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PLANEJAMENTO REPRODUTIVO

AULA 04

Prof.ª Esp.: Amanda Vieira de Oliveira


CONTRACEPÇÃO EM SITUAÇÕES ESPECIAIS

ADOLESCENTES

Segundo a OMS considera-se a adolescência como o período de vida


que se inicia aos 10 anos e termina aos 19 anos completos.
Já a puberdade esta relacionada as mudanças físicas de
amadurecimento corporal, com o desenvolvimento dos caracteres
secundários e aceleração do crescimento levando ao início das
funções reprodutivas.
A adolescente tem direito à educação sexual, ao acesso à informação
sobre contracepção, à confidencialidade e ao sigilo sobre sua
atividade sexual e sobre a prescrição de métodos anticoncepcionais,
não havendo infração ética ao profissional que assim se conduz.
• O profissional de saúde, ao atender adolescentes com vida sexual ativa, baseado na autonomia
profissional, deve acolher e orientar a menor, podendo prescrever anticoncepcional.

• Desde que presentes discernimento, autonomia e adequadas condições físicas, psicológicas,


fisiológicas e mentais, é vedado ao médico a quebra do sigilo, pois fere a garantia e o direito à
autonomia, à liberdade, à privacidade e à intimidade da menor, essenciais à confiança e ao
desenvolvimento de seu ser, de sua saúde e de seu bem-estar.
USO DE PÍLULAS ANTES DA MENARCA

• Adolescentes podem necessitar de contracepção antes da menarca, em decorrência


do início de vida sexual precoce, uma vez que é possível a concepção nesse período.
Entretanto, mesmo após a menarca, a presença de ciclos anovulatórios é bastante
comum.

• Em média, a ovulação ocorre em 50% das adolescentes após 20 episódios


menstruais regulares. Dessa forma, não existem evidências sobre o uso de
contraceptivos hormonais antes da primeira menstruação, aventando-se ainda
possível interferência dos esteroides sexuais sobre o eixo hipotálamo-hipofisário.

Não se recomendam os métodos hormonais antes da menarca,


preconizando-se nessa situação a utilização do preservativo
após adequada orientação.
DIU TCu-380ª

Os benefícios dos métodos intrauterinos superam os riscos, podendo ser utilizado em


adolescentes, inclusive nas nuligestas.
O termo de consentimento para a inserção do DIU deve ser assinado pela adolescente
e seu responsável legal no caso de idade inferior a 18 anos.

CAMISINHA

Tem-se recomendado em adolescentes o uso concomitante da camisinha, independentemente


do método contraceptivo escolhido, visando a proteção contra as ISTs (dupla proteção).
O uso isolado desse método de barreira visando a contracepção relaciona-se a elevada
taxa de falha.
PERIMENOPAUSA

A perimenopausa corresponde ao período imediatamente


antes da menopausa, com características clínicas, biológicas e
endocrinológicas de sua aproximação, iniciando-se quando os
ciclos menstruais se tornam irregulares, associados ou não a
sintomas de deficiência estrogênica, estendendo-se até o
primeiro ano após a menopausa.

OPÇÕES DISPONÍVEIS

Métodos de barreira

Os métodos de barreira merecem destaque, pois, além de não


interferirem com os sintomas do climatério, previnem contra as ISTs.
DIU

O DIU TCu-380A também merece destaque já que possui eficácia sem


interferência sobre a flutuação hormonal típica da perimenopausa, permitindo o
diagnóstico da falência ovariana mais facilmente e a posterior instituição da
terapia hormonal.
Por outro lado, podem exacerbar os episódios de sangramento, bastante comuns
na perimenopausa.

MÉTODOS HORMONAIS

De forma geral, não são recomendados métodos hormonais que contenham estrogênios em
pacientes perimenopausicas:

• Tabagistas (independentemente do numero de cigarros/dia),


• Hipertensas (mesmo controladas);
• Com enxaqueca (com ou sem aura), devido ao risco de doença cardíaca
coronariana e doença cerebrovascular.
Pacientes saudáveis poderão utilizar métodos hormonais, incluindo contraceptivos
combinados. O uso de métodos combinados tem a vantagem de minimizar o impacto da
transição menopáusica, pois:

• Há maior controle do sangramento irregular;


• Manutenção da massa óssea;
• E improvável o aparecimento de sintomas climatéricos, como fogachos.

Deve-se optar pela prescrição individualizada dos contraceptivos combinados, orais ou não
orais, na dependência de diferentes características clínicas apresentadas pela paciente,
visando a contracepção efetiva e menor impacto da transição menopáusica.
PUERPÉRIO E PÓS-ABORTAMENTO

Medidas de planejamento reprodutivo representam estratégia de extrema importância


para prevenção de uma gestação não planejada ainda no puerpério e pós-abortamento.

Método da Amenorreia Lactacional (LAM)

O retorno da ovulação ocorre em torno de 21 dias em mulheres que não estão


amamentando. Naquelas em aleitamento, este intervalo e variável e pode ser ampliado
por vários meses caso o recém-nascido (RN) esteja em regime de aleitamento materno
exclusivo. O método comportamental LAM possui índice grande de falha, tendo melhor
eficácia se associado ao uso do contraceptivo de progestagenio isolado.

Métodos de barreira

Constituem uma opção favorável, que não interferem no aleitamento.


DIU TCu-380ª

O momento adequado para a inserção do DIU no pós-parto e imediatamente após a


dequitação placentária, no pós-parto imediato (dez minutos a 48 horas) ou apos
quatro semanas do parto. Dentre as vantagens de inserção pós-parto imediato e pós-
abortamento incluem a alta motivação, a garantia de que a mulher não esta gravida
e a conveniência.

MÉTODOS HORMONAIS

Os métodos de contracepção hormonal incluem os contraceptivos combinados e também


somente aqueles com progesterona. Mesmo em pacientes que não irão amamentar, seja
por contraindicação medica ou por opção, os anticoncepcionais combinados não devem
ser prescritos nas primeiras seis semanas pós-parto porque a associação
estroprogestagenica e trombogênica.
Os contraceptivos hormonais de progestagenios isolados não interferem na quantidade
ou qualidade da lactação, nem no desenvolvimento ou crescimento do RN.
Praticamente todas as mulheres podem utilizar métodos contraceptivos apenas de
progestagênio de forma segura e eficaz, devendo ter seu uso iniciado da seguinte
forma:

• Puérperas amamentando: início após seis semanas do parto (a ingestão de possíveis


hormônios contidos no leite materno pelo RN poderiam resultar em altos níveis
circulantes destes, devido à não metabolização dos mesmos por um fígado imaturo e à
dificuldade de excreção por rins igualmente imaturos);
• Puérperas que não estão amamentando: início a qualquer momento;
• Período pós-abortamento: início a qualquer momento.
ANTICONCEPÇÃO EM PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS

• A orientação em planejamento reprodutivo para pessoas vivendo com o HIV/


Aids deve acontecer num contexto de respeito aos direitos sexuais e aos
direitos reprodutivos dessas pessoas e a escolha deve ser livre e informada.

• Além disso, essa orientação deve ser sempre acompanhada de informações


adequadas sobre a dupla proteção, que é dada pelo uso combinado da
camisinha masculina ou feminina com outro método anticoncepcional, com a
finalidade de promover, ao mesmo tempo, a prevenção de gravidez e a
prevenção da transmissão do HIV e de outras doenças sexualmente
transmissíveis.
A reflexão sobre os direitos sexuais e os direitos reprodutivos do portador
do HIV, ou mesmo a disposição e capacitação de profissionais de saúde
para promover a saúde sexual e a saúde reprodutiva de portadores do
HIV/Aids, que se pressupõe indissociável da discussão de direitos, precisa
ser discutida nos serviços de saúde.

Tanto para as mulheres quanto para os homens que vivem


com HIV há o risco de nova infecção quando se expõem
novamente ao vírus, podendo se infectar com cepas distintas
do HIV, por isso é fundamental continuar se prevenindo e
usando camisinha, mesmo em caso de casais
soroconcordantes (ambos portadores do HIV).
• Entre as inúmeras orientações a respeito da infecção pelo HIV dadas pela equipe de
saúde, deve-se incluir o aconselhamento reprodutivo.

• Cabe ao profissional de saúde discutir e oferecer reflexão, em parceria com a mulher


HIV+, a respeito da sua condição clínica e de tratamento, meios de transmissão da
doença (inclusive a transmissão vertical), explorando também sua expectativa e interesse
de engravidar e as condições psicológicas e socioeconômicas da mulher.

• O aconselhamento reprodutivo deve levar em consideração o melhor momento clínico da


pessoa infectada para uma gravidez, preferencialmente aquele em que a carga viral de
HIV circulante esteja indetectável e a pessoa esteja com boa condição de imunidade
(recuperação dos níveis de linfócitos T-CD4+). É importante o encaminhamento para o
serviço de atenção especializada (SAE) e, dessa forma, a pessoa será acompanhada
conjuntamente pelo SAE e pela equipe da Atenção Básica.
Com relação à anticoncepção, existem muitos métodos anticoncepcionais que são efetivos
para prevenir a gravidez, mas não previnem a infecção ou (re)infecção pelo HIV e outras IST.
Alguns pontos a serem considerados em relação à anticoncepção para pessoas vivendo com
HIV/Aids:

• A escolha do método anticoncepcional deve ser livre e informada, respeitando-se os critérios


de elegibilidade clínica.

• Estimular sempre o uso da camisinha masculina ou feminina em todas as relações sexuais, por
ser o único método que protege contra as IST/HIV/Aids.

• A camisinha pode ser usada associada a outro método anticoncepcional ou isoladamente.

• É importante o uso do preservativo tanto para casais soroconcordantes (quando ambos os


parceiros estão infectados pelo HIV), quanto para casais sorodiscordantes (em que apenas
um dos parceiros está infectado pelo HIV).
• Estimular a adoção da dupla proteção, uso combinado da camisinha
masculina ou feminina com outro método anticoncepcional, com vistas à
prevenção simultânea da gravidez indesejada e da transmissão das
IST/HIV/Aids.

• Com relação aos anticoncepcionais hormonais, as mulheres com HIV,


com Aids, em uso ou não de terapia antirretroviral (ARV), podem usar
os anticoncepcionais hormonais.

• É importante observar que os medicamentos antirretrovirais (ARV)


tanto podem diminuir quanto aumentar a biodisponibilidade dos
hormônios esteroides dos anticoncepcionais hormonais. Sugere-se ainda
que, em caso de opção por um anticoncepcional oral combinado, deve-
se usar formulação que contenha um mínimo de 0,03 mg de
etinilestradiol.
• Pode-se colocar a questão do uso do DIU da seguinte forma: se a mulher é portadora do
HIV, pode colocar um DIU. Uma mulher com Aids não deve colocar um DIU a menos que
esteja clinicamente bem ou em terapia ARV. Uma mulher que desenvolva Aids quando
estiver usando DIU pode continuar a usá-lo com segurança.

• O diafragma é um ótimo método para mulheres motivadas a usá-lo e bem orientadas.


Assim como todos os métodos de barreira, tem a vantagem de não ocasionar alterações
sistêmicas. Entretanto, o diafragma não protege contra a transmissão das DST/HIV, daí ser
imprescindível associar o seu uso com o uso adequado e consistente do preservativo
masculino.
SEXUALIDADE NA PESSOA IDOSA

• Com o avançar da idade, ocorre uma mudança na maneira de


como as pessoas vivenciam e expressam a sua sexualidade,
assim como há alterações orgânicas que afetam a atividade
sexual em si.
• Embora a frequência e a intensidade da atividade sexual
possam mudar ao longo da vida, problemas na capacidade de
desfrutar prazer nas relações sexuais não devem ser
considerados como parte normal do envelhecimento.
• A sexualidade também deve integrar a avaliação global da
saúde da pessoa idosa.
• Comparados a adultos jovens, idosos têm necessidade de maior
tempo para atingir a excitação sexual e completar a relação
sexual, assim como também é maior o período de latência para
que ocorra nova excitação.

• O declínio na atividade sexual na velhice é influenciado mais pela


cultura e atitudes do que pela natureza e fisiologia (ou
hormônios). Os dois fatores mais importantes na interação sexual
dos mais velhos são a força do relacionamento e a condição física
de cada parceiro.

• O papel dos profissionais de saúde é ter uma abordagem


positiva da sexualidade na terceira idade, estimulando que essa
fase seja vivida de forma plena e saudável.
DISFUNÇÕES SEXUAIS

DISFUNÇÃO ERÉTIL

DISPAURENIA (dor durante


o ato sexual) Atrofia urogenital

Pode ser tratada com hormônio tópico e lubrificantes à base de água.


Nota-se menos atrofia vaginal em mulheres sexualmente ativas;
presumivelmente, a atividade sexual mantém a vascularização e a
circulação vaginais
REFERÊNCIAS

• Protocolo de Planejamento Sexual e Reprodutivo. Coordenação de Atenção Integral à Saúde da Mulher e


Perinatal. Prefeitura de Belo Horizonte. 2022.

• UNFPA Brasil e Johnson & Johnson Foundation. Guia para saúde sexual e reprodutiva e atenção obstétrica.
Conselho Nacional de Secretarias municipais de Saúde (CONASEMS). Maio 2022

• Brasil. Ministério da Saúde. Protocolos da Atenção Básica : Saúde das Mulheres / Ministério da Saúde,
Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa – Brasília : Ministério da Saúde, 2016.

• Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde
sexual e saúde reprodutiva / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de
Atenção Básica. – 1. ed., 1. reimpr. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013.

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