Você está na página 1de 9

1.

UM BREVE HISTÓRICO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL

O “Comércio Internacional” é uma evolução das práticas relacionais desenvolvidas


desde os povos antigos, no principio caracterizados, na Idade Antiga, por serem nômades e
extrativistas. As relações comerciais entre tais tribos se davam através do chamado “escambo”
(troca pura e simples de bens sem uso de moeda), a grande dificuldade neste período era em
algumas ocasiões encontrar quem desejasse o que se tinha e ao mesmo tempo dispor do
produto do qual se almeja ter. Chegava-se inclusive a gerar rixas e guerras entre tribos por
algo que era objeto de desejo.
Outros problemas que se originaram neste período antigo é que com o crescimento
populacional das tribos, em geral, onde nem todos eram escravos (provenientes da absorção
de outras tribos e até mesmo trocas), uma parte dos trabalhadores da tribo eram servos livres,
onde recebiam de seus senhores favores ou produtos como remuneração, que em alguns
casos gerava certo ciúme, pela valorização de um produto em detrimento da desvalorização de
outro. Ou ainda, em uma determinada troca em que não se chegava há um consenso sobre os
valores dos produtos trocados, ou quando ambos comerciantes reconheciam que um
determinado produto era de menor valor que o outro, como mensurar o saldo devedor, e em
que se estabelecia este saldo devedor.
Por outro lado muitos componentes das tribos com algumas habilidades e
conhecimentos específicos sentem o desejo de se fixar em alguma terra, nascendo assim às
primeiras cidades, que no futuro se tornariam cidades estados, dominadas por um pequeno
grupo de pessoas, mas fortes o suficiente para controlarem o local, geralmente na base da
força bruta. Tal ou tais controladores destas cidades no inicio bastava tomar a riqueza de cada
morador e distribuir entre seus colaboradores ou “asseclas” (partidários ou seguidores), mas
em um determinado tempo surgirá à mesma questão anterior de ciúmes por algum produto
ou favor dado, e isto geraria um enfraquecimento ou até mesmo uma rebelião.
Para facilitar as relações comerciais nesta época nasce a “moeda” (bens de aceitação
mútua que são eleitos como intermediários de trocas, ou ainda, que serve como medida de
valor e que tem aceitação geral). No inicio tais moedas eram produtos como gado, trigo,
cevada, bebida, onde se estabeleceu valores como, por exemplo, hipoteticamente falando, um
boi valia 10 vestimentas, ou ainda, uma porção de trigo valia 5 doses de bebida, e por aí vai.
Surgiu no mesmo período as primeiras moedas cunhadas em cobre, bronze e ferro, e mais
tarde se percebeu que pela abundância destes metais não nobres e por sua deterioração e
fraqueza ao longo do tempo, estes não cumpriam a função de reserva de riqueza, e eles foram
sendo substituídos pelos metais nobres prata e ouro, que por sinal não era tão fácil de achar,
criando assim a chamada reserva de riqueza. Não importava onde a moeda foi cunhada ou sua
estampa ou até mesmo o formato, pois ela era medida em peso no local de comércio.
Neste período as rotas comerciais ainda eram terrestres onde os principais locais de
comércio eram o norte da África (Egito), Oriente Médio e sul da Europa (Grécia), com as
incursões de alguns Impérios e exércitos da época tem-se também a rota comercial do oriente,
principalmente com a Índia, mais tarde China. Com a morte de Alexandre o Grande (323 a.C) e
o declínio de seu império pelas divisões internas, marcam o inicio do comércio marítimo
desenvolvido por Atenienses (Grécia) e Fenícios (Líbano), novas regiões ao longo do
mediterrâneo são desenvolvidas, principalmente cidades com saídas para o mar. Note sempre
que com todo crescimento populacional as necessidades crescem na mesma proporção e
novas medidas têm que virem a serem tomadas.
No período conhecido por Idade Média, quase mil anos (começou no ano 476, quando
o Império Romano do Ocidente caiu nas mãos dos povos bárbaros, e se estendeu até perto das
Grandes Navegações, em 1453, quando Constantinopla foi tomada pelos turcos otomanos),
pouco houve de desenvolvimento nas relações comerciais e de produção, período da história
também conhecido por “Idade das Trevas”. Mas um fato, porém marcou significativamente e é
o precursor das relações de câmbio e bancárias dos dias de hoje, o papel-moeda, nascido na
China por volta do ano 900 d.C.
Tal papel desempenhava a função de controlar e facilitar a tributação ao Império
Chinês, os mercadores faziam um depósito à vista de suas moedas (prata e ouro,
principalmente), recebendo em troca papel-moeda com valor especificado (nota fiscal) e
depois as trocavam em lojas de atacados por produtos, no inicio tais notas eram especificas de
uma região e tinha caráter temporário, depois com o desenvolvimento das instituições do
governo da tecnologia de impressão, as emissões das notas passaram a ter caráter
permanente e de aceitação e circulação por todo o país. Observe que o papel-moeda (nota)
para ter valor ela é lastreada (uma reserva, geralmente de metais nobres como ouro e prata
ou outra riqueza aceita, que garante a circulação de papel moeda em um determinado país)
por algo aceito, este foi fundamental para estabelecimento do sistema de câmbio e bancário
que perduram nos dias de hoje, sendo aceitos no mundo todo.
Com o desenvolvimento da indústria náutica da época, culminando com a construção
de grandes barcos para viagens de longo curso, o desenvolvimento das caravelas
(deslocamento de 50 Ton) e o surgimento das naus (no inicio com deslocamentos de 400 Ton
chegando ao longo dos anos a 900 Ton) marca o fim da Idade Média e o inicio das “Grandes
Navegações”, portugueses, depois seguidos pelos espanhóis, investiram pesadamente na
criação e manutenção de esquadras com o objeto de conquistas de novas regiões em
territórios inexplorados na época e o estabelecimento de novas rotas comerciais. No incio um
investimento praticamente exercido apenas pelo estado, já que era investimento de risco,
pouco atraiu dinheiro do setor privado, com o advento das descobertas feitas e o
estabelecimento de linhas comerciais, aliado há um estado empobrecido, principalmente
português e espanhol, pelo alto investimento no setor, abre-se a porta para o surgimento do
investimento privado criando as grandes companhias de navegação, onde se destacam três:

 Companhia Britânica das Índias Orientais, fundada em 1600;


 Companhia Neerlandesa das Índias Orientais (Vereenigde Oost-Indische
Compagnie - VOC), fundada em 1602;
 Companhia Francesa das Índias Orientais, fundada em 1664.

Em 1669, a VOC era a mais rica companhia privada do mundo, com mais de 150 navios
mercantes, 40 navios de guerra, 50.000 funcionários, um exército privado de 10.000 soldados
e uma distribuição de dividendos de 40% aos seus acionistas. Apesar deste poderio, seu maior
rival e concorrente a Companhia Britânica das Índias Orientais obteve devido sua longevidade
maior expressão e dividendos em colonização de novas terras, que perduram nos dias de hoje.
Perceba que a guerra continua sendo o meio para o estabelecimento, manutenção e
desenvolvimento comercial.
No século XIX a Companhia Britânica das Índias Orientais atinge sua supremacia seja
conquistando ou comprando as posses de seus antigos rivais, as demais companhias. Em 1858
a companhia extinguiu uma revolta popular contra ela, iniciada um ano antes, em virtude das
conseqüências o governo Britânico compra as possessões da Companhia Britânica das Índias
Orientais e ela tem o encerramento de suas atividades decretado. Neste mesmo século a
indústria naval passa por novas transformações, surge à propulsão a vapor (inicialmente com
uso de pás e posteriormente hélices) e os primeiros cascos de aço. Nascem outras companhias
de navegação denominadas em sua maioria “Companhia de Navegação a Vapor...”. Tais
companhias já não têm as mesmas ambições de conquistas territoriais, até certo ponto por
força da legislação de seus países de origem, mas principalmente pelo alto custo que tais
empreitadas necessitariam, lembrando que as companhias anteriores, apesar de serem de
capital privado, obtiveram grandes recursos e apoio de seus governos de origem, coisa que a
esta época já estava mais cerceado.
No final do século XIX e inicio do século XX se intensificam a criação de acordos
comerciais, em sua maioria bilateral. Tal fato não é exclusivo destes tempos, pois já desde a
Idade Antiga era comum a realização de tratados comerciais, porém o que difere é em sua
expressão e abrangência. Tais tratados têm por finalidade pacificar e ordenar as relações
comerciais entre dois ou mais países, com o objetivo de manter a soberania de cada um dos
participantes em seu território.

2. DIPLOMACIA

Definida como “Ciência e arte referentes às relações entre os Estados”, “Relações


internacionais por meio de embaixadas ou legações”, “Astúcia no trato de negócios
melindrosos”, ou ainda “Designação de certos documentos medievais manuscritos”. Usada
desde os Tempos Antigos, onde eram enviados para tratar de assuntos específicos, retornando
com sua conclusão. Nos tempos atuais, tal órgão ganhou mais notoriedade por, além de
defender assuntos de seu país de origem, por abrir portas comerciais, buscando tornar seu
país de origem uma vitrine de oportunidades seja para investimentos, bem como de produtos
e serviços ofertados para o comércio internacional. Se antes eram apenas enviados por seu
governo de origem, a partir do século XVII alguns países europeus passaram a manter missões
permanentes em algumas nações, isto foi à base para o que hoje conhecemos como
“Ministério das Relações Exteriores”, e nos dias atuais, e dentro dos limites do direito
internacional, uma “Missão Diplomática” pode defender os interesses de uma empresa ou de
um indivíduo de seu país.
Em fins do século XIX e inicio do século XX os países reconhecerem a necessidade de se
ter regras de arbitrariedade para o comércio internacional nada de prático se concretizou, até
que em 1919 é fundada a “Associação Internacional de Empresas”, sediada em Paris, que visa
promover o comércio internacional, o investimento, o mercado livre de bens e serviços e o
livre trânsito de capitais, através da defesa dos interesses dos seus associados junto das
organizações internacionais e das entidades reguladoras dos diferentes estados, bem como
estabelecer regras comuns a todos os seus associados, tal associação é mais conhecida como
“Câmara Internacional do Comércio – CCI”.
Uma das principais atividades da CCI é a criação de regras que, por aceitação
voluntária, regem a maior parte das relações econômicas e comerciais. Assim acontecem com
uma de suas grandes criações os “International Commercial Terms – INCOTERMS (Termos
Internacionais de Comércio)”, instituído em 1936, com as Regras dos Créditos Documentários
e com outros instrumentos utilizados nas transações comerciais internacionais. A CCI exerce
trabalho de "lobby" sobre entidades governamentais e supranacionais no sentido das suas
preocupações e necessidades serem vertidas para ações concretas, sendo que esta atividade é
particularmente sentida, entre outros, junto da Organização Mundial do Comércio (OMC), da
Comissão Européia e da Organização das Nações Unidas (ONU). Em termos institucionais, a CCI
estimula as respectivas delegações nacionais a exercerem pressão junto dos Ministérios
responsáveis no sentido de serem aceites as suas posições.
Mesmo uma associação comercial privada, de âmbito internacional, com regras e
práticas definidas, não foram o suficiente para apaziguar e dar estabilidade ao comércio e as
relações internacionais, tanto que anos mais tarde, a implantação dos INCOTERMS, eclode a 2ª
Guerra Mundial, sem contar que muitos países a época passavam por grave crise econômica.
Desta forma entende-se que as relações comerciais internacionais praticadas por duas ou mais
empresas dependem diretamente de certa estabilidade política no ambiente internacional.
Tanto que com o término da 2ª Guerra Mundial em 1945 é criada a “Organização das Nações
Unidas – ONU”, com maior abrangência e poderes, para substituir a fracassada “Liga das
Nações”, que era apenas um foro de discussões mundiais. Logo após a criação da ONU, em
1947 nasce o “General Agreement on Tariffs and Trade – GATT” (Acordo Geral sobre Pautas
Aduaneiras e Comércio ou Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio), onde os países signatários
também se comprometeram em criar um organismo internacional que pudesse gerar, reger e
arbitrar, sobre normas, procedimentos e práticas nas relações comerciais internacionais, que
deveriam ser aceitas e ratificadas pelos governos dos países membros. Por ser assunto muito
complexo, de conseqüências e necessidades jurídicas, tal órgão levou quase 50 anos para se
tornar realidade, culminado que em 1º de janeiro de 1995 com a criação da “Organização
Mundial do Comércio – OMC”, com sede em Genebra (Suíça), sendo primeira corte arbitral de
comércio mundial, onde suas principais funções são:

 Gerenciar os acordos que compõem o sistema multilateral de comércio;


 Servir de fórum para comércio nacional (firmar acordos internacionais);
 Supervisionar a implementação dos acordos firmados pelos membros da organização
(verificar as políticas comerciais nacionais);
 Outra função muito importante na OMC é o “Sistema de resolução de Controvérsias”,
este mecanismo foi criado para solucionar os conflitos gerados pela aplicação dos
acordos sobre o comércio internacional entre os países membros.

2.1 TRATADOS E BLOCOS COMERCIAIS

São acordos Intergovernamentais criado com a finalidade de facilitar o comércio entre


os países membros. Adotam redução ou isenção de impostos ou de tarifas alfandegárias e
buscam soluções em comum para problemas comerciais. Um fato observado na criação de
alguns blocos é o aumento de desemprego em alguns setores produtivos, e isto, quase
sempre, está relacionado a uma economia fragilizada internamente por déficit nas contas
internas.

2.1.1 UNIÃO EUROPÉIA

Com o fim da 2ª Guerra países economias fragilizadas, surge um novo fantasma a


chamada “Guerra Fria”, o medo de uma nova guerra de proporções mundiais, e de
conseqüências mais devastadoras que a anterior, levam alguns países europeus a trabalharem
em um acordo que mantivesse a paz entre franceses e alemães ocidentais (lembrando que a
Alemanha estava divida entre duas repúblicas). Em 1951 é assinado um tratado denominado
“Comunidade Européia do Carvão e do Aço (CECA)”, tendo como países signatários França,
Alemanha, Itália, Países Baixos (Holanda), Bélgica e Luxemburgo. Com o sucesso obtido por
este tratado que envolvia duas matérias-prima de alto consumo, em 1957 é assinado outro
tratado, muito mais ambicioso, onde o comercio praticado entre os países membros teriam os
direitos alfandegários abolidos (livre trânsito de produtos nos países membros), tal tratado
deu origem a “Comunidade Econômica Européia (CEE)”. Tal tratado propiciou aos países
membros um aumento médio do produto nacional bruto em uma média de 70%.
O sucesso obtido nestes primeiros anos do segundo tratado, fez com que nos anos
seguintes outros países europeus buscassem sua filiação ao bloco, na década de 70 Dinamarca,
Irlanda e o Reino Unido (Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales) e na de 80
Grécia, Espanha e Portugal. Com mais membros, alguns de grande influência econômica e
política no cenário mundial, as ambições da nova comunidade européia aumentaram,
culminando que em 1993 entra em vigor o que conhecemos hoje como “União Européia”,
onde além da circulação de produtos livre de taxas alfandegárias, a criação de um parlamento
e um tribunal de justiça europeu. Todos os países signatários do tratado tiveram que ajustar
suas constituições e leis sob o molde único definidos pelo tratado. Tal alinhamento permite o
livre trânsito da população pertencente aos países membros. Conforme também previsto no
tratado, em 1999 entra em funcionamento o Banco Central Europeu, lançando uma moeda
única denominada “Euro”, colocada em circulação primeiramente nos países do bloco
cumpriram as metas econômicas definidas pelo tratado, nos dias atuais ela circula além de
Europa, também como alguns países fora do bloco.

 Países Membros (janeiro 2012): Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre,


Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia,
Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos,
Polônia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Romênia e Suécia.
 Países Candidatos (janeiro 2012): Islândia, Croácia, República da Macedônia,
Montenegro e Turquia.

2.1.2 Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (North American Free Trade


Agreement – NAFTA)

Formado em 01/01/1994 por Canadá, E.U.A. e México, com o propósito de em 15 anos


vir a se tornar uma zona de livre comércio (liberação total dos direitos alfandegários pelos
países membros), porém ainda permanece alguma medida protecionista em algumas
mercadorias levando, principalmente, o México, país economicamente mais fraco, a taxar
alguns produtos, como medida de retaliação à principalmente E.U.A., além do próprio governo
dos E.U.A. temer por ter que assumir problemas econômicos oriundo do elo mais fraco.

2.1.3 Mercado Comum do Sul – MERCOSUL (Mercado Comum do Cone Sul)

Formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, signatários do Tratado de Assunção


(1991), que estabelecia o Mercado Comum do Sul, uma aliança comercial visando dinamizar a
economia regional, movimentando entre si mercadorias, pessoas, força de trabalho e capitais.
Inicialmente foi estabelecida uma zona de livre comércio, em que os países signatários não
tributariam ou restringiriam as importações um do outro. Porém, por questões de
instabilidade econômica dos países membros, preferiu-se adotar a partir de 1 de janeiro de
1995 uma união aduaneira, deixando a zona de livre comércio para um futuro onde busca-se
fortalecer suas economias internas, desta forma os signatários do Mercosul acórdão cobrar a
mesma tarifa nas importações entre os países membros (Tarifa Externa Comum – TEC). Em
2004 entra em funcionamento “Tribunal Arbitral Permanente de Revisão do Mercosul” para
diminuir as tensões e disputas entre os países membros.

Estrutura do MERCOSUL:

1. Conselho do Mercado Comum (CMC), órgão supremo cuja função é a condução


política do processo de integração. O CMC é formado pelos Ministros de Relações
Exteriores e de Economia dos estados-partes, que se pronunciam através de decisões.
2. Grupo Mercado Comum (GMC), órgão decisório executivo, responsável de fixar os
programas de trabalho, e de negociar acordos com terceiros em nome do MERCOSUL,
por delegação expressa do CMC. O GMC se pronuncia por Resoluções, e está integrado
por representantes dos Ministérios de Relações Exteriores e de Economia, e dos
Bancos Centrais dos Estados Parte.
3. Comissão de Comércio do Mercosul (CCM), um órgão decisório técnico, é o
responsável por apoiar o GMC no que diz respeito à política comercial do bloco.
Pronuncia-se por Diretivas.
4. Comissão Parlamentar Conjunta (CPC), órgão de representação parlamentar, integrada
por até 64 parlamentares, 16 de cada Estado Parte. A CPC tem um caráter consultivo,
deliberativo, e de formulação de Declarações, Disposições e Recomendações.
Atualmente, está estudando a possibilidade da futura instalação de um Parlamento do
Mercosul.
5. Foro Consultivo Econômico Social (FCES), é um órgão consultivo que representa os
setores da economia e da sociedade, que se manifesta por Recomendações ao GMC.
6. Comissão de Representantes Permanentes do Mercosul (CRPM), que é um órgão
permanente do CMC, integrado por representantes de cada Estado Parte e presidida
por uma personalidade política destacada de um dos países partes. Sua função
principal é apresentar iniciativas ao CMC sobre temas relativos ao processo de
integração, as negociações externas e a conformação do Mercado Comum.
7. Secretaria do Mercosul (SM), que tem caráter permanente e está sediada em
Montevidéu, Uruguai.

Os países partes do Mercosul possuem diferentes mecanismos constitucionais para


"internalizar" as normas estabelecidas pelo bloco e atribuem diferentes graus de supremacia
em seu direito interno. Na Argentina e Paraguai, que têm adotado o sistema conhecido como
"monista", os tratados e protocolos ratificados têm valor superior às leis nacionais e, portanto,
não podem ser derrogados nem supridos por estas. No Brasil e Uruguai, que têm adotado o
sistema conhecido como "dualista", os tratados e protocolos têm o mesmo valor que as leis
nacionais e, portanto, estas predominam sobre aqueles se são de data posterior. Por outro
lado, as constituições dos países partes não têm definido com clareza o status jurídico das
normas obrigatórias ditadas pelos organismos decisórios do Mercosul, nem suas condições de
validez interna em cada estado.
O Mercosul, Bolívia e Chile estabeleceram que todo esse território constitui uma Área
de Livre Residência com direito ao trabalho para todos seus cidadãos, sem exigência de outro
requisito além da própria nacionalidade. A Área de Livre Residência foi estabelecida na reunião
de cúpula de Presidentes em Brasília, mediante o "Acordo sobre Residência para Nacionais dos
Estados Partes do Mercosul, Bolívia e Chile" assinado em 6 de dezembro de 2002. Cidadãos de
quaisquer países do Mercosul, natos ou naturalizados há pelo menos cinco anos, terão um
processo simplificado na obtenção de residência temporária por até dois anos em outro país
do bloco, tendo como exigências o passaporte válido, certidão de nascimento, certidão
negativa de antecedentes penais e, dependendo do país, certificado médico de autoridade
migratória. De forma igualmente simples, sem necessidade de vistos ou emaranhadas
burocracias, a residência temporária, no decurso do prazo, pode se transformar em residência
permanente com a mera comprovação de meios de vida lícitos para o sustento próprio e
familiar. A simplicidade visa salientar um intercâmbio entre os países, para uma real formação
comunitária, tendo assim expresso, além da facilidade de entrada, a garantia de direitos
fundamentais de todos os que migrarem de um país a outro. Além das liberdades civis - direito
de ir e vir, ao trabalho, à associação, ao culto e outros, do direito de reunião familiar de
transferência de recursos, o Acordo faz avanços em duas áreas importantes: a trabalhista e a
educacional.
Composição atual do MERCOSUL:

Venezuela
Argentina Brasil Paraguai Uruguai
Estados Partes (em processo de
(1991) (1991) (1991) (1991)
adesão)
Bolívia Chile Peru Colômbia Equador
Estados Associados
(1996) (1996) (2003) (2004) (2004)
Estados Nova
Observadores México Zelândia
(status não-oficial) (2010)
2.1.4 Associação Latino Americana de Integração – ALADI

É um organismo intergovernamental, criado com a assinatura do tratado em


12/04/1980, com sede na cidade de Montevidéu, no Uruguai, que visa a contribuir com a
promoção da integração da região latino-americana, procurando garantir seu desenvolvimento
econômico e social, substituindo sua antecessora ALALC (Associação Latino-Americana de Livre
Comércio, uma tentativa mal sucedida de integração comercial da América Latina na década
de 1960, seus membros eram Argentina, Brasil, Chile, México, Paraguai, Peru, e Uruguai, onde
pretendiam criar uma área de livre comércio na América Latina). Este é também o maior bloco
econômico da América Latina. Os objetivos do processo de integração da região latino-
americano são os seguintes:

1. Eliminação gradativa dos obstáculos ao comércio recíproco dos países-membros;


2. Impulsão de vínculos de solidariedade e cooperação entre os povos latino-americanos;
3. Promoção do desenvolvimento econômico e social da região de forma harmônica e
equilibrada, a fim de assegurar um melhor nível de vida para seus povos;
4. Renovação do processo de integração latino-americano e estabelecimento de
mecanismos aplicáveis à realidade regional;
5. Criação de uma área de preferências econômicas, tendo como objetivo final o
estabelecimento de mercado comum latino-americano.

Sendo uma área de preferências tarifárias, e não de livre comércio, há uma tabela
estabelecida entre os 12 países membros para a redução entre eles. Para isto a associação
divide seus 12 Países-Membros em três categorias:

a) Países de menor desenvolvimento econômico relativo: Bolívia, Equador e


Paraguai;
b) Países de desenvolvimento econômico intermediário: Chile, Colômbia, Cuba,
Peru, Uruguai e Venezuela;
c) Demais países membros: Argentina, Brasil e México.

Entretanto, este acordo praticamente não é mais utilizado em face dos diversos
acordos individuais firmados entre os diversos países membros, sua utilização se dá em face
quando algum produto não faz parte dos acordos individuais, o que é raro, com exceção do
México, cujos acordos individuais ainda não são abrangentes.

2.1.5 Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico – APEC (Asia-Pacific Economic


Cooperation)

É um bloco que engloba economias asiáticas, americanas e da Oceania. Sua formação


deveu-se à crescente interdependência das economias da região da Ásia-Pacífico. Foi criada
em 1989, inicialmente apenas como um fórum de discussão entre países da ASEAN
(Association of the SouthEast Asian Nations) e alguns parceiros econômicos da região do
Pacífico, se tornando um bloco econômico apenas em 1994, na Conferência de Seattle, quando
os países se comprometeram a transformar o Pacífico numa área de livre comércio. Além dos
projetos relacionados à redução de tarifas de importação e exportação, os líderes propõem
projetos também relacionados à sociedade, mas que, indiretamente, afetam a economia. Já
foram propostos projetos contra a corrupção; terrorismo; SARS, AIDS e outras doenças;
projetos relacionados à energia e à questão do petróleo; e projetos de integração da mulher
na APEC. A APEC não forma ainda uma área de livre-comércio, pois os países-membros
impõem muitas barreiras à livre circulação. Esse é um objetivo do longo prazo, e se prevê a
instalação plena até 2020.
Países-membros: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China, Hong-Kong, Indonésia, Japão,
Coréia do Sul, Malásia, México, Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné, Peru, Filipinas, Rússia,
Singapura, Taiwan, Tailândia, Estados Unidos da América e Vietnã.

2.1.6 Área de Livre Comércio das Américas – ALCA

Foi uma proposta pelos Estados Unidos, durante a Cúpula da América, em Miami, no
dia 9 de Dezembro de 1994, com o objetivo de eliminar as barreiras alfandegárias entre os 34
países americanos, exceto Cuba, formando assim uma área de livre de comércio para a
América, até o final de 2005. Na reunião de Miami foram assinados a Declaração de Princípios
e o Plano de Ação. A estratégia era de gradualmente suprimir as barreiras ao comércio entre
os estados-membros, prevendo-se a isenção de tarifas alfandegárias para quase todos os itens
de comércio entre os países associados. Uma vez implementada, a Alca tornar-se-ia um dos
maiores blocos econômicos do mundo - correspondendo às áreas do NAFTA (América do
Norte) e do Mercosul (América do sul), juntas. O bloco representaria um PIB de mais de US$ 12
trilhões, reunindo uma população de aproximadamente 850 milhões de pessoas. Uma das
principais dificuldades para formação do bloco é a enorme disparidade entre a economia dos
Estados Unidos, a maior da América, e a dos demais países americanos. Ademais, na maioria
desses países, seria necessário realizar vultosos investimentos em infra-estrutura, para que a
área de livre comércio funcionasse efetivamente. O projeto da ALCA está parado desde
novembro de 2005, quando foi realizada a última Cúpula da América. A proposta foi
praticamente "engavetada" na Quarta Reunião de Cúpula da América, realizada em novembro
de 2005, em Mar Del Plata.

2.2 Eliminando Dificuldades na Construção de uma Relação Comercial

Quando se está iniciando nas práticas de comércio exterior, ou mesmo, buscando


novos clientes no mercado externo, devemos ter em mente que tal incursão, muitas vezes,
pode representar uma aventura, e sendo assim devemos observar algumas coisas para evitar
situações desagradáveis na condução do processo. Antes de tudo temos que ter em mente
que se está lidando com culturas diferentes, hábitos diferentes, e temos que levar em
consideração também, que cada país tem uma forma peculiar de conduzir uma negociação.
Um exemplo prático a se citar é uma negociação envolvendo o Japão, onde a paciência
é a alma do negócio, podendo ser necessárias várias visitas ao país, e reuniões, para se
conseguir fechar um negócio, a lentidão do processo é uma característica daquele mercado.
Em vários casos, se constatou que a assinatura do contrato se deu semanas depois que a
negociação foi consumada, porém, as datas previstas no acordo fechado têm que se manter
mesmo com o atraso da assinatura do contrato, desta forma as empresas exportadoras, em
sua maioria, antecipa os embarques para honrar com as datas de entrega previstas.
Para japoneses, alemães, austríacos, belgas, suíços, a pontualidade nos encontros de
negócio é algo muito observado, os atrasos são mal vistos e causadores de constrangimentos.
Os franceses têm um orgulho enorme de sua língua e cai muito bem quando a outra parte tem
plena fluência no francês. Outro fato a se relevar nestes encontros é quando da apresentação
de um produto há um potencial cliente é ter o cuidado com o uso de alguns símbolos, um
exemplo prático, é de repente seu produto, ou material propaganda, ter estampado uma
estrela de seis pontas, para o povo judeu significaria ser a “estrela de Davi”, imagine para um
país de maioria muçulmana, que desastre poderia ocorrer? Ou ainda se utilizar de uma
vestimenta de cor branca para uma reunião de negócios, para nós brasileiros, e outros países,
uma cor com significado de “paz”, para o povo japonês é uma cor que representa a morte,
embaraçoso, não? Imagine também, dar um “tapinha” de amizade na cabeça de um tailandês,
como fazemos muitas vezes aqui no Brasil para brincar e descontrair, isto pode gerar um sério
problema, pois para aquele povo a cabeça é sagrada.
Considere também um negócio a fechar com um país de maioria mulçumana do
oriente médio, grande consumidor de frango do mercado brasileiro, temos que nos ater se a
empresa está preparada, com equipamentos e pessoal qualificado, para atender exigências
com relação ao abate dos animais, pois um chefe religioso irá acompanhar todo o processo até
o embarque, e se tudo tiver de acordo, este emitirá um certificado atestando que o produto
foi abatido em respeito as suas tradições. Ou ainda, para estes países de origem muçulmana,
se querer vender bebidas alcoólicas ou carne suína, ambos os produtos não aceitos pela
religião.
Para tantos os candidatos a se “aventurar” no comércio exterior, seja exportando ou
importando, deve pesquisar o ou os países alvos, contratando ou não uma empresa
especializada para tal fim, consultar o “Itamaraty” (Ministério das Relações Exteriores) e
buscar a se engajar, a fim de participar de comitivas, feiras e eventos, organizados e
patrocinados pelo governo federal e câmaras setoriais de comércio. Desta forma, se conhecerá
efetivamente o público alvo, terá oportunidade de verificar a reação do público em relação ao
produto, e caso necessário, se saberão, de uma forma menos custosa, as possíveis adaptações
que o produto deve ter para se atender as exigências do mercado alvo.

Você também pode gostar