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Português – 11ºano 2016/2017

Nome: nº. turma:


Teste de Gramática Versão 1
Lê o texto seguinte.
A Mentira
A mentira é uma conduta aprendida que faz parte dos comportamentos sociais. Quem nunca mentiu?
5 Começando pelos falsos elogios «esse corte de cabelo fica-te muito bem», passando pelas desculpas esfarrapadas
«não fiz os trabalhos de casa porque faltou a luz», até chegar às mentiras descaradas «ser o próprio a atender o
telefone e dizer que não está». Mas enquanto comportamento aprendido, o papel do meio em que a criança se
5 desenvolve torna-se fundamental. Se os adultos com quem a criança se relaciona mentem muito, então os miúdos
tenderão a não falar verdade.
10 Nalgumas situações a mentira torna-se necessária para não magoar os outros ou porque a verdade pode
provocar danos mais graves naquele momento. De qualquer forma, necessária ou não, a mentira é um
comportamento socialmente criticado e que suscita preocupação nos pais. Mas, apesar disso, mesmo sem se
10 darem conta, muitas vezes são os pais a incitar a criança a mentir, mandando dizer à professora que não podem ir
à reunião porque estarão fora naquele dia.
15 Razões mais comuns para a mentira
a) Receio das consequências (quando a pessoa teme que a verdade traga consequências negativas);
b) Insegurança, baixa autoestima ou compensação (quando a pessoa pretende fazer passar uma imagem
15 de si própria melhor do que a que verdadeiramente acredita ter ou quando tenta fingir que tem ou é algo
diferente da realidade. Ex.: inventa uma família mais afetuosa do que aquela que realmente tem);
20 c) Razões externas (quando a pressão vem do exterior, por motivos de autoridade ou por coação); ~
d) Por ganhos e regalias (se a pessoa percebe que mentir traz ganhos, já que fica em vantagem em relação
aos que dizem a verdade);
20 e) Por razões patológicas.
As idades da Mentira Dependendo da idade da criança, a mentira pode assumir diferentes facetas.
25 Durante os anos da pré-escola, a criança ainda não consegue distinguir completamente a fantasia da realidade e
neste sentido, mentir pode ser uma consequência da sua imaginação e imaturidade, traduzindo-se também em
histórias sobre acontecimentos que não se passaram. Nestes casos, os pais podem apenas mostrar a diferença
25 entre a sua imaginação e a realidade, ou quando se trata de uma situação menos importante, simplesmente ouvir.
Com o crescimento vai ganhando compreensão da mentira e quando apanhado, usa a expressão «estava a
30 brincar» para tentar esquivar-se. Com a entrada para a escola, a mentira assume um papel utilitário e pode surgir
após uma asneira, porque a criança já tem capacidade para perceber que errou, mas está em conflito entre a
vontade de adesão às regras sociais e o desejo de não desagradar ao adulto. Assim, mente para evitar o
30 embaraço. É preciso que os pais mostrem à criança que sabem que ela está a mentir e falem abertamente com
ela, mostrando a verdade dos factos e que desaprovam a sua atitude, apresentando as desvantagens da mentira e
35 as vantagens da verdade. Quando mais velhas, as crianças geralmente mentem para negar algo errado que
fizeram e evitar a crítica, para fugir à punição ou para serem fiéis aos amigos. Na adolescência, os adolescentes
descobrem que a mentira pode ser aceite em certas ocasiões e até ilibá-los de responsabilidade e ajudar à sua
35
aceitação pelos colegas. Também é comum mentirem para saciar a curiosidade dos pais. […] A mentira aparece
frequentemente devido à falta de barreiras externas que limitem o comportamento. Esta situação surge
40 frequentemente em filhos de pais muito repressivos ou demasiadamente permissivos. […] Não esquecer que em
casa a criança deve encontrar exemplos de verdade e honestidade que fomentem a sua atitude de sinceridade.
[…]
Vera Ramalho (Psicóloga Clínica), «A Mentira», Portal da Criança,
dezembro de 2007 (disponível em www.portaldacrianca.com.pt, consultado em março 2016).
5 Português – 11ºano 2016/2017

Nome: nº. turma:


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1. Indica se as afirmações são verdadeiras ou falsas. Corrige as falsas.

1.1. A expressão «uma conduta aprendida» (l. 1) desempenha a função sintática de complemento direto.

50 1.2. As duas orações presentes em «para não magoar os outros ou porque a verdade pode provocar danos mais

graves naquele momento» (ll.7,8) introduzem, respetivamente, conexões de causalidade e finalidade.

1.3. A utilização de «Assim» (l.29) assegura, no texto, a coesão gramatical referencial.

1.4. No segmento «É preciso que os pais mostrem à criança que sabem que ela está a mentir» (ll.29,30) estão

presentes duas orações subordinadas substantivas completivas e uma oração subordinada adjetiva relativa.

55 1.5. Em «as desvantagens da mentira e as vantagens da verdade» (l.31), os segmentos sublinhados

desempenham a função sintática de complemento oblíquo.

2. Responde de forma correta aos itens apresentados.

2.1. Identifica o valor da oração “que faz parte dos comportamentos sociais” (l.1).

60 2.2. Classifica a oração “que a verdade traga consequências negativas” (l.13).

2.3. Divide e classifica a seguinte oração “ Em casa encerrava-se no seu quarto, e saía quando o chamavam,

para a mesa”.

3. Identifica e classifica os deíticos presentes nas seguintes expressões.


65 3.1. “ (…) Frei Jorge, vós estais aí, que eu bem sei (…) ”.
3.2. “Até ontem, a nossa desculpa para com Deus e para com os homens (…) “.
3.3. “Ânimo, e ponhamos os olhos naquela cruz!”.
3.4. “Habituámo-nos a pensar que os seres humanos são os maiores construtores do mundo. No entanto, as
maiores obras criadas no planeta não nos pertencem”.
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BOM TRABALHO.

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Correção Versão 1
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1.1 F, predicativo do sujeito.


1.2 F, finalidade e causalidade.
80 1.3 F, interfrásica
1.4 F, três orações subordinadas substantivas completivas.
1.5 F, complemento do nome

2.1 Valor restritivo


85 2.2 Oração subordinada substantiva completiva.
2.3. .Em casa encerrava-se no seu quarto – oração coordenada
e saía – oração coordenada copulativa e oração subordinante
quando o chamavam, para a mesa – oração subordinada adverbial temporal

90 3.1.
vós/ eu deíticos pessoais
Aí deítico espacial
Estais/ sei deíticos pessoais e temporais

3.2.
ontem deítico temporal
Nossa deítico pessoal

ponhamos deítico pessoal e temporal


naquela deítico espacial

95 3.3.

Habituámo[s]; «-nos » / «nos»; Deíticos pessoais


Habituámo[s]. deítico temporal:
3.4.

Questão Pontos Questão Pontos Questão Pontos


1.1 0.5+3.5 2.1 3 3.1 4
1.2 0.5+3.5 2.2 4 3.2 2
1.3 0.5+3.5 2.3 12 (4p*3) 3.3 3
1.4 0.5+3.5 3.4 2
1.5 0.5+3.5
Total 20 pontos 19 pontos 11pontos
100
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(Ficha de gramática 6 e 7)

Lê o seguinte texto.

110 Da contiguidade de obrigados


A pretexto de estarem mais preocupados com outras questões, os filósofos têm recusado refletir sobre o
problema da contiguidade de obrigados.
Já não é a primeira vez que acontece. Chegamos ao aeroporto. O motorista do táxi passa-me a máquina
para eu marcar o código do multibanco e eu: obrigado. Depois ele recolhe a máquina e eu: obrigado. Logo a seguir
115 ele entrega-me o talão e eu: obrigado. E depois dá-me a fatura e eu: obrigado. No fim, deseja-me boa viagem e eu:
obrigado. São cinco obrigados num período inferior a 30 segundos. O que deseja ser reconhecimento toma a
aparência de zombaria. A educação transforma-se em falta de educação.
A pretexto de estarem mais preocupados com outras questões, os filósofos têm recusado refletir sobre o
problema da contiguidade de obrigados. É mais fácil andar pelas ruas de Atenas a tagarelar com Trasímaco acerca
120 da definição de justiça do que dizer a uma pessoa o que há de fazer quando uma concentração de agradecimentos
subverte a ideia de gratidão. E depois admiram--se que sejam condenados a beber uma tacinha de cicuta.
Na minha opinião, quando confrontada com este tipo de problema, uma pessoa tem três hipóteses,
nenhuma das quais completamente satisfatória:
1 – Agradecer apenas uma em cada duas ações. A alternância de agradecimentos com silêncio reduz a
125 frequência dos obrigados, mas cria uma injustiça: certas ações passam sem retribuição. No caso em apreço, eu teria
agradecido apenas a oferta da máquina, a entrega do talão e o desejo de boa viagem, e teria deixado sem
agradecimento a recolha da máquina e a entrega da fatura. Esta conduta produzirá no meu interlocutor uma
dúvida: porque é que certas ações são merecedoras de agradecimento e outras não, sabendo que todas são
praticadas com o mesmo denodo? Uma inquietação que, com base na minha experiência pessoal, o nosso
130 interlocutor pode querer tirar a limpo com recurso à violência física.
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2 – Esperar pelo fim e fazer apenas um agradecimento, talvez referindo que aquele obrigado, embora
singular, se destina a agradecer uma pluralidade de ações. Um agradecimento global, digamos assim. No entanto, o
facto de não agradecermos cada uma das ações individuais poderá gerar no outro a ideia de que somos malcriados.
Isso, por sua vez, levará a que ele vá descurando progressivamente o empenho no serviço – o que, além do mais,
135 farácom que o obrigado final pareça irónico. E conduzir à violência física.
3 – Evitar a repetição de obrigados substituindo sucessivamente a forma de agradecimento por um
sinónimo. Obrigado, grato, agradecido, reconhecido, penhorado, e assim por diante. Devo advertir, porém, que
este comportamento é um cobertor que tapa a cabeça do ridículo mas descobre os pés da parvoíce, e tem a
capacidade de provocar nas outras pessoas uma irritação que, em geral, tem tendência a aplacar-se apenas de uma
140 única forma. Refiro-me a violência física.
Ricardo Araújo Pereira, Visão, 17/12/2015
(disponível em www.visao.sapo.pt, consultado em janeiro de 2016).

1. Responde aos seguintes itens, selecionando a opção correta.

145 1.1 Na frase «Chegamos ao aeroporto. O motorista do táxi passa-me a máquina para eu marcar o código do

multibanco e eu: obrigado» (ll. 4-6), surgem destacados os

(A) deíticos espaciais.

(B) pronomes pessoais.

(C) deíticos pessoais.

150 (D) deíticos temporais.

1.2 No contexto em que ocorrem, as expressões sublinhadas em «Depois ele recolhe e eu: obrigado. Logo a seguir

ele entrega-me o talão e eu: obrigado. E depois dá-me a fatura e eu: obrigado. No fim, deseja-me boa viagem e eu:

obrigado.» (ll. 6-8) contribuem para a coesão

(A) interfrásica.

155 (B) frásica.


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(C) referencial.

(D) lexical.

1.3 As expressões destacadas em «a oferta da máquina, a entrega do talão e o desejo de boa viagem» (ll. 20-21)

desempenham a função sintática de

160 (A) complemento direto.

(B) complemento do nome.

(C) complemento oblíquo.

(D) complemento restritivo do nome.

1.4 A expressão destacada em «Uma inquietação que, com base na minha experiência pessoal, o nosso interlocutor

165 pode querer tirar a limpo com recurso à violência física» (ll. 23-25) exerce função sintática de

(A) complemento direto.

(B) modificador.

(C) complemento oblíquo.

(D) complemento indireto.

170 1.5 O enfraquecimento da vogal que ocorre na passagem de «parvo» a «parvoíce» (l. 35) denomina-se

(A) vocalização.

(B) sonorização.
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(C) redução vocálica.

(D) contração por sinérese.

175 2. Identifica a função sintática do elemento sublinhado em «O motorista do táxi passa-me a máquina para eu

marcar o código do multibanco» (ll. 4-5).

3. Classifica a forma verbal destacada em «Uma inquietação que [...] o nosso interlocutor pode querer tirar a

limpo» (ll. 23-24), esclarecendo o seu valor.

180 Correção

1.1 (C).

1.2 (A).

1.3 (B).

185 1.4 (B).

1.5 (C).

2. Complemento indireto.

3. «Poder»: verbo auxiliar com valor modal.

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