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PROJETO DE PESQUISA
1. Título:
Análise experimental da redução de vibrações em lajes steel deck usando material
viscoelástico.
2. Introdução:
Ensaios experimentais são utilizados, não apenas, para caracterização das propriedades
físicas e mecânicas de materiais, como também no estudo do comportamento de
equipamentos e estruturas, e, ainda, na calibração de equipamentos e softwares. Desta forma,
exigem o uso de sistema de aquisição de dados e, de certa forma, sensores para captar o sinal
desejado. Os sistemas ensaiados podem ser modelos reduzidos ou protótipo, estes em escada
real.
Com relação aos materiais viscoelásticos (MVE), objeto deste projeto de pesquisa, ganha
destaque o experimento realizado por BATTISTA (2000), quando da aplicação de uma fina
camada de MVE, confinada entre o concreto da pista de rolamento e a chapa de topo, em um
protótipo de parte do tabuleiro da ponte Rio-Niterói, cujos resultados foram favoráveis quanto à
redução de vibrações (Figura 1). Souza (2015) verificou a efetividade de um material
viscoelástico por meio da aplicação do método determinado pela ASTM E-756.
Existem alguns tipos de materiais viscoelásticos catalogados pela literatura que podem ser
usados para redução de controle de vibrações. No entanto, existem materiais alternativos
(mantas de impermeabilização), disponíveis no mercado, que podem produzir efeitos
semelhantes. Neste sentido, as mantas líquidas podem constituir um material dissipador de
energia quando aplicado no formato sanduíche à laje.
Desta forma, este estudo apresenta os resultados iniciais de ensaios de vigas com e sem a
aplicação de um tipo de manta líquida como MVE, como forma de avaliar o seu desempenho
como sistema de amortecimento, avaliando, por conseguinte, sua aplicabilidade no protótipo
proposto neste projeto de pesquisa. Vale ressaltar que, devido à falta de recurso e de
equipamentos adequados, o ensaio proposto pela ASTM E-756 (2005) não pode ser realizado.
No entanto, ensaios semelhantes foram realizados com o intuito de gerar resultados
qualitativos ao material aplicado.
3. Análise Experimental
O ensaio proposto pela ASTM E-756 visa caracterizar o material viscoelástico por meio do fator
de perda e módulos de elasticidade longitudinal e transversal, além da determinação da taxa
de amortecimento fornecida ao sistema estrutural. Para isso, a referida norma indica o uso de
quatro tipos básicos de vigas (Figura 2).
A norma ASTM E-756 (2005) recomenda que a viga possua largura de 10 a 20mm,
comprimento livre de 180 a 250mm, e espessura de 1 a 3mm. A base inercial do engaste de
apoio deve ter comprimento de 25 a 40mm, com mesma largura da viga. O material da viga
pode ser o aço ou o alumínio. De acordo com Souza (2015), o material viscoelástico deve ser
aplicado conforme recomendação do fabricante, mas, eventualmente, pode ser colado ao
material da viga por material com módulo de elasticidade aproximadamente dez vezes maior
que o MVE.
Figura 2 – Configurações de vigas para ensaios com MVE.
Como informado anteriormente, foi realizado uma adaptação do ensaio proposto pela ASTM E-
756 (2005) para análise do comportamento de materiais viscoelásticos. Com efeito, sua
efetividade será avaliada por meio da taxa de amortecimento obtida dos sinais temporais de
aceleração.
Para o experimento, foram utilizados dois tipos de vigas, a saber: a homogênea simples,
formada por uma peça de seção maciça; e a sanduíche, formada por duas peças simples com
material viscoelástico entre elas (ver Figura 2). Adicionalmente foi utilizada uma viga
homogênea dupla, formada por duas peças simples, mas sem MVE, cujo intuito foi avaliar a
efetividade do material de amortecimento frente à estrutura de espessura parecida.
A viga sanduíche foi composta por duas vigas simples separadas pelo material viscoelástico.
Tal material corresponde a uma manta líquida (Figura 5), disponível no mercado. De acordo
com o fabricante (BT, 2019), trata-se de um impermeabilizante elastomérico para lajes à base
de resina acrílica que, quando curado, forma uma membrana elástica. Ainda na embalagem,
sua consistência é pastosa, quase gelatinosa, e já vem pronta para uso.
Figura 4 – Viga homogênea dupla.
Antes da aplicação do MVE, procedeu-se à abrasão (para aumentar o atrito) da viga com
escova de aço (Figura 6), com posterior limpeza para eliminar as impurezas. A aplicação da
manta foi realizada conforme recomendação do fabricante, por meio de “pintura” com rolo
(Figura 7). Após a secagem, a segunda demão foi aplicada e, em seguida, unida as duas
partes, configurando a viga sanduíche. O confinamento do material retarda, consideravelmente,
o seu processo de cura, estimado em 2 horas pelo fabricante. A Figura 8 apresenta a viga
sanduíche.
𝟏
𝝃=
𝟐
𝟐𝝅𝒏
𝟏+
𝜹
𝒍𝒏 𝟏
𝜹𝒏
𝒏
𝒇=
𝒕 𝒇 − 𝒕𝒊
1
n
15
10
Aceleração (m/s²)
0
150 151 152 153 154 155
-5
-10
-15
Tempo (s)
15
10
Aceleração (m/s²)
0
10 11 12 13 14 15
-5
-10
-15
Tempo (s)
O histograma de aceleração da viga sanduíche é mostrado na Figura 12, do qual foram obtidas
uma taxa de amortecimento de cerca de 4,0% e uma frequência fundamental de 7,5Hz.
Percebe-se, por meio da Figura 13, uma estabilização da oscilação da viga mais rápida que a
viga homogênea dupla, mesmo com uma frequência bem abaixo dela, inferindo uma
efetividade do material no amortecimento do movimento oscilatório. Quando comparada com a
viga homogênea simples (Figura 14), cujas frequências são próximas, a viga sanduíche
apresenta uma estabilização da oscilação bem mais rápida.
15
10
Aceleração (m/s²)
0
10 11 12 13 14 15
-5
-10
-15
Tempo (s)
15
10
Aceleração (m/s²)
0
10 11 12 13 14 15
-5
-10
-15
Tempo (s)
15
10
Aceleração (m/s²)
0
0 1 2 3 4 5
-5
-10
-15
Tempo (s)
Para a sua aplicabilidade em protótipo de laje steel deck, é interessante verificar a efetividade
do material viscoelástico em outros tipos de carga, tal como sinal aleatório (“ruído branco”).
Além disso, questões de cura e aplicação podem ser melhor estudadas em modelos reduzidos
ou em pequenos blocos do protótipo.
6. Referências Bibliográficas