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estado novo

O golpe militar de 28 de Maio de 1926

Agravamento financeiro → Participação na 1ª Guerra Mundial → Agitação Social → Instabilidade política

Crise económica, social e política → Golpe militar de 28 de maio → Fim da 1ª República → Ditadura Militar

O triunfo das forças conservadoras

• A primeira república (1910-1926) foi um período de forte instabilidade política, económica e social
• constante instabilidade governativa
• crise inflacionista do pós-guerra
• permanente agitação social
• crescimento do endividamento público
• Provoca uma forte reação dos setores mais conservadores

Golpe militar de 28 de Maio de 1926 (1926-1930) – pronunciamento militar de cariz nacionalista que pôs termo à
Primeira República Portuguesa levando à implantação da Ditadura Militar – comandado por General Gomes da Costa
e que levou José Mendes Cabeçadas à presidência da República Portuguesa – 2ª República

• realizado pelo exército e apoiado por republicanos moderados, monárquicos e católicos


• com o objetivo de acabar com a anarquia generalizada que se vivia no país
• opinião pública encontrava-se favorável à imposição de um governo forte que restabelecesse a ordem

Após o golpe militar de 28 de Maio instala-se uma ditadura militar

• A instabilidade nas finanças mantém-se durante os primeiros tempos do novo regime → Devido à
inexperiência e falta de preparação do governo revolucionário
• Foi neste contexto que Salazar foi nomeado ministro das finanças em 1928

A progressiva ascensão na cadeia de poder ficou a dever-se ao seu trabalho como ministro das finanças → Conseguiu
um equilíbrio no orçamento público, um autêntico “milagre financeiro”.

O regime do estado novo assentava em vários princípios ideológicos:

• Autoritarismo
• Antidemocrático e Anti-Socialista
• Conservadorismo, tradicionalista e repressivo
• Nacionalismo
• Doutrinador
• Antiparlamentarismo
• Colonialismo
• Antiliberalismo
• Corporativismo
• Antipartidarismo

princípios do regime
Autoritarismo

• Estado forte e autoritário


• os cidadãos deviam submeter-se e obedecer
• os interesses individuais estão submetidos aos interesses coletivos
• o Estado enquadra todas as atividades políticas e culturais
• impôs o culto do chefe – “o salvador da pátria”
Antidemocrático e anti-socialista

• clara oposição à ideologia e aos sistemas comunistas


• o poder legislativo encontra-se submetido ao poder executivo
• rejeita o parlamentarismo e os valores democráticos
• não permite o pluripartidarismo
• impõe um partido único – União Nacional

Conservador, tradicionalista e repressivo

• Exaltou as tradições nacionais.


• Rejeitou as vanguardas culturais.
• Promoveu a defesa de tudo o que fosse genuinamente português.
• Valorizava o mundo rural.
• Apoiava-se na hierarquia e na religião católica.
• A base da nação era a família com papéis rigidamente atribuídos à mulher e ao homem.
• Valores fundamentais não podiam ser discutidos: “Não discutimos Deus (..), não discutimos a Pátria (…), não
discutimos a autoridade (…), não discutimos a Família”
• Reprime a oposição através:
 Da censura.
 Da polícia política (PVDE - PIDE - DGS).
 Do uso de tortura nos interrogatórios.
 Da proibição dos sindicatos livres e da corporativização dos trabalhadores.
 Da criação de prisões (Caxias e Peniche).
 Prisões políticas (Tarrafal e S. Nicolau, em Cabo Verde; Machava, em Moçambique).

Nacionalista

• Portugueses – um Povo de Heróis


• Passado histórico grandioso

• Mitificou a História de Portugal para fazer a apologia da nação
• Defende a integralidade territorial (continente e colónias)

Estado doutrinador

Enquadramento das massas

Enquadrou a população em organizações para controlar e obter a sua adesão ao regime.

Controlou a cultura e o ensino:

• Fundação para a Alegria no Trabalho (FNAT)


• Ensino através do livro único
• Secretariado de Propaganda Nacional (SPN)
• Partido único (União Nacional)
• Organizações paramilitares de enquadramento das massas (Mocidade Portuguesa; Legião Portuguesa)
• Organizações femininas de enquadramento (Mocidade Portuguesa Feminina; Obra das Mães para a Educação
Nacional)
• Juramento dos funcionários públicos
• Sindicatos nacionais

Organizações paramilitares para a defesa e propagação dos seus princípios e ideais

A Legião Portuguesa faz a saudação fascista a Salazar passa em revista a formação, acompanhado do Chefe do Estado.
Nacionalista

• “tudo pela Nação, nada contra a Nação”


• Exaltação da Nação através da glorificação dos valores e virtudes nacionais da história
• destaque para a época dos Descobrimentos
• defende a integralidade territorial (continente e colónias)

Outras ideias fundamentais:

Uma economia submetida aos imperativos políticos

Prioridade à estabilidade financeira

• Melhor administração dos dinheiros públicos


• Diminuição de despesas
Rigor orçamental
• Aumento das receitas
• Criação de novos impostos
 Imposto complementar sobre o rendimento.
 Imposto profissional.
 Imposto de salvação pública sobre funcionários públicos.

A defesa da ruralidade

Salazar via nas atividades agrícolas um dos meios mais poderosos para atingir a auto-suficiência económica.

 Agricultura

• país predominantemente rural (51% da população trabalhava no sector primário)


• dinamização de produtos como: batata, arroz, vinho, azeite e frutas
• campanha do Trigo entre 1929 e 1937
• incentivos à produção
• o imperativo da auto-suficiência

Exaltou a importância da agricultura:

• Lançou Campanhas de Produção.


• Adotou uma Política Económica fortemente Protecionista e Autárcica.
• Estimulou a Produção Agrícola.
• Assegurou a Autossuficiência ou Autarcia Alimentar.
• Promoveu um Plano de Florestação e aproveitou os recursos hidráulicos.

Valorizou o mundo rural:

• Fez do campo o Bastião dos Valores Tradicionais.

 Indústria

• Sector secundário – 22%


• As iniciativas empresariais deviam enquadrar-se num modelo económico definido e dirigido pelo Estado
• Controlo da iniciativa privada, da produção e da concorrência

A indústria estava assim muito condicionada, o que se entende perfeitamente atendendo ao carácter ruralista, anti-
urbano e anti-industrial de Salazar.

 1930 – 1945: modelo económico baseado no intervencionismo e na autarcia

 O Estado intervinha e orientava a iniciativa privada

 Estabilidade financeira:
• diminuição das despesas e aumento das receitas
• melhor administração de dinheiros públicos
• criação de novos impostos
• neutralidade na 2a Guerra Mundial

 Defesa da ruralidade: política económica essencialmente agrícola

• desenvolvimento da agricultura era necessário para resolver os problemas sociais do país

A política colonial

Missão histórica civilizadora dos portugueses nos territórios ultramarinos → Salazar exaltou o passado histórico
nacional como fundamento e legitimação do Império Colonial Português.

Ato colonial (1930) integrou a Constituição de 1933 – vincou bem a soberania portuguesa sobre as colónias.

• Espécie de constituição para as colónias.


• Estabelece a subordinação das colónias aos interesses da metrópole.
• “nacionalização” das colónias – cortou radicalmente com as tendências autonomistas dos governos da 1ª
República
• Construção de uma “nação pluricontinental”
• As colónias foram fundamentais para a política do nacionalismo económico

As colónias eram:

• Mercados abastecedores de matérias-primas.


• Consumidores dos produtos da metrópole.

Princípios defendidos:

• Proclama a vocação colonial de Portugal


• Promove a missão civilizadora dos portugueses
• Incute no povo português a mística colonial
• Promove congressos, conferências e exposições que servem de propaganda: I Exposição Colonial Portuguesa
(Porto, 1934)
• Exposição do Mundo Português (Lisboa, 1940)

O projeto cultural do regime

Criação do Secretariado de Propaganda Nacional (SPN) em 1933 dirigido por António Ferro.

Secretariado de Propaganda Nacional (SPN)

Apoio e controlo das artes, dos espetáculos e de todas as formas de expressão:

• Instituição de prémios literários e artísticos


• Concessão de patrocínios
• Realização de exposições, festivais, concursos

Subordinação ideológica da cultura

“Política do espírito”

• Elevar a mente dos portugueses.


• Valorizar o espírito nacional e a cultura popular.
• Propagandear o regime.

Procurou criar um “estilo português”.

• Padronizou a cultura.
• Restringiu a livre produção cultural.
• Foi uma solução de compromisso porque procurou conciliar a tradição e a vanguarda.

Ensino

• alta taxa de analfabetismo (1930: 67%; 1945: 45%)


• construção de escolas primárias, liceus, escolas técnicas
• criação da escola nacionalista, patriótica e religiosa

Corporativivismo

• meio de controlo da sociedade, da economia e das relações laborais


• organização em corporações
• rejeita a luta de classes
• controlo dos representantes das câmaras, associações culturais, morais e económicas
• a família é a célula-base do corporativismo
• proíbe os sindicatos livres, as greves e os lock-outs
• a Nação é a reunião de grupos e associações (corporações)
• reforça o poder do Estado
• Estatuto do Trabalho Nacional (1933) – são as normas em que deveriam assentar as corporações económicas
→ divididas em:
 Trabalhadores da indústria e comércio/serviços agrupados em Sindicatos Nacionais.
 Patrões agrupados em Grémios (associações)
O Estado controlava as relações entre ambos.
• “encontrar o justo equilíbrio entre os interesses do capital, da economia nacional e dos trabalhadores”

Dirigismo económico

• intervenção do Estado na economia


• tenta implementar a autarcia (auto-suficiência económica)

O programa de obras públicas

Objetivos:

• Modernizar o país
• Impulsionar o desenvolvimento económico
• Reduzir o desemprego

Infraestruturas:

• Construção de estradas.
• Construção de pontes.
• Melhoramentos na rede ferroviária.
• Criação do metropolitano.
• Melhoramento dos portos.
• Construção de barragens e de centrais hidroelétricas.
• Construção de aeroportos.

Meios de comunicação

• Telefone
• Telégrafo

Equipamentos públicos

• Construção de hospitais, escolas, tribunais, prisões, estádios, quartéis, bairros para os trabalhadores.

Restauro de Monumentos Nacionais


Indissociavelmente ligada ao Ministro das Obras Públicas, o Engenheiro Duarte Pacheco.

estado novo (1ª parte: 1933 – 1945)


Enquadramento das massas Corporativismo
PVDE / PIDE Autarcia
Censura Dirigismo
Política de espírito económico
SPN / SNI Defesa da
Secretariado Propaganda Nacional/Informação ruralidade
- era o organismo público responsável pela propaganda política, informação pública,
comunicação social, turismo e ação cultural, durante o regime do Estado Novo em Portugal
“Estilo de vida português” Autoritário
Deus, pátria, autoridade, família e trabalho Nacionalista
Estado conservador e apoiado no catolicismo Anti-socialista
Antidemocrático
Colonialista

Grandes portugueses: Aristides de Sousa Mendes e Álvaro Cunhal

Estruturas institucionais do Estado Novo

Estruturas institucionais:

• União Nacional (criada em 1930)


• Ato Colonial (1930)
• Constituição (1933)
 elaborada pelo governo e aprovada em plebiscito (consulta popular)
 implementa um Estado autoritário, conservador, antiliberal, antiparlamentar, nacionalista,
corporativista e colonial até Abril de 1974

Órgãos de Estado:

• Presidente da República
• Presidente do Conselho de Ministros
• Assembleia Nacional

Bases ideológicas do Estado Novo

• catolicismo
• ditadura de Primo de Rivera
• fascismo italiano

Ideologia do Estado Novo

• forte caráter conservador


• Os seus valores fundamentais não podiam ser postos em causa porque garantiam “o conforto nas grandes
certezas”: Deus, Pátria, Família, Autoridade e Trabalho
• A religião era um dos grandes pilares do regime
 adoção do catolicismo como religião oficial
 imposição da moral e dos valores católicos à sociedade
• Exaltação da Pátria através dos seus heróis passados
• A base da Nação era a família
 núcleo de autoridade com papeis rigidamente distribuídos
 pai: trabalhador
 mulher: esposa e mãe dedicada (papel passivo)
 filhos: obedientes
• Valorização do “estilo de vida português”
 identificação com a vida e os valores rurais
 Católico – o que permitiu o apoio da quase totalidade do clero
 tementes a Deus e obedientes ao Estado
 humildade, honestidade e trabalho
 importância da família tradicional – obediência ao homem da casa, pai e marido trabalhador, a
mulher como mãe e dona de casa.
 simplicidade, recusa do luxo e da ostentação
• Preservação das tradições culturais e artísticas do país
• Rejeição das vanguardas artísticas, em nome de uma arte nacional

Enquadramento das massas

• Imposição de um partido único, a União Nacional


• Secretariado de Propaganda Nacional (SPN – 1933)
• Mocidade Portuguesa (1936)
• Legião Portuguesa (1936)
• Controlo do ensino (1936)

Aparelho repressivo

• Impôs a censura prévia


• Criou uma polícia política: PVDE (1933) e PIDE (1945)
• Criou prisões políticas: Caxias, Peniche, Tarrafal (Cabo Verde)
• Controlou o funcionalismo público, o ensino e o tempo livre dos trabalhadores

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