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Introdução
Muito se critica em relação ao papel do apóstolo Paulo – Saulo quando usava
o nome grego. Normalmente essas críticas não se baseiam em dados históricos,
levando-se em conta o contexto da época, e muitas vezes apenas de teorias ou
opiniões pessoais a respeito do personagem que certamente nada acrescentam à
História e em nada ajudam na compreensão do porquê Mestre Jesus tê-lo escolhido
para ser o Seu apóstolo perante os Gentios.
O texto a seguir terá como objetivo esclarecer o fato com base em
documentos da História da Religião em que estudiosos do tema se predispuseram a
interpretá-lo sob uma perspectiva histórica, baseada em documentos e análises
contextuais, e certamente dispensando as paixões e os sentimentos sobre a sua
figura, que, como dissemos, em nada contribuem para a compreensão de seu
verdadeiro papel no apostolado cristão.
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Título original do artigo.
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No tempo de Jesus havia duas tendências ou linhas de raciocínio e interpretação da Lei de Moisés. Estas eram
expressas pelas escolas rabinas dos grandes fariseus Hillel e Shammai. Na escola mais laxista, a de Hillel,
ensinava-se, por exemplo, que se podia divorciar da mulher por qualquer motivo, mesmo os mais banais. A
escola mais rigorosa, a do Shammai, só permitia o divórcio por motivos muito sérios. Por isso, em Mateus a
pergunta se define melhor: “É permitido ao homem divorciar-se de sua mulher por qualquer motivo?” (Mt.
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19,4). De qualquer modo, para um melhor entendimento, os Jerosolimitanos eram sectários da linha de
Shammai, enquanto os helenistas por vezes interpretavam como mais correta a linha de Hillel.( M.R.)
3
Alega-se que os helenistas, manipularam sem a permissão os óleos sagrados do Grande Templo, onde o texto
original do Talmud diz que “eles profanaram...” indicando que foi proposital. Para mais informações vide
http://www.chabad.org.br/datas/chanuca/cha016.html
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pelos romanos para Tarso, junto com seus pais.4 Os evangelhos porém dizem, que
Saulo ou Paulo, era cidadão romano de nascimento (Atos 22:29), porém judeu da
tribo de Benjamim (Filipenses 3:5), tendo sido doutrinado no judaísmo na sua
juventude por um velho e grande doutor da Lei Mosaica (fariseu) de nome Gamaliel,
que pertencia a escola laxista de Hillel, o primeiro membro do Sinédrio a ter o título
de “Rabban” (Atos 5:34 e 22:3).
Saulo e depois Paulo, foi um “caçador” de cristãos (Atos 8:3, 9:1 e 22:4) nos
tempos do imperador Décio. Um dia, porém, Paulo foi a Jerusalém, solicitar junto
ao Sumo Sacerdote de Jerusalém, cartas para as Sinagogas de Damasco com a
intenção de continuar a prender cristãos judeus (Atos 9:2). O que se segue já é
conhecido por todos, embora existam três versões para o mesmo acontecimento
histórico como veremos a seguir. Na primeira versão encontrada em Atos dos
Apóstolos (Atos 9:3-19), Paulo relata que próximo a Damasco, surge uma luz a sua
frente que o envolve e o joga ao chão. Caído ele ouve uma voz que lhe pergunta:
“Saulo, Saulo, porque me persegues?” No que ele pergunta: “Quem és senhor?”
Tendo como resposta: ”Eu sou Jesus, a quem estás perseguindo. Mas, levanta-te
entra na cidade e te dirão o que fazer...” . Saulo neste momento está cego, os seus
acompanhantes, porém, apesar de terem ouvido a voz, não viram a ninguém mais.
Segundo a narrativa, Saulo foi conduzido até a cidade, como foi dito, cego,
permanecendo assim sem comer ou beber durante três dias. Nesta versão, Ananias
é enviado por uma aparição de Jesus, o qual o instrui a como chegar até Saulo na
casa de Judas.
Numa segunda versão, também encontrada em Ato dos Apóstolos (22:6-16), a
narrativa tem diferenças, pois nela Saulo afirma que era por volta de meio dia,
quando aparece uma luz que vem do céu e o envolve, existindo o mesmo diálogo
acima, porém com a diferença de que na identificação ele escuta: “Eu sou Jesus, o
nazareu, a quem tu estás perseguindo.” Neste relato, os que estavam com Saulo,
viram a luz, mas não escutaram nada, o restante com relação a Ananias se repete.
Já na terceira versão (Atos 26:12-18), Saulo afirma que, por volta do meio dia,
observava uma luz vinda do céu, e nela está Jesus, porém o interessante é que a luz
envolve também seus acompanhantes fazendo-os cair ao chão. A voz então fala a
Saulo em língua hebraica dizendo: “Saulo, Saulo, porque me persegues? No que ele
pergunta, igualmente quem era: “ Eu sou Jesus, a quem tu estás perseguindo. Mas,
levanta-te e fica firme em pé, porque este é o motivo por que apareci. Para constituir-te
servo e testemunha da visão na qual me viste e daquelas nas quais ainda te
aparecerei. Eu te livrarei do povo e das nações gentias, os quais te envio para lhes
abrires os olhos e assim se converterem das trevas para a luz, e da autoridade de
Deus para Satanás. De tal modo receberão, pela fé em mim, a remissão dos pecados
e a herança entre os santificados.”
Realmente impressionante! Não há outro modo de descrever as narrativas
evangélicas, que do mesmo fato criaram três versões que se contradizem desde
banalidades até a profundidade da mensagem do texto de Jesus em relação ao
converso Paulo. Esclareça-se, todavia, que a narrativa do fato é atribuída a Lucas,
já que foi quem escreveu as três versões no primeiro evangelho. E Lucas, foi
discípulo de Paulo.
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Cf. Gerônimo, Comentários sobre a Epístola aos Filipenses, XXIII- M.LXXVI. 617-643 e cf. Fócio, Ad
amphilocium, CXVI. - N.A.
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- detalhe de capa de "Paulo e Estevão", psicografia de Chico Xavier, editora Feb. fig.
2. Apedrejamento de Estevão
parte de Pedro e Tiago, o envio dos apóstolos Judas e Silas até a Antióquia (Atos
15:22-35), os quais tinham a missão clara de resgatar, o que se chamou de “pureza
espiritual”, dentro do conteúdo evangélico, de não mudanças das leis e dos profetas,
que eram atribuídas ou foram determinadas por Jesus, e segundo a visão dos
apóstolos, estava claramente sendo deturpado por Paulo e Barnabé.
Barnabé neste momento tornou-se inseguro com relação aos rumos que a
igreja estava tomando, então, discordando de Paulo, retomou a linha helenista,
gerando uma disputa litigiosa que culminou na separação de ambos. A partir daí,
Barnabé continuou sua peregrinação com Marcos, indo para Chipre e Paulo com
Silas segue rumo a Síria, Sicília, Derbe e Listra.
Durante mais de dez anos (de 48 a 58 d.C) Paulo pregou o Evangelho por
quase todas as cidades do mar Egeu, impondo sua autoridade aos diversos
colaboradores que nomeou, nas diversas comunidades que formou junto ao
cristianismo primitivo.
Paulo, neste processo de instauração do cristianismo, enfrentou acirradas
disputas com autoridades dos lugares onde passou. Fossem elas políticas, religiosas
ou romanas. Paulo tem ainda o mérito de ter conseguido ao fundar as comunidades
por onde passou, de ter constituído igrejas que permaneceram em franco processo
de desenvolvimento, muito maiores que os helenistas e jerosolomitanos, uma vez
que os supervisores daquelas igrejas davam continuidade ao seu trabalho, mesmo
depois da sua morte, graças aos seus inúmeros inscritos.
Ressalte-se ainda, que estas comunidades, não eram somente constituídas de
Gentios, mas também de inúmeros judeus, que adentravam na “boa nova” do reino
de Deus, que se interessavam pelas palavras de Jesus mas não necessariamente
pelo conteúdo total das Leis de Moisés. Aconteceu naquele período do primeiro
século, nas novas igrejas, o nascimento de uma nova forma da mensagem de Jesus
chegar às pessoas, o que chamaríamos de “cristianismo de Paulo”, onde uma parte
do helenismo remanescente do período clássico, junto com algumas tradições
jerosolomitanas e somados ao personalismo indiscutível de Paulo foram tomando
conta do mundo gentio e judaico (além de outros) daquela época.
Enquanto Paulo fazia sua peregrinação pelas cidades gregas, muitos
supunham que Pedro que havia desaparecido de Jerusalém, se encontrava em
Roma desde 44 d.C. (em virtude da perseguição por Heródes Agripa), ficando lá até
67 d.C. Neste período foi auxiliado por Lino e ali escreveu duas Epístolas.
Estas informações são contestadas por aqueles que desacreditam que Pedro
foi o bispo de Roma já que sabemos por Irineu, um dos mais importantes bispos do
Catolicismo atual (e porque não dizer do próprio cristianismo) que a realidade pode
não ser bem esta.
Irineu deixou entre outros registros históricos, uma descrição de uma linha
genealógica, em sua Oração Eucarística constando ali todos os bispos de Roma até o
vigésimo e afirmou nela que Lino teria sido o primeiro e não Pedro. Supostamente a
razão de Pedro ter viajado à Roma era pelo fato de haver uma tentativa sua de
reorganizar o cristianismo jerosolomitano da comunidade judaico-romana,
evangelizada e dominada pela influência de Paulo. Porém não existem referências
históricas de quando isto teria realmente ocorrido, visto que em Atos dos Apóstolos
12:17, após sua prisão e miraculosa libertação da prisão de Heródes Agripa, Pedro
não é mais mencionado e muitas vezes até, sendo substituído por Paulo no
destaque principal de muitos acontecimentos.
Além disso, Paulo escreveu no ano 58 a famosa Carta aos Romanos, na qual
saudava famílias inteiras mencionando especificamente 29 pessoas e nenhuma
delas era Pedro. Porque omitiria então o nome de Pedro senão pelo fato dele não
estar lá? Fato este que entre outras controvérsias, alega-se que as referidas
Epístolas atribuídas a ele, na realidade foram então escritas pelo apóstolo Silvano,
que era seguidor de Paulo.
Até hoje se questiona se é verdadeira a afirmação de que Pedro viveu 25 anos
em Roma. Em termos de provas documentais isto inexiste.
Pode-se, no entanto, afirmar, a sua permanência naquela cidade por no
máximo quatro anos até a sua morte.
Conclusões
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Os judeus estiveram em guerra e foram escravizados em diversos períodos da sua história. Fosse pelos
Egípcios, Babilônicos ou mesmo com relação aos Romanos eram considerados como um povo problemático
ainda que esta visão, deva ser vista como unilateral por parte daqueles dominadores. De fato foram vistos por
aqueles, como um povo sem cultura, toscos, fanáticos, indisciplinados e por vezes pretensiosos quando aludiam
ao Deus único – cultuado pelos judeus - como o maior e mais poderoso de todos, isto sem contar que se
autodenominavam “escolhidos por Ele”. N.A.
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Vide Allan Kardec, “o Evangelho segundo o espiritismo”.
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Vide Mário Sassi, “2000 conjunção de dois planos” e “Sob os olhos da Clarividente” e ainda no “limiar do
3O milênio”.
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- AQUINO, São Thomaz, Comentários sobre a Epístola aos Filipenses,
http://www.accio.com.br/Nazare/1946/tom-paul.htm.
- A vida do Apóstolo Paulo de Tarso – artigo publicado
http://www.espiritismo.org/paulode.htm
- DAVIS, John, Dicionário Bíblico, http://www.novavoz.org.br/paulo.htm
- KARDEC, Allan. - O Evangelho Segundo o Espiritismo – ED. FEB.
- MORAIS, Vamberto, O mistério de Jesus, Ibrasa, São Paulo. 1990
- RUBIN Y., O toque Grego,
http://www.chabad.org.br/datas/chanuca/cha016.html
- XAVIER, Chico Paulo e Estevão", psicografia de, editora Feb.
- WEBSTER, William, O Cânon judaico e os apócrifos, http://www.cacp.org.br/cat-
canon-judeu.htm
- WELLS C.R.P. Um Extraterrestre na Galiléia, ED. Madras, São Paulo. 1999
- O Evangelho segundo Lucas.