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Discussões sobre a terceirização no setor elétrico

Matheus do Vale Araújo 150900024


Gabriel Henrique Vasconcelos Leite 150900053

A terceirização começou a ser mais notada nos setores trabalhistas brasileiros,


incluindo o elétrico, durante a década de 1990, à medida que as privatizações
também aumentaram, em um contexto de redefinição do modelo salarial. No
setor elétrico, o quadro de trabalhadores foi reduzido praticamente à metade em
um intervalo de uma década. Através dos dados coletados na pesquisa, em
2008, os trabalhadores terceirizados representavam 55% do total.
O aumento da terceirização é uma busca constante das empresas por reduzir o
custo de mão de obra com as tarefas necessárias, uma vez que os trabalhadores
terceirizados têm uma característica marcante do conceito liberal do trabalho
com uma lógica toyotista de auto regulação do mercado, o que confere menores
salários, menos benefícios sociais, piores condições de saúde e segurança e
uma fraca representação perante o Estado.
Com o aumento do número de trabalhadores terceirizados no setor elétrico, ramo
de alto risco e que exige condições de trabalho seguras, considerando ainda as
informações acima, era previsível apontar que o número de acidentes e a taxa
de mortalidade na área aumentaria. Porém, existe uma dificuldade de
enquadramento dos trabalhadores nos diversos sistemas de seções de trabalho.
Os trabalhadores que atuam no ramo elétrico são agrupados na seção D -
eletricidade e gás, e no grupo 35.1, geração, transmissão e distribuição. Porém,
quando uma empresa elétrica contrata outra empresa para desempenhar
alguma função, estas não são enquadradas da mesma forma, podendo se
encaixar em qualquer outra seção e grupo, gerando um subdimensionamento
dos acidentes fatais ocorridos no setor elétrico.
O relatório de 2008 da fundação Coge, cita que "os serviços terceirizados têm
influência marcante nas taxas de acidentes do Setor Elétrico Brasileiro,
especialmente na taxa de gravidade (...)". Com os dados da taxa de mortalidade
é possível comparar os números subdividindo os trabalhadores em próprios e
terceirizados, e assim ter uma noção mais ampla da influência dos trabalhadores
terceirizados nas mortes no trabalho com eletricidade no Brasil. No período de
2006 a 2008, a taxa de mortalidade entre os trabalhadores terceirizados se
manteve cerca de quatro vezes superior à taxa entre trabalhadores próprios, o
que é um número preocupante e que deveria retomar a discussão sobre a
utilização excessiva de trabalhadores terceirizados no Brasil, uma vez que,
independentemente do lucro, a manutenção da qualidade de vida e de trabalho
deveria sempre ser mais importante.

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