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ATIVIDADE 09 – MÓDULO 12 – REDAÇÃO I

Procure no trecho a seguir, retirado da obra Viagens na Minha Terra, de João Batista Leitão de Almeida Garret,
elementos que provavelmente podem servir para uma posterior pesquisa no tópico Análise da Estrutura. Atenção:
cuidado para não confundir o tópico estrutural Análise da Estrutura com uma análise, tópico a tópico, da Estrutura!

Gostaria de iniciar parafraseando Sigmund Freud estes grandes mestres da


Psicanálise: Sigmund Freud e Lúcio Packter. O primeiro diria que a principal tarefa de uma
existência é compreender a própria mente. Enquanto o segundo diria compreender a própria
existência (Tópico 02 da EP).

Antes mais nada permita-me sempre fazer esta ressalva: se não conheço a
historicidade da pessoa (partilhante) que eu devo construir junto a ela através dos Exames das
Categorias, muita coisa não posso inferir sobre tal pessoa. Por conseguinte, qualquer coisa que eu
faça sem este pré-requisito será mera especulação (ariscada, muito ariscada). Sobretudo neste
Tópico – Análise da Estrutura - onde a parte se confunde ou combina com o todo, onde qualidades
se fazem interseções com as quantidades da pessoa numa gama de Submodos. Onde atentar para a
totalidade da EP é fundamental. Não posso, por exemplo, medir as sequelas de um trauma apenas
pela reação diante de um evento. Não quer dizer também quer tal pessoa reagirá igual em eventos
iguais ou semelhantes. Enfim, este momento é muito delicado. Farei esta Análise de Estrutura deste
autor viajante, morrendo de medo por naufragar no mar de tormentas e maresias, de chegadas e
partidas que é a EP. Porém, para errar menos nesta arriscada Análise de Estrutura procurarei me ater
ao roteiro que nos ensina nosso Professor Lúcio Packter: 1) Exames Categorias, 2) Localizar tais
exames na EP, 3) Princípios de Verdade, 4) Interseções de Estruturas de Pensamento (tópico 28),
5) Dados de Matemática Simbólica (tópico 29) e 6) Autogenia (tópico 30). Com isto tentarei
delinear tal Estrutura em fraca, forte, instável, poética, amistosa, rica, pobre, problemática,
existencialmente, caótica, sofredora, dilemática, aberta, fechada, triste, feliz etc. Ou seja, quão
difícil é tal tarefa.
Nosso viajante – Garret – através deste romance em questão, vive num Portugal
turbulento. Recém-saído de uma Guerra Civil. Portugal está vivendo seus últimos anos de
Monarquia Constitucional para dar lugar à República. O famoso Marquês de Pombal se insurge
nesse período contra a Igreja (os jesuítas) como tentativa de salvar o Reinado da relação nociva com
a Igreja. Porém, a separação dos poderes divinos e terrenos será inevitável e será de modo drástico.
O Ancien Regime dará lugar à pujança de modernidade que vive a Europa. E se neste Portugal de
1843 Miguelistas se confrontam com Liberais, neste capítulo o confronto se dá entre Ílhavos e
Campinos, demostrando assim num Esquema Resolutivo (Submodo 05). A impressão que o autor
nos dá, neste capítulo, é que há personagens políticos propositadamente colocados ali. Pois como
todo escritor sabe (ou deveria saber) é que a responsabilidade de influenciar a opinião de quem lê é
de quem escreve, mesmo com tantas interpretações que um texto possa gerar. Assim como esta que
estou fazendo. E ainda, todo Agendamento que este viajante nos sugerir em Significados diversos
são frutos de uma Relação examinada com aquilo que este capítulo nos oferece. Ou seja, a
possibilidade é grande de sermos levados a uma Argumentação Derivada (Submodo 10)
equivocada.
Mas o fato é que serão os Republicanos Liberais aliados a Socialistas, que juntos no
início do Século XX derrubarão a Bastilha Lusitana, porém sem guilhotina.
Nosso viajante é de uma estrutura no mínimo confusa (Submodo 04). Falo isso
pisando em falso com medo de me equivocar com o que o capítulo traz. Acredito que este medo
seja meu seguro, meu Habeas Corpus Preventivo. Perdão pela insegurança. Mas vendo o encanto do
português pela longa Região do Rio Tejo identifico aí nosso primeiro Submodo (Em direção ao
termo singular). Vejo a Esteticidade (Submodo 18) de sua personalidade. E claro, uma Esteticidade
Seletiva; quando distingue Norte do Sul, Ílhavos de Campinos, Regionalistas (interioranos) de
Metropolitanos, Patrícios de Moçárabe Ribatejanos, etc.
Vejo esses elementos no seguinte parágrafo: “Assim vamos de todo o nosso vagar
contemplando este majestoso e pitoresco anfiteatro de Lisboa oriental, que é, vista de fora, a mais
bela e grandiosa parte da cidade, a mais característica, e onde, aqui e ali, algumas raras feições se
percebem, ou mais exatamente se adivinham, da nossa velha e boa Lisboa das crônicas. Da
Fundição para baixo tudo é prosaico e burguês, chato, vulgar e sensabor com um período da
Dedução Cronológica, aqui e ali assoprado numa tentativa ao grandioso do mau gosto, como
alguma oitava menos rasteira do Oriente.”
E neste seguinte também: “Assim o povo, que tem sempre o melhor gosto e mais
puro que essa escuma descorada que anda ao de cima das populações, e que se chama a si mesma
por excelência a Sociedade, os seus passeios favoritos são a Madre de Deus e o Beato e Xabregas e
Marvila e as hortas de Chelas. A um lado a imensa majestade do Tejo em sua maior extensão e
poder, que ali mais parece um pequeno mar mediterrâneo; do outro a frescura das hortas e a
sombra das árvores, palácios, mosteiros, sítios consagrados a recordações grandes ou queridas.
Que outra saída tem Lisboa que se compare em beleza com esta? Tirado Belém, nenhuma. E ainda
assim, Belém é mais árida.”
Retomo ao início de sua viagem que talvez tenha sido motivada por uma Informação
Dirigida (Submodo 21), pois vi assim no parágrafo que segue: “Era uma ideia vaga; mais desejo
que tenção, que eu tinha há muito de ir conhecer as ricas várzeas desse Ribatejo, e saudar em seu
alto cume a mais histórica e monumental das nossas vilas. Abalam-me as instâncias de um amigo,
decidem-me as tonteiras de um jornal, que por mexeriquice quis encabeçar em desígnio político
determinado a minha visita. Pois por isso mesmo vou: pronunciei-me.” Se a viagem tinha cunho
político ou não, entendi assim neste primeiro capítulo. Claro, que diante de tantas falas politizadas
do nosso viajante é impossível não concluir isso.
Por exemplo vemos esta aqui: “A questão não era de restaurar nem de não
restaurar, mas de se livrar a gente de um governo de patuscos, que é o mais odioso e engulhoso
dos governos possíveis. (…) No entretanto, vamos acender os nossos charutos, e deixe-mos os
precintos aristocráticos da ré; à proa, que é país de cigarro livre.” Será que estamos diante de um
Liberal? Ou de um Socialista? Por exemplo, vejo um Socialista quando se aproxima de um
Campino e aceita que este lhe dê chama ao seu charuto (símbolo burguês). Ou um Liberal, quando
deixa certo recinto do navio e desloca-se para um recinto menos Aristocrático para desfrutar de um
prazer – o charuto. Porém, poderia fazer apenas por conveniência egoística (parte separada do
todo).
Destaco agora uma parte bem discriminatória, dadas pelas discriminações que ele faz
de um e outro por suas vestes (Tópico 01). É nosso viajante um homem preconceituoso ou apenas
conceitualista em suas descrições? Bom, eu vi preconceito no parágrafo que segue: “(…) Mas ao pé
destes cinco e de altercação com eles — já direi por quê — estavam seis ou sete homens que em
tudo pareciam seus antípodas. Em vez do calção amarelo e da jaqueta de ramagens que
caracterizavam o homem do forcado, estes vestiam o amplo saiote grego dos varinos, e o tabardo
arrequifado siciliano de pano de varas. O campino, assim como o saloio, tem o cunho da raça
africana; estes são da família pelasga: feições regulares e móveis, a forma ágil.”
E o que dizer destas linhas? _ “Os ílhavos ficaram um tanto abatidos; sem perderem
a consciência de sua superioridade, mas acanhados pela algazarra. Parecia a esquerda de um
parlamento quando vê sumir-se no burburinho acintoso das turbas ministeriais, as melhores frases
e as mais fortes razões dos seus oradores.” Novamente vejo discriminação. O que caracteriza
alguém como superior ao outro? Enfim.
Por fim trago ainda este trecho que retrata de certo modo uma parte do nosso
viajante crente ao Deus (católico) e encantado com a simplicidade de seu povo: “Assim o povo, que
tem sempre o melhor gosto e mais puro que essa escuma descorada que anda ao de cima das
populações, e que se chama a si mesma por excelência a Sociedade, os seus passeios favoritos são
a Madre de Deus e o Beato e Xabregas e Marvila e as hortas de Chelas. A um lado a imensa
majestade do Tejo em sua maior extensão e poder, que ali mais parece um pequeno Mar
Mediterrâneo; do outro a frescura das hortas e a sombra das árvores, palácios, mosteiros, sítios
consagrados a recordações grandes ou queridas. Que outra saída tem Lisboa que se compare em
beleza com esta? Tirado Belém, nenhuma. E ainda assim, Belém é mais árido.”
E assim encerro dizendo que de fato nosso viajante é confuso. Será talvez como
todos nós assim o somos? De fato nosso viajante está compromissado com um processo político que
sucede em seu país, assim este capítulo primeiro sugere. Vejo um religioso neste último trecho que
trouxe. Vi alguém que se lança a vivências novas quando entrou naquele navio. Politicamente não vi
alguém intransigente ou radical. É um homem rico de saber. Senti isso nas inúmeras citações de
outros autores romancistas e poetas. Vejo ainda um homem de personalidade forte quando se lança
em discriminações e debates políticos ou como esta discussão que encerra o capítulo em questão.
De fato uma pessoa permeável pois ao entrar num navio, rumo a uma aventura sinaliza isto.
Discorre de forma poética sua viagem, agradável. Pude ver uma Estrutura forte, não intransigente;
mas forte sim. Não senti alguém encerrado em si, muito pelo contrário, vi transparência e
generosidade em deixar-se ver. Enfim.
Ainda assim, insisto: tudo que fiz foram especulações arriscadas. Embora tenha
procurado seguir um roteiro de nosso Professor Lúcio Packter (Exames Categorias, localizar tais
exames na EP, Princípios de Verdade, Interseções de Estruturas de Pensamento, Dados de
Matemática Simbólica, e Autogenia), todavia foram apenas especulações.

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