema desenvolvido para o Caderno do DSS
Fonte: Empresa objeto do estudo de caso Fonte: Empresa objeto do estudo de caso

Contando em sua primeira versão com 60 temas, o caderno permite a abordagem


de temas semanais diferentes por mais de um ano, cujo objetivo também é o de
discutir a prevenção de acidentes e a promoção da saúde de forma diferenciada e
ágil.

47
CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.
48
PST – Profissional de Segurança do Trabalho.
49
DSS – Diálogo Semanal de Segurança.
82

Principal resultado obtido pela empresa

A implantação do SGSST em 2001 e os projetos que foram concomitantemente


iniciados fizeram com que os acidentes tivessem redução expressiva, tendência
esta mantida nos anos subseqüentes. Nos últimos anos, as taxas de freqüência
de acidentes registradas pela empresa a tem colocado abaixo do primeiro quartil
quando comparadas às empresas de mesmo porte do setor elétrico brasileiro. Na
figura 14, são apresentadas as TF50 dos últimos anos em que se pode verificar a
expressiva diminuição da taxa associada à ocorrência de acidentes do trabalho,
quando comparadas com o ano de 2000 (6,89), onde o SGSST ainda não havia
sido implementado.

Taxas de Freqüência de Acidentes

8,00
6,89
7,00
6,00
5,00
4,00
3,70 2,91 3,07
3,00
2,04
2,00 2,65
1,54 1,50
1,00
0,00

00 01 02 03 04 05 06 07
20 20 20 20 20 20 20 20

Figura 14 – Evolução da Taxa de Freqüência 2000 – 2007


Fonte: Empresa objeto do estudo de caso

4.5. Pesquisa de campo e resultados

Kim e Mauborgne (2005) discorrem sobre gestão organizacional e trazem


inovadora abordagem para a busca de oportunidades em mercados altamente
competitivos que preconiza a participação dos envolvidos no processo para
identificar caminhos ainda não trilhados pelos concorrentes. Segundo os autores,

50
TF: Taxa de Freqüência de acidentes do trabalho.
83

encontrar diferenciais garantirá o destaque necessário ao crescimento e


perenidade das empresas.

Analogamente, as empresas também precisam encontrar formas inovadoras para


a identificação e eliminação/controle de riscos que podem conduzir os
trabalhadores a acidentes ou doenças.

De certa forma, Sistemas de Gestão em Segurança e Saúde do Trabalho


trouxeram inovação para a prevenção de acidentes adotando, dentre outras
inovações, ferramentas e conceitos de sucesso já utilizados na gestão da
qualidade das organizações e utilizando-os para atingir a melhoria das condições
de trabalho em geral.

No entanto, certamente não basta a implantação de sistemas modernos de


gestão de SST que, em síntese, disponibilizam as ferramentas necessárias ao
bom andamento do gerenciamento do assunto. Os mais elaborados sistemas não
prescindem do comprometimento de todos os trabalhadores para que se atinja a
eficácia esperada e tal comprometimento depende da participação direta dos
mesmos.

Novamente aqui se reporta a Almeida (2006) quando afirma que de forma geral
as análises dos acidentes do trabalho acabam por atribuir culpa aos acidentados,
muitas vezes não evidenciando os reais problemas e disfunções que dão origem
aos infortúnios. Certamente, tal fato impede a determinação das causas básicas
que devem ser gerenciadas para a não ocorrência de acidentes.

Ora, se se deseja de fato determinar as causas reais dos acidentes para que se
possa preveni-los, a participação dos trabalhadores neles envolvidos parece
imperiosa.

Nessa mesma linha de raciocínio, se se pretende alcançar a melhoria contínua de


um SGSST no qual a participação dos trabalhadores é da maior relevância, os
mesmos têm de se envolver em todo o processo, desde sua concepção até a
84

análise periódica que resulta na indicação do que deve ser alterado ou


implantado.

Assim, acredita-se que os trabalhadores muito tenham a contribuir com a análise


crítica de Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho, assim como
com a identificação de oportunidades de agregar ações e programas para a
obtenção de resultados ainda melhores do que os já alcançados.

Esses foram as premissas que nortearam a concepção e aplicação do


questionário/matriz cujos pontos primordiais foram discutidos anteriormente.

Coleta de dados

A coleta de dados ocorreu em várias oportunidades e em diversos municípios das


regiões de atuação dos trabalhadores da empresa, após reunião de discussão e
preparação já mencionada, e sempre garantindo o direito à recusa de algum
trabalhador em participar.

Os dados coletados foram tabulados e são objeto das discussões que serão
realizadas nos itens 4.6 e 4.7.

Definição da população-alvo

Evidentemente, nesse tipo de abordagem, quanto maior é a população objeto da


pesquisa, maior a confiabilidade dos resultados e sua coerência com a situação
real estudada.

Não obstante, com as dificuldades impostas pela própria rotina de trabalho do


público-alvo, assim como as relativas à geografia de atuação da empresa
pesquisada, obtiveram-se 219 respostas de eletricistas aos questionários
aplicados.
85

Considerando que a empresa conta em seu quadro de empregados com cerca de


1.268 eletricistas, conseguiu-se uma amostra da opinião desses trabalhadores da
ordem de 17,3% do total de empregados da empresa nessa atividade.

Também foram obtidos 82 questionários respondidos por técnicos que também


exercem atividades operacionais, no entanto, mais especializadas do que as
desenvolvidas pelos eletricistas.

O objetivo de colher a opinião desses trabalhadores, além de verificar suas visões


e propostas de melhoria sobre o SGSST, foi também o de identificar as possíveis
diferenças existentes entre a visão desses e a dos eletricistas. Esse segundo
grupo de trabalhadores teve participação menos abrangente no processo de
construção do SGSST, quando comparados aos eletricistas, participantes mais
ativos, inclusive porque são eles os diretamente envolvidos com os principais
riscos que as atividades desenvolvidas pela empresa apresentam.

Comparados ao total de técnicos da área operacional da empresa (628), os 82


participantes representam 13,0% dos trabalhadores que atuam nessa atividade.

Finalmente, aplicou-se o mesmo questionário a um grupo de empregados que


fazem parte do corpo de gestão da empresa: 5 técnicos líderes, 4 engenheiros, 1
engenheiro líder e 8 gerentes. Os 18 trabalhadores que participaram da pesquisa
representam 13,2% do número total do corpo de gestão da empresa que atua na
área operacional (136).

Evidentemente, o objetivo foi o de identificar as opiniões e sugestões do nível de


gestão da empresa em relação ao SGSST implantado, assim como o de verificar
possíveis discrepâncias em relação à visão dos demais trabalhadores.

Com isso, totalizou-se 319 respondentes ao questionário elaborado, o que


representa 15,8% dos trabalhadores atuando na área de distribuição e
transmissão de energia elétrica da empresa objeto do estudo de caso (2.015).
86

Respostas aos questionários

Como já mencionado, para a pesquisa do tipo survey utilizou-se um


questionário/matriz abordando trinta aspectos relativos ao SGSST implantado
pela empresa. Cada um desses aspectos foi avaliado de forma percentual pelos
participantes (0% = discordo plenamente, 25% = discordo parcialmente, 50% =
não concordo nem discordo, 75% = concordo parcialmente e 100% = concordo
plenamente), valores que, na opinião de cada respondente, representava o valor
mais próximo da aderência ao aspecto avaliado.

Nas próximas páginas, serão analisadas as respostas dadas e tecidos alguns


comentários sobre os resultados.

A título de simplificação e sem prejuízo da qualidade da análise, os aspectos em


que houve consistente convergência das respostas de todas as três categorias de
público-alvo trabalhadas (eletricistas, técnicos e níveis de gestão) serão
analisados e comentados de forma global. Caso contrário, na divergência nas
respostas, a análise será feita para cada grupo respondentes.

Além disso, serão consideradas de forma agrupada as respostas como segue:

Respostas direcionadas para 0% ou 25% serão consideradas ruins;

Repostas direcionadas para 50% neutras;

Respostas direcionadas para 75% ou 100% serão consideradas boas.

Finalmente, considerar-se-á consistente a convergência de mais de 90% das


respostas dadas a um dos 3 grupos mencionados: 0%-25%, 50% e 75%-100%,
desta forma fazendo-se apenas a análise global das respostas, já mencionada.

Seguem-se as respostas aos 30 itens que compõem o questionário.


87

Questão 1 – Política de SSO: Há política de segurança e saúde claramente


definida e praticada por todos os colaboradores da organização?
A figura 15 apresenta os resultados obtidos para a questão 1.

TOTAL

100% 185

75% 112

50% 19

25% 3

0% 0

0 50 100 150 200

Figura 15 – Tabulação respostas dadas para a questão 1


Fonte: Questionário aplicado

Noventa e três por cento das respostas dadas à questão 1 foram direcionadas a
75% ou 100% de aderência, o que indica forte convergência das repostas no
sentido de perceber a existência e efetividade da Política de SSO implantada pela
empresa.

Além disso, a ausência de propostas envolvendo a Política de SSO nas


sugestões de melhoria formuladas pelos participantes da pesquisa atesta forte
concordância destes com a política estabelecida.

Questão 2 – Segurança como valor organizacional: A segurança é um valor da


organização expressado por todos os seus trabalhadores, independentemente do
nível hierárquico?

A figura 16 apresenta os resultados obtidos para a questão 2.


88

TOTAL

100% 220

75% 88

50% 10

25% 1

0% 0

0 50 100 150 200 250

Figura 16 – Tabulação respostas dadas para a questão 2


Fonte: Questionário aplicado

Noventa e sete por cento das respostas dadas à questão 2 foram direcionadas a
75% ou 100% de aderência, indicando forte convergência das repostas no sentido
da percepção de que a segurança é um valor da empresa.

Novamente não há registro de sugestões de melhoria em relação a esse aspecto


avaliado.

Questão 3 – Normativos e orientações: Há normativos e orientações sobre


segurança claros e de conhecimento dos trabalhadores?

A figura 17 apresenta os resultados obtidos para a questão 3.


89

TOTAL

100% 199

75% 97

50% 13

25% 10

0% 0

0 50 100 150 200 250

Figura 17 – Tabulação respostas dadas para a questão 3


Fonte: Questionário aplicado

Noventa e três por cento das respostas dadas a essa questão foram direcionadas
a 75% ou 100% de aderência. Novamente houve forte convergência das repostas
no sentido de referendar que normativos e orientações fazem parte do SGSST da
empresa.

Também não há menção a necessidade de melhoria para esse item.

Questão 4 – Treinamento / desenvolvimento dos trabalhadores: Os


trabalhadores são adequadamente treinados para suas atividades antes de
iniciarem seu trabalho?

A figura 18 apresenta os resultados obtidos para a questão 4.


90

TOTAL

100% 166

75% 126

50% 25

25% 2

0% 0

0 50 100 150 200

Figura 18 – Tabulação respostas dadas para a questão 4


Fonte: Questionário aplicado

Noventa e dois por cento das respostas dadas a essa questão foram direcionadas
a 75% ou 100% de aderência. Portanto, forte convergência das repostas,
aprovando os treinamentos aos quais os trabalhadores são submetidos. De fato,
somente para a formação básica dos eletricistas, o curso realizado tem carga
horária de mais de 350 horas entre atividades teóricas e práticas e é muito bem
avaliado pelos eletricistas.

Não obstante a boa avaliação do item, há inúmeras sugestões de melhoria sobre


treinamento, elencadas no item Sugestões de melhoria.

Questão 5 – Conscientização / motivação dos trabalhadores para segurança:


Os trabalhadores estão conscientizados e motivados para desenvolver suas
atividades com segurança?

A figura 19 apresenta os resultados obtidos para a questão 5.


91

TOTAL

100% 166

75% 126

50% 24

25% 3

0% 0

0 50 100 150 200

Figura 19 – Tabulação respostas dadas para a questão 5


Fonte: Questionário aplicado

Coincidentemente, também esse item registrou noventa e dois por cento das
respostas direcionadas a 75% ou 100% de aderência. Novamente, forte
convergência das repostas relativas à conscientização e motivação para a
segurança.

Mesmo assim, houve algumas sugestões de melhoria em relação a esse aspecto,


o que será verificado no item Sugestões de melhoria a seguir.

Questão 6 – Comportamento preventivo dos trabalhadores: Os trabalhadores


demonstram tal motivação através dos comportamentos expressados na prática?

A figura 20 apresenta os resultados obtidos para a questão 6.


92

TOTAL

100% 108

75% 159

50% 44

25% 8

0% 0

0 50 100 150 200

Figura 20 – Tabulação respostas dadas para a questão 6


Fonte: Questionário aplicado

Oitenta e quatro por cento das respostas a esse item foram direcionadas a 75%
ou 100% e este é o primeiro dos itens até aqui abordados onde houve uma
inversão do direcionamento das respostas, com a maioria dos 84% respondentes
optando por 75% de aderência. Isto pode ser interpretado como indicativo de
oportunidades de melhoria no que diz respeito ao comportamento preventivo dos
trabalhadores e, o que é mais interessante, obtido, sobretudo, a partir da opinião
majoritária dos próprios trabalhadores a área operacional.

Ao serem analisadas as respostas por categoria de trabalhadores público-alvo da


pesquisa, apresentadas na figura 21, observa-se a mesma tendência entre os
respondentes do nível operacional, eletricistas e técnicos, coincidente com a visão
dos gerentes participantes.

Corroborando esse resultado, há algumas propostas de melhoria em relação a


esse aspecto expressas no item Sugestões de melhoria a seguir.
93

ELETRICISTA TÉCNICO TÉCNICO LÍDER

100% 73 100% 26 100% 3

75% 112 75% 39 75% 1

50% 30 50% 14 50% 0

25% 4 25% 3 25% 1

0% 0 0% 0 0% 0

0 50 100 150 0 10 20 30 40 50 0 1 2 3 4

ENGENHEIRO ENGENHEIRO LÍDER GERENTE

100% 2 100% 1 100% 3

75% 2 75% 0 75% 5

50% 0 50% 0
50% 0

25% 0
25% 0 25% 0

0% 0
0% 0 0% 0

0 2 4 6
0 0,5 1 1,5 2 2,5 0 0,5 1 1,5

Figura 21 – Tabulação respostas dadas para a questão 6 por categoria de respondentes


Fonte: Questionário aplicado

Questão 7 – Comprometimento dos níveis de comando com a segurança: Os


níveis de comando estão comprometidos com os aspectos de segurança e
externalizam tal comprometimento?

A figura 22 apresenta os resultados obtidos para a questão 7.


94

TOTAL

100% 163

75% 113

50% 35

25% 8

0% 0

0 50 100 150 200

Figura 22 – Tabulação respostas dadas para a questão 7


Fonte: Questionário aplicado

Oitenta e sete por cento das respostas a este item foram direcionadas a 75% ou
100% e também aqui é interessante abrirmos as respostas por categoria.

Na figura 23, pode-se observar que parte expressiva dos trabalhadores


operacionais (eletricistas e técnicos) apontou aderência de 50% para este item
(15% dessa categoria e 10% do total de respondentes). Outros 50% da categoria
de trabalhadores operacionais indicou a aderência de 75% para este item, o que
representa 34% dos respondentes.

Os 50% de aderência também foi indicado por dois entre oito gerentes que
participaram da pesquisa (25% dos respondentes), o que pode ser traduzido
como uma interessante e construtiva auto-crítica.

Assim, fica evidente a oportunidade de se buscar avançar nesse aspecto,


comprometimento dos níveis de comando com a segurança, fundamental para o
sucesso e melhoria contínua de uma SGSST.

Mais uma vez as propostas dos participantes evidenciam a total coerência dos
resultados aqui discutidos na medida em que há várias sugestões de melhoria no
95

que se refere aos níveis de comando expressas no item Sugestões de melhoria a


seguir.
ELETRICISTA TÉCNICO TÉCNICO LÍDER

100% 107 100% 44 100% 4

75% 84 75% 25 75% 1

50% 25 50% 8 50% 0

25% 3 25% 5 25% 0

0% 0 0% 0 0% 0

0 50 100 150 0 10 20 30 40 50 0 1 2 3 4 5

ENGENHEIRO ENGENHEIRO LÍDER GERENTE

100% 4 100% 1 100% 3

75% 0 75% 0 75% 3

50% 0 50% 0 50% 2

25% 0 25% 0 25% 0

0% 0 0% 0 0% 0

0 1 2 3 4 5 0 0,5 1 1,5 0 1 2 3 4

Figura 23 – Tabulação respostas dadas para a questão 7 por categoria de respondentes


Fonte: Questionário aplicado

Questão 8 – Responsabilidades dos níveis de comando com a segurança: A


liderança tem responsabilidades claramente definidas em relação à segurança e
prevenção de acidentes?

A figura 24 apresenta os resultados obtidos para a questão 8.


96

TOTAL

100% 169

75% 118

50% 24

25% 8

0% 0

0 50 100 150 200

Figura 24 – Tabulação respostas dadas para a questão 8


Fonte: Questionário aplicado

Noventa por cento das respostas dadas a esta questão foram direcionadas a 75%
ou 100% de aderência, o que indica forte convergência das repostas. Interessante
notar que, não obstante as respostas e respectivas discussões relativas à questão
7 indicarem a necessidade de intensificação do comprometimento dos níveis de
comando para com a segurança, a visão da maioria dos participantes é de que
suas responsabilidades (níveis de comando) em relação à segurança estão sim
claramente definidas.

Questão 9 – Segurança é estratégia empresarial: A segurança dos


trabalhadores é administrada como estratégia empresarial e interfere de forma
decisiva nas decisões organizacionais?

A figura 25 apresenta os resultados obtidos para a questão 9.


97

TOTAL

100% 198

75% 92

50% 21

25% 8

0% 0

0 50 100 150 200 250

Figura 25 – Tabulação respostas dadas para a questão 9


Fonte: Questionário aplicado

Noventa e um por cento das respostas dadas a esta questão direcionaram-se a


75% ou 100% de aderência. Novamente há expressiva convergência das
respostas.

Aparentemente, este resultado está lastreado nos programas e ações


desenvolvidos pela empresa que dão ênfase ao seu compromisso para com a
segurança e saúde de seus trabalhadores, compromisso esse indispensável ao
sucesso de um SGSST, como evidenciado por vários autores já mencionados no
presente trabalho.

Mais uma vez aqui há coerência do resultado com as propostas dos


trabalhadores. Não há indicações de melhorias para esse aspecto avaliado.

Questão 10 – Metas claramente estabelecidas: São estabelecidas metas claras


em relação à prevenção de acidentes e discutidas com os trabalhadores?

A figura 26 apresenta os resultados obtidos para a questão 10.


98

TOTAL

100% 177

75% 106

50% 24

25% 12

0% 0

0 50 100 150 200

Figura 26 – Tabulação respostas dadas para a questão 10


Fonte: Questionário aplicado

Oitenta e nove por cento das respostas dadas a esta questão direcionaram-se a
75% ou 100% de aderência e, portanto, o resultado está muito próximo aos 90%
estabelecidos para a análise das respostas em conjunto, o que sugere não haver
muito a avançar nesse aspecto.

De fato, ao serem analisadas as respostas por categorias de participantes,


indicadas na figura 27, nota-se predominância das respostas direcionadas aos
100% (55% dos respondentes), indicando o conhecimento e clareza das metas
estabelecidas. Também não há sugestões em relação a esse tema no item
Sugestões de melhoria a seguir.
99

ELETRICISTA TÉCNICO TÉCNICO LÍDER

100% 119 100% 44 100% 4

75% 72 75% 31 75% 1

50% 18 50% 5 50% 0

25% 10 25% 2 25% 0

0% 0 0% 0 0% 0

0 50 100 150 0 20 40 60 0 2 4 6

ENGENHEIRO ENGENHEIRO LÍDER GERENTE

100% 4 100% 1 100% 5

75% 0 75% 0 75% 2

50% 0 50% 0 50% 1

25% 0 25% 0 25% 0

0% 0 0% 0 0% 0

0 1 2 3 4 5 0 0,5 1 1,5 0 2 4 6

Figura 27 – Tabulação respostas dadas para a questão 10 por categoria de respondentes


Fonte: Questionário aplicado

Questão 11 – EPI – Equipamentos de Proteção Individual adequados: Os EPI


disponibilizados pela empresa são de qualidade e tecnicamente adequados aos
trabalhos desenvolvidos?

A figura 28 apresenta os resultados obtidos para a questão 11.


100

TOTAL

100% 222

75% 73

50% 18

25% 6

0% 0

0 50 100 150 200 250

Figura 28 – Tabulação respostas dadas para a questão 11


Fonte: Questionário aplicado

Noventa e dois por cento das respostas estão entre 75% e 100% de aderência,
indicando forte convergência das respostas.

Não obstante, vale apenas evidenciar que as respostas dos eletricistas e técnicos
a este item foram muito positivas, o que é de fundamental importância, pois são
eles quem cotidianamente utilizam os EPI. Coincidentemente, noventa e dois por
cento dessa categoria de respondentes (eletricistas e técnicos) atestaram a
qualidade e adequação dos EPI, indicando aderências entre 100% e 75% de
acordo com a figura 29.

Necessário mencionar que mesmo com o reconhecimento da qualidade e


adequação dos EPI, há várias sugestões a propósito da melhoria desses
equipamentos, assim como da metodologia de sua escolha e análise no item
Sugestões de melhoria a seguir. Natural que isso ocorra, na medida em que este
é um aspecto que afeta de forma muito particular e intensa a rotina de trabalho
dos trabalhadores de nível operacional da empresa (eletricistas e técnicos).
101

ELETRICISTA TÉCNICO

100% 150 100% 58

75% 56 75% 14

50% 9 50% 8

25% 4 25% 2

0% 0 0% 0

0 50 100 150 200 0 20 40 60 80

Figura 29 – Tabulação respostas dadas para a questão 11 por categorias de eletricistas e


técnicos
Fonte: Questionário aplicado

Questão 12 – EPC – Equipamentos de Proteção Coletiva adequados: Os EPC


disponibilizados pela empresa são de qualidade e tecnicamente adequados aos
trabalhos desenvolvidos?

A figura 30 apresenta os resultados obtidos para a questão 12.

TOTAL

100% 166

75% 132

50% 16

25% 5

0% 0

0 50 100 150 200

Figura 30 – Tabulação respostas dadas para a questão 12


Fonte: Questionário aplicado
102

Noventa e três por cento das respostas estão entre 75% e 100% de aderência, o
que indica forte convergência das respostas a esse aspecto analisado.

Necessário mencionar que há um forte direcionamento das respostas para os


75%, o que aponta para a possibilidade de melhorias, mesmo considerando a
adequação geral dos EPC. As várias propostas feitas no item Sugestões de
melhoria a seguir atestam esta conclusão.

Questão 13 – Ferramentas e veículos adequados: As ferramentas


disponibilizadas pela empresa são de qualidade e tecnicamente adequadas aos
trabalhos desenvolvidos?

A figura 31 apresenta os resultados obtidos para a questão 13.

TOTAL

100% 61

75% 145

50% 76

25% 34

0% 3

0 50 100 150 200

Figura 31 – Tabulação respostas dadas para a questão 13


Fonte: Questionário aplicado

Apenas sessenta e cinco por cento dos participantes indicaram 75% ou 100% de
aderência a este item, o que indica que deve haver várias oportunidades de
melhoria associadas aos veículos e ferramentas disponibilizados pela empresa.

Os 75% de aderência foram a escolha principal de quase todas as categorias de


respondentes (45% dos respondentes) e a opção pelos 50% também foi relevante
(24% dos respondentes). Interessante notar que, como expresso na figura 32, não
103

somente os eletricistas e técnicos, mais envolvidos com as ferramentas e veículos


operacionais, mas também os níveis de comando (técnicos e engenheiros líderes,
engenheiros e gerentes) responderam de forma a indicar que há medidas a serem
tomadas para evolução da qualidade de veículos e equipamentos.

O resultado desta tendência é que há várias propostas de melhoria elencadas


pelos participantes da pesquisa no item Sugestões de melhoria a seguir.
ELETRICISTA TÉCNICO TÉCNICO LÍDER

100% 37 100% 20 100% 1

75% 105 75% 32 75% 3

50% 51 50% 20 50% 1

25% 24 25% 9 25% 0

0% 2 0% 1 0% 0

0 50 100 150 0 10 20 30 40 0 1 2 3 4

ENGENHEIRO ENGENHEIRO LÍDER GERENTE

100% 2 100% 0 100% 1

75% 2 75% 1 75% 2

50% 0 50% 0 50% 4

25% 0 25% 0 25% 1

0% 0 0% 0 0% 0

0 0,5 1 1,5 2 2,5 0 0,5 1 1,5 0 2 4 6

Figura 32 – Tabulação respostas dadas para a questão 13 por categoria de respondentes


Fonte: Questionário aplicado

Questão 14 – Participação dos trabalhadores na definição de EPI, EPC e


ferramentas: Há participação dos trabalhadores na escolha e avaliação técnica
de EPI, EPC e ferramentas?

A figura 33 apresenta os resultados obtidos para a questão 14.


104

TOTAL

100% 40

75% 113

50% 79

25% 65

0% 22

0 20 40 60 80 100 120

Figura 33 – Tabulação respostas dadas para a questão 14


Fonte: Questionário aplicado

Apenas quarenta e oito por cento do público-alvo direcionou suas respostas para
75% ou 100%. Embora a prevalência neste item tenha sido os 75% (35% dos
respondentes), há também forte direcionamento para os 50% e 25% analisados
de forma conjunta (45% dos respondentes). Assim, é evidente a oportunidade de
melhoria relativa à participação dos trabalhadores na escolha de EPI, EPC e
ferramentas.

Ao se analisar a figura 34, que contém as respostas por categoria de


trabalhadores, fica evidente o posicionamento crítico dos trabalhadores
operacionais em relação a sua participação no processo, à medida que juntos,
eletricistas e técnicos, cravaram os 25% ou 50% no total de 38% do público-alvo
objeto da pesquisa. Além disso, 22 deles acreditam que não há participação
alguma de sua parte na definição de EPI, EPC e ferramentas. Isso representa 7%
do total dessa categoria de público-alvo, o que não é desprezível.

As várias propostas contidas no item Sugestões de melhoria a seguir atestam o


resultado ora comentado.
105

ELETRICISTA TÉCNICO TÉCNICO LÍDER

100% 25 100% 10 100% 1

75% 72 75% 33 75% 1

50% 58 50% 18 50% 2

25% 47 25% 16 25% 1

0% 17 0% 5 0% 0

0 20 40 60 80 0 10 20 30 40 0 1 2 3

ENGENHEIRO ENGENHEIRO LÍDER GERENTE

100% 1 100% 0 100% 3

75% 2 75% 1 75% 4

50% 0 50% 0 50% 1

25% 1 25% 0 25% 0

0% 0 0% 0 0% 0

0 0,5 1 1,5 2 2,5 0 0,5 1 1,5 0 2 4 6

Figura 34 – Tabulação respostas dadas para a questão 14 por categoria de respondentes


Fonte: Questionário aplicado

Questão 15 – Possibilidade de interrupção do trabalho sob risco:


Trabalhadores têm a real possibilidade de interromper os trabalhos quando em
condição de risco?

A figura 35 apresenta os resultados obtidos para a questão 15.


106

TOTAL

100% 204

75% 70

50% 32

25% 12

0% 1

0 50 100 150 200 250

Figura 35 – Tabulação respostas dadas para a questão 15


Fonte: Questionário aplicado

Oitenta e seis por cento do público-alvo respondeu 75% ou 100% em relação a


este importante aspecto.

A figura 36 detalha a resposta dos eletricistas e técnicos (nível operacional) e traz


a preocupação em função de 44 trabalhadores terem relevantes dúvidas sobre a
possibilidade de interromperem suas atividades em condição de risco. São 15%
de trabalhadores que não estão tranqüilos em relação a essa decisão que pode,
na prática, determinar a ocorrência ou não de um acidente.

Embora não tenham sido apontadas sugestões sobre este aspecto, sem dúvida
este é um tema a ser mais bem tratado e divulgado pela empresa.
107

ELETRICISTA TÉCNICO

100% 135 100% 53

75% 48 75% 20

50% 25 50% 7

25% 10 25% 2

0% 1 0% 0

0 50 100 150 0 20 40 60

Figura 36 – Tabulação respostas dadas para a questão 15 por categorias de eletricistas e


técnicos
Fonte: Questionário aplicado

Questão 16 – Cumprimento das exigências legais: A empresa cumpre todas


as exigências legais relativas à segurança do trabalho relacionadas ao seu
trabalho?

A figura 37 apresenta os resultados obtidos para a questão 16.

TOTAL

100% 183

75% 95

50% 33

25% 4

0% 4

0 50 100 150 200

Figura 37 – Tabulação respostas dadas para a questão 16


Fonte: Questionário aplicado
108

Oitenta e sete por cento indicaram os percentuais 75% ou 100% de aderência


para este aspecto.

A figura 38 mostra a variação de repostas por categoria de respondentes e pode-


se notar que à exceção de quatro técnicos, que acreditam que a empresa não
cumpre suas obrigações legais relativas à segurança envolvida com seus
trabalhos, os demais profissionais apontam para uma situação adequada deste
importante aspecto.

Também é interessante mencionar a visão bastante crítica de um gerente,


sobretudo porque faz parte das responsabilidades desse nível de empregados
zelar pelo cumprimento da legislação de SSO aplicável à empresa.
ELETRICISTA TÉCNICO TÉCNICO LÍDER

100% 125 100% 47 100% 4

75% 67 75% 24 75% 1

50% 24 50% 7 50% 0

25% 3 25% 0 25% 0

0% 0 0% 4 0% 0

0 50 100 150 0 10 20 30 40 50 0 2 4 6

ENGENHEIRO ENGENHEIRO LÍDER GERENTE

100% 4 100% 0 100% 3

75% 0 75% 1 75% 2

50% 0 50% 0 50% 2

25% 0 25% 0 25% 1

0% 0 0% 0 0% 0

0 1 2 3 4 5 0 0,5 1 1,5 0 1 2 3 4

Figura 38 – Tabulação respostas dadas para a questão 16 por categoria de respondentes


Fonte: Questionário aplicado

Questão 17 – SESMT adequado: O SESMT – Serviço Especializado em


Segurança e Medicina do Trabalho é adequado ao risco da empresa e conta com
profissionais atuantes?
109

A figura 39 apresenta os resultados obtidos para a questão 17.

TOTAL

100% 145

75% 132

50% 34

25% 8

0% 0

0 50 100 150 200

Figura 39 – Tabulação respostas dadas para a questão 17


Fonte: Questionário aplicado

Também nesse aspecto, oitenta e sete por cento dos respondentes indicaram os
percentuais 75% ou 100% de aderência.

Interessante mencionar que, como demonstrado na figura 40, em relação a


eletricistas e técnicos, houve um número expressivo de participantes elegendo os
75% de aderência (43% dessas categorias de trabalhadores). Ou seja, mesmo a
empresa optando pelo dimensionamento de seu SESMT com um número superior
de profissionais ao exigido pela NR-451 que rege o assunto, há uma percepção
por parte do nível operacional de que isso não é suficiente.

Embora não tendo sido registradas sugestões de melhoria para este aspecto, há
que se considerar esse resultado para ações futuras na medida em que o nível
operacional é o mais próximo dos profissionais que compõem o SESMT,
sobretudo no que se refere aos técnicos de segurança.

51
NR-4: Norma Regulamentadora n0 4 – SESMT – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina
do Trabalho.
110

ELETRICISTA TÉCNICO

100% 97 100% 35

75% 89 75% 39

50% 25 50% 8

25% 8 25% 0

0% 0 0% 0

0 50 100 150 0 10 20 30 40 50

Figura 40 – Tabulação respostas dadas para a questão 17 por categorias de eletricistas e


técnicos
Fonte: Questionário aplicado

Questão 18 – Segurança com empresas contratadas: O nível de segurança


das empresas contratadas é o mesmo que têm os trabalhadores da contratante?

A figura 41 apresenta os resultados obtidos para a questão 18.

TOTAL

100% 8

75% 56

50% 91

25% 128

0% 36

0 50 100 150

Figura 41 – Tabulação respostas dadas para a questão 18


Fonte: Questionário aplicado
111

Esse foi um dos aspectos com pior avaliação pelo público-alvo, com apenas vinte
por cento dele indicando as aderências 75% ou 100%. As oitenta por cento
respostas restantes ficaram assim distribuídas:

29% de respondentes apontaram a aderência de 50% (91 participantes);

40% de respondentes apontaram a aderência de 25% (128 participantes);

11% de respondentes apontaram a aderência de 0% (36 participantes).

De fato, ao verificarmos as respostas por categoria de respondentes expressas na


figura 42, nota-se baixíssima avaliação de todos em relação à segurança com as
empresas contratadas, o que é totalmente corroborado, tanto pelas estatísticas de
acidentes registradas pela empresa em relação a suas contratadas, quanto pelas
propostas de melhoria contidas no item Sugestões de melhoria a seguir. Esse
aspecto será mais discutido na conclusão do presente trabalho.
ELETRICISTA TÉCNICO TÉCNICO LÍDER

100% 5 100% 2 100% 1

75% 37 75% 13 75% 1

50% 59 50% 26 50% 2

25% 91 25% 32 25% 1

0% 27 0% 9 0% 0

0 20 40 60 80 100 0 10 20 30 40 0 0,5 1 1,5 2 2,5

ENGENHEIRO ENGENHEIRO LÍDER GERENTE

100% 0 100% 0 100% 0

75% 2 75% 0 75% 3

50% 2 50% 0 50% 2

25% 0 25% 1 25% 3

0% 0 0% 0 0% 0

0 0,5 1 1,5 2 2,5 0 0,5 1 1,5 0 1 2 3 4

Figura 42 – Tabulação respostas dadas para a questão 18 por categoria de respondentes


Fonte: Questionário aplicado
112

Questão 19 – Segurança com a população: A empresa investe suficientemente


na conscientização da população de modo geral no que diz respeito aos riscos de
suas redes e instalações?

A figura 43 apresenta os resultados obtidos para a questão 19.

TOTAL

100% 42

75% 109

50% 92

25% 65

0% 11

0 20 40 60 80 100 120

Figura 43 – Tabulação respostas dadas para a questão 19


Fonte: Questionário aplicado

Novamente nesse caso a avaliação dos respondentes foi ruim. Apenas quarenta e
sete por cento deles optaram pelas aderências 75% ou 100%. Houve forte
direcionamento para as aderências 50% ou 25% (49%) e onze respondentes
indicaram zero por cento de aderência.

A figura 44 apresenta as opiniões por categoria de participante e todas apontam


para uma inequívoca oportunidade de melhoria das ações da empresa em relação
a este item. Isto é também corroborado pela estatística de acidentes elétricos
envolvendo a população, assim como pelo expressivo número de propostas
relativas ao tema e que estão expressas no item Sugestões de melhoria a seguir.

O tema será retomado na conclusão do trabalho.


113

ELETRICISTA TÉCNICO TÉCNICO LÍDER

100% 31 100% 7 100% 1

75% 68 75% 31 75% 3

50% 69 50% 23 50% 0

25% 45 25% 16 25% 1

0% 6 0% 5 0% 0

0 20 40 60 80 0 10 20 30 40 0 1 2 3 4

ENGENHEIRO ENGENHEIRO LÍDER GERENTE

0% 0 100% 0 100% 3

100% 0
75% 1 75% 3

75% 3
50% 0 50% 0
50% 0

25% 0 25% 2
25% 1

0% 0 0% 0 0% 0

0 1 2 3 4 0 0,5 1 1,5 0 1 2 3 4

Figura 44 – Tabulação respostas dadas para a questão 19 por categoria de respondentes


Fonte: Questionário aplicado
114

Questão 20 – Comunicação sobre SSO: A comunicação de fatos relativos à


segurança e saúde é adequada na empresa e os meios utilizados são eficazes?

A figura 45 apresenta os resultados obtidos para a questão 20.

TOTAL

100% 87

75% 159

50% 64

25% 9

0% 0

0 50 100 150 200

Figura 45 – Tabulação respostas dadas para a questão 20


Fonte: Questionário aplicado

Setenta e sete por cento das respostas a este item foram direcionadas a 75% ou
100% de aderência e a figura 46 mostra as respostas das categorias eletricistas e
técnicos com percentual representativo, tendo elegido a aderência de 50% (21%
dos respondentes dessas categorias), ou seja, há necessidade evidente de
melhoria em relação à comunicação sobre SSO.
115

ELETRICISTA TÉCNICO

100% 56 100% 24

75% 108 75% 42

50% 47 50% 15

25% 8 25% 1

0% 0% 0

0 50 100 150 0 20 40 60

Figura 46 – Tabulação respostas dadas para a questão 20 por categorias de eletricistas e


técnicos
Fonte: Questionário aplicado

Questão 21 – Auditorias internas: São realizadas auditorias internas e seus


resultados são eficazes?

A figura 47 apresenta os resultados obtidos para a questão 21.

TOTAL

100% 80

75% 150

50% 64

25% 23

0% 2

0 50 100 150 200

Figura 47 – Tabulação respostas dadas para a questão 21


Fonte: Questionário aplicado
116

Setenta e dois por cento do público-alvo indicou as aderências de 75% ou 100%


para este aspecto. Assim, há pontos de melhoria possíveis, alguns indicados no
item Sugestões de melhoria a seguir.

Novamente nesse item a divergência mais marcante foi entre o nível operacional,
como demonstram os dados da figura 48. Quarenta e sete por cento deste
público-alvo apontou a aderência 75% contra apenas vinte e quatro por cento que
indicou a aderência 100%.

Outros vinte por cento desses grupos opinaram pela aderência de 50% e sete por
cento deles apontaram os 25% de aderência, numa clara indicação de
discordância em relação a esse aspecto.

ELETRICISTA TÉCNICO

100% 53 100% 19

75% 99 75% 41

50% 52 50% 12

25% 14 25% 9

0% 1 0% 1

0 50 100 150 0 10 20 30 40 50

Figura 48 – Tabulação respostas dadas para a questão 21 por categorias de eletricistas e


técnicos
Fonte: Questionário aplicado

Questão 22 – Auditorias externas: São realizadas auditorias externas (de


terceira parte) e seus resultados são eficazes?

A figura 49 apresenta os resultados obtidos para a questão 22.


117

TOTAL

100% 70

75% 123

50% 85

25% 33

0% 8

0 50 100 150

Figura 49 – Tabulação respostas dadas para a questão 22


Fonte: Questionário aplicado

Apenas sessenta por cento dos respondentes indicaram as aderências 75% ou


100% para este item. Como atestam os dados indicados na figura 50, novamente
aqui os eletricistas e técnicos são a voz destoante e, a julgar pelas propostas de
melhoria, embasadas em pontos concretos de falhas a serem corrigidas.

Vinte e oito por cento dessas categorias de respondentes opinaram pela


aderência de 50% e outros onze por cento apontaram os 25% de aderência.
Nesse aspecto, há ainda um grupo não desprezível de três por cento que
desconhece a realização das auditorias externas ou não acreditam em sua
eficácia.
118

ELETRICISTA TÉCNICO

100% 45 100% 17

75% 76 75% 37

50% 71 50% 14

25% 22 25% 11

0% 5 0% 3

0 20 40 60 80 0 10 20 30 40

Figura 50 – Tabulação respostas dadas para a questão 22 por categorias de eletricistas e


técnicos
Fonte: Questionário aplicado

Questão 23 – Investigação e análise de acidentes e incidentes: A empresa


possui um sistema de investigação e análise de acidentes adequado e eficaz?

A figura 51 apresenta os resultados obtidos para a questão 23.

TOTAL

100% 120

75% 134

50% 50

25% 14

0% 1

0 50 100 150

Figura 51 – Tabulação respostas dadas para a questão 23


Fonte: Questionário aplicado
119

Oitenta por cento dos trabalhadores participantes da pesquisa acredita


plenamente (100% de aderência) ou quase totalmente (75% de aderência) no
método de investigação e análise de acidentes e incidentes adotado pela
empresa.

Novamente as dúvidas mais significativas estão entre os trabalhadores do nível


operacional, como demonstrado na figura 52. Vinte e um por cento deles
apontaram as aderências 50% ou 25%, o que indica opiniões críticas em relação
à investigação e análise dos acidentes/incidentes.

ELETRICISTA TÉCNICO

100% 75 100% 32

75% 96 75% 34

50% 37 50% 12

25% 10 25% 4

0% 1 0% 0

0 50 100 150 0 10 20 30 40

Figura 52 – Tabulação respostas dadas para a questão 23 por categorias de eletricistas e


técnicos
Fonte: Questionário aplicado

Questão 24 – Gestão de mudança de pessoas: As pessoas que assumem


novas responsabilidades são treinadas em suas novas tarefas e sobre os riscos
inerentes a elas?

A figura 53 apresenta os resultados obtidos para a questão 24.


120

TOTAL

100% 99

75% 138

50% 57

25% 22

0% 3

0 50 100 150

Figura 53 – Tabulação respostas dadas para a questão 24


Fonte: Questionário aplicado

Setenta e quatro por cento dos entrevistados apontaram as aderências 75% ou


100% para este quesito e outra vez são os eletricistas e técnicos os que
concluíram por menores aderências. Os dados da figura 54 dão conta de que
vinte e cinco por cento deste público-alvo apontou as aderências de 50% ou 25%,
o que indica que os treinamentos direcionados àqueles trabalhadores
operacionais precisam sofrer análise a fim de que sejam identificadas as
oportunidades de melhoria a serem implementadas.

De fato, o item Sugestões de melhoria a seguir aponta uma série de propostas de


melhoria para o treinamento dos trabalhadores em geral.
121

ELETRICISTA TÉCNICO

100% 76 100% 19

75% 92 75% 35

50% 36 50% 19

25% 12 25% 9

0% 3 0% 0

0 50 100 0 10 20 30 40

Figura 54 – Tabulação respostas dadas para a questão 24 por categorias de eletricistas e


técnicos
Fonte: Questionário aplicado

Questão 25 – Integridade/qualidade das instalações: As instalações elétricas


(o ativo da empresa) são adequadas e se encontram em bom estado de
conservação?

A figura 55 apresenta os resultados obtidos para a questão 25.

TOTAL

100% 49

75% 121

50% 96

25% 47

0% 6

0 50 100 150

Figura 55 – Tabulação respostas dadas para a questão 25


Fonte: Questionário aplicado
122

Apenas cinqüenta e três por cento dos entrevistados optaram pelas aderências de
100% ou 75% para este aspecto e entre quase todas as categorias abordadas na
pesquisa foram registradas aderências de 50% ou 25%, numa clara indicação de
que a empresa tem muito a melhorar em relação aos seus ativos.

Dados indicados na figura 56 dão conta de que quarenta e oito por cento dos
eletricistas e técnicos, trabalhadores que atuam diretamente nas instalações
elétricas da empresa, apontaram aderências de 50%, 25% ou mesmo zero por
cento para este importante aspecto.

Interessante também mencionar que entre os gerentes que responderam à


pesquisa, sessenta e três por cento indicou a aderência de 50% relativa à
adequação do ativo da empresa.

Ou seja, trata-se de preocupante convergência de opiniões que deve ser


considerada e cujas contribuições visando à melhoria são muitas e estão
explicitadas no o item Sugestões de melhoria a seguir.
123

ELETRICISTA TÉCNICO LÍDER TÉCNICO LÍDER

100% 35 100% 9 100% 1

75% 81 75% 33 75% 3

50% 64 50% 27 50% 0

25% 37 25% 10 25% 0

0% 2 0% 3 0% 1

0 50 100 0 10 20 30 40 0 1 2 3 4

ENGENHEIRO ENGENHEIRO LÍDER GERENTE

100% 3 100% 1 100% 0

75% 1 75% 0 75% 3

50% 0 50% 0 50% 5

25% 0 25% 0 25% 0

0% 0 0% 0 0% 0

0 1 2 3 4 0 0,5 1 1,5 0 2 4 6

Figura 56 – Tabulação respostas dadas para a questão 25 por categoria de respondentes


Fonte: Questionário aplicado

Questão 26 – Gestão de mudança na instalação: As alterações ou mudanças


nas instalações são prontamente incorporadas à documentação e comunicadas a
todos os trabalhadores, sobretudo aquelas que possam implicar em riscos?

A figura 57 apresenta os resultados obtidos para a questão 26.


124

TOTAL

100% 51

75% 109

50% 84

25% 66

0% 9

0 20 40 60 80 100 120

Figura 57 – Tabulação respostas dadas para a questão 26


Fonte: Questionário aplicado

Neste item as aderências de 75% e 100% foram indicadas somente por 50% do
público-alvo da pesquisa e os níveis operacionais mais uma vez foram os
responsáveis pela avaliação pouco positiva verificada.

A figura 58 apresenta as respostas de eletricistas e técnicos onde se pode


verificar que cinqüenta e dois por cento dessas categorias de respondentes
apontaram para aderências iguais ou inferiores a 50%, numa clara manifestação
de que há espaço para melhoria desse aspecto.
125

ELETRICISTA TÉCNICO

100% 35 100% 11

75% 65 75% 33

50% 65 50% 17

25% 46 25% 20

0% 8 0% 1

0 20 40 60 80 0 10 20 30 40

Figura 58 – Tabulação respostas dadas para a questão 26 por categorias de eletricistas e


técnicos
Fonte: Questionário aplicado

Questão 27 – Análise de risco: A empresa possui sistemática adequada de


análise de risco capaz de evidenciar e eliminar/controlar os riscos de acidentes
antes da realização dos trabalhos?

A figura 59 apresenta os resultados obtidos para a questão 27.

TOTAL

100% 149

75% 117

50% 45

25% 8

0% 0

0 50 100 150 200

Figura 59 – Tabulação respostas dadas para a questão 27


Fonte: Questionário aplicado
126

Oitenta e três por cento dos participantes da pesquisa indicaram aderências de


100% a 75% para este item, portanto, boas avaliações em relação à metodologia
de análise de risco adotada pela empresa.

Não obstante, outra vez estão entre eletricistas e técnicos (níveis operacionais) as
críticas mais contundentes, como pode ser verificado na figura 60, em que
dezessete por cento deles apontaram aderências de 50% ou 25% para o item. Ou
seja, também em relação a esse aspecto há oportunidade de melhoria.

ELETRICISTA TÉCNICO

100% 98 100% 37

75% 78 75% 36

50% 38 50% 6

25% 5 25% 3

0% 0% 0

0 50 100 150 0 10 20 30 40

Figura 60 – Tabulação respostas dadas para a questão 27 por categorias de eletricistas e


técnicos
Fonte: Questionário aplicado

Questão 28 – Prontidão para emergências: A empresa possui planos de


emergência para situações de acidentes e seus trabalhadores estão prontos a
aplicá-los?

A figura 61 apresenta os resultados obtidos para a questão 28.


127

TOTAL

100% 84

75% 132

50% 61

25% 35

0% 7

0 50 100 150

Figura 61 – Tabulação respostas dadas para a questão 28


Fonte: Questionário aplicado

Sessenta e oito por cento do público-alvo optou pelas aderências de 100% ou


75% para este item e, como demonstrado na figura 62, as opiniões pouco
favoráveis de alguns eletricistas e técnicos (níveis operacionais) ganharam a
companhia das visões de alguns dos gerentes participantes da pesquisa. Sem
sombra de dúvida, há oportunidades de melhoria para esse aspecto.
128

ELETRICISTA TÉCNICO TÉCNICO LÍDER

100% 53 100% 22 100% 3

75% 38 75% 2
75% 88

50% 13 50% 0
50% 47

25% 7 25% 0
25% 27

0% 2 0% 0
0% 4

0 10 20 30 40 0 1 2 3 4
0 20 40 60 80 100

ENGENHEIRO ENGENHEIRO LÍDER GERENTE

100% 1 100% 1 100% 4

75% 3 75% 0 75% 1

50% 0 50% 0 50% 1

25% 0 25% 0 25% 1

0% 0 0% 0 0% 1

0 1 2 3 4 0 0,5 1 1,5 0 2 4 6

Figura 62 – Tabulação respostas dadas para a questão 28 por categoria de respondentes


Fonte: Questionário aplicado

Questão 29 – Exames médicos: São realizados exames médicos periódicos e


os resultados são discutidos com o trabalhador?

A figura 63 apresenta os resultados obtidos para a questão 29.


129

TOTAL

100% 170

75% 92

50% 37

25% 18

0% 2

0 50 100 150 200

Figura 63 – Tabulação respostas dadas para a questão 29


Fonte: Questionário aplicado

As aderências de 100% ou 75% foram apontadas por oitenta e dois por cento dos
respondentes. Alguns eletricistas e técnicos avaliaram os exames médicos com
menor favorabilidade, como pode ser verificado na figura 64. Dezoito por cento
deles indicaram aderências iguais ou inferiores a 50% para este item. Há
inúmeras propostas dos trabalhadores pesquisados relacionadas ao assunto no
item Sugestões de melhoria a seguir.

ELETRICISTA TÉCNICO

100% 111 100% 45

75% 61 75% 29

50% 29 50% 6

25% 16 25% 2

0% 2 0% 0

0 50 100 150 0 20 40 60

Figura 64 – Tabulação respostas dadas para a questão 29 por categorias de eletricistas e


técnicos
Fonte: Questionário aplicado
130

Questão 30 – Qualidade de vida: A empresa realiza ações de incentivo e


promoção da qualidade de vida dos trabalhadores?

A figura 65 apresenta os resultados obtidos para a questão 30.

TOTAL

100% 116

75% 135

50% 47

25% 17

0% 4

0 50 100 150

Figura 65 – Tabulação respostas dadas para a questão 30


Fonte: Questionário aplicado

Setenta e nove por cento dos pesquisados indicaram as aderências de 100% ou


75% em relação às ações de qualidade de vida desenvolvidas pela empresa.
Novamente os trabalhadores mais críticos encontram-se entre os de nível
operacional (eletricistas e técnicos) e, importante mencionar, alinhados com
alguns dos gerentes respondentes, como evidenciado na figura 66.
131

ELETRICISTA TÉCNICO TÉCNICO LÍDER

100% 79 100% 29 100% 2

75% 95 75% 33 75% 2

50% 32 50% 13 50% 1

25% 11 25% 5 25% 0

0% 2 0% 2 0% 0

0 50 100 0 10 20 30 40 0 1 2 3

ENGENHEIRO ENGENHEIRO LÍDER GERENTE

100% 1 100% 0 100% 5

75% 3 75% 1 75% 1

50% 0 50% 0 50% 1

25% 0 25% 0 25% 1

0% 0 0% 0 0% 0

0 1 2 3 4 0 0,5 1 1,5 0 2 4 6

Figura 66 – Tabulação respostas dadas para a questão 30 por categoria de respondentes


Fonte: Questionário aplicado

Sugestões de melhoria

A par da análise qualitativa dos 30 aspectos que, de forma geral, compõem o


SGSST da empresa, também foi solicitado ao público-alvo que opinasse sobre as
ações que deveriam ser tomadas para a melhoria do sistema. Com a finalidade de
organizar as propostas dos empregados respondentes, as ações foram divididas
em quatro grandes grupos:

Elevar: campo onde os participantes do estudo puderam inserir sugestões sobre


o que já tem sido feito e que deveria ser intensificado/elevado;

Criar: campo a ser inseridas propostas do que não tem sido feito e que deveria
ser implantado/criado;

Reduzir: com o objetivo de identificar o que tem sido feito e que deveria ser
reduzido;
132

Eliminar: espaço para que os participantes pudessem elencar o que tem sido
feito e que deveria ser eliminado, pois, em sua opinião, tais ações não têm trazido
benefício algum ao SGSST.

A riqueza das observações obtidas aponta para um muito adequado


conhecimento do SGSST adotado pela empresa e, mais importante, constitui-se
em rico material para a análise e implantação de uma boa parte delas visando à
melhoria contínua do sistema.

Com o objetivo de melhor organizar as sugestões dos participantes do estudo,


cada um dos grupos de propostas (Elevar, Criar, Reduzir, Eliminar) será dividido
em subgrupos.

Elevar

Nesse campo, foram evidenciadas opiniões/sugestões abordando aspectos como:

Relacionados às empresas contratadas – propostas de melhoria na gestão da


relação da empresa contratante com suas contratadas que, na opinião dos
trabalhadores, o que é evidenciado pelos resultados em termos da ocorrência de
acidentes, merece atenção mais detalhada e cuidadosa.

Relacionados à qualidade de ferramentas, equipamentos, veículos – onde se


evidenciou a preocupação dos trabalhadores em relação às condições de
qualidade de equipamentos, ferramentas e veículos utilizados diariamente por
eles no desenvolvimento de suas atividades.

Relacionados à estruturação organizacional – a composição e funcionamento


da estrutura de segurança e saúde da empresa, assim como dos sistemas
concebidos para suportar a gestão de SST foram objeto de considerações neste
campo.
133

Relacionados à saúde e qualidade de vida – propostas de alteração e, em


alguns casos, intensificação com os cuidados e programas focando a saúde dos
trabalhadores foram os pontos abordados nesse item.

Relacionados ao treinamento – a ampliação da carga horária direcionada aos


treinamentos, a intensificação de treinamentos voltados ao atendimento a
situações de emergência e a abordagem de alguns temas relacionados ao dia-a-
dia dos trabalhadores foram os principais aspectos aqui levantados.

Relacionados à segurança com a população – sugestões sobre ações voltadas


à prevenção de acidentes com a população para a diminuição dos acidentes
registrados foram elencadas nesse tópico. A necessidade é corroborada pelo
grande número de acidentes envolvendo a população e as redes elétricas da
empresa concessionária.

Relacionados ao reconhecimento e participação dos trabalhadores no


SGSST – neste item, basicamente, foi solicitada maior participação dos
trabalhadores em processos que impactam sobre o seu trabalho, como a escolha
de EPI52, assim como maior reconhecimento do trabalho dos mesmos em prol da
prevenção de acidentes.

Relacionados à manutenção dos ativos (instalações elétricas) – importante


aspecto para a prevenção não somente de acidentes com os seus trabalhadores
próprios e terceirizados, como também com a população em geral, a
intensificação da manutenção das instalações da empresa foi objeto de sugestão
neste item.

Relacionados à qualidade dos EPI – embora com uma metodologia de


participação dos trabalhadores, houve a indicação da necessidade de se
intensificar este processo.

52
EPI – Equipamento de Proteção Individual.
134

Outros aspectos ainda não mencionados – finalmente, foram mencionados


aspectos mais genéricos que não permitem sua inserção em um subgrupo, nem
por isso menos relevantes e que foram discriminados nesse campo.

O presente trabalho não tem o objetivo de abordar em detalhes as sugestões e


propostas feitas pelos trabalhadores. Não obstante, com o objetivo de registrar
sua riqueza e pertinência, assim como para permitir análise futura de sua
possibilidade de contribuição para a melhoria do SGSST adotado pela empresa,
discrimina-se na tabela 8 as sugestões recebidas.

TABELA 8 – Propostas recebidas dos trabalhadores participantes da pesquisa


concernentes ao que deve ser intensificado (ELEVAR) no SGSST adotado pela empresa
Aspectos Mais acompanhamento dos serviços de campo das empreiteiras;
relacionados às
empresas O nível de conscientização e acompanhamentos com relação às contratadas;
contratadas
Melhorar os acompanhamentos das contratadas;

Segurança com contratadas e população;

Inspeções nas empreiteiras;

Fiscalização nas contratadas;

Relacionamento com empreiteiras;

Reuniões entre contratadas e a empresa contratante;

Acompanhar serviços de contratadas, pois encontramos cada absurdo;

Aumentar muito as inspeções nas contratadas;

Grau de conscientização dos colaboradores quanto à segurança,


principalmente as contratadas;

Segurança com as contratadas, ter maior participação, adequação e


cobranças;
135

Condições de vestimentas e ferramental das contratadas;

Elevar o número de inspeções nas contratadas;

Exigir treinamentos nas empresas contratadas, melhores inspeções;

Segurança com contratadas;

Segurança com empresas contratadas;

Fiscalização de Empreiteiras (nível de comando);

Aumentar a fiscalização das empresas contratadas (nível de comando);

Segurança com empresas contratadas (nível de comando).

Aspectos Melhorar a qualidade de veículos de trabalho para atender em qualquer local –


relacionados à rural e urbano – pois os existentes são adequados somente para zonas
qualidade de urbanas (pneus inadequados, escadas inadequadas);
ferramentas,
equipamentos e Ferramentas e veículos adequados;
veículos
Existem no mercado ferramentas mais completas facilitando o dia-a-dia dos
colaboradores;

O grau de preocupação com ergonomia e ferramental;

Melhorar as manutenções nos veículos pelos terceiros;

Melhorar a qualidade da manutenção dos veículos;

A qualidade das oficinas de manutenção dos veículos;

Compra de ferramenta;

Ferramentas e veículos adequados;

Melhorar as acomodações de ferramentas nos veículos de segurança com as


empresas contratadas;
136

Acomodações de ferramentas dos veículos da companhia;

Maior rigor na manutenção de veículos;

Equipamentos hidráulicos adequados e compatíveis com as elevações de


carga existentes na empresa;

Compra de veículos mais aptos a serviços nas linhas vivas em condições de


chuva;

Melhores condições na área rural, com melhores equipamentos, veículos,


binóculos, rádios;

O investimento em equipamentos e ferramentas adequados para o dia a dia


de trabalho;

Melhorar a qualidade dos veículos (nível de comando);

Ferramentas e veículos adequados (nível de comando);

Melhorar veículos utilizados, em plano de substituição idade versus


quilometragem (nível de comando).

Aspectos Aproximação maior do SESMT corporativo dos descentralizados;


relacionados à
estruturação Difundir os conceitos das planilhas de controle: controle de perdas, análise de
organizacional riscos, etc.;

Peso da segurança na avaliação pessoal dos colaboradores;

O nº de locais visitados pelas auditorias (principalmente EA’s53 2 e EA’s 3);

Aumentar o número de inspeções em campo do técnico de segurança;

Elevar a inspeção da rede urbana e rural, pois hoje praticamente é corretiva;

Melhorar condições de trabalho dos profissionais de segurança do trabalho


com maior apoio da área corporativa;

Sistema de controle de perdas e gestão e riscos ocupacionais;


137

Entrosamento do PRS com demais departamentos na busca de um


entendimento maior por parte dos líderes no que tange assuntos de segurança
dos trabalhadores;

Implementar mais rápido os EPI’s aprovados pelos trabalhadores como ex: a


capa de chuva;

Melhorar o canal de informação sobre os riscos de acidentes em nossas


redes: elétricas da CIA para a população;

Melhorar o canal de informações sobre os resultados das auditorias externas e


seus resultados e suas providencias a serem tomadas;

Comprimento da NR 10;
Sistema de avaliação da pessoa envolvida na segurança do trabalho
(técnicos);

Concluir e implantar normas de segurança no sistema de transmissão;

Aumenta a participação dos engenheiros de segurança junto às equipes em


trabalhos no campo;

Cumprimento das exigências legais;

Ações preventivas contra acidentes;

Incentivo dos líderes com gestão de segurança;

Acompanhamento das equipes para técnico de segurança;

Inspeções de assaltos;

Convidar um número maior de eletricistas em reunião de CIPA;

Acompanhamento do técnico de segurança, técnico líder e engenheiro com


mais freqüência;

O número de inspeções de segurança durante as tarefas executadas na rede


elétrica por empreiteiras e contratadas;
138

Divulgar de forma adequada a todos os profissionais da área quando houver


alguma mudança no padrão ou norma;

Seguir à risca as normas da NR-10 (nível de comando);

Comportamento preventivo dos trabalhadores (nível de comando);

Contato entre engenheiros e médicos deveria ser maior com as equipes do


interior/ campo (nível de comando);

Visitas das áreas corporativas às regionais (nível de comando).


Aspectos Voltar os periódicos LV, como exemplo esteira, cardiologia;
relacionados à
saúde e A qualidade dos exames médicos face à superficialidade dos exames que não
qualidade de revelam a real situação do empregado;
vida
Nos exames periódicos para os eletricistas de LV, acrescentar os exames de
eletro como antes;

Ginástica laboral escritórios;

Elevar qualidade dos protetores solares, ou seja, para grau de proteção real
de 30 – Fator de Proteção Solar. Os protetores anteriores eram melhores;

Exames médicos obrigatórios: cardiologia, dermatologia;

Exame médico mais completo;

Medicina no trabalho mais abrangente;

Efetivamente elevar o grau da qualidade de vida, com programas mais


adequados e horários mais flexíveis para participação, por exemplo, na
academia;

Fazer exames médicos mais completos;

Quantidade de exames periódicos e aumentar programa de qualidade de vida;

Fazer contato com funcionários afastados por motivo de doença;


139

Exames médicos mais completos;

A quantidade de exames médicos;

Qualidade dos exames médicos periódicos, voltando a ser realizados exames


como vista, coração, que eram realizados antes da privatização;

Os programas de qualidade de vida, com ginástica laboral, convênios com


hotéis e pousadas, convênios com clubes;

Número de exames médicos (ex: Cardiológico, eletroencefalograma);

Inclusão de tipos dos exames médicos;

Integridade do trabalhador;

Qualidade de vida – reduzir a cobrança do horário de saída, aceitar que


colaboradores tenham compromissos pós-horário de trabalho (nível de
comando).
Aspectos Palestras sobre medicina e segurança do trabalho;
relacionados ao
treinamento O nível de treinamento com relação ás situações emergenciais;

Manter as reuniões de segurança como forma de divulgação de normas e


diretrizes;

Mais treinamento;

Treinamento sobre conduta no trânsito. Ex: Reciclagem direção defensiva;

Aperfeiçoar cursos e treinamentos para linha de frente;

Treinamento de tarefas padronizadas (padrão);

Treinamentos em equipamentos e subestações;

Melhorar o treinamento do pessoal a novos equipamentos e ferramentas de


trabalho;

Treinamentos sobre segurança, “Elevar nunca é demais”;


140

Elaborar carga horária dos treinamentos;

Comportamento preventivo dos trabalhadores, desenvolver campanhas mais


eficazes, assim como, acompanhar e até punir determinados casos;

Comportamento preventivo dos trabalhadores;

Treinamentos mais eficazes e antes da entrada dos equipamentos novos em


funcionamento;

Reciclagens em cursos relativos à segurança (primeiros socorros);

A conscientização dos colaboradores por ajuda comportamental;

Elevar o nível de conscientização dos colaboradores quanto à segurança no


trabalho;

Treinamentos de manutenção em S/Es54;

Treinamento para prontidão de emergências;

Orientação sobre segurança;

Treinamento quanto à aquisição de equipamentos novos;

Treinamentos, capacitação, reciclagem para tarefas de risco;

Melhor treinamento nas implantações de novas tecnologias;

Treinamentos de novos equipamentos. (instalações).


Aspectos Programas para conscientizar a população para o perigo de as crianças
relacionados à soltarem pipas próximas à rede elétrica. Ex: escolas, comunidades;
segurança com a
população Ampliar informação à população, principalmente de baixa renda (nível de
comando);

Segurança com a população (nível de comando).


141

Aspectos Maior participação dos trabalhadores na escolha de ferramentas, veículos e


relacionados ao materiais;
reconhecimento
e participação Consultar mais os eletricistas nas compras dos EPI’s, principalmente luvas de
dos proteção de borracha (classe 2);
trabalhadores no
SGSST A participação dos eletricistas na definição de novas ferramentas e/ou
materiais;

Ações administrativas com colaboradores negligentes, imperitos, de tal modo


a incomodar a todos, assim os colaboradores notariam uma ação mais forte,
sobre esse assunto tão importante para a vida dos colaboradores;

Quando na mudança de equipamento de trabalho, pesquisar com os


profissionais que trabalham diretamente com o equipamento, antes de
implantar o novo equipamento;

A participação dos eletricistas nas escolhas dos EPI e EPD;

A participação dos usuários na definição dos veículos;

Incentivo dos colaboradores;

Maior participação na escolha de EPI;

Reconhecimento do colaborador;

Teste de novos equipamentos de segurança em nossa área;

O envolvimento das CIPA no dia-a-dia do trabalhador. Atualmente as CIPA


estão um pouco distantes.
Aspectos Manutenção em redes rurais e preventivas urbanas;
relacionados à
manutenção dos Manutenção e inspeção de redes;
ativos
(instalações Manutenção preventiva nas redes de distribuição;
elétricas)
Manutenção preventiva nas CDR’s e CDV’s;

Manutenção na RDU, postes podres oferecendo perigos;


142

Melhorar a qualidade das redes elétricas bem como das ativas, ou seja,
manutenção preventiva;

Qualidade das instalações;

Manutenção em nossas redes.


Aspectos Melhorar nível de equipamento de segurança, como a proteção da luva de
relacionados à borracha;
qualidade dos
EPI Melhorar qualidade de proteção das luvas de borracha;

Qualidade de EPI’s e EPC’s;

Modificar EPI, tais como luvas não adequadas para o procedimento;

A visibilidade dos óculos de segurança evitando o embaçamento.


Outros aspectos DSS – Diálogo Semanal de Segurança para DDS – Diálogo Diário de
ainda não Segurança;
mencionados
Salário (três citações);

O número de recrutamento interno para acesso aos cargos técnicos por parte
dos eletricistas habilitados;

Instalações adequadas a quantidade de pessoas da localidade e de acordo


com as necessidades de cada região.

Criar

Como anteriormente mencionado, nesse campo o objetivo foi o de que os


participantes da pesquisa evidenciassem aspectos que ainda não são abordados
e que deveriam ser implementados para a melhoria do SGSST. As
opiniões/sugestões foram direcionadas aos mesmos subgrupos criados a partir
das propostas do que deveria ser intensificado, a saber: relacionados às
empresas contratadas; relacionados à qualidade de ferramentas, equipamentos,
veículos; relacionados à estruturação organizacional; relacionados à saúde e
143

qualidade de vida; relacionados ao treinamento; relacionados à segurança com a


população; relacionados ao reconhecimento e participação dos trabalhadores no
SGSST; relacionados à qualidade dos EPI; relacionados a outros aspectos ainda
não mencionados.

Essa é uma situação que, sem dúvida, deve ser objeto de muita atenção por parte
da empresa em estudo na medida em que a sugestão da criação de vários pontos
importantes, e que serão explicitados na tabela 9, indicam ou que os
trabalhadores não estão percebendo/evidenciando as ações já existentes ou que
elas realmente ainda não foram implementadas.

Portanto, é necessário examinar com atenção as propostas dos trabalhadores a


fim de estudar sua viabilidade e, caso positivo, implementá-las com celeridade.
Isso poderá contribuir muito com a melhoria contínua do sistema de gestão
adotado pela empresa.

TABELA 9 – Propostas recebidas dos trabalhadores participantes da pesquisa


concernentes ao que deve ser criado (CRIAR) no SGSST adotado pela empresa
Aspectos Mecanismo para acompanhar pontualmente o trabalho das empreiteiras;
relacionados às
empresas Como indicado pelos gráficos, atuar nas empresas contratadas quanto á
contratadas segurança;

Metodologia para treinamento nas empresas contratadas como para


funcionários próprios;

Métodos de controle de riscos com empresas contratadas;

Mais treinamento de segurança nas contratadas, inclusive com fornecimento


dos materiais para curso;

O responsável da empreiteira deve ser avisado sobre a linha desligada e


assumir a responsabilidade total sobre seus homens, inclusive assinando a
Ordem de Serviço.
144

Aspectos Método eficaz sobre trabalho em vegetação. Ex: Poda de árvores;


relacionados à
estruturação Grupo de estudos com colaboradores para equipes de LV (equipamento
organizacional passo-padrão);

Auditorias e inspeções internas sem datas definidas, sem aviso;

Líder de equipe;

Voltar a ter líder de equipe;

Contratação de funcionários na área de eletricista – rede;

Liderança de equipes,, principalmente equipes de LV;

Liderança de equipes reduzidas. Ex: LM, LV;

Mais técnicos de segurança por região. Não deixar um técnico cobrindo 2


regiões;

Sistema de controle das inspeções obrigatórias por parte dos líderes (tipo
follow-up) para controlar ações tomadas para solução das não-conformidades
encontradas;

Reuniões sistematizadas entre os profissionais de segurança do trabalho para


troca de experiência e discussão de assuntos pertinentes;

Definição da nova estrutura organizacional para redução de ansiedade;

Videoconferência na área de segurança com todo o grupo de profissionais de


segurança do trabalho ao menos uma vez por semana;

Identificar os elementos (pessoas) mais propícios para acidentes e trabalhar


neles de forma “individual”, principalmente na parte de conscientização, onde
as palestras já não estão surtindo os efeitos desejados;

Maior envolvimento nas questões de segurança envolvendo RH;

Método de avaliação com critério para interrupção de condições inseguras;


145

Mecanismos de trabalho unindo o NR10 e a produtividade em campo;

Fóruns de debates focados na elevação da produtividade, qualidade e


comprometimento para com a empresa;
Uma política de rodízio de trabalho na qual os empregados se inscrevessem
em programas para mudar de área quando passassem muitos anos com uma
mesma função;

Rotatividade funcional, ou seja, de função e/ou atividade para que não fique
repetitivo;

Criar passo-padrão para as atividades do setor de manutenção de subestação


(nível de comando);

Criar plano de evacuação de emergência para todos os prédios (nível de


comando);

Sistema estatístico e de acompanhamento/ gestão do controle de perdas


(nível de comando).
Aspectos Reembolsar 100% do valor do programa vigilantes o peso se atingida a meta;
relacionados à
saúde e Fazer exames cardiológicos e neurológicos no periódico;
qualidade de
vida Fornecer café da manhã – frutas ao trabalhador;

Torneios esportivos de outras modalidades: voleibol, basquete (com equipes


mistas);

Exame médico, ergométrico, eletrocardiograma – periodicamente;

Exames cardiológicos;

Um local para o descanso dos trabalhadores em sua hora de almoço;

Um novo modelo de exame médico periódico;

Exames mais específicos para os cargos;

Como existe o programa (vigilantes do peso), deveria existir um programa


para deixar de fumar;
146

Se houver reforma do prédio, se possível uma academia dentro da empresa;

Melhorar os exames médicos;

Colônia de férias para trabalhadores;

Convênios com clubes, especialistas, pousadas que promovam qualidade de


vida extensiva aos familiares;

Planos efetivos de qualidade de vida – fazer o que prega (nível de comando).


Aspectos Novos cursos sobre os equipamentos instalados constantemente em nossa
relacionados ao rede;
treinamento
Mais tempo de treinamentos abrindo vagas para todos poderem estar
autorizados a operar todos os equipamentos existentes na empresa;

Formação dos eletricistas: deve ser feita com a real situação de nossas redes,
ou seja, na rua;

Mais habilidade no trabalho desenvolvido, mais segurança;

Nas áreas pessoais para identificar e organizar veículos, trazendo assim


qualidades para desenvolver mais trabalhos;

Criar sistema de treinamento de equipamentos novos nas redes elétricas.


(instalados nas redes);

Treinamento prático de segurança no trânsito com aulas ao volante;

Treinamento, adequação e inclusão de algumas tarefas ao passo padrão;

Treinamento para situações de emergência;

Metodologia de treinamento para novos equipamentos, redes e etc.;

Plano de situação de emergência. Exemplo: condutor ao solo, brigada de


incêndio.
147

Aspectos Segurança com a população;


relacionados à
segurança com a Um órgão interno permanente que discuta, em conjunto com as empresas que
população se valem dos postes da empresa, para prestarem seus serviços, aspectos
relativos à sua segurança (principalmente as de telefonia);

Palestras e orientações para o público;

Mecanismos para alertar a população sobre pipas, furtos, etc. (obs.: via
televisão);

Segurança com a população da nossa área com muros em áreas de risco;

Conscientização com crianças de bairros de periferia.


Aspectos Prêmio anual para colaboradores que foram referência em segurança;
relacionados ao Incentivos;
reconhecimento
e participação Participação dos trabalhadores nas definições de EPI, EPC e ferramentas;
dos
trabalhadores no Um método em que os colaboradores possam analisar os EPI na prática para
SGSST poder opinar sobre os mesmos e a sua aplicabilidade em campos;

Comissão para análise de EPI com representação dos eletricistas e técnicos;

Incentivo aos trabalhadores que se qualificam. Ex: Fazem curso de


engenharia, pessoas que não estão tendo nenhuma oportunidade na empresa;

Participação dos trabalhadores nas definições, envolver trabalhadores e


líderes para definições para evitar gastos e definições que possam não ser
adequadas às atividades;

A empresa deveria, para qualquer tipo de atualização, modificação ou criação


de EPI e EPC, coletar o maior número de opiniões dos colaboradores possível
e não somente alguns, pois, em minha opinião, isso não ocorre em minha área
e EA;

Um canal para que o colaborador possa participar e opinar na compra destes


equipamentos.
148

Aspectos Criar uniformes para a utilização em atividades que não envolvem riscos
relacionados à elétricos. Ex: manutenção com óleo de equipamentos, serviços de
qualidade dos seccionamento de cercas divisórias de pastos;
EPI
Uniforme descente para trabalhar;

Bota cano longo para eletricista de distribuição;

Novamente o bolso na camisa ou na calça no bolso lateral para colocar a


caneta;

Estudar a existência de outros tipos de tecidos FR que sejam menos quentes;

Uniformes diferenciados para trabalhadores diferenciados, como pintura,


trabalho com óleo, soldas;

Inspeção regular de EPI / EPC.


Outros aspectos Plano de revisão para os veículos das prefeituras;
ainda não
mencionados Ferramentas para melhor comunicação com os clientes.

Reduzir

Nesse campo, o objetivo foi o de que os trabalhadores participantes da pesquisa


elencassem os aspectos a serem reduzidos, ou porque já cumpriram seus
objetivos ou devido ao fato de não estarem resultando em ganhos concretos. A
visão aqui é a de uma análise de custo-benefício, onde os esforços para a
manutenção das ações/projetos não estão sendo positivos frente aos resultados
obtidos.

Nesse campo, as opiniões/sugestões se direcionaram exclusivamente aos


subgrupos de aspectos relacionados à estruturação organizacional e aqueles
relacionados à qualidade dos EPI. A tabela 10 apresenta as sugestões recebidas
direcionadas a esses dois subgrupos.
149

TABELA 10 – Propostas recebidas dos trabalhadores participantes da pesquisa


concernentes ao que deve ser reduzido (REDUZIR) no SGSST adotado pela empresa
Aspectos e-mails e publicidade impressa;
relacionados à
estruturação Comunicação controle de perdas,via notes, ou seja, que as comunicações
organizacional sejam direcionadas às áreas afins. Ex: Como colaborador da transmissão,
creio ser suficiente receber as comunicações apenas das transmissões. Dos
demais casos temos conhecimento nas CIPAs e na reunião de metas da
regional;

“Panelinhas” e competição interna;

APR – Análise Prevencionista de Risco;

Número de riscos criados pelo departamento de engenharia;

Quantidade de corte realizado por dia;

Abertura de garra viva para execução de manutenção em cabines de clientes;

Tempo para avaliação e qualificação de materiais e fornecedores. Exemplo:


cones;

Autoconfiança excessiva;

Normativas e orientações;

Indicação de defeitos originados por falta de equipamentos;

O volume de documentos a serem preenchidos em ligações, pois o


colaborador “foca” no preenchimento de papel e deixa de observar várias
ações ao seu redor;

Tempo do técnico de segurança atrás da mesa;

Viagens longas com indivíduos solitários em veículos pouco confortáveis na


sua maioria;

Utilização da faixa de sinalização; ter bom senso de usar nos serviços ou


áreas que realmente necessitam;
150

Serviços sobre escada;

Utilizar calço para veículos apenas em lugares em que precisar;

Algumas burocracias que dificultam o trabalho dos eletricistas. Ex; quantidade


de planilhas que têm que ser preenchidas antes e depois de cada tarefa;

Fazer APR somente em casos atípicos. Ex.: trocar lâmpada: são 10 no dia e
quase sempre no mesmo formato, sendo feito somente em caso específico.
Aspectos Peso dos cones;
relacionados à
qualidade dos Falhas de EPIs (nível de comando);
EPI
Prazo de atendimento de uniformes. Sempre falta no interior (nível de
comando).

Eliminar

Finalmente aqui são discriminadas as propostas de pontos que, segundo os


trabalhadores, devem ser eliminados ou descontinuados. A premissa básica é a
de que eles não estão contribuindo com o SGSST adotado pela empresa,
constituindo-se, portanto, em trabalho inútil que em nada agrega para a melhoria
contínua do sistema.

As sugestões de eliminação se concentraram nos seguintes subgrupos


estabelecidos: Aspectos relacionados às empresas contratadas; Aspectos
relacionados à qualidade de ferramentas, equipamentos, veículos; Aspectos
relacionados à estruturação organizacional; Aspectos relacionados à manutenção
dos ativos (instalações elétricas) e Aspectos relacionados à qualidade dos EPI.

Com o mesmo objetivo de registrar as propostas para análise detalhada em


estudos futuros, a tabela 11 aponta todas as sugestões de eliminação recebidas.
151

TABELA 11 – Propostas recebidas dos trabalhadores participantes da pesquisa


concernentes ao que deve ser eliminado (ELIMINAR) no SGSST adotado pela empresa
Aspectos relacionados às Terceirização e sistema atual de avaliação.
empresas contratadas

Aspectos relacionados à Escada: por causa do peso, acima do que o colaborador é capaz,
qualidade de ferramentas, causando danos à saúde;
equipamentos e veículos
Veículos ultrapassados para atividades.

Aspectos relacionados à Escala: pois o colaborador deixa de sua vida fora da empresa;
estruturação organizacional
Acidentes;

Abrir chaves facas com “loadbuster”, em manobras, pois são


chaves sem manutenção e com alto risco;

Burocracia;

Centralização dos engenheiros de segurança em Campinas.


(deveriam estar nas regionais);

Políticas em que somente os funcionários são responsáveis pelos


eventos;

Analisar e planejar melhor as atividades – descontentamentos;


Serviços sob chuva;

Quando em um desligamento programado, os eletricistas da


empresa assumem a responsabilidade de entregar a linha para a
empreiteira, assinando a AES – Autorização para Execução de
Serviço;

Punição por falta de uso de algum EPI ou EPC e também por ter
sofrido algum acidente;

Técnico do PMO trabalhando individualmente;

Atraso em entrega de EPI/EPC (nível de comando);


152

Trabalho individual. (nível de comando).


Aspectos relacionados à Eliminar redes de cobre que oferecem maior risco ao trabalhador.
manutenção dos ativos
(instalações elétricas)

Aspectos relacionados à Uniforme quente;


qualidade dos EPI
Mangas compridas do novo uniforme.

4.6. Análise dos resultados

Comparando as repostas aos questionários com o estágio atual de


desenvolvimento do SGSST, adotado pela empresa em estudo, pode-se concluir
que há um excelente nível de conhecimento do sistema, tanto entre os níveis de
comando quanto junto aos trabalhadores de nível operacional.

Mais do que conhecer, as respostas evidenciam visão crítica muito salutar e que
se manifesta em vários itens associados SGSST em que a população-alvo da
pesquisa identifica falhas e oportunidades de agregar qualidade ao sistema.

Considerando que o objetivo principal do presente trabalho foi o de criar uma


sistemática de avaliação de Sistemas de Gestão em Segurança e Saúde do
Trabalho, assim como verificar se a participação dos trabalhadores pode
contribuir com a eficácia de um SGSST através da identificação de possibilidades
de melhoria na ótica dos trabalhadores, a estratégia de aplicação do questionário
foi a de dirigi-lo prioritariamente para eles.

Apenas uma pequena parcela dos respondentes ocupa níveis de gestão dentro
da organização estudada. Assim, a comparação das respostas desses dois
grupos, operacional e de gestão, embora tenha sido realizada, fica um pouco
prejudicada.

Por outro lado, percentualmente, o número de participantes de nível de comando


comparado às outras parcelas de trabalhadores que responderam ao questionário
153

permite comparação entre os públicos-alvos. Treze vírgula dois por cento (13,2%)
de trabalhadores de nível de comando responderam ao questionário, enquanto
treze por cento (13%) de técnicos e dezessete vírgula três por cento (17,3%) de
eletricistas participaram. Assim, a seguir serão comparados alguns resultados.

A maior parte das trinta questões sobre o SGSST que fazem parte do
questionário foi respondida sem diferenças relevantes entre os trabalhadores de
nível operacional e os de nível de comando. O resultado aponta para uma visão
homogênea de vários aspectos relacionados ao sistema, assim como para a
maturidade dos trabalhadores operacionais que têm clara visão das qualidades e
deficiências do SGSST.

Dois aspectos avaliados destacaram-se pela maior quantidade de respostas


pouco favoráveis (0%, 25% ou 50%). São eles:

Segurança com empresas contratadas;

Segurança com a população.

De fato, os resultados de acidentes com trabalhadores das empresas contratadas


pela empresa objeto do estudo estão alinhados com os dados do setor elétrico
como um todo que apontam para um grande número de acidentes com esses
trabalhadores.

Como indicado na tabela 12, a maior parte dos acidentes fatais entre
trabalhadores no setor elétrico ocorre com aqueles das empresas contratadas
pelas concessionárias de energia elétrica e não com seus empregados diretos.
154

TABELA 12 – Acidentes do Trabalho Fatais e Percentuais Relativos (trabalhadores próprios


e de empresas contratadas) – Setor Elétrico Brasileiro
Ano
Indicador
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Acidentes com trabalhadores
26 15 17 23 14 9 18 19 13
próprios - conseqüência fatal
(35%) (23%) (20%) (29%) (17%) (15%) (24%) (20%) (18%)
e respectivo percentual
Acidentes com trabalhadores
de empresas contratadas - 49 49 60 55 66 52 57 74 59
conseqüência fatal e (65%) (77%) (80%) (71%) (83%) (85%) (76%) (80%) (82%)
respectivo percentual
Fonte: Elaborada pelo autor a partir da estatística 2007 organizada Fundação COGE com base nas informações de 74
empresas do Setor Elétrico Brasileiro

Portanto, a avaliação negativa em relação à segurança com os trabalhadores das


empresas contratadas pela empresa onde o estudo de caso foi desenvolvido é
correta e demonstra percepção exata do problema por parte dos trabalhadores,
operacionais e de nível de comando.

O mesmo ocorreu em relação ao item que avaliava a opinião dos trabalhadores


sobre a segurança com a população. Os setores de distribuição e de transmissão
de energia elétrica dispõem suas instalações nos logradouros públicos em geral
e, embora construídas seguindo normas nacionais de segurança que determinam,
por exemplo, alturas mínimas de cabos elétricos para evitar o contato acidental,
em algumas situações, tais instalações podem representar risco à população e
suas atividades. Sobretudo quando são desrespeitadas normas básicas de
segurança.

Infelizmente e apesar das campanhas sistematicamente realizadas pelas


empresas, tanto individualmente como através de suas entidades representativas,
o número de acidentes com a população envolvendo instalações elétricas do SEP
– Sistema Elétrico de Potência é muito alto.

Anualmente, centenas de pessoas perdem a vida devido a acidentes com as


redes elétricas de transmissão e distribuição, tendo como origem as mais distintas
causas:

Tentativa de roubo de cabos elétricos;


155

Tentativa de recuperação de pipas / papagaios que se enroscam nas redes


elétricas;

Toques acidentais de materiais metálicos utilizados na construção civil;

Toques acidentais de antenas de televisão no momento de sua instalação;

Toques acidentais de veículos nas redes elétricas (caçambas de caminhões,


equipamentos agrícolas, tratores);

Tentativa de rearmar redes elétricas, sobretudo em áreas rurais, sem os


equipamentos, conhecimento e tecnologia adequados, etc.

Mais uma vez fica evidenciada a correta visão do público-alvo objeto da pesquisa
em relação a esse item e também aqui houve convergência de opiniões entre os
trabalhadores de nível operacional e de comando.

Outro aspecto desafiador em que se registraram várias opiniões negativas por


todo o público-alvo da pesquisa foi o item que tratou da percepção das ações de
qualidade de vida desenvolvidas pela empresa e que fazem parte do SGSST.

Em relação a esse aspecto, há um grande desafio, pois se trata de iniciativa onde


não há limites para se avançar. Por mais que se invista na qualidade de vida dos
trabalhadores, sempre há muito mais a fazer. Ou seja, realmente é um desafio
constante em que a favorabilidade unânime quase certamente não será atingida
em tempo algum.

Corrobora com essa avaliação negativa, o fato de a empresa objeto do estudo de


caso atuar em mais de duas centenas de municípios o que, em si, dificulta a
adoção de práticas homogêneas de promoção da qualidade de vida. Há
municípios onde o efetivo de trabalhadores é muito pequeno, inviabilizando as
mesmas práticas adotadas em instalações com maior número de empregados.
156

Outros dez itens avaliados apresentaram divergências importantes entre os


respondentes. São eles:

Ferramentas e veículos adequados;

Participação dos trabalhadores na definição de EPI, EPC e ferramentas;

Possibilidade de interrupção do trabalho sob risco;

Auditorias internas;

Auditorias externas;

Investigação e análise de acidentes e incidentes;

Gestão de mudanças de pessoas;

Integridade e qualidade das instalações;

Gestão de mudanças nas instalações;

Exames médicos.

Embora os níveis de comando tenham avaliado melhor todos os dez itens


elencados, os trabalhadores operacionais demonstraram restrições a eles, o que
tem importância fundamental para a melhoria do SGSST, pois são esses últimos
que mais diretamente estão ligados à maioria dessas questões.

Alinhadas à visão pouco favorável dos trabalhadores operacionais, várias


sugestões de melhoria envolvendo os aspectos ora tratados foram listadas no
item Sugestões de melhoria. Dessa forma, novamente é comprovada a exata
visão dos mesmos a propósito das falhas apresentadas pelo SGSST, assim como
sobre as medidas que podem ser tomadas para eliminá-las.
157

Ainda há que se mencionar que o sucesso de ações desenvolvidas pela empresa


com a participação direta dos seus trabalhadores, tais como o desenvolvimento
de EPC – Equipamentos de Proteção Coletiva e EPI – Equipamentos de Proteção
Individual, a adoção da APR – Análise Prevencionista de Riscos, a identificação e
análise de riscos, dentre outras, atesta que a opção pelo desenvolvimento de seu
SGSST compartilhado com os trabalhadores foi uma decisão acertada.

4.7. Recomendações a partir do estudo de caso

Como mencionado anteriormente, sistemas de gestão de segurança e saúde do


trabalho são implantados com o objetivo de auxiliar as organizações a gerenciar
os riscos relacionados às suas atividades com possibilidade de provocar
acidentes e/ou doenças em seus trabalhadores.

Ao se verificar a relevante queda das TF – Taxas de Freqüência de acidentes


apresentada pela empresa onde o estudo de caso foi desenvolvido a partir da
implementação de um SGSST em 2001, pode-se concluir que houve destacada
contribuição do sistema para o controle dos agentes causadores de acidentes e
doenças. Considerando como ponto de partida o ano de 2000, quando foi
registrada TF = 6,89 e o resultado obtido em 2007 de TF = 1,50, atinge-se uma
redução muito relevante de 78%.

Por outro lado, os anos de 2006 (TF = 1,54) e 2007 (TF = 1,50) indicam o início
de perigosa estagnação do número de acidentes que dá origem a TF.

Assim, parecem imprescindíveis novas ações para a manutenção do


comportamento de queda dos acidentes e, conseqüentemente, das TF
registradas pela empresa.

Nesse sentido, a adoção pela empresa de várias das propostas dos trabalhadores
e que estão organizadas no item Sugestões de melhoria parece ser o mais
adequado caminho a ser seguido a fim de proporcionar um novo ciclo de melhoria
contínua do SGSST capaz de provocar a diminuição dos acidentes até um novo
patamar ainda mais baixo.
158

4.8. Considerações finais

A partir do final dos anos 90, inúmeras empresas brasileiras adotaram sistemas
de gestão voltados à segurança e saúde de seus trabalhadores, seguindo uma
tendência de diversos outros países preocupados com a ocorrência de acidentes
do trabalho e que verificavam a necessidade de utilizar ferramentas associadas à
melhoria contínua para a gestão da prevenção desses acidentes.

Paralelamente à eficácia que os SGSST podem agregar às organizações, a


adoção de um sistema de gestão lastreado em norma internacional com
possibilidade de certificação de terceira parte também interessa para que fique
demonstrada a sua preocupação com esse importante aspecto junto a seus
“stakeholders” (partes interessadas ou públicos relacionados à organização).

Corre-se, dessa forma, o risco de que os SGSST sejam implementados somente


como instrumento de convencimento das partes interessadas de que as empresas
estão realmente preocupadas com a prevenção de acidentes e promoção da
saúde de seus trabalhadores, o que pode gerar sistemas que não tragam ganho
na prática.

O instrumento de pesquisa aplicado à empresa onde o estudo de caso foi


realizado evidenciou expressivo nível de conhecimento de seus trabalhadores
relativo ao SGSST por ela implantado e os resultados por ela apresentados
apontam melhora significativa de seus indicadores de acidentes.

Também as sugestões de melhoria do sistema, colhidas durante a pesquisa,


indicam visão crítica muito consistente dos trabalhadores sobre o sistema
implantado.

Ou seja, obter resultados com a adoção de SGSST depende de ações que de


forma alguma prescindem de uma análise muito criteriosa do que, de fato, está
acontecendo, das ações que ainda estão surtindo efeitos positivos e do que
precisa ser implementado para que se possa atingir os novos patamares
desejados.
159

Nesse sentido, a experiência dos trabalhadores e de seu conhecimento das


condições reais de realização dos processos nos quais atuam não podem ser
deixados de lado no momento de compor um SGSST. Esta é, aliás, uma
recomendação básica dos próprios sistemas de gestão atualmente adotados para
que seja atingida uma nova, mais segura e mais saudável condição de trabalho
nas diversas atividades desenvolvidas nas organizações modernas.

Por tudo isso, a utilização de um instrumento capaz de diagnosticar os avanços e


oportunidades de melhoria de um SGSST a partir da visão dos próprios
trabalhadores responsáveis por sua condução coloca-se como primordial.

O instrumento proposto, matriz de avaliação e sugestões, aplicado entre os


trabalhadores da empresa objeto do estudo, cumpriu as importantes etapas de
diagnosticar o estágio do SGSST na empresa com base em trinta aspectos
relevantes para a segurança e saúde dos trabalhadores, além de levantar
propostas de correção e melhoria por eles formuladas.

Com pequenas adaptações visando a considerar especificidades de outras


empresas, o instrumento pode ser utilizado em organizações de diferentes portes
e atividades com a mesma finalidade de diagnóstico e busca da melhoria contínua
dos SGSST que estas tenham implantado.
160

5. CONCLUSÃO E SUGESTÕES PARA NOVAS PESQUISAS

Não por acaso, as referências normativas para a implantação de SGSST mais


adotadas pelas empresas evidenciam a importância da participação dos
trabalhadores na estruturação, implementação e administração de um sistema de
gestão de segurança e saúde no trabalho.

A participação dos trabalhadores desde a fase de concepção de um SGSST


somente será possível através de instrumentos capazes de obter e organizar de
forma sistematizada suas contribuições.

A elaboração de uma matriz de avaliação e sugestões com itens associados aos


principais aspectos do sistema a ser adotado, permitindo aos trabalhadores que
expressem suas opiniões sobre o estágio atual de desenvolvimento de cada um
desses tópicos e buscando obter propostas de ações para sua melhoria, parece
ser uma boa estratégia para assegurar sua efetiva participação.

Para garantir a participação com total liberdade, é importante que se explore com
muita clareza os objetivos da participação dos trabalhadores no processo, assim
como que a eles seja garantido o anonimato.

A partir da análise das respostas dadas, assim como das sugestões para a
adequação ou melhoria dos itens avaliados, pode-se apurar a amplitude e
pertinência da visão dos trabalhadores sobre o sistema e adotar as propostas
capazes de contribuir com mesmo.

O acompanhamento dos resultados obtidos com a adoção das sugestões eleitas


pode revelar sua contribuição para a melhoria contínua do sistema de gestão,
tanto ao evidenciar maior eficácia da gestão da prevenção de acidentes e
promoção da saúde dos trabalhadores, quanto ao contribuir para a continuidade
da participação dos mesmos na medida em que os trabalhadores evidenciem
suas propostas sendo implementadas.
161

Dessa forma, a participação dos trabalhadores passa a ser ponto de destaque e


relevância para os SGSST adotados, reitera-se, como proposto pelos próprios
documentos referenciais.

A par disso, a metodologia adotada fez emergir a motivação dos trabalhadores


para expor sua opinião baseada na experiência de quem vivencia cotidianamente
o SGSST. Além da sua efetiva contribuição para a melhoria do sistema, a
participação dos trabalhadores também foi relevante ao reforçar a importância dos
mesmos para o sistema, o que acabou por elevar a moral do grupo que se sentiu,
de fato, sujeito do processo de avaliação e busca da melhoria do SGSST.

A utilização da matriz de avaliação e sugestões em outras empresas poderá


garantir o papel relevante dos trabalhadores na construção e aperfeiçoamento de
SGSST por elas adotados e essa é a melhor contribuição do presente trabalho.

Para adiante, parece relevante desenvolver um novo estudo com o objetivo de


verificar se a implantação das sugestões dos trabalhadores que foram adotadas
na empresa objeto do estudo de caso, de fato, produziu a melhoria esperada para
o SGSST.

Futuramente, pode ser realizada pesquisa comparativa em empresa na qual o


SGSST não tenha tido a participação ativa dos trabalhadores em sua construção
e manutenção, a fim de se verificar os resultados e a qualidade do sistema
implantado.
162

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166

ANEXOS
Matriz de Avaliação de SST – Segurança e Saúde do Trabalho – anverso
Cargo do Avaliador:
Assunto avaliado 0% 25% 50% 75% 100%
Política de SSO
Segurança como valor organizacional
Normativos e orientações
Treinamento / desenvolvimento dos
trabalhadores
Conscientização / motivação dos
trabalhadores para segurança
Comportamento preventivo dos
trabalhadores
Comprometimento dos níveis de
comando com a segurança
Responsabilidades dos níveis de
comando com a segurança
Segurança é estratégia empresarial
Metas claramente estabelecidas
EPI – Equipamentos de Proteção
Individual adequados
EPC – Equipamentos de Proteção
Coletiva adequados
Ferramentas e veículos adequados
Participação dos trabalhadores na
definição de EPI, EPC e ferramentas
Possibilidade de interrupção do
trabalho sob risco
Cumprimento das exigências legais
SESMT adequado
Segurança com empresas contratadas
Segurança com a população
Comunicação sobre SSO
Auditorias internas
Auditorias externas
Investigação e análise de acidentes e
incidentes
Gestão de mudança de pessoas
Integridade/qualidade das instalações
Gestão de mudança na instalação
Análise de risco
Prontidão para emergências
Exames médicos
Qualidade de vida
167

Matriz de Avaliação de SST – Segurança e Saúde do Trabalho – verso

Matriz eliminar – reduzir – elevar – criar


Caso deseje contribuir ainda mais, destaque que trabalhos ou ações deveriam ser
eliminados, reduzidos, elevados ou criados para que se possa atingir condições
ainda melhores na prevenção de acidentes e segurança do trabalho.

Elininar Elevar

Reduzir Criar
168

Matriz de Avaliação de SST – Segurança e Saúde do Trabalho – auxílio no


entendimento dos itens e na avaliação

Assunto Questão Objetivo


Política de SSO Há política de segurança e saúde Questão formulada com o objetivo de avaliar
claramente definida e praticada por todos a opinião dos trabalhadores sobre o
os colaboradores da organização? entendimento e a prática da política de
segurança e saúde estabelecida
Segurança como A segurança é um valor da organização Questão formulada com o objetivo de
valor expressado por todos os seus levantar a opinião dos trabalhadores sobre a
organizacional trabalhadores, independentemente do importância que os colaboradores da
nível hierárquico? empresa dão à segurança,
independentemente de seu nível hierárquico
Normativos e Há normativos e orientações sobre Questão formulada com o objetivo de avaliar
orientações segurança claros e de conhecimento dos se os normativos existentes abrangem a
trabalhadores? maioria das atividades executadas pelos
trabalhadores e se são compreendidos por
eles
Treinamento / Os trabalhadores são adequadamente Questão formulada com o objetivo de
desenvolvimento treinados para suas atividades antes de verificar a qualidade do treinamento
dos trabalhadores iniciarem seu trabalho? realizado
Conscientização / Os trabalhadores estão conscientizados e Questão formulada com o objetivo de
motivação dos motivados para desenvolver suas provocar a auto-avaliação sobre a motivação
trabalhadores para atividades com segurança? dos trabalhadores para a prática da
segurança segurança
Comportamento Os trabalhadores demonstram tal Questão formulada com o objetivo de
preventivo dos motivação através dos comportamentos verificar a coerência entre a intenção e a
trabalhadores expressados na prática? prática
Comprometimento os níveis de comando estão Questão formulada com o objetivo de
dos níveis de comprometidos com os aspectos de verificar a participação efetiva dos níveis de
comando com a segurança e externalizam tal comando em relação ao SGSST
segurança comprometimento?
Responsabilidades A liderança tem responsabilidades Questão formulada com o objetivo de
dos níveis de claramente definidas em relação à verificar se para os trabalhadores estão
comando com a segurança e prevenção de acidentes? claras as responsabilidades de seus líderes
segurança em relação à segurança
Segurança é A segurança dos trabalhadores é Questão formulada com o objetivo de
estratégia administrada como estratégia empresarial verificar a percepção da interferência dos
empresarial e interfere de forma decisiva nas decisões aspectos relacionados com a segurança no
organizacionais? dia-a-dia das atividades realizadas na
empresa
Metas claramente São estabelecidas metas claras em relação Questão formulada com o objetivo de
estabelecidas à prevenção de acidentes e discutidas com verificar a existência e entendimento de
os trabalhadores? metas relacionadas à prevenção de
acidentes
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EPI – Os EPI disponibilizados pela empresa são Questão formulada com o objetivo de
Equipamentos de de qualidade e tecnicamente adequados verificar a adequação geral dos EPI sob a
Proteção Individual aos trabalhos desenvolvidos? ótica de seus usuários
adequados
EPC – Os EPC disponibilizados pela empresa são Questão formulada com o objetivo de
Equipamentos de de qualidade e tecnicamente adequados verificar a adequação dos EPC sob a ótica de
Proteção Coletiva aos trabalhos desenvolvidos? seus usuários
adequados
Ferramentas e As ferramentas disponibilizadas pela Questão formulada com o objetivo de
veículos adequados empresa são de qualidade e tecnicamente verificar a adequação das ferramentas sob a
adequadas aos trabalhos desenvolvidos? ótica de seus usuários
Participação dos Há participação dos trabalhadores na Questão formulada com o objetivo de
trabalhadores na escolha e avaliação técnica de EPI, EPC e verificar o envolvimento dos trabalhadores
definição de EPI, ferramentas? nos processos de decisão da empresa sobre
EPC e ferramentas a escolha de EPI, EPC e ferramentas
Possibilidade de trabalhadores têm a real possibilidade de Questão formulada com o objetivo de
interrupção do interromper os trabalhos quando em verificar a prática da política estabelecida
trabalho sob risco condição de risco? pela empresa
Cumprimento das A empresa cumpre todas as exigências Questão formulada com o objetivo de
exigências legais legais relativas à segurança do trabalho verificar a opinião dos trabalhadores sobre
relacionadas ao seu trabalho? as obrigações da empresa que lhe são
familiares, tais como: entrega de EPI, EPC e
ferramentas adequadas, realização de
exames médicos admissionais, periódicos e
demissionais, treinamentos específicos, etc
SESMT adequado O SESMT – Serviço Especializado em Questão formulada com o objetivo de
Segurança e Medicina do Trabalho é verificar a eficácia do trabalho dos
adequado ao risco da empresa e conta profissionais do SESMT junto aos
com profissionais atuantes? trabalhadores
Segurança com O nível de segurança das empresas Questão formulada com o objetivo de
empresas contratadas é o mesmo que têm os identificar diferenças entre as condições de
contratadas trabalhadores da contratante? segurança de trabalhadores próprios e
contratados
Segurança com a A empresa investe suficientemente na Questão formulada com o objetivo de
população conscientização da população de modo verificar o conhecimento e opinião dos
geral no que diz respeito aos riscos de trabalhadores a propósito das ações de
suas redes e instalações? prevenção de acidentes com a população
Comunicação sobre A comunicação de fatos relativos à Questão formulada com o objetivo de
SSO segurança e saúde é adequada na verificar a facilidade e eficácia da
empresa e os meios utilizados são comunicação empresa-trabalhador relativa a
eficazes? assuntos de segurança e saúde
Auditorias internas São realizadas auditorias internas e seus Questão formulada com o objetivo de
resultados são eficazes? verificar a percepção dos trabalhadores
sobre a real contribuição das auditorias
internas
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Auditorias externas são realizadas auditorias externas (de Questão formulada com o objetivo de
terceira parte) e seus resultados são verificar a percepção dos trabalhadores
eficazes? sobre a real contribuição das auditorias
externas
Investigação e A empresa possui um sistema de Questão formulada com o objetivo de
análise de investigação e análise de acidentes verificar o conhecimento e confiança dos
acidentes e adequado e eficaz? trabalhadores a respeito do sistema de
incidentes investigação e análise dos acidentes
registrados
Gestão de mudança As pessoas que assumem novas Questão formulada com o objetivo de
de pessoas responsabilidades são treinadas em suas verificar se os trabalhadores estão
novas tarefas e sobre os riscos inerentes a recebendo as informações necessárias ao
elas? desenvolvimento de novas atividades
Integridade/qualid As instalações elétricas (o ativo da Questão formulada com o objetivo de
ade das instalações empresa) são adequadas e se encontram verificar o estado de conservação das
em bom estado de conservação? instalações elétricas da empresa
Gestão de mudança As alterações ou mudanças nas Questão formulada com o objetivo de
na instalação instalações são prontamente incorporadas verificar se os trabalhadores são informados
à documentação e comunicadas a todos das alterações que podem impactar nos
os trabalhadores, sobretudo aquelas que aspectos de segurança do trabalho
possam implicar em riscos?
Análise de risco A empresa possui sistemática adequada Questão formulada com o objetivo de
de análise de risco capaz de evidenciar e verificar a opinião dos trabalhadores sobre a
eliminar/controlar os riscos de acidentes eficácia das APR – Análises Prevencionistas
antes da realização dos trabalhos? de Riscos realizadas
Prontidão para A empresa possui planos de emergência Questão formulada com o objetivo de
emergências para situações de acidentes e seus verificar o nível de conhecimento de planos
trabalhadores estão prontos a aplicá-los? de emergência e as responsabilidades dos
trabalhadores na sua implementação
Exames médicos São realizados exames médicos periódicos Questão formulada com o objetivo de
e os resultados são discutidos com o verificar se há retorno efetivo dos médicos
trabalhador? relativo aos resultados dos exames
realizados com os trabalhadores
Qualidade de vida A empresa realiza ações de incentivo e Questão formulada com o objetivo de
promoção da qualidade de vida dos verificar se as ações de promoção da
trabalhadores? qualidade de vida estão realmente chegando
até os trabalhadores

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