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Módulo 13→Atividade 7 - Redação I (etiqueta e ética)

A Brasileira de Prazins (Camilo Castelo Branco)

Há no texto dois padres: Frei Roque e Padre Osório. O primeiro mais discreto quanto
ao que lhe é confessado. O segundo vejo mais familiarizado com as questões familiares, pois este é
irmão de D.Tereza – a tutora de Marta.
Frei Roque lembra muito a situação de um Filósofo Clínico em consultório.
Referindo-me ao ofício sigiloso. Já quanto sua reação diante das confissões de Marta, não lembra
não.
Mas essa história sobre a saúde das pessoas, sobre a delicadeza que precisamos ter
com isso, lembra-me uma reação minha que tive quando adolescente. Então, na rua em que morava
uma meia dúzia de pessoas tinha o telefone fixo. E minha mãe sempre foi generosa na compartilha
deste aparelho que tínhamos em casa. Dado dia, recebo uma ligação de um hospital onde nossa
vizinha tinha o pai internado. Do hospital veio a notícia do falecimento do pai desta vizinha. Eu
deveria dar-lhe esta notícia. Não sei de onde tirei a seguinte sacada: “vizinha ligaram do hospital e
disseram que seu pai passa mal e pedem que a senhora vá até lá”. Assim deste modo me salvei da
triste mensagem. Eu não tinha mais do que 16 anos.
Claro que nunca sabemos o que de fato protegerá uma pessoa ou nos complicará a
todos. Nunca sabemos. A intenção é uma, mas as consequências podem ser diversas.
Eu vejo que o Frei Roque poderia ter sido ainda mais discreto. Percebo que se ele
não pecou com a falta de Ética, pecou com a falta de Etiqueta. Acredito que a expressão “doida”
referindo-se à Marta foi de um exagero só. Claro que estou falando de meu mundo (Tóp.01). De
repente nesta Portugal do início do século XIX não houvesse estranheza nesse tipo de
comportamento sacerdotal. Talvez por ser irmão de D.Teresa (tutora de Marta) tivesse esse tipo de
liberdade. Mas sigo na minha opinião acreditando que seguir indagando quanto ao estado de saúde
de Marta, inclusive indagando quanto a uma gravidez é de uma indiscrição só.
E o que dizer do médico que assistia à Marta!? Mas enfim.
Provavelmente Marta fosse epilética. É preciso conhecer melhor a obra. Mas no que
nos apresenta este pequeno trecho acredito que sim. Ainda assim, não vejo como correto a maneira
dada pelo Vigário para o caso de Marta. Se a protegeu de problemas com o marido, expôs a moça
ainda mais quanto a sua saúde. Não sei também qual o grau de conhecimento que se tinha da
Epilepsia naquele tempo. O fato é que tal doença é bastante constrangedora ainda hoje.
Prof.Lúcio em dos seus vídeos, acredito que no vídeo anterior a esta atividade,
explica bem o perigo da boa intenção, o perigo da boa-fé. Explica o professor que até mesmo o
silêncio do Filósofo Clínico pode comprometer o partilhante e o próprio terapeuta. Eis a
importância dos Exames Categoriais estarem prontos o quanto antes, para que de posse da
Historicidade possamos nos armar, proteger-nos de ciladas e claro, proteger sobretudo o partilhante.
“Etiqueta é a pequena ética” - tal frase li em um artigo de Leandro Karnal. Era um
título, não dava para dizer se é dele. Todavia a etiqueta seja uma pequena ética, é assim como a
ética uma construção social. O imperativo categórico será o coletivo, não uma consciência inata.
Mas sim aquilo que um grupo acordar. Nas terapias de grupo é comum fazermos “acordos”. Um dos
principais, senão o primeiro é o sigilo. Acredito que na dúvida se posso ou não abrir tal coisa,
inclusive com o próprio partilhante, primeiro acordamos o sigilo. Mais uma vez falo pra mim
mesmo: urge sabermos da Historicidade de nosso partilhante, urge dominarmos os Exames
Categoriais.
Como exemplo, permita-me ilustrar com a casa onde moro. Aqui somos proibidos de
falar do crime alheio. Sujeito à sanção inclusive. Porém, contudo, todavia. Há aqueles irmãos mais
próximos com os quais nos aproximamos mais. E com estes procuramos sempre que há
necessidade, fazemos exortações quanto ao crime do nosso irmão. Dentro da maior discrição
possível. E somente com aqueles irmãos muito próximos que aceitam tal entrada. No cotidiano, por
exemplo, volta e meia nos momentos de dor do irmão; o ombro e o ouvido são oferecidos dentro de
um absoluto sigilo. E de fato, é preciso muito conhecimento para saber se posso ou não entrar em
determinados assuntos que meu irmão outrora abriu para mim. Novamente, somente se eu o
conheço bem saberei se posso ou não (Exames Categoriais e Historicidade).
Por fim, quando tive a ideia de enviar minha vizinha para o hospital, em nenhum
momento imaginava que o hospital tem mais propriedade para este “serviço”. Também não
imaginava está fazendo a coisa mais acertada (conforme a etiqueta). Muito menos imaginava que
estava agindo de forma ética. Foi tudo puro impulso de adolescente. Mais medo do fatasma “morte”
do que mesmo qualquer outra coisa. Aqui portanto urge a necessidade do Filósofo Clínico ser algué
em constante estudo. Pois mundo é diverso e dinâmico em todas as suas formas, nuances e
sutilezas. Havemos sempre de sabermos onde em qual terreno estamos caminhando (partilhante).

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