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Diferenciar e caracterizar colônias de povoamento e exploração.


Colonias de povoamento:
Criadas em novas terras, que devem estar vazias ou pouco povoadas. Possuem clima
semelhante ao da nação colonizadora. A metrópole colonial deve ser mais povoada, o
suficiente a ponto de ser capaz deter emigrantes sem se abalar. Tem crescimento lento.
Possuem caráter democrático e, cedo ou tarde, se emancipariam do país que lhes deu origem.
Colonias de exploração
Criadas nas terras tropicais. Exigiriam grandes capitais para serem ocupadas. A riqueza das
colônias cresceria com tremenda rapidez, mas sujeita a crises. A situação social é insuficiente,
com maior desigualdade.

O que são as feitorias? Quais cidades do Br podemos considerar como feitorias?


São os simples entrepostos comerciais instalados nas áreas em que haja produtos de interesse
comercial, ou como ponto de apoio a rotas comerciais mais relevantes, ou para controlar o
comércio internacional.
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/5320/1/td_2119.pdf
No Brasil, dadas as condições locais, seu papel foi diferente, ficando as feitorias limitadas à
extração do pau-brasil e algumas curiosidades da fauna, à experiências com a cana de açúcar e
a servir de espantalho para assustar contrabandistas franceses. As feitorias eram chefiadas por
um Feitor, auxiliado por um Escrivão. Com a criação das capitanias e a instalação das
Provedorias da Fazenda Real, as feitorias foram absorvidas por estas.
Feitorias brasileiras:
Feitoria - BAHIA DE TODOS OS SANTOS
Feitoria - CABO FRIO
Feitoria – IGARAÇU
Feitoria - SÃO VICENTE
Feitoria - RIO DE JANEIRO
Entre outras...
http://www.receita.fazenda.gov.br/historico/srf/historia/catalogo_colonial/
letraf_feitorias.htm#:~:text=%2D%20Era%20um%20dos%20postos%20avan%C3%A7ados,como
%20Feitoria%20da%20Fazenda%20Real.
- Como as feitorias-entrepostos permitiram o desenvolvimento da economia-
mundo? explicar esse conceito?
A economia-mundo, segundo Braudel (1988 p.12) “envolve apenas um fragmento do universo,
um pedaço do planeta economicamente autônomo, capaz, no essencial, de bastar a si próprio e
ao qual suas ligações e trocas internas conferem certa unidade orgânica”.
Trata-se, portanto, de uma soma de espaços individualizados, econômicos e não econômicos
agrupados por ela. É uma enorme superfície, uma vasta zona de coerência no globo, que
transcende os limites de outros grupos maciços da história (BRAUDEL, 1988).
A Economia-Mundo é um sistema-social, “um sistema que possui limites, estruturas, grupos
associados, regras de legitimação e coerência” (WALLERSTEIN, 1974, p.337). Atualmente ela é
tão abrangente que engloba todas as partes do mundo, confundindo-se com o termo economia
mundial.
Mas nem sempre ela teve essa configuração mundial. A Economia-Mundo atual é resultado da
expansão da Economia-Mundo europeia, iniciada nos fins do século XV e início do século XVI
com os “grandes descobrimentos”. Wallerstein corrobora este ponto ao afirmar que:
A gênese deste sistema social se situa na Europa no final do século XV; que, de lá para cá, ele se
expandiu no espaço até cobrir todo o planeta no final do século XIX; e que ainda engloba a terra
inteira (WALLERSTEIN, 1995, p.18).
Braudel (1998) captou pelo menos três regras tendenciais que definem o espaço de uma
economia-mundo:
1ª- Ela possui limites e esses lhe conferem um sentido;
2ª- Ela possui um centro, usualmente uma cidade cosmopolita, que apresenta um capitalismo
avançado;
3ª- Ela possui espaços hierarquizados, com uma divisão extensiva do trabalho.
https://www.eumed.net/ce/2017/4/economia-mundo-pindorama.html

Feitorias de antigamente se tornaram países com características de paraíso


fiscal?
Roscher (1856) Com o passar do tempo, haveria três destinos possíveis:
a chegada da colônia pode desestabilizar o território de destino fazendo com que o enclave seja
ponto de partida para a formação de um novo império.
Já se a população local progredir, pode formar-se movimento nacionalista ávido por participar
do comércio internacional e que repelirá a intrusão dos estrangeiros em seu território.
Finalmente, o autor considera que a situação pode manter-se no longo prazo – como na costa
da África –, com entrepostos preservados como postos comerciais que alcançavam o restante
do território.

O que é uma cidade-museu?


Cidade onde se pode encontrar um importante patrimônio de interesse histórico, artístico e
cultural.
"cidade-museu", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-
2021, https://dicionario.priberam.org/cidade-museu [consultado em 02-08-2022].

Texto 1: O Exercício da Soberania e da Administração por Parte do Governo


chinês em Macau entre o Século XVI e os Meados do Século XIX
 Desde a entrada dos portugueses em Macau, o governo da Dinastia Ming adotou o
princípio de construir a cidade e nomear os funcionários para administrá-la a nível
distrital
 Durante todo o período de 1553 a 1849, os chineses criaram diversos mecanismos para
deixar clara a sua soberania em Macau, designando pessoas responsáveis pelas terras, e
aos assuntos militares, judiciais, administrativos e alfandegários. Os próprios
portugueses reconheciam essa realidade e consideravam-se meros moradores da cidade
 Territorial: Os portugueses pagavam uma quantia ao governo chinês por estarem em
Macau. Os terrenos em Macau eram de propriedade chinesa e só podiam ser
comercializados ou alterados por portugueses se o governo local permitisse
 Militar: Era designado um oficial chinês para guarnecer a cidade, indicando que a China
tinha administração militar de Macau. Além disso, existia uma serie de soldados
chineses, assim como uma infraestrutura bélica feita pelo governo para a cidade
 Administrativo: Todas as atividades dos portugueses que moravam em Macau estavam
sujeitas à jurisdição unificada e absoluta do governo chinês. Diversas leis e decretos
foram elaborados para regulamentar as atividades portuguesas
 Judicial: Todos os estrangeiros que cometessem crimes na China seriam julgados de
acordo com as leis do país
 Aduaneira: Quando os barcos comerciantes de estrangeiros quisessem negociar e fixar-
se em Macau, deveriam ter a licença dada pelo governo chines. Além disso, deveriam
pagar impostos aduaneiros que eram divididos em marítimo, terrestre, fluvial e
complementar. O valor dependia da quantidade e do valor da carga.
 O governo chines permitia, sob as restrições que impunha, que os portugueses
governassem seus assuntos, buscando manter a ordem na cidade. Com isso, foi possível
criar o Senado da Câmara Municipal de Macau, órgão responsável pelas questões
administrativas, militares, econômicas e religiosas da comunidade portuguesa da
cidade. Cada decisão do Leal Senado era passada ao governo chines, a quem cabia
aprová-la ou não
 Entre o início da presença portuguesa até a Guerra do Ópio, portugueses respeitavam,
geralmente, a soberania chinesa sobre Macau. Mas, depois que Hong Kong foi para a
Inglaterra, Portugal não quis ficar numa posição de inferioridade e buscaram tomar o
poder de Macau
 Após uma sequência de conflitos, os portugueses obrigaram a assinatura do Tratado de
Amizade Sino-português em Pequim, que conferia direito de administração de Macau.
Porém, isso não garantiu o direito soberano: (i) o tratado só permitia uma ocupação
perpetua (não cederam o território); (ii) a assinatura demonstra que a china reservou o
direito de disponibilidade definitiva para ela, Portugal não tinha direito de
disponibilidade sobre o território; e (iii) o tratado era incompleto, deixando em aberto a
questão da fronteira
 Consequentemente, apesar do tratado, o governo e povo chines nunca concederam à
Portugal a soberania de Macau, mesmo que ela só tenha voltado para a China em 1999

Texto 2: Trade and State in the Arabian Seas: A Survey from the Fifteenth to the
Eighteenth Century
 O autor pensa no Mar da Arabia como uma rede econômica e social que está sempre
mudando e se adaptando. A estrutura básica do Mar da Arabia nesse período consistia
na entrega de produtos têxteis, pimento, açúcar, madeira e arroz por parte da Índia
para o oriente médio. Essas commodities eram trocadas por prata, cobre e ouro, assim
como por quase-moedas (cowry e badam). A conexão com a África era feita pela costa
Suaíli (Somália, Tanzânia, Moçambique, …)
 Era uma rede de conexões entre diferentes cidades portuárias, onde dois sistemas
econômicos diferentes se encontravam
 O “Sistema Mundial” (economias-mundo) era diferente do Sistema mundial moderno.
Não havia um núcleo hegemônico e a produção não era organizada numa hierarquia.
Existiam diferentes centros de produção e vários grandes centros de troca
 O autor mostra objeções à Teoria do Sistema Mundial”: as trocas não eram desiguais
entre as sociedades, não havendo uma periferia com Estado fraco e um centro forte. O
comercio era vantajoso para ambas as partes
 É importante não esquecer da relevância do Oeste Africano, de onde saia uma
commodity importante para o comercio no Mar da Arabia: ouro. Ele chegava no leste da
África, sobretudo no Egito, onde era comercializado pela Mar Vermelho e o Golfo
Persico
 A Rússia também tinha papel relevante no comercio da época, com a exportação de
pelos animais, ouro, prata e outros bens
 As regiões habitadas da Eurásia e África já eram ligadas muito antes das viagens navais
dos europeus. O autor cita diversas rotas terrestres que provam esse ponto
 O renascimento europeu após 1450 parece conectado com o renascimento do comercio
no Levante e no Mar da Arabia. O ressurgimento europeu não foi causado por uma
questão de ter um preço melhor que os asiáticos, mas sim pelo aumento da demanda
gerada pela consolidação dos Produtores dos Impérios Otomano, Sírio e Turco,
concentrados em certos segmentos do mercado têxtil e deixando o restante para
competidores estrangeiros. Também pode estar relacionado com a maior demanda na
Pérsia e na Asia Central
 Na mesma linha, argumenta-se que o declínio do comercio italiano no mediterrâneo
tenha fortes relações com a demanda asiática
 O comercio no Mediterrâneo e no Mar da Arabia eram tão ligados que não podemos
tratá-los como sistemas separados, mas sim um único circuito. O impacto é bilateral
 O texto então passa a tratar do dinheiro usado nas trocas. O aumento ou a queda do
fluxo do lingote influenciava o preço e a circulação de um tipo de moeda comparado a
outro (ex: maior importação de prata geraria uma queda no preço das moedas de prata,
e não um aumento na demanda por moeda). Além disso, lucros não eram feitos sobre o
lingote, mas sim sobre alguma moeda
 É possível observar padrões cíclicos no comercio do Mar da Arabia: ondas cíclicas de
expansão eram freadas por contrações periódicas, que podiam ser causadas por
problemas na colheita ou por guerras, ou longas depressões no comercio causadas pelo
distanciamento da demanda e da oferta dos bens manufaturados. Logo, não Podemos
afirmar que houve uma “era do comercio”
 Muitos estudos ignoram as rotas comerciais terrestres, mas essas foram de extrema
importância, sendo críticas para os portos. Afinal, produtos agrícolas são produzidos no
interior
 Entre o final do séc. XVI e o séc. XVIII, grandes impérios no interior da Asia surgiram. A
existência desses grandes impérios unificados deu ao interior uma unidade, diferente do
que havia antes

Questões para discutir:


 Como é essa comparação entre os entrepostos e os off-shores?
 Como a presença dos colonizadores europeus impactou o desenvolvimento das
diferentes regiões (por que algumas passaram de feitoria para colônia e outras não)?
 Fazer uma comparação entre SP e as feitorias na Ásia.

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