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Aula 10 – Texto
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Teoria e Questões Comentadas
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Aula 10 – Texto

Olá amigos!
Espero que estejam todos bem e em um bom pique de estudos.
Nesta aula abordaremos aspectos relacionados à interpretação textual. É
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um assunto em que não há muita teoria, mas que exige bastante prática.
Boa aula!!!

Sumário
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1 – Interpretação Textual ........................................................................ 3


2 – Tipologia Textual ............................................................................... 3
3 - Gêneros Textuais ............................................................................... 8
4 - Recursos Linguísticos ......................................................................... 9
5 - Questões Comentadas ...................................................................... 14
6 - Lista de Exercícios ........................................................................... 59
7 - Gabarito ......................................................................................... 92
8 – Referencial Bibliográfico ................................................................... 92

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1 – Interpretação Textual

Para interpretarmos corretamente um texto, precisamos identificar nele


dois pontos principais:

1 - Qual a ideia central?


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2 - Qual sua intenção?

A partir da identificação desses dois elementos, fica bem mais fácil


respondermos as perguntas sobre o texto. Muitas das vezes, a afirmativa feita
pela banca entra em contradição com esses dois pontos centrais, portanto já
sabemos que se trata de uma assertiva incorreta.
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Algo que devemos ter muito cuidado é para não nos empolgarmos e
EXTRAPOLAR as informações fornecidas pelo texto, pois certamente
estaremos nos deixando levar pela nossa criatividade, que nesse momento é
algo perigoso.
De forma análoga, o cuidado também é necessário para não DIMINUIR
o sentido de algo expresso no texto. Portanto, sejamos JUSTOS, nem mais e
nem menos, aqui a precisão é essencial. Para isso devemos praticar o máximo
possível, seja resolvendo questões de interpretação, seja lendo livros, revistas,
jornais ou mesmo notícias na internet.
Não esqueça de, sempre que ler um texto, procurar identificar o seu
TEMA CENTRAL e a sua INTENÇÃO.
Mais adiante nesta aula, veremos alguns conceitos importantes que muito
nos podem auxiliar nesse assunto, portanto o conselho também vale para os
assuntos que vêm a seguir.

2 – Tipologia Textual

Os tipos textuais são constituídos por diferentes características próprias


e peculiares que os diferenciam. São eles:

Narrativos

Descritivos

Instrucionais

Dissertativos

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Vamos ver as principais características de cada um deles. Certamente você já


conhece todos eles, ainda que não ligue o tipo ao nome.

Textos NARRATIVOS
São utilizados para contar ou narrar estórias ou histórias, fatos e
acontecimentos.
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Têm sempre um narrador que pode ser na primeira pessoa (narrador


personagem) ou na terceira (narrador observador).
Por consequência temos sempre a presença de AÇÃO, de PESONAGENS
e por vezes de discurso direto ou indireto.
São exemplos de textos narrativos: contos, fábulas, romances, lendas,
ficções, textos jornalísticos de notícias, biografias, quadrinhos e etc.
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Exemplo:
"Dizem por ai, mas não tenho certeza, que meu sorriso fica mais feliz quando
te vejo, dizem também que meus olhos brilham, dizem também que é amor,
mas isso sim é certeza."
(Dom Casmurro, Machado de Assis)

Textos DESCRITIVOS
Servem para descrever lugares ou ambientes, pessoas, momentos,
objetos e etc.
Normalmente, são utilizados dentro de um texto narrativo e
caracterizam-se pela ampla utilização de adjetivos, comparações e recursos
linguísticos (metáforas, sinestesia e etc) para que possamos “visualizar” algo
que está sendo descrito ou até mesmo nos “transportarmos” para um
determinado lugar ou um determinado momento.
Exemplo:
“A minha alegria acordava a dele, e o céu estava tão azul, e o ar tão claro, que
a natureza parecia rir também conosco. São assim as boas horas deste mundo.”
(Dom Casmurro, Machado de Assis)

Textos INSTRUCIONAIS
São utilizados para transmitir ORIENTAÇÕES ou INSTRUÇÕES ao
interlocutor.
É característico deste tipo o uso dos verbos no modo imperativo,
linguagem direta e objetiva, sem uso de argumentações.

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São classificados com INJUNTIVOS quando visam meramente transmitir


orientações ou instruções como em bulas de remédio, manuais de
instrução, receitas culinárias.
Quando possuem caráter COERCITIVO (de obrigar a fazer ou não-fazer),
são chamados de PRESCRITIVOS.
Exemplos de textos prescritivos são as leis, decretos e atos
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normativos em geral.

Textos DISSERTATIVOS
Certamente este é o tipo mais trabalhado em provas de concursos, sejam
elas, objetivas ou subjetivas.
Estes são aqueles mesmos textos que cansávamos de escrever na época
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de vestibular, que consistem em uma introdução do tema, um


desenvolvimento (exposição ou argumentação) e uma conclusão.
Os textos dissertativos devem apresentar uma linguagem impessoal
(normalmente na 3ª pessoa), objetiva e dentro do padrão culto da língua
Portuguesa.
Podemos subdividi-lo em dois subtipos:
 os textos dissertativos EXPOSITIVOS e
 os textos dissertativos ARGUMENTATIVOS.

Os textos expositivos são utilizados para exposição de um assunto sem


a preocupação de convencer o leitor de determinada opinião, portanto são
IMPARCIAIS, não cabendo impressões pessoais ou pontos de vistas do autor.
Exemplos desses textos são as aulas, seminários, matérias jornalísticas
informativas.
Já os textos argumentativos, são escritos com a intenção de levar o
leitor a concordar com o ponto de vista do autor por meio de uma
argumentação consistente por ele apresentada.
Normalmente são utilizadas comparações, estatísticas, opiniões de
autoridades no assunto, fatos e etc.

1) CESPE/PT/PM CE/2014
Mundo animal
No morro atrás de onde eu moro vivem alguns urubus. Eles decolam juntos,
cerca de dez, e aproveitam as correntes ascendentes para alcançar as nuvens

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sobre a Lagoa Rodrigo de Freitas. Depois, planam de volta, dando rasantes na


varanda de casa. O grupo dorme na copa das árvores e lembra o dos carcarás
do Mogli. Às vezes, eles costumam pegar sol no terraço. Sempre que dou de
cara com um, trato-o com respeito. O urubu é um pássaro grande, feio e mal-
encarado, mas é da paz. Ele não ataca e só vai embora se alguém o afugenta
com gritos.
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Recentemente, notei que um bem-te-vi aparecia todos os dias de manhã para


roubar a palha da palmeira do jardim. De vez em quando, trazia a senhora para
ajudar no ninho. Comecei a colocar pão na mesa de fora, e eles se habituaram
a tomar o café conosco. Agora, quando não encontram o repasto, cantam,
reclamando do atraso.
Um outro casal descobriu o banquete, não sei a que gênero esses dois
pertencem. A cor é um verde-escuro brilhante, o tamanho é menor do que o do
bem-te-vi e o Pavarotti da dupla é o macho.
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A ideia de prender um passarinho na gaiola, por mais que ele se acostume com
o dono, é muito triste. Comprei um periquito, uma vez, criado em cárcere
privado, e o soltei na sala. Achei que ele ia gostar de ter espaço. Saí para
trabalhar e, quando voltei, o pobre estava morto atrás da poltrona. Ele tentou
sair e morreu dando cabeçadas no vidro. Carrego a culpa até hoje. De boas
intenções o inferno está cheio.
O Rio de Janeiro existe entre lá e cá, entre o asfalto e a mata atlântica, mas a
fauna daqui é mais delicada do que a africana e a indiana. Quem tem janela
perto do verde conhece bem o que é conviver com os micos. Nos meus tempos
de São Conrado, eu costumava acordar com um monte deles esperando a boia.
Foi a primeira vez que experimentei cativar espécies não domesticadas.
Lanço aqui a campanha: crie vínculos com um curió, uma paca ou um
formigueiro que seja. Eles são fiéis e conectam você com a mãe natureza.
Experimente, ponha um pãozinho no parapeito e veja se alguém aparece.
Fernanda Torres. In: Veja Rio, 2/12/2012 (com adaptações).
Com relação às ideias e às suas estruturas linguísticas do texto apresentado,
julgue o item a seguir.
Os dois primeiros parágrafos do texto são predominantemente narrativos.
Certo
Errado
Comentários:
Repare os elementos que encontramos no trecho citado:
CENÁRIO: No morro atrás onde eu moro;
PERSONAGENS: os urubus e um bem-te-vi;

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AÇÃO: os urubus vivem, decolam, planam, dormem, pegam sol e etc. “comecei
a colocar pão na mesa”
NARRADOR: “No morro atrás de onde eu moro...”
ENREDO: engloba todo o fato narrado nos dois parágrafos.
Veja que tudo isso acima são elementos de uma narração, que nada mais é
do que contar um fato ou acontecimento, uma estória ou a história de algo ou
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de alguém.
Gabarito: Certo

2) CESPE/AnaTA/SUFRAMA/SUFRAMA/Geral/2014
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A capital do Amazonas foi, talvez, a cidade que mais conheceu a riqueza, os


encantos e o glamour do primeiro mundo no Brasil. A seus rios e florestas foram
somados o ouro e a sofisticação importada da Europa.
Localizada à margem esquerda do rio Negro, Manaus originou-se de um
pequeno arraial formado em torno da fortaleza de São José do Rio Negro, criada
em 1669, para guarnecer a região de possíveis investidas dos inimigos. Erguida
à base de pedra e barro, a construção foi chamada de Forte de São João da
Barra do Rio Negro.
No princípio do século XIX, em 1833, o arraial foi elevado à categoria de vila
com o nome de Manaós, em homenagem à tribo de mesma denominação, que
se recusava a ser dominada pelos portugueses e se negava ser mão de obra
escrava. Quando recebeu o título de cidade, em 24 de outubro de 1848, era um
pequeno aglomerado urbano, com cerca de 3 mil habitantes, uma praça, 16
ruas e quase 250 casas.
O apogeu da capital do Amazonas aconteceu com a “descoberta” do látex por
estrangeiros. Apoiada na revolução financeira e econômica proporcionada pela
borracha, a antiga Manaus passou a ser, por muito tempo, a cidade mais rica
do país.
Internet: <www.amazonas.am.gov.br> (com adaptações).
No que se refere a elementos textuais e linguísticos do texto acima, julgue o
item que se segue.
O texto acima, que trata da origem da cidade de Manaus, é de natureza
eminentemente descritiva.
Certo
Errado
Comentários:

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O texto acima é um exemplo de um texto dissertativo expositivo ou mesmo


informativo.
Ele conta a história de Manaus desde a sua origem até o seu apogeu.
Porém não o confunda com um texto narrativo, pois você não vai encontrar
elementos como um ENREDO, dotado de apresentação, desenvolvimento,
clímax e desfecho ou mesmo PERSONAGENS.
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Os textos expositivos são utilizados para exposição de um assunto sem


a preocupação de convencer o leitor de determinada opinião, portanto são
IMPARCIAIS, não cabendo impressões pessoais ou pontos de vistas do autor.
Exemplos desses textos são as aulas, seminários, matérias jornalísticas
informativas.
Gabarito: Errado
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3 - Gêneros Textuais

De acordo com a nossa necessidade de comunicação, a finalidade


pretendida para aquele texto nos faz escolher entre os diversos gêneros textuais
existentes. Por exemplos, se a comunicação é pessoal e direcionada a uma
determinada pessoa, podemos escrever uma carta ou um e-mail. Se queremos
contar a história da vida de uma pessoa, escrevemos uma biografia por aí vai.
Grande parte dos gêneros textuais são nossos velhos conhecidos. Desde
crianças, já escutamos contos, lendas, fábulas e à medida que vamos crescendo
passamos a ler os romances, ficções, artigos científicos, textos jornalísticos e
etc. Para entrarmos nos pormenores de cada gênero textual, teríamos que fazer
um curso de literatura, o que não é o nosso objetivo neste momento. Assim,
vamos fazer uma lista exemplificativa de alguns dos gêneros textuais
existentes.
 Romance
 Ficção
 Conto
 Lenda
 Fábula
 Poema
 Artigo de opinião
 Reportagem
 Notícia
 Crônica
 Receita culinária
 Lista de compras
 Curriculum vitae

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 Telefonema
 Aula expositiva
 Debate
 Seminário
 Conferência
 E-mail
 Carta
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 Diário
 Relato de viagem
 Biografia
 Piada
 Relatório
 Resumo
 Resenha
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 Ofício
 Memorando
 Lei
 Decreto
 Instrução Normativa
 Portaria

4 - Recursos Linguísticos

Vamos conhecer alguns recursos linguísticos utilizados na produção de


textos, cujos conceitos podem ser necessários para a resolução de determinada
questão, ou mesmo nos auxiliarem a chegar a uma melhor compreensão da
peça textual.

DENOTAÇÃO
•Quando uma palavra é utilizada no seu sentido
ou próprio ou literal.
SENTIDO •Ex. O leão é uma fera selvagem.
DENOTATIVO

CONOTAÇÃO
•Quando uma palavra é utilizada em sentido
ou figurado.
SENTIDO •Ex. Minha esposa ficou uma fera.
CONOTATIVO

•Figura de linguagem utilizada para fazer uma


METÁFORA comparação utilizando-se de uma conotação.
•Ex. Ela é um anjo, de nada reclama.

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•Não confundir a comparação com a metáfora.


COMPARAÇÃO •Ex. Ela é meiga como um anjo, de nada
reclama.

OBS. Repare que na COMPARAÇÃO existe a presença de termos comparativos:


como, tal como, tal qual e etc.
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PROSOPOPEIA •Quando se atribui características humanas a


OU seres inanimados.
PERSONIFICAÇÃO •Ex. As pedras vão cantar. Chora viola!
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•Quando utiliza-se uma palavra no lugar de


outra de sentido próximo, relacionado.
•Ex. Ela gosta de ler Paulo Coelho. (os livros
METONÍMIA
escritos por Paulo Coelho)
•Ex. Bebeu um copo de água. (a água que estava
dentro do copo)

•É um recurso de linguagem utilizado para


suavizar ou amenizar determinadas expressões.
EUFEMISMO
•Ex. Ele faltou com a verdade. = Ele mentiu.
•Ele foi para o além. = Ele morreu.

•É um recurso utilizado com o objetivo de


expressar exagero.
HIPÉRBOLE
•Ex. Estou morrendo de fome!
•Já repeti isso mil vezes.

•É um tipo de metáfora que passou a ser utilizada


como linguagem usual.
CATACRESE
•Ex. Pé da mesa, batata da perna, maçã do rosto,
dente de alho, asa da xícara.

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•É o que conhecemos por duplo sentido.


AMBIGUIDADE
•Ex. A cachorra da sogra dele ficou doente.

OBS. A ambiguidade é um recurso muito utilizado para causar efeitos


humorísticos. Deve ser ferrenhamente evitada em textos mais formais e,
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principalmente, quando tratar-se de documentos oficiais.

•É uma figura que surge do contraste de


ANTÍTESE opostos.
•Ex."Não existiria som se não houvesse o silêncio."
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•Quando dizemos algo oposto ao que realmente é,


com intuito de criticar, ridicularizar ou satirizar
IRONIA algo.
•Ex. Você está cheiroso como um gambá.

•Quando substituímos um nome por uma


característica ou fato marcante a ele
PERÍFRASE relacionados.
•Ex. Fomos ao show do Rei. (= Roberto Carlos)
•Nasceu na Veneza Brasileira. (= Recife)

•Mistura de percepções sensoriais.


SINESTESIA •Ex. Seu olhar era quente como brasa. (as
percepções visual e térmica se misturam)

•Quando há duas ideias com estruturas idênticas


•Ex. Gosto de trabalhar e de estudar.
PARALELISMO
•Ex. Todos os dias, ela ensina crianças e come
muito chocolate.

OBS. O primeiro exemplo é um caso de paralelismo SEMÂNTICO. Note que


“estudar” e “trabalhar” possuem uma ligação semântica, pois são atividade
de caráter intelectual que têm uma relação entre si.

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Já o segundo exemplo apresenta um caso simplório de paralelismo


SINTÁTICO, pois ensinar crianças e comer chocolates não têm uma ligação
semântica evidente. Porém, evita-se escrever duas frases repetindo-se a
mesma estrutura: Todos os dias ela ensina crianças. Todos os dias ela come
chocolate.
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•Quando um texto está inserido em


outro de maneira direta ou indireta.
INTERTEXTUALIDADE
•São exemplos de intertextualidade a
CITAÇÃO, a PARÁFRASE e a PARÓDIA.
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•É quando mencionamos em nosso texto conteúdo


originário de obra de outro autor. As citações
CITAÇÃO
devem ser acompanhadas da devida referência à
obra e ao autor originais.

•É quando escreve-se um texto, tomando um outro


PARÁFRASE
como base.

Exemplo:
Canção do Exílio
(Gonçalves Dias)
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá
(...)

Canto de Regresso à Pátria


(Oswald de Andrade)
Minha terra tem palmares,
Onde gorjeia o mar;
Os passarinhos daqui,

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Não cantam como os de lá


(...)

•Quando escreve-se uma obra similar à original,


PARÓDIA
porém, normalmente com um sentido cômico.
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•É uma dedução LÓGICA que podemos fazer com


INFERÊNCIA
segurança a partir das informações apresentadas.
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OBS. Não confundir inferência com elucubração. A inferência é algo


logicamente dedutível a partir do texto e não algo acrescentado pela
criatividade do leitor.

•É uma informação implícita no texto que


podemos inferir com segurança, pois há
PRESSUPOSTO informações suficientes para isso.
•Ex. Pedro deixou de fumar. (pressuposto: Pedro
fumava)

•Semelhante ao pressuposto, também é uma


informação implícita. Porém, há de se tomar
muito cuidado com eles, pois não há
garantias que sejam verdadeiros, são
hipóteses.
SUBENTENDIDO
•Ex. Ela disse: Aqui está muito quente!
(subentendido: ela quer que abra as janela, que
ligue um ventilador ou ar condicionado; ela
quer tomar um banho de piscina; ela quer tirar
as roupas e etc.)

OBS. Repare que o subentendido vai de encontro ao que falamos


anteriormente: CUIDADO para não EXTRAPOLAR o sentido do texto!!!

•É uma redundância, que pode ser um vício ou


uma figura de linguagem, dependendo da maneira
PLEONASMO como for utilizado.
•Ex. Todos saíram para fora. (vício de linguagem)
•Eu canto o meu canto de paz. (figura de
linguagem)

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5 - Questões Comentadas

3) FCC/AJ/TRE SP/Administrativa/"Sem Especialidade"/2017


Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
Sandberg, que mudou totalmente o conceito espectador/obra de arte com o seu
trabalho de duas décadas no Museu Stedelijk, de Amsterdã, iniciou sua palestra
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elogiando a arquitetura do nosso MAM-RJ que, segundo ele, segue a sua teoria
de que o público deve ver a obra de arte de frente e não de lado, como acontece
até agora com o museu convencional de quatro paredes. O ideal, disse ele, é
que as paredes do museu sejam de vidro e que as obras estejam à mostra em
painéis no centro do recinto. O museu não é uma estrutura sagrada e quem o
frequenta deve permanecer em contato com a natureza do lado de fora:
“A finalidade do museu de arte contemporânea é nos ajudar a ter consciência
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da nossa própria época, manter um espelho na frente do espectador no qual ele


possa se reconhecer. Este critério nos leva também a mostrar a arte de todos
os tempos dentro do ambiente atual. Isso significa que devemos abolir o
mármore, o veludo, as colunas gregas, que são interpretações do século XIX.
Apenas a maior flexibilidade e simplicidade. A luz de cima é natural ao ar livre,
mas artificial ao interior. As telas são pintadas com luz lateral e devem ser
mostradas com luz lateral. A luz de cima nos permite encerrar o visitante entre
quatro paredes. Certos museólogos querem as quatro paredes para infligir o
maior número possível de pinturas aos pobres visitantes.
É de capital importância que o visitante possa caminhar em direção a um quadro
e não ao lado dele. Quando os quadros são apresentados nas quatro paredes,
o visitante tem de caminhar ao seu lado. Isso produz um efeito completamente
diferente, especialmente se não queremos que ele apenas olhe para o trabalho,
mas o veja. Isso é ainda mais verdadeiro em relação aos grandes museus de
arte contemporânea. Eles são grandes porque o artista moderno quer nos
envolver com o seu trabalho e deseja que entremos em sua obra. Ao organizar
o nosso museu, devemos ter consciência da mudança de mentalidade da nova
geração. Abolir todas as marcas do establishment: uniformes, cerimoniais,
formalismo. Quando eu era jovem, as pessoas entravam nos museus nas pontas
dos pés, não ousavam falar ou rir alto, apenas cochichavam.
Realmente não sabemos se os museus, especialmente os de arte
contemporânea, devem existir eternamente. Foram criados numa época em que
a sociedade não estava bastante interessada nos trabalhos de artistas vivos. O
ideal seria que a arte se integrasse outra vez na vida diária, saísse para as ruas,
entrasse nas casas e se tornasse uma necessidade. Esta deveria ser a principal
finalidade do museu: tornar-se supérfluo”.
(Adaptado de: BITTENCOURT, Francisco. “Os Museus na Encruzilhada” [1974],
em Arte-Dinamite, Rio de Janeiro, Editora Tamanduá, 2016, p. 73-75)

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Considerando-se o contexto, mantêm-se as relações de sentido e a correção


gramatical substituindo-se
a) supérfluo por “imprescindível” (4º parágrafo)
b) abolir por “libertar” (2º parágrafo)
c) encerrar por “terminar” (2º parágrafo)
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d) infligir por “impor” (2º parágrafo)


e) formalismo por “descompostura” (3º parágrafo)
Comentários:
Alternativa A – Incorreta – Supérfluo poderia ser substituído por PRESCIDÍVEL
(algo de que se pode abrir mão). O vocábulo “imprescindível” é justamente o
contrário.
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Alternativa B – Incorreta – O verbo ABOLIR significa BANIR, EXTINGUIR.


Quando se fala em abolir a escravatura, fala-se em acabar com a escravatura.
“Isso significa que devemos abolir o mármore, o veludo, as colunas gregas”
Alternativa C – Incorreta – O verbo ENCERRAR foi empregado com o sentido de
LIMITAR, PRENDER.
“A luz de cima nos permite encerrar o visitante entre quatro paredes.”
Alternativa D – Correta – INFLINGIR = IMPOR
Alternativa E – Incorreta – O autor menciona o termo “formalismo” no sentido
de excesso de formalidades, o que nada tem a ver com “descompostura”.
Gabarito: D

4) FCC/Ag OE/Pref Campinas/2016


Pechada
O apelido foi instantâneo. No primeiro dia de aula, o aluno novo já estava sendo
chamado de “Gaúcho”. Porque era gaúcho. Recém-chegado do Rio Grande do
Sul, com um sotaque carregado.
− Aí, Gaúcho!
− Fala, Gaúcho!
Perguntaram para a professora por que o Gaúcho falava diferente. A professora
explicou que cada região tinha seu idioma, mas que as diferenças não eram tão
grandes assim. Afinal, todos falavam português.
− Mas o Gaúcho fala “tu”! − disse o Jorge, que era quem mais implicava com o
novato.
− E fala certo − disse a professora. − Pode-se dizer “tu” e pode-se dizer “você”.
Os dois estão certos.

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O Jorge fez cara de quem não se entregara.


Um dia o Gaúcho chegou tarde na aula e explicou para a professora o que
acontecera.
− O pai atravessou a sinaleira e pechou.
− O quê?
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− O pai. Atravessou a sinaleira e pechou.


A professora sorriu. Depois achou que não era caso para sorrir. Afinal, o pai do
menino atravessara uma sinaleira e pechara.
Podia estar, naquele momento, em algum hospital. Gravemente pechado. Com
pedaços de sinaleira sendo retirados do seu corpo.
− O que foi que ele disse, tia? − quis saber o Jorge.
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− Que o pai dele atravessou uma sinaleira e pechou.


− E o que é isso?
− Gaúcho... Quer dizer, Rodrigo: explique para a classe o que aconteceu.
− Nós vinha...
− Nós vínhamos.
− Nós vínhamos de auto, o pai não viu a sinaleira fechada, passou no vermelho
e deu uma pechada noutro auto.
A professora varreu a classe com seu sorriso. Estava claro o que acontecera?
Ao mesmo tempo, procurava uma tradução para o relato do gaúcho. Não podia
admitir que não o entendera. Não com o Jorge rindo daquele jeito.
“Sinaleira”, obviamente, era sinal, semáforo. “Auto” era automóvel, carro. Mas
“pechar” o que era? Bater, claro. Mas de onde viera aquela estranha palavra?
Só muitos dias depois a professora descobriu que “pechar” vinha do espanhol e
queria dizer bater com o peito, e até lá teve que se esforçar para convencer o
Jorge de que era mesmo brasileiro o que falava o novato. Que já ganhara outro
apelido: Pechada.
− Aí, Pechada!
− Fala, Pechada!
(VERÍSSIMO, Luis Fernando. “Pechada”. Revista Nova Escola. São Paulo,
maio/2001. Disponível em:t thp://revistaescola.abril.com.br/fundamental-
1/pechada-634220.shtml)

Um termo empregado com sentido figurado está sublinhado em:


a) A professora sorriu.
b) Os dois estão certos.

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c) A professora varreu a classe com seu sorriso.


d) “Sinaleira”, obviamente, era sinal, semáforo.
e) Recém-chegado do Rio Grande do Sul, com um sotaque carregado.
Comentários:
Alternativa A – Incorreta – A frase possui sentido totalmente denotativo.
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

DENOTAÇÃO
•Quando uma palavra é utilizada no seu sentido
ou próprio ou literal.
SENTIDO •Ex. O leão é uma fera selvagem.
DENOTATIVO

Alternativa B – Incorreta – Novamente, temos uma denotação, pois o termo


“certo” foi utilizado em seu sentido literal.
Cópia registrada para Jefferson Fernandes (CPF: 332.370.208-50)

Alternativa C – Correta – Aqui, o autor utilizou uma figura de linguagem


chamada metáfora, portanto se trata de uma linguagem conotativa.

CONOTAÇÃO
•Quando uma palavra é utilizada em sentido
ou figurado.
SENTIDO •Ex. Minha esposa ficou uma fera.
CONOTATIVO

•Figura de linguagem utilizada para fazer uma


METÁFORA comparação utilizando-se de uma conotação.
•Ex. Ela é um anjo, de nada reclama.

Alternativa D – Incorreta – O termo “sinaleira” é apenas uma maneira regional


de chamar o substantivo semáforo, não se constituindo em figura de linguagem.
Alternativa E – Incorreta – O termo “sotaque” tem caráter denotativo e significa
as características da fala de determinada região.
Gabarito: C

5) FCC/Ag FRT/ARTESP/Técnico em Contabilidade -


Administração/2017
Atenção: Para responder à questão considere o texto abaixo.
Aplicativos para celular e outros avanços tecnológicos têm transformado as
formas de ir e vir da população e podem ser grandes aliados na melhoria da
mobilidade urbana.

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Segundo a União Internacional dos Transportes Públicos (UITP), simulações


feitas nas capitais de países da União Europeia mostram que a combinação de
transporte público de alta capacidade e o compartilhamento de carros e caronas
poderia remover até 65 de cada 100 carros nos horários de pico.
(Adaptado de: Aplicativos e tecnologia mudam a mobilidade urbana.
Disponível em: http://odia.ig.com.br)
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

A forma verbal poderia, no segundo parágrafo, atribui à expressão remover


até 65 de cada 100 carros nos horários de pico sentido
a) falacioso.
b) factual.
c) imperativo.
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d) conclusivo.
e) conjectural.
Comentários:
Alternativa A – Incorreta – Falácia significa uma mentira, o que não é o caso.
Alternativas B e C – Incorretas – O modo subjuntivo é sempre utilizado para
indicar possibilidades, hipóteses e não fatos. Estes são próprios do modo verbal
indicativo. Já o modo imperativo está relacionado a comandos, ordens e
pedidos.
Alternativa D – Incorreta – Ainda que o período esteja no final do texto, ele
traz informações de cunho argumentativo – dados de estudos – e não de cunho
conclusivo. Estas normalmente são introduzidas por conjunções conclusivas,
como: assim, dessa forma, portanto e etc.
Alternativa E – Correta – O texto traz uma informação de um estudo que
demonstra uma possibilidade, probabilidade ou mesmo uma conjectura.
Gabarito: E

6) FCC/AJ/TRT 24/Judiciária/Oficial de Justiça Avaliador


Federal/2017
A representação da “realidade” na imprensa
Parece ser um fato assentado, para muitos, que um jornal ou um telejornal
expresse a “realidade”. Folhear os cadernos de papel de ponta a ponta ou seguir
pacientemente todas as imagens do grande noticiário televisivo seriam
operações que atualizariam a cada dia nossa “compreensão do mundo”. Mas
esse pensamento, tão disseminado quanto ingênuo, não leva em conta a
questão da perspectiva pela qual se interpretam todas e quaisquer situações
focalizadas. Submetermo-nos à visada do jornalista que compôs a notícia, ou

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mesmo à do câmera que flagra uma situação (e que, aliás, tem suas tomadas
sob o controle de um editor de imagens), é desfazermo-nos da nossa própria
capacidade de análise, é renunciarmos à perspectiva de sujeitos da nossa
interpretação.
Tanto quanto os propalados e indiscutíveis “fatos”, as notícias em si mesmas,
com a forma acabada pela qual se veiculam, são parte do mundo: convém
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averiguar a quem interessa o contorno de uma análise política, o perfil criado


de uma personalidade, o sentido de um levante popular ou o alcance de uma
medida econômica. O leitor e o espectador atentos ao que leem ou veem não
têm o direito de colocar de lado seu senso crítico e tomar a notícia como espelho
fiel da “realidade”. Antes de julgarmos “real” o “fato” que já está interpretado
diante de nossos olhos, convém reconhecermos o ângulo pelo qual o fato se
apresenta como indiscutível e como se compõe, por palavras ou imagens, a
perspectiva pela qual uma bem particular “realidade” quer se impor para nós,
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dispensando-nos de discutir o ponto de vista pelo qual se construiu uma


informação.
(Tibério Gaspar, inédito)
Diante das informações que habitualmente nos oferecem os jornais e os
noticiários, devemos, segundo o autor do texto,
a) considerar como fatos efetivos apenas aqueles que ganham igual dimensão
em todos os veículos.
b) imaginar que os interesses existentes na divulgação dos fatos acabam por
destituí-los de importância.
c) interpretar as notícias de modo a excluir delas o que nos pareça mais
problemático ou inverossímil.
d) ponderar que tais informações são construídas a partir de um ponto de vista
necessariamente particular.
e) avaliar os fatos noticiados segundo o ângulo que melhor se afine com os
nossos valores pessoais.
Comentários:
Alternativa D – Correta – Nesse tipo de questão, prefiro deter-me na
interpretação da alternativa correta, que elucubrar sobre a inventividade da
banca.
Vejam bem, para esse tipo de questão, precisamos necessariamente ler o texto,
ok?
O tema central do texto é justamente o fato de não podermos tomar como
verdades uma notícia jornalística sem antes analisarmos criticamente, pois
ela retrata a visão de uma outra pessoa (ou pessoas) sobre determinado fato e
que pode também ser influenciada por diversos motivos ou interesses.

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“Antes de julgarmos “real” o “fato” que já está interpretado diante de nossos


olhos, convém reconhecermos o ângulo pelo qual o fato se apresenta como
indiscutível e como se compõe, por palavras ou imagens, a perspectiva pela
qual uma bem particular “realidade” quer se impor para nós”
Portanto, apenas a letra D traz uma afirmação condizente com aquilo que o
autor pretendeu transmitir em seu texto.
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Gabarito: D

7) FCC/AJ/TRE SP/Judiciária/2017
Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
Amizade
A amizade é um exercício de limites afetivos em permanente desejo de
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expansão. Por mais completa que pareça ser uma relação de amizade, ela vive
também do que lhe falta e da esperança de que um dia nada venha a faltar.
Com o tempo, aprendemos a esperar menos e a nos satisfazer com a finitude
dos sentimentos nossos e alheios, embora no fundo de nós ainda esperemos a
súbita novidade que o amigo saberá revelar. Sendo um exercício bem-sucedido
de tolerância e paciência – amplamente recompensadas, diga-se – a amizade é
também a ansiedade e a expectativa de descobrirmos em nós, por intermédio
do amigo, uma dimensão desconhecida do nosso ser.
Há quem julgue que cabe ao amigo reconhecer e estimular nossas melhores
qualidades. Mas por que não esperar que o valor maior da amizade está em ser
ela um necessário e fiel espelho de nossos defeitos? Não é preciso contar com
o amigo para conhecermos melhor nossas mais agudas imperfeições? Não cabe
ao amigo a sinceridade de quem aponta nossa falha, pela esperança de que
venhamos a corrigi-la? Se o nosso adversário aponta nossas faltas no tom
destrutivo de uma acusação, o amigo as identifica com lealdade, para que nos
compreendamos melhor.
Quando um amigo verdadeiro, por contingência da vida ou imposição da morte,
é afastado de nós, ficam dele, em nossa consciência, seus valores, seus juízos,
suas percepções. Perguntas como “O que diria ele sobre isso?” ou “O que faria
ele com isso?” passam a nos ocorrer: são perspectivas dele que se fixaram e
continuam a agir como um parâmetro vivo e importante. As marcas da amizade
não desaparecem com a ausência do amigo, nem se enfraquecem como
memórias pálidas: continuam a ser referências para o que fazemos e pensamos.
(CALÓGERAS, Bruno, inédito)

A frase inicial A amizade é um exercício de limites afetivos em permanente


desejo de expansão deixa ver, no contexto, que em uma relação entre amigos

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a) os sentimentos mútuos são restritos, devido à desconfiança que sempre


estamos a alimentar uns dos outros.
b) a afetividade é indispensável, embora alimentemos dentro de nós o desejo
de uma plena autossuficiência.
c) a afetividade é verdadeira, conquanto se estabeleça em contornos restritivos
que gostaríamos de ver eliminados.
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d) os sentimentos predominantes passam a ser indesejáveis quando se percebe


o quanto podem ser falsos.
e) a afetividade, aparentemente real, revela-se ilusória, diante dos modelos
ideais de afeto que conservamos do nosso passado.
Comentários:
Alternativa A – Incorreta – O autor não utiliza esse enfoque negativo de
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“desconfiança”, mas de limitação de cada um, inclusive de nós mesmos.


“Com o tempo, aprendemos a esperar menos e a nos satisfazer com a finitude
dos sentimentos nossos e alheios”
Alternativa B – Incorreta – O auto refere-se ao desejo de completude da
amizade e não da pessoa, o que vai em sentido oposto, pois significaria uma
vida solitária.
“Por mais completa que pareça ser uma relação de amizade, ela vive também
do que lhe falta e da esperança de que um dia nada venha a faltar.”
Alternativa C – Correta – Isso, mesmo verdadeira, a afetividade submete-se ao
limite de cada um.
Alternativas D e E – Incorretas – Essa abordagem negativa nada tem a ver
com o texto, que traz uma visão positiva da amizade.
“Se o nosso adversário aponta nossas faltas no tom destrutivo de uma acusação,
o amigo as identifica com lealdade, para que nos compreendamos melhor.”
Gabarito: C

8) FCC/TJ/TRF 3/Administrativa/"Sem Especialidade"/2014


Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
Texto I
O canto das sereias é uma imagem que remonta às mais luminosas fontes da
mitologia e da literatura gregas. As versões da fábula variam, mas o sentido
geral da trama é comum.
As sereias eram criaturas sobre-humanas. Ninfas de extraordinária beleza,
viviam sozinhas numa ilha do Mediterrâneo, mas tinham o dom de chamar a si
os navegantes, graças ao irresistível poder de sedução do seu canto. Atraídos
por aquela melodia divina, os navios batiam nos recifes submersos da beira-

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mar e naufragavam. As sereias então devoravam impiedosamente os


tripulantes.
Doce o caminho, amargo o fim. Como escapar com vida do canto das sereias?
A literatura grega registra duas soluções vitoriosas. Uma delas foi a saída
encontrada por Orfeu, o incomparável gênio da música e da poesia.
Quando a embarcação na qual ele navegava entrou inadvertidamente no raio
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de ação das sereias, ele conseguiu impedir a tripulação de perder a cabeça


tocando uma música ainda mais sublime do que aquela que vinha da ilha. O
navio atravessou incólume a zona de perigo.
A outra solução foi a de Ulisses. Sua principal arma para vencer as sereias foi o
reconhecimento franco e corajoso da sua fraqueza e da sua falibilidade − a
aceitação dos seus inescapáveis limites humanos.
Ulisses sabia que ele e seus homens não teriam firmeza para resistir ao apelo
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das sereias. Por isso, no momento em que a embarcação se aproximou da ilha,


mandou que todos os tripulantes tapassem os ouvidos com cera e ordenou que
o amarrassem ao mastro central do navio. O surpreendente é que Ulisses não
tapou com cera os próprios ouvidos − ele quis ouvir. Quando chegou a hora,
Ulisses foi seduzido pelas sereias e fez de tudo para convencer os tripulantes a
deixarem-no livre para ir juntar-se a elas. Seus subordinados, contudo,
cumpriram fielmente a ordem de não soltá-lo até que estivessem longe da zona
de perigo.
Orfeu escapou das sereias como divindade; Ulisses, como mortal. Ao se
aproximar das sereias, a escolha diante do herói era clara: a falsa promessa de
gratificação imediata, de um lado, e o bem permanente do seu projeto de vida
− prosseguir viagem, retornar a Ítaca, reconquistar Penélope −, do outro. A
verdadeira vitória de Ulisses foi contra ele mesmo. Foi contra a fraqueza, o
oportunismo suicida e a surdez delirante que ele soube reconhecer em sua
própria alma.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Autoengano. São Paulo, Cia. das Letras,
1997. Formato e-BOOK)

Depreende-se do texto que as sereias atingiam seus objetivos por meio de


a) dissimulação.
b) lisura.
c) observação.
d) condescendência.
e) intolerância.
Comentários:

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A questão é bem tranquila, abordando um pouco de interpretação textual e


semântica das palavras.
O segundo parágrafo responde com clareza à pergunta acima.
“As sereias eram criaturas sobre-humanas. Ninfas de extraordinária beleza,
viviam sozinhas numa ilha do Mediterrâneo, mas tinham o dom de chamar a si
os navegantes, graças ao irresistível poder de sedução do seu canto.
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Atraídos por aquela melodia divina, os navios batiam nos recifes submersos da
beira-mar e naufragavam. As sereias então devoravam impiedosamente os
tripulantes. “
O único termo cujo significado adequa-se à situação é “dissimulação”, que
acontece quando o objetivo principal (devorar os tripulantes) é dissimulado
ou encoberto por uma situação aparente (a beleza física e a sedução do
canto).
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Gabarito: A

9) FCC/Cons Leg/Cam Mun SP/Biblioteconomia/2014


Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
Celebridades
Todos sabemos qual é a atividade de um médico, de um engenheiro, de um
publicitário, de um torneiro mecânico, de um porteiro. Mas o que faz,
exatamente, uma celebridade − além de ser célebre? Vejam que não me refiro
a quem alcançou sucesso pela competência na função que exerce; falo das
celebridades que estão acima de um talento específico e se tornaram célebres
ninguém sabe exatamente por quê.
Ilustro isso com um caso contado pelo poeta Ferreira Gullar. Andando numa rua
do Rio de Janeiro, com sua inconfundível figura − magérrimo, rosto comprido e
longos cabelos prateados − foi avistado por um indivíduo embriagado que deve
tê-lo reconhecido da televisão, onde sempre aparece, que lhe gritou da outra
calçada: − Ferreira Gullar! Sujeito famoso que eu não sei quem é!
Aqui, a celebração não era do poeta ou de sua obra: era o reconhecimento de
uma celebridade pela celebridade que é, e ponto final. Isso faz pensar em
quanto o poder da mídia é capaz de criar deuses sem qualquer poder divino,
astros fulgurantes sem o brilho de uma sólida justificativa. E as consequências
são conhecidas: uma vez elevada a seu posto, a celebridade passa a ser ouvida,
a ter influência, a exercitar esse difuso poder de um “formador de opinião”.
Cobra-se da celebridade a lucidez que não tem, atribui-se-lhe um nível de
informação que nunca alcançou, conta-se com um descortino crítico que lhe
falta em sentido absoluto. Revistas especializam-se nelas, fotografam-nas de
todos os ângulos, perseguem-nas onde quer que estejam, entrevistam-nas a
propósito de tudo. Esgotada, enfim, uma celebração (até mesmo as
celebridades são mortais), não faltam novos ocupantes do posto.

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À falta de algum mérito real, as oportunidades da sorte ou da malícia bem-


sucedida acabam por presentear pessoas vazias com o cetro e a coroa de uma
realeza artificial. Mas um artifício bem administrado, sabemos disso, pode
ganhar o aspecto de uma qualidade natural. O que se espera é que sempre haja
quem não confunda um manequim vazio com uma cabeça com cérebro dentro.
(Diógenes Lampeiro, inédito)
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No dicionário Houaiss, o verbete tautologia apresenta, entre outras, a seguinte


acepção: proposição analítica que permanece sempre verdadeira, uma vez que
o atributo é uma repetição do sujeito. Com essa acepção, o qualificativo de
tautológicas pode ser aplicado às passagens do texto em que o conceito de
celebridade remete
a) ao mérito real que algumas celebridades demonstram no exercício de funções
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profissionais específicas.
b) à possibilidade de alguém gozar de celebração pelo fato de passar a ser
reconhecido como uma celebridade.
c) ao fato de que numa sociedade de consumo todo e qualquer indivíduo tem
seu momento de celebridade.
d) à possibilidade de que a celebração de alguém resista à passagem do tempo,
tornando-se vitalícia.
e) ao fato de que os grandes criadores passam a ser identificados publicamente
a partir do mérito de suas obras.
Comentários:
Alternativa A – Incorreta – A afirmativa contraria o trecho seguinte: “Vejam que
não me refiro a quem alcançou sucesso pela competência na função que
exerce”
Alternativa B – Correta – “falo das celebridades que estão acima de um talento
específico e se tornaram célebres ninguém sabe exatamente por quê. “
Alternativa C – Incorreta – A alternativa traz NOVAS ideias que não foram
citadas no texto, por isso EXTRAPOLOU o seu conteúdo.
Alternativa D – Incorreta – “Esgotada, enfim, uma celebração (até mesmo as
celebridades são mortais), não faltam novos ocupantes do posto. ”
Alternativa E – Incorreta – O trecho seguinte contradiz a alternativa:
“avistado por um indivíduo embriagado que deve tê-lo reconhecido da televisão,
onde sempre aparece, que lhe gritou da outra calçada: − Ferreira Gullar! Sujeito
famoso que eu não sei quem é! Aqui, a celebração não era do poeta ou de
sua obra: era o reconhecimento de uma celebridade pela celebridade que é, e
ponto final. “
Gabarito: B

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10) FCC/TJ/TRT 15/Apoio Especializado/Enfermagem/2015


Atenção: Para responder à questão, considere o poema abaixo.
“Você não está mais na idade
de sofrer por essas coisas”'
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Há então a idade de sofrer


e a de não sofrer mais
por essas, essas coisas?
As coisas só deviam acontecer
para fazer sofrer
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na idade própria de sofrer?


Ou não se devia sofrer
pelas coisas que causam sofrimento
pois vieram fora de hora, e a hora é calma?
E se não estou mais na idade de sofrer
é porque estou morto, e morto
é a idade de não sentir as coisas, essas coisas?
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Essas coisas. As impurezas do branco. Rio
de Janeiro: José Olympio, 3. ed., 1976, p.30)

Considerando-se que elipse é a supressão de um termo que pode ser


subentendido pelo contexto linguístico, pode-se identifica-la no verso:
a) As coisas só deviam acontecer
b) Ou não se devia sofrer
c) e a de não sofrer mais
d) é a idade de não sentir as coisas, essas coisas?
e) Você não está mais na idade
Comentários:
Alternativa A – Incorreta – Não há qualquer termo elíptico na frase. Observe
que todos os termos essenciais da oração estão presentes.
“As coisas só deviam acontecer para fazer sofrer na idade própria de sofrer?”
Alternativa B – Incorreta – Não há qualquer termo elíptico na frase.
“Ou não se devia sofrer pelas coisas que causam sofrimento pois vieram fora de
hora, e a hora é calma?”

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Alternativa C – Correta – Na oração está elíptico o termo “idade”, para se


evitar uma repetição desnecessária.
“Há então a idade de sofrer e a (idade) de não sofrer mais”
Alternativa D – Incorreta – Ao contrário da elipse, o autor utilizou-se do
pleonasmo, com o termo “essas coisas”, para dar ênfase à afirmação.
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•É uma redundância, que pode ser um vício ou


uma figura de linguagem, dependendo da maneira
PLEONASMO como for utilizado.
•Ex. Todos saíram para fora. (vício de linguagem)
•Eu canto o meu canto de paz. (figura de
linguagem)

Alternativa E – Incorreta - Não há qualquer termo elíptico no trecho indicado.


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Gabarito: C

11) FCC/ATE/SEFAZ PI/2015


Instrução: A questão refere-se ao texto seguinte.
Filosofia de borracharia
O borracheiro coçou a desmatada cabeça e proferiu a sentença tranquilizadora:
nenhum problema com o nosso pneu, aliás quase tão calvo quanto ele. Estava
apenas um bocado murcho.
− Camminando si sgonfia* − explicou o camarada, com um sorriso de
pouquíssimos dentes e enorme simpatia.
O italiano vem a ser um dos muitos idiomas em que a minha abrangente
ignorância é especializada, mas ainda assim compreendi que o pneu do nosso
carro periclitante tinha se esvaziado ao longo da estrada. Não era para menos.
Tendo saído de Paris, havíamos rodado muito antes de cair naquele emaranhado
de fronteiras em que você corre o risco de não saber se está na Áustria, na
Suíça ou na Itália. Soubemos que estávamos no norte, no sótão da Itália, vendo
um providencial borracheiro dar nova carga a um pneu sgonfiato.
Dali saímos − éramos dois jovens casais num distante verão europeu,
embarcados numa aventura que, de camping em camping, nos levaria a
Istambul – para dar carga nova a nossos estômagos, àquela altura não menos
sgonfiati. O que pode a fome, em especial na juventude: à beira de um himalaia
de sofrível espaguete fumegante, julguei ver fumaças filosóficas na sentença do
tosco borracheiro. E, entre garfadas, sob o olhar zombeteiro dos companheiros
de viagem, me pus a teorizar.
Sim, camminando si sgonfia, e não apenas quando se é, nesta vida, um pneu.
Também nós, de tanto rodar, vamos aos poucos desinflando. E por aí fui, inflado
e inflamado num papo delirante. Fosse hoje, talvez tivesse dito, infelizmente

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com conhecimento de causa, que a partir de determinado ponto carecemos


todos de alguma espécie de fortificante, de um novo alento para o corpo, quem
sabe para a alma.
* Camminando si sgonfia = andando se esvazia. Sgonfiato é vazio; sgonfiati é
a forma plural.
(Adaptado de: WERNECK, Humberto – Esse inferno vai acabar. Porto Alegre,
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Arquipélago, 2011, p. 8586)

Atente para a seguinte construção: O borracheiro explicou-nos que os pneus


haviam esvaziado com o uso, e que era fácil resolver aquele problema.
Empregando-se o discurso direto, a frase deverá ser: O borracheiro explicou-
nos:
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a) − Os pneus com o uso tinham esvaziado, mas seria fácil resolver o problema.
b) − Os pneus se esvaziaram com o uso, é fácil resolver este problema.
c) − Com o uso os pneus terão se esvaziado, seria fácil resolver esse problema.
d) − Os pneus com o uso estavam vazios, vai ser fácil resolver seu problema.
e) − Com o uso os pneus estão esvaziando, problema este que seria fácil
resolver.
Comentários:
Alternativa A – Incorreta – A frase está empregando o discurso indireto.
Alternativa B – Correta – A primeira oração expressa um fato concluído,
portanto é correta a utilização do pretérito perfeito do indicativo. No entanto, a
segunda oração expressa algo que ainda haveria de ser resolvido pelo
borracheiro, por isso a utilização do presente do indicativo também está
adequada, já que se trata de um discurso direto.
Alternativa C – Incorreta – O futuro do presente indicativo composto indica a
ocorrência de um fato anterior a outro também no futuro ou um fato futuro
iniciado no presente, portanto é inadequado para indicar um fato passado. A
segunda oração está na forma indireta.
Alternativa D – Incorreta – A forma verbal “estavam vazios” indica um estado,
portanto é inadequada para expressar um fato já concluído (os pneus
esvaziaram).
Alternativa E – Incorreta – A expressão “estão esvaziando” indica uma ação no
presente e não no passado. A frase está gramaticalmente incorreta e
incoerente devido a desarmonia na correlação verbal, além de estar na
forma indireta.
Gabarito: B

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12) FCC/AJ/TRT 1/Apoio Especializado/Tecnologia da


Informação/2014
Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.
A cultura brasileira em tempos de utopia
Durante os anos 1950 e 1960 a cultura e as artes brasileiras expressaram as
utopias e os projetos políticos que marcaram o debate nacional. Na década de
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1950, emergiu a valorização da cultura popular, que tentava conciliar aspectos


da tradição com temas e formas de expressão modernas.
No cinema, por exemplo, Nelson Pereira dos Santos, nos seus filmes Rio, 40
graus (1955) e Rio, zona norte (1957) mostrava a fotogenia das classes
populares, denunciando a exclusão social. Na literatura, Guimarães Rosa
publicou Grande sertão: veredas (1956) e João Cabral de Melo Neto escreveu o
poema Morte e vida Severina − ambos assimilando traços da linguagem popular
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do sertanejo, submetida ao rigor estético da literatura erudita.


Na música popular, a Bossa Nova, lançada em 1959 por Tom Jobim e João
Gilberto, entre outros, inspirava-se no jazz, rejeitando a música passional e a
interpretação dramática que se dava aos sambas-canções e aos boleros que
dominavam as rádios brasileiras. A Bossa Nova apontava para o despojamento
das letras das canções, dos arranjos instrumentais e da vocalização, para
melhor expressar o “Brasil moderno”.
Já a primeira metade da década de 1960 foi marcada pelo encontro entre a vida
cultural e a luta pelas Reformas de Base. Já não se tratava mais de buscar
apenas uma expressão moderna, mas de pontuar os dilemas brasileiros e
denunciar o subdesenvolvimento do país. Organizava-se, assim, a cultura
engajada de esquerda, em torno do Movimento de Cultura Popular do Recife e
do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE), num
processo que culminaria no Cinema Novo e na canção engajada, base da
moderna música popular brasileira, a MPB.
(Adaptado de: NAPOLITANO, Marcos e VILLAÇA, Mariana. História para o
ensino médio. São Paulo: Atual, 2013, p. 738)

Estes dois segmentos constituem respectivamente, no contexto dado, a


expressão de uma causa e de seu efeito:
a) interpretação dramática / despojamento das letras das canções (3o
parágrafo)
b) assimilando traços da linguagem popular / submetida ao rigor estético da
literatura erudita (2o parágrafo)
c) rejeitando a música passional / inspirava-se no jazz (3o parágrafo)
d) Organizava-se, assim, a cultura engajada de esquerda / Cinema Novo e
canção engajada (4o parágrafo)

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e) a primeira metade da década de 1960 / luta pelas Reformas de Base (4o


parágrafo)
Comentários:
Alternativa A – Incorreta – Os dois termos referem-se à “Bossa Nova”, mas não
têm qualquer relação de causa, mas antes de oposição, pois, se a Bossa Nova
“rejeita a interpretação dramática”, ela “aponta para o despojamento das letras
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e canções”.
“Na música popular, a Bossa Nova, lançada em 1959 por Tom Jobim e João
Gilberto, entre outros, inspirava-se no jazz, rejeitando a música passional e a
interpretação dramática que se dava aos sambas-canções e aos boleros que
dominavam as rádios brasileiras. A Bossa Nova apontava para o despojamento
das letras das canções, dos arranjos instrumentais e da vocalização, para
melhor expressar o “Brasil moderno”. “
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Alternativa B – Incorreta – O segundo trecho (sublinhado) tem função


explicativa em relação ao primeiro. Analisando a relação sintática do dois,
temos que o segundo tem função de adjunto adnominal do primeiro, sendo
classificado como uma oração subordinada adjetiva explicativa reduzida de
particípio.
“Na literatura, Guimarães Rosa publicou Grande sertão: veredas (1956) e João
Cabral de Melo Neto escreveu o poema Morte e vida Severina − ambos
assimilando traços da linguagem popular do sertanejo, submetida ao rigor
estético da literatura erudita. “
Alternativa C – Incorreta – Assim como na alternativa A, os dois termos também
se referem à “Bossa Nova”, mas não têm qualquer relação de causa, mas de
oposição, pois, a Bossa Nova “inspirava-se no jazz”, porém rejeitava “a
música passional”.
“Na música popular, a Bossa Nova, lançada em 1959 por Tom Jobim e João
Gilberto, entre outros, inspirava-se no jazz, rejeitando a música passional e
a interpretação dramática que se dava aos sambas-canções e aos boleros que
dominavam as rádios brasileiras. A Bossa Nova apontava para o despojamento
das letras das canções, dos arranjos instrumentais e da vocalização, para
melhor expressar o “Brasil moderno”. “
Alternativa D – Correta – O trecho “num processo que culminaria no” estabelece
a relação de causa e efeito entre o primeiro e o segundo termo. A lógica aqui
é simples: a primeira ação culminou na segunda (tem o sentido de
causar/desencadear).
“Organizava-se, assim, a cultura engajada de esquerda, em torno do Movimento
de Cultura Popular do Recife e do Centro Popular de Cultura da União Nacional
dos Estudantes (UNE), num processo que culminaria no Cinema Novo e na
canção engajada, base da moderna música popular brasileira, a MPB. “

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Alternativa E – Incorreta – A forma verbal “foi marcada” não estabelece


qualquer relação de causa entre os dois termos, mas indica que o segundo (a
luta pelas Reformas de Base) foi uma característica do primeiro (a primeira
metade da década de 1960).
“Já a primeira metade da década de 1960 foi marcada pelo encontro entre a
vida cultural e a luta pelas Reformas de Base. “
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Gabarito: D

13) FCC/TJ/TRT 1/Administrativa/2013


Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.
Visão monumental
Nada superará a beleza, nem todos os ângulos retos da razão. Assim pensava
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o maior arquiteto e mais invocado sonhador do Brasil. Morto em 5 de dezembro


de insuficiência respiratória, a dez dias de completar com uma festa, no Rio de
Janeiro onde morava, 105 anos de idade, Oscar Niemeyer propusera sua própria
revolução arquitetônica baseado em uma interpretação do corpo da mulher.
Filho de fazendeiros, fora o único ateu e comunista da família, tendo ingressado
no partido por inspiração de Luiz Carlos Prestes, em 1945. Como a agremiação
partidária não correspondera a seu sonho, descolara-se dela, na companhia de
seu líder, em 1990. “O comunismo resolve o problema da vida”, acreditou até
o fim. “Ele faz com que a vida seja mais justa. E isso é fundamental. Mas o ser
humano, este continua desprotegido, entregue à sorte que o destino lhe impõe.”
E desprotegido talvez pudesse se sentir um observador diante da
monumentalidade que ele próprio idealizara para Brasília a partir do plano-piloto
de Lucio Costa. Quem sabe seus museus, prédios governamentais e catedrais
não tivessem mesmo sido construídos para ilustrar essa perplexidade? Ele
acreditava incutir o ardor em quem experimentava suas construções.
Bem disse Le Corbusier que Niemeyer tinha “as montanhas do Rio dentro dos
olhos”, aquelas que um observador pode vislumbrar a partir do Museu de Arte
Contemporânea de Niterói, um entre cerca de 500 projetos seus. Brasília, em
que pese o sonho necessário, resultara em alguma decepção. Niemeyer vira a
possibilidade de construir ali a imagem moderna do País. E como dizer que a
cidade, ao fim, deixara de corresponder à modernidade empenhada? Houve um
sonho monumental, e ele foi devidamente traduzido por Niemeyer. No Planalto
Central, construíra a identidade escultural do Brasil.
(Adaptado de Rosane Pavam. CartaCapital, 07/12/2012,
www.cartacapital.com.br/sociedade/avisaomonumental2/)

Quem sabe seus museus, prédios governamentais e catedrais não tivessem


mesmo sido construídos para ilustrar essa perplexidade? (3º parágrafo)

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De acordo com o contexto, o sentido do elemento grifado acima pode ser


adequadamente reproduzido por:
a) descompasso.
b) problemática.
c) melancolia.
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d) estupefação.
e) animosidade.
Comentários:
Alternativa A – Incorreta – descompasso = desarmonia, desacordo, divergência
Alternativa B – Incorreta – problemática = questão, dificuldade
Alternativa C – Incorreta – melancolia = tristeza, desânimo, abatimento
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Alternativa D – Correta - A questão aborda a semântica do termo “perplexidade”


que tem como sinônimos os termos “estupefação”, surpresa, assombro. Ele
refere-se ao sentimento de Oscar Niemeyer frente à monumentalidade de
Brasília.
Alternativa E – Incorreta – animosidade = aversão, rancor, inimizade
Gabarito: D

14) FCC/AJ/TRE RO/Judiciária/2013


Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.
Pintor, gravador e vitralista, Marc Chagall estudou artes plásticas na Academia
de Arte de São Petersburgo. Seguindo para Paris em 1910, ligou-se aos poetas
Blaise Cendrars, Max Jacob e Apollinaire − e aos pintores Delaunay, Modigliani
e La Fresnay.
A partir daí, trabalhou intensamente para integrar o seu mundo de
reminiscências e fantasias na linguagem moderna derivada do fauvismo e do
cubismo.
Na década de 30, o clima de perseguição e de guerra repercute em sua pintura,
onde surgem elementos dramáticos, sociais e religiosos. Em 1941, parte para
os EUA, onde sua esposa falece (1944). Chagall mergulha, então, em um
período de evocações, quando conclui o quadro "Em torno dela", que se tornou
uma síntese de todos os seus temas.
(Adaptado de: educação.uol.com.br/biografias/marcchagall.html)

Para manter as relações de sentido e a correção gramatical do texto, o termo


derivada (2o parágrafo) NÃO pode ser substituído por:

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a) provida.
b) advinda.
c) proveniente.
d) originária.
e) oriunda.
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Comentários:
Observe que a questão foi cobrada em um concurso de nível superior. Essa é
uma daquelas que não se pode perder de jeito nenhum!!!
Derivada = provinda (não é provida), advinda, proveniente, originária e
oriunda
Gabarito: A
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15) FCC/Ana Con/TCE-MT/2013


Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.
O preço da virtude
Nossas qualidades naturais são, já por si, virtuosas? Pessoas de temperamento
calmo e índole generosa, por exemplo, podem ser vistas como gente
indiscutivelmente meritória? Mulheres e homens bem-intencionados devem ser
julgados apenas com base em suas boas intenções? Tais perguntas nos levam
a um complicado centro de discussão: haverá algum valor moral nas ações que
se executam com naturalidade, sem o enfrentamento de qualquer obstáculo, ou
o que é natural não encerra virtude alguma, já que não encontra qualquer
adversidade?
Há quem defenda a tese de que somente há virtude numa ação benigna cujo
desempenho implica algum sacrifício do sujeito. A virtude estaria, assim, não
na natureza do indivíduo, mas na sua firme disposição para sacrificar-se em
benefício de um outro ser ou de um ideal. O sacrifício indicaria o desprendimento
moral, o ato desinteressado, a disposição para pagar um preço pela escolha
feita: eu me disponho a passar fome para que essa criança se alimente; eu
deixo de usufruir um prazer para que o outro possa experimentá-lo.
Nessa questão, valores éticos e valores religiosos podem até mesmo se
confundir. A palavra sacrifício tem o sagrado na raiz; mas não é preciso ser
religioso para se provar a capacidade de renúncia. Quanto ao preço a pagar,
não há dúvida: sempre reconheceremos mais mérito em quem foi capaz de agir
passando por cima de seu próprio interesse do que naquele que agiu sem ter
que enfrentar qualquer ônus em sua decisão.
(TRANCOSO, Doroteu. Inédito)

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Considere as seguintes afirmações:


I. No primeiro parágrafo, o conceito de adversidade está empregado para
caracterizar situações em que não há necessidade de sacrifício.
II. No segundo parágrafo, deve-se entender por ação benigna aquela que
implica, necessariamente, o sacrifício de quem a executa.
III. No terceiro parágrafo, reafirma-se a tese de que os sacrifícios pessoais são
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inerentes às ações autenticamente virtuosas.


Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em
a) II e III.
b) I.
c) II.
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d) III.
e) I e II.
Comentários:
Item I – Incorreta – O sentido de adversidade é justamente o contrário do que
é afirmado neste item. O termo “adversidade” foi empregado no sentido de
dificuldade, sacrifício ou obstáculo.
Item II – Incorreta – O autor é claro ao afirmar que isso é uma tese defendida
por algumas pessoas e não necessariamente uma realidade.
“Há quem defenda a tese de que somente há virtude numa ação benigna
cujo desempenho implica algum sacrifício do sujeito. “
Item III – Correta – De fato o terceiro parágrafo reafirma a tese estabelecida
no segundo.
Gabarito: D

16) FCC/AJ/TRF 4/Judiciária/"Sem Especialidade"/2014


Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
Um programa a ser adotado
O PET − Programa de Educação pelo Trabalho − está fazendo dez anos, que
serão comemorados num evento promovido pelo TRF4, que contará com
representantes da Fase − Fundação de Atendimento Socioeducativo do Rio
Grande do Sul.
Há dez anos seria difícil imaginar um interno da Fase em cumprimento de
medida socioeducativa saindo para trabalhar em um tribunal e, no final do dia,
retornar à fundação. Muitos desacreditariam da iniciativa de colocar um
adolescente infrator dentro de um gabinete de desembargador ou da

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Presidência de um tribunal. Outros poderiam discriminar esses jovens e deseja-


los longe do ambiente de trabalho.
Todas essas barreiras foram vencidas. Em uma década, o PET do TRF4 se tornou
realidade, quebrou preconceitos, mudou a cultura da própria instituição e a vida
de 154 adolescentes que já passaram pelo projeto. São atendidos jovens entre
16 e 21 anos, com escolaridade mínima da 4ª série do ensino fundamental. O
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tribunal enfrenta o desafio de criar, desenvolver e, principalmente, manter um


programa de reinserção social. Os resultados do trabalho do PET com os
menores que cumprem medida socioeducativa na Fase são considerados muito
positivos quando se fala de jovens em situação de vulnerabilidade social.
Durante esses dez anos, 45% dos participantes foram inseridos no mercado de
trabalho e muitos já concluíram o ensino médio; cerca de 70% reorganizaram
suas vidas e conseguiram superar a condição de envolvimento em atividades
ilícitas.
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Na prática, os jovens trabalham durante 4 horas nos gabinetes de


desembargadores e nas unidades administrativas do tribunal. Recebem
atendimento multidisciplinar, com acompanhamento jurídico, de psicólogos e de
assistentes sociais. Por meio de parcerias com entidades, já foram realizados
cursos de mecânica, de padaria e de garçom. Destaque a considerar é o projeto
“Virando a página”: oficinas de leitura e produção textual, coordenadas por
servidores do TRF4 e professores e formandos de faculdades de Letras.
(Adaptado de: wttp://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php? acao=
noticia_visualizar&id_noticia=10129)

No contexto, o sentido do elemento sublinhado em


a) Outros poderiam discriminar esses jovens (2º parágrafo) é o de distinguir,
enfatizar.
b) em cumprimento de medida socioeducativa (2º parágrafo) é o de
observância, atendimento.
c) manter um programa de reinserção social (3º parágrafo) é o de remissão,
retroação.
d) em situação de vulnerabilidade social (3º parágrafo) é o de impropriedade,
informalidade.
e) Recebem atendimento multidisciplinar (4º parágrafo) é o de socialista,
democrático.
Comentários:
Alternativa A – Incorreta – O termo “discriminar” foi empregado no sentido de
segregar, marginalizar, isolar.
Alternativa B – Correta – A palavra “cumprimento” foi, de fato, utilizada com o
sentido de atendimento, observância.

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Alternativa C – Incorreta – O termo “reinserção social” tem o sentido inserir


novamente as pessoas na sociedade.
Alternativa D – Incorreta – A palavra “vulnerabilidade” tem o sentido de
fragilidade, indefensabilidade, insegurança.
Alternativa E – Incorreta – O termo “atendimento multidisciplinar” significa que
o atendimento abrange diversas áreas (disciplinas): jurídico, psicológico e de
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assistência social.
Gabarito: B

17) FCC/AJ/TRT 3/Judiciária/Oficial de Justiça Avaliador


Federal/2015
Atenção: A questão refere-se ao texto que segue.
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A matéria abaixo, que recebeu adaptações, é do jornalista Alberto Dines, e foi


veiculada em 9/05/2015, um dia após as comemorações pelos 70 anos do fim
da Segunda Guerra Mundial.
Quando a guerra acabar…
Abre parêntese: há momentos − felizmente raros − em que a história pessoal
se impõe às percepções conjunturais e o relato na primeira pessoa, embora
singular, parcial, às vezes suspeito, sobrepõe-se à narrativa impessoal, ampla,
genérica. Fecha parêntese.
O descaso e os indícios de esquecimento que, na sexta-feira (8/5), rodearam
os setenta anos do fim da fase europeia da Segunda Guerra Mundial
sobressaltaram. O ano de 1945 pegou-me com 13 anos e a data de 8 de maio
incorporou-se ao meu calendário íntimo e o cimentou definitivamente às
efemérides históricas que éramos obrigados a decorar no ginásio.
Seis anos antes (1939), a invasão da Polônia pela Alemanha hitlerista − e logo
depois pela Rússia soviética − empurrou a guerra para dentro da minha casa
através dos jornais e do rádio: as vidas da minha avó paterna, tios, tias, primos
e primas dos dois lados corriam perigo. Em 1941, quando a Alemanha rompeu
o pacto com a URSS e a invadiu com fulminantes ataques, inclusive à Ucrânia,
instalou-se a certeza: foram todos exterminados.
A capitulação da Alemanha tornara-se inevitável, não foi surpresa, sabíamos
que seria esmagada pelos Aliados. Nova era a sensação de paz, a certeza que
começava uma nova página da história e perceptível mesmo para crianças e
adolescentes. A prometida quimera embutida na frase “quando a guerra acabar”
tornara-se desnecessária, desatualizada.
A guerra acabara para sempre. Enquanto o retorno dos combatentes brasileiros
vindos da Itália era saudado delirantemente, matutinos e vespertinos − mais
calejados do que a mídia atual − nos alertavam que a guerra continuava feroz
não apenas no Extremo Oriente, mas também na antiquíssima Grécia, onde

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guerrilheiros de direita e de esquerda, esquecidos do inimigo comum − o nazi-


fascismo − se enfrentavam para ocupar o vácuo de poder deixado pela
derrotada barbárie.
Sete décadas depois − porção ínfima da história da humanidade −, aquele que
foi chamado Dia da Vitória e comemorado loucamente nas ruas do mundo
metamorfoseou-se em Dia das Esperanças Perdidas: a guerra não acabou. Os
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Aliados desvincularam-se, tornaram-se adversários. A guerra continua, está aí,


espalhada pelo mundo, camuflada por diferentes nomenclaturas, inconfundível,
salvo em breves hiatos sem hostilidades, porém com intensos ressentimentos.
(Reproduzido da Gazeta do Povo (Curitiba, PR) e do Correio Popular
(Campinas, SP), 9/5/2015; intertítulo do Observatório da Imprensa, edição
849)
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O segmento do texto que está traduzido de maneira a não prejudicar o sentido


original é:
a) (linhas 1 e 2) a história pessoal se impõe às percepções conjunturais / o
relato da própria pessoa infunde veracidade aos fatos da conjuntura.
b) (linha 8) incorporou-se ao meu calendário íntimo / passou a fazer parte de
minhas memórias negativas mais intensas.
c) (linha 9) e o cimentou definitivamente às efemérides históricas / e o conectou
por fim às catástrofes históricas.
d) (linha 17) A capitulação da Alemanha tornara-se inevitável / a fragmentação
da Alemanha era considerada indiscutível.
e) (linha 33) camuflada por diferentes nomenclaturas / disfarçada sob o véu de
distintos nomes.
Comentários:
Alternativa A – Incorreta – As duas expressões têm sentidos diferentes. A
segunda indica a confirmação da percepção conjuntural, enquanto a primeira
indica a sua sobreposição pela percepção pessoal.
“há momentos ... em que a história pessoal se impõe às percepções conjunturais
e o relato na primeira pessoa, embora singular, parcial, às vezes suspeito,
sobrepõe-se à narrativa impessoal, ampla, genérica. Fecha parêntese. “
Alternativa B – Incorreta – Pelo contrário, a data foi um marco positivo para
o autor, pois marca o fim da fase europeia da Segunda Guerra Mundial. O autor
tinha diversos familiares correndo perigo em países envolvidos na guerra.
“as vidas da minha avó paterna, tios, tias, primos e primas dos dois lados
corriam perigo”
Alternativa C – Incorreta – O termo “efemérides” significa um acontecimento
histórico/fato importante e não uma catástrofe.

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Alternativa D – Incorreta – O termo “capitulação” foi empregado no sentido de


derrota/rendição, enquanto “fragmentação” indica divisão/fracionamento.
Alternativa E – Correta
camuflada = disfarçada sob o véu
diferentes nomenclaturas = distintos nomes
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Gabarito: E

18) FGV/TSE/DPE RJ/Administração/2014


XÓPIS
Não foram os americanos que inventaram o shopping center. Seus antecedentes
diretos são as galerias de comércio de Leeds, na Inglaterra, e as passagens de
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Paris pelas quais flanava, encantado, o Walter Benjamin. Ou, se você quiser ir
mais longe, os bazares do Oriente. Mas foram os americanos que aperfeiçoaram
a ideia de cidades fechadas e controladas, à prova de poluição, pedintes,
automóveis, variações climáticas e todos os outros inconvenientes da rua.
Cidades só de calçadas, onde nunca chove, neva ou venta, dedicadas
exclusivamente às compras e ao lazer – enfim, pequenos (ou enormes) templos
de consumo e conforto. Os xópis são civilizações à parte, cuja existência e o
sucesso dependem, acima de tudo, de não serem invadidas pelos males da rua.
Dentro dos xópis você pode lamentar a padronização de lojas e grifes, que são
as mesmas em todos, e a sensação de estar num ambiente artificial, longe do
mundo real, mas não pode deixar de reconhecer que, se a americanização do
planeta teve seu lado bom, foi a criação desses bazares modernos, estes centros
de conveniência com que o Primeiro Mundo – ou pelo menos uma ilusão de
Primeiro Mundo – se espraia pelo mundo todo. Os xópis não são exclusivos,
qualquer um pode entrar num xópi nem que seja só para fugir do calor ou flanar
entre as suas vitrines, mas a apreensão causada por essas manifestações de
massa nas suas calçadas protegidas, os rolezinhos, soa como privilégio
ameaçado. De um jeito ou de outro, a invasão planejada de xópis tem algo de
dessacralização. É a rua se infiltrando no falso Primeiro Mundo. A perigosa rua,
que vai acabar estragando a ilusão.
As invasões podem ser passageiras ou podem descambar para violência e
saques. Você pode considerar que elas são contra tudo que os templos de
consumo representam ou pode vê-las como o ataque de outra civilização à
parte, a da irmandade da internet, à civilização dos xópis. No caso seria o
choque de duas potências parecidas, na medida em que as duas pertencem a
um primeiro mundo de mentira que não tem muito a ver com a nossa realidade.
O difícil seria escolher para qual das duas torcer. Eu ficaria com a mentira dos
xópis.
(Veríssimo, O Globo, 26012014.)

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Ao dizer que os shoppings são “cidades”, o autor do texto faz uso de um tipo de
linguagem figurada denominada
a) metonímia.
b) eufemismo.
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c) hipérbole.
d) metáfora.
e) catacrese.
Comentários:
Alternativa A – Incorreta

•Quando utiliza-se uma palavra no lugar de outra


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de sentido próximo, relacionado.


•Ex. Ela gosta de ler Paulo Coelho. (os livros escritos
METONÍMIA
por Paulo Coelho)
•Ex. Bebeu um copo de água. (a água que estava
dentro do copo)

Alternativa B – Incorreta

•É um recurso de linguagem utilizado para


suavizar ou amenizar determinadas expressões.
EUFEMISMO
•Ex. Ele faltou com a verdade. = Ele mentiu.
•Ele foi para o além. = Ele morreu.

Alternativa C – Incorreta

•É um recurso utilizado com o objetivo de


expressar exagero.
HIPÉRBOLE
•Ex. Estou morrendo de fome!
•Já repeti isso mil vezes.

Alternativa D – Correta – Ao dizer que “os shoppings são cidades”, o autor lança
mão de uma figura de linguagem chamada metáfora.

•Figura de linguagem utilizada para fazer uma


METÁFORA comparação utilizando-se de uma conotação.
•Ex. Ela é um anjo, de nada reclama.

Alternativa E – Incorreta

•É um tipo de metáfora que que se tornou uma


linguagem usual.
CATACRESE
•Ex. Pé da mesa, batata da perna, maçã do rosto,
dente de alho, asa da xícara.

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Gabarito: D

19) FCC/ATE/SEFAZ PI/2015


Instrução: A questão refere-se ao texto seguinte.
Filosofia de borracharia
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O borracheiro coçou a desmatada cabeça e proferiu a sentença tranquilizadora:


nenhum problema com o nosso pneu, aliás quase tão calvo quanto ele. Estava
apenas um bocado murcho.
− Camminando si sgonfia* − explicou o camarada, com um sorriso de
pouquíssimos dentes e enorme simpatia.
O italiano vem a ser um dos muitos idiomas em que a minha abrangente
ignorância é especializada, mas ainda assim compreendi que o pneu do nosso
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carro periclitante tinha se esvaziado ao longo da estrada. Não era para menos.
Tendo saído de Paris, havíamos rodado muito antes de cair naquele emaranhado
de fronteiras em que você corre o risco de não saber se está na Áustria, na
Suíça ou na Itália. Soubemos que estávamos no norte, no sótão da Itália, vendo
um providencial borracheiro dar nova carga a um pneu sgonfiato.
Dali saímos − éramos dois jovens casais num distante verão europeu,
embarcados numa aventura que, de camping em camping, nos levaria a
Istambul – para dar carga nova a nossos estômagos, àquela altura não menos
sgonfiati. O que pode a fome, em especial na juventude: à beira de um himalaia
de sofrível espaguete fumegante, julguei ver fumaças filosóficas na sentença do
tosco borracheiro. E, entre garfadas, sob o olhar zombeteiro dos companheiros
de viagem, me pus a teorizar.
Sim, camminando si sgonfia, e não apenas quando se é, nesta vida, um pneu.
Também nós, de tanto rodar, vamos aos poucos desinflando. E por aí fui, inflado
e inflamado num papo delirante. Fosse hoje, talvez tivesse dito, infelizmente
com conhecimento de causa, que a partir de determinado ponto carecemos
todos de alguma espécie de fortificante, de um novo alento para o corpo, quem
sabe para a alma.
* Camminando si sgonfia = andando se esvazia. Sgonfiato é vazio; sgonfiati é
a forma plural.
(Adaptado de: WERNECK, Humberto – Esse inferno vai acabar. Porto Alegre,
Arquipélago, 2011, p. 8586)

Por valorizar recursos expressivos da linguagem, o autor da crônica,


a) na expressão quase tão calvo quanto ele (1º parágrafo), qualifica o
borracheiro com um termo familiarmente aplicado a um pneu já muito gasto.

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b) no segmento minha abrangente ignorância é especializada (3º parágrafo), é


irônico ao atribuir à ignorância qualidades aplicáveis a um alto conhecimento.
c) na expressão num distante verão europeu (4º parágrafo), utiliza um indicador
de tempo para denotar a extensão do território percorrido.
d) em à beira de um himalaia (4º parágrafo), deixa claro que os viajantes agora
se acercavam de uma alta cordilheira, semelhante à asiática.
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e) em inflado e inflamado (5º parágrafo), vale-se de sinônimos para reforçar o


estado de espírito reflexivo da personagem.
Comentários:
Alternativa A – Incorreta – A expressão “quase tão calvo quanto ele” qualifica
o pneu, comparando-o com o borracheiro de cabeça “desmatada”.
Alternativa B – Correta – Isso, o autor utilizou-se de um jogo de palavras
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contrárias (abrangente e especializada) formando uma ironia suave e


inteligente, para expressar que o italiano era uma das suas línguas menos
conhecidas. Note que ambas as expressões citadas normalmente referem-se ao
termo conhecimento e não ignorância, aí está o caráter irônico da frase.

•Quando dizemos algo oposto ao que realmente é,


com intuito de criticar, ridicularizar ou satirizar
IRONIA algo.
•Ex. Você está cheiroso como um gambá.

Alternativa C – Incorreta – A palavra “distante” não foi utilizada no seu sentido


denotativo de distância física, mas com sentido figurado dando ideia de tempo,
de algo há muito ocorrido.

DENOTAÇÃO
•Quando uma palavra é utilizada no seu sentido
ou próprio ou literal.
SENTIDO •Ex. O leão é uma fera selvagem.
DENOTATIVO

Alternativa D – Incorreta – A palavra “Himalaia” foi utilizada em sentido


figurado ou conotativo, para indicar a altura do prato de espaguete.

CONOTAÇÃO
•Quando uma palavra é utilizada em sentido
ou figurado.
SENTIDO •Ex. Minha esposa ficou uma fera.
CONOTATIVO

Alternativa E – Incorreta – De fato, o autor vale-se das expressões “inflado e


inflamado” para reforçar o estado de espírito reflexivo da personagem, no
entanto a alternativa peca ao apontar as duas como sinônimos.
Gabarito: B

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20) FGV/TNS/AL - BA/Administração/2014


Valores democráticos
Deu no Datafolha: para 62% dos brasileiros, a democracia “é sempre melhor
que qualquer outra forma de governo”. Folgo em saber que a imagem da
democracia vai bem, mas a frase é verdadeira?
Eu não faria uma afirmação tão forte. Como Churchill, acho melhor limitar a
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comparação ao universo do conhecido. "Ninguém pretende que a democracia


seja perfeita ou sem defeito. Tem‐se dito que a democracia é a pior forma de
governo, salvo todas as demais que têm sido experimentadas de tempos em
tempos", proclamou o estadista britânico.
Com efeito, não há necessidade de transformar a democracia num valor
religioso. Ela deve ser defendida por suas virtudes práticas. Para descobri‐las,
precisamos listar seus defeitos.
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Já desde Platão sabemos que ela é sensível à ação dos demagogos. E, quanto
mais avançamos no conhecimento do cérebro e da psicologia humana,
descobrimos novas e mais sutis maneiras de influenciar os eleitores, que usam
muito mais a emoção do que a razão na hora de fazer suas escolhas. É verdade
que, com a prática, os cidadãos aprendem a defender‐se, mas, de modo geral,
são os marqueteiros que têm a vantagem.
Outro ponto sensível e delicado é o levantado pelo economista Bryan Caplan. A
democracia até tende a limitar o radicalismo nas situações em que os eleitores
se dividem bastante sobre um tema, mas ela se revela impotente nos assuntos
em que vieses cognitivos estão em operação, como é o caso da fixação de
políticos e eleitores por criar empregos, mesmo que eles reduzam a eficiência
econômica.
Se a democracia se presta a manipulações e não evita que a maioria tome
decisões erradas, por que ela é boa? Bem, além de promover a moderação em
parte das controvérsias, ela oferece um caminho para grupos antagônicos
disputarem o poder de forma institucionalizada e pouco violenta. É menos do
que sonhavam os iluministas, mas dado o histórico de nossa espécie, isso não
é pouco.
(Hélio Schwartsman, Folha de São Paulo, 01/04/2014)

“Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem‐se dito
que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais que têm
sido experimentadas de tempos em tempos”.
A estratégia estrutural na formulação desse pensamento de Churchill apela para
a) a intertextualidade.
b) a polissemia.

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c) a ironia.
d) a antítese.
e) o pleonasmo.
Comentários:
Alternativa A – Incorreta
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•Quando um texto está inserido em


outro de maneira direta ou indireta.
INTERTEXTUALIDADE
•São exemplos de intertextualidade a
CITAÇÃO, a PARÁFRASE e a PARÓDIA.

Alternativa B – Incorreta – Polissemia é quando uma palavra possui mais de um


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sentido.
Alternativa C – Correta – Podemos perceber a presença da ironia no texto,
quando ele diz que “a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as
demais” .

•Quando dizemos algo oposto ao que realmente é,


IRONIA com intuito de criticar, ridicularizar ou satirizar algo.
•Ex. Você está cheiroso como um gambá.

Alternativa D – Incorreta

•É uma figura que surge do contraste de


ANTÍTESE opostos.
•Ex."Não existiria som se não houvesse o silêncio."

Alternativa E – Incorreta

•É uma redundância, que pode ser um vício ou


uma figura de linguagem, dependendo da maneira
como for utilizado.
PLEONASMO
•Ex. Todos saíram para fora. (vício de linguagem)
•Eu canto o meu canto de paz. (figura de
linguagem)

Gabarito: C

21) FCC/Cons Leg/AL PB/2013


Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

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Já estamos habituados ao romance anual de José Lins do Rego; uma escapada


ao Nordeste em sua companhia faz parte do nosso ritmo de vida. Durante cinco
anos, em livros ora mais plenamente realizados, como Menino de engenho e
Banguê, ora mais fracos, como Doidinho, mas sempre vivos e verdadeiros, o
romancista nos trazia mais um caso da família de José Paulino, mais uma
vicissitude do Santa Rosa, mais um aspecto da existência nas lavouras de cana
do Nordeste, e da indústria do açúcar. Com Usina esgotou o assunto. Sem se
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repetir, não poderia continuar a estudar o mesmo tema.


Que daria José Lins do Rego sem o açúcar, sem as recordações de infância?
Essa pergunta era formulada por todos quantos admiramos o seu talento e
seguimos com interesse a expansão da sua força criadora. Pureza foi a resposta
do romancista e a pedra de toque nos permitiu aquilatar com segurança da sua
capacidade de criar livremente, sem o ponto de partida das evocações de gente
e coisas familiares.
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José Lins do Rego mostrou [...] poder prescindir da terra para formar o
ambiente, dos canaviais que assobiam ao vento, das pastagens sonoras de
mugidos, dos rios de cheias aterradoras, das matas floridas, de tudo aquilo que
constitui, sobretudo em Menino de engenho, um fundo de beleza e poesia. E
sobretudo provou que, embora as raízes de sua vocação de romancista se
alimentem do seu provincianismo, não está escravizado à literatura regionalista,
não é apenas o cronista do Nordeste.
(Trecho da nota de Lúcia Miguel Pereira ao romance Pureza, de José Lins do
Rego. 5 ed. Rio de Janeiro. José Olympio, 1956, com atualização ortográfica
em respeito ao Acordo vigente)

É correto afirmar, considerando-se o teor do texto, que a autora


a) defende a literatura voltada para aspectos regionais, como superior a
qualquer outra.
b) aponta para uma mudança favorável na criação literária de um romancista
nordestino.
c) analisa o viés repetitivo dos temas abordados por um escritor nordestino, o
que lhe tira a originalidade.
d) aborda a permanência, nos romances nordestinos, de temas já esgotados,
como o do ciclo do açúcar.
e) avalia a importância de um romancista como divulgador dos problemas
sociais e econômicos do Nordeste.
Comentários:
Alternativa A – Incorreta – No fechamento do texto, a autora nega totalmente
a possibilidade dessa interpretação, ao afirmar que José Lins do Rêgo é mais
que um regionalista.

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“E sobretudo provou que, embora as raízes de sua vocação de romancista se


alimentem do seu provincianismo, não está escravizado à literatura regionalista,
não é apenas o cronista do Nordeste. “
Alternativa B – Correta – O texto afirma que após esgotar o tema, José Lins do
Rêgo surpreendeu com o romance “Pureza” partindo para a abordagem de
outros temas, o que o fez transcender o rótulo de escritor regionalista.
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“Pureza foi a resposta do romancista e a pedra de toque nos permitiu aquilatar


com segurança da sua capacidade de criar livremente, sem o ponto de partida
das evocações de gente e coisas familiares. “
Alternativa C – Incorreta – O texto afirma que, mesmo escrevendo sobre temas
afins, o autor apenas esgotara o assunto com “Usina”, sem que até então
houvesse qualquer repetição.
“Com Usina esgotou o assunto. Sem se repetir, não poderia continuar a estudar
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o mesmo tema. “
Alternativa D – Incorreta – O texto afirma que após esgotar o tema, José Lins
do Rêgo surpreendeu com o romance “Pureza” partindo para a abordagem de
outros temas, o que o fez transcender o rótulo de escritor regionalista.
“Pureza foi a resposta do romancista e a pedra de toque nos permitiu aquilatar
com segurança da sua capacidade de criar livremente, sem o ponto de partida
das evocações de gente e coisas familiares. “
Alternativa E – Incorreta – O texto não faz qualquer abordagem nesse sentido,
focando apenas a questão literária.
Gabarito: B

22) FCC/Cons Leg/AL PB/2013


Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.
Já estamos habituados ao romance anual de José Lins do Rego; uma escapada
ao Nordeste em sua companhia faz parte do nosso ritmo de vida. Durante cinco
anos, em livros ora mais plenamente realizados, como Menino de engenho e
Banguê, ora mais fracos, como Doidinho, mas sempre vivos e verdadeiros, o
romancista nos trazia mais um caso da família de José Paulino, mais uma
vicissitude do Santa Rosa, mais um aspecto da existência nas lavouras de cana
do Nordeste, e da indústria do açúcar. Com Usina esgotou o assunto. Sem se
repetir, não poderia continuar a estudar o mesmo tema.
Que daria José Lins do Rego sem o açúcar, sem as recordações de infância?
Essa pergunta era formulada por todos quantos admiramos o seu talento e
seguimos com interesse a expansão da sua força criadora. Pureza foi a resposta
do romancista e a pedra de toque nos permitiu aquilatar com segurança da sua
capacidade de criar livremente, sem o ponto de partida das evocações de gente
e coisas familiares.

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José Lins do Rego mostrou [...] poder prescindir da terra para formar o
ambiente, dos canaviais que assobiam ao vento, das pastagens sonoras de
mugidos, dos rios de cheias aterradoras, das matas floridas, de tudo aquilo que
constitui, sobretudo em Menino de engenho, um fundo de beleza e poesia. E
sobretudo provou que, embora as raízes de sua vocação de romancista se
alimentem do seu provincianismo, não está escravizado à literatura regionalista,
não é apenas o cronista do Nordeste.
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(Trecho da nota de Lúcia Miguel Pereira ao romance Pureza, de José Lins do


Rego. 5 ed. Rio de Janeiro. José Olympio, 1956, com atualização ortográfica
em respeito ao Acordo vigente)

E sobretudo provou que, embora as raízes de sua vocação de romancista se


alimentem do seu provincianismo ...
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Depreende-se do emprego da expressão grifada que seu correto entendimento


está em:
a) uma maneira de ser e de mostrar aspectos e costumes próprios de uma
província ou região.
b) exprimir habitualmente um mau gosto acentuado, consolidado em uma
província ou região isolada.
c) tentar corrigir o atraso no modo de vida e nos costumes típicos de
determinada região ou província.
d) criar personagens sem expressão, por estarem inseridas em um meio
provinciano bastante atrasado.
e) dedicar-se à criação de romances cujo interesse extrapola as características
de determinada região.
Comentários:
Alternativa A – Correta – “Já estamos habituados ao romance anual de José Lins
do Rego; uma escapada ao Nordeste em sua companhia faz parte do nosso
ritmo de vida. “
Alternativa B – Incorreta – O texto reconhece o talento do escritor e a qualidade
de sua obra.
Alternativa C – Incorreta – A autora demonstra ter prazer ao ler as obras
regionalistas do escritor.
“o ambiente, dos canaviais que assobiam ao vento, das pastagens sonoras de
mugidos, dos rios de cheias aterradoras, das matas floridas, de tudo aquilo que
constitui, sobretudo em Menino de engenho, um fundo de beleza e poesia.“
Alternativa D – Incorreta – Mais uma alternativa que contradiz o texto. “Durante
cinco anos, em livros ora mais plenamente realizados, como Menino de engenho
e Banguê, ora mais fracos, como Doidinho, mas sempre vivos e verdadeiros”

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Alternativa E – Incorreta – De fato José Lins do Rêgo criou romances cujo


interesse extrapola as características de determinada região, no entanto, não é
esse o sentido da expressão “do seu provincianismo”.
Gabarito: A

23) FCC/Cons Leg/AL PB/2013


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Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.


Já estamos habituados ao romance anual de José Lins do Rego; uma escapada
ao Nordeste em sua companhia faz parte do nosso ritmo de vida. Durante cinco
anos, em livros ora mais plenamente realizados, como Menino de engenho e
Banguê, ora mais fracos, como Doidinho, mas sempre vivos e verdadeiros, o
romancista nos trazia mais um caso da família de José Paulino, mais uma
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vicissitude do Santa Rosa, mais um aspecto da existência nas lavouras de cana


do Nordeste, e da indústria do açúcar. Com Usina esgotou o assunto. Sem se
repetir, não poderia continuar a estudar o mesmo tema.
Que daria José Lins do Rego sem o açúcar, sem as recordações de infância?
Essa pergunta era formulada por todos quantos admiramos o seu talento e
seguimos com interesse a expansão da sua força criadora. Pureza foi a resposta
do romancista e a pedra de toque nos permitiu aquilatar com segurança da sua
capacidade de criar livremente, sem o ponto de partida das evocações de gente
e coisas familiares.
José Lins do Rego mostrou [...] poder prescindir da terra para formar o
ambiente, dos canaviais que assobiam ao vento, das pastagens sonoras de
mugidos, dos rios de cheias aterradoras, das matas floridas, de tudo aquilo que
constitui, sobretudo em Menino de engenho, um fundo de beleza e poesia. E
sobretudo provou que, embora as raízes de sua vocação de romancista se
alimentem do seu provincianismo, não está escravizado à literatura regionalista,
não é apenas o cronista do Nordeste.
(Trecho da nota de Lúcia Miguel Pereira ao romance Pureza, de José Lins do
Rego. 5 ed. Rio de Janeiro. José Olympio, 1956, com atualização ortográfica
em respeito ao Acordo vigente)

Com Usina esgotou o assunto. Sem se repetir, não poderia continuar a estudar
o mesmo tema.
As afirmativas acima conduzem à correta interpretação de que, segundo a
autora, José Lins do Rego
a) apresentava uma visão infantil em seus romances regionais − e, portanto,
sujeita a interpretações equivocadas dos fatos vivenciados em sua história.
b) estava sendo redundante nos temas abordados em seus romances − a vida
no Nordeste durante sua infância −, porém continuava ainda a explorá-los.

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c) com Pureza, ainda era visto e reconhecido como um escritor voltado para um
único tema − a vida no Nordeste dos engenhos de açúcar e sua transformação
em usinas.
d) somente deveria mudar os temas trabalhados em seus romances quando
todos os aspectos regionais − especialmente a natureza da região nordestina –
tivessem sido abordados.
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e) já havia abordado todas as facetas do seu mundo particular − o engenho e


a produção do açúcar − e se tornaria monótono e enfadonho caso continuasse
a explorar esses temas.
Comentários:
Alternativa A – Incorreta – Em seu texto, a autora reconhece o talento do
escritor e a qualidade de sua obra.
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“provou que, embora as raízes de sua vocação de romancista se alimentem do


seu provincianismo, não está escravizado à literatura regionalista, não é apenas
o cronista do Nordeste. “
Alternativa B – Incorreta – O texto afirma que, mesmo escrevendo sobre temas
afins, o autor apenas esgotara o assunto com Usina, sem que até então
houvesse qualquer repetição.
“Com Usina esgotou o assunto. Sem se repetir, não poderia continuar a estudar
o mesmo tema. “
A afirmativa também entra em contradição com o segundo parágrafo do texto.
“Que daria José Lins do Rego sem o açúcar, sem as recordações de infância?
Essa pergunta era formulada por todos quantos admiramos o seu talento e
seguimos com interesse a expansão da sua força criadora. Pureza foi a resposta
do romancista e a pedra de toque nos permitiu aquilatar com segurança da sua
capacidade de criar livremente, sem o ponto de partida das evocações de gente
e coisas familiares. “
Alternativa C – Incorreta – Pureza foi uma demonstração de que o escritor era
capaz de ir além de suas memórias de infância retratadas de forma singular em
seus primeiros livros.
Alternativa D – Incorreta – O texto afirma que a partir de Usina não havia mais
aspectos de sua infância e dos canaviais do Nordeste a serem abordados sem
que houvesse repetições.
Alternativa E – Correta
Gabarito: E

24) IBFC/AJ/TRE AM/Administrativa/"Sem


Especialidade"/2014
Prazeres mútuos

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(Danuza Leão)
É normal, quando você vê uma criança bonita, dizer “mas que linda”, “que olhos
lindos”, ou coisas no gênero. Mas esses elogios, que fazemos tão naturalmente
quando se trata de uma criança ou até de um cachorrinho, dificilmente fazemos
a um adulto. Isso me ocorreu quando outro dia conheci, no meio de várias
pessoas, uma moça que tinha cabelos lindos. Apesar da minha admiração, fiquei
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calada, mas percebi minha dificuldade, que aliás não é só minha, acho que é
geral. Por que eu não conseguia elogiar seus cabelos?
Fiquei remoendo meus pensamentos (e minha dificuldade), fiz um esforço (que
não foi pequeno) e consegui dizer: “que cabelos lindos você tem”. Ela, que
estava séria, abriu um grande sorriso, toda feliz, e sem dúvida passou a gostar
um pouquinho de mim naquele minuto, mesmo que nunca mais nos vejamos.
Fiquei pensando: é preciso se exercitar e dizer coisas boas às pessoas, homens
e mulheres, quando elas existem. Não sei a quem faz mais bem, se a quem
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ouve ou a quem diz; mas por que, por que, essa dificuldade? Será falta de
generosidade? Inveja? Inibição? Há quanto tempo ninguém diz que você está
linda ou que tem olhos lindos, como ouvia quando criança? Nem mesmo quando
um homem está paquerando uma mulher ele costuma fazer um elogio, só
alguns, mais tarde, num momento de intimidade e quando é uma bobagem,
como “você tem um pezinho lindo”. Mas sentar numa mesa para jantar pela
primeira vez, só os dois, e dizer, com naturalidade, “que olhos lindos você tem”,
é difícil de acontecer. Notar alguma coisa de errado é fácil; não se diz a ninguém
que ele tem o nariz torto, mas, se for alguém que estiver em outra mesa, o
comentário é espontâneo e inevitável. Podemos ouvir que a alça do sutiã está
aparecendo ou que o rímel escorreu, mas há quanto tempo você não ouve de
um homem que tem braços lindos? A não ser que você seja modelo ou miss e
aí é uma obrigação elogiar todas as partes do seu corpo, os homens não elogiam
mais as mulheres, aliás, ninguém elogia ninguém. E é tão bom receber um
elogio; o da amiga que diz que você está um arraso já é ótimo, mas, de uma
pessoa que você acabou de conhecer e que talvez não veja nunca mais, aquele
elogio espontâneo e sincero, é das melhores coisas da vida.
Fique atenta; quando chegar a um lugar e conhecer pessoas novas, alguma
coisa de alguma delas vai chamar a sua atenção e sua tendência será, como
sempre, ficar calada. Pois não fique. Faça um pequeno esforço e diga alguma
coisa que você notou e gostou; o quanto a achou simpática, como parece
tranquila, como seu anel é lindo, qualquer coisa. Todas as pessoas do mundo
têm alguma coisa de bom e bonito, nem que seja a expressão do olhar, e ouvir
isso, sobretudo de alguém que nunca se viu, é sempre muito bom.
Existe gente que faz disso uma profissão, e passa a vida elogiando os outros,
mas não é delas que estamos falando. Só vale se for de verdade, e se você
começar a se exercitar nesse jogo e, com sinceridade, elogiar o que merece ser
elogiado, irá espalhando alegrias e prazeres por onde passar, que fatalmente
reverterão para você mesma, porque a vida costuma ser assim.

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Apesar de a vida ter me mostrado que nem sempre é assim, continuo


acreditando no que aprendi na infância, e isso me faz muito bem.
(disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0611200502.htm)
O texto é uma crônica em que a autora defende seu posicionamento em relação
a um tema. Pode ser entendida como sua tese a seguinte ideia:
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a) É preciso fazer elogios com mais frequência.


b) As pessoas conseguem elogiar as crianças, mas não os adultos.
c) É mais fácil perceber o que há de errado do que o que há de bom.
d) A necessidade de conhecer pessoas novas e elogiá-las.
Comentários:
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Alternativa A – Correta – Sim, esta é a ideia central do texto, porém a autora


reforça que os elogios têm que ser sinceros.
Alternativa B – Incorreta – A afirmativa é verdadeira, porém é utilizada como
argumentação e não como ideia central.
Alternativa C – Incorreta – Esta também é uma afirmativa utilizada como
argumentação.
Alternativa D – Incorreta – Esta alternativa EXTRAPOLA um pouco as ideias do
texto, pois a autora aconselhou elogiar as pessoas ao conhecê-las, porém nada
menciona a respeito da necessidade de conhecer pessoas novas. Repare que
são duas coisas diferentes.
Gabarito: A

25) FCC/AJ/TRT 1/Judiciária/Execução de Mandados/2013


Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.
Confiar e desconfiar
Desconfiar é bom e não custa nada − é o que diz o senso comum, valorizando
tanto a cautela como a usura. Mas eu acho que desconfiar custa, sim, e às vezes
custa demais. A desconfiança costuma ficar bem no meio do caminho da
aventura, da iniciativa, da descoberta, atravancando a passagem e impedindo
− quem sabe? – uma experiência essencial.
Por desconfiar deixamos de arriscar, permitindo que a prudência nos imobilize;
por cautela, calamo-nos, não damos o passo, desviamos o olhar. Depois,
ficamos ruminando sobre o que teremos perdido, por não ousar.
O senso comum também diz que é melhor nos arrependermos do que fizemos
do que lamentarmos o que deixamos de fazer. Como se vê, a sabedoria popular
também hesita, e se contradiz. Mas nesse capítulo da desconfiança eu arrisco:
quando confiar é mais perigoso e mais difícil, parece-me valer a pena. Falo da

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confiança marcada pela positividade, pela esperança, pelo crédito, não pela
mera credulidade. Mesmo quando o confiante se vê malogrado, a confiança terá
valido o tempo que durou, a qualidade da aposta que perdeu. O desconfiado
pode até contar vantagem, cantando alto: − Eu não falei? Mas ao dizer isso,
com os pés chumbados no chão da cautela temerosa, o desconfiado lembra
apenas a estátua do navegante que foi ao mar e voltou consagrado. As estátuas,
como se sabe, não viajam nunca, apenas podem celebrar os grandes e ousados
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descobridores.
“Confiar, desconfiando” é outra pérola do senso comum. Não gosto dessa
orientação conciliatória, que manda ganhar abraçando ambas as opções. Confie,
quando for esse o verdadeiro e radical desafio.
(Ascendino Salles, inédito)
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Quanto ao sentimento da desconfiança, o texto manifesta clara divergência do


senso comum, pois, para o autor, esse sentimento
a) leva, como é sabido, à prática da prudência, que é a chave das grandes
criações humanas.
b) traz, como poucos sabem, a consequência de esperar que tudo acabe se
resolvendo por si mesmo.
c) acaba, como poucos reconhecem, por impedir que se tomem iniciativas
audazes e criativas.
d) traduz, como poucos sabem, a vantagem de se calcular muito bem cada
passo das experiências essenciais.
e) importa, como é sabido, em eliminar a dose de irracionalidade que deve
acompanhar a prudência conservadora.
Comentários:
Alternativa A – Incorreta – O texto fala justamente o contrário.
“Por desconfiar deixamos de arriscar, permitindo que a prudência nos imobilize”
Alternativa B – Incorreta – O trecho a seguir contradiz a afirmativa.
“Por desconfiar deixamos de arriscar, permitindo que a prudência nos imobilize;
por cautela, calamo-nos, não damos o passo, desviamos o olhar. Depois,
ficamos ruminando sobre o que teremos perdido, por não ousar. “
Alternativa C – Correta – “A desconfiança costuma ficar bem no meio do
caminho da aventura, da iniciativa, da descoberta, atravancando a passagem e
impedindo − quem sabe? – uma experiência essencial. “
Alternativa D – Incorreta – O texto expressa ideia contrária à alternativa.
“Mas nesse capítulo da desconfiança eu arrisco: quando confiar é mais perigoso
e mais difícil, parece-me valer a pena. “

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Alternativa E – Incorreta – Na questão da confiança, o autor desafia a


racionalidade e a prudência, uma vez que estes apontam predominantemente
no sentido da desconfiança.
“Por desconfiar deixamos de arriscar, permitindo que a prudência nos imobilize”
Gabarito: C
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26) FCC/AJ/TRT 1/Judiciária/Execução de Mandados/2013


Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.
Confiar e desconfiar
Desconfiar é bom e não custa nada − é o que diz o senso comum, valorizando
tanto a cautela como a usura. Mas eu acho que desconfiar custa, sim, e às vezes
custa demais. A desconfiança costuma ficar bem no meio do caminho da
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aventura, da iniciativa, da descoberta, atravancando a passagem e impedindo


− quem sabe? – uma experiência essencial.
Por desconfiar deixamos de arriscar, permitindo que a prudência nos imobilize;
por cautela, calamo-nos, não damos o passo, desviamos o olhar. Depois,
ficamos ruminando sobre o que teremos perdido, por não ousar.
O senso comum também diz que é melhor nos arrependermos do que fizemos
do que lamentarmos o que deixamos de fazer. Como se vê, a sabedoria popular
também hesita, e se contradiz. Mas nesse capítulo da desconfiança eu arrisco:
quando confiar é mais perigoso e mais difícil, parece-me valer a pena. Falo da
confiança marcada pela positividade, pela esperança, pelo crédito, não pela
mera credulidade. Mesmo quando o confiante se vê malogrado, a confiança terá
valido o tempo que durou, a qualidade da aposta que perdeu. O desconfiado
pode até contar vantagem, cantando alto: − Eu não falei? Mas ao dizer isso,
com os pés chumbados no chão da cautela temerosa, o desconfiado lembra
apenas a estátua do navegante que foi ao mar e voltou consagrado. As estátuas,
como se sabe, não viajam nunca, apenas podem celebrar os grandes e ousados
descobridores.
“Confiar, desconfiando” é outra pérola do senso comum. Não gosto dessa
orientação conciliatória, que manda ganhar abraçando ambas as opções. Confie,
quando for esse o verdadeiro e radical desafio.
(Ascendino Salles, inédito)

Atente para as seguintes afirmações:


I. No primeiro parágrafo, os termos cautela e usura são atributos de que o autor
se vale para exprimir o que vê como desvantagens da mais cega confiança.

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II. No segundo parágrafo, o segmento ficamos ruminando sobre o que teremos


perdido refere-se aos remorsos que sentimos depois de uma iniciativa
intempestiva.
III. No terceiro parágrafo, a expressão mera credulidade é empregada para
distinguir a ingenuidade do homem crédulo da consciência ativa do confiante.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em
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a) I, II e III.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) II, apenas.
e) III, apenas.
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Comentários:
Item I – Incorreta – Tanto “cautela” como “usura” estão associados no texto à
desconfiança.
“Desconfiar é bom e não custa nada − é o que diz o senso comum, valorizando
tanto a cautela como a usura. “
Item II – Incorreta – Ao contrário, o autor refere-se ao fato de não agirmos
em virtude de alguma desconfiança.
“Por desconfiar deixamos de arriscar, permitindo que a prudência nos
imobilize; por cautela, calamo-nos, não damos o passo, desviamos o olhar.
Depois, ficamos ruminando sobre o que teremos perdido, por não ousar. “
Item III – Correta – Podemos considerar que o termo “consciência ativa” refere-
se ao trecho “confiança marcada pela positividade, pela esperança, pelo
crédito”.
“Falo da confiança marcada pela positividade, pela esperança, pelo crédito, não
pela mera credulidade. “
Gabarito: E

27) IBFC/TJ/TRE AM/Administrativa/2014


Texto
Gente-casa
Existe gente-casa e gente-apartamento. Não tem nada a ver com tamanho: há
pessoas pequenas que você sabe, só de olhar, que dentro têm dois pisos e
escadaria, e pessoas grandes com um interior apertado, sala e quitinete.
Também não tem nada a ver com caráter. Gente-casa não é necessariamente
melhor do que gente-apartamento. A casa que alguns têm por dentro pode estar
abandonada, a pessoa pode ser apenas uma fachada para uma armadilha ou

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um bordel. Já uma pessoa-apartamento pode ter um interior simples mas bem


ajeitado e agradável. É muito melhor conviver com um dois quartos, sala,
cozinha e dependências do que com um labirinto.
Algumas pessoas não são apenas casas. São mansões. Com sótão e porão e
tudo que eles comportam, inclusive baús antigos, fantasmas e alguns ratos. É
fascinante quando alguém que você não imaginava ser mais do que um
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apartamento com, vá lá, uma suíte, de repente se revela um sobrado com pátio
interno, adega e solário. É sempre arriscado prejulgar: você pode começar um
relacionamento com alguém pensando que é um quarto-e-sala conjugado e se
descobrir perdido em corredores escuros, e quando abre a porta, dá no quarto
de uma tia louca. Pensando bem, todo mundo tem uma casa por dentro, ou no
mínimo, bem lá no fundo, um porão. Ninguém é simples. Tudo, afinal, é só a
ponta de um iceberg (salvo ponta de iceberg, que pode ser outra coisa) e muitas
vezes quem aparenta ser apenas uma cobertura funcional com qrt. sal. lavab.
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e coz. só está escondendo suas masmorras.


(VERÍSSIMO, Luis Fernando.O Melhor das Comédias da Vida Privada. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2004)
O autor começa seu texto estabelecendo uma distinção entre dois tipos de
pessoas: “gente-casa” e “gente-apartamento”.
Sobre tais rótulos, considerando o primeiro parágrafo, é incorreto afirmar que:
a) não têm a ver com o tamanho da pessoa, nem com o caráter.
b) relacionam-se com o interior do indivíduo.
c) a “fachada” pode apresentar uma falsa ideia do real.
d) há, necessariamente, uma hierarquia entre eles.
Comentários:
Devemos ter muito cuidado para não nos empolgarmos e EXTRAPOLAR as
informações fornecidas pelo texto, pois certamente estaremos nos deixando
levar pela nossa criatividade, que nesse momento é algo perigoso.
De forma análoga, o cuidado também é necessário para não DIMINUIR
o sentido de algo expresso no texto. Portanto, sejamos JUSTOS, nem mais e
nem menos, aqui a precisão é essencial.
Por isso, vamos procurar responder às questões nos baseando
concretamente no que o texto nos fornece de informação.
Alternativa A – Correta – Está dito no primeiro parágrafo:
“Não tem nada a ver com tamanho... Também não tem nada a ver com caráter.

Alternativa B – Correta – “... há pessoas pequenas que você sabe, só de olhar,
que dentro têm dois pisos e escadaria, e pessoas grandes com um interior
apertado, sala e quitinete... ”

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Alternativa C – Correta – “A casa que alguns têm por dentro pode estar
abandonada, a pessoa pode ser apenas uma fachada para uma armadilha ou
um bordel. “
Alternativa D – Incorreta – A ideia de hierarquia é negada pelo autor logo no
início do texto.
“Existe gente-casa e gente-apartamento. Não tem nada a ver com tamanho:
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há pessoas pequenas que você sabe, só de olhar, que dentro têm dois pisos e
escadaria, e pessoas grandes com um interior apertado, sala e quitinete.
Também não tem nada a ver com caráter. Gente-casa não é
necessariamente melhor do que gente-apartamento. ”
Gabarito: D
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28) IBFC/TJ/TRE AM/Administrativa/2014


Texto
Gente-casa
Existe gente-casa e gente-apartamento. Não tem nada a ver com tamanho: há
pessoas pequenas que você sabe, só de olhar, que dentro têm dois pisos e
escadaria, e pessoas grandes com um interior apertado, sala e quitinete.
Também não tem nada a ver com caráter. Gente-casa não é necessariamente
melhor do que gente-apartamento. A casa que alguns têm por dentro pode estar
abandonada, a pessoa pode ser apenas uma fachada para uma armadilha ou
um bordel. Já uma pessoa-apartamento pode ter um interior simples mas bem
ajeitado e agradável. É muito melhor conviver com um dois quartos, sala,
cozinha e dependências do que com um labirinto.
Algumas pessoas não são apenas casas. São mansões. Com sótão e porão e
tudo que eles comportam, inclusive baús antigos, fantasmas e alguns ratos. É
fascinante quando alguém que você não imaginava ser mais do que um
apartamento com, vá lá, uma suíte, de repente se revela um sobrado com pátio
interno, adega e solário. É sempre arriscado prejulgar: você pode começar um
relacionamento com alguém pensando que é um quarto-e-sala conjugado e se
descobrir perdido em corredores escuros, e quando abre a porta, dá no quarto
de uma tia louca. Pensando bem, todo mundo tem uma casa por dentro, ou no
mínimo, bem lá no fundo, um porão. Ninguém é simples. Tudo, afinal, é só a
ponta de um iceberg (salvo ponta de iceberg, que pode ser outra coisa) e muitas
vezes quem aparenta ser apenas uma cobertura funcional com qrt. sal. lavab.
e coz. só está escondendo suas masmorras.
(VERÍSSIMO, Luis Fernando.O Melhor das Comédias da Vida Privada. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2004)
Para construir seu texto, o autor fez uso recorrente de uma importante figura
de linguagem. Trata-se da:

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a) metáfora.
b) comparação.
c) personificação.
d) metonímia.
Comentários:
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Alternativa A – Correta – Ex. Existe gente-casa e gente-apartamento. Algumas


pessoas são mansões.

•Figura de linguagem utilizada para fazer uma


METÁFORA comparação utilizando-se de uma conotação.
•Ex. Ela é um anjo, de nada reclama.
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Alternativa B – Incorreta – Ex. Existe gente tal como uma casa e gente tal
como um apartamento. Algumas pessoas são como mansões.

•Não confundir a comparação com a metáfora.


COMPARAÇÃO •Ex. Ela é meiga como um anjo, de nada
reclama.

Alternativa C – Incorreta – Ex. A casa sorriu para mim.

PROSOPOPÉIA •Quando se atribui características humanas a


OU seres inanimados.
PERSONIFICAÇÃO •Ex. As pedras vão cantar. Chora viola!

Alternativa D – Incorreta

•Quando utiliza-se uma palavra no lugar de outra


de sentido próximo, relacionado.
•Ex. Ela gosta de ler Paulo Coelho. (os livros escritos
METONÍMIA
por Paulo Coelho)
•Ex. Bebeu um copo de água. (a água que estava
dentro do copo)

Gabarito: A

29) FCC/AJ/TRF 5/Judiciária/"Sem Especialidade"/2013


Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
O arroz da raposa
Julio Cortázar tem um conto que sai de um palíndromo − “Satarsa”. Um menino
brinca de desarticular as palavras. No fundo, um escritor é um sujeito que pela
vida afora continua a mexer com as palavras. Para diante delas, estranha esta,

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questiona aquela. O menino de Cortázar, que devia ser ele mesmo, virava a
palavra pelo avesso e se encantava. Saber que a leitura pode ser feita de trás
para diante é uma aventura.
E às vezes dá certo. No conto “Satarsa”, a palavra é ROMA. Lida ao contrário,
também faz sentido. Deixa de ser ROMA e vira AMOR. Para o leitor adulto e
apressado, isso pode ser uma bobagem. Para o menino é uma descoberta
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fascinante. Olhos curiosos, o menino vê a partir daí que o mundo pode ser
arrumado de várias maneiras. Não só o mundo das palavras. É a partir dessa
possibilidade de mudar que o mundo se renova. E melhora.
Ou piora. Não teria graça se só melhorasse. O risco de piorar é fundamental na
aventura humana. Mas estou me afastando da história do Cortázar. E sobretudo
do que pretendo dizer. Ou pretendia. No embalo das palavras, vou me deixando
arrastar de brincadeira, como o menino do conto. Um dia ele encontrou esta
frase: “Dábale arroz a la zorra el abad”. Em português, significa: “O vigário dava
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arroz à raposa”. Soa estranho isso, não soa?


Mesmo para um menino aberto ao que der e vier, a frase é bastante surrealista,
mas o que importa é que a oração em espanhol pode ser lida de trás para diante.
E fica igualzinha. Pois este palíndromo não só encantou o menino Cortázar,
como decidiu o seu destino de escritor. Isto sou eu quem digo.
Ele percebeu aí que as palavras podem se relacionar de maneira diferente. E
mágica. Sem essa consciência, não há poeta, nem poesia. Como a criança, o
poeta tem um olhar novo. Lê de trás para diante. Cheguei até aqui e não disse
o que queria. Digo então que tentei uma série de anagramas com o Brasil de
hoje. Quem sabe virando pelo avesso a gente acha o sentido?
(Adaptado de Otto Lara Resende. Bom dia para nascer. S.Paulo: Cia. das
Letras, 2011. p.2967)

No texto, o autor sugere que


a) as frases mais estranhas seriam aquelas mais plenas de sentido.
b) as palavras só adquiririam sentido quando lidas pelo avesso.
c) o conhecimento do Brasil atual só pode ser aprofundado por meio da poesia.
d) o conto “Satarsa”, de Julio Cortázar, seria autobiográfico.
e) a poesia só seria válida quando colocada a serviço da atuação política.
Comentários:
Alternativa A – Incorreta – A afirmativa extrapola o significado do texto e
distorce o seu significado.
Alternativa B – Incorreta – A afirmativa extrapola o significado do texto e
distorce o seu significado.

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“O menino de Cortázar, que devia ser ele mesmo, virava a palavra pelo avesso
e se encantava. Saber que a leitura pode ser feita de trás para diante é uma
aventura. “
Alternativa C – Incorreta – No trecho abaixo, com a palavra “anagrama”, o autor
expressa uma ideia de reorganização ou releitura para buscar um sentido, como
Julio Cortázar fazia com as palavras.
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“Digo então que tentei uma série de anagramas com o Brasil de hoje. Quem
sabe virando pelo avesso a gente acha o sentido? “
Alternativa D – Correta – Podemos inferir esta ideia da seguinte afirmação: “O
menino de Cortázar, que devia ser ele mesmo, virava a palavra pelo avesso
e se encantava. Saber que a leitura pode ser feita de trás para diante é uma
aventura ... Pois este palíndromo não só encantou o menino Cortázar, como
decidiu o seu destino de escritor”.
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Alternativa E – Incorreta – Não há qualquer informação no texto que nos leve a


inferir que na abordagem literária do escritor haja presença de elementos
políticos.
Gabarito: D

30) FCC/AJ/TRF 5/Judiciária/"Sem Especialidade"/2013


Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
O arroz da raposa
Julio Cortázar tem um conto que sai de um palíndromo − “Satarsa”. Um menino
brinca de desarticular as palavras. No fundo, um escritor é um sujeito que pela
vida afora continua a mexer com as palavras. Para diante delas, estranha esta,
questiona aquela. O menino de Cortázar, que devia ser ele mesmo, virava a
palavra pelo avesso e se encantava. Saber que a leitura pode ser feita de trás
para diante é uma aventura.
E às vezes dá certo. No conto “Satarsa”, a palavra é ROMA. Lida ao contrário,
também faz sentido. Deixa de ser ROMA e vira AMOR. Para o leitor adulto e
apressado, isso pode ser uma bobagem. Para o menino é uma descoberta
fascinante. Olhos curiosos, o menino vê a partir daí que o mundo pode ser
arrumado de várias maneiras. Não só o mundo das palavras. É a partir dessa
possibilidade de mudar que o mundo se renova. E melhora.
Ou piora. Não teria graça se só melhorasse. O risco de piorar é fundamental na
aventura humana. Mas estou me afastando da história do Cortázar. E sobretudo
do que pretendo dizer. Ou pretendia. No embalo das palavras, vou me deixando
arrastar de brincadeira, como o menino do conto. Um dia ele encontrou esta
frase: “Dábale arroz a la zorra el abad”. Em português, significa: “O vigário dava
arroz à raposa”. Soa estranho isso, não soa?

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Mesmo para um menino aberto ao que der e vier, a frase é bastante surrealista,
mas o que importa é que a oração em espanhol pode ser lida de trás para diante.
E fica igualzinha. Pois este palíndromo não só encantou o menino Cortázar,
como decidiu o seu destino de escritor. Isto sou eu quem digo.
Ele percebeu aí que as palavras podem se relacionar de maneira diferente. E
mágica. Sem essa consciência, não há poeta, nem poesia. Como a criança, o
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poeta tem um olhar novo. Lê de trás para diante. Cheguei até aqui e não disse
o que queria. Digo então que tentei uma série de anagramas com o Brasil de
hoje. Quem sabe virando pelo avesso a gente acha o sentido?
(Adaptado de Otto Lara Resende. Bom dia para nascer. S.Paulo: Cia. das
Letras, 2011. p.2967)
Atente para as afirmações abaixo.
I. A frase Sem essa consciência, não há poeta pode ser corretamente reescrita
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do seguinte modo: Não há essa consciência em quem não seja poeta.


II. A frase este palíndromo não só encantou o menino Cortázar, como decidiu o
seu destino de escritor tem seu sentido corretamente reproduzido nesta outra
construção: este palíndromo, além de ter encantado o menino Cortázar,
decidiu o seu destino de escritor.
III. Em Mesmo para um menino aberto ao que der e vier, a frase é bastante
surrealista, a substituição do verbo é por parecia implica a alteração do
segmento grifado para um menino aberto ao que desse e viesse.
Está correto o que consta em
a) I, II e III.
b) II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, apenas.
Comentários:
Item I – Incorreta – A reescritura da frase não mantém a ideia de condição
entre a ausência dessa consciência e a não existência de poetas.
Item II – Correta – A expressão “não só...como”, indicando adição, foi
corretamente substituída pela expressão “além de”.
Item III – Correta – Ao modificar o verbo e o tempo verbal para o pretérito
imperfeito do indicativo, a alteração dos verbos DER e VIER para o pretérito
imperfeito do subjuntivo se faz necessária para manter a harmonia da
correlação verbal e a coerência do texto.
Gabarito: D
É isso pessoal... Abraço e força nos estudos!!!

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6 - Lista de Exercícios

1) CESPE/PT/PM CE/2014
Mundo animal
No morro atrás de onde eu moro vivem alguns urubus. Eles decolam juntos,
cerca de dez, e aproveitam as correntes ascendentes para alcançar as nuvens
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sobre a Lagoa Rodrigo de Freitas. Depois, planam de volta, dando rasantes na


varanda de casa. O grupo dorme na copa das árvores e lembra o dos carcarás
do Mogli. Às vezes, eles costumam pegar sol no terraço. Sempre que dou de
cara com um, trato-o com respeito. O urubu é um pássaro grande, feio e mal-
encarado, mas é da paz. Ele não ataca e só vai embora se alguém o afugenta
com gritos.
Recentemente, notei que um bem-te-vi aparecia todos os dias de manhã para
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roubar a palha da palmeira do jardim. De vez em quando, trazia a senhora para


ajudar no ninho. Comecei a colocar pão na mesa de fora, e eles se habituaram
a tomar o café conosco. Agora, quando não encontram o repasto, cantam,
reclamando do atraso.
Um outro casal descobriu o banquete, não sei a que gênero esses dois
pertencem. A cor é um verde-escuro brilhante, o tamanho é menor do que o do
bem-te-vi e o Pavarotti da dupla é o macho.
A ideia de prender um passarinho na gaiola, por mais que ele se acostume com
o dono, é muito triste. Comprei um periquito, uma vez, criado em cárcere
privado, e o soltei na sala. Achei que ele ia gostar de ter espaço. Saí para
trabalhar e, quando voltei, o pobre estava morto atrás da poltrona. Ele tentou
sair e morreu dando cabeçadas no vidro. Carrego a culpa até hoje. De boas
intenções o inferno está cheio.
O Rio de Janeiro existe entre lá e cá, entre o asfalto e a mata atlântica, mas a
fauna daqui é mais delicada do que a africana e a indiana. Quem tem janela
perto do verde conhece bem o que é conviver com os micos. Nos meus tempos
de São Conrado, eu costumava acordar com um monte deles esperando a boia.
Foi a primeira vez que experimentei cativar espécies não domesticadas.
Lanço aqui a campanha: crie vínculos com um curió, uma paca ou um
formigueiro que seja. Eles são fiéis e conectam você com a mãe natureza.
Experimente, ponha um pãozinho no parapeito e veja se alguém aparece.
Fernanda Torres. In: Veja Rio, 2/12/2012 (com adaptações).
Com relação às ideias e às suas estruturas linguísticas do texto apresentado,
julgue o item a seguir.
Os dois primeiros parágrafos do texto são predominantemente narrativos.
Certo
Errado

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2) CESPE/AnaTA/SUFRAMA/SUFRAMA/Geral/2014
A capital do Amazonas foi, talvez, a cidade que mais conheceu a riqueza, os
encantos e o glamour do primeiro mundo no Brasil. A seus rios e florestas foram
somados o ouro e a sofisticação importada da Europa.
Localizada à margem esquerda do rio Negro, Manaus originou-se de um
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pequeno arraial formado em torno da fortaleza de São José do Rio Negro, criada
em 1669, para guarnecer a região de possíveis investidas dos inimigos. Erguida
à base de pedra e barro, a construção foi chamada de Forte de São João da
Barra do Rio Negro.
No princípio do século XIX, em 1833, o arraial foi elevado à categoria de vila
com o nome de Manaós, em homenagem à tribo de mesma denominação, que
se recusava a ser dominada pelos portugueses e se negava ser mão de obra
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escrava. Quando recebeu o título de cidade, em 24 de outubro de 1848, era um


pequeno aglomerado urbano, com cerca de 3 mil habitantes, uma praça, 16
ruas e quase 250 casas.
O apogeu da capital do Amazonas aconteceu com a “descoberta” do látex por
estrangeiros. Apoiada na revolução financeira e econômica proporcionada pela
borracha, a antiga Manaus passou a ser, por muito tempo, a cidade mais rica
do país.
Internet: <www.amazonas.am.gov.br> (com adaptações).
No que se refere a elementos textuais e linguísticos do texto acima, julgue o
item que se segue.
O texto acima, que trata da origem da cidade de Manaus, é de natureza
eminentemente descritiva.
Certo
Errado

3) FCC/AJ/TRE SP/Administrativa/"Sem Especialidade"/2017


Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
Sandberg, que mudou totalmente o conceito espectador/obra de arte com o seu
trabalho de duas décadas no Museu Stedelijk, de Amsterdã, iniciou sua palestra
elogiando a arquitetura do nosso MAM-RJ que, segundo ele, segue a sua teoria
de que o público deve ver a obra de arte de frente e não de lado, como acontece
até agora com o museu convencional de quatro paredes. O ideal, disse ele, é
que as paredes do museu sejam de vidro e que as obras estejam à mostra em
painéis no centro do recinto. O museu não é uma estrutura sagrada e quem o
frequenta deve permanecer em contato com a natureza do lado de fora:

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“A finalidade do museu de arte contemporânea é nos ajudar a ter consciência


da nossa própria época, manter um espelho na frente do espectador no qual ele
possa se reconhecer. Este critério nos leva também a mostrar a arte de todos
os tempos dentro do ambiente atual. Isso significa que devemos abolir o
mármore, o veludo, as colunas gregas, que são interpretações do século XIX.
Apenas a maior flexibilidade e simplicidade. A luz de cima é natural ao ar livre,
mas artificial ao interior. As telas são pintadas com luz lateral e devem ser
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

mostradas com luz lateral. A luz de cima nos permite encerrar o visitante entre
quatro paredes. Certos museólogos querem as quatro paredes para infligir o
maior número possível de pinturas aos pobres visitantes.
É de capital importância que o visitante possa caminhar em direção a um quadro
e não ao lado dele. Quando os quadros são apresentados nas quatro paredes,
o visitante tem de caminhar ao seu lado. Isso produz um efeito completamente
diferente, especialmente se não queremos que ele apenas olhe para o trabalho,
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mas o veja. Isso é ainda mais verdadeiro em relação aos grandes museus de
arte contemporânea. Eles são grandes porque o artista moderno quer nos
envolver com o seu trabalho e deseja que entremos em sua obra. Ao organizar
o nosso museu, devemos ter consciência da mudança de mentalidade da nova
geração. Abolir todas as marcas do establishment: uniformes, cerimoniais,
formalismo. Quando eu era jovem, as pessoas entravam nos museus nas pontas
dos pés, não ousavam falar ou rir alto, apenas cochichavam.
Realmente não sabemos se os museus, especialmente os de arte
contemporânea, devem existir eternamente. Foram criados numa época em que
a sociedade não estava bastante interessada nos trabalhos de artistas vivos. O
ideal seria que a arte se integrasse outra vez na vida diária, saísse para as ruas,
entrasse nas casas e se tornasse uma necessidade. Esta deveria ser a principal
finalidade do museu: tornar-se supérfluo”.
(Adaptado de: BITTENCOURT, Francisco. “Os Museus na Encruzilhada” [1974],
em Arte-Dinamite, Rio de Janeiro, Editora Tamanduá, 2016, p. 73-75)
Considerando-se o contexto, mantêm-se as relações de sentido e a correção
gramatical substituindo-se
a) supérfluo por “imprescindível” (4º parágrafo)
b) abolir por “libertar” (2º parágrafo)
c) encerrar por “terminar” (2º parágrafo)
d) infligir por “impor” (2º parágrafo)
e) formalismo por “descompostura” (3º parágrafo)

4) FCC/Ag OE/Pref Campinas/2016


Pechada

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O apelido foi instantâneo. No primeiro dia de aula, o aluno novo já estava sendo
chamado de “Gaúcho”. Porque era gaúcho. Recém-chegado do Rio Grande do
Sul, com um sotaque carregado.
− Aí, Gaúcho!
− Fala, Gaúcho!
Perguntaram para a professora por que o Gaúcho falava diferente. A professora
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explicou que cada região tinha seu idioma, mas que as diferenças não eram tão
grandes assim. Afinal, todos falavam português.
− Mas o Gaúcho fala “tu”! − disse o Jorge, que era quem mais implicava com o
novato.
− E fala certo − disse a professora. − Pode-se dizer “tu” e pode-se dizer “você”.
Os dois estão certos.
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O Jorge fez cara de quem não se entregara.


Um dia o Gaúcho chegou tarde na aula e explicou para a professora o que
acontecera.
− O pai atravessou a sinaleira e pechou.
− O quê?
− O pai. Atravessou a sinaleira e pechou.
A professora sorriu. Depois achou que não era caso para sorrir. Afinal, o pai do
menino atravessara uma sinaleira e pechara.
Podia estar, naquele momento, em algum hospital. Gravemente pechado. Com
pedaços de sinaleira sendo retirados do seu corpo.
− O que foi que ele disse, tia? − quis saber o Jorge.
− Que o pai dele atravessou uma sinaleira e pechou.
− E o que é isso?
− Gaúcho... Quer dizer, Rodrigo: explique para a classe o que aconteceu.
− Nós vinha...
− Nós vínhamos.
− Nós vínhamos de auto, o pai não viu a sinaleira fechada, passou no vermelho
e deu uma pechada noutro auto.
A professora varreu a classe com seu sorriso. Estava claro o que acontecera?
Ao mesmo tempo, procurava uma tradução para o relato do gaúcho. Não podia
admitir que não o entendera. Não com o Jorge rindo daquele jeito.
“Sinaleira”, obviamente, era sinal, semáforo. “Auto” era automóvel, carro. Mas
“pechar” o que era? Bater, claro. Mas de onde viera aquela estranha palavra?
Só muitos dias depois a professora descobriu que “pechar” vinha do espanhol e
queria dizer bater com o peito, e até lá teve que se esforçar para convencer o

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Jorge de que era mesmo brasileiro o que falava o novato. Que já ganhara outro
apelido: Pechada.
− Aí, Pechada!
− Fala, Pechada!
(VERÍSSIMO, Luis Fernando. “Pechada”. Revista Nova Escola. São Paulo,
maio/2001. Disponível em:t thp://revistaescola.abril.com.br/fundamental-
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1/pechada-634220.shtml)

Um termo empregado com sentido figurado está sublinhado em:


a) A professora sorriu.
b) Os dois estão certos.
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c) A professora varreu a classe com seu sorriso.


d) “Sinaleira”, obviamente, era sinal, semáforo.
e) Recém-chegado do Rio Grande do Sul, com um sotaque carregado.

5) FCC/Ag FRT/ARTESP/Técnico em Contabilidade -


Administração/2017
Atenção: Para responder à questão considere o texto abaixo.
Aplicativos para celular e outros avanços tecnológicos têm transformado as
formas de ir e vir da população e podem ser grandes aliados na melhoria da
mobilidade urbana.
Segundo a União Internacional dos Transportes Públicos (UITP), simulações
feitas nas capitais de países da União Europeia mostram que a combinação de
transporte público de alta capacidade e o compartilhamento de carros e caronas
poderia remover até 65 de cada 100 carros nos horários de pico.
(Adaptado de: Aplicativos e tecnologia mudam a mobilidade urbana.
Disponível em: http://odia.ig.com.br)

A forma verbal poderia, no segundo parágrafo, atribui à expressão remover


até 65 de cada 100 carros nos horários de pico sentido
a) falacioso.
b) factual.
c) imperativo.
d) conclusivo.
e) conjectural.

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6) FCC/AJ/TRT 24/Judiciária/Oficial de Justiça Avaliador


Federal/2017
A representação da “realidade” na imprensa
Parece ser um fato assentado, para muitos, que um jornal ou um telejornal
expresse a “realidade”. Folhear os cadernos de papel de ponta a ponta ou seguir
pacientemente todas as imagens do grande noticiário televisivo seriam
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operações que atualizariam a cada dia nossa “compreensão do mundo”. Mas


esse pensamento, tão disseminado quanto ingênuo, não leva em conta a
questão da perspectiva pela qual se interpretam todas e quaisquer situações
focalizadas. Submetermo-nos à visada do jornalista que compôs a notícia, ou
mesmo à do câmera que flagra uma situação (e que, aliás, tem suas tomadas
sob o controle de um editor de imagens), é desfazermo-nos da nossa própria
capacidade de análise, é renunciarmos à perspectiva de sujeitos da nossa
interpretação.
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Tanto quanto os propalados e indiscutíveis “fatos”, as notícias em si mesmas,


com a forma acabada pela qual se veiculam, são parte do mundo: convém
averiguar a quem interessa o contorno de uma análise política, o perfil criado
de uma personalidade, o sentido de um levante popular ou o alcance de uma
medida econômica. O leitor e o espectador atentos ao que leem ou veem não
têm o direito de colocar de lado seu senso crítico e tomar a notícia como espelho
fiel da “realidade”. Antes de julgarmos “real” o “fato” que já está interpretado
diante de nossos olhos, convém reconhecermos o ângulo pelo qual o fato se
apresenta como indiscutível e como se compõe, por palavras ou imagens, a
perspectiva pela qual uma bem particular “realidade” quer se impor para nós,
dispensando-nos de discutir o ponto de vista pelo qual se construiu uma
informação.
(Tibério Gaspar, inédito)
Diante das informações que habitualmente nos oferecem os jornais e os
noticiários, devemos, segundo o autor do texto,
a) considerar como fatos efetivos apenas aqueles que ganham igual dimensão
em todos os veículos.
b) imaginar que os interesses existentes na divulgação dos fatos acabam por
destituí-los de importância.
c) interpretar as notícias de modo a excluir delas o que nos pareça mais
problemático ou inverossímil.
d) ponderar que tais informações são construídas a partir de um ponto de vista
necessariamente particular.
e) avaliar os fatos noticiados segundo o ângulo que melhor se afine com os
nossos valores pessoais.

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7) FCC/AJ/TRE SP/Judiciária/2017
Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
Amizade
A amizade é um exercício de limites afetivos em permanente desejo de
expansão. Por mais completa que pareça ser uma relação de amizade, ela vive
também do que lhe falta e da esperança de que um dia nada venha a faltar.
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Com o tempo, aprendemos a esperar menos e a nos satisfazer com a finitude


dos sentimentos nossos e alheios, embora no fundo de nós ainda esperemos a
súbita novidade que o amigo saberá revelar. Sendo um exercício bem-sucedido
de tolerância e paciência – amplamente recompensadas, diga-se – a amizade é
também a ansiedade e a expectativa de descobrirmos em nós, por intermédio
do amigo, uma dimensão desconhecida do nosso ser.
Há quem julgue que cabe ao amigo reconhecer e estimular nossas melhores
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qualidades. Mas por que não esperar que o valor maior da amizade está em ser
ela um necessário e fiel espelho de nossos defeitos? Não é preciso contar com
o amigo para conhecermos melhor nossas mais agudas imperfeições? Não cabe
ao amigo a sinceridade de quem aponta nossa falha, pela esperança de que
venhamos a corrigi-la? Se o nosso adversário aponta nossas faltas no tom
destrutivo de uma acusação, o amigo as identifica com lealdade, para que nos
compreendamos melhor.
Quando um amigo verdadeiro, por contingência da vida ou imposição da morte,
é afastado de nós, ficam dele, em nossa consciência, seus valores, seus juízos,
suas percepções. Perguntas como “O que diria ele sobre isso?” ou “O que faria
ele com isso?” passam a nos ocorrer: são perspectivas dele que se fixaram e
continuam a agir como um parâmetro vivo e importante. As marcas da amizade
não desaparecem com a ausência do amigo, nem se enfraquecem como
memórias pálidas: continuam a ser referências para o que fazemos e pensamos.
(CALÓGERAS, Bruno, inédito)

A frase inicial A amizade é um exercício de limites afetivos em permanente


desejo de expansão deixa ver, no contexto, que em uma relação entre amigos
a) os sentimentos mútuos são restritos, devido à desconfiança que sempre
estamos a alimentar uns dos outros.
b) a afetividade é indispensável, embora alimentemos dentro de nós o desejo
de uma plena autossuficiência.
c) a afetividade é verdadeira, conquanto se estabeleça em contornos restritivos
que gostaríamos de ver eliminados.
d) os sentimentos predominantes passam a ser indesejáveis quando se percebe
o quanto podem ser falsos.

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e) a afetividade, aparentemente real, revela-se ilusória, diante dos modelos


ideais de afeto que conservamos do nosso passado.

8) FCC/TJ/TRF 3/Administrativa/"Sem Especialidade"/2014


Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
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Texto I
O canto das sereias é uma imagem que remonta às mais luminosas fontes da
mitologia e da literatura gregas. As versões da fábula variam, mas o sentido
geral da trama é comum.
As sereias eram criaturas sobre-humanas. Ninfas de extraordinária beleza,
viviam sozinhas numa ilha do Mediterrâneo, mas tinham o dom de chamar a si
os navegantes, graças ao irresistível poder de sedução do seu canto. Atraídos
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por aquela melodia divina, os navios batiam nos recifes submersos da beira-
mar e naufragavam. As sereias então devoravam impiedosamente os
tripulantes.
Doce o caminho, amargo o fim. Como escapar com vida do canto das sereias?
A literatura grega registra duas soluções vitoriosas. Uma delas foi a saída
encontrada por Orfeu, o incomparável gênio da música e da poesia.
Quando a embarcação na qual ele navegava entrou inadvertidamente no raio
de ação das sereias, ele conseguiu impedir a tripulação de perder a cabeça
tocando uma música ainda mais sublime do que aquela que vinha da ilha. O
navio atravessou incólume a zona de perigo.
A outra solução foi a de Ulisses. Sua principal arma para vencer as sereias foi o
reconhecimento franco e corajoso da sua fraqueza e da sua falibilidade − a
aceitação dos seus inescapáveis limites humanos.
Ulisses sabia que ele e seus homens não teriam firmeza para resistir ao apelo
das sereias. Por isso, no momento em que a embarcação se aproximou da ilha,
mandou que todos os tripulantes tapassem os ouvidos com cera e ordenou que
o amarrassem ao mastro central do navio. O surpreendente é que Ulisses não
tapou com cera os próprios ouvidos − ele quis ouvir. Quando chegou a hora,
Ulisses foi seduzido pelas sereias e fez de tudo para convencer os tripulantes a
deixarem-no livre para ir juntar-se a elas. Seus subordinados, contudo,
cumpriram fielmente a ordem de não soltá-lo até que estivessem longe da zona
de perigo.
Orfeu escapou das sereias como divindade; Ulisses, como mortal. Ao se
aproximar das sereias, a escolha diante do herói era clara: a falsa promessa de
gratificação imediata, de um lado, e o bem permanente do seu projeto de vida
− prosseguir viagem, retornar a Ítaca, reconquistar Penélope −, do outro. A
verdadeira vitória de Ulisses foi contra ele mesmo. Foi contra a fraqueza, o
oportunismo suicida e a surdez delirante que ele soube reconhecer em sua
própria alma.

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(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Autoengano. São Paulo, Cia. das Letras,
1997. Formato e-BOOK)

Depreende-se do texto que as sereias atingiam seus objetivos por meio de


a) dissimulação.
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b) lisura.
c) observação.
d) condescendência.
e) intolerância.

9) FCC/Cons Leg/Cam Mun SP/Biblioteconomia/2014


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Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.


Celebridades
Todos sabemos qual é a atividade de um médico, de um engenheiro, de um
publicitário, de um torneiro mecânico, de um porteiro. Mas o que faz,
exatamente, uma celebridade − além de ser célebre? Vejam que não me refiro
a quem alcançou sucesso pela competência na função que exerce; falo das
celebridades que estão acima de um talento específico e se tornaram célebres
ninguém sabe exatamente por quê.
Ilustro isso com um caso contado pelo poeta Ferreira Gullar. Andando numa rua
do Rio de Janeiro, com sua inconfundível figura − magérrimo, rosto comprido e
longos cabelos prateados − foi avistado por um indivíduo embriagado que deve
tê-lo reconhecido da televisão, onde sempre aparece, que lhe gritou da outra
calçada: − Ferreira Gullar! Sujeito famoso que eu não sei quem é!
Aqui, a celebração não era do poeta ou de sua obra: era o reconhecimento de
uma celebridade pela celebridade que é, e ponto final. Isso faz pensar em
quanto o poder da mídia é capaz de criar deuses sem qualquer poder divino,
astros fulgurantes sem o brilho de uma sólida justificativa. E as consequências
são conhecidas: uma vez elevada a seu posto, a celebridade passa a ser ouvida,
a ter influência, a exercitar esse difuso poder de um “formador de opinião”.
Cobra-se da celebridade a lucidez que não tem, atribui-se-lhe um nível de
informação que nunca alcançou, conta-se com um descortino crítico que lhe
falta em sentido absoluto. Revistas especializam-se nelas, fotografam-nas de
todos os ângulos, perseguem-nas onde quer que estejam, entrevistam-nas a
propósito de tudo. Esgotada, enfim, uma celebração (até mesmo as
celebridades são mortais), não faltam novos ocupantes do posto.
À falta de algum mérito real, as oportunidades da sorte ou da malícia bem-
sucedida acabam por presentear pessoas vazias com o cetro e a coroa de uma
realeza artificial. Mas um artifício bem administrado, sabemos disso, pode

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ganhar o aspecto de uma qualidade natural. O que se espera é que sempre haja
quem não confunda um manequim vazio com uma cabeça com cérebro dentro.
(Diógenes Lampeiro, inédito)

No dicionário Houaiss, o verbete tautologia apresenta, entre outras, a seguinte


acepção: proposição analítica que permanece sempre verdadeira, uma vez que
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o atributo é uma repetição do sujeito. Com essa acepção, o qualificativo de


tautológicas pode ser aplicado às passagens do texto em que o conceito de
celebridade remete
a) ao mérito real que algumas celebridades demonstram no exercício de funções
profissionais específicas.
b) à possibilidade de alguém gozar de celebração pelo fato de passar a ser
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reconhecido como uma celebridade.


c) ao fato de que numa sociedade de consumo todo e qualquer indivíduo tem
seu momento de celebridade.
d) à possibilidade de que a celebração de alguém resista à passagem do tempo,
tornando-se vitalícia.
e) ao fato de que os grandes criadores passam a ser identificados publicamente
a partir do mérito de suas obras.

10) FCC/TJ/TRT 15/Apoio Especializado/Enfermagem/2015


Atenção: Para responder à questão, considere o poema abaixo.
“Você não está mais na idade
de sofrer por essas coisas”'
Há então a idade de sofrer
e a de não sofrer mais
por essas, essas coisas?
As coisas só deviam acontecer
para fazer sofrer
na idade própria de sofrer?
Ou não se devia sofrer
pelas coisas que causam sofrimento
pois vieram fora de hora, e a hora é calma?
E se não estou mais na idade de sofrer
é porque estou morto, e morto

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é a idade de não sentir as coisas, essas coisas?


(ANDRADE, Carlos Drummond de. Essas coisas. As impurezas do branco. Rio
de Janeiro: José Olympio, 3. ed., 1976, p.30)

Considerando-se que elipse é a supressão de um termo que pode ser


subentendido pelo contexto linguístico, pode-se identifica-la no verso:
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a) As coisas só deviam acontecer


b) Ou não se devia sofrer
c) e a de não sofrer mais
d) é a idade de não sentir as coisas, essas coisas?
e) Você não está mais na idade
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11) FCC/ATE/SEFAZ PI/2015


Instrução: A questão refere-se ao texto seguinte.
Filosofia de borracharia
O borracheiro coçou a desmatada cabeça e proferiu a sentença tranquilizadora:
nenhum problema com o nosso pneu, aliás quase tão calvo quanto ele. Estava
apenas um bocado murcho.
− Camminando si sgonfia* − explicou o camarada, com um sorriso de
pouquíssimos dentes e enorme simpatia.
O italiano vem a ser um dos muitos idiomas em que a minha abrangente
ignorância é especializada, mas ainda assim compreendi que o pneu do nosso
carro periclitante tinha se esvaziado ao longo da estrada. Não era para menos.
Tendo saído de Paris, havíamos rodado muito antes de cair naquele emaranhado
de fronteiras em que você corre o risco de não saber se está na Áustria, na
Suíça ou na Itália. Soubemos que estávamos no norte, no sótão da Itália, vendo
um providencial borracheiro dar nova carga a um pneu sgonfiato.
Dali saímos − éramos dois jovens casais num distante verão europeu,
embarcados numa aventura que, de camping em camping, nos levaria a
Istambul – para dar carga nova a nossos estômagos, àquela altura não menos
sgonfiati. O que pode a fome, em especial na juventude: à beira de um himalaia
de sofrível espaguete fumegante, julguei ver fumaças filosóficas na sentença do
tosco borracheiro. E, entre garfadas, sob o olhar zombeteiro dos companheiros
de viagem, me pus a teorizar.
Sim, camminando si sgonfia, e não apenas quando se é, nesta vida, um pneu.
Também nós, de tanto rodar, vamos aos poucos desinflando. E por aí fui, inflado
e inflamado num papo delirante. Fosse hoje, talvez tivesse dito, infelizmente
com conhecimento de causa, que a partir de determinado ponto carecemos

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todos de alguma espécie de fortificante, de um novo alento para o corpo, quem


sabe para a alma.
* Camminando si sgonfia = andando se esvazia. Sgonfiato é vazio; sgonfiati é
a forma plural.
(Adaptado de: WERNECK, Humberto – Esse inferno vai acabar. Porto Alegre,
Arquipélago, 2011, p. 8586)
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Atente para a seguinte construção: O borracheiro explicou-nos que os pneus


haviam esvaziado com o uso, e que era fácil resolver aquele problema.
Empregando-se o discurso direto, a frase deverá ser: O borracheiro explicou-
nos:
a) − Os pneus com o uso tinham esvaziado, mas seria fácil resolver o problema.
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b) − Os pneus se esvaziaram com o uso, é fácil resolver este problema.


c) − Com o uso os pneus terão se esvaziado, seria fácil resolver esse problema.
d) − Os pneus com o uso estavam vazios, vai ser fácil resolver seu problema.
e) − Com o uso os pneus estão esvaziando, problema este que seria fácil
resolver.

12) FCC/AJ/TRT 1/Apoio Especializado/Tecnologia da


Informação/2014
Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.
A cultura brasileira em tempos de utopia
Durante os anos 1950 e 1960 a cultura e as artes brasileiras expressaram as
utopias e os projetos políticos que marcaram o debate nacional. Na década de
1950, emergiu a valorização da cultura popular, que tentava conciliar aspectos
da tradição com temas e formas de expressão modernas.
No cinema, por exemplo, Nelson Pereira dos Santos, nos seus filmes Rio, 40
graus (1955) e Rio, zona norte (1957) mostrava a fotogenia das classes
populares, denunciando a exclusão social. Na literatura, Guimarães Rosa
publicou Grande sertão: veredas (1956) e João Cabral de Melo Neto escreveu o
poema Morte e vida Severina − ambos assimilando traços da linguagem popular
do sertanejo, submetida ao rigor estético da literatura erudita.
Na música popular, a Bossa Nova, lançada em 1959 por Tom Jobim e João
Gilberto, entre outros, inspirava-se no jazz, rejeitando a música passional e a
interpretação dramática que se dava aos sambas-canções e aos boleros que
dominavam as rádios brasileiras. A Bossa Nova apontava para o despojamento
das letras das canções, dos arranjos instrumentais e da vocalização, para
melhor expressar o “Brasil moderno”.

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Já a primeira metade da década de 1960 foi marcada pelo encontro entre a vida
cultural e a luta pelas Reformas de Base. Já não se tratava mais de buscar
apenas uma expressão moderna, mas de pontuar os dilemas brasileiros e
denunciar o subdesenvolvimento do país. Organizava-se, assim, a cultura
engajada de esquerda, em torno do Movimento de Cultura Popular do Recife e
do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE), num
processo que culminaria no Cinema Novo e na canção engajada, base da
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moderna música popular brasileira, a MPB.


(Adaptado de: NAPOLITANO, Marcos e VILLAÇA, Mariana. História para o
ensino médio. São Paulo: Atual, 2013, p. 738)

Estes dois segmentos constituem respectivamente, no contexto dado, a


expressão de uma causa e de seu efeito:
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a) interpretação dramática / despojamento das letras das canções (3o


parágrafo)
b) assimilando traços da linguagem popular / submetida ao rigor estético da
literatura erudita (2o parágrafo)
c) rejeitando a música passional / inspirava-se no jazz (3o parágrafo)
d) Organizava-se, assim, a cultura engajada de esquerda / Cinema Novo e
canção engajada (4o parágrafo)
e) a primeira metade da década de 1960 / luta pelas Reformas de Base (4o
parágrafo)

13) FCC/TJ/TRT 1/Administrativa/2013


Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.
Visão monumental
Nada superará a beleza, nem todos os ângulos retos da razão. Assim pensava
o maior arquiteto e mais invocado sonhador do Brasil. Morto em 5 de dezembro
de insuficiência respiratória, a dez dias de completar com uma festa, no Rio de
Janeiro onde morava, 105 anos de idade, Oscar Niemeyer propusera sua própria
revolução arquitetônica baseado em uma interpretação do corpo da mulher.
Filho de fazendeiros, fora o único ateu e comunista da família, tendo ingressado
no partido por inspiração de Luiz Carlos Prestes, em 1945. Como a agremiação
partidária não correspondera a seu sonho, descolara-se dela, na companhia de
seu líder, em 1990. “O comunismo resolve o problema da vida”, acreditou até
o fim. “Ele faz com que a vida seja mais justa. E isso é fundamental. Mas o ser
humano, este continua desprotegido, entregue à sorte que o destino lhe impõe.”
E desprotegido talvez pudesse se sentir um observador diante da
monumentalidade que ele próprio idealizara para Brasília a partir do plano-piloto

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de Lucio Costa. Quem sabe seus museus, prédios governamentais e catedrais


não tivessem mesmo sido construídos para ilustrar essa perplexidade? Ele
acreditava incutir o ardor em quem experimentava suas construções.
Bem disse Le Corbusier que Niemeyer tinha “as montanhas do Rio dentro dos
olhos”, aquelas que um observador pode vislumbrar a partir do Museu de Arte
Contemporânea de Niterói, um entre cerca de 500 projetos seus. Brasília, em
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que pese o sonho necessário, resultara em alguma decepção. Niemeyer vira a


possibilidade de construir ali a imagem moderna do País. E como dizer que a
cidade, ao fim, deixara de corresponder à modernidade empenhada? Houve um
sonho monumental, e ele foi devidamente traduzido por Niemeyer. No Planalto
Central, construíra a identidade escultural do Brasil.
(Adaptado de Rosane Pavam. CartaCapital, 07/12/2012,
www.cartacapital.com.br/sociedade/avisaomonumental2/)
Cópia registrada para Jefferson Fernandes (CPF: 332.370.208-50)

Quem sabe seus museus, prédios governamentais e catedrais não tivessem


mesmo sido construídos para ilustrar essa perplexidade? (3º parágrafo)
De acordo com o contexto, o sentido do elemento grifado acima pode ser
adequadamente reproduzido por:
a) descompasso.
b) problemática.
c) melancolia.
d) estupefação.
e) animosidade.

14) FCC/AJ/TRE RO/Judiciária/2013


Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.
Pintor, gravador e vitralista, Marc Chagall estudou artes plásticas na Academia
de Arte de São Petersburgo. Seguindo para Paris em 1910, ligou-se aos poetas
Blaise Cendrars, Max Jacob e Apollinaire − e aos pintores Delaunay, Modigliani
e La Fresnay.
A partir daí, trabalhou intensamente para integrar o seu mundo de
reminiscências e fantasias na linguagem moderna derivada do fauvismo e do
cubismo.
Na década de 30, o clima de perseguição e de guerra repercute em sua pintura,
onde surgem elementos dramáticos, sociais e religiosos. Em 1941, parte para
os EUA, onde sua esposa falece (1944). Chagall mergulha, então, em um
período de evocações, quando conclui o quadro "Em torno dela", que se tornou
uma síntese de todos os seus temas.

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(Adaptado de: educação.uol.com.br/biografias/marcchagall.html)

Para manter as relações de sentido e a correção gramatical do texto, o termo


derivada (2o parágrafo) NÃO pode ser substituído por:
a) provida.
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

b) advinda.
c) proveniente.
d) originária.
e) oriunda.

15) FCC/Ana Con/TCE-MT/2013


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Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.


O preço da virtude
Nossas qualidades naturais são, já por si, virtuosas? Pessoas de temperamento
calmo e índole generosa, por exemplo, podem ser vistas como gente
indiscutivelmente meritória? Mulheres e homens bem-intencionados devem ser
julgados apenas com base em suas boas intenções? Tais perguntas nos levam
a um complicado centro de discussão: haverá algum valor moral nas ações que
se executam com naturalidade, sem o enfrentamento de qualquer obstáculo, ou
o que é natural não encerra virtude alguma, já que não encontra qualquer
adversidade?
Há quem defenda a tese de que somente há virtude numa ação benigna cujo
desempenho implica algum sacrifício do sujeito. A virtude estaria, assim, não
na natureza do indivíduo, mas na sua firme disposição para sacrificar-se em
benefício de um outro ser ou de um ideal. O sacrifício indicaria o desprendimento
moral, o ato desinteressado, a disposição para pagar um preço pela escolha
feita: eu me disponho a passar fome para que essa criança se alimente; eu
deixo de usufruir um prazer para que o outro possa experimentá-lo.
Nessa questão, valores éticos e valores religiosos podem até mesmo se
confundir. A palavra sacrifício tem o sagrado na raiz; mas não é preciso ser
religioso para se provar a capacidade de renúncia. Quanto ao preço a pagar,
não há dúvida: sempre reconheceremos mais mérito em quem foi capaz de agir
passando por cima de seu próprio interesse do que naquele que agiu sem ter
que enfrentar qualquer ônus em sua decisão.
(TRANCOSO, Doroteu. Inédito)

Considere as seguintes afirmações:

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I. No primeiro parágrafo, o conceito de adversidade está empregado para


caracterizar situações em que não há necessidade de sacrifício.
II. No segundo parágrafo, deve-se entender por ação benigna aquela que
implica, necessariamente, o sacrifício de quem a executa.
III. No terceiro parágrafo, reafirma-se a tese de que os sacrifícios pessoais são
inerentes às ações autenticamente virtuosas.
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em


a) II e III.
b) I.
c) II.
d) III.
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e) I e II.

16) FCC/AJ/TRF 4/Judiciária/"Sem Especialidade"/2014


Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
Um programa a ser adotado
O PET − Programa de Educação pelo Trabalho − está fazendo dez anos, que
serão comemorados num evento promovido pelo TRF4, que contará com
representantes da Fase − Fundação de Atendimento Socioeducativo do Rio
Grande do Sul.
Há dez anos seria difícil imaginar um interno da Fase em cumprimento de
medida socioeducativa saindo para trabalhar em um tribunal e, no final do dia,
retornar à fundação. Muitos desacreditariam da iniciativa de colocar um
adolescente infrator dentro de um gabinete de desembargador ou da
Presidência de um tribunal. Outros poderiam discriminar esses jovens e deseja-
los longe do ambiente de trabalho.
Todas essas barreiras foram vencidas. Em uma década, o PET do TRF4 se tornou
realidade, quebrou preconceitos, mudou a cultura da própria instituição e a vida
de 154 adolescentes que já passaram pelo projeto. São atendidos jovens entre
16 e 21 anos, com escolaridade mínima da 4ª série do ensino fundamental. O
tribunal enfrenta o desafio de criar, desenvolver e, principalmente, manter um
programa de reinserção social. Os resultados do trabalho do PET com os
menores que cumprem medida socioeducativa na Fase são considerados muito
positivos quando se fala de jovens em situação de vulnerabilidade social.
Durante esses dez anos, 45% dos participantes foram inseridos no mercado de
trabalho e muitos já concluíram o ensino médio; cerca de 70% reorganizaram
suas vidas e conseguiram superar a condição de envolvimento em atividades
ilícitas.

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Na prática, os jovens trabalham durante 4 horas nos gabinetes de


desembargadores e nas unidades administrativas do tribunal. Recebem
atendimento multidisciplinar, com acompanhamento jurídico, de psicólogos e de
assistentes sociais. Por meio de parcerias com entidades, já foram realizados
cursos de mecânica, de padaria e de garçom. Destaque a considerar é o projeto
“Virando a página”: oficinas de leitura e produção textual, coordenadas por
servidores do TRF4 e professores e formandos de faculdades de Letras.
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

(Adaptado de: wttp://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php? acao=


noticia_visualizar&id_noticia=10129)

No contexto, o sentido do elemento sublinhado em


a) Outros poderiam discriminar esses jovens (2º parágrafo) é o de distinguir,
enfatizar.
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b) em cumprimento de medida socioeducativa (2º parágrafo) é o de


observância, atendimento.
c) manter um programa de reinserção social (3º parágrafo) é o de remissão,
retroação.
d) em situação de vulnerabilidade social (3º parágrafo) é o de impropriedade,
informalidade.
e) Recebem atendimento multidisciplinar (4º parágrafo) é o de socialista,
democrático.

17) FCC/AJ/TRT 3/Judiciária/Oficial de Justiça Avaliador


Federal/2015
Atenção: A questão refere-se ao texto que segue.
A matéria abaixo, que recebeu adaptações, é do jornalista Alberto Dines, e foi
veiculada em 9/05/2015, um dia após as comemorações pelos 70 anos do fim
da Segunda Guerra Mundial.
Quando a guerra acabar…
Abre parêntese: há momentos − felizmente raros − em que a história pessoal
se impõe às percepções conjunturais e o relato na primeira pessoa, embora
singular, parcial, às vezes suspeito, sobrepõe-se à narrativa impessoal, ampla,
genérica. Fecha parêntese.
O descaso e os indícios de esquecimento que, na sexta-feira (8/5), rodearam
os setenta anos do fim da fase europeia da Segunda Guerra Mundial
sobressaltaram. O ano de 1945 pegou-me com 13 anos e a data de 8 de maio
incorporou-se ao meu calendário íntimo e o cimentou definitivamente às
efemérides históricas que éramos obrigados a decorar no ginásio.

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Seis anos antes (1939), a invasão da Polônia pela Alemanha hitlerista − e logo
depois pela Rússia soviética − empurrou a guerra para dentro da minha casa
através dos jornais e do rádio: as vidas da minha avó paterna, tios, tias, primos
e primas dos dois lados corriam perigo. Em 1941, quando a Alemanha rompeu
o pacto com a URSS e a invadiu com fulminantes ataques, inclusive à Ucrânia,
instalou-se a certeza: foram todos exterminados.
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A capitulação da Alemanha tornara-se inevitável, não foi surpresa, sabíamos


que seria esmagada pelos Aliados. Nova era a sensação de paz, a certeza que
começava uma nova página da história e perceptível mesmo para crianças e
adolescentes. A prometida quimera embutida na frase “quando a guerra acabar”
tornara-se desnecessária, desatualizada.
A guerra acabara para sempre. Enquanto o retorno dos combatentes brasileiros
vindos da Itália era saudado delirantemente, matutinos e vespertinos − mais
calejados do que a mídia atual − nos alertavam que a guerra continuava feroz
Cópia registrada para Jefferson Fernandes (CPF: 332.370.208-50)

não apenas no Extremo Oriente, mas também na antiquíssima Grécia, onde


guerrilheiros de direita e de esquerda, esquecidos do inimigo comum − o nazi-
fascismo − se enfrentavam para ocupar o vácuo de poder deixado pela
derrotada barbárie.
Sete décadas depois − porção ínfima da história da humanidade −, aquele que
foi chamado Dia da Vitória e comemorado loucamente nas ruas do mundo
metamorfoseou-se em Dia das Esperanças Perdidas: a guerra não acabou. Os
Aliados desvincularam-se, tornaram-se adversários. A guerra continua, está aí,
espalhada pelo mundo, camuflada por diferentes nomenclaturas, inconfundível,
salvo em breves hiatos sem hostilidades, porém com intensos ressentimentos.
(Reproduzido da Gazeta do Povo (Curitiba, PR) e do Correio Popular
(Campinas, SP), 9/5/2015; intertítulo do Observatório da Imprensa, edição
849)

O segmento do texto que está traduzido de maneira a não prejudicar o sentido


original é:
a) (linhas 1 e 2) a história pessoal se impõe às percepções conjunturais / o
relato da própria pessoa infunde veracidade aos fatos da conjuntura.
b) (linha 8) incorporou-se ao meu calendário íntimo / passou a fazer parte de
minhas memórias negativas mais intensas.
c) (linha 9) e o cimentou definitivamente às efemérides históricas / e o conectou
por fim às catástrofes históricas.
d) (linha 17) A capitulação da Alemanha tornara-se inevitável / a fragmentação
da Alemanha era considerada indiscutível.
e) (linha 33) camuflada por diferentes nomenclaturas / disfarçada sob o véu de
distintos nomes.

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18) FGV/TSE/DPE RJ/Administração/2014


XÓPIS
Não foram os americanos que inventaram o shopping center. Seus antecedentes
diretos são as galerias de comércio de Leeds, na Inglaterra, e as passagens de
Paris pelas quais flanava, encantado, o Walter Benjamin. Ou, se você quiser ir
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mais longe, os bazares do Oriente. Mas foram os americanos que aperfeiçoaram


a ideia de cidades fechadas e controladas, à prova de poluição, pedintes,
automóveis, variações climáticas e todos os outros inconvenientes da rua.
Cidades só de calçadas, onde nunca chove, neva ou venta, dedicadas
exclusivamente às compras e ao lazer – enfim, pequenos (ou enormes) templos
de consumo e conforto. Os xópis são civilizações à parte, cuja existência e o
sucesso dependem, acima de tudo, de não serem invadidas pelos males da rua.
Cópia registrada para Jefferson Fernandes (CPF: 332.370.208-50)

Dentro dos xópis você pode lamentar a padronização de lojas e grifes, que são
as mesmas em todos, e a sensação de estar num ambiente artificial, longe do
mundo real, mas não pode deixar de reconhecer que, se a americanização do
planeta teve seu lado bom, foi a criação desses bazares modernos, estes centros
de conveniência com que o Primeiro Mundo – ou pelo menos uma ilusão de
Primeiro Mundo – se espraia pelo mundo todo. Os xópis não são exclusivos,
qualquer um pode entrar num xópi nem que seja só para fugir do calor ou flanar
entre as suas vitrines, mas a apreensão causada por essas manifestações de
massa nas suas calçadas protegidas, os rolezinhos, soa como privilégio
ameaçado. De um jeito ou de outro, a invasão planejada de xópis tem algo de
dessacralização. É a rua se infiltrando no falso Primeiro Mundo. A perigosa rua,
que vai acabar estragando a ilusão.
As invasões podem ser passageiras ou podem descambar para violência e
saques. Você pode considerar que elas são contra tudo que os templos de
consumo representam ou pode vê-las como o ataque de outra civilização à
parte, a da irmandade da internet, à civilização dos xópis. No caso seria o
choque de duas potências parecidas, na medida em que as duas pertencem a
um primeiro mundo de mentira que não tem muito a ver com a nossa realidade.
O difícil seria escolher para qual das duas torcer. Eu ficaria com a mentira dos
xópis.
(Veríssimo, O Globo, 26012014.)

Ao dizer que os shoppings são “cidades”, o autor do texto faz uso de um tipo de
linguagem figurada denominada
a) metonímia.
b) eufemismo.
c) hipérbole.

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d) metáfora.
e) catacrese.

19) FCC/ATE/SEFAZ PI/2015


Instrução: A questão refere-se ao texto seguinte.
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Filosofia de borracharia
O borracheiro coçou a desmatada cabeça e proferiu a sentença tranquilizadora:
nenhum problema com o nosso pneu, aliás quase tão calvo quanto ele. Estava
apenas um bocado murcho.
− Camminando si sgonfia* − explicou o camarada, com um sorriso de
pouquíssimos dentes e enorme simpatia.
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O italiano vem a ser um dos muitos idiomas em que a minha abrangente


ignorância é especializada, mas ainda assim compreendi que o pneu do nosso
carro periclitante tinha se esvaziado ao longo da estrada. Não era para menos.
Tendo saído de Paris, havíamos rodado muito antes de cair naquele emaranhado
de fronteiras em que você corre o risco de não saber se está na Áustria, na
Suíça ou na Itália. Soubemos que estávamos no norte, no sótão da Itália, vendo
um providencial borracheiro dar nova carga a um pneu sgonfiato.
Dali saímos − éramos dois jovens casais num distante verão europeu,
embarcados numa aventura que, de camping em camping, nos levaria a
Istambul – para dar carga nova a nossos estômagos, àquela altura não menos
sgonfiati. O que pode a fome, em especial na juventude: à beira de um himalaia
de sofrível espaguete fumegante, julguei ver fumaças filosóficas na sentença do
tosco borracheiro. E, entre garfadas, sob o olhar zombeteiro dos companheiros
de viagem, me pus a teorizar.
Sim, camminando si sgonfia, e não apenas quando se é, nesta vida, um pneu.
Também nós, de tanto rodar, vamos aos poucos desinflando. E por aí fui, inflado
e inflamado num papo delirante. Fosse hoje, talvez tivesse dito, infelizmente
com conhecimento de causa, que a partir de determinado ponto carecemos
todos de alguma espécie de fortificante, de um novo alento para o corpo, quem
sabe para a alma.
* Camminando si sgonfia = andando se esvazia. Sgonfiato é vazio; sgonfiati é
a forma plural.
(Adaptado de: WERNECK, Humberto – Esse inferno vai acabar. Porto Alegre,
Arquipélago, 2011, p. 8586)

Por valorizar recursos expressivos da linguagem, o autor da crônica,


a) na expressão quase tão calvo quanto ele (1º parágrafo), qualifica o
borracheiro com um termo familiarmente aplicado a um pneu já muito gasto.

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b) no segmento minha abrangente ignorância é especializada (3º parágrafo), é


irônico ao atribuir à ignorância qualidades aplicáveis a um alto conhecimento.
c) na expressão num distante verão europeu (4º parágrafo), utiliza um indicador
de tempo para denotar a extensão do território percorrido.
d) em à beira de um himalaia (4º parágrafo), deixa claro que os viajantes agora
se acercavam de uma alta cordilheira, semelhante à asiática.
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e) em inflado e inflamado (5º parágrafo), vale-se de sinônimos para reforçar o


estado de espírito reflexivo da personagem.

20) FGV/TNS/AL - BA/Administração/2014


Valores democráticos
Deu no Datafolha: para 62% dos brasileiros, a democracia “é sempre melhor
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que qualquer outra forma de governo”. Folgo em saber que a imagem da


democracia vai bem, mas a frase é verdadeira?
Eu não faria uma afirmação tão forte. Como Churchill, acho melhor limitar a
comparação ao universo do conhecido. "Ninguém pretende que a democracia
seja perfeita ou sem defeito. Tem‐se dito que a democracia é a pior forma de
governo, salvo todas as demais que têm sido experimentadas de tempos em
tempos", proclamou o estadista britânico.
Com efeito, não há necessidade de transformar a democracia num valor
religioso. Ela deve ser defendida por suas virtudes práticas. Para descobri‐las,
precisamos listar seus defeitos.
Já desde Platão sabemos que ela é sensível à ação dos demagogos. E, quanto
mais avançamos no conhecimento do cérebro e da psicologia humana,
descobrimos novas e mais sutis maneiras de influenciar os eleitores, que usam
muito mais a emoção do que a razão na hora de fazer suas escolhas. É verdade
que, com a prática, os cidadãos aprendem a defender‐se, mas, de modo geral,
são os marqueteiros que têm a vantagem.
Outro ponto sensível e delicado é o levantado pelo economista Bryan Caplan. A
democracia até tende a limitar o radicalismo nas situações em que os eleitores
se dividem bastante sobre um tema, mas ela se revela impotente nos assuntos
em que vieses cognitivos estão em operação, como é o caso da fixação de
políticos e eleitores por criar empregos, mesmo que eles reduzam a eficiência
econômica.
Se a democracia se presta a manipulações e não evita que a maioria tome
decisões erradas, por que ela é boa? Bem, além de promover a moderação em
parte das controvérsias, ela oferece um caminho para grupos antagônicos
disputarem o poder de forma institucionalizada e pouco violenta. É menos do
que sonhavam os iluministas, mas dado o histórico de nossa espécie, isso não
é pouco.

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(Hélio Schwartsman, Folha de São Paulo, 01/04/2014)

“Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem‐se dito
que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais que têm
sido experimentadas de tempos em tempos”.
A estratégia estrutural na formulação desse pensamento de Churchill apela para
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a) a intertextualidade.
b) a polissemia.
c) a ironia.
d) a antítese.
e) o pleonasmo.
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21) FCC/Cons Leg/AL PB/2013


Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.
Já estamos habituados ao romance anual de José Lins do Rego; uma escapada
ao Nordeste em sua companhia faz parte do nosso ritmo de vida. Durante cinco
anos, em livros ora mais plenamente realizados, como Menino de engenho e
Banguê, ora mais fracos, como Doidinho, mas sempre vivos e verdadeiros, o
romancista nos trazia mais um caso da família de José Paulino, mais uma
vicissitude do Santa Rosa, mais um aspecto da existência nas lavouras de cana
do Nordeste, e da indústria do açúcar. Com Usina esgotou o assunto. Sem se
repetir, não poderia continuar a estudar o mesmo tema.
Que daria José Lins do Rego sem o açúcar, sem as recordações de infância?
Essa pergunta era formulada por todos quantos admiramos o seu talento e
seguimos com interesse a expansão da sua força criadora. Pureza foi a resposta
do romancista e a pedra de toque nos permitiu aquilatar com segurança da sua
capacidade de criar livremente, sem o ponto de partida das evocações de gente
e coisas familiares.
José Lins do Rego mostrou [...] poder prescindir da terra para formar o
ambiente, dos canaviais que assobiam ao vento, das pastagens sonoras de
mugidos, dos rios de cheias aterradoras, das matas floridas, de tudo aquilo que
constitui, sobretudo em Menino de engenho, um fundo de beleza e poesia. E
sobretudo provou que, embora as raízes de sua vocação de romancista se
alimentem do seu provincianismo, não está escravizado à literatura regionalista,
não é apenas o cronista do Nordeste.
(Trecho da nota de Lúcia Miguel Pereira ao romance Pureza, de José Lins do
Rego. 5 ed. Rio de Janeiro. José Olympio, 1956, com atualização ortográfica
em respeito ao Acordo vigente)

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É correto afirmar, considerando-se o teor do texto, que a autora


a) defende a literatura voltada para aspectos regionais, como superior a
qualquer outra.
b) aponta para uma mudança favorável na criação literária de um romancista
nordestino.
c) analisa o viés repetitivo dos temas abordados por um escritor nordestino, o
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que lhe tira a originalidade.


d) aborda a permanência, nos romances nordestinos, de temas já esgotados,
como o do ciclo do açúcar.
e) avalia a importância de um romancista como divulgador dos problemas
sociais e econômicos do Nordeste.
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22) FCC/Cons Leg/AL PB/2013


Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.
Já estamos habituados ao romance anual de José Lins do Rego; uma escapada
ao Nordeste em sua companhia faz parte do nosso ritmo de vida. Durante cinco
anos, em livros ora mais plenamente realizados, como Menino de engenho e
Banguê, ora mais fracos, como Doidinho, mas sempre vivos e verdadeiros, o
romancista nos trazia mais um caso da família de José Paulino, mais uma
vicissitude do Santa Rosa, mais um aspecto da existência nas lavouras de cana
do Nordeste, e da indústria do açúcar. Com Usina esgotou o assunto. Sem se
repetir, não poderia continuar a estudar o mesmo tema.
Que daria José Lins do Rego sem o açúcar, sem as recordações de infância?
Essa pergunta era formulada por todos quantos admiramos o seu talento e
seguimos com interesse a expansão da sua força criadora. Pureza foi a resposta
do romancista e a pedra de toque nos permitiu aquilatar com segurança da sua
capacidade de criar livremente, sem o ponto de partida das evocações de gente
e coisas familiares.
José Lins do Rego mostrou [...] poder prescindir da terra para formar o
ambiente, dos canaviais que assobiam ao vento, das pastagens sonoras de
mugidos, dos rios de cheias aterradoras, das matas floridas, de tudo aquilo que
constitui, sobretudo em Menino de engenho, um fundo de beleza e poesia. E
sobretudo provou que, embora as raízes de sua vocação de romancista se
alimentem do seu provincianismo, não está escravizado à literatura regionalista,
não é apenas o cronista do Nordeste.
(Trecho da nota de Lúcia Miguel Pereira ao romance Pureza, de José Lins do
Rego. 5 ed. Rio de Janeiro. José Olympio, 1956, com atualização ortográfica
em respeito ao Acordo vigente)

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E sobretudo provou que, embora as raízes de sua vocação de romancista se


alimentem do seu provincianismo ...
Depreende-se do emprego da expressão grifada que seu correto entendimento
está em:
a) uma maneira de ser e de mostrar aspectos e costumes próprios de uma
província ou região.
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b) exprimir habitualmente um mau gosto acentuado, consolidado em uma


província ou região isolada.
c) tentar corrigir o atraso no modo de vida e nos costumes típicos de
determinada região ou província.
d) criar personagens sem expressão, por estarem inseridas em um meio
provinciano bastante atrasado.
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e) dedicar-se à criação de romances cujo interesse extrapola as características


de determinada região.

23) FCC/Cons Leg/AL PB/2013


Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.
Já estamos habituados ao romance anual de José Lins do Rego; uma escapada
ao Nordeste em sua companhia faz parte do nosso ritmo de vida. Durante cinco
anos, em livros ora mais plenamente realizados, como Menino de engenho e
Banguê, ora mais fracos, como Doidinho, mas sempre vivos e verdadeiros, o
romancista nos trazia mais um caso da família de José Paulino, mais uma
vicissitude do Santa Rosa, mais um aspecto da existência nas lavouras de cana
do Nordeste, e da indústria do açúcar. Com Usina esgotou o assunto. Sem se
repetir, não poderia continuar a estudar o mesmo tema.
Que daria José Lins do Rego sem o açúcar, sem as recordações de infância?
Essa pergunta era formulada por todos quantos admiramos o seu talento e
seguimos com interesse a expansão da sua força criadora. Pureza foi a resposta
do romancista e a pedra de toque nos permitiu aquilatar com segurança da sua
capacidade de criar livremente, sem o ponto de partida das evocações de gente
e coisas familiares.
José Lins do Rego mostrou [...] poder prescindir da terra para formar o
ambiente, dos canaviais que assobiam ao vento, das pastagens sonoras de
mugidos, dos rios de cheias aterradoras, das matas floridas, de tudo aquilo que
constitui, sobretudo em Menino de engenho, um fundo de beleza e poesia. E
sobretudo provou que, embora as raízes de sua vocação de romancista se
alimentem do seu provincianismo, não está escravizado à literatura regionalista,
não é apenas o cronista do Nordeste.

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(Trecho da nota de Lúcia Miguel Pereira ao romance Pureza, de José Lins do


Rego. 5 ed. Rio de Janeiro. José Olympio, 1956, com atualização ortográfica
em respeito ao Acordo vigente)

Com Usina esgotou o assunto. Sem se repetir, não poderia continuar a estudar
o mesmo tema.
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

As afirmativas acima conduzem à correta interpretação de que, segundo a


autora, José Lins do Rego
a) apresentava uma visão infantil em seus romances regionais − e, portanto,
sujeita a interpretações equivocadas dos fatos vivenciados em sua história.
b) estava sendo redundante nos temas abordados em seus romances − a vida
no Nordeste durante sua infância −, porém continuava ainda a explorá-los.
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c) com Pureza, ainda era visto e reconhecido como um escritor voltado para um
único tema − a vida no Nordeste dos engenhos de açúcar e sua transformação
em usinas.
d) somente deveria mudar os temas trabalhados em seus romances quando
todos os aspectos regionais − especialmente a natureza da região nordestina –
tivessem sido abordados.
e) já havia abordado todas as facetas do seu mundo particular − o engenho e
a produção do açúcar − e se tornaria monótono e enfadonho caso continuasse
a explorar esses temas.

24) IBFC/AJ/TRE AM/Administrativa/"Sem


Especialidade"/2014
Prazeres mútuos
(Danuza Leão)
É normal, quando você vê uma criança bonita, dizer “mas que linda”, “que olhos
lindos”, ou coisas no gênero. Mas esses elogios, que fazemos tão naturalmente
quando se trata de uma criança ou até de um cachorrinho, dificilmente fazemos
a um adulto. Isso me ocorreu quando outro dia conheci, no meio de várias
pessoas, uma moça que tinha cabelos lindos. Apesar da minha admiração, fiquei
calada, mas percebi minha dificuldade, que aliás não é só minha, acho que é
geral. Por que eu não conseguia elogiar seus cabelos?
Fiquei remoendo meus pensamentos (e minha dificuldade), fiz um esforço (que
não foi pequeno) e consegui dizer: “que cabelos lindos você tem”. Ela, que
estava séria, abriu um grande sorriso, toda feliz, e sem dúvida passou a gostar
um pouquinho de mim naquele minuto, mesmo que nunca mais nos vejamos.
Fiquei pensando: é preciso se exercitar e dizer coisas boas às pessoas, homens
e mulheres, quando elas existem. Não sei a quem faz mais bem, se a quem

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ouve ou a quem diz; mas por que, por que, essa dificuldade? Será falta de
generosidade? Inveja? Inibição? Há quanto tempo ninguém diz que você está
linda ou que tem olhos lindos, como ouvia quando criança? Nem mesmo quando
um homem está paquerando uma mulher ele costuma fazer um elogio, só
alguns, mais tarde, num momento de intimidade e quando é uma bobagem,
como “você tem um pezinho lindo”. Mas sentar numa mesa para jantar pela
primeira vez, só os dois, e dizer, com naturalidade, “que olhos lindos você tem”,
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é difícil de acontecer. Notar alguma coisa de errado é fácil; não se diz a ninguém
que ele tem o nariz torto, mas, se for alguém que estiver em outra mesa, o
comentário é espontâneo e inevitável. Podemos ouvir que a alça do sutiã está
aparecendo ou que o rímel escorreu, mas há quanto tempo você não ouve de
um homem que tem braços lindos? A não ser que você seja modelo ou miss e
aí é uma obrigação elogiar todas as partes do seu corpo, os homens não elogiam
mais as mulheres, aliás, ninguém elogia ninguém. E é tão bom receber um
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elogio; o da amiga que diz que você está um arraso já é ótimo, mas, de uma
pessoa que você acabou de conhecer e que talvez não veja nunca mais, aquele
elogio espontâneo e sincero, é das melhores coisas da vida.
Fique atenta; quando chegar a um lugar e conhecer pessoas novas, alguma
coisa de alguma delas vai chamar a sua atenção e sua tendência será, como
sempre, ficar calada. Pois não fique. Faça um pequeno esforço e diga alguma
coisa que você notou e gostou; o quanto a achou simpática, como parece
tranquila, como seu anel é lindo, qualquer coisa. Todas as pessoas do mundo
têm alguma coisa de bom e bonito, nem que seja a expressão do olhar, e ouvir
isso, sobretudo de alguém que nunca se viu, é sempre muito bom.
Existe gente que faz disso uma profissão, e passa a vida elogiando os outros,
mas não é delas que estamos falando. Só vale se for de verdade, e se você
começar a se exercitar nesse jogo e, com sinceridade, elogiar o que merece ser
elogiado, irá espalhando alegrias e prazeres por onde passar, que fatalmente
reverterão para você mesma, porque a vida costuma ser assim.
Apesar de a vida ter me mostrado que nem sempre é assim, continuo
acreditando no que aprendi na infância, e isso me faz muito bem.
(disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0611200502.htm)
O texto é uma crônica em que a autora defende seu posicionamento em relação
a um tema. Pode ser entendida como sua tese a seguinte ideia:
a) É preciso fazer elogios com mais frequência.
b) As pessoas conseguem elogiar as crianças, mas não os adultos.
c) É mais fácil perceber o que há de errado do que o que há de bom.
d) A necessidade de conhecer pessoas novas e elogiá-las.

25) FCC/AJ/TRT 1/Judiciária/Execução de Mandados/2013

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Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.


Confiar e desconfiar
Desconfiar é bom e não custa nada − é o que diz o senso comum, valorizando
tanto a cautela como a usura. Mas eu acho que desconfiar custa, sim, e às vezes
custa demais. A desconfiança costuma ficar bem no meio do caminho da
aventura, da iniciativa, da descoberta, atravancando a passagem e impedindo
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− quem sabe? – uma experiência essencial.


Por desconfiar deixamos de arriscar, permitindo que a prudência nos imobilize;
por cautela, calamo-nos, não damos o passo, desviamos o olhar. Depois,
ficamos ruminando sobre o que teremos perdido, por não ousar.
O senso comum também diz que é melhor nos arrependermos do que fizemos
do que lamentarmos o que deixamos de fazer. Como se vê, a sabedoria popular
também hesita, e se contradiz. Mas nesse capítulo da desconfiança eu arrisco:
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quando confiar é mais perigoso e mais difícil, parece-me valer a pena. Falo da
confiança marcada pela positividade, pela esperança, pelo crédito, não pela
mera credulidade. Mesmo quando o confiante se vê malogrado, a confiança terá
valido o tempo que durou, a qualidade da aposta que perdeu. O desconfiado
pode até contar vantagem, cantando alto: − Eu não falei? Mas ao dizer isso,
com os pés chumbados no chão da cautela temerosa, o desconfiado lembra
apenas a estátua do navegante que foi ao mar e voltou consagrado. As estátuas,
como se sabe, não viajam nunca, apenas podem celebrar os grandes e ousados
descobridores.
“Confiar, desconfiando” é outra pérola do senso comum. Não gosto dessa
orientação conciliatória, que manda ganhar abraçando ambas as opções. Confie,
quando for esse o verdadeiro e radical desafio.
(Ascendino Salles, inédito)

Quanto ao sentimento da desconfiança, o texto manifesta clara divergência do


senso comum, pois, para o autor, esse sentimento
a) leva, como é sabido, à prática da prudência, que é a chave das grandes
criações humanas.
b) traz, como poucos sabem, a consequência de esperar que tudo acabe se
resolvendo por si mesmo.
c) acaba, como poucos reconhecem, por impedir que se tomem iniciativas
audazes e criativas.
d) traduz, como poucos sabem, a vantagem de se calcular muito bem cada
passo das experiências essenciais.
e) importa, como é sabido, em eliminar a dose de irracionalidade que deve
acompanhar a prudência conservadora.

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26) FCC/AJ/TRT 1/Judiciária/Execução de Mandados/2013


Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.
Confiar e desconfiar
Desconfiar é bom e não custa nada − é o que diz o senso comum, valorizando
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tanto a cautela como a usura. Mas eu acho que desconfiar custa, sim, e às vezes
custa demais. A desconfiança costuma ficar bem no meio do caminho da
aventura, da iniciativa, da descoberta, atravancando a passagem e impedindo
− quem sabe? – uma experiência essencial.
Por desconfiar deixamos de arriscar, permitindo que a prudência nos imobilize;
por cautela, calamo-nos, não damos o passo, desviamos o olhar. Depois,
ficamos ruminando sobre o que teremos perdido, por não ousar.
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O senso comum também diz que é melhor nos arrependermos do que fizemos
do que lamentarmos o que deixamos de fazer. Como se vê, a sabedoria popular
também hesita, e se contradiz. Mas nesse capítulo da desconfiança eu arrisco:
quando confiar é mais perigoso e mais difícil, parece-me valer a pena. Falo da
confiança marcada pela positividade, pela esperança, pelo crédito, não pela
mera credulidade. Mesmo quando o confiante se vê malogrado, a confiança terá
valido o tempo que durou, a qualidade da aposta que perdeu. O desconfiado
pode até contar vantagem, cantando alto: − Eu não falei? Mas ao dizer isso,
com os pés chumbados no chão da cautela temerosa, o desconfiado lembra
apenas a estátua do navegante que foi ao mar e voltou consagrado. As estátuas,
como se sabe, não viajam nunca, apenas podem celebrar os grandes e ousados
descobridores.
“Confiar, desconfiando” é outra pérola do senso comum. Não gosto dessa
orientação conciliatória, que manda ganhar abraçando ambas as opções. Confie,
quando for esse o verdadeiro e radical desafio.
(Ascendino Salles, inédito)

Atente para as seguintes afirmações:


I. No primeiro parágrafo, os termos cautela e usura são atributos de que o autor
se vale para exprimir o que vê como desvantagens da mais cega confiança.
II. No segundo parágrafo, o segmento ficamos ruminando sobre o que teremos
perdido refere-se aos remorsos que sentimos depois de uma iniciativa
intempestiva.
III. No terceiro parágrafo, a expressão mera credulidade é empregada para
distinguir a ingenuidade do homem crédulo da consciência ativa do confiante.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em
a) I, II e III.

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b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) II, apenas.
e) III, apenas.
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27) IBFC/TJ/TRE AM/Administrativa/2014


Texto
Gente-casa
Existe gente-casa e gente-apartamento. Não tem nada a ver com tamanho: há
pessoas pequenas que você sabe, só de olhar, que dentro têm dois pisos e
escadaria, e pessoas grandes com um interior apertado, sala e quitinete.
Cópia registrada para Jefferson Fernandes (CPF: 332.370.208-50)

Também não tem nada a ver com caráter. Gente-casa não é necessariamente
melhor do que gente-apartamento. A casa que alguns têm por dentro pode estar
abandonada, a pessoa pode ser apenas uma fachada para uma armadilha ou
um bordel. Já uma pessoa-apartamento pode ter um interior simples mas bem
ajeitado e agradável. É muito melhor conviver com um dois quartos, sala,
cozinha e dependências do que com um labirinto.
Algumas pessoas não são apenas casas. São mansões. Com sótão e porão e
tudo que eles comportam, inclusive baús antigos, fantasmas e alguns ratos. É
fascinante quando alguém que você não imaginava ser mais do que um
apartamento com, vá lá, uma suíte, de repente se revela um sobrado com pátio
interno, adega e solário. É sempre arriscado prejulgar: você pode começar um
relacionamento com alguém pensando que é um quarto-e-sala conjugado e se
descobrir perdido em corredores escuros, e quando abre a porta, dá no quarto
de uma tia louca. Pensando bem, todo mundo tem uma casa por dentro, ou no
mínimo, bem lá no fundo, um porão. Ninguém é simples. Tudo, afinal, é só a
ponta de um iceberg (salvo ponta de iceberg, que pode ser outra coisa) e muitas
vezes quem aparenta ser apenas uma cobertura funcional com qrt. sal. lavab.
e coz. só está escondendo suas masmorras.
(VERÍSSIMO, Luis Fernando.O Melhor das Comédias da Vida Privada. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2004)
O autor começa seu texto estabelecendo uma distinção entre dois tipos de
pessoas: “gente-casa” e “gente-apartamento”.
Sobre tais rótulos, considerando o primeiro parágrafo, é incorreto afirmar que:
a) não têm a ver com o tamanho da pessoa, nem com o caráter.
b) relacionam-se com o interior do indivíduo.
c) a “fachada” pode apresentar uma falsa ideia do real.
d) há, necessariamente, uma hierarquia entre eles.

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28) IBFC/TJ/TRE AM/Administrativa/2014


Texto
Gente-casa
Existe gente-casa e gente-apartamento. Não tem nada a ver com tamanho: há
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pessoas pequenas que você sabe, só de olhar, que dentro têm dois pisos e
escadaria, e pessoas grandes com um interior apertado, sala e quitinete.
Também não tem nada a ver com caráter. Gente-casa não é necessariamente
melhor do que gente-apartamento. A casa que alguns têm por dentro pode estar
abandonada, a pessoa pode ser apenas uma fachada para uma armadilha ou
um bordel. Já uma pessoa-apartamento pode ter um interior simples mas bem
ajeitado e agradável. É muito melhor conviver com um dois quartos, sala,
cozinha e dependências do que com um labirinto.
Cópia registrada para Jefferson Fernandes (CPF: 332.370.208-50)

Algumas pessoas não são apenas casas. São mansões. Com sótão e porão e
tudo que eles comportam, inclusive baús antigos, fantasmas e alguns ratos. É
fascinante quando alguém que você não imaginava ser mais do que um
apartamento com, vá lá, uma suíte, de repente se revela um sobrado com pátio
interno, adega e solário. É sempre arriscado prejulgar: você pode começar um
relacionamento com alguém pensando que é um quarto-e-sala conjugado e se
descobrir perdido em corredores escuros, e quando abre a porta, dá no quarto
de uma tia louca. Pensando bem, todo mundo tem uma casa por dentro, ou no
mínimo, bem lá no fundo, um porão. Ninguém é simples. Tudo, afinal, é só a
ponta de um iceberg (salvo ponta de iceberg, que pode ser outra coisa) e muitas
vezes quem aparenta ser apenas uma cobertura funcional com qrt. sal. lavab.
e coz. só está escondendo suas masmorras.
(VERÍSSIMO, Luis Fernando.O Melhor das Comédias da Vida Privada. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2004)
Para construir seu texto, o autor fez uso recorrente de uma importante figura
de linguagem. Trata-se da:
a) metáfora.
b) comparação.
c) personificação.
d) metonímia.

29) FCC/AJ/TRF 5/Judiciária/"Sem Especialidade"/2013


Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
O arroz da raposa
Julio Cortázar tem um conto que sai de um palíndromo − “Satarsa”. Um menino
brinca de desarticular as palavras. No fundo, um escritor é um sujeito que pela

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vida afora continua a mexer com as palavras. Para diante delas, estranha esta,
questiona aquela. O menino de Cortázar, que devia ser ele mesmo, virava a
palavra pelo avesso e se encantava. Saber que a leitura pode ser feita de trás
para diante é uma aventura.
E às vezes dá certo. No conto “Satarsa”, a palavra é ROMA. Lida ao contrário,
também faz sentido. Deixa de ser ROMA e vira AMOR. Para o leitor adulto e
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apressado, isso pode ser uma bobagem. Para o menino é uma descoberta
fascinante. Olhos curiosos, o menino vê a partir daí que o mundo pode ser
arrumado de várias maneiras. Não só o mundo das palavras. É a partir dessa
possibilidade de mudar que o mundo se renova. E melhora.
Ou piora. Não teria graça se só melhorasse. O risco de piorar é fundamental na
aventura humana. Mas estou me afastando da história do Cortázar. E sobretudo
do que pretendo dizer. Ou pretendia. No embalo das palavras, vou me deixando
arrastar de brincadeira, como o menino do conto. Um dia ele encontrou esta
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frase: “Dábale arroz a la zorra el abad”. Em português, significa: “O vigário dava


arroz à raposa”. Soa estranho isso, não soa?
Mesmo para um menino aberto ao que der e vier, a frase é bastante surrealista,
mas o que importa é que a oração em espanhol pode ser lida de trás para diante.
E fica igualzinha. Pois este palíndromo não só encantou o menino Cortázar,
como decidiu o seu destino de escritor. Isto sou eu quem digo.
Ele percebeu aí que as palavras podem se relacionar de maneira diferente. E
mágica. Sem essa consciência, não há poeta, nem poesia. Como a criança, o
poeta tem um olhar novo. Lê de trás para diante. Cheguei até aqui e não disse
o que queria. Digo então que tentei uma série de anagramas com o Brasil de
hoje. Quem sabe virando pelo avesso a gente acha o sentido?
(Adaptado de Otto Lara Resende. Bom dia para nascer. S.Paulo: Cia. das
Letras, 2011. p.2967)

No texto, o autor sugere que


a) as frases mais estranhas seriam aquelas mais plenas de sentido.
b) as palavras só adquiririam sentido quando lidas pelo avesso.
c) o conhecimento do Brasil atual só pode ser aprofundado por meio da poesia.
d) o conto “Satarsa”, de Julio Cortázar, seria autobiográfico.
e) a poesia só seria válida quando colocada a serviço da atuação política.

30) FCC/AJ/TRF 5/Judiciária/"Sem Especialidade"/2013


Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
O arroz da raposa

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Julio Cortázar tem um conto que sai de um palíndromo − “Satarsa”. Um menino


brinca de desarticular as palavras. No fundo, um escritor é um sujeito que pela
vida afora continua a mexer com as palavras. Para diante delas, estranha esta,
questiona aquela. O menino de Cortázar, que devia ser ele mesmo, virava a
palavra pelo avesso e se encantava. Saber que a leitura pode ser feita de trás
para diante é uma aventura.
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E às vezes dá certo. No conto “Satarsa”, a palavra é ROMA. Lida ao contrário,


também faz sentido. Deixa de ser ROMA e vira AMOR. Para o leitor adulto e
apressado, isso pode ser uma bobagem. Para o menino é uma descoberta
fascinante. Olhos curiosos, o menino vê a partir daí que o mundo pode ser
arrumado de várias maneiras. Não só o mundo das palavras. É a partir dessa
possibilidade de mudar que o mundo se renova. E melhora.
Ou piora. Não teria graça se só melhorasse. O risco de piorar é fundamental na
aventura humana. Mas estou me afastando da história do Cortázar. E sobretudo
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do que pretendo dizer. Ou pretendia. No embalo das palavras, vou me deixando


arrastar de brincadeira, como o menino do conto. Um dia ele encontrou esta
frase: “Dábale arroz a la zorra el abad”. Em português, significa: “O vigário dava
arroz à raposa”. Soa estranho isso, não soa?
Mesmo para um menino aberto ao que der e vier, a frase é bastante surrealista,
mas o que importa é que a oração em espanhol pode ser lida de trás para diante.
E fica igualzinha. Pois este palíndromo não só encantou o menino Cortázar,
como decidiu o seu destino de escritor. Isto sou eu quem digo.
Ele percebeu aí que as palavras podem se relacionar de maneira diferente. E
mágica. Sem essa consciência, não há poeta, nem poesia. Como a criança, o
poeta tem um olhar novo. Lê de trás para diante. Cheguei até aqui e não disse
o que queria. Digo então que tentei uma série de anagramas com o Brasil de
hoje. Quem sabe virando pelo avesso a gente acha o sentido?
(Adaptado de Otto Lara Resende. Bom dia para nascer. S.Paulo: Cia. das
Letras, 2011. p.2967)
Atente para as afirmações abaixo.
I. A frase “Sem essa consciência, não há poeta” pode ser corretamente reescrita
do seguinte modo: Não há essa consciência em quem não seja poeta.
II. A frase “este palíndromo não só encantou o menino Cortázar, como decidiu
o seu destino de escritor” tem seu sentido corretamente reproduzido nesta outra
construção: este palíndromo, além de ter encantado o menino Cortázar,
decidiu o seu destino de escritor.
III. Em “Mesmo para um menino aberto ao que der e vier”, a frase é bastante
surrealista, a substituição do verbo é por parecia implica a alteração do
segmento grifado para um menino aberto ao que desse e viesse.
Está correto o que consta em
a) I, II e III.

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b) II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, apenas.
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7 - Gabarito

1 C 7 C 13 D 19 B 25 C
2 E 8 A 14 A 20 C 26 E
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

3 D 9 B 15 D 21 B 27 D
4 C 10 C 16 B 22 A 28 A
5 E 11 B 17 E 23 E 29 D
6 D 12 D 18 D 24 A 30 D

8 – Referencial Bibliográfico
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1. CEGALLA, DOMINGOS PASCHOAL - Novíssima Gramática da Língua


Portuguesa, Companhia Editora Nacional, São Paulo, 2008.

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