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Portugal: o Estado novo

O triunfo das forças conservadoras; a progressiva adopção do modelo fascistas


italiano nas instituições e no imaginário político.
Da ditadura militar ao Estado Novo
28.Maio.1926-Golpe de Estado-Pelos militares-Fim da Primeira República parlamentar-
Instala-se uma ditadura militar de 1932-1933.

Esta ditadura:
● Fracassou nas promessas de “regenerar a pátria” e de lhe devolver a estabilidade;
● Desentendimentos entre militares- Sucessiva mudança de chefes do Executivo;
● Falta de preparação dos chefes da ditadura- Agravamento do défice orçamental.

1928- António de Oliveira Salazar é convidado para a pasta das finanças, professor de
Coimbra- Com a condição de gerir as despesas de todos os ministérios
- Durante este tempo Portugal apresenta um saldo positivo no Orçamento.

1932- Salazar na Chefia do Governo- Queria instaurar uma nova ordem política
1933- Publicação do Estatuto do Trabalho e da Constituição de 1933.

Dava-se início ao Estado Novo que durou 41 anos de 1933 a 1974.

Apoiantes de Salazar:
● Hierarquia religiosa e devotos católicos;
● Grandes proprietários agrários e alta burguesia ligada ao comércio colonial e
externo;
● Média e pequena burguesias,
● Monárquicos;
● Simpatizantes fascistas,
● Militares.

O Estado Novo foi inspirado no fascismo italiano.

Conservadorismo e tradição
Estado Novo apresentava um caráter conservador e tradicional
➔ Assentou em valores inquestionáveis: Deus, Pátria, Família, Autoridade, Paz Social,
Moralidade, etc.
➔ Respeitou as tradições nacionais e protegeu tudo o que era português;
➔ Mundo rural- Enaltecido;
➔ Religião católica- Protegida;
➔ Considerada religião da Nação Portuguesa;
➔ Havia uma grande ligação entre o Estado e a Igreja;
➔ Papel da mulher:
- Ficar em casa;
- Tarefas domésticas;
- Tomar conta dos filhos.
Nacionalismo
O estado novo defendia um nacionalismo exacerbado. Entendia que o “bem de nação”
devia ser o desígnio supremo. Por isso o slogan: “Tudo pela nação nada contra a nação”.
Portugueses eram um povo de heróis e cheio de qualidades.

A recusa do liberalismo, democracia e parlamentarismo


Assim como Fascismo italiano, o Estado novo era:
● Antiliberal;
● Antiparlamentar;
● Antidemocrático.

Para Salazar, a nação representava um todo e não um conjunto de indivíduos isolados e


deste aspecto chega-se a duas consequências:
1. Interesse da Nação- Mais importante que os direitos individuais;
2. Partidos políticos- constituíam um elemento desagregador da unidade nacional e
um fator de enfraquecimento do estado.
Autoritarismo e dirigismo
Para Salazar, apenas a valorização do poder executivo garante um Estado forte e
autoritário.
Por isso, na Constituição de 1933, reconhece autoridade do Presidente da República
como primeiro poder dentro do Estado
Atribui também grandes competências ao Presidente do Conselho:
● Pode legislar através de decretos-leis;
● Pode nomear ou exonerar os membros do Governo;
● Pode referendar os actos do Presidente da República, sob pena de serem anulados.

Leva-nos a um “presidencialismo bicéfalo”


- Partilha de poderes entre as da república e do conselho
Tal como na Itália, o culto do chefe é extremamente importante, fazendo de Salazar o
“Salvador da Pátria”e o “Guia da Nação”.

Corporativismo
Tal como fascismo italiano:
- Estado Novo estava empenhado na unidade da Nação e no fortalecimento do
Estado;
- Nega o divisionismo propondo o corporativismo.

O enquadramento das massas


Instituições e processos, conseguiram enquadrar as massas e obter a sua adesão ao
projecto do regime.

1. Secretariado da Propaganda Nacional (SPN):


- criado em 1933;
- dirigido por António Ferro;
- Papel ativo- Divulgação do ideário do regime e na padronização da cultura e
artes.
2. União Nacional:
- criado em 1930;
- Chefiado por Salazar;
- Para congregar “todos os portugueses de boa vontade”;
- Apoia actividades políticas do Governo;
- Organização não partidária;
- 1934- Passa a ser Partido Único.

3. Legião Portuguesa (milícia armada):


- Defende a Nação;
- Defende o Estado corporativo;
- Tenta conter a ameaça bolchevista.

4. Mocidade Portuguesa:
- inscrição obrigatória para os jovens dos 7 aos 14 anos;
- Destina-se a ideologizar a juventude;
- Lobitos: 7 anos;
- Infantes: 10 aos 12 anos;
- Vanguardistas: 14 aos 17 anos;
- Cadetes: a partir dos 18 anos.

5. Federação Nacional Alegria no Trabalho (FNAT):


- criada em 1935;
- inspirada no Dopolavoro italiano e na Kraft durch Freude alemã.

Aparelho repressivo do Estado


1. Censura Prévia: à imprensa, teatro, cinema e rádio. Vigilância rigorosa de toda a
produção intelectual. Ao lápis azul cabia a censura de palavras e imagens
consideradas subversivas para a ideologia do regime.
2. Polícia Política: PVDE- Polícia de Vigilância e de Defesa do Estado, PIDE após
1945- distingui-se pela delação, perseguição, prisão,tortura e eliminação dos
opositores do regime.
3. Prisões: Caxias, Peniche e campo de concentração do Tarrafal (Cabo Verde).

A estabilidade financeira- Política Financeira


Estabilidade financeira era uma prioridade de Salazar e do Estado Novo
Objectivos principais:
● Aumentar receitas;
● Diminuir despesas.

➔ Administrou-se melhor os dinheiros públicos;


➔ Novos impostos:
- Imposto complementar sobre o rendimento;
- Imposto profissional sobre salários e rendimentos das profissões liberais.
➔ Imposto de salvação pública sobre os funcionários;
➔ Aumentou-se tarifas alfandegárias sobre as importações.
Neutralidade adoptada na II Guerra Mundial:
● Poupou-se nas despesas com o armamento e defesa do território;
● Mais receitas com as exportações (no caso do volfrâmio);
● Reservas de ouro- Níveis significativos- Estabilidade monetária.

Estabilização financeira (o “milagre”), conferiu uma imagem de credibilidade e de


competência governativa ao Estado Novo.
Propaganda , tenta enaltecer a obra de Salazar, porém, críticas não faltaram à política de
austeridade.

Defesa da ruralidade- Política Agrícola


Portugal (anos 30) apresentava um exacerbado ruralismo
Estado novo privilegiava o mundo rural

Medidas promotoras da lavoura nacional:


1. construção de barragens ( para uma melhor irrigação dos solos);
2. adoção de políticas de fixação de populações no interior- Junta de Colonização
interna em 1936;
3. Política de florestação;
4. Fomento da cultura de produtos agrícolas: vinha, arroz, batata, azeite, cortiça e
frutos;
5. Campanha de trigo- 1929 a 1937, inspirada na batalha do trigo na Itália, procurava
alargar a cultura daquele cereal.

Política de obras públicas


Política de obras públicas que o Estado Novo adotou recebeu um grande impulso com a Lei
de Reconstituição Económica (1930)- Combate o desemprego e Procurou dotar o país
com infra-estruturas necessárias ao desenvolvimento económico:
● Rede de Caminhos de ferro- arrendada à Companhia dos Caminhos de Ferro
Portugueses desde 1927, viu melhorar o material circulante bem como a
eletrificação de algumas linhas;
● Rede de Estradas- até 1950, a rede viária duplicou com a construção e reparação
de estradas;
● Pontes- Arrábida no Porto e Salazar em Lisboa;
● Rede de Telégrafos e Telefones- conheceu enorme expansão e foi nacionalizada
nos anos 60;
● Aeroportos e portos;
● Barragens- proporcionaram a eletrificação do país;
● Hospitais, escolas, edifícios universitários, bairros operários, estádios,
tribunais, prisões, repartições públicas, estaleiros e pousadas;

Ao programa de obras públicas do Estado Novo, ficou indissociavelmente ligada a figura do


Engenheiro Duarte Pacheco, ministro entre 1932-36 e 1938-43.

Política de condicionamento industrial


Portugal País onde o ruralismo era quase “venerado”- A indústria não foi a prioridade do
Estado
➔ O seu fraco desenvolvimento pode ser justificado pelo condicionalismo industrial do
Estado entre 1931 a 1937.
➔ No I Congresso da indústria Portuguesa (1933)
-
Salazar relembra que as iniciativas dos empresários deviam seguir o modelo*
mais definido pelo Estado;
- Suspendeu-se a concessão de patentes de novas indústrias ou de novos
processos produtivos;
- Estão isentas todas as fábricas com menos de 5 operários ou as que
utilizassem força motriz até 5 cavalos-vapor.
➔ Em 1937, ficou esclarecido que estas medidas apenas seriam aplicadas a indústrias
com grandes despesas de produção, o que produzisse bens de exportação.

* Esse modelo determinava que todas as empresas necessitavam de autorização prévia do


Estado para se instalar, reabrir, efetuar ampliações, mudar de local, ser vendida a
estrangeiros ou até para comprar máquinas.

Corporativização dos sindicatos


Estado Novo queria que a vida económica e social do país se organizasse em corporações
como fascismo italiano
Bases do corporativismo foram lançadas por um conjunto de decretos governamentais.
Inspirado na Carta do Trabalho italiana, o Estado Novo criou em setembro de 1933, o
Estatuto do Trabalho Nacional.

A política colonial
Colónias tinham uma dupla função no Estado Novo
➔ eram elemento fulcral da política de nacionalismo económico;
➔ tema recorrente da propaganda nacionalista.

O projecto cultural do regime


O Projecto cultural do Estado Novo estava submetido aos imperativos políticos, à
semelhança do que acontecia nos regimes totalitários do resto da Europa.

Interesses políticos eram:


● Evitar os excessos intelectuais que pusessem em causa a coesão nacional;
● Dinamizar uma produção cultural que propagandea-se a grandeza nacional.

Para controlar a produção artística e cultural o Estado Novo- projeto cultural totalizante,
onde os artistas e os escritores foram os principais veículos de instalação das ideias
fascistas no regime- “Política de Espírito”, implementada pelo SPN, Secretariado da
Propaganda Nacional, tutelado por António Ferro.

SPN queria conciliar a estética moderna com interesses do Estado.


De forma a:
Colocar na mentalidade portuguesa o amor à Pátria, o culto do passado glorioso e dos seus
heróis, a consagração da ruralidade e da tradição, as virtudes da família, a alegria no
trabalho, o culto do chefe providencial- O ideário do Estado Novo.
A reconstrução do pós-guerra
A definição de áreas de influência
Com o fim da 2ª Guerra Mundial, o equilíbrio de forças a nível mundial altera-se. A
Alemanha e o Japão tinham sido derrotados. O Reino Unido e a França viram-se
dependentes do auxílio externo. Dos escombros da guerra, duas superpotências vão
emergir: URSS e os EUA.

A construção de uma nova ordem internacional: as conferências de paz


Antes do fim da 2ª GM- Aliados começam a delinear estratégias para o período de paz
que se avizinha.

● Conferência de Ialta
● 4 e 11 de Fev.1945- Roosevelt, Estaline e Churchill reúnem-se nas termas
de Ialta.
● Com o objetivo: Objectivo: estabelecer regras que sustentem uma nova
ordem internacional do pós-guerra.
Apesar divergências entre os 3 líderes- Clima de cooperação, cordialidade e confiança
entre eles- Acordo em algumas questões importantes:
➔ Fronteira entre a Polónia e a União Soviética: Havia discórdia
● Ocidentais- Não esquecem o facto de ter sido a violação das fronteiras
polacas que iniciou a guerra;
● Soviéticos- Não desistiram de ocupar a parte oriental do país;
➔ Divisão provisória da Alemanha- Quatro áreas (Reino Unido, França, URSS e
EUA);
➔ Prepara-se a criação da ONU;
➔ Supervisionamento dos “3 grandes” na futura constituição dos governos dos países
de Leste (ocupados pelo eixo);
➔ Estabelecidas reparações de guerra a pagar pela Alemanha.

● Conferência de Potsdam
● Meses mais tarde, em julho de 1945.
● Clima tenso.
➔ Desconfiança face ao regime comunista que Estaline representava e
às suas pretensões expansionistas na Europa.
● Objetivo: Ratificar e pormenorizar os aspectos já acordados em Ialta:
➔ Perda provisória de soberania da Alemanha e a sua divisão em
quatro;
➔ Administração conjunta da cidade de Berlim (igualmente dividida em
quatro partes);
➔ Indemnizações;
➔ Criminosos de guerra;
➔ Divisão, ocupação e desnazificação de todos os países ocupados.
Esboça-se um novo quadro geopolítico
● Isolamento da URSS é quebrado;
● Estaline tem um papel importante na definição das novas coordenadas geopolíticas;
● O papel da URSS foi determinante; o Exército Vermelho marchou até Berlim,
libertando todos os países da Europa Oriental.
● Liberta países da Europa Oriental: Polónia, Checoslováquia, Hungria, Roménia e
Bulgária;
● URSS tem vantagem estratégica no Leste Europeu;
● Apesar dos Acordos de Ialta, onde ficou declarado que deveria existir respeito pelas
vontades dos povos;
➔ Na prática foi impossível contrariar a hegemonia soviética.
● Rapidamente se impôs:1946-1948, todos os países libertados pelo Exército
Vermelho, viraram-se para o lado comunista;
● O Processo de Sovietização foi contestado pelos ocidentais;
● Março de 1946- Churchill denuncia a criação (por parte da URSS) de uma área
impenetrável, isolada do Ocidente por uma Cortina de Ferro;
● Fulton, alertou para as desavenças entre os antigos Aliados;
➔ Um ano após a guerra, o alargamento da influência soviética teve um novo
medir de forças entre: Comunismo vs. Capitalismo

Organização das Nações Unidas


Roosevelt, apontou a necessidade de existir um novo organismo parecido com a SDN mas
mais consistente, dando origem à Organização das Nações Unidas.
Nasceu oficialmente na Conferência de São Francisco em abril de 1945, tem como
propósitos:
● Manter a paz e reprimir os atos de agressão, utilizando meios pacíficos;
● Desenvolver relações de amizade entre todos os países do mundo, com base na
igualdade e no direito à autodeterminação;
● Promover a cooperação internacional de forma a evitar desequilíbrios.

A defesa dos Direitos do Homem


Holocausto e todas as outras atrocidades cometidas:
● Grande impacto depois da guerra;
● ONU tomou uma feição humanista.
Reforçada com a aprovação da Declaração Universal dos Direitos do Homem:
● 1948- Direitos e liberdades fundamentais e Direitos económico-sociais.

Órgãos de funcionamento
A carta das Nações Unidas definiu órgãos básicos de funcionamento da instituição:
● Assembleia Geral:
1. formada por todos os estados-membros, cabendo a todos o direito de voto;
2. semelhante a um parlamento mundial;
3. discute todo o tipo de questões abrangidas pelo âmbito da organização;
4. aprova resoluções.
● Conselho de Segurança:
1. composto por 15 membros, 5 dos quais permanentes (EUA,URSS,Reino
Unido,França e República Federal da China) e 10 não permanentes(eleitos
pela Assembleia Geral por 2 anos);
2. é o órgão responsável por todas as questões que ponham em causa a paz e
segurança internacionais;
3. atua como mediador, decreta sanções, decide intervenções militares;
4. Qualquer decisão obriga a uma maioria de 9 votos, entre os quais os dos
membros permanentes.
● Secretariado Geral:
1. liderado pelo secretário-geral, a quem cabe tomar parte nas reuniões do
Conselho de Segurança(sem direito de voto), coordenar o funcionamento da
ONU e disponibilizar os seus bons serviços diplomáticos como mediador em
questões mais delicadas;
2. é a face visível da ONU;
3. executa as resoluções tomadas pela Assembleia Geral;
4. é eleito pelo Conselho de Segurança por 5 anos.
● Conselho Económico e Social:
1. promove a cooperação económica, social e cultural internacional;
2. atua através de comissões especializadas ligadas à alimentação e agricultura
(FAO), saúde (OMS), trabalho (OIT), educação, ciência e cultura (UNESCO),
ajuda financeira (FMI), defesa dos direitos das crianças (UNICEF),
organização mundial (GATT),etc.
● Tribunal Internacional:
1. sede em Haia;
2. órgão máximo da justiça internacional;
3. resolve litígios entre estados.
● Conselho da Tutela:
1. fim principal de administrar os territórios, antes sob poder da SDN.

As novas regras da economia internacional


O ideal de cooperação económica
Julho.1944- Conferência de Bretton Woods (EUA)
- prever e estruturar a situação económica e financeira do pós guerra.
Os EUA prepararam-se para liderar uma nova ordem económica, baseada na cooperação
internacional.
Era urgente:
- regularizar o comércio internacional;
- regularizar os pagamentos;
- regularizar a circulação de capitais;
- evitar as flutuações financeiras;
- acabar com as constantes desvalorizações monetárias e a consequente
instabilidade cambial dos anos.
Na mesma conferência criaram-se,e com o objetivo de operacionalizar o sistema, dois
importantes organismos:
1. Fundo Monetário Internacional- FMI, que ajudava países com dificuldades em
manter a paridade fixa da moeda ou equilibrar a balança de pagamentos, baseado
no dólar como moeda chave.
O dólar tornou-se então, tão bom como o ouro, “as good as gold”.
2. Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento- BIRD, também
conhecido como Banco Mundial, destinado a financiar projetos de fomento
económico a longo prazo.
Em 1947, na Conferência Internacional de Genebra, assinou-se um Acordo Geral de
Tarifas e Comércio (GATT), em que 23 países signatários se comprometeram a negociar a
redução dos direitos alfandegários e outras restrições comerciais.
Esta ideia de um espaço económico alargado, em que os países abriam mutuamente as
suas fronteiras, frutificou na Europa, dando origem ao BENELUX (1948), união aduaneira
entre a Bélgica, os Países Baixos e o Luxemburgo, que mais tarde viria a constituir-se como
o embrião da Comunidade Económica Europeia (CEE).

A primeira vaga de descolonizações


Uma conjuntura favorável à descolonização
Com o fim da 2 guerra mundial, arranca o processo de descolonização que, a prazo,
significa o desaparecimento dos impérios coloniais.
Vários fatores estiveram na base da descolonização:
● recusa da dominação europeia;
● 2º guerra mundial;
● retirada europeia;
● apoio das superpotências aos movimentos de libertação;
● ONU.
Descolonização: processo de involução do imperialismo europeu. O termo aplica-se,
sobretudo, ao período subsequente à segunda guerra mundial, altura em que, num curto
espaço de tempo, se tornaram independentes as colónias da Ásia e da África.

Recusa da dominação europeia


Surgimento de um forte sentimento anticolonialista.
Numa 1ª fase esse sentimento esteve circunscrito a uns quantos elementos da burguesia e
alguns intelectuais formados na europa, que tinham tomado consciência da injustiça da
dominação.
Foram estas vanguardas nacionalistas que encabeçaram os movimentos de luta pela
independência.

2º Guerra Mundial
A guerra colocou em evidência as fragilidades da europa: os estados europeus foram
incapazes de defender os seus territórios coloniais dos invasores, por exemplo: o
japão ocupou a indochina, a malásia, a birmânia e as índias orientais holandesas.
A luta contra as potências do eixo, sob a bandeira da liberdade e da democracia, acabou
por inspirar a luta das colónias pela sua independência.

A retirada europeia
A certa altura os países europeus reconhecem ser preferível negociar processos de
independência gradual ou chegar a formas de conciliação, como a constituição de futuras
uniões políticas com os povos recém independentes.

Apoio das superpotências aos movimentos de libertação


Com o objetivo de alargar as suas áreas de influência às antigas colónias europeias, as
pressões exercidas pelas duas superpotências funcionaram como incentivo aos reforços de
libertação dos povos colonizados. Os EUA sempre se mostraram avessos à manutenção do
sistema colonial e a URSS apoiou naturalmente a revolta dos oprimidos contra os
interesses capitalistas, não colocando de lado a hipótese de estender o seu modelo aos
novos países.
ONU
Fundada sob o signo da igualdade entre todos os povos, constitui-se como baluarte da
descolonização, pressionando os estados membros a encetarem esse processo.

A descolonização asiática
A primeira vaga independentista surgiu no continente asiático.

Médio Oriente
Protetorados britânicos desde o fim da 1º guerra mundial, a Síria, o Líbano, a Jordânia e a
Palestina(1948- nasce um clima de guerra no estado de Israel) tornaram-se
independentes logo após a 2º guerra mundial.

Índia
Após algumas complicações- Torna-se independente em 1947
Ficando dividida em: União indiana ( Hindu) e Paquistão (Muçulmana).
Indonésia
Em 1945, o dirigente Sukarno proclamou a independência da Indonésia. Sem vontade de
abdicar da colónia, os holandeses recorreram à força e iniciaram um processo de
recolonização forçada, mas, pressionados pelas ONU, acabaram por reconhecer a
independência do seu país em 1949.

Indochina
O processo de independência da Indochina foi mais lento e sangrento. Quando, em 1945, a
França retoma a soberania sob o território depara-se com uma forte oposição encabeçada
pelo líder comunista Ho Chi Minh, que nesse ano declara, unilateralmente, a
independência.
A retirada francesa acontece em 1954, 9 anos de sangrentos combates.
Três novas nações nascem: Vietname, Laos e Camboja.

O tempo da Guerra Fria – A consolidação de um mundo bipolar


Um mundo dividido
1. A rutura
Ambiente de tensão- entre Americanos e Soviéticos
● Desde- 1945 (Fim da Segunda Guerra Mundial)
● Até- 1991 (Dissolução da URSS)
Derrota do Eixo- Vieram ao de cima- Antagonismos ideológicos
➔ EUA- Regime político democrático-liberal
➔ URSS- Regime político socialista de centralismo democrático
- Economia – Coletivizada e planificada
Quando em 1946 Churchill afirmou que uma cortina de ferro dividia a Europa, o processo
de sovietização dos países de leste situados na esfera de influência soviética era já
irreversível.
Sob a tutela diplomática militar da URSS os partidos comunistas locais tinham tomado o
poder. Para coordenar a sua ação, foi criado em 1947 o Kominform (Secretário da
Informação Comunista).
A extensão da influência soviética na Europa constituía para os aliados uma ameaça ao
modelo capitalista e lieral, os EUA não estavam dispostos a assistir passivamente ao
avanço geopolítico da URSS.
Doutrina Truman- Bloco Ocidental
● Um ano após o discurso de Churchill, os EUA assumiram a liderança da oposição ao
avanço do socialismo. Num discurso histórico, o presidente expõe a sua visão do
mundo: um mundo dividido entre dois sistemas anatagónicos- um, baseado na
liberdade; outro, na opressão. Aos americanos competiria liderar o mundo livre e
auxiliá-lo na contenção do comunismo: era a Doutrina Truman.

Plano Marshall- Bloco de Leste e Ocidental


● É neste contexto que o secretário de estado George Marshall anuncia, em junho de
1947, um gigantesco plano de ajuda à economia na Europa, o European
Recovery Plan (ERP), conhecido como- Plano Marshall.Para uma eficiente
distribuição dos fundos nascia em 1948, a OECE (Organização Europeia de
Cooperação Económica),mais tarde OCDE (Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico).
● Este plano foi oferecido a toda a Europa, incluindo os países sob influência soviética,
mas esta ténue tentativa de aproximação não teve êxito. Depois de breves
negociações, Moscovo classifica a ajuda americana de “manobra imperialista” e
impede os países sob sua influência de a aceitarem.

Doutrina Jdanov- Bloco de Leste


● Esta doutrina teve contraponto do lado soviético, na pessoa de Andrei Jdanov
(secretário-geral do PCUS) que inverteu a argumentação do presidente americano:
ao mundo imperialista e antidemocrático, liderado pelos EUA opunham-se os
ideais democráticos e anti-imperialistas dos estados pela URSS.

Plano Molotov- Bloco de Leste


● Em janeiro de 1949, Moscovo “responde” também ao Plano Marshall, lançando o
Plano Molotov, que estabelece as estruturas de cooperação económica da Europa
Oriental. Foi no âmbito deste plano que se criou o COMECON (Conselho de
Assistência Económica Mútua), instituição destinada a promover o
desenvolvimento integrado dos países comunistas, sob a defesa da União Soviética.

2. A questão alemã
● Este clima de confronto refletiu-se na gestão conjunta do território alemão.
● A expansão comunista levara britânicos e americanos a olhar a Alemanha já não
como um inimigo mas como um aliado imprescindível à contenção do avanço
soviético.
● O renascimento alemão tornou-se uma prioridade para os americanos, que
intensificaram os esforços para a criação de uma república federal constituída pelos
territórios sob ocupação das 3 potências ocidentais, República Federal Alemã-
RFA (alemanha ocidental),1949/1989.
● Estaline encarou esta união como uma afronta e acusou os antigos aliados de
pretenderem criar uma bastião capitalista às portas do mundo socialista. Mas
apesar do protesto, a URSS acabou por desencadear um processo semelhante na
sua própria zona, processo que conduziu à criação da República Democrática
Alemã- RDA (alemanha oriental),1949/1989.
Guerra Fria
● O afrontamento entre as duas superpotências, iniciado logo após a 2ª Guerra
Mundial, prolongou-se até meados dos anos 80, altura em que o bloco soviético
começou a mostrar os primeiros sinais de declínio.
● Durante esse período de 40 anos, de 1947 a 1985, EUA e URSS intimidaram-se
mutuamente, criando um ambiente de hostilidade e insegurança que deixou o
mundo em permanente sobressalto, não obstante os períodos de coexistência
pacífica e desanuviamento que ocorreram entre 1955-62 e 1962-75.

Guerra Fria: clima de antagonismo e de tensão que existiu entre os blocos soviético e
americano, entre 1947 e 1985. Guerra de nervos, em que cada bloco procurou superiorizar-
se ao rival, tanto a nível do armamento como da ampliação das áreas de influência. A
guerra fria caracterizou-se também pela visão sectária e maniqueísta que cada um dos
lados veiculava do outro, através da propaganda.

Conclusão: duas conceções de organização política e económica confrontavam-se:


● o regime político demoliberal, assente na liberdade individual e na economia e na
economia capitalista;
● o regime político marxista-leninista, que submetia o indivíduo ao interesse da
coletividade e assentava numa economia coletivizada e planificada.

O mundo capitalista
A política de alianças dos Estados Unidos
A partir do momento em que se torna objetivo dos EUA conter o avanço do comunismo, os
americanos reforçam a sua presença na Europa:
● O 1º passo foi dado em 1947, com o Plano Marshall;
● O 2º passo, dois anos mais tarde em 1949, com o Tratado do Atlântico Norte,
acordado entre os EUA, o Canadá e 10 países europeus, dando origem a uma
aliança político-militar: a NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte- OTAN).
A aliança apresentava-se como defensiva ao mesmo tempo que era necessária face a um
inimigo omnipotente.
Este sentimento de ameaça, levou os EUA a estenderem a sua política de alianças
multilaterais por todo o mundo: Pacto do Rio em 1947- OEA(Organização Estados
Americanos)-frente comum das nações latino-americanas.
Estas alianças foram complementadas com diversos acordos de carácter político e
económico de tal forma que cerca de 1959, 3⁄4 partes do mundo alinhavam de uma
forma ou de outra pelo bloco americano.

A política económica e social das democracias ocidentais


Para além do respeito pelas liberdades individuais, considerou-se que o regime
democrático deveria assegurar o bem-estar e a justiça social.
Neste contexto, as forças políticas que maior sucesso vão alcançar na Europa do pós-
guerra são o socialismo reformista ou social democracia e a democracia cristã, ambas
imbuídas de preocupações sociais e ambas defensoras de políticas reformistas e
intervencionistas.
1. Socialismo reformista ou social democracia
Corrente política que rejeita a via revolucionária para a construção da sociedade socialista,
propondo antes a implementação de reformas sociais como meio de melhorar as
condições de vida das classes trabalhadoras.
2. Democracia cristã- alemanha ocidental RFA
Corrente política que defende a aplicação à política dos princípios que estão na base do
cristianismo e que ,considera a tarefa da democracia assegurar o bem-estar, a
distribuição justa da riqueza, e uma maior justiça social.

Contudo, partindo de bases diferentes, a social democracia e a democracia cristã


convergem no mesmo propósito.

Um conjunto de medidas modificou, de forma profunda, a conceção liberal de Estado dando


origem ao Estado-Providência.

A afirmação do Estado-Providência
O Estado-Providência ganhou um novo impulso nos anos 30. Passa a ser encarado como
um dever dos Estados as implementações de sistemas mais equitativos de
redistribuição da riqueza nacional.
É neste contexto que surge a ideia do Welfare State ou Estado do bem-estar, no qual
cada cidadão teria asseguradas, desde “o berço ao túmulo”, as suas necessidades básicas.

● Em 1942, na Grã Bretanha, é publicado o relatório Beveridge, por Lorde Beveridge


que propõe várias medidas para combater os “cinco grandes males sociais”:
carência, doença, miséria, ignorância e ociosidade; relatório este que depois vai
resultar no Estado-Providência.
● Foi a ousadia inglesa, logo após a guerra, de criar um Serviço Nacional de Saúde
(National Health Service), assente na gratuitidade total dos serviços médicos e
extensivo a todos os cidadãos, serviram de modelo à maioria dos países europeus.
● Os estados passam a assumir como responsabilidade sua, para além da saúde, o
serviço público de educação (”escola pública”) e a habitação social.

● O sistema de proteção social generaliza-se a toda a população, passando a


assegurar as situações de desemprego, acidente, velhice e doença, nomeadamente
através da ajuda financeira sob a forma de prestações sociais.

O objetivo final era: alcançar uma certa estabilidade económica, evitando descidas
drásticas da procura como as que ocorreram durante os anos 30. O Estado-Providência
acabou por ser um fator importante na prosperidade que o Ocidente viveu nos anos 30 que
se seguiram ao fim da 2º guerra mundial- 30 gloriosos.

A prosperidade económica
O mundo capitalista, entre 1945 e 1973, conheceu um crescimento económico sem
precedentes, um tempo espantoso e glorioso.
São estes os “Trinta Gloriosos”, expressão encontrada pelo economista francês Jean
Fourastié e que acabou por se tornar corrente, para identificar aqueles 30 anos da história
do séc XX.
Tratou-se efetivamente de um tempo de prosperidade, de crescimento acelerado da
economia com origem nos EUA e que se estendeu aos restantes países do bloco
capitalista.
Depois de nos anos 30 ter estado muribundo, o capitalismo emerge dos escombros e
atinge o seu auge!!!

Fatores de crescimento económico:


● aceleração do progresso tecnológico;
● recurso ao petróleo como matéria energética;
● aumento da concentração industrial e do número de multinacionais;
● aumento da população ativa e de consumo, devido ao reforço da mão de obra
feminina no mercado de trabalho, o baby-boom (aumento da natalidade no pós-
guerra) dos anos 40 aos 60 e a imigração de trabalhadores oriundos dos países
menos desenvolvidos; a mão de obra mais qualificada, em virtude do prolongamento
da escolaridade.
● modernização da agricultura;.
● crescimento do setor terciário, este setor passa a abarcar um número de
trabalhadores. O surto das trocas comerciais, a aposta no ensino, os serviços
sociais prestados pelo estado e a complexidade crescente da administração das
empresas multiplicaram o número de postos de trabalho neste setor.

A sociedade de consumo
A principal consequência dos 30 gloriosos foi a generalização do conforto material.
O aumento do consumo estimulou o aumento da produção, que por sua vez, estimulou o
pleno emprego e se refletiu no poder de compra.
Sociedade de consumo apresentava elevados índices de consumo:
● De bens e serviços necessários;
● De bens e serviços considerados supérfluos.

O pleno emprego, os salários altos e a produção maciça de bens a preços acessíveis


conduziram à Sociedade de Consumo, consumo em massa de bens supérfluos, que
passam a ser encarados como essenciais à qualidade de vida; identifica-se também como
“sociedade do desperdício”.

Características desta sociedade:


● o cidadão é estimulado a gastar mais do que o necessário;
● multiplicam-se os grandes preços comerciais, onde os objetos são estrategicamente
colocados facilmente ao alcance do olhar ou da mão;
● a publicidade e o marketing também fazem parte da sociedade de consumo e
lembram a todas e todos, sem exceção, que os bens estão ao alcance e são um
direito de toda a gente.
● o crédito torna-se mais facilmente acessível e a pressão publicitária é de tal ordem
que os bens rapidamente perdem valor, passam de moda… mas a dívida ao banco
não!!

O comunismo, que entre as duas guerras era um fenómeno circunscrito aos EUA, instala-
se em todas as economias capitalistas na 2ª metade do séc XX.
O mundo capitalista
Ao terminar a 2ª guerra mundial, existiam apenas dois países comunistas em todo o mundo:
a URSS e a Mongólia. Mas entre 1945 e 1949, o comunismo implantou-se na Europa
Oriental, na Coreia do Norte e na China. Nos anos 50 e 60, na Ásia e em Cuba; na década
de 70, foi a vez da África Negra, formando assim, aos poucos, um bloco imenso liderado
pela URSS.

O expansionismo soviético
A URSS saiu do isolamento a que estivera votada desde a revolução de outubro, alargando
a sua influência nos quatro continentes.

● Europa
A primeira vaga da extensão do comunismo atingiu a Europa Oriental e, com exceção
da Jugoslávia, fez-se sob a pressão direta da URSS. Em meados de 1948, os partidos
comunistas dos países de leste tinham-se já assumido como partidos únicos.
Os novos países socialista receberam a designação de democracias populares,
designação atribuída aos regimes em que o partido comunista se impõe como partido único,
controlando as situações, a economia, a sociedade e a cultura.

Em 1955, os laços entre as democracias populares foram reforçados com a criação do


Pacto de Varsóvia, que durou 36 anos, 1955 a 1991, aliança militar que previa a resposta
conjunta a qualquer eventual agressão.
Este pacto constitui uma organização diametralmente oposta à NATO.

Foi com objetivo de manter intacta a hegemonia que os soviéticos ordenaram, em 1961, a
construção do Muro de Berlim.

● Ásia
Fora da Europa, a Coreia foi o único partido no qual a implantação do comunismo se ficou a
dever à intervenção direta da URSS.
A Coreia foi libertada pela ação conjunta dos exércitos soviético e americano, que
acabaram por não se entender quanto ao futuro do país, decidindo a divisão da coreia em
dois:
● Coreia do Norte, a República Popular da Coreia, comunista e apoiada pela
URSS;
● Coreia do Sul, a República Democrática da Coreia, conservadora e sustentada
pelos EUA.

A invasão da Coreia do Sul pelas forças comunistas desencadeou uma violenta guerra, a
chamada “Guerra da Coreia", que durou 3 anos, 1950-1953, tendo os americanos que
voltar a intervir.

Em todos os outros casos, como o da China, Mao Tsé-Tung instaurou uma República
Popular a 1 de outubro de 1949.

Poucos meses passados sob a tomada de poder, Mao assina em Moscovo um Tratado de
Amizade, Aliança e Assitência mútuo, o Tratado de amizade Sino-Soviético.
A partir de 1958- URSS continuou a contar com o apoio da China na difusão do comunismo
e na luta contra o imperialismo americano; assim a China assumiu um papel importante
tanto na Guerra da Coreia como na Guerra da Indochina.
● América Latina
O ponto fulcral da expansão comunista na América Latina foi Cuba.
A influência soviética em Cuba confirma-se quando, em 1962, aviões americanos obtêm
provas fotográficas da instalação, na ilha, de mísseis russos de médio alcance, capazes de
atingir o território americano.
A exigência firme de retirada dos mísseis, feita pelo presidente Kennedy, coloca o mundo
perante a iminência de uma guerra nuclear entre as duas superpotências.
Felizmente,a crise acaba por se resolver com cedências mútuas:
● Nikita Kruchtchev aceita a retirada dos mísseis;
● Enquanto que os EUA se comprometem a não tentar derrubar novamente o regime.
Fruto do seu alinhamento com o bloco soviético, Cuba desempenhará também um papel
ativo na proliferação do comunismo.

● África
Tal como o continente asiático, a África, recém-descolonizada, mostrou-se bastante
permeável à influência soviética.

Opções e realizações da economia de direção central


Após a 2ª Guerra Mundial, a planificação da economia nos regimes socialistas propiciou
uma recuperação rápida dos prejuízos causados pelo esforço de guerra. Os planos
quinquenais apostavam, sobretudo, na indústria pesada (siderurgia) e nas infra-
estruturas. A URSS e os países de modelo soviético registaram um crescimento industrial
tão significativo que ascenderam à 2ª posição da indústria mundial.

No entanto, a par destas realizações, as economias da direcção central (dirigidas pelo


Estado o qual abolia a iniciativa privada) evidenciavam fraquezas estruturais que
comprometiam a longo prazo o seu sucesso.
O nível de vida das populações não acompanha esta evolução económica:
● As jornadas de trabalho mantém-se excessivas;
● Os salários sobem a um ritmo muito lento e as carências de bens de toda a espécie
mantém-se;
● A agricultura, a construção habitacional, as indústrias de consumo e o sector
terciário avançam lentamente.

Nas cidades, que a industrialização fez crescer a um ritmo muito rápido, a população
amontoa-se em bairros periféricos. As longas filas de espera para adquirir os bens
essenciais tornam-se uma rotina diária.

Os bloqueios Económicos
As economias planificadas começam a mostrar, de forma mais evidente, as suas
debilidades:
● A planificação excessiva entorpece as empresas, que não possuíam autonomia
de decisão para definir níveis de produção, comprar equipamento, contratar
trabalhadores, fixar salários e preços.
● Uma gestão burocrática limita-se a procurar cumprir as quantidades previstas no
plano, sem atender à qualidade dos produtos ou ao potencial de rentabilidade dos
equipamentos e da numerosíssima mão-de-obra;
● Nas unidades agrícolas, a falta de investimento, a má organização e o desalento
dos camponeses reflectem-se de forma severa na produtividade.

Implementou-se, nos anos 60, um conjunto vasto de reformas em praticamente todos os


países da Europa Socialista, exemplo dado pela União Soviética, onde o novo líder Nikita
Kruchtchev, inicia um novo plano em 1959:
1. reforça o investimento nas indústrias de consumo, na habitação e na agricultura;
2. ao mesmo tempo, a duração do trabalho semanal reduz-se (de 48 para 42 horas);
3. a idade da reforma,estende-se aos trabalhadores agrícolas.

No entanto, os efeitos destas medidas ficaram muito aquém das expectativas. Na década
de 70, sob a liderança de Leonidas Brejnev, a corrupção e a burocracia avolumaram-se, o
que se traduziu pelo agudizar da estagnação.

A escalada armamentista e o início da era espacial


A escalada armamentista
Durante todo o período da Guerra Fria, os dois blocos sempre procuraram apetrechar o
melhor possível para uma eventual guerra, investindo grandes somas na conceção e fabrico
de armamento cada vez mais sofisticado e mortífero.
Nos primeiros anos do pós-guerra, os Estados Unidos tinham o segredo da bomba atómica,
que consideravam a sua melhor defesa.
Quando, em Setembro de 1949, os Russos fizeram explodir a sua primeira bomba
atómica, a confiança dos Americanos se desmoronou.

De imediato os cientistas americanos desenvolvem uma arma ainda mais destrutiva: em


1952 testava-se no pacífico, a primeira bomba de hidrogénio- a bomba H- com uma
potência 1000 vezes superior à bomba de Hiroxima.

A corrida ao armamento tinha começado. No ano seguinte a Rússia responde com outra
bomba de hidrogénio, levando as duas superpotências à produção maciça de armamento
nuclear.
O mundo viu também multiplicarem-se as armas ditas convencionais.
No fim de 1950, os americanos consideravam obrigatório aumentar, tão depressa quanto
possível, a força aérea, terrestre e naval em geral e a dos aliados num ponto em que não
estivessem tão fortemente dependentes de armas nucleares.
O mundo tinha resvalado, nas palavras de Churchill, para o equilíbrio instável do terror.

O início da era espacial


As duas superpotências dedicaram grande atenção aos ramos da Ciência relacionados com
o equipamento militar.
➔ Com a esperança de encontrar uma arma que lhe garantisse a vitória, a Alemanha
tinha secretamente desenvolvido a tecnologia dos foguetes e criado os primeiros
mísseis.
➔ 1945- cientistas envolvidos neste projeto emigraram para a URSS e para os EUA,
onde desempenharam um papel relevante- espiões.
➔ URSS, colocou-se à frente na conquista do Espaço, quando em outubro de 1957,
conseguiu colocar em órbita o 1º satélite artificial da História, o Sputnik 1.
➔ No mês seguinte lançou o Sputnik 2 levando a bordo o 1º ser vivo, a cadela Laika.
➔ Os americanos queriam igualar aos russos, então lançaram também o seu 1º
satélite, mas fracassou.
➔ Só em 1958, com o lançamento do Explorer 1 é que a América efetivaria a sua
entrada na corrida ao espaço.
➔ Yuri Gagarin- 1º ser humano a viajar na órbita terrestre.
➔ Fim da década de 60, coube aos americanos Neil Armstrong e Edwin Aldrin-
primeiros homens a pisar a lua ( com isto Neil colocou uma bandeira inglesa na lua
para indicar que foram primeiro que os alemães).
➔ Tornou-se evidente que o desenvolvimento tecnológico tinha alcançado uma etapa
superior, embora também se tenha tornado evidente que essa mesma tecnologia
estava a ser utilizada para a construção de armas capazes de aniquilar toda a
humanidade
➔ Lunik 2- os 2 cães a bordo são os primeiros seres vivos recuperados após um voo
orbital.
➔ Vostok 6- Valentina Tereshkova- 1ª mulher no Espaço.
➔ Mercury 3- Shepard, 1º homem americano no espaço.

A afirmação de novas potências


O rápido crescimento do japão
Vencido, humilhado e destruído após a 2ª guerra mundial, ninguém previa o
desenvolvimento do Japão no fim dos anos 60.
Ficou a dever-se aos americanos a modernização do Japão.
❖ 1º boom da economia japonesa- 1955-1961, a produção industrial triplicou.
Os setores que,neste período, adquiriram um maior dinamismo são: o da indústria pesada
e o dos bens de consumo.
❖ 2º boom, para além do desenvolvimento dos setores clássicos, surgiram novos
setores, como a produção de automóveis (toyota, honda), televisores a cores e
aparelhos de circuito integrado.

Os fatores do "milagre japonês”


Conhecido como Milagre Japonês este crescimento económico do Japão deve-se à
conjugação de vários fatores:
● a ajuda americana,os EUA tinham como objetivo principal ajudar o japão no seu
crescimento para isso criaram um plano semelhante ao marshall, o Plano Dodge,
que permitiu a sua rápida reconstrução;
● a atuação do estado, que teve um papel importante no investimento, na proteção
das empresas e no mercado interno, fomentou o ensino e a investigação científica;
● mentalidade japonesa,os japonese tomaram a reconstrução do seu país como uma
causa comum;
● a estreita ligação entre os trabalhadores e a empresa, os trabalhadores
japoneses veem o patrão como um protetor e a empresa como uma segunda
família,à qual dedicam o seu empenho.

O afastamento da china do bloco soviético


O comunismo chinês ficou marcado pelo seu líder Mao Tsé-Tung (1893-1976).
Mao enfatizava o papel dos camponeses, aos quais atribui a liderança revolucionária.
Esta discrepância trouxe à ideologia comunista uma nova variante, o maoísmo.
➔ O Maoísmo defendia a viabilidade de uma revolução comunista liderada pelos
camponeses, sem concurso do operariado.
➔ Assumiu como objetivo a revolução total protagonizada pelas massas, para isso
recorreu a grandes campanhas de natureza ideológica.

1 de maio de 1957: movimento das “Cem Flores”, com o intuito de reforçar o seu regime,
Mao convida a população a denunciar os erros que haviam sido cometidos.
1958: “Grande Salto em Frente”, resultado do movimento das “Cem Flores”, Mao dizia que
o seu povo tinha que ser mais dirigista, tinha que seguir em frente.

“O Grande Salto em Frente”


Mao implementa em 1958 o “grande salto em frente”, programa de fomento económico que
exigia à população um redobrar de esforço de modo a que a china em 15 anos alcançasse
a grã bretanha: “ 3 anos de esforço. 1000 anos de felicidade”.
Este grande salto tinha como princípios:
➔ abandono da prioridade à indústria pesada;
➔ reorganização das atividades económicas, rurais e industriais;
➔ estabelecimento de um modo de vida comunitário - “ comunas populares”.

Paralelamente, Mao criticava a política de coexistência pacífica de Kruchtchev.


● O grande salto em frente estimou-se com um atraso económico de 10 anos; no
entanto, o fracasso do “ grande salto em frente” levou Mao a abandonar o poder,
mantendo-se no entanto como presidente do comité central do partido.
● Os esforços de Mao tiverem êxito quando em 1971, o país entre para o Conselho de
Segurança da ONU substituindo a República da Formosa (Taiwan).
Mao morre em 1976 a China inicia uma profunda viagem.

A ascensão da Europa
● A Europa sentiu necessidade de se unir para reencontrar a prosperidade
económica e a sua influência política.
● Em 1946, Winston Churchill lança o apelo ao renascimento europeu e dá a ideia de
uns “Estados Unidos Europeus”.

Da CECA à CEE
União Europeia: organização de países que partilham valores comuns, surge após a 2ª
guerra mundial com a intenção de pôr termo às frequentes guerras entre países vizinhos.
● 1951: fundada a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA)
➔ formada por 6 países: França, RFA, Itália, Bélgica, Países Baixos,
Luxemburgo;
● 1957: assinado o tratado de Roma onde constituem a Comunidade Económica
Europeia (CEE)
● 1973: Europa dos 9- Irlanda, Reino Unido e Dinamarca;
● 1981: Europa dos 10- Grécia;
● 1986: Europa dos 12- Portugal e Espanha;
● 1992: Tratado de Maastricht, a CEE passa a UE;
● 1993: criação do mercado único, permitindo a livre circulação de mercadorias,
serviços, pessoas e capitais;
● 1995: Europa dos 15- Finlândia, Suécia e Áustria;
● 2004: Europa dos 25- Estónia, Letónia, Lituânia, Polónia, República Checa,
Eslováquia, Hungria, Eslovénia, Chipre e Malta;
● 2007: Europa dos 27- Roménia e Bulgária;
● 2013: Europa dos 28- Croácia;
● 2020: Saída do Reino Unido- Brexit, UE fica com 27.

Objetivos da UE:
➔ cidadania comum;
➔ fortalecimento e convergência das economias;
➔ moeda única estável;
➔ política externa e de segurança comum;
➔ livre circulação de pessoas e bens;
➔ princípio da solidariedade.

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