07/11/2018

AMBIENTE, ALTERAÇÕES GLOBAIS E IMPACTOS LOCAIS

Curso de Preparação para a Admissão ao Centro de Estudos Judiciários (CEJ)

Carlos Medeiros
medeiros@fe.up.pt
Carlos Medeiros

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Perante as situações muitas vezes a nossa posição é muitas vezes de:

Da apresentação: “Não consigo ver o mar a subir e o Outono a cair” -

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Alterações globais
são as mudanças que se dão à escala planetária na Terra que
resultam da evolução do sistema terrestre e das interações e
processos físicos, químicos e biológicos nos seus subsistemas,
incluindo a litosfera, a hidrosfera, a criosfera, a atmosfera e a
biosfera.

Especialmente durante os séculos 19 e 20, com a massificação

da produção e o crescimento demográfico, as sociedades
humanas, com as suas atividades, têm provocado alterações
significativas no ambiente, as quais assumem um carácter
global, devido à sua natureza, intensidade e amplitude de
distribuição geográfica. Carlos Medeiros

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As alterações globais podem ter origem natural ou antropogénica.

Na abordagem integrada da problemática das alterações globais, é

necessário considerar a dimensão humana dessas alterações, ou seja, as
transformações que se dão ao longo do tempo nas sociedades humanas,
especialmente à escala global.

Transformações, cada vez mais importantes devido à globalização

crescente, constituindo em grande parte a origem da componente
antropogénica das alterações globais.

Neste contexto, importante analisar especialmente a evolução cultural que

conduziu à globalização, entendida como um processo de expansão e
intensificação das interações e ligações sociais, económicas, políticas,
científicas, tecnológicas, culturais e religiosas à escala mundial.
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As ideias de:

1. População global;
2. Saúde global;
3. Economia global;
4. Segurança alimentar ;
5. Escassez de recursos naturais renováveis e não renováveis à escala
global;
6. Fontes primárias globais de energia;
7. Consumo global de energia;
8. Mobilidade global;
9. Sistemas de comunicação e informação à escala global, em especial a
Internet e as redes sociais.

Estas traduzem hoje, cada vez mais, uma realidade importante para todos, quer a
nível global, quer a nível local para as respetivas populações
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Será ainda de distinguir entre:

Alterações globais sistémicas - que se manifestam diretamente à

escala do sistema terrestre (mudanças climáticas, redução da
concentração do ozono, etc.)

Alterações globais cumulativas - apenas se manifestam à escala

local ou regional, mas ao serem generalizadas adquirem expressão
global. Podem, estas, surgir de forma indistinta e significativa por todo
o planeta ou ter uma intensidade de tal modo elevada, que geram
uma questão de âmbito global (escassez de água, a degradação e
destruição da diversidade de ecossistemas, tais como as florestas
tropicais húmidas e os recifes de corais, a desflorestação, etc)
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Alterações e Impactos sobre o Ambiente
População
Não para de crescer.
Decresce nos países desenvolvidos,
cresce nos países em desenvolvimento
Mas a população total continua a crescer.

Recursos Naturais e Impactos

Ambiente
Temos, muitas vezes, pouco conhecimento
Limitados. sobre as reais consequências que as
Utilizados muitas das diferentes atividades que desenvolvemos
vezes indiscriminadamente produzem no ambiente.
e como fonte inesgotável. Assim, mais que a prevenção justifica-se a
precaução
A interdependência e a interação da ação humana provocando impactos sobre os Recursos Naturais
e Ambiente exigem um postura de completa análise de cada actividade e das suas consequências

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Assim,
desde os anos 50 no séc. 20 até à crise de 2008-2009 registou-se um crescimento muito
pronunciado:
1. Da população humana;
2. Da atividade económica;
3. Da produção e do consumo;
4. Do uso de recursos renováveis e não-renováveis;
5. Do transporte;
6. Dos fluxos de comunicação e informação;
7. Do conhecimento científico e
8. Das aplicações tecnológicas.
Hibbard e outros (2007 - https://agupubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1029/2007EO200002),
designa este período como “A Grande Aceleração”
A população humana aumentou 10 vezes nos últimos 3 séculos, sendo de 4 o aumento no séc. 20.
Consequentemente a área urbana também cresceu 10 vezes no séc. 20, sendo que atualmente
cerca de metade da população mundial habitaCarlos
emMedeiros
cidades.

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A população humana aumentou 10 vezes nos últimos 3 séculos, dos quais 4

vezes só no séc. 20.

Consequentemente a área urbana também cresceu 10 vezes no séc. 20, sendo

que atualmente cerca de metade da população mundial habita em cidades.

Também, no séc. 20 a produção industrial cresceu 40 vezes e a utilização de

energia 16;

Por outro lado, 50% da superfície terrestre está modificada pela ação humana;

No séc. 20 o consumo de água aumentou 9 vezes, sendo o consumo anual de

800 m3 por ano e por pessoa, repartidos em 65% para a agricultura; 25% para a
indústria e apenas 10% para consumo doméstico.
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Inicia-se uma época nova que podemos designar por Antropocénica,
Nesta as atividades humanas passam a exercer uma ingerência significativa
sobre os sistemas à escala global, criando um quadro de insustentabilidade

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Uma nova posição terá de ser adotada para controlar os efeitos
negativos que resultam do quadro de insustentabilidade para que
progressivamente se caminha.

Esta nova posição terá de considerar que:

1. Os quatro desafios (vértices) ou fatores de insustentabilidade

estão fortemente interligados e são interdependentes

2. Não é possível atingir o desenvolvimento (sustentável) sem

procurar resolver os quatro desafios de forma integrada e
simultânea, quer a nível global, quer a nível local
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A situação de fraco crescimento, de estagnação ou de crise económica poderá ser
manifestação da insustentabilidade do atual sistema a nível global.

Os recursos naturais são cada vez mais escassos, mas com uma procura crescente,
o que os torna mais caros e desacelerando a economia.

Como consequência verifica-se a subida dos preços das “commodities” e a

dificuldade de acesso ao crédito desaceleram o crescimento económico, o qual se
torna cada vez mais difícil e problemático.

Neste sentido:
Gerou-se no mundo atual uma profunda dicotomia:
1. Por um lado, temos o conjunto dos países desenvolvidos com uma idade
média crescente.
2. Por outro lado, países em desenvolvimento com uma forte dinâmica de
crescimento demográfico
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Associado aos aspetos económicos verifica-se, a nível global, da existência de um conjunto
de (grandes) preocupações ambientais:

• O aumento do efeito de estufa;

• O aquecimento global;

• O degelo do Ártico e da Antárctica;

• A desflorestação das florestas, em especial das tropicais;

•A destruição da camada de ozono;

• As chuvas ácidas;

• O clima urbano, com um correspondente aumento da temperatura;

• Os resíduos perigosos;

• A escassez de água;

•Doenças resultantes da urbanização (ex. Carlos

Stress, depressão, etc)
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Relativamente a algumas das alterações globais enunciadas apontam-

se consequências, com impactos a nível regional e local:

Aquecimento global
O aumento da temperatura é a expressão mais óbvia do aquecimento global.
Assim, a temperatura aumentou cerca de 5º C nos últimos milhares de anos,
prevendo-se que aumente ainda mais 3º C nos próximos 100 anos.

Quais as consequências:
• Avanço dos desertos (desertificação);
• Subida do nível médio da água do mar;
• Diminuição das calotes polares;
• Modificações em termos agrícolas (introdução de novas espécies vegetais);
• Alargamento da área afetada pelasCarlos
doenças
Medeiros tropicais.

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Desflorestação das florestas

A destruição das florestas assume um carácter de enorme atentado ambiental,

pois as suas consequências atingem gravemente o ecossistema.

Causas do processo de desflorestação:

• A agricultura de queimada e o derrube de árvores das florestas tropicais;
• A atividade pecuária intensiva e o pastoreio;
• A atividade mineira;
• A extração de madeiras e a construção de infraestruturas.

Consequências da desflorestação:
• Redução considerável de oxigénio (O) e de dióxido de carbono(CO2);
• Diminuição da biodiversidade;
• Aumento da erosão dos solos;
• Aumento da desertificação;
• Alterações climáticas ao nível global;
• Põe em risco a vida dos povos que habitam as florestas.
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Chuvas ácidas

As chuvas ácidas formam-se pela combinação do dióxido de enxofre com o vapor de água
existente na atmosfera.

Causas:
• Poluição atmosférica;
• Indústrias e transportes;
• Emissões de enxofre;
• Queima de petróleo e carvão.

Consequências:
• Contaminação dos recursos hídricos;
• Contaminação dos ecossistemas terrestres;
• Desflorestação;
• Erosão dos solos;
• Erosão de edifícios urbanos;
• Provoca doenças do foro respiratório.
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Clima urbano
O clima urbano caracteriza-se pela ocorrência de temperaturas mais elevadas nas cidades em relação às áreas
envolventes (campo).
Causas:
• Aumento da população urbana;
• Concentração de atividades humanas nas cidades;
•Aumento dos veículos em meio urbano
Consequências:
• Aumento da poluição atmosférica;
•Aumento da poluição sonora (ruído);
•Aumento da produção de resíduos;
• Diminuição da qualidade de vida da população;
• Aumento de doenças respiratórias;
• Aumento das situações de smog.
SMOG: Mistura de nevoeiro e fumos poluentes. (Smoke + Fog = Smog). As consequências do smog assumem maior
gravidade numa situação de inversão térmica, em que a temperatura do ar junto ao solo é inferior à que se regista em
altitude. Nestes casos, o ar não ascende e provoca a concentração
Carlos Medeiros dos fumos junto à superfície terrestre.

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Portugal

O processo de ocupação do solo sofreu uma acelerada alteração, quer em meio urbano, quer em
meio rural.

Em apenas 40 anos passou-se do rural ao urbano, de interior ao litoral e, mais ainda, de litoral às
grandes periferias urbano-litorais

A partir de então, o contraste acentuou-se e generalizou-se por todo o país.

O crescimento da população urbana a ritmo acelerado e diminuição da população rural, levou a

transferência da população rural para o meio urbano.

Transitou-se de um padrão de vida apoiado na produção agrícola auto-suficiente para outro,

baseado na indústria, no comércio e, sobretudo, nos serviços.
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Como exemplo, em estudo relativamente à Ilha Terceira (Açores) os impactos verificados são os que se apresentam:

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Algumas Reflexões e/ou Soluções

São vários os processos a que se deve recorrer para proceder à conservação do ambiente, quer
a nível global, quer a nível local evitando e/ou controlando os impactos negativos que da
descuidada utilização do mesmo pode resultar:

• Gerir de forma adequada os recursos, por forma a evitar o seu exaustão;

• Reduzir os níveis de poluição que contribuem para alteração da qualidade dos recursos;

• Definir áreas de reservas e de parques naturais, onde as espécies, sobretudo as mais

ameaçadas, possam manter-se e desenvolver adequadamente o seu habitat;

• Criar normas (legislação nacional e internacional), que orientem e conduza a um efetivo

ordenação do território local, regional, nacional e internacional;

• Definir estratégias globais que vinculem a maioria dos Estados e populações, por
exemplo, pela realização de cimeiras internacionais (regionais e/ou globais)

Só assim será possível uma justiça socioambiental entre Estados, Povos e Gerações
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Em jeito de conclusão, perante as alterações globais/locais, a nossa posição deve ser:

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Na análise a efetuar devem sobretudo ter em consideração que:

Desenvolvimento só será aquele que se mostre

capaz de garantir as necessidades da geração
atual, sem comprometer a capacidade de garantir
as necessidades das futuras gerações.

Será então um desenvolvimento sustentável

porque não esgotará hoje os recursos necessários
para o futuro.

Fonte: Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - Nações Unidas

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“Nós precisamos ser a mudança que

queremos ver no mundo.”

Mahatma Gandhi

OBRIGADO Carlos Medeiros

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