Você está na página 1de 11

RELATÓRIO TÉCNICO – ATERRAMENTOS ELÉTRICOS

DESENVOLVIMENTO DE ANÁLISE DE SENSIBILIDADE


COM A APROXIMAÇÃO POTENCIAL CONSTANTE:
SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL

LRC – LIGHTNING RESEARCH CENTER

MATHEUS DO VALE ARAÚJO

29/03/2023
1 – INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

O presente relatório técnico visa apresentar os resultados obtidos para diversas


simulações de análise de componentes do sistema de aterramento. Avaliações de
topologias básicas, de modo a estabelecer um conhecimento base, para que seja
possível um aprofundamento futuro.

Para estas análises, tem-se como objetivo principal o cálculo simulado das
resistências de aterramento para cada topologia. Em todas elas, realizando variações
de alguns parâmetros utilizados e, com isso, avaliando a alteração do valor desta
resistência e concluindo posteriormente os melhores cenários de instalação, em
métodos que disponham de uma quantidade razoável de elementos e com um valor de
resistência baixo o suficiente para garantir a segurança das pessoas ao redor do local.

2 – MATERIAIS E MÉTODOS

Para todas as análises realizadas, foi utilizado o software LRC: Programa para
Cálculo de Aterramentos Elétricos, que representa numericamente e visualmente
(quando necessário), as características do sistema de aterramento proposto.

3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como parâmetros de análise didática e válidos para um contato inicial, fixou-se


como parâmetros fixos:

Raio = 0,75cm

Resistividade do Solo = 1000 Ω. 𝑚

Os parâmetros restantes, tais como comprimento, quantidade de hastes,


orientação, raio (em alguns dos casos, quando citado) e quantidade de segmentos
variarão de acordo com a análise.

3.1 – ANÁLISE DE SEGMENTOS

Esta primeira análise busca avaliar o efeito do aumento da quantidade de


segmentos sobre a resistência de aterramento. Mantendo o raio inicial, profundidade
das hastes de 2,5m e partindo do nível do solo, com uma variação na quantidade de
segmentos em 2, 5, 10 e 20. O resultado gráfico pode ser analisado pela figura 1 abaixo.
Figura 1-Análise do efeito da segmentação na resistência de aterramento

Como é possível perceber, neste caso, aumentando-se a partir de 5 segmentos,


a resistência de aterramento também progrediu, de maneira linear. Desta forma, para
grande parte das análises a seguir, serão utilizados 5 segmentos.

3.2 – ANÁLISE DA SEGMENTAÇÃO PARA O ELETRODO HORIZONTAL

A segunda análise é razoavelmente semelhante a primeira, porém, utilizando um


eletrodo horizontal, com profundidade de 0,5m e um comprimento de 10m. As análises
foram realizadas com as mesmas quantidades de segmentos.

Figura 2- Análise do efeito da segmentação em eletrodos horizontais

Para este caso, verifica-se que houve um comportamento diferente do anterior,


porém, para quantidades de segmentos além de 5, houve uma redução pequena na
resistência de aterramento.
3.3 – ANÁLISE DA VARIAÇÃO NO COMPRIMENTO DO ELETRODO

Este caso aborda a variação do comprimento do eletrodo, invertendo o que foi


realizado na análise 3.2. Desta vez, fixando uma quantidade de 5 segmentos para a
variação do comprimento do eletrodo horizontal em 1, 2, 4, 6, 8, 10 e 20 metros, todos
a uma profundidade de 0,4m.

Figura 3- Análise do efeito da variação do comprimento na resistência de aterramento

Para esta análise, observa-se um comportamento razoavelmente exponencial e,


além disso, observando que, para o comprimento superior a 10 metros, a variação da
resistência de aterramento se torna cada vez menor.

3.4 – ANÁLISE DA VARIAÇÃO DA PROFUNDIDADE

Como nos dois casos anteriores utilizou-se a mesma profundidade, este é


responsável por analisar o efeito da variação da profundidade. Para esta análise, o solo
é homogêneo em toda a sua profundidade. Serão considerados dois casos, com
eletrodos com cinco e dez metros de comprimento, respectivamente, com cinco
segmentos cada.
Figura 4- Análise do efeito da variação da profundidade de instalação do eletrodo

Observa-se que o comportamento gráfico para ambos os comprimentos é


semelhante, apesar da vantagem do eletrodo de 10 metros em relação do de 5 metros,
já constatado na análise anterior.

3.5 – ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DA HASTE

Em todas as análises anteriores, variou-se apenas um parâmetro por vez. Esta,


por sua vez, alterna o comprimento da haste com suas quantidades.

Figura 5-Análise do efeito da variação simultânea de comprimento e quantidade de hastes

Através de uma análise qualitativa entre este modelo e da análise 3.3, que são
razoavelmente semelhantes, observa-se que a figura 3 apresentou resultados com
resistências de aterramento maiores.
3.6 – ANÁLISE DO RAIO DO ELETRODO

Esta análise será a única onde o raio do eletrodo não seguirá o que foi dito no
início deste tópico. Para tal, serão mantidos comprimento em 10 metros e profundidade
em 0,5 metros.

Figura 6 - Análise do efeito da variação do raio do eletrodo na resistência de aterramento

Os resultados apontam que o aumento do raio pode beneficiar também na


redução da resistência de aterramento, porém, este valor deve ser escolhido de modo
a não construir um projeto oneroso.

3.7 – ANÁLISE DE PARALELISMO

Para a análise do efeito de diversas hastes atuando simultaneamente,


considera-se que há, além da resistência própria entre cada uma, uma resistência mútua
entre cada haste e as respectivas ao seu redor. Para este caso, também serão
analisados e calculados os valores de resistências mútuas para pares de hastes quando
N=5.
Figura 7 - Análise do efeito do paralelismo na resistência de aterramento

É notável o efeito do acréscimo na quantidade de hastes sobre a resistência de


aterramento, porém, como é possível perceber pela figura 7, a partir de 4 hastes a
redução não se torna menos considerável.

3.8 – ANÁLISE DO EFEITO MÚTUO ENTRE DUAS HASTES

Quando há um par de hastes posicionados em distâncias onde seus campos


eletromagnéticos sejam suficientemente fortes ao ponto de haver uma reação intrínseca
entre eles, há uma resistência mútua. Esta propriedade é dependente da distância entre
elas, além de outras características e, para esta análise, posicionadas duas hastes e,
com o aumento da distância entre elas, avaliado o efeito mútuo.

Figura 8 - Análise da mutualidade de eletrodos na resistência de aterramento


É possível concluir que, para este modelo, os valores acima de 10 metros de
espaçamento não trazem resultados de redução no valor da resistência de aterramento
tão expressivos.

3.9 – ANÁLISE DO EFEITO MÚTUO ENTRE DIVERSAS HASTES

Este caso é análogo ao anterior, porém, utilizando-se de 3 e 5 hastes para avaliar


se, com o aumento da distância entre elas, o que ocorre com o valor da resistência de
aterramento.

Figura 9 - Análise da mutualidade entre diversos eletrodos

Assim como na figura 4, esta análise apresentou comportamento parecido para


os modelos, com vantagem para a utilização de 5 hastes. Observa-se que, para a
análise da figura 8, a resistência de aterramento n decresceu do nível de 200Ω para um
distanciamento acima de 20 metros. Para a análise com 3 e 5 hastes, mesmo o pior
caso já apresentou um valor de aproximadamente 160Ω.

3.10 – ANÁLISE DE MALHA: VARIAÇÃO DO PERÍMETRO

As malhas de aterramento são características construtivas mais próximas da


realidade e são o que geralmente ocorrem. Podem ser planejadas de diferentes
maneiras, mas compreendem um sistema interligado de aterramento de modo a reduzir
as tensões de passo e toque aos quais os seres vivos podem ser afetados. A análise de
malha inicial compreende apenas um quadrado, sem reticulados, com variações em seu
perímetro e uma profundidade de 0,5 metros.
Figura 10 - Análise do efeito da variação do perímetro da malha de aterramento

Apesar da variação razoavelmente linear apresentada pela figura 10, para o


perímetro de 120 metros há um valor aceitável.

Além da análise da resistência de isolamento, outro parâmetro relevante para as


análises das malhas de aterramento são as distribuições de potencial, avaliando, para
uma determinada corrente suposta (como uma descarga atmosférica), qual o potencial
na seção preenchida pela malha. As figuras 11 e 12 abaixo demonstram a reta de
potencial para os perímetros de 120 e 160 metros. Ambos os resultados coletados foram
obtidos através do software de simulação citado no início deste relatório.

Figura 11 - Distribuição de potenciais para perímetro de 120 metros


Figura 12- Distribuição de potenciais para perímetro de 160 metros

3.11 – ANÁLISE DE MALHA: VARIAÇÃO DE RETICULADOS

Para malhas que possuem reticulados, as análises vão em busca de calcular os


valores de resistência de aterramento para o aumento desse número em detrimento de
um perímetro constante, situação que é palpável para os projetos de aterramentos.

Figura 13 - Análise do efeito da variação da quantidade de reticulados na resistência de aterramento

Neste caso, por alguma intercorrência do software, não foi possível calcular a
resistência para o valor de 64 reticulados. Porém, para os valores de 26,92Ω para 4
reticulados e 24,15Ω para 16 reticulados, conclui-se que são valores que se aproximam
mais do recomendável.
4 – CONCLUSÃO

Através das simulações computacionais, foi possível perceber diversos


comportamentos em topologias de instalações de hastes e eletrodos de aterramento.
Variações em comprimento, largura, raio, quantidade, avaliação do efeito mútuo,
chegando até a análise de malhas trazem uma perspectiva interessante para uma
correta compreensão de como atua e como é formado o sistema de aterramento elétrico.

Você também pode gostar