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AULA
Oscilações acopladas
Meta da aula
Estudar o movimento de sistemas lineares acoplados por
meio da superposição de seus modos normais de oscilação.
objetivos

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você


seja capaz de:
• encontrar os modos normais e as coordenadas normais
de dois sistemas lineares acoplados;
• escrever a solução geral do movimento de dois sistemas
lineares acoplados e determinar as constantes envolvidas
a partir das condições iniciais dadas.
Mecânica | Oscilações acopladas

O MISTÉRIO DOS RELÓGIOS DE HUYGENS

O famoso físico holandês Christiaan Huygens inventou o relógio


de pêndulo em 1657. Ele introduziu placas cicloidais para confinar a
suspensão do pêndulo, de modo que o pêndulo seguisse uma trajetória
isócrona, independente da amplitude. Huygens estava tentando resolver o
grande problema da época, que era construir um relógio suficientemente
preciso para, transportado em um navio, poder determinar a longitude,
essencial para as grandes navegações.
Huygens, numa carta a seu pai, relatou uma coisa muito curiosa
que observou quando dois relógios de pêndulo eram suspensos um ao
lado do outro. Seu estudo de dois relógios operando simultaneamente
tinha uma razão prática: era preciso levar mais de um relógio no navio,
porque se um relógio parasse (ou tivesse de ser limpo), então o outro
continuaria dando as horas. Ele notou que, depois de algum tempo, os
pêndulos passavam a oscilar com a mesma freqüência e em oposição de
fase, ou seja, quando um estava se deslocando para a direita o outro se
deslocava para a esquerda, e vice-versa. Se ele alterasse o movimento
de um dos pêndulos, bastava esperar e eles voltariam a oscilar com
exatamente a mesma freqüência e 180 graus fora de fase, e assim
permaneciam oscilando indefinidamente.
Uma pessoa que tenha o conhecimento de Física que você já possui
e que tenha sido educada, como você, a pensar segundo a ótica do método
científico logo tentará encontrar uma explicação para o fenômeno.
Nesta aula, vamos estudar osciladores acoplados. Veremos que o
movimento de cada oscilador pode ser descrito como uma superposição
de oscilações harmônicas simples, características do sistema, os chamados
modos normais. Esperamos que, ao final da aula, sabendo o que são os
modos normais, você tenha uma idéia de como explicar o comportamento
intrigante dos relógios de Huygens.

OSCILADORES ACOPLADOS. MODOS NORMAIS

Consideremos duas massas iguais, m, ligadas por molas de mesma


constante k, como mostrado na Figura 4.1:

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MÓDULO 1
4
AULA
Figura 4.1: Dois osciladores idênticos acoplados. x1 e x2 são os deslocamentos
a partir das posições de equilíbrio, indicadas por linhas tracejadas.

Queremos as posições das massas como funções do tempo.


Estaremos supondo, nesta aula, que as partículas só podem se mover
em uma dimensão que escolhemos como sendo ao longo do eixo dos
x. Sejam x1(t) e x2(t) as posições das massas da esquerda e da direita,
respectivamente, como visto na Figura 4.1, onde indicamos as posições
de equilíbrio por linhas tracejadas. As equações do movimento são:

&&1 = −kx1 − k(x1 − x2 )


mx
(4.1)
&&2 = −kx2 − k(x2 − x1 )
mx
ou

&&1 + 2ω 2 x1 − ω 2 x2 = 0
x
&&2 + 2ω 2 x2 − ω 2 x1 = 0 (4.2)
x

onde ω 2 = k / m . É muito importante que você se convença de que, para


os deslocamentos mostrados na Figura 4.1, as equações do movimento
são mesmo escritas como em (4.1).
As Equações (4.2) são equações diferenciais lineares de segunda
ordem acopladas, porque as variáveis x1 e x2 aparecem em ambas. Como
o sistema tem dois graus de liberdade (é descrito pelas duas variáveis
x1 e x2), a solução geral das Equações (4.2) deverá ter quatro constantes
arbitrárias, que serão ajustadas pelas quatro condições iniciais (velocidade
e posição iniciais para cada partícula). Vamos a seguir encontrar essa
solução geral.

CEDERJ 87
Mecânica | Oscilações acopladas

No caso das Equações (4.2), é muito simples encontrar combi-


nações lineares de x1 e x2 que levam a equações desacopladas. Somando
membro a membro as equações, obtemos

&&2 ) + ω 2 (x1 + x2 ) = 0
&&1 + x (4.3)
(x

Esta equação envolve as variáveis x1 e x2 somente por meio da


soma x1 + x2. A solução da Equação (4.3) já conhecemos

x1 + x2 = B1 cos (ωt + φ1 ) (4.4)

Podemos também tomar a diferença das Equações (4.2).


O resultado é
(x &&2 ) + 3ω 2 (x1 − x2 ) = 0
&&1 − x (4.5)

Agora temos as variáveis x1 e x2 aparecendo somente através da


combinação x1 + x2 . A solução é

x1 − x2 = B2 cos ( 3ωt + φ 2 ) (4.6)

Tomando a soma e a diferença das Equações (4.4) e (4.6), nós


achamos que x1(t) e x2(t) são dados por

x1 ( t ) = A1 cos (ω t + φ1 ) + A2 cos ( 3ω t + φ 2 ) (4.7)

x2 ( t ) = A1 cos (ω t + φ1 ) − A2 cos ( 3ω t + φ 2 ) (4.8)

onde os As são metade dos Bs.


As combinações x1 + x2 e x1 – x2 são chamadas coordenadas
normais do sistema. Elas oscilam com uma freqüência pura cada uma,
os chamados modos normais do sistema. As Equações (4.7) e (4.8) são a
solução geral das Equações (4.2). Como esperado, dependem das quatro
constantes arbitrárias A1 , A2 , φ1 , e φ2 que devem ser determinadas pelas
condições iniciais. Antes de discutirmos a interpretação física destes
resultados, vamos ver um método geral de solução das Equações (4.2)
que não envolve nossa capacidade de brincar com elas e encontrar as
combinações de variáveis adequadas.

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MÓDULO 1
Podemos resolver as Equações (4.2) por uma extensão do método

4
da aula passada, aplicável a qualquer conjunto de equações diferenciais

AULA
lineares simultâneas com coeficientes constantes. Fazemos
x1 = C1 e pt (4.9)

x2 = C2 e pt (4.10)

onde C1 e C2 são constantes. Note que estamos supondo uma mesma


dependência temporal em x1 e x2 de modo que o fator ept seja cancelado
quando (4.9) e (4.10) forem substituídas nas Equações (4.2). Podemos
reescrever as duas Equações (4.9) e (4.10) numa notação sugestiva:

 x1   C1  pt
  =  e (4.11)
 x2   C 2 

Substituindo essa tentativa de solução nas Equações (4.2) e


dividindo por ept, obtemos

(p2 + 2ω 2 ) C1 − ω 2 C2 = 0
(4.12)
(p2 + 2ω 2 ) C2 − ω 2 C1 = 0

ou, equivalentemente, numa forma matricial,

 p2 + 2ω 2 −ω 2   C1   0 
   =   (4.13)
 −ω p2 + 2ω 2   C2   0 
2

Esta equação homogênea para C1 e C2 terá solução não trivial


(isto é, onde C1 e C2 não sejam ambos iguais a zero) somente se a matriz
não tiver inversa. É fácil de ver que isto é verdade porque, se pudermos
inverter a matriz, então basta multiplicar a Equação (4.13) pela inversa
para obter (C1, C2) = (0,0). Por outro lado, uma matriz não terá inversa
quando seu determinante for igual a zero. Como estamos querendo
uma solução não trivial para C1 e C2, vamos fazer o determinante da
matriz na (4.13) igual a zero:

p2 + 2ω 2 −ω 2
= ( p2 + 2ω2 ) − ω4
2
0= (4.14)
−ω 2 p + 2ω
2 2

As raízes desta equação são p = ± iω e p = ± i 3.ω . Nós encontra-


mos, portanto, quatro tipos de solução que correspondem a quatro funções
de base. Se p = ± iω , pondo este resultado de volta na (4.12), achamos

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C1 = C2 . (As duas equações dão o mesmo resultado.) E, se p = ± i 3ω ,


então temos da (4.12) que C1 = – C2. (De novo, as equações são redun-
dantes.) As quatro funções de base são:

 1  + i ωt  1  − iωt  1  + i 3ωt 1 3ω t


 e , e , e ,   e−i (4.15)
 1  1  −1   −1 

(Lembre-se de que o número de funções de base é igual a duas


vezes o número de graus de liberdade.) A solução geral é, de acordo com
o princípio da superposição,

 x1   1  + iωt  1 1 1


  = B1   e + B2   e − iωt + B3   e + i 3ω t
+ B4   e − i 3ω t
(4.16)
 x2   1  1  −1   −1 

onde B1, B2, B3 e B4 são constantes complexas que temos de escolher


iφ 1
de modo que x1 (t) e x2 (t) sejam reais. Fazendo B2 = B1 = A1 e
*
e
iφ 2
B = B3 = A2 e
4
*
, obtemos

 x1   1 1
  = A1   cos (ωt + φ1 ) + A2   cos
 x2   1  −1 
( 3ωt + φ 2 ) (4.17)

que nada mais é que as Equações (4.7) e (4.8) escritas na forma vetorial.
Vejamos agora a interpretação física dos modos normais.
A solução (4.17) não corresponde em geral a um movimento harmônico
simples para x1 e x2. Podemos no entanto escolher condições iniciais tais
que A2 = 0. Basta fazer x1(t0) = x2(t0) e, x& 1 ( t0 ) = x& 2 ( t0 ) , ou seja, dar
um mesmo deslocamento inicial e mesma velocidade inicial para cada
partícula. Neste caso,
x1 (t) = A1 cos (ω t + φ1 ) = x2 (t) (4.18)

As partículas oscilam com a mesma freqüência e estão sempre


em fase. Este modo normal, visto na Figura 4.2, é chamado de modo
simétrico.

Figura 4.2: Modo de oscilação simétrico: as partículas oscilam com a mesma freqüên-
cia e estão sempre em fase.

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MÓDULO 1
Escolhendo as condições iniciais x1(t0) = –x2(t0) e x& 1 ( t0 ) = − x& 2 ( t0 ),

4
então A1 = 0 e

AULA
x1 (t) = A2 cos ( )
3 ωt + φ2 = − x2 (t) (4.19)

As partículas oscilam com a mesma freqüência e estão sempre em


oposição de fase. Este modo normal é chamado modo anti-simétrico.
Nele os deslocamentos das partículas são sempre iguais e contrários.
Veja a Figura 4.3.

Figura 4.3: Modo anti-simétrico: as partículas oscilam com a mesma freqüência, mas
em oposição de fase.

OUTRO EXEMPLO DE OSCILADORES ACOPLADOS: PÊNDULOS


ACOPLADOS

Consideremos dois pêndulos idênticos acoplados por uma mola


de constante k (Figura 4.4). Seja m a massa de cada pêndulo. Chamando
de l o comprimento comum, a freqüência de suas oscilações livres será

ω2 = l g (4.20)

Figura 4.4: Dois pêndulos acoplados. θ1 e θ2 são os deslocamentos angulares a partir


da posição de equilíbrio do pêndulo 1 e do pêndulo 2, respectivamente.

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Mecânica | Oscilações acopladas

Para pequenos deslocamentos x1 e x2, podemos confundir os arcos


descritos com as cordas, ou seja, x1 ≈ l θ1 e x2 ≈ lθ 2 , onde θ1 e θ2 são
os ângulos de desvio. Nesta aproximação, a componente tangencial da
força gravitacional sobre cada partícula será:

− mg θ1 ≈ − mg x1 l = − m ω 2 x1 , para
para aa partícula
part cula1,
1,ee
(4.21)
− mg θ 2 ≈ − mg x2 l = − m ω 2 x2 , para a partícula
part cula2.2.

Além da força gravitacional, cada partícula sofre a ação da mola.


Para os deslocamentos positivos arbitrários indicados na Figura 4.4,
a força sobre a partícula 1 é −k ( x1 − x2 ) e a força sobre a partícula 2
será igual e contrária, ou seja, −k ( x2 − x1 ) . Assim, as equações do movi-
mento para pequenas oscilações das duas partículas são

&&1 = − mω 2 x1 − k ( x1 − x2 )
mx
(4.22)
&&2 = − mω 2 x2 − k ( x2 − x1 )
mx

ou, dividindo por m,


&&1 + ω 2 x1 + ω02 ( x1 − x2 ) = 0
x
&&2 + ω 2 x2 + ω02 ( x2 − x1 ) = 0
x (4.23)

onde ω0 ==(k/m)
ω 1/2. Note que o movimento de um pêndulo é, na verdade,
bidimensional, mas, para oscilações de pequenas amplitudes, pode ser
tratado como um movimento unidimensional.
Das Equações (4.23), vemos que o sistema de dois pêndulos
acoplados é equivalente a um sistema de duas massas iguais e três molas,
semelhante ao da Figura 4.1, porém, com a mola do meio tendo uma
constante de mola diferente das outras duas. (Se nas Equações (4.23) fizer-
mos ω0 = ω, encontraremos exatamente as Equações (4.2).) Portanto,
já sabemos quais são os modos normais dos dois pêndulos acoplados:
o modo simétrico está mostrado na Figura 4.5.a, e o modo anti-simétrico,
na Figura 4.5.b.

a b

Figura 4.5: (a) Modo simétrico; (b) modo anti-simétrico.

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MÓDULO 1
Para determinar as freqüências de cada modo, basta notar que,

4
no modo normal simétrico, a mola não sofre deformação e, portanto,

AULA
os pêndulos oscilam com a freqüência livre ω. No modo anti-simétrico,
x1 = − x2 , e substituindo esta condição, por exemplo, na equação
para o pêndulo 1 (a primeira equação na (4.23)), ficamos com

&&1 + (ω 2 + 2 ω02 ) x1 = 0
x (4.24)

Logo, a freqüência do modo anti-simétrico é ω2 = ω 2 + 2ω02.


Estes resultados sobre modos normais podem ser generalizados
para pequenas oscilações em torno do equilíbrio estável de um
sistema com um número qualquer de partículas acopladas. Um siste-
ma unidimensional com N partículas tem N graus de liberdade e,
portanto, N modos normais de vibração. Cada modo normal corresponde
a uma freqüência de oscilação comum a todas as partículas.
Quando o sistema unidimensional com N partículas está
isolado, o centro de massa do sistema permanece em repouso ou em
movimento retilíneo uniforme. Isto significa que, em uma dimensão,
uma das freqüências dos modos normais é zero, correspondendo a um
movimento de corpo rígido do sistema. Se o problema de N partículas
estiver sendo tratado em três dimensões, o número de graus de liberdade
de corpo rígido crescerá, em geral, para seis. O sistema poderá transladar-
se uniformemente ao longo dos três eixos de coordenadas ou realizar
rotações uniformes em torno dos eixos. Portanto, em um sistema geral de
N partículas em três dimensões, existirão seis freqüências nulas e somente
3N – 6 freqüências normais de vibração. Veja o exemplo a seguir.

Exemplo 4.1. A Figura 4.6 mostra um sistema constituído por duas


partículas idênticas de massa M ligadas a uma partícula central de massa
m por molas idênticas de constante elástica k.

Figura 4.6: Sistema de três partículas acopladas por molas.

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Mecânica | Oscilações acopladas

Sejam x1, x2 e x3 os deslocamentos longitudinais das três partículas


a partir das respectivas posições de equilíbrio. As equações do movimento
para x1, x2 e x3 são
&&1 = −k ( x1 − x2 )
Mx (4.25)

&&2 = −k ( x2 − x3 ) − k ( x2 − x1 )
mx (4.26)

&&3 = −k ( x3 − x2 )
Mx (4.27)

Introduzindo as freqüências ω = k M e ϖ = k m , as Equa-


ções (4.25) a (4.27) podem ser escritas como

&&1 + ω 2 x1 − ω 2 x2 = 0
x
&&2 + 2ϖ 2 x2 − ϖ 2 ( x1 + x3 ) = 0 (4.28)
x
&&3 + ω 2 x3 − ω 2 x2 = 0
x

Usando nosso método de solução de equações diferenciais lineares


simultâneas com coeficientes constantes, fazemos nas Equações (4.28)
 x1   C1 
    pt
 x2  =  C 2  e (4.29)
 x  C 
 3  3
e obtemos,
 p2 + ω 2 −ω 2 0   C1 
  
 −ϖ p2 + 2 ϖ 2 −ϖ 2   C2  = 0
2
(4.30)
 0
 −ω 2 p2 + ω 2   C3 

Como antes, esta equação tem solução não trivial se o determinante


da matriz for igual a zero, o que dá

p2 + ω 2 −ω 2 0
−ϖ 2 p2 + 2ϖ 2 −ϖ 2 = p2 ( p2 + ω 2 ) ( p2 + 2ϖ 2 + ω 2 ) = 0 (4.31)
0 −ω 2 p2 + ω 2

As soluções da (4.31) são

p = 0, p = ± iω1 , p = ± iω2 (4.32)

A solução p = 0 corresponde à freqüência zero associada


ao movimento do centro de massa. As outras duas correspon-
dem às freqüências dos modos normais de vibração do sistema

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MÓDULO 1
ω1 = ω e ω2 = ω 2 + 2ϖ 2 . O resto da análise para encontrar x1(t),

4
x2(t) e x3(t) é um pouco complicada; portanto, não vamos apresentá-lo.

AULA
Vamos mostrar, no entanto, que existe uma outra maneira mais simples
de resolver este problema.
Já que a freqüência zero, encontrada acima, não tem nenhuma
conseqüência na determinação das freqüências dos modos normais de
vibração do sistema, é possível reformular o problema, de forma que a raiz
zero seja excluída desde o início. Isto pode ser feito muito simplesmente
impondo a condição de que o centro de massa permaneça estacionário
na origem. A coordenada do centro de massa do sistema é

M ( x1 + x3 ) + mx2
X=
2m + M
e, portanto, o centro de massa permanecerá estacionário na origem se

M ( x1 + x3 ) + mx2 = 0 (4.33)
Esta condição pode ser usada para eliminar uma das coordenadas
e reduzir o problema a um com dois graus de liberdade. Para isso, vamos
definir as novas coordenadas

ξ = x1 + x3 , η = x1 − x3 (4.34)

Subtraindo a terceira da primeira equação em (4.28), temos

x &&3 + ω 2 ( x1 − x3 ) = 0
&&1 − x (4.35)

Somando, obtemos

x &&3 + ω 2 (x1 + x3 ) − 2ω 2 x2 = 0
&&1 + x (4.36)

ou, substituindo o valor de x2 da (4.33),

M
x &&3 + ω 2 (x1 + x3 ) + 2ω 2
&&1 + x (x1 + x3 ) = 0 (4.37)
m

Isto nos dá as equações para ξ e η:


η&& + ω12η = 0 (4.38)
e
ξ&& + ω2 2ξ = 0 (4.39)

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Mecânica | Oscilações acopladas

onde as freqüências dos modos normais são

M
ω1 = ω e ω2 = ω 2 + 2ω 2 = ω 2 + 2ϖ 2, (4.40)
m

iguais aos valores obtidos anteriormente. Note que o modo de freqüência


ω1 é o modo simétrico: a partícula do meio fica parada enquanto as outras
duas oscilam em oposição de fase. No modo de freqüência ω2 , a partícula a
partícula do meio oscila em relação ao centro de massa das outras duas.
Agora que você já sabe o que são os modos normais, está em
condições de explicar o que acontecia com os relógios de Huygens.
De alguma maneira os dois pêndulos estavam acoplados e o modo
simétrico estava sendo suprimido, deixando os pêndulos oscilando no
modo anti-simétrico. Podemos pensar esquematicamente o sistema dos
dois pêndulos mais suas caixas, colocadas juntas, lado a lado, como
o sistema da Figura 4.6, onde m representaria a massa das caixas e
M a massa de cada pêndulo. O movimento geral do sistema é uma
superposição dos dois modos normais. No modo anti-simétrico, as
caixas não se movem. No modo simétrico, as caixas se movem e, como
elas estão em contato com a parede, existe uma força de atrito entre a
parede e a caixa (não representada nas Equações (4.25) – (4.27)), o que
vai dissipando a energia do modo simétrico até que ele pare de existir,
restando somente o modo anti-simétrico.

RESUMO

Dois sistemas lineares acoplados, como osciladores harmônicos acoplados, são


representados por equações do movimento que formam um sistema de duas
equações diferenciais de segunda ordem lineares acopladas. Essas equações podem
ser desacopladas se introduzimos as coordenadas normais do sistema. As duas
equações desacopladas resultantes correspondem a oscilações puras em freqüên-
cias que são chamadas modos normais de vibração do sistema. Vimos e resolvemos
o problema de três massas acopladas (Figura 4.6), que pode ser tomado como
uma representação clássica de uma molécula linear como, por exemplo, o CO2.

96 CEDERJ
MÓDULO 1
PROBLEMAS

4
AULA
4.1. Duas massas, m e 2m, estão ligadas por molas idênticas como
indicado na figura abaixo. Encontre os modos normais.

Figura 4.7

4.2. Considere duas massas idênticas, m1 = m2 = m, suspensas num


campo gravitacional uniforme (vertical) g por duas molas com constantes
de mola 2k e k, como indicado na figura.

Figura 4.8

y1 e y2 descrevem os deslocamentos das massas de suas posições de


equilíbrio. Suponha que somente o movimento vertical é permitido.
(a) Escreva as equações (acopladas) do movimento das massas 1 e 2.
(b) Encontre as freqüências dos modos normais de oscilação
do sistema.
(c) Encontre os modos normais (não normalizados).
(d) Se as condições iniciais são y1 (0) = y&1 (0) = 0, y2 (0) = 0, y& 2 (0) = v0
0) = 0, y2 (0) = 0, y& 2 (0) = v0 , ache o movimento subseqüente das duas massas, isto é,
y1 (t) e y2 (t).
4.3. Considere o pêndulo duplo na figura abaixo. No caso de
pequenas oscilações
(a) Escreva as equações do movimento do sistema.
(b) Encontre as freqüências dos modos normais.

CEDERJ 97
Mecânica | Oscilações acopladas

Figura 4.9

4.4. Um bloco de massa M é colocado sobre uma mesa horizontal


sem atrito, e preso a uma parede com a ajuda de uma mola sem massa
e constante de mola k, como mostrado na figura. A mola está em seu
estado de equilíbrio quando o bloco está a uma distância x0 da parede.
Um pêndulo de massa m e comprimento l está preso ao carrinho (imagine
uma calha ao longo da mesa por onde passa o fio do pêndulo).

m
Figura 4.10

Supondo pequenas amplitudes de oscilação do pêndulo, encontre


as freqüências dos modos normais (autofreqüências).

4.5. Dois íons numa armadilha linear de íons. Numa armadilha


linear de íons, eles estão confinados a uma linha ao longo do eixo z,
como contas num fio. Por sua vez, ao longo do eixo z, eles sofrem a ação
de um potencial elétrico confinante:
1 2
Φ (z) = az , (4.41)
2

onde a é uma constante positiva. A energia potencial de cada íon neste


potencial é 1 (4.42)
V (x) = e Φ = eaz 2
2
e dá origem a uma força r dV
F=− zˆ = − ea zzˆ (4.43)
dz
98 CEDERJ
MÓDULO 1
sobre um íon na posição z. Os íons também interagem através da força

4
de Coulomb entre eles. As forças de repulsão entre os íons são:

AULA
r 1 e2 r 1 e2
F12 = ^
z , F = − ^
z
21 (4.44)
4π ε 0 (z1 − z2 )2 4π ε 0 (z1 − z2 )2

Neste problema, consideramos dois íons na armadilha. Quando


os íons estão em suas posições de equilíbrio, um íon, que vamos chamar
1, está em z = z0/2 , e o outro, que chamaremos 2, está em z = – z0/2.
Estamos interessados em pequenas oscilações em torno das posições de
equilíbrio. Seja z1 = z0 / 2 + η1 e z2 = − z0 / 2 + η2 , de modo que η1 e η2
descrevem os pequenos deslocamentos dos íons de suas posições de
equilíbrio.
(a) Encontre z0
(b) Linearize as equações do movimento dos íons em torno da
configuração de equilíbrio, a fim de encontrar as equações diferenciais
lineares para η1 e η2, que descrevem pequenas oscilações em torno
das posições de equilíbrio. Você achará útil introduzir a freqüência
ω0 = ea / m . Dê uma interpretação para ω0 .
(c) Encontre as coordenadas normais do sistema e as corres-
pondentes freqüências normais de oscilação.
(d) Suponha que os dois íons estejam nas suas posições de
equilíbrio e, então, o íon 1 receba um impulso súbito que dê a ele uma
velocidade v0 . Encontre o movimento subseqüente dos dois íons.

4.6. Molas num círculo. (a) Duas massas idênticas m movem-se


num anel horizontal. Duas molas idênticas, de constante de mola k,
conectam as massas e estão enroladas em torno do anel, como mostrado
na Figura 4.11.a. Não há atrito. (a) Encontre os modos normais.
(b) O mesmo que no item (a), porém agora com 3 molas.
(ver Figura 4.11.b).

b
a

Figura 4.11

CEDERJ 99
Mecânica | Oscilações acopladas

SOLUÇÕES

4.1. Sejam x1 e x2 as posições das massas da esquerda e da direita,


respectivamente, relativas às suas posições de equilíbrio. As forças sobre
elas são:
F1 = −kx1 − k (x1 − x2 ) = mx
&&1
(4.45)
F2 = −kx2 − k (x2 − x1 ) = 2mx &&2

de onde seguem as equações acopladas


&&1 + 2ω 2 x1 − ω 2 x2 = 0
x
&&2 + 2ω 2 x2 − ω 2 x1 = 0 ,
2x (4.46)

onde ω = k m . Fazendo x1 = C1e e x2 = C2 e , encontramos as


ipt ipt

equações lineares

− p2C1 + 2ω 2C1 − ω 2C2 = 0


(4.47)
− ω 2C1 − 2 p2C2 + 2ω 2C2 = 0

ou,
 − p2 + 2ω 2 −ω 2   C1   0 
 2  = 
 −ω −2 p + 2ω   C2   0 
2 2
(4.48)

Teremos soluções não triviais para C1 e C2 se

− p2 + 2ω 2 −ω 2 (4.49)
=0
−ω 2 −2 p2 + 2ω 2

ou,
2 p4 − 6 p2 ω2 + 3ω 4 = 0 (4.50)

As raízes desta equação são

3± 3 2
p±2 = ω (4.51)
2

As freqüências dos modos normais são, portanto,

3± 3
ω± = ω (4.52)
2

100 CEDERJ
MÓDULO 1
Para encontrar os modos normais correspondentes, devemos

4
resolver

AULA
 − p±2 + 2ω 2 −ω 2   C1±   0 
 2   =  , (4.53)
 −ω −2 p± + 2ω   C2 ±   0 
2 2

o que dá
C2 ± − p±2 + 2ω 2 ω2 1
= = =− (4.54)
C1± ω 2
−2 p± + 2ω
2 2
1± 3

Então, os modos normais são


 3 + 1
  cos(ω+ t + φ+ )
 −1  (4.55)
e

 3 − 1
  cos(ω− t + φ− ) (4.56)
 1 

Note que as coordenadas normais (aquelas que desacoplam


as Equações (4.46)) associadas a esses modos normais são, pelas
combinações lineares, nada óbvias: x1 − ( )
3 − 1 x2 e x1 + ( )
3 + 1 x2 .

4.2. (a) Desde que nós estamos medindo os deslocamentos em


relação às posições de equilíbrio, a gravidade não desempenha nenhum
papel aqui (cada uma das molas está distendida de uma quantidade
fixa de modo a suprir uma força igual e oposta à gravidade). Assim,
podemos escrever
my&&1 = −2ky1 − k(y1 − y 2 ) (4.57)
my&&2 = − k(y2 − y1 )

ou
y&&1 + 3ω 2 y1 − ω 2 y2 = 0
y&&2 + ω 2 y2 − ω 2 y1 = 0 (4.58)
onde ω = k m .

(b) Fazendo y1 = C1e e y2 = C2 e , encontramos as equações


ipt ipt

lineares
− p2C1 + 3ω 2C1 − ω 2C2 = 0
(4.59)
−ω 2C1 − p2C2 + ω 2C2 = 0
ou

 − p2 + 3ω 2 −ω 2   C1   0  (4.60)
   =  
 −ω − p 2 + ω 2   C2   0 
2

CEDERJ 101
Mecânica | Oscilações acopladas

O sistema terá soluções não triviais se


− p2 + 3 ω 2 −ω 2
=0
−ω 2 − p2 + ω 2 (4.61)
Esta condição é equivalente à seguinte equação do segundo grau
para p : 2

p4 − 4 p2ω 2 + 2ω 4 = 0 (4.62)

As soluções desta equação são: p± = (2 ± 2 )ω . Assim, as fre-


2 2

qüências dos modos normais do sistema são


(4.63)
ω± = ω 2 ± 2

(c) Para encontrar os modos normais correspondentes, devemos


resolver
 − p±2 + 3ω 2 − ω2   C1±   0 
  =  (4.64)
 −ω − p±2 + ω 2   C2 ±   0 
2

que dá

C2 ± − p±2 + 3ω 2 ω2
= = = (1 m 2 ) (4.65)
C1± ω2 − p2± + ω2

Então, os modos normais, não normalizados, são

 1 
  cos(ω+ t + φ+ ) (4.66)
1 − 2 
e
 1 
  cos(ω− t + φ− ) (4.67)
1 + 2 

(d) A solução geral do problema é uma superposição dos modos


normais:

 y1 (t)   1   1 
  = A+   cos(ω+ t + φ+ ) + A−   cos(ω− t + φ− ) (4.68)
 y2 (t)  1 − 2  1 + 2 

Aplicando as condições para as posições iniciais,


(4.69)
y1 (0) = 0 = A+ cos φ+ + A− cos φ−

y2 (0) = 0 = A+ (1 − 2 )cos φ+ + A− (1 + 2 )cos φ− (4.70)

Estas duas condições implicam que φ+ = φ− = π / 2 . Agora,

y&1 (0) = 0 ⇒ ω+ A+ + ω− A− = 0 (4.71)

102 CEDERJ
MÓDULO 1
y& 2 (0) = v0 = − (1 − 2 ) ω+ A+ − (1 + 2 )ω− A− = 2 (ω+ A + − ω− A− ) (4.72)

4
AULA
Destas equações obtemos

v0 v0
A+ = , A− = − (4.73)
2 2ω+ 2 2ω−

Portanto, finalmente nós temos

y1 (t) =

v0

(
 sen 2 + 2 ω t
+
sen 2 − 2 ωt ) ( )  (4.74)
 
2 2ω  2+ 2 2− 2 
 

y2 (t) =


v0
− (1 − 2 )
sen 2 + 2 ωt
+
((1 + 2 )
)
sen 2 − 2 ωt ( ) 
 
2 2ω  2+ 2 2− 2 
 

− 2)
sen ( 2 + 2 ωt ) + (1 + 2)
sen ( 2 − 2 ωt ) (4.75)

2+ 2 2− 2 

4.3. (a) Escrever as equações do movimento do pêndulo


duplo é o exemplo típico de aplicação do método Lagrangiano que
desenvolveremos na Aula 6. O método lagrangiano é uma formulação
da Mecânica mais geral, mais poderosa que o método newtoniano
que é ensinado nas Físicas 1 e 2. Nele não entra o conceito de força.
As equações do movimento saem diretamente de uma quantidade escalar
chamada lagrangiana e que é igual à energia cinética menos a energia
potencial do sistema.

–T2

Figura 4.12

CEDERJ 103
Mecânica | Oscilações acopladas

Na figura anterior, indicamos as forças atuando sobre cada massa


do pêndulo. Mostraremos, nos problemas da Aula 6, que as equações
do movimento do pêndulo duplo são:

(m1 + m2 )lθ&&1 + m2 lθ&&2 cos(θ1 − θ 2 ) + m2 lθ&22 sen(θ1 − θ 2 ) + (m1 + m2 )g senθ1 = 0 (4.76)

lθ&&2 + lθ&&1 cos(θ1 − θ 2 ) − lθ&12 sen (θ1 − θ 2 ) + g senθ 2 = 0 (4.77)

Tente chegar a essas equações. Aqui estamos interessados em


pequenas oscilações e, logo, devemos manter somente os termos lineares
nas variáveis angulares e suas derivadas. As Equações (4.76) e (4.77)
tornam-se
(m1 + m2 )lθ&&1 + m2 lθ&&2 + (m1 + m2 )gθ1 = 0 (4.78)

l θ&&2 + l θ&&1 + g θ 2 = 0 (4.79)


Usando o método do determinante, podemos mostrar que as
freqüências dos modos normais são

m1 + m2 ± m1 m2 + m22 g
ω± = (4.80)
m1 l

4.4. Este problema também será resolvido na Aula 6 pelo método


lagrangiano. Na figura, indicamos as forças que estão atuando sobre
cada massa.

a b

Figura 4.13

104 CEDERJ
MÓDULO 1
As coordenadas do bloco e do pêndulo são:

4
xM = x, yM = 0

AULA
xm = x + l senθ , ym = −l cosθ (4.81)

e a segunda lei de Newton para cada um fica

Mx && = −kx + T senθ


&&M = Mx (4.82)

&&m = m x
mx (
&& + lθ&& cosθ − l θ&2 senθ = −Tsenθ) (4.83)

( )
my&&m = m l θ&&senθ + lθ&2 cosθ = T cosθ − mg (4.84)

Substituindo T senθ da segunda equação na primeira, ficamos com

&& + mlθ&& cosθ − mlθ&2 senθ + kx = 0


(M + m) x (4.85)

Multiplicando a terceira equação por senθ e substituindo, no


resultado, o valor de T senθ da segunda, obtemos

(
m lθ&&sen2θ + lθ&2 cosθ senθ = − m x ) ( )
&& + lθ&& cosθ − lθ&2 senθ cosθ − mg senθ
(4.86)
( )
m lθ&&sen2θ + lθ&2 cosθ senθ = − m x ( )
&& + lθ&& cosθ − lθ&2 senθ cosθ − mg senθ

ou, simplificando,

lθ&& + x
&& cosθ + mg senθ = 0 (4.87)

As Equações (4.85) e (4.87) são as equações do movimento


do sistema. São equações acopladas não lineares muito complicadas.
Vamos linearizar essas equações. Fazendo senθ ≈ θ e cosθ ≈ 1 nessas
equações e retendo somente termos lineares nas coordenadas x e θ
e suas derivadas, achamos
&& + ml θ&& + kx = 0
(M + m)x (4.88)

e
lθ&& + x
&& + gθ = 0 (4.89)

Introduzindo agora as notações MT = M + m, Ω1 = k / MT , Ω2 = g /l


, Ω1 = k / MT , Ω2 = g / l as Equações (4.88) e (4.89) ficam

CEDERJ 105
Mecânica | Oscilações acopladas

m &&
&& +
x lθ + Ω12 x = 0
MT (4.90)
lθ&& + x
&& + Ω2 lθ = 0
2

Usando o método do determinante, chegamos aos seguintes valores


para as freqüências dos modos normais:

MT 4M 2 2
(Ω + Ω22 ) −
2
ω± = Ω12 + Ω22 ± 2
Ω1 Ω2 (4.91)
1
2M MT

4.5. (a) A força total sobre cada íon é

r 1 e2 r 1 e2
F1 = − eaz1 zˆ + ˆ,
z F2 = − eaz 2
ˆ
z − ẑˆ (4.92)
4πε 0 (z1 − z2 )2 4πε 0 (z1 − z2 )2

Nas posições de equilíbrio, z1 = z0 / 2 e z2 = − z0 / 2 , essas


forças são iguais a zero. Assim,
1/ 3
z 1 e2  e 
0 = F1 = −ea 0 + ⇒ z0 =   (4.93)
2 4πε 0 z0
2
 2πε 0 a 

(b) Vamos agora expandir as forças em torno dos pontos de


equilíbrio e manter somente os termos lineares em η1 e η2 . Temos que
z1 − z2 = z0 + η1 − η2 e, logo,
−2
1 e2 1  η1 − η2  eaz0
= 1 +  ≈ − ea(η1 − η2 ) (4.94)
4πε 0 (z1 − z2 )2 4πε 0 z02  z0  2

onde usamos o fato de que η1 − η2 = z0 para fazer a expansão, manten-


do somente o termo linear em ( η1 − η2 ).= Também
z0 usamos,
da Equação (4.93), e 2 / 4πε 0 z02 = eaz0 / 2 . Deste modo, a expressão para
F1 linear nos deslocamentos é
eaz0 eaz0
F1 = − − eaη1 + − ea (η1 − η2 )
2 2 (4.95)
= −eaη1 − ea (η1 − η2 )

Fazendo o mesmo para F2 , achamos

F2 = − eaη2 + ea (η1 − η2 ) (4.96)

106 CEDERJ
MÓDULO 1
z1 = η&&1 , &&
As equações do movimento são (note que && z2 = η&&2 )

4
AULA
mη&&1 = − eaη1 − ea (η1 − η2 )
(4.97)
mη2 = − eaη2 + ea (η1 − η2 )
ou,

η&&1 + 2 ω02η1 − ω02η2 = 0


η&&2 + 2 ω02η2 − ω02η1 = 0 (4.98)

onde introduzimos a freqüência angular ω0 = ea m e m é a massa


de cada íon.
(c) No caso das Equações (4.98), é fácil concluir, sem nenhuma
conta, que elas são desacopladas pelas coordenadas

ξ1 = η1 + η2
ξ 2 = η1 − η2 (4.99)

Estas são as coordenadas normais do sistema e obedecem às


equações:
ξ&&1 + ω02ξ1 = 0
(4.100)
ξ&& + 3ω 2ξ = 0
2 0 2

As freqüências normais são, portanto, ω1 = ω0 e ω2 = 3ω0 .


O modo normal ξ1 descreve oscilações em fase dos dois íons na freqüência
da armadilha; os dois íons estão sempre a uma distância z0 um do outro,
de modo que a repulsão de Coulomb é constante e não entra na freqüência
de oscilação. O modo ξ2 descreve oscilações fora de fase na freqüên-
cia 3ω0 .
(d) O movimento geral é uma combinação linear arbitrária dos
dois modos. Invertendo as Equações (4.99), temos
1
η1 = (ξ1 + ξ2 )
2 (4.101)
1
η2 = (ξ1 − ξ 2 )
2
Agora,

ξ1 = a cos (ω1t + φ1 )
(4.102)
ξ 2 = b cos (ω2 t + φ2 )

e assim,
η1 = A cos (ω1 t + φ1 ) + B cos (ω2 t + φ2 )
(4.103)
η2 = A cos (ω1 t + φ1 ) − B cos (ω2 t + φ2 )

CEDERJ 107
Mecânica | Oscilações acopladas

onde A = a / 2 e B = b / 2 são constantes. Em notação matricial:

 η1   1 1
  = A   cos (ω1t + φ1 ) + B   cos (ω2 t + φ2 ) (4.104)
η 2   1  −1 

Agora vamos aplicar as condições iniciais. Dos dados do


problema,
η1 (0) = 0, η&1 (0) = v0
(4.105)
η2 (0) = 0, η&2 (0) = 0

aplicando estas condições às Equações (4.103), obtemos


η1 (0) = 0 = A cos φ1 + B cos φ2
η2 (0) = 0 = A cos φ1 − B cos φ2 (4.106)
nφ1 − ω2 B senφ2
η&1 (0) = v0 = −ω1 A sen
η&2 (0) = 0 = −ω1 A senφ1 + ω2 B senφ2
Das duas primeiras, concluímos que φ1 = φ2 = π / 2. Da última,
temos ω1 A = ω2 B que, substituído na terceira, dá

v0 ω v
A=− , B= 1 A=− 0 (4.107)
2ω1 ω2 2ω2

Com estes resultados, podemos escrever para a posição de cada íon

v0  sen (ω1t ) sen (ω2 t ) 


x1 (t) =  +

v0 
sen (ω0 t ) +
sen ( )
3ω0 t 
 (4.108)
=
2  ω1 ω2  2ω0  3 
 
e

x2 (t) =

v0 
sen (ω0 t ) −
sen ( )
3ω0 t 

2ω0  3  (4.109)
 

4.6. (a) Rotule dois pontos diametricamente opostos como as


posições de equilíbrio. Sejam x1 e x2 as distâncias das massas (medidas
no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio) aos seus pontos de
equilíbrio. Então, as equações do movimento são:

&&1 + k(x1 − x2 ) = 0
mx (4.110)

&&2 + 2k(x2 − x1 ) = 0
mx (4.111)

108 CEDERJ
MÓDULO 1
O método do determinante funciona aqui, mas o sistema é tão

4
simples que podemos fazer do jeito mais fácil: somando as equações, dá

AULA
&&1 + x
x &&2 = 0 (4.112)
e subtraindo uma da outra,
&&2 + 4ω 2 (x1 − x2 ) = 0
&&1 − x
x (4.113)

onde ω 2 = k / m . As coordenadas normais são, portanto, ξ1 = x1 + x2 e ξ 2 = x1 − x2 .


ξ1 = x1 + x2 e ξ2 = x1 − x2 . Resolvendo as Equações (4.112) e (4.113),

ξ1 = at + b (4.114)
e
ξ 2 = c cos(2 ωt + φ ) (4.115)
A solução geral do nosso problema é, portanto,
1
x1 = (ξ1 + ξ 2 ) = At + B + C cos(2ωt + φ )
2 (4.116)
1
x2 = (ξ1 − ξ 2 ) = At + B − C cos(2ωt + φ )
2
ou,

 x1   1  1
  =   (At + B) +   C cos(2 ωt + φ ) (4.117)
 x2   1   −1 

Note que o modo normal

 1
  (At + B) (4.118)
 1

tem freqüência zero. Ele corresponde às massas deslizando em


torno do círculo, igualmente espaçadas, com velocidade constante.
O segundo modo,
1
  cos(2ωt + φ ) (4.119)
 −1 

tem ambas as massas, movendo-se para a esquerda, depois ambas para


a direita, para trás e para a frente.
(b) Rotule três pontos igualmente espaçados como as posições de
equilíbrio. Sejam x1, x2 e x3 os deslocamentos das massas (medidas no
sentido contrário aos ponteiros do relógio) em relação a esses pontos.
As equações do movimento são:

CEDERJ 109
Mecânica | Oscilações acopladas

&&1 + k(x1 − x2 ) + k(x1 − x3 ) = 0


mx
&&2 + k(x2 − x1 ) + k(x2 − x3 ) = 0
mx (4.120)
&&3 + k(x3 − x1 ) + k(x3 − x2 ) = 0
mx

Vamos fazer x1 = C1e , x2 = C2 e , x3 = e . Substituindo


ipt ipt ipt

essas soluções, obtemos a equação matricial

 − p2 + 2ω 2 −ω 2 −ω 2   C1 
  
 −ω − p2 + 2ω 2 −ω   C2  = 0
2 2

(4.121)
 −ω 2
 −ω 2 − p + 2ω   C3 
2 2 

que tem solução não trivial se o determinante for igual a zero:

− p2 + 2ω 2 −ω 2 −ω 2
−ω 2 − p2 + 2ω 2 −ω 2 =0
(4.122)
−ω 2 −ω 2 − p + 2ω
2 2

Esta condição dá uma equação cúbica para

− ( p2 ) + 6 ( p2 ) ω 2 − 9 p2 ω 4 = 0
3 2
(4.123)

que tem como soluções p2 = 0 e a raiz dupla p2 = 3ω 2 .

110 CEDERJ

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