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Isso quer dizer que, além de serem um dos legitimados para o requerimento da REURB
(artigo 14, I, da Lei 13.465/17), os municípios assumiram um outro importante papel,
relacionado à apreciação dos pedidos de regularização de imóveis urbanos.
Tendo em vista essas duas facetas, em que o município figura tanto como interessado
quanto processante, é fundamental pensar que os Entes Municipais devem estar
preparados para assumir tamanhas responsabilidades.
E é justamente sobre essa questão que o presente artigo pretende se debruçar: afinal,
como o ente municipal deve atuar na REURB?
Uma das poucas diferenças, no entanto, entre o Ente Municipal e os demais legitimados
é a possibilidade de dispensa da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), ou do
Registro de Responsabilidade Técnica (RRT), quando o responsável pelo trabalho
técnico for servidor ou empregado público (artigo 36, §5º, da Lei 13465/17).
Defende-se o uso de tais critérios para que a regularização não se resuma ao mero
registro imobiliário, traduzido na titulação dos ocupantes, mas sim na correção das
pendências jurídicas, ambientais, urbanísticas e sociais existentes no núcleo (art. 1º,
caput, Decreto 9.310/2018), afinal cabe ao Município exercer a política de
desenvolvimento urbano (art. 182, caput, da Constituição Federal de 1988), que é
pautada no pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e na garantia do bem-
estar de seus habitantes.
Essa fase de cientificação não pode ser delegada a terceiros, devendo ser realizada,
portanto, pelo Ente Municipal. Todavia, isso não impede o auxílio por parte dos
requerentes, indicando ao Poder Público, por exemplo, os titulares de direitos reais e
terceiros interessados que devem ser notificados; ou até mesmo já apresentando à
Municipalidade as respectivas anuências expressas desses indivíduos quanto ao
prosseguimento da REURB.
Nessa fase o Ente Público verificará se o Projeto de Regularização Fundiária (PRF) está
completo, tendo em vista que, salvo raras exceções2, a sua elaboração é sempre
obrigatória.
1
https://taniaranogueira.jusbrasil.com.br/artigos/1560234333/qual-o-tamanho-do-nucleo-na-reurb
2
https://taniaranogueira.jusbrasil.com.br/artigos/1409180824/e-possivel-fazer-reurb-de-um-lote
Tal procedimento é de suma importância porquanto a presença ou ausência de certas
situações no núcleo (infraestrutura essencial, áreas de risco, unidades de conservação,
áreas de preservação permanente, etc), torna necessária a elaboração de documentos e
trabalhos técnicos específicos, conforme preconiza o art. 35, VI a X da Lei 13.465/17.
O artigo 42 da Lei da REURB determina que a CRF, juntamente com o PRF aprovado,
sejam remetidos à serventia extrajudicial de imóveis onde se situa o núcleo, para fins de
registro dos direitos reais indicados.
Somente após essa atuação do Cartório de Imóveis é que se pode declarar encerrada a
REURB, restando somente entregar aos beneficiários os seus respectivos “títulos
registrados”, por meio da emissão das Certidões de Inteiro Teor, Ônus e Ações das
matrículas dos imóveis regularizados.