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Na obra Retórica, de Aristóteles, o autor tem como o objetivo ensinar a fazer um discurso
persuasivo, este com intuito de convencer alguém a agir, ou a pensar consoante o propósito da
ideia apresentada, com arte, e de forma correta. Não se restringe apenas a que o público fique
convencido com o que ouviu, mas essencialmente, fazer com que o mesmo reflita sobre o assunto,
podendo quebrar barreiras mentais. Este tratado é dividido em três livros: no primeiro fala de três
tipos de retórica e três meios de persuasão, o segundo aborda os elementos de argumentação
psicológica: emoção e caráter, terceiro sobre o estilo e estrutura de um discurso.
Para Aristóteles os principais componentes estilísticos com que um retor deve lidar são:
o símile, a metáfora (considerada por analogia), e a amplificação. Aristóteles sugere que o
movimento metafórico do conhecido para o desconhecido, por meio de uma semelhança entre os
dois é a estrutura que está implícita a todo o raciocínio humano. Chama a atenção, para a
correlação entre o raciocínio metafórico e o silogístico ao notar que as regras fundamentais para
o uso retórico das metáforas são as mesmas que para o uso dos entimemas; esse movimento do
conhecido para o desconhecido, do familiar para o menos familiar. É através da metáfora que se
detém clareza, agradabilidade e exotismo. No discurso deve requerer epítetos, metáforas
ajustadas, e isto provém da analogia. Ao estarem ao lado uns dos outros, os contrários se
evidenciam mais.
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As propostas num discurso que sejam mais confiáveis, faz com que as pessoas fiquem
cativadas ao que estão a ouvir, e assim captar mais facilmente. É importante que quem faça o
discurso seja alguém que tenha um bom conhecimento sobre o tema.
Surge um sentimento de grandeza da própria razão naquele que acredita ter explicado, o
que antes parecia inexplicável. É esse o sentimento denominado de sublime. Na obra Retórica, de
Aristóteles a questão do sublime não é muito específica ou fácil de detetar. No entanto, segundo
Marcos Aurélio
como sendo consonante com a ideia de que uma parte intelectiva da alma deve prevalecer sobre
as demais ali constituintes. O sublime participa do racionalismo aristotélico por ser intrínseco a
tal sistema filosófico. A verossimilhança é caracterizada por conflitos de ideias e incertezas que
não possibilitam respostas irrefutáveis, e que não é raro o homem sentir-se constrangido, inseguro
e com medo, diante do que é apenas verossímil, ou seja, do que não lhe oferece a garantia de uma
resposta segura. A superação desse momen
intelecto que identifica qual é o melhor discurso, a vitória de uma racionalidade que consegue
reconhecer os melhores argumentos persuasivos, é o que provoca o sentimento de sublimidade da
razão, gerando um alívio pela suposta segurança diante da diversidade de ideias antagônicas entre
Retórica, o sublime pode vir quando a racionalidade humana identifica nas opiniões, quais
são as ideias mais confiáveis, entre tantas que são de crédito.
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Uma outra obra de cariz pedagógico, é Do Sublime, de Pseudo-Longino, que tem como
objetivo falar do que pode levar a um discurso ser sublime, e o que pode prejudicar a sublimidade
do mesmo. Corrigindo o tratado de Cecílio, Longino afirma que um tratado técnico deve em
primeiro lugar, apresentar o seu assunto, em segundo (sendo o mais importante para ele), mostrar
de que maneira e através de qie métodos podemos chegar a ele. Nesta obra, Longino define hypsos
pelo efeito que provoca nos ouvintes, o êxtase, distinguindo-o implicitamente da arte retórica cujo
fim é a persuasão. O extraordinário não leva os ouvintes à persuasão, mas ao êxtase, e o
a na invenção, na disposição e
no arranjo do material não seja algo que conseguimos detetar facilmente, o sublime, produzido
no momento certo, tem um efeito grandioso, mostrando a força do orador. Esta grandeza que é o
sublime é inata, não é algo que se en
Ao contrário de quem defende que o Sublime resulta apenas da natureza (physis), o autor
confirma que nele existe o estatuto de arte (techne), pois apesar da natureza ser quase sempre
autónoma, quando estão em causa grandes emoções, não se pode colocar à parte o método. O
método é necessário para determinar a quantidade e a ocasião oportuna de cada coisa, e para
ajudar assim a prática de maneira mais correta. Sem este conhecimento, a grandeza fica entregue
a si mesma, e torna-se muito perigosa, abandonada apenas aos impulsos e a uma audácia
irrefletida. O Sublime é caracterizado através da descrição dos defeitos, em que frequentemente
caem aqueles, que buscam a novidade de pensamento: inchaço (não se pode utilizar em discursos
que têm a ver com coisas reais.), puerilidade (frieza; aqueles que buscam uma expressão
extraordinária, muito trabalhada e, sobretudo, agradável, que caem num tom pretensioso e
afetado. A ela se liga o terceiro tipo de vício, parentirso, que se trata de uma emoção inoportuna
e vã, pois surge quando não é necessária, ou é desmedida quando se requer moderação. Sendo
extremamente crítico dos erros alheios, é incapaz de reconhecer os próprios, e por querer à força
apresentar sempre ideias novas, acaba por cair nas maiores infantilidades), emoção
despropositada e inconsequente.
Longino coloca em discussão como podemos evitar os vícios que andam misturados no
-la for
celebridade, poderio). Um homem sensato não as pode ter por bens superiores. Verifica-se na
questão da grandiosidade, que em alguns discursos que parecem de grande qualidade, são afinal
de baixa credibilidade, mais dignos de desprezo do que de admiração. O que está de acordo com
a natureza é que, sob o efeito do verdadeiro sublime, a nossa alma eleva-se, e se enche de
exaltação. O belo e o verdadeiro sublime é aquilo que agrada sempre a todos.
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Hypsos deriva de cinco fontes, as mais capazes de produzir discursos sublimes, tais como:
a capacidade de conceber pensamentos elevados; uma emoção (pathos) forte e cheia de
entusiasmo; um particular modo de construção de figuras; uma forma de expressão nobre (inclui
a escolha dos vocábulos, o uso de tropos e uma linguagem elaborada); uma composição
(synthesis) das palavras de forma digna e elevada. As duas primeiras dependem da natureza,
enquanto as outras implicam o domínio da técnica. O autor alerta que sem a capacidade de
expressão, estas fontes nada valem.
É referido que é sempre preciso, embora se trate de um dom e não de algo adquirido,
Muitas vezes o silêncio consegue ser mais grandioso e sublime que qualquer discurso.
Interessante perceber a referência que é f
Homero, onde é indicado que também os mesmos caem, e por vezes se desviam por caminhos
banais.
Outro recurso que dará grandeza ao discurso é a imitação e emulação dos grandes
escritores e poetas do passado (mimesis, passou a ser tratada, em contexto retórico, como um dos
fatores essenciais da formação do bom orador). Para dar gravidade, e grandeza e veemência ao
discurso, utiliza-se imagens mentais, idolopeias, isto é, qualquer pensamento capaz de gerar uma
formulação verbal. A análise do uso de algumas figuras (schemata) com vista à criação de
momentos sublimes, defende a necessidade de evitar um emprego artificial destes recursos. As
figuras escolhidas são a de juramento; a pergunta e a resposta; o assíndeto; assíndeto combinado
com anáfora; o polissíndeto; o hipérbato; o poliptoto e o uso do plural pelo singular; o singular
pelo plural; o emprego do presente em vez do passado; a apóstrofe; a súbita mudança da pessoa
verbal; a perífrase. Assim, transforma-se a natureza da demonstração dando-lhe uma
extraordinária sublimidade e emoção. No entanto, a grandeza não está em jurar de qualquer
maneira, mas fazê-lo tendo em conta o onde, o como, o quando e o porquê. Fazer habilidades com
as figuras desperta particular desconfiança, pois poderá levar a suspeita de uma armadilha. Perante
fica logo indignado, interpreta este ato como uma ofensa pessoal, enfurece-se e desiste totalmente
a ser persuadido pelo discurso. Por essa razão, a melhor figura é aquela que esconde que é uma.
O sublime e a emoção representam uma boa defesa contra a suspeita, que envolve o uso das
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figuras, pois o artifício rodeado pelo brilho do belo, e da grandeza, apaga-se e foge de qualquer
suspeita que reste.
A alteração do plural para singular, produz por vezes um efeito muito sublime, ou seja,
quando as palavras estão no singular pô-las no plural cria uma emoção inesperada, cria mais
aparência de corpo. Também a perífrase produz sublimidade, ao acompanhar as palavras usadas
num sentido literal e entra em consonância com elas numa ordem harmoniosa, principalmente se
não tiver nada de pretensioso e dissonante, mas formar uma combinação agradável. No entanto,
esta tem que ser utilizado com alguma moderação.
Para darmos grandeza ao nosso discurso temos de haver combinação dos elementos, pois
se um for separado dos outros, sozinho não é apreciável, mas todos unidos formam um conjunto
perfeito. Quando se unem para formar um corpo e se deixam enlaçar pelo vínculo da harmonia,
ganham expressividade, e grandeza.
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Referências Bibliográficas
Júnior, M. A., Alberto, P. F., & Pena, A. d. (2005). Retórica, Aristóteles. Lisboa:
Imprensa Nacional - Casa da Moeda.