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Fichamento Kerferd

segunda-feira, 29 de agosto de 2022


10:50
Aramis Pires: RA00326979, MB-1

Termos physis e nomos


Esse eram dois termos de importância tanto para argumentos como
pensamentos na metade do século V a.C
Physis (traduzido para natureza) tinha inúmeros significados: Para se referir a
constituição, classe de algo (algo vivo ou humano), mas na maioria das vezes
como substância básica de todas as coisas.
Nomos (traduzido para lei): pode se entender como: lei, costume ou
convenção. É o termo que ordena ou direciona o comportamento ou atividades
das pessoas.
Como lei: norma legalmente prescrita
Como convenção: norma prescrita por convenção
Hoje em dia, a palavra mais próxima de nomos, é norma, ou seja, algo que
pode ou não pode ser feito, precisa ou não ser concretizado
Como costume: quando é algo recorrente, na maioria das vezes normativo

O autor mostra que os hábitos/costumes variavam de acordo com que os


gregos viajavam mais longe, logo após é iniciada a discussão sobre os
pensadores que focaram nessa questão dos costumes.
1°Protagoras de Abdera: Utilizava de oposições para falar dos costumes e
deixava claro o interesse para o entendimento dos costumes bárbaros por uma
obra perdida de Aristóteles
2° Heráclito de Éfeso: argumentava que independente de qualquer coisa, era a
lei divina que influenciava todas as leis humana. Estava procurando alguma
coisa para justificar as leis humanas e com o passar do tempo justificar ou
rejeitar de acordo com a lei "superior", além de tentar criar um método para
melhorar ou corrigir essas leis.

Aristóteles, Retórica 137B4-11


Fala sobre dois conceitos de lei: particular e comum
Particulares: leis de cada povo, ou seja, só se aplicava entre um povo, não era
seguida por outros. Tais leis, podiam ser escritas e não escritas.
Comum: leis de acordo com a natureza. Mesmo sem acordo entre os povos, o
justo e injusto era universal de acordo com a natureza.
Para explicar o que foi dito acima, foi utilizado o episódio de Antígona e enterro
de Polínice. Na qual a personagem utiliza das "nominas divinas" para justificar o
porquê que enterrar seu irmão era justo, porém proibido. Aristóteles por sua
vez, é quem igualou tais nominas com a lei comum

Aristóteles, Sophistici Elechi 173a7-18


"todos os antigos"(não só sofistas): natureza e lei eram opostas, justiça é
correta de acordo com a lei(nomos), não com a natureza(physis).
Protágoras 337c6-e2
Nesse trecho: "os considero todos como parentes e como da mesma classe e
como concidadãos, por natureza e não pela lei. Pois os iguais são aparentados
aos pela natureza, enquanto a lei, uma tirania sobre os seres humanos e em
muitas coisas nos constrange contra a natureza". Fala-se de physis como uma
fonte de valores, ou seja, a base para tudo. Nesse caso citado, o autor mostra
que apesar dos seres serem semelhantes entre si pela natureza, são tratados
de forma diferente perante a lei. Mais tarde, no tratado "Sobre a verdade,
Antífon" se entende que tudo que era justo de acordo com nomos, estava em
uma guerra com a natureza.

Resposta de como Antífon continuou a discutir essa


antítese
Se encontra em fragmentos de papiro, descobertos no século XX. Antífon
conclui na primeira parte desse papiro, que quando possível, é bom
desconsiderar as leis e mais adiantes tem falas severas sobre essas leis e do
processo legal da época.
Por fim, Antífon diz que aqueles que seguem essa visão da justiça estão indo
contrário à natureza.
Tal conclusão cria o pensamento de que tudo aquilo que é escrito pela natureza
deve ser preferido do que as leis. Mas, Antífon também se contradiz, ao mesmo
tempo que fala que se deve preferir a natureza em relação a lei, fala que nem
tudo quem vem da natureza é vantajoso, com o a morte por exemplo.
Em seguida, Antífon começa a tratar o certo e errado como benefício e
prejuízo.
Benefício: aquilo que é vantajoso, favorece a natureza
Já as leis nesse ponto, não favoreciam a natureza, ou seja, não eram vantajosas

O que é "via da natureza": Cálicles em Górgias


482c4-486d1
Sócrates consegue convencer polo de que ser injustiçado é mais honroso do
que ser injusto. Cálicles insatisfeito com argumento, desenvolve outro, pois diz
que Sócrates não considera a discussão physis-nomos.
Qual era o novo argumento de Cálicles: Pela natureza, tudo que é incorreto é
desonroso, então sofre a injustiça é mais honroso que praticá-la. Já Polo,
argumentava que era pior para a pessoa sofrer a injustiça e mais desonroso
praticá-la, segundo nomos. E Sócrates o interpreta errado, dizendo que era
mais desonroso de acordo com a natureza.
Cálicles argumenta para finalizar, que o ponto principal não é esse. Na verdade,
essas normas (nomos), são feitas por pessoas inferiores com medo que pessoas
mais fortes conquistem mais que elas. Para nomos então, o mais deson roso
era procurar ter mais que alguém, já no âmbito da natureza, os melhores
mereciam mais que os outros.
Dessa discussão de Cálicles, pode-se tirar dois pontos fundamentais: rejeitava o
direito convencional, em pró do direito natural, com o algo moralmente
superior. Em segundo lugar, ele não é culpável em argumentar que o porquê de
algo acontecer na concepção natureza é melhor
Após as conclusões de Cálicles, Platão entra na discussão com objetivo de
clarear as ideias de Cálicles.

Argumentação entre Cálicles e Sócrates, de acordo


com Platão
Para Cálicles o homem era o mais sábio, consequentemente superior e aquele
que tinha o direito de ser governante, no caso, governante das outras pessoas,
não de si mesmo. Pois para o pensador, o homem não pode deixar de lado seus
desejos (ponto máximo da natureza era a concretização de seus desejos), então
não teria autocontrole para se governar.
Conclui-se que independentemente de serem personagens ou pessoas reais,
existe um "dedo" de Platão em cada argumento de Sócrates e Cálicles em sua
obra.

Platão e suas semelhanças e diferenças com Cálicles


Platão concordava com Cálicles sobre a fuga da justiça convencional, quando
possível. Tal modo de justiça, deveria ser substituída pela justiça platônica
(acima do governante e do filósofo).
Platão, também concorda com Cálicles na questão da busca pela realização dos
desejos, mas com uma única diferença. Essa diferença era o autocontrole com
base na razão, que evidencia a diferença entre a justiça de Calicles para a
Platônica.
O objetivo de Platão era fazer com que a teoria de Cálicles fosse rejeitada por
seu egoísmo, ou seja, a busca pelos desejos, sem pensar nos outros. Mas
contrariando Platão, Calicles mostra em 483b4-c1 que a condenação do
egoísmo era feita pelos fracos, esses fracos eram egoístas para acabar com o
egoísmo.

República, Platão
O foco da obra era criticar as ideias do sofista Trasímaco. Na obra, surge a
dúvida de qual opinião era a correta sobre a relação entre Platão e Trasímaco.
I. Trasímaco estava confuso e depois de sua ideia ser destruída por
Sócrates, ele assume uma nova ideia
II. Platão manipulou as ideias de Trasímaco para ligar aos seus próprios
propósitos (Platão da mais importância em sua obra0
III. Trasímaco não conta todas suas ideias de início, por isso houve a
mudança de posicionamento (Kerferd)
Primeira fala de Trasímaco (338c1-2): Justiça é a ação dos mais fortes,
superiores. Independente da forma de governo, a justiça sempre será baseada
no interesse do governante. Conclui que só existe uma ideia justa nas cidades:
o interesse do governo constituído (338d5-339-a3). Por outo lado, Sócrates
aponta que muitas vezes o governante pode ir contra seus interesses, sem que
perceba.
Trasímaco por sua vez, se recusa a acreditar que a justiça se baseava em
obedecer a leis. Diz que governantes de verdade nunca se enganam sobre seus
interesses.
Resposta de Sócrates: Toda arte tem um objeto específico, e seu objetivo é
promover a vontade desse objeto. No caso dos governantes, promover os
interesses daqueles que governais.
Contrarresposta de Trasímaco: Sócrates está falseando a situação, mesmo
buscando o interesse do objeto, sempre o superior irá buscar o seu no final
(pastor e rebanho)
Conclui-se que a justiça, não é uma busca dos interesses do governante, mas
dos governados. E ao dar sua opinião, Trasímaco nos mostra dois pontos
importantes: governantes justos são tolos, pois buscam o interesse dos
governados e os governados são tolos em deixar o governante buscar seus
próprios interesses. Então, a virtude do homem não é a justiça, mas a injustiça.
Pois por meio dela, que se encontra o caminho para concretizar o interesse do
homem.
Observação: Lembrando que em nenhuma parte Trasímaco utiliza physis-
nomos, mas ao defender o desinteresse pela justiça vulgar, ele concorda com
um dos princípios da natureza.

Indagação de trasímaco: porque deixar de lado meus interesses


por conta dos outros (fundamental para o conceito de ética)
Resposta: é o dever dos homens
Segunda indagação: porque cumprir um dever imposto pelo exterior
Platão responde: é uma questão autônoma de cada natureza humana

Debate de Mitileneu (III, 38-48)


Se revoltou no quarto ano de guerra do Peloponeso
Isso faz com que Atenas, após de esmagar a revolta, decide assassinar toda a
população da época. Mas tal decisão entra em discussão no dia seguinte em
Atenas.
Cleon argumenta que a decisão deveria ser seguida, pois agradava tanto a
justiça, quanto seu próprio interesse. Concluindo que, o interesse próprio é
mais importante que a moral convencional.

Ilha de melos se recusa a entrar na liga ateniense


Foi atacada por Atenas e obrigada a se render, homens foram condenados à
morte.
E Atenas argumenta que em qualquer situação, aquele povo com mais poder
deve exercer sua vontade, ou seja, quando você tem um poder, é necessário
dominar a situação
Por fim, concluem que esse nomos já existia na humanidade, não foi criado
nem utilizado pela primeira vez pelos atenienses, eles só utilizaram uma ideia já
implantada
Teorias sobre os cursos globais da história, cultura e
civilizações
Até a esse ponto da obra, a preferência das obras era para physis. Surge então,
a teoria do progresso, tal teoria apoiava a ideia de uma de haver e continuará
havendo um progresso da condição humana, mesmo que com interrupções.
Tal teoria era diretamente relevante para a relação nomos/physis. Pois, o
homem começa em um estado de natureza e com o passar do tempo, um
estado crescente de civilização.

Reivindicações nomos contra physis


Obra: Anônimo Jâmblico, seria um manual de conselhos para ter sucesso na
vida.
IV. Nascimento
V. Esforço
VI. Práticas nobres
VII. Uma boa instrução
Ou seja, o único modo do homem alcançar seu objetivo final é o estudo
O conhecimento adquirido com esse estudo, deve ser utilizado apenas para o
que é bom, justo e de acordo com as leis
Obra apoiava também a submissão as leis

Motivos para obedecer às leis


Descoberta e dom dos deuses, é o exercício do home sábio, correção do que é
injusto e um acordo para a cidade como um todo.

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