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“(…) discourse means anything from an historical monument, lieu de memoir, a policy, a
political strategy, narratives in a restricted or broad sense of the term, text, talk, a speech,
topic-related conversations, language” (Wodak&Meyer, 2016, page 3)
O Poder
A definição de Max Weber do conceito de poder é um denominador comum: o poder é definido enquanto
oportunidade criada pelo individual na relação social para alcançar a sua vontade contra a resistência de outros.
Os tipos de poder em exercício são o poder evidente (exibido na presença de conflito), o poder camuflado e o
poder para determinar desejos e crenças.
O poder simbólico está enraízado nas estruturas sociais e é exercido por meio
de símbolos, e o discurso é uma das principais formas pelas quais esses
símbolos são articulados e transmitidos.
O discurso é usado por diferentes grupos e indivíduos para impor as suas visões
do mundo, reforçar a sua posição social e dominar os sistemas simbólicos
existentes.
Þ Por exemplo, o uso de uma linguagem sofisticada pode conferir maior autoridade a um discurso,
enquanto o uso de gírias pode ser desvalorizado.
conceitos-Chave
São instrumentos da ‘integração social’ e podem assumir diversas formas (palavras, gestos, rituais,
Símbolos imagens, objetos, etc.). Enquanto instrumentos de conhecimento e de comunicação, permite a criação
de distinções sociais e contribui para a reprodução da ordem social.
É uma forma de poder invisível, muitas vezes sem que as pessoas se apercebam que estão a ser
Poder Simbólico influenciadas por ele. Esse poder, definido por sistemas simbólicos, está enraizado nas estruturas
sociais e nas relações presentes numa sociedade.
Constitui-se enquanto terreno de combate de forças contrárias entre diferentes agentes, instâncias e
Campo
intervenientes, os quais se debatem pela respetiva legitimidade de posição no campo e pelo valor.
Diz respeito ao conjunto de recursos objetivos e simbólicos que definem e caracterizam os agentes
Capital
potenciando a sua capacidade de exercer poder sobre os restantes agentes no campo de disputa.
Corresponde ao sistema de disposições duradouras adquiridas pelo sujeito ao longo da vida e do seu
Habitus
processo de socialização. Esse sistema contempla estruturas objetivas que determinam a prática.
SISTEMAS SIMBÓLICOS:
Correspondem a instrumentos
Consubstanciam e
de conhecimento e de Os sistemas ideológicos são
correspondem a instrumentos
comunicação – sendo por isso homólogos à estrutura de
de dominação que dividem
estruturas estruturantes e classes hierarquizantes.
grupos de classe.
estruturadas.
Em suma, Bourdieu enfatiza a importância do discurso na reprodução do poder simbólico, pois é através do
discurso que os símbolos são mobilizados, as hierarquias são estabelecidas e as estruturas simbólicas são
legitimadas. O discurso é uma ferramenta crucial para a luta pelo poder simbólico e para a manutenção das
desigualdades sociais.
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Dinis Marques – 130322018
Licenciatura em Comunicação Social e Cultural – 2.º semestre
Uma unidade discursiva, segundo Foucault, refere-se a um conjunto específico de práticas discursivas que
partilham certas regras, normas e convenções linguísticas. É uma formação de discurso que se estabelece
e que define os limites e as possibilidades do que pode ser dito e pensado sobre um determinado tema.
Þ A questão a colocar corresponde a procurar descobrir “segundo que regras foi este enunciado construído
e, por conseguinte, segundo que regras poderiam outros enunciados semelhantes ser construídos?”
Uma formação discursiva, por sua vez, é um conjunto mais amplo de unidades discursivas que estão
interrelacionadas e que operam dentro de uma determinada época, cultura ou contexto histórico.
Foucault acredita que as formações discursivas não são apenas uma expressão de ideias ou conhecimentos, mas
também são instrumentos de poder. Elas exercem controlo sobre o que é dito, como é dito e por quem é dito.
“No caso em que se puder descrever, entre um certo número de enunciados, semelhante sistema de dispersão,
e no caso em que entre os objetos, os tipos de enunciação, os conceitos, as escolhas temáticas, se puder
definir uma regularidade, diremos, por convenção, que se trata de uma formação discursiva.”
O termo “formação discursiva“ evita palavras inadequadas como “ciência”, “ideologia” ou “teoria”.
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Dinis Marques – 130322018
Licenciatura em Comunicação Social e Cultural – 2.º semestre
Para Gramsci, o discurso é mais do que uma simples troca de palavras - é uma forma de construção e
disseminação de significados que influencia as perceções, as crenças e as ações das pessoas.
Resgate da definição marxista de ‘ideologia’ e que diz respeito a todo o conjunto de práticas de
Ideologia significação e de ideias com impacto na produção política, artística e intelectual de uma determinada
época e contexto.
Diz respeito à forma e processos mediante os quais uma determinada classe dominante na sociedade
Hegemonia consegue manter a liderança sobre as restantes. A análise de tais processos pressupõe a compreensão
da tensão e do equilíbrio entre o consentimento e a coerção de forma a manter a liderança.
A ideologia desempenha um papel crucial no discurso e na política, servindo os interesses da classe dominante,
justificando e naturalizando as relações de poder existentes. A hegemonia é a capacidade dessa classe de exercer
o seu poder por meio do consenso e da liderança intelectual.
A hegemonia é mantida pela dominação ideológica, pelo controlo da educação, dos media e da produção
cultural, que difundem e reforçam a ideologia dominante.
Þ Intelectual orgânico – remete para os sujeitos que, fazendo parte de uma determinada classe social,
tendem a ganhar proeminência de forma orgânica, ou seja, é o intelectual que se mantém ligado à classe
social de origem, atuando como seu porta-voz.
Em resumo, para Antonio Gramsci, o discurso, a ideologia e a hegemonia são conceitos interrelacionados que
desempenham um papel central na luta política. O discurso molda as perceções e as crenças, enquanto a
ideologia serve aos interesses da classe dominante. A hegemonia representa a dominação cultural e política dessa
classe, estabelecendo uma direção para a sociedade.
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Dinis Marques – 130322018
Licenciatura em Comunicação Social e Cultural – 2.º semestre
discursos, expressões faciais, linguagem gestual, postura, imagem, cor, likes, moda e estilo, entoação, sentidos, práticas...
“To belong to a culture is to belong to roughly the same conceptual and linguistic universe, to know how
concepts and ideas translate into different languages, and how language can be interpreted to refer to or
reference the world.” (Hall, 1997, pág. 22)
Sentido
Diz respeito ao nível de significado literal partilhado pelos membros de uma mesma cultura.
Denotativo
Corresponde aos sentidos gerados uma vez associados o significante às considerações culturais mais
Sentido
vastas. Aqui, a produção de sentido está associada a outros códigos culturais mais vastos. Os sentidos
Conotativo
conotativos tendem também a naturalizar-se.
O mito é uma metalinguagem para Barthes – é uma segunda linguagem que se trata da dimensão simbólica e
ideológica do signo.
Os signos são sempre polissémicos carregando mais do que um sentido. Há que ter atenção à forma como
as mensagens linguísticas são usadas, pois podem criar ambivalências do ponto de vista estrutural.
A cultura, a história, a política e as relações de poder desempenham um papel fundamental na forma como as
imagens são criadas, interpretadas e usadas para influenciar o público.
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Dinis Marques – 130322018
Licenciatura em Comunicação Social e Cultural – 2.º semestre
Patrick Charaudeau propõe a análise dos discursos dos “sujeitos falantes” e não das suas ideologias. Mediante
tal análise é possível compreender “as suas identidades e as relações de força que se instauram entre os
indivíduos que vivem em sociedade”.
O DISCURSO PUBLICITÁRIO
De acordo com o autor, o discurso publicitário desenvolve-se entre a instância publicitária, a de concorrência e o público.
É uma forma de discurso que procura persuadir e influenciar os consumidores a adquirirem produtos, serviços ou ideias.
O DISCURSO PROMOCIONAL
Um discurso promocional não enaltece a marca, mas visa prevenir riscos, persuadindo a população a agir de uma
determinada maneira.
Persuasão e sedução é constitutiva do discurso político para atingir o maior número com recurso a estratégias emotivas, de
reclame da credibilidade e da narrativa e argumentação.
As estratégias de manipulação passam pelas narrativas dramáticas, pelos discursos de promessa e pelos
discursos de provocação de afeto.
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Dinis Marques – 130322018
Licenciatura em Comunicação Social e Cultural – 2.º semestre
A propaganda impõe a verdade pela ilusão. Dota-se de meios de espectacularização comunicativa, com grandes
aparelhos que inculcam os factos. O público é levado pela falsa aparência.
Tipos de propaganda:
Tática – lança falsa informação, visando tranquilizar o interlocutor e a opinião pública.
Profetizante – consiste em levar as massas a aderirem a um projeto de idealização social ou humana.
O pânico moral ocorre quando um problema social, um comportamento ou uma prática são exagerados,
amplificados e moralmente condenados pelos média, pela opinião pública ou por autoridades. O pânico
moral é frequentemente associado a questões de ordem social, como crime, drogas, sexualidade, imigração.
O pânico moral pode ser utilizado como estratégia política para mobilizar o apoio público, reforçar valores
tradicionais ou justificar políticas repressivas. Alimentado e reforçado por discursos e ideologias dominantes, o
pânico moral pode ser utilizado como forma de controlo social.
Os objetos de pânico moral são previsíveis e tendem a ser apresentados enquanto novidades, embora sejam
antigos na sua existência. São danosos, mas também sinais de aviso do real.
Como os
Uso indevido de
Jovens homens Violência escolar, Violência, sexo e Os abusadores do refugiados e
drogas pelas Abusos juvenis e
violentos e de bullying e responsabilização sistema e as exilados inundam
pessoas erradas rituais satânicos;
classe operária; insubordinação; dos média; mães solteiras; um dado país e
no sítio errado;
os seus serviços.
“As sociedades parecem estar sujeitas, de vez em quando, a períodos de pânico moral. Uma condição, episó-
dio, pessoa ou grupo de pessoas emerge para se definir como uma ameaça aos valores e interesses da
sociedade; a sua natureza é apresentada de forma estereotipada pelos média.” (Cohen, 2021, pág. 1)
Quando temos uma reação pública ansiosa pedindo medidas imediatas para resolver o assunto -
alcança-se consentimento e restitui-se a hegemonia das classes dominantes.
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Dinis Marques – 130322018
Licenciatura em Comunicação Social e Cultural – 2.º semestre
A CONSTRUÇÃO
A narrativa diz respeito ao conjunto de histórias que são discursivamente
NARRATIVA DA
REALIDADE
narradas por meio de artifícios retóricos de modo a criar relações de causalidade
SOCIOPOLÍTICA entre elementos enunciativos de acordo com uma lógica temporal.
A narrativa de guerra ao terrorismo apresenta o terrorismo como uma ameça global que exige uma resposta militar
e de segurança agressiva para combater essa suposta ameaça. Ela enfatiza a ideia de uma luta entre o bem e o
mal, onde o terrorismo é retratado como uma força maligna que precisa de ser eliminada.
Essa narrativa muitas vezes simplifica a complexidade dos problemas políticos, sociais e culturais envolvidos no
fenómeno do terrorismo, reforçando uma visão binária do mundo.
O discurso de guerra ao terrorismo utiliza uma série de estratégias retóricas para mobilizar o apoio público
e justificar ações militares e políticas de segurança. Essas estratégias incluem o uso de terminologia e
imagens fortes para evocar medo e indignação, a criação de inimigos e ameaças externas para unir a
população em torno de uma causa comum e a apresentação de narrativas heróicas que destacam a ação
decidida e corajosa do governo na proteção dos cidadãos.
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Dinis Marques – 130322018
Licenciatura em Comunicação Social e Cultural – 2.º semestre
As críticas aos discursos orientalistas tem como objetivo promover diálogos mais justos e inclusivos entre as
diferentes culturas e regiões do mundo.
- Não poderemos estudar culturas, ideias, histórias e discursos fora das configurações de poder. A relação entre
o Oriente e o Ocidente sempre foi de poder, de dominação e assente em mecanismos complexos de hegemonia.
- A durabilidade dos discursos orientalistas depende não só da consistência dos mesmos, mas também da relação
estreita que demonstram estabelecer com as instituições políticas e socioeconómicas, e que contribui para a
criação de uma consciência ocidental.
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Dinis Marques – 130322018
Licenciatura em Comunicação Social e Cultural – 2.º semestre
Wodak explica que a partir de 2014 emergiram movimentos políticos que passaram a instrumentalizar o medo e
a esperança enquanto estratégia de persuasão e manipulação. As redes sociais assumem aqui um papel
proeminente, porque correspondem ao novo palco da política populista, que procura espaços alternativos para
criar echo chambers.
Temas como a crise financeira, a crise de refugiados, a intensificação dos movimentos sociais sobre a crise
climática e toda a política de austeridade, vieram aumentar a incerteza e o sentimento de insegurança.
Defesa da
renacionalização do
Perda de confiança Revisionismo Lógica do “vale tudo”
país com o
nas democracias histórico (resgate de Uso abusivo das e quebra de tabus em
estabelecimento de
liberais e suas um passado glorioso, redes sociais. torno de
um laço natural entre
instituições. mesmo que ficcional). determinados temas.
o Estado-Nação e a
cidadania.
Há uma nova era de democracia que se faz nos média, com a emergência de desempenho da política
profundamente conhecedora do mundo dos média – mediatização da política, mas de uma era em que a política
passou a instrumentalizar os média digitais para propagar as suas ideologias.
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Dinis Marques – 130322018
Licenciatura em Comunicação Social e Cultural – 2.º semestre
Marisa Torres da Silva afirma que a noção de discursos de ódio é muito complexa e controversa, sendo que
assume um carácter performativo visando “silenciar, humilhar, intimidar, discriminar, perseguir, ameaçar, incitar à
violência, atacar, desumanizar, amedrontar (...)”.
O conceito e as considerações em torno dos discursos de ódio variam em função do contexto a que nos referimos.
Nos EUA, predomina um “mercado livre de ideias”, sendo que o discurso não é visto como ação. Na Europa, o
discurso de ódio assume-se como ação, pelo que se constitui enquanto limite ao direito de liberdade de expressão.
A internet é o palco privilegiado dos discursos de ódio. Será a literacia mediática a solução?
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Dinis Marques – 130322018
Licenciatura em Comunicação Social e Cultural – 2.º semestre
PILARES DO UBUNTU
Autoconhecimento Autoconfiança Resiliência Empatia Serviço
É no princípio da humanidade que surge a reflexão sobre diálogo enquanto meio para a criação de pontes, e
resolução de conflitos.
Abenoza e Fonseca baseiam-se no conceito de Diálogo de Sócrates, bem como nas reflexões de outros autores,
sobre a verdade e diálogo. É esse o pressuposto da extensão da nossa individualidade e da verdade.
MÉTODO SOCRÁTICO
PRESSUPOSTOS DO DIÁLOGO:
- Abertura de uns face aos outros de modo a construir pontes mediante as quais se torna possível comunicar e
encontrar a verdade;
- Eliminar a postura defensiva de modo a racionalizar sobre questões complexas;
- Receção e aprovação da palavra de um por parte do outro. As conclusões só podem ser verdadeiras e manter
o seu vigor argumentativo se incluírem os pensamentos dos outros;
- Explorar e buscar novos significados, sem buscar o consenso, abrindo caminho para acolher as diferenças;
- Partilhar significados e descoberta de novas realidades;
- Aproximação de “princípios, ideias, decisões e normas, cada vez mais justas e integradoras da experiência e
das necessidades de cada um”;
- Ver o outro como igual deixando de parte as diferenças de poder;
O diálogo não é... consenso, debate/persuasão, adoção de uma postura defensiva, julgamento do outro.
Em suma, o diálogo socrático oferece uma abordagem colaborativa e reflexiva para a busca de conhecimento
e a exploração de ideias. Ele pode ser uma ferramenta poderosa para promover o pensamento crítico, a
aprendizagem colaborativa e a compreensão mais profunda dos assuntos discutidos.
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