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Organologia

Ano letivo 2020/2021


Carolina Sofia Santos
Aluno nº 41075

Alaúde

É um instrumento da família dos cordofones dedilhados em que a caixa


apresenta a forma de uma meia pêra, com as costas arredondadas, e no tampo tem uma
abertura circular rendilhada conhecida como a roseta (ou rosácea). Tem um braço
deveras largo e relativamente curto, com sete ou mais trastos de tripa, produzindo assim
uma escala cromática. O cravelhame é bastante inclinado em relação ao braço do
instrumento.

O alaúde foi construído em tamanhos diversos (alto, tenor, baixo) e o número de ordens
muito variável, normalmente elevado (seis ou mais, chegando em alguns instrumentos a
ter cerca de vinte). A afinação do alaúde era por quartas, com uma terceira pelo meio.

As cordas, de tripa, são duplas existindo duas


cordas para cada ordem. Uma ordem é um conjunto
de uma ou mais cordas que, neste caso, são usadas
pelo executante como se fossem uma só. A corda
mais aguda, chanterelle, é simples, facilitando a
obtenção de sons claros e delicados. As cordas
duplas são afinadas em uníssono nas ordens mais
agudas e nas mais graves à oitava: desta forma
consegue-se obter uma maior ressonância do
instrumento.

O tampo costumava ser de pinho e


apresentava uma espessura muito reduzida, entre 1,5
a 2mm. No interior do instrumento há uma série de seis ou mais barras transversais,
coladas, que têm como objetivo dar mais solidez à caixa e aumentando desta forma a
ressonância. As costas, periformes, são feitas de tiras de madeira de sicómoro (também
se usa teixo, cedro ou cipreste) – as aduelas. Estas tiras são também muito finas (cerca
de 0.8mm) e são coladas uma a uma. Devido à espessura das madeiras, o alaúde é um
instrumento tão frágil e delicado que, ao tocar, oscila claramente. Alguns dos alaúdes
feitos atualmente são mais pesados e robustos, para aguentarem a maior tensão das
cordas exigida pelo diapasão moderno e permitirem uma técnica de execução mais
agressiva, a fim de conseguir obter mais sonoridade. Nos dias de hoje é muito raro
encontrar um alaúde antigo nas condições originais.

O alaúde primitivo apresenta-se em dois tipos bastante


diferentes: um de caixa de ressonância pequena e braço muito
longo, o outro inversamente, de caixa grande e braço
relativamente curto.

Do alaúde pequeno de braço longo aparecem alguns exemplos


na Mesopotâmia, c. 2000 A.C., sendo este o mais antigo. Daí
expande-se para o Egipto e Grécia, surgindo mais tarde na
Pérsia e na Arábia, onde tem o nome de tambur.

Do alaúde de braço curto, por sua vez, aparece na Ásia Central, daí foi se expandindo
para a Pérsia e para a China. É deste tipo o alaúde renascentista europeu, cujo
antepassado próximo é o al’ud árabe (ud=Madeira). Este é introduzido na Europa
através da Espanha no sec. XIII, durante a ocupação árabe, expandindo-se para todo o
continente.

O alaúde atinge a sua configuração final por volta de 1500: com costas firmes, roseta na
abertura do tampo e cravelhame perpendicular ao braço.

Com o progresso da harmonia e polifonia durante os séculos XV e XVI todos os


instrumentos de caráter polifónico começaram a desenvolver-se rapidamente.
Principalmente em relação aos instrumentos de tecla, no entanto é o alaúde que atinge a
maior importância durante a Renascença. A sua popularidade é visível em toda a Europa
exceto em Espanha, que depois da tomada de Granada em 1492 passou a ser preferida a
vihuela. (O que é muito interessante visto que o alaúde foi introduzido através deste
mesmo país no continente Europeu)

Durante a Renascença o alaúde é utilizado em variadas situações: em consorts (música


de câmara), a solo, no acompanhamento de canto (nas primeiras óperas era utilizado
para acompanhar os recitativos). Era usado tanto em música profana como religiosa, por
músicos profissionais e amadores, adotando uma grande importância comparável à do
piano no séc. XIX. A maior quantidade de música escrita para alaúde está preservada
em livros de tablaturas.

As Tablaturas de alaúde eram uma espécie de sistema de notação que consistia


em representar os sons por figuras, letras ou outros símbolos, para evitar as notas numa
pauta, havia séries de traços paralelos que simbolizavam as cordas enquanto
determinados símbolos indicavam qual o trasto é que se devia calcar, com que dedos e
cada corda. Esta ideia ainda e utilizada na atualidade em métodos de guitarra e
instrumentos relativamente parecidos para facilitar a vida de um músico amador.

Existem dois sistemas nas tablaturas de alaúde: o italiano/espanhol e o francês/inglês.


Todos estes sistemas utilizam seis linhas para apresentar as seis ordens de cordas, sendo
esta a única semelhança.

https://www.youtube.com/watch?
v=MN0IlHz6aIU&ab_channel=DhaferYoussefDhaferYoussefCanaloficialdeartista

O link acima mostra o excerto musical que eu escolhi, demonstrando o alaúde árabe
(oud) noutros gêneros musicais mais modernos. Apesar de ser um instrumento
extremamente antigo, nos dias de hoje encaixa-se perfeitamente no tipo de música
moderna que é feito com os instrumentos mais recentes. Tornando este instrumento
ainda mais especial pois mesmo sendo antiquado com sons mais renascentistas continua
a fazer êxito com muito sucesso.
Bibliografia e Webgrafia

Luís L. Henrique (2004) Instrumentos musicais 4ª ed. Lisboa: Fundação Calouste


Gulbenkian

https://www.arabinstruments.com/the-origin-of-the-oud (05/06/2021)

https://www.portalsaofrancisco.com.br/arte/alaude (05/06/2021)

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