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O Conceito de Comunicação
Comunicação é a interação entre duas pessoas, que permite a troca de informação através de
um tipo de linguagem comum a ambos e onde devemos ter em conta as regras contextuais.
A teoria da comunicação ainda não se definiu enquanto campo de estudo coerente, pois os
teóricos não encontram forma de ultrapassar as diferenças que os separam, não sendo
possível alcançar uma teoria unificada.
As 7 grandes tradições
Cada uma dela é uma maneira diferente de teorizar alguns problemas práticos de
comunicação: cada uma aborda e refina algumas crenças comuns sobre comunicação.
A comunicação não é só algo que fazemos, mas também algo que discutimos reflexivamente.
Toda a teoria da comunicação, não é apenas uma teoria da linguagem, é uma espécie de
metadiscurso, uma maneira de falar sobre a conversa, que deriva muito de sua plausibilidade
e do interesse, apelando retoricamente a lugares-comuns da prática cotidiana de
metadiscurso.
Meta discurso:
linguagem utilizada para falar sobre a própria
linguagem, sobre o discurso ou para guiar, explicar e
direcioná-lo.
→ Retorica:
• Arte prática do discurso.
• Estuda os problemas da coordenação, forma de agir, comunicar para persuadir.
• O seu problema é que exige deliberação e julgamento coletivo.
→ Semiótica:
• Intermediação /comunicação entre sujeitos através de sinais ou signos.
• Estuda os problemas dos males entendidos, através dos códigos da linguagem
comum;
• Chegamos a algum consenso através de um código comum, de um sistema de
comunicação, no entanto, as diferentes interpretações ou perspetivas do mesmo
sinal/signo pode é que pode gerar mal-entendidos e no contexto quotidiano podem
acontecer várias falhas de comunicação.
→ Fenomenologia:
• Refere-se à experiência de entrar em contacto com o outro e à análise da maneira
como os indivíduos reagem à presença de outros nas suas vidas baseando-se no
diálogo.
• Estuda os fenómenos da forma como os humanos os entendem, a nossa experiência
profunda do outro e do mundo;
• Tem de ser respeitada entre todos e por todos de forma a encontrar uma base comum
para que a interação aconteça.
• O problema que se destaca é a falha ao sustentar uma relação humana autêntica que
pode levar ao isolamento devido à falha de compreensão entre os sujeitos.
→ Cibernética:
• Corresponde ao processamento de informação.
• Estuda os problemas sistémicos da transmissão de informação, comunicação técnica;
• O problema surge devido ao barulho, ao excesso de informação, à falta de informação,
ao mau funcionamento ou a uma quebra no sistema.
• Os sistemas complexos podem ser imprevisíveis ou difíceis de compreender.
• Os humanos e as máquinas diferem na medida em que emoções não são lógicas,
lineares nem surgem de um sistema “causa-efeito”.
→ Sociopsicologia:
• Refere-se à expressão, interação e influencia que são três elementos-chave que
desempenham papéis fundamentais na dinâmica social e psicológica das interações
humanas.
• Estuda os processos da. influência da propaganda, utilizando métodos experimentais
• O problema é que requer manipulação de comportamentos e acontecimentos para
alcançar resultados específicos.
• A comunicação reflete personalidade, crenças e sentimentos que se baseiam em
julgamentos.
• Deste modo os grupos maiores que defendem os mesmos ideais afetam outros grupos
com ideais diferentes e vice-versa.
→ Sociocultura:
• Refere-se à (re)produção da ordem social.
• Não é possível analisar a comunicação, sem analisar a sociedade.
A sociedade molda a comunicação, assim como a comunicação molda a sociedade.
• Na qual o principal problema é o conflito, a alienação, o desalinhamento cultural e a
falha de coordenação entre a sociedade e a sua estrutura.
→ Filosofia Crítica:
• É o discurso reflexivo que sofre do problema de ser influenciado pela falta de
hegemonia ideológica e por poder ser sistematicamente distorcido.
→ Linguagem
Ideia / Referência
• ÍCONE
Signo que se refere ao objeto e representa as suas características próprias, não tem
conexão dinâmica com o objeto que representa, simplesmente as suas qualidades
assemelham-se às do objeto.
Ex.: é um ícone de uma mulher
• SÍMBOLO
Signo que se refere a um respetivo objeto, em virtude de uma lei ou convenção
sociocultural
(associação de ideias que faz com que a nossa mente estabeleça uma relação entre o
símbolo e o objeto referente).
Ex.: As palavras que usamos
(estão apenas conectadas pela força das ideias que a mente cria)
• ÍNDICE
Signo que se refere a um respetivo objeto, estando fisicamente conectado com o seu
objeto e a mente interpretante apenas regista a conexão, pois ela já estabelecida
Ex.: Ar húmido e nevoeiro é um índice de chuva
Embora hajam outros sinais, é através das semelhanças que somos capazes de descrever as
coisas e as ações que temos em mente.
5. Poder da Palavra
• A palavra é vista como uma ferramenta poderosa no que toca a moldar a opinião
pública e na influência das decisões políticas.
• Destaque na responsabilidade moral dos retóricos em usá-la de forma ética.
6. Educação e filosofia:
• Embora o diálogo não se concentre inteiramente nesse tema, a importância da
educação e da filosofia como meios de buscar a verdade e a justiça é subjacente nas
discussões entre Sócrates e Górgias.
Neste texto, um grupo de prisioneiros, que viveram sempre em catividade desde que
nasceram, apenas conseguem ver as sombras fogo atrás deles que está projetado na parede,
sendo que é apenas isso que conseguem ver.
Os prisioneiros só experienciam a realidade através das sombras, esta é a sua única realidade.
São incapazes de ver os objetos ou as chamas que causam as sombras e o seu único propósito
é interpretar as sombras e tentar fazer sentido destas, uma vez que acreditam que a realidade
é somente isso, sombras.
Eventualmente um dos homens é libertado das correntes e consegue sair da Caverna. Não
consegue ver muito devido à claridade, no entanto, quando os seus olhos se adaptam, começa
a reconhecer os objetos responsáveis pelas sombras.
Então, após a sua revelação, volta à caverna e informa o que aprendeu aos seus colegas
prisioneiros, contudo, estes não o levam a sério.
Para eles tudo o que está fora da caverna e um mito ou ficção.
Esta alegoria serve como metáfora para a separação entre o mundo verdadeiro e o mundo
das aparências.
Aqueles que estão encurralados na ignorância e apenas têm um entendimento superficial do
mundo, são representados pelos restantes prisioneiros.
As ilusões que aceitamos como realidade são as sombras.
O prisioneiro libertado não se enquadra com os restantes porque é alguém que viu para além
das ilusões e encontrou a verdade.
A alegoria é importante uma vez que nos lembra que o que achamos ser verdade pode não
o ser, e por isso devemos repensar e utilizar o pensamento crítico para analisar as nossas
presunções e ideias e procurar conhecimento e entendimento para além do óbvio.
Além disso, serve como uma advertência, que a informação é algo que devemos
constantemente procurar por nós próprios.
Sofistas - exercer poder sobre aqueles que estão perdidos, aproveitando-se da sua
ignorância e, portanto, embuídos numa crença sem retorno - desigualdade/vontade
coletiva suplantada pela individual
Os dois textos apresentam um tópico de entendimento (seja Sócrates a tentar obter respostas
de Górgias ou o prisioneiro que sai da caverna explicar ao que lá fica o que viu no mundo fora
da caverna). Verifica-se também uma intenção em convencer o outro, baseada na
argumentação.
Conclusão: Salienta como a busca incessante pelo poder político muitas vezes não permite a
responsabilidade moral e o conceito de “justiça".
TOMASELLO
1º CAPÍTULO - RESUMO
Apontar e pantomimar são dispositivos comunicativos fracos.
O apontar foi a forma primordial de comunicação exclusivamente humana.
Como é que algo tão simples como um dedo saliente pode comunicar de forma tão complexa
e de forma tão diferente em ocasiões diferentes?
A resposta é feita em base de competências cognitivas daquilo que por vezes se chama
leitura da mente, ou leitura da intenção.
A capacidade de criar uma base conceptual cultural comum
(atenção conjunta, experiência partilhada, conhecimento cultural comum)
é uma dimensão absolutamente crítica de toda a comunicação humana, incluindo a
comunicação linguística.
Os motivos comunicativos humanos são tão fundamentalmente cooperativos.
A comunicação humana é, portanto, um empreendimento fundamentalmente cooperativo,
que funciona de forma mais natural e suave no contexto de:
1. um terreno conceptual comum mutuamente assumido
2. motivos comunicativos cooperativos mutuamente assumidos
• A intencionalidade partilhada é o que é necessário para nos envolvermos em formas
exclusivamente humanas de atividade colaborativa em que um sujeito plural "nós"
está envolvido em objetivos conjuntos, intenções, conhecimento mútuo, crenças
partilhadas - tudo no contexto de vários motivos cooperativos.
Para que haja comunicação e para que gestos simples como apontar sejam bem interpretados,
é necessário:
Se não tivermos conhecimento do que o outro sabe, podem existir falhas de comunicação (a
verdadeira mensagem não é recebida), principalmente quando se usa gestos, ou qualquer tipo
de comunicação não-verbal.
Para entender a forma como os seres humanos comunicam através da linguagem e como essa
capacidade evoluiu ao longo do tempo, é importante entender como a sua comunicação era
feita através de gestos naturais.
Funções da comunicação:
Funções capazes de ser
1. Função Imperativa – pedir coisas (90%) expressas utilizando linguagem
não verbal
2. Função Expressiva - compartilhar emoções
3. Função Informativa – fornecer informação
4. Função de compromisso – comprometer-se a algo, contrato
5. Função performativa – declarar algo, permite criar novas realidades sociais
As línguas naturais têm um problema de exatidão e clareza – exemplo: expressões como “em
principio”, “pelas”.
Devido a este problema, é preciso extrair formas claras e “bem formadas” das frases →
NOTAÇÃO LÓGICA.
Logo, seria necessário construir uma linguagem ideal, que incorpore os símbolos formais,
cujas sentenças serão claras, com valor de verdade determinado, e livre de implicações
metafísicas.
A linguagem serve muitos propósitos importantes. Podemos saber o que uma expressão
significa, sem a analisar, e mesmo quando o fazemos, consiste apenas na especificação, tão
geral quanto possível, das condições que permitem ou impedem a aplicação da expressão.
Assim, as características das línguas naturais não são capturadas qualquer tipo de abordagem
lógica:
Resumindo:
• Existe uma lacuna entre o que é dito e o que é implícito.
• A comunicação é uma atividade inferencial, ou seja, para entender as outras pessoas
não é suficiente entender o código de linguagem, mas ter uma espécie de capacidade
de computação (saber inferir).
• Devemos ser facilitadores da comunicação porque comunicamos sempre para os
outros.
Objetivo: fazer com que o outro perceba as nossas intenções.
Economia cognitiva: fazer todas as coisas quanto possível da forma mais eficaz possível
Contudo, é possível quebrar estas normas de várias formas:
• O agente pode violar as normas sem intenção, provocando mal entendidos;
Violate, misleading
• O agente pode colocar-se de fora da esfera de atuação (opt out) das máximas ou do
Princípio de Cooperação, isto é, pode não querer cooperar da forma exigida e perferer
sair;
Como é que o locutor disse o que disse e mesmo assim conseguiu respeitar o Principio da
Cooperação?
Esta é uma situação que caracteristicamente gera uma implicatura conversacional; e quando
uma implicatura conversacional é gerada deste modo, dizemos que uma máxima está no seu
limite, está a ser explorada [exploited].
Nestes exemplos, embora alguma máxima seja violada ao nível do que é dito, o ouvinte tem
o direito de confiar em que esta máxima, ou pelo menos o princípio fundamental da
cooperação, está sendo observada ao nível do que é implícito.
Implicadura [Conversacional]:
Exemplo:
Aqui está implícito que o First Mate costuma estar sóbrio e que no momento da enunciação
estava bêbedo, e que o capitão estava sóbrio no momento da enunciação mas que costuma
estar sempre bêbedo.
AUSTIN
O principal problema ou falha com que a filosofia da comunicação ou filosofia da linguagem
comum se depara prende-se com as dificuldades de comunicar, de compreender os outros.
No domínio da linguagem comum, um dos aspetos que contribui para essa situação prende-
se com a ambiguidade de sentido das palavras.
A teoria dos atos de fala é uma teoria filosófica da comunicação que postula que para
entendermos a comunicação humana temos de analisar o “ato de fala total, na totalidade
da situação da fala”
Segundo Austin podemos distinguir dois grandes tipos das frases (sentenças: sentences) ou,
precisamente, enunciados (proferimentos: utterances):
1. Constativos:
Descrevem ou relatam um estado de coisas, e, por isso, se submetem ao critério de
verificabilidade, isto é, podem ser rotulados de verdadeiros ou falsos.
(Na prática, são os enunciados/proferimentos normalmente denominados de afirmações,
descrições ou relatos. Já que todas as frases que não possam ser classificadas como
“verdadeiras” nem “falsas” são apenas pseudo-declarações e frases sem sentido.)
2. Performativos:
São constituídos por verbos conjugados na primeira pessoa do singular do presente do
indicativo da voz ativa:
• Nada descrevem nem relatam, nem podem ser considerados “verdadeiros” ou
“falsos’’
• Quando o proferimento da frase, em circunstâncias apropriadas e com as
condições de uso corretas, é, em si, a realização de uma ação (ex: declaro-vos
marido e mulher’);
Exemplos:
• "Aceito (scilicet: esta mulher como minha legítima esposa)" – do modo que é
proferido no decurso de uma cerimónia de casamento.
• "Batizo este navio com o nome de Rainha Elizabeth" – quando proferido ao
quebrar-se a garrafa contra o casco do navio.
• "Lego a meu irmão este relógio" – tal como ocorre em um testamento.
• "Aposto cem cruzados como vai chover amanhã."
"Estes exemplos deixam claro que proferir uma dessas sentenças (nas circunstâncias
apropriadas, evidentemente) não é descrever o ato que estaria praticando ao dizer o que
disse, nem declarar que o estou praticando: é fazê-lo.”
“É necessário que o próprio falante, ou outras pessoas, também realize determinadas ações
de certo tipo, quer sejam ações "físicas" ou "mentais", ou mesmo o proferimento de algumas
palavras adicionais.” (p. 26)
→ Problemas com A ou B:
Desacertos (misfires): Atos pretendidos mas nulos, sem efeito (void)
→ Problemas com T:
Abusos (abuses): Atos professados mas vazios (hollow)
I. Atos locucionários
II. Atos ilocucionários
III. Atos perlocucionários
→ Significado:
entende-se um aspeto do objeto, uma forma de acesso ou uma perspetiva pela qual o
podemos descrever ou compreender.
→ Referência:
a menção ao objeto de significado
→ Sentido:
um aspeto do objeto, um modo de acesso, uma perspetiva a partir da qual o
percebemos ou descrevemos
Exemplo:
Desenhos / plantas diferentes (sentidos) do mesmo edifício (referência)
Estrela da manhã (sentido) = planeta vénus (referência)
II. Atos ilocucionários - ao dizer algo estamos fazendo algo - In saying we do something
Além disso, temos inúmeras forças ilocucionárias, ou seja, tipos de uso da linguagem em
contexto.
III. Atos perlocucionários - por dizer algo fazemos algo - By saying we do something
Podemos dizer que os atos ilocucionários são convencionais, na medida em que podemos
explicitá-los pela fórmula performativa (“argumento que” ou “ameaço-o de que”),
enquanto tal não é possível nos atos perlocucionários “convenço-o de que” ou “assusto-
o”).
Em suma, os atos ilocucionários representam a ação, mas não o efeito ou reação (função
associada aos atos perlocucionários).
Exemplo 1:
Ato (A) ou Locução
Ele me disse "Atire nela!" querendo dizer com "atire" atirar e referindo-se a ela por "nela".
Ato (C.b)
Ele me obrigou a (forçou-me a, etc.) atirar nela.
Exemplo 2:
Ato (C.b)
Ele me impediu, fez-me ver a realidade, etc.
Ele me irritou.
Exemplo 3: