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Teoria das Estruturas Mecânicas

Aula 03 – Vasos de Paredes Finas &


Cargas Combinadas

Curso Engenharia Mecânica


❑ Vasos de Paredes Finas
#Hibbeler cap8 Vasos de Pressão de Paredes Finas, pág. 300 à 303

▪ Vasos cilíndricos ou esféricos são muito usados na indústria como caldeiras, tanques ou
reservatórios.
▪ Quando estão sob pressão, o material de que são feitos é submetido a cargas em todas as
direções. Mesmo que seja esse o caso, o vaso de pressão pode ser analisado de uma maneira
mais simples, contanto que tenha paredes finas.
▪ Em geral, "paredes finas" refere-se a um vaso para o qual a relação raio interno-espessura da
parede tem valor igual ou superior a 10 (𝑟/𝑡 ≥ 10). Especificamente, quando r/t = 10, os resultados
de uma análise de parede fina preverão uma tensão aproximadamente 4 % menor que a tensão
máxima real no vaso. Para relações maiores, esse erro será até menor.

▪ Quando a parede do vaso é "fina," a variação da distribuição de tensão pela sua espessura não
será significativa, portanto consideraremos que ela é uniforme ou constante. Adotada essa
premissa, analisaremos, agora, o estado de tensão em vasos de pressão de paredes finas
cilíndricos e esféricos.

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❑Vasos Cilíndricos z
Considere o vaso cilíndrico com parede de espessura t e raio
interno r como mostra a Figura 8.1a. A pressão manométrica p é
desenvolvida no interior do vaso por um gás ou fluido nele
contido, cujo peso consideramos insignificante.
y
Devido à uniformidade dessa carga, um elemento do vaso que
esteja afastado o suficiente das extremidades e orientado como
mostra a figura é submetido a tensões normais (𝜎1 na direção
circunferencial ou do aro) e (𝜎2 no sentido longitudinal ou axial).
Ambas essas componentes da tensão exercem tração sobre o
material.

Queremos determinar o valor de cada uma dessas


componentes em termos da geometria do vaso e de sua
pressão interna. Para isto, temos de usar o método das
seções e aplicar as equações de equilíbrio de força.
Para a tensão circunferencial (ou de aro), considere que o
vaso é secionado pelos planos a, b e c.
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▪ Cálculo de 𝝈𝟏
𝐹
෍ 𝐹𝑥 = 0: 2 𝜎1 𝑡𝑑𝑦 − 𝑝 2𝑟𝑑𝑦 = 0 𝜎=
𝐴

𝑡 𝑡
2 𝜎1 𝑡 න 𝑑𝑦 − 𝑝 2𝑟 න 𝑑𝑦 = 0
0 0

2
𝑝𝑟
2𝜎1 𝑡 = 𝑝2𝑟𝑡 ⇒ 𝜎1 =
𝑡

▪ Cálculo de 𝝈𝟐

𝑝𝑟
σ 𝐹𝑦 = 0: 𝜎2 2𝜋𝑟𝑡 − 𝑝 𝜋𝑟 2 = 0 ⇒ 𝜎2 =
2𝑡

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Nessas equações:

✓ 𝜎1 e 𝜎2 = tensão normal nas direções circunferencial e longitudinal, respectivamente.


Consideramos que cada uma delas é constante em toda a parede do cilindro e que cada
uma submete o material à tração;
✓ p = pressão manométrica interna desenvolvida pelo gás ou fluido;
✓ r = raio interno do cilindro;
✓ t = espessura da parede (𝑟/𝑡 ≥ 10).

#Definição de pressão manométrica: A pressão manométrica é definida como a diferença entre uma pressão
absoluta (Pabs) e a pressão atmosférica predominante (Pamb). É denotado com o subscrito “e”: Pe e é
calculado da seguinte forma: Pe = Pabs – Pamb.

➢ Comparando as duas equações para 𝜎1 e 𝜎2 , devemos observar que a tensão


circunferencial ou de aro é duas vezes maior do que a tensão longitudinal ou axial.

➢ Por consequência, quando vasos de pressão cilíndricos são fabricados com chapas
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02 laminadas, as juntas longitudinais devem ser projetadas para suportar duas vezes mais
tensão do que as juntas circunferenciais.
❑Vasos Esféricos
Podemos analisar um vaso de pressão esférico de maneira semelhante.
Por exemplo, considere que o vaso tem espessura de parede t e raio
interno r e que está sujeito a uma pressão manométrica interna p (Figura
a seguir).

t
Se o vaso for
secionado pela
metade usando a
seção a, o ▪ Cálculo de 𝝈𝟐
diagrama de corpo
livre resultante
mostrado na Como no vaso cilíndrico, o equilíbrio na direção y
Figura a seguir. requer:

𝑝𝑟
σ 𝐹𝑦 = 0: 𝜎2 2𝜋𝑟𝑡 − 𝑝 𝜋𝑟 2 = 0 ⇒ 𝜎2 =
2𝑡
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➢ Por comparação, esse é o mesmo resultado obtido para a tensão
longitudinal no vaso de pressão cilíndrico. Além do mais, pela
análise, essa tensão será a mesma independentemente da
orientação do diagrama de corpo livre hemisférico. Por
consequência, um elemento do material está sujeito ao estado de
tensão mostrado na Figura ao lado.

➢ Essa análise indica que um elemento de material tomado de um vaso de


pressão cilíndrico ou esférico está sujeito à tensão biaxial, isto é, tensão
normal existente em duas direções apenas. Desconsidera-se a pressão
radial existente em função de ela ser muito pequena em função da
premissa limitadora (𝑟/𝑡 ≥ 10).

➢ Por último, entenda que as fórmulas que acabamos de deduzir só devem ser usadas para
vasos sujeitos a uma pressão manométrica interna. Se o vaso estiver sujeito a uma pressão
externa, a tensão de compressão desenvolvida no interior da parede fina pode tornar o vaso
instável e sujeito a falhas.

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❑ Exemplo 01: Um vaso de pressão cilíndrico tem diâmetro interno de 1,2 m e espessura de 12 mm.
Determine a pressão interna máxima que ele pode suportar de modo que nem a componente de
tensão circunferencial nem a de tensão longitudinal ultrapasse 140 MPa. Sob as mesmas
condições, qual é a pressão interna máxima que um vaso esférico de tamanho semelhante pode
sustentar?

▪ Vaso de pressão cilíndrico. A tensão máxima ocorre na direção circunferencial.

𝑝𝑟 𝑝 600
𝜎1 = 140 = ⇒ 𝑝 = 2,8 𝑁/𝑚𝑚2
𝑡 12

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▪ Vaso esférico. Aqui, a tensão máxima ocorre em qualquer das duas direções perpendiculares
em um elemento do vaso

𝑝𝑟 𝑝 600
𝜎2 = 140 = ⇒ 𝑝 = 5,6 𝑁/𝑚𝑚2
2𝑡 2(12)

OBSERVAÇÃO: Embora seja mais difícil de fabricar, o vaso de pressão esférico


suportará duas vezes mais pressão do que um vaso cilíndrico.

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❑ Estado de Tensão Causado por Cargas Combinadas
#Hibbeler cap8 Estado de Tensão por Cargas Combinadas , pág. 304 à 320

Na maioria das vezes, a seção transversal de um elemento está sujeita a vários desses
tipos de cargas simultaneamente, e o resultado é que o método da superposição, se
aplicável, pode ser usado para determinar a distribuição da tensão resultante provocada
pelas cargas.
Para aplicar a superposição, em primeiro lugar, é preciso determinar a distribuição de
tensão devido a cada carga e, então, essas distribuições são superpostas para
determinar a distribuição de tensão resultante.

O princípio da superposição pode ser usado para essa finalidade contanto que exista
uma relação linear entre a tensão e as cargas. Além disso, a geometria do elemento
não deve sofrer mudança significativa quando as cargas são aplicadas. Isso é
necessário para assegurar que a tensão produzida por uma carga não esteja relacionada
com a tensão produzida por qualquer outra carga. A discussão ficará restrita ao
cumprimento desses dois critérios.
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❑ Exemplo 02: O elemento mostrado na Figura (a) a seguir tem seção transversal
retangular. Determine o estado de tensão que a carga produz no ponto C.

Cargas internas. As reações


dos apoios sobre o elemento
foram determinadas e são
mostradas na Figura (b).

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Se considerarmos o segmento AC da esquerda do elemento
(Figura (c), as cargas internas resultantes na seção consistem em
uma força normal, uma força de cisalhamento e um momento
fletor. Resolvendo, temos

▪ Componentes da tensão
Força normal. A distribuição uniforme da tensão normal
que age sobre a seção transversal é produzida pela força
normal (Figura d). No ponto C,

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Força de Cisalhamento. Aqui, a área 𝐴′ = 0, visto que o ponto C está
localizado na parte superior do elemento (não existe altura para o cálculo
da área!) Assim, 𝑄 = 𝑦ത ′ 𝐴′ = 0 e, para C (Figura e), a tensão de
cisalhamento vale 𝜏𝐶 = 0.
Momento Fletor. O ponto C está localizado na cota que estabelece 𝑦 =
𝑐 = 125 𝑚𝑚 𝑑𝑜 𝑒𝑖𝑥𝑜 𝑛𝑒𝑢𝑡𝑟𝑜, portanto, a tensão em C (Figura f) é

Superposição. A tensão de cisalhamento é nula. A soma das


tensões normais determinadas acima dá uma tensão de
compressão em C com o valor de

Resultado
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02 mostrado na Figura (g).
❑ Exemplo 03: O tanque na Figura (a) tem raio interno de 600 mm
e espessura de 12 mm. Está cheio até em cima com água cujo
valor do peso específico é 𝛾á𝑔𝑢𝑎 = 10𝑘 𝑁Τ𝑚3 . Se o tanque for
feito de aço com peso específico informado para 𝛾𝑎ç𝑜 =
78𝑘 𝑁Τ𝑚3 ,
determine o estado de tensão no ponto A, sabendo que a parte
superior do tanque é aberta.

Cargas internas. O diagrama de corpo livre da seção do


tanque e da água acima do ponto A é mostrado na Figura (b).
Observe que o peso da água é suportado pela superfície da
água imediatamente abaixo da seção e não pelas paredes do
tanque. Na direção vertical, as paredes simplesmente apoiam
o peso do tanque. Esse peso é

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A tensão na direção circunferencial é desenvolvida pela pressão da água no nível A. Para obter essa
pressão, devemos usar a lei de Pascal, segundo a qual a pressão em um ponto localizado a uma
profundidade z na água é 𝑝 = 𝛾á𝑔𝑢𝑎 . 𝑧. Por consequência, a pressão no tanque no nível A é

Componentes da tensão

𝑝𝑟
▪ Tensão circunferencial. Aplicando a Equação 𝜎 = ,
𝑡
usando o raio interno r = 600 mm, temos

▪ Tensão longitudinal. Visto que o peso do tanque


é suportado uniformemente pelas paredes,
temos

#OBSERVAÇÃO: A Equação 𝝈𝟐 = 𝒑𝒓Τ𝟐𝒕, não se aplica aqui, visto


que o tanque é aberto na parte superior e, portanto, a água não
pode desenvolver uma carga nas paredes na direção longitudinal.
Portanto, o ponto A está sujeito à tensão biaxial mostrada na
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Figura (c).
❑ Exercício 01: O tubo de extremidade aberta feito de cloreto de polivinil tem diâmetro interno
de 100 mm e espessura de 5 mm. Se transportar água corrente à pressão de 0,42 MPa,
determine o estado de tensão nas paredes do tubo.

❑ Exercício 02: Um tanque esférico pressurizado deverá ser fabricado com aço de 12 mm de
espessura. Se for submetido a uma pressão interna p = 1,4 MPa, determine seu raio externo
para que a tensão normal máxima não ultrapasse 105 MPa.

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❑ Exercício 03: Uma força de 15.00 N aplicada à borda do elemento mostrado na figura a seguir.
Despreze o peso do elemento e determine o estado de tenção nos pontos B e C.

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❑ Exercício 04: O bloco retangular de peso desprezível mostrado na figura está sujeito a
uma força vertical de 40 kN aplicada em seu canto. Determine a distribuição da tensão
normal que age sobre uma seção que passa por ABCD.
40kN

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Sugestão de Vídeos

ESTADO DE TENSÃO

✓ Esforços Combinados e o Estado Plano de Tensões- responde aí (12:01 min)


https://www.youtube.com/watch?v=vCEoUigkVM4

✓ Estado Plano de Tensões e Estado Plano de Deformações- Me Salva! (14:45 min)


https://www.youtube.com/watch?v=Lym3h9JMjjg

✓ Estado Plano de Tensões (28:16 min)


https://www.youtube.com/watch?v=Tw3Y9yGQM-w

✓ UNIVESP Aula 12 - Estado duplo de tensões e deformações (20:27 min)


https://www.youtube.com/watch?v=Gw98QxLD_qM

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