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1. A Finalidade da Existência Humana.

1.1. Explicação Mitológica.

Segundo Fábio Komparato, autor da obra "Afirmação Histórica dos Direitos


Humanos", a primeira tentativa de explicar a finalidade da existência humana tem suas
raízes na religião monoteísta. Segundo ele, a religião da antiga civilização hebraica
assegura esse conceito devido ao propósito de dominância delegado por uma
"Entidade Superior".

Essa dominância era referente a superioridade hierárquica do ser humano sobre


os demais seres viventes criados por Deus. Ela é demonstrada principalmente no livro
de Gênesis, o qual afirma que Deus deu inteligência ao homem para administrar todas
as criaturas existentes nos ambientes terrestres e aquáticos, bem como nomeou os
animais segundo suas atributividades.

"Então Deus disse: 'Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele
reine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos e
sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastam sobre a terra'."

(BÍBLIA, Gênesis, 1, 26)

"Tendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todos os animais dos campos, e
todas as aves do céu, levou-os ao homem, para ver como ele os havia de chamar; e
todo o nome que o homem pôs aos animais vivos, esse é o seu verdadeiro nome."

(BÍBLIA, Gênesis 3, 19)

Na Grécia Antiga, a explicação finalística da dignidade humana dar-se com a


Lenda de Prometeu explicada por Ésquilo, na qual o autor explica que o herói grego
dera aos homens habilidades nas mais diversas ciências com o intuito de proteger-se
de sua condição existencial frágil dainte da natureza.

"Ouça agora as misérias dos mortais e perceba como, de crianças que eram, eu
os fiz seres de razão, capazes de pensar, Quero dizê-lo aqui, não para denegrir os
homens, mas para lhe mostrar minha bondade com eles."

(ÉSQUILO, Prometeu Acorrentado)

1.2. Explicação Científica

Com a ascensão de novas teorias científcas, principalmente no campo da


biologia, começou-se a especular com outros olhares o porquê do ser humano ser
dotado de habilidades tão distintas das outras epécies. Uma das mais conceituadas era
o darwinismo, que via em uma seleção natural, esta produto de um acaso, a qual
proporcionou ao ser humano uma desenvoltura de habilidades especiais que apenas
refletiam um atendimento às necessidades de sobrevivência da espécie.

Entretanto, outros teóricos começaram a discutir se realmente a diferenciação


do ser humano em relação as demais espécies viventes era realmente fruto do acaso
proposto pelo darwinismo. A descoberta feita pelo chamado "princípio antrópico" diz
que não há provas científicas de um "Ser Supremo" que criou todas as coisas, mas a
diferenciação evolutiva do homem em relação aos demais seres viventes tem um
propósito teleológico, sendo esse ainda incompreensível ao saber humano.

Fábio Komparato também dá a ênfase à orientação de finalidade a qual segundo


ele modelou a evolução humana. A primeira justificativa se refere a capacidade do
homem discernir o certo do errado, o belo do feio, etc, sem a qual existiria apenas o
caos, sem possibilidade para um ordenamento mínimo perceptível em qualquer
sociedade.

"Se a humanidade ignora o sentido da Vida e jamais poderá discerni-lo, é


impossível discernir a justiça da iniquidade, o belo do horrendo, o criminoso do sublime,
a dignidade do aviltamento. Tudo se identifica e se confunde, no magma caótico do
absurdo universal, aquele mesmo abismo amorfo e tenebroso que, segundo o relato
bíblico, precedeu a Criação."

(KOMPARATO, 2010, p. 17)

Outro embasamento é consequência da expicação anterior, na qual ele afirma


que o propósito finalístico da existência do homem moveu em sua inquietude a
necessidade de criar, inovar e alterar o ambiente ao seu redor, consumando a sua
especificidade diante das demais espécies. Isso só foi possível graças ao conceito
cultural, o qual ajudou o homem a se distinguir com maior ênfase das demais criaturas,
principlamente graças à sua capacidade de se comunicar. Esse conceito evolutivo
minou a ideia darwinista de que a evolução só acontecia para atender interesses
meramente instintivos e ajudou a compreender com um outro olhar o porquê do ser
humano ser tão distinto de outras espécies e como isso ajudou a desenvolver seu
conceito finalístico de existência.

"Na atual etapa da evolução, como todos reconhecem, o componente cultural é


mais acentuado que o componente "natural". Até o aparecimento da linguagem, a
evolução cultural foi quase imperceptível. A partir de então, no entanto, ou seja, a
contar desse marco histórico decisivo, há cerca de 40.000 anos, a evolução cultural
cresceu mais rapidamente do que nos milhões de anos que a prescederam. O homem
perfaz indefinidamente a sua própria natureza- por assim dizer, inacabada- ao mesmo
tempo que hominiza a Terra, tornando-a sempre dependente de si próprio."

(KOMPARATO, 2010, p. 18)

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