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Curso: Português
Teoria e Questões Comentadas
Prof. Bruno Spencer - Aula 10
Aula 10 – Texto
Olá amigos!
Espero que estejam todos bem e em um bom pique de estudos.
Nesta aula abordaremos aspectos relacionados à interpretação textual. É
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um assunto em que não há muita teoria, mas que exige bastante prática.
Boa aula!!!
Sumário
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1 – Interpretação Textual
Algo que devemos ter muito cuidado é para não nos empolgarmos e
EXTRAPOLAR as informações fornecidas pelo texto, pois certamente
estaremos nos deixando levar pela nossa criatividade, que nesse momento é
algo perigoso.
De forma análoga, o cuidado também é necessário para não DIMINUIR
o sentido de algo expresso no texto. Portanto, sejamos JUSTOS, nem mais e
nem menos, aqui a precisão é essencial. Para isso devemos praticar o máximo
possível, seja resolvendo questões de interpretação, seja lendo livros, revistas,
jornais ou mesmo notícias na internet.
Não esqueça de, sempre que ler um texto, procurar identificar o seu
TEMA CENTRAL e a sua INTENÇÃO.
Mais adiante nesta aula, veremos alguns conceitos importantes que muito
nos podem auxiliar nesse assunto, portanto o conselho também vale para os
assuntos que vêm a seguir.
2 – Tipologia Textual
Narrativos
Descritivos
Instrucionais
Dissertativos
Textos NARRATIVOS
São utilizados para contar ou narrar estórias ou histórias, fatos e
acontecimentos.
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Exemplo:
"Dizem por ai, mas não tenho certeza, que meu sorriso fica mais feliz quando
te vejo, dizem também que meus olhos brilham, dizem também que é amor,
mas isso sim é certeza."
(Dom Casmurro, Machado de Assis)
Textos DESCRITIVOS
Servem para descrever lugares ou ambientes, pessoas, momentos,
objetos e etc.
Normalmente, são utilizados dentro de um texto narrativo e
caracterizam-se pela ampla utilização de adjetivos, comparações e recursos
linguísticos (metáforas, sinestesia e etc) para que possamos “visualizar” algo
que está sendo descrito ou até mesmo nos “transportarmos” para um
determinado lugar ou um determinado momento.
Exemplo:
“A minha alegria acordava a dele, e o céu estava tão azul, e o ar tão claro, que
a natureza parecia rir também conosco. São assim as boas horas deste mundo.”
(Dom Casmurro, Machado de Assis)
Textos INSTRUCIONAIS
São utilizados para transmitir ORIENTAÇÕES ou INSTRUÇÕES ao
interlocutor.
É característico deste tipo o uso dos verbos no modo imperativo,
linguagem direta e objetiva, sem uso de argumentações.
normativos em geral.
Textos DISSERTATIVOS
Certamente este é o tipo mais trabalhado em provas de concursos, sejam
elas, objetivas ou subjetivas.
Estes são aqueles mesmos textos que cansávamos de escrever na época
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1) CESPE/PT/PM CE/2014
Mundo animal
No morro atrás de onde eu moro vivem alguns urubus. Eles decolam juntos,
cerca de dez, e aproveitam as correntes ascendentes para alcançar as nuvens
A ideia de prender um passarinho na gaiola, por mais que ele se acostume com
o dono, é muito triste. Comprei um periquito, uma vez, criado em cárcere
privado, e o soltei na sala. Achei que ele ia gostar de ter espaço. Saí para
trabalhar e, quando voltei, o pobre estava morto atrás da poltrona. Ele tentou
sair e morreu dando cabeçadas no vidro. Carrego a culpa até hoje. De boas
intenções o inferno está cheio.
O Rio de Janeiro existe entre lá e cá, entre o asfalto e a mata atlântica, mas a
fauna daqui é mais delicada do que a africana e a indiana. Quem tem janela
perto do verde conhece bem o que é conviver com os micos. Nos meus tempos
de São Conrado, eu costumava acordar com um monte deles esperando a boia.
Foi a primeira vez que experimentei cativar espécies não domesticadas.
Lanço aqui a campanha: crie vínculos com um curió, uma paca ou um
formigueiro que seja. Eles são fiéis e conectam você com a mãe natureza.
Experimente, ponha um pãozinho no parapeito e veja se alguém aparece.
Fernanda Torres. In: Veja Rio, 2/12/2012 (com adaptações).
Com relação às ideias e às suas estruturas linguísticas do texto apresentado,
julgue o item a seguir.
Os dois primeiros parágrafos do texto são predominantemente narrativos.
Certo
Errado
Comentários:
Repare os elementos que encontramos no trecho citado:
CENÁRIO: No morro atrás onde eu moro;
PERSONAGENS: os urubus e um bem-te-vi;
AÇÃO: os urubus vivem, decolam, planam, dormem, pegam sol e etc. “comecei
a colocar pão na mesa”
NARRADOR: “No morro atrás de onde eu moro...”
ENREDO: engloba todo o fato narrado nos dois parágrafos.
Veja que tudo isso acima são elementos de uma narração, que nada mais é
do que contar um fato ou acontecimento, uma estória ou a história de algo ou
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de alguém.
Gabarito: Certo
2) CESPE/AnaTA/SUFRAMA/SUFRAMA/Geral/2014
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3 - Gêneros Textuais
Telefonema
Aula expositiva
Debate
Seminário
Conferência
E-mail
Carta
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Diário
Relato de viagem
Biografia
Piada
Relatório
Resumo
Resenha
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Ofício
Memorando
Lei
Decreto
Instrução Normativa
Portaria
4 - Recursos Linguísticos
DENOTAÇÃO
•Quando uma palavra é utilizada no seu sentido
ou próprio ou literal.
SENTIDO •Ex. O leão é uma fera selvagem.
DENOTATIVO
CONOTAÇÃO
•Quando uma palavra é utilizada em sentido
ou figurado.
SENTIDO •Ex. Minha esposa ficou uma fera.
CONOTATIVO
Exemplo:
Canção do Exílio
(Gonçalves Dias)
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá
(...)
5 - Questões Comentadas
elogiando a arquitetura do nosso MAM-RJ que, segundo ele, segue a sua teoria
de que o público deve ver a obra de arte de frente e não de lado, como acontece
até agora com o museu convencional de quatro paredes. O ideal, disse ele, é
que as paredes do museu sejam de vidro e que as obras estejam à mostra em
painéis no centro do recinto. O museu não é uma estrutura sagrada e quem o
frequenta deve permanecer em contato com a natureza do lado de fora:
“A finalidade do museu de arte contemporânea é nos ajudar a ter consciência
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DENOTAÇÃO
•Quando uma palavra é utilizada no seu sentido
ou próprio ou literal.
SENTIDO •Ex. O leão é uma fera selvagem.
DENOTATIVO
CONOTAÇÃO
•Quando uma palavra é utilizada em sentido
ou figurado.
SENTIDO •Ex. Minha esposa ficou uma fera.
CONOTATIVO
d) conclusivo.
e) conjectural.
Comentários:
Alternativa A – Incorreta – Falácia significa uma mentira, o que não é o caso.
Alternativas B e C – Incorretas – O modo subjuntivo é sempre utilizado para
indicar possibilidades, hipóteses e não fatos. Estes são próprios do modo verbal
indicativo. Já o modo imperativo está relacionado a comandos, ordens e
pedidos.
Alternativa D – Incorreta – Ainda que o período esteja no final do texto, ele
traz informações de cunho argumentativo – dados de estudos – e não de cunho
conclusivo. Estas normalmente são introduzidas por conjunções conclusivas,
como: assim, dessa forma, portanto e etc.
Alternativa E – Correta – O texto traz uma informação de um estudo que
demonstra uma possibilidade, probabilidade ou mesmo uma conjectura.
Gabarito: E
mesmo à do câmera que flagra uma situação (e que, aliás, tem suas tomadas
sob o controle de um editor de imagens), é desfazermo-nos da nossa própria
capacidade de análise, é renunciarmos à perspectiva de sujeitos da nossa
interpretação.
Tanto quanto os propalados e indiscutíveis “fatos”, as notícias em si mesmas,
com a forma acabada pela qual se veiculam, são parte do mundo: convém
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Gabarito: D
7) FCC/AJ/TRE SP/Judiciária/2017
Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
Amizade
A amizade é um exercício de limites afetivos em permanente desejo de
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expansão. Por mais completa que pareça ser uma relação de amizade, ela vive
também do que lhe falta e da esperança de que um dia nada venha a faltar.
Com o tempo, aprendemos a esperar menos e a nos satisfazer com a finitude
dos sentimentos nossos e alheios, embora no fundo de nós ainda esperemos a
súbita novidade que o amigo saberá revelar. Sendo um exercício bem-sucedido
de tolerância e paciência – amplamente recompensadas, diga-se – a amizade é
também a ansiedade e a expectativa de descobrirmos em nós, por intermédio
do amigo, uma dimensão desconhecida do nosso ser.
Há quem julgue que cabe ao amigo reconhecer e estimular nossas melhores
qualidades. Mas por que não esperar que o valor maior da amizade está em ser
ela um necessário e fiel espelho de nossos defeitos? Não é preciso contar com
o amigo para conhecermos melhor nossas mais agudas imperfeições? Não cabe
ao amigo a sinceridade de quem aponta nossa falha, pela esperança de que
venhamos a corrigi-la? Se o nosso adversário aponta nossas faltas no tom
destrutivo de uma acusação, o amigo as identifica com lealdade, para que nos
compreendamos melhor.
Quando um amigo verdadeiro, por contingência da vida ou imposição da morte,
é afastado de nós, ficam dele, em nossa consciência, seus valores, seus juízos,
suas percepções. Perguntas como “O que diria ele sobre isso?” ou “O que faria
ele com isso?” passam a nos ocorrer: são perspectivas dele que se fixaram e
continuam a agir como um parâmetro vivo e importante. As marcas da amizade
não desaparecem com a ausência do amigo, nem se enfraquecem como
memórias pálidas: continuam a ser referências para o que fazemos e pensamos.
(CALÓGERAS, Bruno, inédito)
Atraídos por aquela melodia divina, os navios batiam nos recifes submersos da
beira-mar e naufragavam. As sereias então devoravam impiedosamente os
tripulantes. “
O único termo cujo significado adequa-se à situação é “dissimulação”, que
acontece quando o objetivo principal (devorar os tripulantes) é dissimulado
ou encoberto por uma situação aparente (a beleza física e a sedução do
canto).
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Gabarito: A
profissionais específicas.
b) à possibilidade de alguém gozar de celebração pelo fato de passar a ser
reconhecido como uma celebridade.
c) ao fato de que numa sociedade de consumo todo e qualquer indivíduo tem
seu momento de celebridade.
d) à possibilidade de que a celebração de alguém resista à passagem do tempo,
tornando-se vitalícia.
e) ao fato de que os grandes criadores passam a ser identificados publicamente
a partir do mérito de suas obras.
Comentários:
Alternativa A – Incorreta – A afirmativa contraria o trecho seguinte: “Vejam que
não me refiro a quem alcançou sucesso pela competência na função que
exerce”
Alternativa B – Correta – “falo das celebridades que estão acima de um talento
específico e se tornaram célebres ninguém sabe exatamente por quê. “
Alternativa C – Incorreta – A alternativa traz NOVAS ideias que não foram
citadas no texto, por isso EXTRAPOLOU o seu conteúdo.
Alternativa D – Incorreta – “Esgotada, enfim, uma celebração (até mesmo as
celebridades são mortais), não faltam novos ocupantes do posto. ”
Alternativa E – Incorreta – O trecho seguinte contradiz a alternativa:
“avistado por um indivíduo embriagado que deve tê-lo reconhecido da televisão,
onde sempre aparece, que lhe gritou da outra calçada: − Ferreira Gullar! Sujeito
famoso que eu não sei quem é! Aqui, a celebração não era do poeta ou de
sua obra: era o reconhecimento de uma celebridade pela celebridade que é, e
ponto final. “
Gabarito: B
Gabarito: C
a) − Os pneus com o uso tinham esvaziado, mas seria fácil resolver o problema.
b) − Os pneus se esvaziaram com o uso, é fácil resolver este problema.
c) − Com o uso os pneus terão se esvaziado, seria fácil resolver esse problema.
d) − Os pneus com o uso estavam vazios, vai ser fácil resolver seu problema.
e) − Com o uso os pneus estão esvaziando, problema este que seria fácil
resolver.
Comentários:
Alternativa A – Incorreta – A frase está empregando o discurso indireto.
Alternativa B – Correta – A primeira oração expressa um fato concluído,
portanto é correta a utilização do pretérito perfeito do indicativo. No entanto, a
segunda oração expressa algo que ainda haveria de ser resolvido pelo
borracheiro, por isso a utilização do presente do indicativo também está
adequada, já que se trata de um discurso direto.
Alternativa C – Incorreta – O futuro do presente indicativo composto indica a
ocorrência de um fato anterior a outro também no futuro ou um fato futuro
iniciado no presente, portanto é inadequado para indicar um fato passado. A
segunda oração está na forma indireta.
Alternativa D – Incorreta – A forma verbal “estavam vazios” indica um estado,
portanto é inadequada para expressar um fato já concluído (os pneus
esvaziaram).
Alternativa E – Incorreta – A expressão “estão esvaziando” indica uma ação no
presente e não no passado. A frase está gramaticalmente incorreta e
incoerente devido a desarmonia na correlação verbal, além de estar na
forma indireta.
Gabarito: B
e canções”.
“Na música popular, a Bossa Nova, lançada em 1959 por Tom Jobim e João
Gilberto, entre outros, inspirava-se no jazz, rejeitando a música passional e a
interpretação dramática que se dava aos sambas-canções e aos boleros que
dominavam as rádios brasileiras. A Bossa Nova apontava para o despojamento
das letras das canções, dos arranjos instrumentais e da vocalização, para
melhor expressar o “Brasil moderno”. “
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Gabarito: D
d) estupefação.
e) animosidade.
Comentários:
Alternativa A – Incorreta – descompasso = desarmonia, desacordo, divergência
Alternativa B – Incorreta – problemática = questão, dificuldade
Alternativa C – Incorreta – melancolia = tristeza, desânimo, abatimento
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a) provida.
b) advinda.
c) proveniente.
d) originária.
e) oriunda.
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Comentários:
Observe que a questão foi cobrada em um concurso de nível superior. Essa é
uma daquelas que não se pode perder de jeito nenhum!!!
Derivada = provinda (não é provida), advinda, proveniente, originária e
oriunda
Gabarito: A
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d) III.
e) I e II.
Comentários:
Item I – Incorreta – O sentido de adversidade é justamente o contrário do que
é afirmado neste item. O termo “adversidade” foi empregado no sentido de
dificuldade, sacrifício ou obstáculo.
Item II – Incorreta – O autor é claro ao afirmar que isso é uma tese defendida
por algumas pessoas e não necessariamente uma realidade.
“Há quem defenda a tese de que somente há virtude numa ação benigna
cujo desempenho implica algum sacrifício do sujeito. “
Item III – Correta – De fato o terceiro parágrafo reafirma a tese estabelecida
no segundo.
Gabarito: D
assistência social.
Gabarito: B
Gabarito: E
Paris pelas quais flanava, encantado, o Walter Benjamin. Ou, se você quiser ir
mais longe, os bazares do Oriente. Mas foram os americanos que aperfeiçoaram
a ideia de cidades fechadas e controladas, à prova de poluição, pedintes,
automóveis, variações climáticas e todos os outros inconvenientes da rua.
Cidades só de calçadas, onde nunca chove, neva ou venta, dedicadas
exclusivamente às compras e ao lazer – enfim, pequenos (ou enormes) templos
de consumo e conforto. Os xópis são civilizações à parte, cuja existência e o
sucesso dependem, acima de tudo, de não serem invadidas pelos males da rua.
Dentro dos xópis você pode lamentar a padronização de lojas e grifes, que são
as mesmas em todos, e a sensação de estar num ambiente artificial, longe do
mundo real, mas não pode deixar de reconhecer que, se a americanização do
planeta teve seu lado bom, foi a criação desses bazares modernos, estes centros
de conveniência com que o Primeiro Mundo – ou pelo menos uma ilusão de
Primeiro Mundo – se espraia pelo mundo todo. Os xópis não são exclusivos,
qualquer um pode entrar num xópi nem que seja só para fugir do calor ou flanar
entre as suas vitrines, mas a apreensão causada por essas manifestações de
massa nas suas calçadas protegidas, os rolezinhos, soa como privilégio
ameaçado. De um jeito ou de outro, a invasão planejada de xópis tem algo de
dessacralização. É a rua se infiltrando no falso Primeiro Mundo. A perigosa rua,
que vai acabar estragando a ilusão.
As invasões podem ser passageiras ou podem descambar para violência e
saques. Você pode considerar que elas são contra tudo que os templos de
consumo representam ou pode vê-las como o ataque de outra civilização à
parte, a da irmandade da internet, à civilização dos xópis. No caso seria o
choque de duas potências parecidas, na medida em que as duas pertencem a
um primeiro mundo de mentira que não tem muito a ver com a nossa realidade.
O difícil seria escolher para qual das duas torcer. Eu ficaria com a mentira dos
xópis.
(Veríssimo, O Globo, 26012014.)
Ao dizer que os shoppings são “cidades”, o autor do texto faz uso de um tipo de
linguagem figurada denominada
a) metonímia.
b) eufemismo.
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c) hipérbole.
d) metáfora.
e) catacrese.
Comentários:
Alternativa A – Incorreta
Alternativa B – Incorreta
Alternativa C – Incorreta
Alternativa D – Correta – Ao dizer que “os shoppings são cidades”, o autor lança
mão de uma figura de linguagem chamada metáfora.
Alternativa E – Incorreta
Gabarito: D
carro periclitante tinha se esvaziado ao longo da estrada. Não era para menos.
Tendo saído de Paris, havíamos rodado muito antes de cair naquele emaranhado
de fronteiras em que você corre o risco de não saber se está na Áustria, na
Suíça ou na Itália. Soubemos que estávamos no norte, no sótão da Itália, vendo
um providencial borracheiro dar nova carga a um pneu sgonfiato.
Dali saímos − éramos dois jovens casais num distante verão europeu,
embarcados numa aventura que, de camping em camping, nos levaria a
Istambul – para dar carga nova a nossos estômagos, àquela altura não menos
sgonfiati. O que pode a fome, em especial na juventude: à beira de um himalaia
de sofrível espaguete fumegante, julguei ver fumaças filosóficas na sentença do
tosco borracheiro. E, entre garfadas, sob o olhar zombeteiro dos companheiros
de viagem, me pus a teorizar.
Sim, camminando si sgonfia, e não apenas quando se é, nesta vida, um pneu.
Também nós, de tanto rodar, vamos aos poucos desinflando. E por aí fui, inflado
e inflamado num papo delirante. Fosse hoje, talvez tivesse dito, infelizmente
com conhecimento de causa, que a partir de determinado ponto carecemos
todos de alguma espécie de fortificante, de um novo alento para o corpo, quem
sabe para a alma.
* Camminando si sgonfia = andando se esvazia. Sgonfiato é vazio; sgonfiati é
a forma plural.
(Adaptado de: WERNECK, Humberto – Esse inferno vai acabar. Porto Alegre,
Arquipélago, 2011, p. 8586)
DENOTAÇÃO
•Quando uma palavra é utilizada no seu sentido
ou próprio ou literal.
SENTIDO •Ex. O leão é uma fera selvagem.
DENOTATIVO
CONOTAÇÃO
•Quando uma palavra é utilizada em sentido
ou figurado.
SENTIDO •Ex. Minha esposa ficou uma fera.
CONOTATIVO
Já desde Platão sabemos que ela é sensível à ação dos demagogos. E, quanto
mais avançamos no conhecimento do cérebro e da psicologia humana,
descobrimos novas e mais sutis maneiras de influenciar os eleitores, que usam
muito mais a emoção do que a razão na hora de fazer suas escolhas. É verdade
que, com a prática, os cidadãos aprendem a defender‐se, mas, de modo geral,
são os marqueteiros que têm a vantagem.
Outro ponto sensível e delicado é o levantado pelo economista Bryan Caplan. A
democracia até tende a limitar o radicalismo nas situações em que os eleitores
se dividem bastante sobre um tema, mas ela se revela impotente nos assuntos
em que vieses cognitivos estão em operação, como é o caso da fixação de
políticos e eleitores por criar empregos, mesmo que eles reduzam a eficiência
econômica.
Se a democracia se presta a manipulações e não evita que a maioria tome
decisões erradas, por que ela é boa? Bem, além de promover a moderação em
parte das controvérsias, ela oferece um caminho para grupos antagônicos
disputarem o poder de forma institucionalizada e pouco violenta. É menos do
que sonhavam os iluministas, mas dado o histórico de nossa espécie, isso não
é pouco.
(Hélio Schwartsman, Folha de São Paulo, 01/04/2014)
“Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem‐se dito
que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais que têm
sido experimentadas de tempos em tempos”.
A estratégia estrutural na formulação desse pensamento de Churchill apela para
a) a intertextualidade.
b) a polissemia.
c) a ironia.
d) a antítese.
e) o pleonasmo.
Comentários:
Alternativa A – Incorreta
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sentido.
Alternativa C – Correta – Podemos perceber a presença da ironia no texto,
quando ele diz que “a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as
demais” .
Alternativa D – Incorreta
Alternativa E – Incorreta
Gabarito: C
José Lins do Rego mostrou [...] poder prescindir da terra para formar o
ambiente, dos canaviais que assobiam ao vento, das pastagens sonoras de
mugidos, dos rios de cheias aterradoras, das matas floridas, de tudo aquilo que
constitui, sobretudo em Menino de engenho, um fundo de beleza e poesia. E
sobretudo provou que, embora as raízes de sua vocação de romancista se
alimentem do seu provincianismo, não está escravizado à literatura regionalista,
não é apenas o cronista do Nordeste.
(Trecho da nota de Lúcia Miguel Pereira ao romance Pureza, de José Lins do
Rego. 5 ed. Rio de Janeiro. José Olympio, 1956, com atualização ortográfica
em respeito ao Acordo vigente)
o mesmo tema. “
Alternativa D – Incorreta – O texto afirma que após esgotar o tema, José Lins
do Rêgo surpreendeu com o romance “Pureza” partindo para a abordagem de
outros temas, o que o fez transcender o rótulo de escritor regionalista.
“Pureza foi a resposta do romancista e a pedra de toque nos permitiu aquilatar
com segurança da sua capacidade de criar livremente, sem o ponto de partida
das evocações de gente e coisas familiares. “
Alternativa E – Incorreta – O texto não faz qualquer abordagem nesse sentido,
focando apenas a questão literária.
Gabarito: B
José Lins do Rego mostrou [...] poder prescindir da terra para formar o
ambiente, dos canaviais que assobiam ao vento, das pastagens sonoras de
mugidos, dos rios de cheias aterradoras, das matas floridas, de tudo aquilo que
constitui, sobretudo em Menino de engenho, um fundo de beleza e poesia. E
sobretudo provou que, embora as raízes de sua vocação de romancista se
alimentem do seu provincianismo, não está escravizado à literatura regionalista,
não é apenas o cronista do Nordeste.
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Com Usina esgotou o assunto. Sem se repetir, não poderia continuar a estudar
o mesmo tema.
As afirmativas acima conduzem à correta interpretação de que, segundo a
autora, José Lins do Rego
a) apresentava uma visão infantil em seus romances regionais − e, portanto,
sujeita a interpretações equivocadas dos fatos vivenciados em sua história.
b) estava sendo redundante nos temas abordados em seus romances − a vida
no Nordeste durante sua infância −, porém continuava ainda a explorá-los.
c) com Pureza, ainda era visto e reconhecido como um escritor voltado para um
único tema − a vida no Nordeste dos engenhos de açúcar e sua transformação
em usinas.
d) somente deveria mudar os temas trabalhados em seus romances quando
todos os aspectos regionais − especialmente a natureza da região nordestina –
tivessem sido abordados.
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(Danuza Leão)
É normal, quando você vê uma criança bonita, dizer “mas que linda”, “que olhos
lindos”, ou coisas no gênero. Mas esses elogios, que fazemos tão naturalmente
quando se trata de uma criança ou até de um cachorrinho, dificilmente fazemos
a um adulto. Isso me ocorreu quando outro dia conheci, no meio de várias
pessoas, uma moça que tinha cabelos lindos. Apesar da minha admiração, fiquei
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calada, mas percebi minha dificuldade, que aliás não é só minha, acho que é
geral. Por que eu não conseguia elogiar seus cabelos?
Fiquei remoendo meus pensamentos (e minha dificuldade), fiz um esforço (que
não foi pequeno) e consegui dizer: “que cabelos lindos você tem”. Ela, que
estava séria, abriu um grande sorriso, toda feliz, e sem dúvida passou a gostar
um pouquinho de mim naquele minuto, mesmo que nunca mais nos vejamos.
Fiquei pensando: é preciso se exercitar e dizer coisas boas às pessoas, homens
e mulheres, quando elas existem. Não sei a quem faz mais bem, se a quem
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ouve ou a quem diz; mas por que, por que, essa dificuldade? Será falta de
generosidade? Inveja? Inibição? Há quanto tempo ninguém diz que você está
linda ou que tem olhos lindos, como ouvia quando criança? Nem mesmo quando
um homem está paquerando uma mulher ele costuma fazer um elogio, só
alguns, mais tarde, num momento de intimidade e quando é uma bobagem,
como “você tem um pezinho lindo”. Mas sentar numa mesa para jantar pela
primeira vez, só os dois, e dizer, com naturalidade, “que olhos lindos você tem”,
é difícil de acontecer. Notar alguma coisa de errado é fácil; não se diz a ninguém
que ele tem o nariz torto, mas, se for alguém que estiver em outra mesa, o
comentário é espontâneo e inevitável. Podemos ouvir que a alça do sutiã está
aparecendo ou que o rímel escorreu, mas há quanto tempo você não ouve de
um homem que tem braços lindos? A não ser que você seja modelo ou miss e
aí é uma obrigação elogiar todas as partes do seu corpo, os homens não elogiam
mais as mulheres, aliás, ninguém elogia ninguém. E é tão bom receber um
elogio; o da amiga que diz que você está um arraso já é ótimo, mas, de uma
pessoa que você acabou de conhecer e que talvez não veja nunca mais, aquele
elogio espontâneo e sincero, é das melhores coisas da vida.
Fique atenta; quando chegar a um lugar e conhecer pessoas novas, alguma
coisa de alguma delas vai chamar a sua atenção e sua tendência será, como
sempre, ficar calada. Pois não fique. Faça um pequeno esforço e diga alguma
coisa que você notou e gostou; o quanto a achou simpática, como parece
tranquila, como seu anel é lindo, qualquer coisa. Todas as pessoas do mundo
têm alguma coisa de bom e bonito, nem que seja a expressão do olhar, e ouvir
isso, sobretudo de alguém que nunca se viu, é sempre muito bom.
Existe gente que faz disso uma profissão, e passa a vida elogiando os outros,
mas não é delas que estamos falando. Só vale se for de verdade, e se você
começar a se exercitar nesse jogo e, com sinceridade, elogiar o que merece ser
elogiado, irá espalhando alegrias e prazeres por onde passar, que fatalmente
reverterão para você mesma, porque a vida costuma ser assim.
confiança marcada pela positividade, pela esperança, pelo crédito, não pela
mera credulidade. Mesmo quando o confiante se vê malogrado, a confiança terá
valido o tempo que durou, a qualidade da aposta que perdeu. O desconfiado
pode até contar vantagem, cantando alto: − Eu não falei? Mas ao dizer isso,
com os pés chumbados no chão da cautela temerosa, o desconfiado lembra
apenas a estátua do navegante que foi ao mar e voltou consagrado. As estátuas,
como se sabe, não viajam nunca, apenas podem celebrar os grandes e ousados
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descobridores.
“Confiar, desconfiando” é outra pérola do senso comum. Não gosto dessa
orientação conciliatória, que manda ganhar abraçando ambas as opções. Confie,
quando for esse o verdadeiro e radical desafio.
(Ascendino Salles, inédito)
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a) I, II e III.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) II, apenas.
e) III, apenas.
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Comentários:
Item I – Incorreta – Tanto “cautela” como “usura” estão associados no texto à
desconfiança.
“Desconfiar é bom e não custa nada − é o que diz o senso comum, valorizando
tanto a cautela como a usura. “
Item II – Incorreta – Ao contrário, o autor refere-se ao fato de não agirmos
em virtude de alguma desconfiança.
“Por desconfiar deixamos de arriscar, permitindo que a prudência nos
imobilize; por cautela, calamo-nos, não damos o passo, desviamos o olhar.
Depois, ficamos ruminando sobre o que teremos perdido, por não ousar. “
Item III – Correta – Podemos considerar que o termo “consciência ativa” refere-
se ao trecho “confiança marcada pela positividade, pela esperança, pelo
crédito”.
“Falo da confiança marcada pela positividade, pela esperança, pelo crédito, não
pela mera credulidade. “
Gabarito: E
apartamento com, vá lá, uma suíte, de repente se revela um sobrado com pátio
interno, adega e solário. É sempre arriscado prejulgar: você pode começar um
relacionamento com alguém pensando que é um quarto-e-sala conjugado e se
descobrir perdido em corredores escuros, e quando abre a porta, dá no quarto
de uma tia louca. Pensando bem, todo mundo tem uma casa por dentro, ou no
mínimo, bem lá no fundo, um porão. Ninguém é simples. Tudo, afinal, é só a
ponta de um iceberg (salvo ponta de iceberg, que pode ser outra coisa) e muitas
vezes quem aparenta ser apenas uma cobertura funcional com qrt. sal. lavab.
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Alternativa C – Correta – “A casa que alguns têm por dentro pode estar
abandonada, a pessoa pode ser apenas uma fachada para uma armadilha ou
um bordel. “
Alternativa D – Incorreta – A ideia de hierarquia é negada pelo autor logo no
início do texto.
“Existe gente-casa e gente-apartamento. Não tem nada a ver com tamanho:
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há pessoas pequenas que você sabe, só de olhar, que dentro têm dois pisos e
escadaria, e pessoas grandes com um interior apertado, sala e quitinete.
Também não tem nada a ver com caráter. Gente-casa não é
necessariamente melhor do que gente-apartamento. ”
Gabarito: D
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a) metáfora.
b) comparação.
c) personificação.
d) metonímia.
Comentários:
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Alternativa B – Incorreta – Ex. Existe gente tal como uma casa e gente tal
como um apartamento. Algumas pessoas são como mansões.
Alternativa D – Incorreta
Gabarito: A
questiona aquela. O menino de Cortázar, que devia ser ele mesmo, virava a
palavra pelo avesso e se encantava. Saber que a leitura pode ser feita de trás
para diante é uma aventura.
E às vezes dá certo. No conto “Satarsa”, a palavra é ROMA. Lida ao contrário,
também faz sentido. Deixa de ser ROMA e vira AMOR. Para o leitor adulto e
apressado, isso pode ser uma bobagem. Para o menino é uma descoberta
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fascinante. Olhos curiosos, o menino vê a partir daí que o mundo pode ser
arrumado de várias maneiras. Não só o mundo das palavras. É a partir dessa
possibilidade de mudar que o mundo se renova. E melhora.
Ou piora. Não teria graça se só melhorasse. O risco de piorar é fundamental na
aventura humana. Mas estou me afastando da história do Cortázar. E sobretudo
do que pretendo dizer. Ou pretendia. No embalo das palavras, vou me deixando
arrastar de brincadeira, como o menino do conto. Um dia ele encontrou esta
frase: “Dábale arroz a la zorra el abad”. Em português, significa: “O vigário dava
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“O menino de Cortázar, que devia ser ele mesmo, virava a palavra pelo avesso
e se encantava. Saber que a leitura pode ser feita de trás para diante é uma
aventura. “
Alternativa C – Incorreta – No trecho abaixo, com a palavra “anagrama”, o autor
expressa uma ideia de reorganização ou releitura para buscar um sentido, como
Julio Cortázar fazia com as palavras.
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“Digo então que tentei uma série de anagramas com o Brasil de hoje. Quem
sabe virando pelo avesso a gente acha o sentido? “
Alternativa D – Correta – Podemos inferir esta ideia da seguinte afirmação: “O
menino de Cortázar, que devia ser ele mesmo, virava a palavra pelo avesso
e se encantava. Saber que a leitura pode ser feita de trás para diante é uma
aventura ... Pois este palíndromo não só encantou o menino Cortázar, como
decidiu o seu destino de escritor”.
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Mesmo para um menino aberto ao que der e vier, a frase é bastante surrealista,
mas o que importa é que a oração em espanhol pode ser lida de trás para diante.
E fica igualzinha. Pois este palíndromo não só encantou o menino Cortázar,
como decidiu o seu destino de escritor. Isto sou eu quem digo.
Ele percebeu aí que as palavras podem se relacionar de maneira diferente. E
mágica. Sem essa consciência, não há poeta, nem poesia. Como a criança, o
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poeta tem um olhar novo. Lê de trás para diante. Cheguei até aqui e não disse
o que queria. Digo então que tentei uma série de anagramas com o Brasil de
hoje. Quem sabe virando pelo avesso a gente acha o sentido?
(Adaptado de Otto Lara Resende. Bom dia para nascer. S.Paulo: Cia. das
Letras, 2011. p.2967)
Atente para as afirmações abaixo.
I. A frase Sem essa consciência, não há poeta pode ser corretamente reescrita
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6 - Lista de Exercícios
1) CESPE/PT/PM CE/2014
Mundo animal
No morro atrás de onde eu moro vivem alguns urubus. Eles decolam juntos,
cerca de dez, e aproveitam as correntes ascendentes para alcançar as nuvens
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2) CESPE/AnaTA/SUFRAMA/SUFRAMA/Geral/2014
A capital do Amazonas foi, talvez, a cidade que mais conheceu a riqueza, os
encantos e o glamour do primeiro mundo no Brasil. A seus rios e florestas foram
somados o ouro e a sofisticação importada da Europa.
Localizada à margem esquerda do rio Negro, Manaus originou-se de um
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pequeno arraial formado em torno da fortaleza de São José do Rio Negro, criada
em 1669, para guarnecer a região de possíveis investidas dos inimigos. Erguida
à base de pedra e barro, a construção foi chamada de Forte de São João da
Barra do Rio Negro.
No princípio do século XIX, em 1833, o arraial foi elevado à categoria de vila
com o nome de Manaós, em homenagem à tribo de mesma denominação, que
se recusava a ser dominada pelos portugueses e se negava ser mão de obra
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mostradas com luz lateral. A luz de cima nos permite encerrar o visitante entre
quatro paredes. Certos museólogos querem as quatro paredes para infligir o
maior número possível de pinturas aos pobres visitantes.
É de capital importância que o visitante possa caminhar em direção a um quadro
e não ao lado dele. Quando os quadros são apresentados nas quatro paredes,
o visitante tem de caminhar ao seu lado. Isso produz um efeito completamente
diferente, especialmente se não queremos que ele apenas olhe para o trabalho,
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mas o veja. Isso é ainda mais verdadeiro em relação aos grandes museus de
arte contemporânea. Eles são grandes porque o artista moderno quer nos
envolver com o seu trabalho e deseja que entremos em sua obra. Ao organizar
o nosso museu, devemos ter consciência da mudança de mentalidade da nova
geração. Abolir todas as marcas do establishment: uniformes, cerimoniais,
formalismo. Quando eu era jovem, as pessoas entravam nos museus nas pontas
dos pés, não ousavam falar ou rir alto, apenas cochichavam.
Realmente não sabemos se os museus, especialmente os de arte
contemporânea, devem existir eternamente. Foram criados numa época em que
a sociedade não estava bastante interessada nos trabalhos de artistas vivos. O
ideal seria que a arte se integrasse outra vez na vida diária, saísse para as ruas,
entrasse nas casas e se tornasse uma necessidade. Esta deveria ser a principal
finalidade do museu: tornar-se supérfluo”.
(Adaptado de: BITTENCOURT, Francisco. “Os Museus na Encruzilhada” [1974],
em Arte-Dinamite, Rio de Janeiro, Editora Tamanduá, 2016, p. 73-75)
Considerando-se o contexto, mantêm-se as relações de sentido e a correção
gramatical substituindo-se
a) supérfluo por “imprescindível” (4º parágrafo)
b) abolir por “libertar” (2º parágrafo)
c) encerrar por “terminar” (2º parágrafo)
d) infligir por “impor” (2º parágrafo)
e) formalismo por “descompostura” (3º parágrafo)
O apelido foi instantâneo. No primeiro dia de aula, o aluno novo já estava sendo
chamado de “Gaúcho”. Porque era gaúcho. Recém-chegado do Rio Grande do
Sul, com um sotaque carregado.
− Aí, Gaúcho!
− Fala, Gaúcho!
Perguntaram para a professora por que o Gaúcho falava diferente. A professora
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explicou que cada região tinha seu idioma, mas que as diferenças não eram tão
grandes assim. Afinal, todos falavam português.
− Mas o Gaúcho fala “tu”! − disse o Jorge, que era quem mais implicava com o
novato.
− E fala certo − disse a professora. − Pode-se dizer “tu” e pode-se dizer “você”.
Os dois estão certos.
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Jorge de que era mesmo brasileiro o que falava o novato. Que já ganhara outro
apelido: Pechada.
− Aí, Pechada!
− Fala, Pechada!
(VERÍSSIMO, Luis Fernando. “Pechada”. Revista Nova Escola. São Paulo,
maio/2001. Disponível em:t thp://revistaescola.abril.com.br/fundamental-
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1/pechada-634220.shtml)
7) FCC/AJ/TRE SP/Judiciária/2017
Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
Amizade
A amizade é um exercício de limites afetivos em permanente desejo de
expansão. Por mais completa que pareça ser uma relação de amizade, ela vive
também do que lhe falta e da esperança de que um dia nada venha a faltar.
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qualidades. Mas por que não esperar que o valor maior da amizade está em ser
ela um necessário e fiel espelho de nossos defeitos? Não é preciso contar com
o amigo para conhecermos melhor nossas mais agudas imperfeições? Não cabe
ao amigo a sinceridade de quem aponta nossa falha, pela esperança de que
venhamos a corrigi-la? Se o nosso adversário aponta nossas faltas no tom
destrutivo de uma acusação, o amigo as identifica com lealdade, para que nos
compreendamos melhor.
Quando um amigo verdadeiro, por contingência da vida ou imposição da morte,
é afastado de nós, ficam dele, em nossa consciência, seus valores, seus juízos,
suas percepções. Perguntas como “O que diria ele sobre isso?” ou “O que faria
ele com isso?” passam a nos ocorrer: são perspectivas dele que se fixaram e
continuam a agir como um parâmetro vivo e importante. As marcas da amizade
não desaparecem com a ausência do amigo, nem se enfraquecem como
memórias pálidas: continuam a ser referências para o que fazemos e pensamos.
(CALÓGERAS, Bruno, inédito)
Texto I
O canto das sereias é uma imagem que remonta às mais luminosas fontes da
mitologia e da literatura gregas. As versões da fábula variam, mas o sentido
geral da trama é comum.
As sereias eram criaturas sobre-humanas. Ninfas de extraordinária beleza,
viviam sozinhas numa ilha do Mediterrâneo, mas tinham o dom de chamar a si
os navegantes, graças ao irresistível poder de sedução do seu canto. Atraídos
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por aquela melodia divina, os navios batiam nos recifes submersos da beira-
mar e naufragavam. As sereias então devoravam impiedosamente os
tripulantes.
Doce o caminho, amargo o fim. Como escapar com vida do canto das sereias?
A literatura grega registra duas soluções vitoriosas. Uma delas foi a saída
encontrada por Orfeu, o incomparável gênio da música e da poesia.
Quando a embarcação na qual ele navegava entrou inadvertidamente no raio
de ação das sereias, ele conseguiu impedir a tripulação de perder a cabeça
tocando uma música ainda mais sublime do que aquela que vinha da ilha. O
navio atravessou incólume a zona de perigo.
A outra solução foi a de Ulisses. Sua principal arma para vencer as sereias foi o
reconhecimento franco e corajoso da sua fraqueza e da sua falibilidade − a
aceitação dos seus inescapáveis limites humanos.
Ulisses sabia que ele e seus homens não teriam firmeza para resistir ao apelo
das sereias. Por isso, no momento em que a embarcação se aproximou da ilha,
mandou que todos os tripulantes tapassem os ouvidos com cera e ordenou que
o amarrassem ao mastro central do navio. O surpreendente é que Ulisses não
tapou com cera os próprios ouvidos − ele quis ouvir. Quando chegou a hora,
Ulisses foi seduzido pelas sereias e fez de tudo para convencer os tripulantes a
deixarem-no livre para ir juntar-se a elas. Seus subordinados, contudo,
cumpriram fielmente a ordem de não soltá-lo até que estivessem longe da zona
de perigo.
Orfeu escapou das sereias como divindade; Ulisses, como mortal. Ao se
aproximar das sereias, a escolha diante do herói era clara: a falsa promessa de
gratificação imediata, de um lado, e o bem permanente do seu projeto de vida
− prosseguir viagem, retornar a Ítaca, reconquistar Penélope −, do outro. A
verdadeira vitória de Ulisses foi contra ele mesmo. Foi contra a fraqueza, o
oportunismo suicida e a surdez delirante que ele soube reconhecer em sua
própria alma.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Autoengano. São Paulo, Cia. das Letras,
1997. Formato e-BOOK)
b) lisura.
c) observação.
d) condescendência.
e) intolerância.
ganhar o aspecto de uma qualidade natural. O que se espera é que sempre haja
quem não confunda um manequim vazio com uma cabeça com cérebro dentro.
(Diógenes Lampeiro, inédito)
Já a primeira metade da década de 1960 foi marcada pelo encontro entre a vida
cultural e a luta pelas Reformas de Base. Já não se tratava mais de buscar
apenas uma expressão moderna, mas de pontuar os dilemas brasileiros e
denunciar o subdesenvolvimento do país. Organizava-se, assim, a cultura
engajada de esquerda, em torno do Movimento de Cultura Popular do Recife e
do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE), num
processo que culminaria no Cinema Novo e na canção engajada, base da
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b) advinda.
c) proveniente.
d) originária.
e) oriunda.
e) I e II.
Seis anos antes (1939), a invasão da Polônia pela Alemanha hitlerista − e logo
depois pela Rússia soviética − empurrou a guerra para dentro da minha casa
através dos jornais e do rádio: as vidas da minha avó paterna, tios, tias, primos
e primas dos dois lados corriam perigo. Em 1941, quando a Alemanha rompeu
o pacto com a URSS e a invadiu com fulminantes ataques, inclusive à Ucrânia,
instalou-se a certeza: foram todos exterminados.
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Dentro dos xópis você pode lamentar a padronização de lojas e grifes, que são
as mesmas em todos, e a sensação de estar num ambiente artificial, longe do
mundo real, mas não pode deixar de reconhecer que, se a americanização do
planeta teve seu lado bom, foi a criação desses bazares modernos, estes centros
de conveniência com que o Primeiro Mundo – ou pelo menos uma ilusão de
Primeiro Mundo – se espraia pelo mundo todo. Os xópis não são exclusivos,
qualquer um pode entrar num xópi nem que seja só para fugir do calor ou flanar
entre as suas vitrines, mas a apreensão causada por essas manifestações de
massa nas suas calçadas protegidas, os rolezinhos, soa como privilégio
ameaçado. De um jeito ou de outro, a invasão planejada de xópis tem algo de
dessacralização. É a rua se infiltrando no falso Primeiro Mundo. A perigosa rua,
que vai acabar estragando a ilusão.
As invasões podem ser passageiras ou podem descambar para violência e
saques. Você pode considerar que elas são contra tudo que os templos de
consumo representam ou pode vê-las como o ataque de outra civilização à
parte, a da irmandade da internet, à civilização dos xópis. No caso seria o
choque de duas potências parecidas, na medida em que as duas pertencem a
um primeiro mundo de mentira que não tem muito a ver com a nossa realidade.
O difícil seria escolher para qual das duas torcer. Eu ficaria com a mentira dos
xópis.
(Veríssimo, O Globo, 26012014.)
Ao dizer que os shoppings são “cidades”, o autor do texto faz uso de um tipo de
linguagem figurada denominada
a) metonímia.
b) eufemismo.
c) hipérbole.
d) metáfora.
e) catacrese.
Filosofia de borracharia
O borracheiro coçou a desmatada cabeça e proferiu a sentença tranquilizadora:
nenhum problema com o nosso pneu, aliás quase tão calvo quanto ele. Estava
apenas um bocado murcho.
− Camminando si sgonfia* − explicou o camarada, com um sorriso de
pouquíssimos dentes e enorme simpatia.
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“Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem‐se dito
que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais que têm
sido experimentadas de tempos em tempos”.
A estratégia estrutural na formulação desse pensamento de Churchill apela para
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a) a intertextualidade.
b) a polissemia.
c) a ironia.
d) a antítese.
e) o pleonasmo.
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Com Usina esgotou o assunto. Sem se repetir, não poderia continuar a estudar
o mesmo tema.
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c) com Pureza, ainda era visto e reconhecido como um escritor voltado para um
único tema − a vida no Nordeste dos engenhos de açúcar e sua transformação
em usinas.
d) somente deveria mudar os temas trabalhados em seus romances quando
todos os aspectos regionais − especialmente a natureza da região nordestina –
tivessem sido abordados.
e) já havia abordado todas as facetas do seu mundo particular − o engenho e
a produção do açúcar − e se tornaria monótono e enfadonho caso continuasse
a explorar esses temas.
ouve ou a quem diz; mas por que, por que, essa dificuldade? Será falta de
generosidade? Inveja? Inibição? Há quanto tempo ninguém diz que você está
linda ou que tem olhos lindos, como ouvia quando criança? Nem mesmo quando
um homem está paquerando uma mulher ele costuma fazer um elogio, só
alguns, mais tarde, num momento de intimidade e quando é uma bobagem,
como “você tem um pezinho lindo”. Mas sentar numa mesa para jantar pela
primeira vez, só os dois, e dizer, com naturalidade, “que olhos lindos você tem”,
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é difícil de acontecer. Notar alguma coisa de errado é fácil; não se diz a ninguém
que ele tem o nariz torto, mas, se for alguém que estiver em outra mesa, o
comentário é espontâneo e inevitável. Podemos ouvir que a alça do sutiã está
aparecendo ou que o rímel escorreu, mas há quanto tempo você não ouve de
um homem que tem braços lindos? A não ser que você seja modelo ou miss e
aí é uma obrigação elogiar todas as partes do seu corpo, os homens não elogiam
mais as mulheres, aliás, ninguém elogia ninguém. E é tão bom receber um
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elogio; o da amiga que diz que você está um arraso já é ótimo, mas, de uma
pessoa que você acabou de conhecer e que talvez não veja nunca mais, aquele
elogio espontâneo e sincero, é das melhores coisas da vida.
Fique atenta; quando chegar a um lugar e conhecer pessoas novas, alguma
coisa de alguma delas vai chamar a sua atenção e sua tendência será, como
sempre, ficar calada. Pois não fique. Faça um pequeno esforço e diga alguma
coisa que você notou e gostou; o quanto a achou simpática, como parece
tranquila, como seu anel é lindo, qualquer coisa. Todas as pessoas do mundo
têm alguma coisa de bom e bonito, nem que seja a expressão do olhar, e ouvir
isso, sobretudo de alguém que nunca se viu, é sempre muito bom.
Existe gente que faz disso uma profissão, e passa a vida elogiando os outros,
mas não é delas que estamos falando. Só vale se for de verdade, e se você
começar a se exercitar nesse jogo e, com sinceridade, elogiar o que merece ser
elogiado, irá espalhando alegrias e prazeres por onde passar, que fatalmente
reverterão para você mesma, porque a vida costuma ser assim.
Apesar de a vida ter me mostrado que nem sempre é assim, continuo
acreditando no que aprendi na infância, e isso me faz muito bem.
(disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0611200502.htm)
O texto é uma crônica em que a autora defende seu posicionamento em relação
a um tema. Pode ser entendida como sua tese a seguinte ideia:
a) É preciso fazer elogios com mais frequência.
b) As pessoas conseguem elogiar as crianças, mas não os adultos.
c) É mais fácil perceber o que há de errado do que o que há de bom.
d) A necessidade de conhecer pessoas novas e elogiá-las.
quando confiar é mais perigoso e mais difícil, parece-me valer a pena. Falo da
confiança marcada pela positividade, pela esperança, pelo crédito, não pela
mera credulidade. Mesmo quando o confiante se vê malogrado, a confiança terá
valido o tempo que durou, a qualidade da aposta que perdeu. O desconfiado
pode até contar vantagem, cantando alto: − Eu não falei? Mas ao dizer isso,
com os pés chumbados no chão da cautela temerosa, o desconfiado lembra
apenas a estátua do navegante que foi ao mar e voltou consagrado. As estátuas,
como se sabe, não viajam nunca, apenas podem celebrar os grandes e ousados
descobridores.
“Confiar, desconfiando” é outra pérola do senso comum. Não gosto dessa
orientação conciliatória, que manda ganhar abraçando ambas as opções. Confie,
quando for esse o verdadeiro e radical desafio.
(Ascendino Salles, inédito)
tanto a cautela como a usura. Mas eu acho que desconfiar custa, sim, e às vezes
custa demais. A desconfiança costuma ficar bem no meio do caminho da
aventura, da iniciativa, da descoberta, atravancando a passagem e impedindo
− quem sabe? – uma experiência essencial.
Por desconfiar deixamos de arriscar, permitindo que a prudência nos imobilize;
por cautela, calamo-nos, não damos o passo, desviamos o olhar. Depois,
ficamos ruminando sobre o que teremos perdido, por não ousar.
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O senso comum também diz que é melhor nos arrependermos do que fizemos
do que lamentarmos o que deixamos de fazer. Como se vê, a sabedoria popular
também hesita, e se contradiz. Mas nesse capítulo da desconfiança eu arrisco:
quando confiar é mais perigoso e mais difícil, parece-me valer a pena. Falo da
confiança marcada pela positividade, pela esperança, pelo crédito, não pela
mera credulidade. Mesmo quando o confiante se vê malogrado, a confiança terá
valido o tempo que durou, a qualidade da aposta que perdeu. O desconfiado
pode até contar vantagem, cantando alto: − Eu não falei? Mas ao dizer isso,
com os pés chumbados no chão da cautela temerosa, o desconfiado lembra
apenas a estátua do navegante que foi ao mar e voltou consagrado. As estátuas,
como se sabe, não viajam nunca, apenas podem celebrar os grandes e ousados
descobridores.
“Confiar, desconfiando” é outra pérola do senso comum. Não gosto dessa
orientação conciliatória, que manda ganhar abraçando ambas as opções. Confie,
quando for esse o verdadeiro e radical desafio.
(Ascendino Salles, inédito)
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) II, apenas.
e) III, apenas.
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Também não tem nada a ver com caráter. Gente-casa não é necessariamente
melhor do que gente-apartamento. A casa que alguns têm por dentro pode estar
abandonada, a pessoa pode ser apenas uma fachada para uma armadilha ou
um bordel. Já uma pessoa-apartamento pode ter um interior simples mas bem
ajeitado e agradável. É muito melhor conviver com um dois quartos, sala,
cozinha e dependências do que com um labirinto.
Algumas pessoas não são apenas casas. São mansões. Com sótão e porão e
tudo que eles comportam, inclusive baús antigos, fantasmas e alguns ratos. É
fascinante quando alguém que você não imaginava ser mais do que um
apartamento com, vá lá, uma suíte, de repente se revela um sobrado com pátio
interno, adega e solário. É sempre arriscado prejulgar: você pode começar um
relacionamento com alguém pensando que é um quarto-e-sala conjugado e se
descobrir perdido em corredores escuros, e quando abre a porta, dá no quarto
de uma tia louca. Pensando bem, todo mundo tem uma casa por dentro, ou no
mínimo, bem lá no fundo, um porão. Ninguém é simples. Tudo, afinal, é só a
ponta de um iceberg (salvo ponta de iceberg, que pode ser outra coisa) e muitas
vezes quem aparenta ser apenas uma cobertura funcional com qrt. sal. lavab.
e coz. só está escondendo suas masmorras.
(VERÍSSIMO, Luis Fernando.O Melhor das Comédias da Vida Privada. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2004)
O autor começa seu texto estabelecendo uma distinção entre dois tipos de
pessoas: “gente-casa” e “gente-apartamento”.
Sobre tais rótulos, considerando o primeiro parágrafo, é incorreto afirmar que:
a) não têm a ver com o tamanho da pessoa, nem com o caráter.
b) relacionam-se com o interior do indivíduo.
c) a “fachada” pode apresentar uma falsa ideia do real.
d) há, necessariamente, uma hierarquia entre eles.
pessoas pequenas que você sabe, só de olhar, que dentro têm dois pisos e
escadaria, e pessoas grandes com um interior apertado, sala e quitinete.
Também não tem nada a ver com caráter. Gente-casa não é necessariamente
melhor do que gente-apartamento. A casa que alguns têm por dentro pode estar
abandonada, a pessoa pode ser apenas uma fachada para uma armadilha ou
um bordel. Já uma pessoa-apartamento pode ter um interior simples mas bem
ajeitado e agradável. É muito melhor conviver com um dois quartos, sala,
cozinha e dependências do que com um labirinto.
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Algumas pessoas não são apenas casas. São mansões. Com sótão e porão e
tudo que eles comportam, inclusive baús antigos, fantasmas e alguns ratos. É
fascinante quando alguém que você não imaginava ser mais do que um
apartamento com, vá lá, uma suíte, de repente se revela um sobrado com pátio
interno, adega e solário. É sempre arriscado prejulgar: você pode começar um
relacionamento com alguém pensando que é um quarto-e-sala conjugado e se
descobrir perdido em corredores escuros, e quando abre a porta, dá no quarto
de uma tia louca. Pensando bem, todo mundo tem uma casa por dentro, ou no
mínimo, bem lá no fundo, um porão. Ninguém é simples. Tudo, afinal, é só a
ponta de um iceberg (salvo ponta de iceberg, que pode ser outra coisa) e muitas
vezes quem aparenta ser apenas uma cobertura funcional com qrt. sal. lavab.
e coz. só está escondendo suas masmorras.
(VERÍSSIMO, Luis Fernando.O Melhor das Comédias da Vida Privada. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2004)
Para construir seu texto, o autor fez uso recorrente de uma importante figura
de linguagem. Trata-se da:
a) metáfora.
b) comparação.
c) personificação.
d) metonímia.
vida afora continua a mexer com as palavras. Para diante delas, estranha esta,
questiona aquela. O menino de Cortázar, que devia ser ele mesmo, virava a
palavra pelo avesso e se encantava. Saber que a leitura pode ser feita de trás
para diante é uma aventura.
E às vezes dá certo. No conto “Satarsa”, a palavra é ROMA. Lida ao contrário,
também faz sentido. Deixa de ser ROMA e vira AMOR. Para o leitor adulto e
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apressado, isso pode ser uma bobagem. Para o menino é uma descoberta
fascinante. Olhos curiosos, o menino vê a partir daí que o mundo pode ser
arrumado de várias maneiras. Não só o mundo das palavras. É a partir dessa
possibilidade de mudar que o mundo se renova. E melhora.
Ou piora. Não teria graça se só melhorasse. O risco de piorar é fundamental na
aventura humana. Mas estou me afastando da história do Cortázar. E sobretudo
do que pretendo dizer. Ou pretendia. No embalo das palavras, vou me deixando
arrastar de brincadeira, como o menino do conto. Um dia ele encontrou esta
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b) II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, apenas.
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7 - Gabarito
1 C 7 C 13 D 19 B 25 C
2 E 8 A 14 A 20 C 26 E
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3 D 9 B 15 D 21 B 27 D
4 C 10 C 16 B 22 A 28 A
5 E 11 B 17 E 23 E 29 D
6 D 12 D 18 D 24 A 30 D
8 – Referencial Bibliográfico
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