Você está na página 1de 102

Aterro de Resíduos Não Perigosos

Projeto de Instalação

Memória Descritiva
ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Índice

Aterro de Resíduos Não Perigosos

Projeto de Instalação

Memória Descritiva

ÍNDICE GERAL

PEÇAS ESCRITAS

Volume I – Memória Descritiva


Volume II - Dimensionamentos

PEÇAS DESENHADAS

Volume III – Desenhos

1-1

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Índice

ÍNDICE DE PORMENOR

Pág.

1.INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1
1.1. Finalidade da Pretensão ......................................................................................... 1
1.2. Enquadramento Legal ............................................................................................ 1
1.3. Apresentação da Empresa ..................................................................................... 2
1.4. Identificação da Empresa/Instalações .................................................................... 3
1.5. Técnico Responsável pelas Operações ................................................................. 4
2.DEPOSIÇÃO DE RESÍDUOS....................................................................................... 6
2.1. Bases de Dimensionamento e Plano de Intervenção ............................................. 6
2.2. Conceção/Modelação do Aterro ............................................................................. 7
3.CONCEÇÃO DO ATERRO........................................................................................... 8
3.1. Conceção Global .................................................................................................... 8
3.2. Plano de Intervenção no Terreno ........................................................................... 8
3.3. Preparação do Terreno........................................................................................... 9
3.4. Resumo ................................................................................................................ 10
4.CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS, GEOTÉCNICAS E HIDROGEOLÓGICAS DO
LOCAL ........................................................................................................................... 14
4.1. Caracterização Geológica e Geotécnica .............................................................. 14
4.1.1. Enquadramento Regional ...................................................................................................... 14
4.1.2. Zona de Intervenção .............................................................................................................. 14
4.1.3. Reconhecimento Geológico e Geotécnico ............................................................................ 15
4.2. Caracterização Hidrogeológica............................................................................. 17
4.2.1. Enquadramento Regional ...................................................................................................... 17
4.2.2. Zona de Intervenção .............................................................................................................. 18
4.3. Síntese da Caracterização Geológica, Geotécnica e Hidrogeológica do Local .... 20
5.SISTEMA DE IMPERMEABILIZAÇÃO DO ATERRO ................................................. 21
5.1. Sistema de Impermeabilização ............................................................................. 21
6.SISTEMAS DE DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS E LIXIVIADOS ......................... 24
6.1. Sistema de Drenagem e Captação/Elevação Lixiviados ...................................... 24
6.2. Sistema de Drenagem de Águas Pluviais............................................................. 25
7.DRENAGEM E TRATAMENTO DE BIOGÁS ............................................................. 27
7.1. Sistema de Controlo e Drenagem do Biogás........................................................ 27
7.2. Valorização Energética do Biogás ........................................................................ 28
7.2.1. Descrição do equipamento .................................................................................................... 29
7.2.2. Ciclo de Tratamento .............................................................................................................. 30
7.2.3. Sistema de Produção de Energia Eléctrica ........................................................................... 32
7.2.4. Tocha ..................................................................................................................................... 33
7.3. Modo de Funcionamento do Equipamento ........................................................... 33
7.4. Recuperação dos Resíduos ................................................................................. 34
8.PLANO DE EXPLORAÇÃO DO ATERRO.................................................................. 35

1-2

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Índice

8.1. Sequência de Enchimento .................................................................................... 35


8.1.1. Conceção geral ...................................................................................................................... 35
8.1.2. Modelação do Enchimento .................................................................................................... 35
8.2. Funcionamento do Aterro ..................................................................................... 36
8.2.1. Organização da Frente de Trabalho ...................................................................................... 36
8.2.2. Método Operatório de Deposição dos Resíduos................................................................... 37
8.2.3. Acesso à Frente de Trabalho ................................................................................................ 37
8.2.4. Sistema de Bombagem de Lixiviados ................................................................................... 37
8.3. Normas e Regras de Exploração .......................................................................... 38
8.4. Equipamento de Exploração................................................................................. 39
9.INSTALAÇÕES DE APOIO ........................................................................................ 40
9.1. Introdução............................................................................................................. 40
9.2. Oficina .................................................................................................................. 40
9.3. Estrutura Metálica de Cobertura ........................................................................... 40
9.4. Edifício Administrativo .......................................................................................... 41
9.5. Armazenamento de Combustíveis ........................................................................ 43
10.INFRAESTRUTURAS............................................................................................... 44
10.1. Redes de Abastecimento de Água .................................................................... 44
10.1.1. Célula C de Deposição de Resíduos e Plataforma das Instalações de Apoio ...................... 44
10.1.2. Unidade de Valorização de Resíduos/Edifício Administrativo ............................................... 45
10.2. Rede de Águas Residuais Domésticas e Industriais ......................................... 45
10.3. Rede de Águas Pluviais..................................................................................... 45
11.SISTEMA DE TRATAMENTO DAS ÁGUAS RESIDUAIS ........................................ 46
11.1. Características Qualitativas e Quantitativas dos Lixiviados ............................... 46
11.2. Sistema de Tratamento dos Lixiviados .............................................................. 47
12.PROCEDIMENTOS DE CONTROLO E ACEITAÇÃO DE RESÍDUOS .................... 49
12.1. Considerações Introdutórias .............................................................................. 49
12.2. Resíduos Admissíveis em Aterro ....................................................................... 50
12.3. Processo de Admissão de Resíduos em Aterro ................................................ 52
12.3.1. Caracterização Básica ........................................................................................................... 53
12.3.2. Verificação de Conformidade ................................................................................................ 54
12.3.3. Verificação no local ................................................................................................................ 55
13.PROCESSOS DE CONTROLO E MONITORIZAÇÃO ............................................. 56
13.1. Manual de Exploração ....................................................................................... 56
13.2. Relatórios de Atividade ...................................................................................... 56
13.3. Registos............................................................................................................. 57
13.4. Controlo de Assentamentos e Enchimento........................................................ 57
13.5. Controlo dos Lixiviados...................................................................................... 58
13.5.1. Bacias dos Lixiviados ............................................................................................................ 58
13.6. Controlo das Águas Superficiais ........................................................................ 59
13.7. Gases ................................................................................................................ 59
13.7.1. Aterro ..................................................................................................................................... 59
13.7.2. Unidade Valorização Biogás.................................................................................................. 60
13.7.3. Sistema de Despoeiramento ................................................................................................. 60

1-3

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Índice

13.8. Controlo das Águas Subterrâneas ..................................................................... 60


13.9. Controlo das Águas Residuais .......................................................................... 64
14.PLANO DE SEGURANÇA DAS POPULAÇÕES E DOS TRABALHADORES DO
ATERRO........................................................................................................................ 67
14.1. Esquema Base de Segurança das Instalações ................................................. 67
14.2. Riscos e Medidas de Segurança e Controlo...................................................... 67
14.2.1. Riscos de contaminação dos solos e das águas subterrâneas ............................................ 67
14.2.2. Riscos de contaminação das águas superficiais ................................................................... 68
14.2.3. Riscos de incêndio ou explosão ............................................................................................ 68
14.2.4. Outros riscos para a saúde pública ....................................................................................... 69
14.3. Plano de Segurança dos Trabalhadores ........................................................... 69
14.3.1. Nota Introdutória .................................................................................................................... 69
14.3.2. Identificação dos Perigos e Riscos ........................................................................................ 70
14.3.3. Medidas de Prevenção e Proteção ....................................................................................... 72
14.3.4. Socorrismo ............................................................................................................................. 75
14.4. Segurança contra Incêndio ................................................................................ 79
14.4.1. Meios de Intervenção ............................................................................................................ 79
14.4.2. Sinalização............................................................................................................................. 81
14.5. Medidas de Higiene no Trabalho ....................................................................... 81
14.6. Medidas de Saúde no Trabalho ......................................................................... 82
14.6.1. Posto médico ......................................................................................................................... 82
14.7. Refeitório ........................................................................................................... 82
15.COBERTURA FINAL, RECUPERAÇÃO PAISAGÍSTICA E MONITORIZAÇÃO PÓS-
ENCERRAMENTO ........................................................................................................ 83
15.1. Selagem do Aterro ............................................................................................. 83
15.1.1. Impermeabilização ................................................................................................................. 83
15.1.2. Modelação do Aterro ............................................................................................................. 83
15.1.3. Drenagem pluvial ................................................................................................................... 84
15.2. Plano de Integração e Arranjo Paisagístico ....................................................... 84
16.PROCESSOS DE MANUTENÇÃO E CONTROLO APÓS ENCERRAMENTO........ 87
16.1. Condições Gerais .............................................................................................. 87
16.1.1. Relatórios ............................................................................................................................... 88
16.2. Controlo ............................................................................................................. 88
16.2.1. Lixiviados ............................................................................................................................... 88
16.2.2. Águas Superficiais ................................................................................................................. 89
16.2.3. Gases ..................................................................................................................................... 89
16.2.4. Águas Subterrâneas .............................................................................................................. 89
16.2.5. Assentamentos ...................................................................................................................... 90
16.3. Manutenção ....................................................................................................... 90
17.PRÉ-COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS ORGÂNICOS / TRATAMENTO DE SOLOS
92
17.1. Introdução.......................................................................................................... 92
17.2. Plataforma para Compostagem ......................................................................... 92
17.2.1. Armazenagem........................................................................................................................ 93

1-4

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Índice

ÍNDICE DE FIGURAS

Pág.
Figura 1. Localização da instalação ......................................................................................5
Figura 2. Unidade de Valorização de Biogás ....................................................................................28
Figura 3. Estrutura metálica ....................................................................................41
Figura 4. Unidade de valorização de Resíduos/Edifício Administrativo ................................................42
Figura 8. Unidade de Tratamento de Lixiviados ....................................................................................48
Figura 9. Localização dos piezómetros ....................................................................................63
Figura 7. Localização da plataforma de pré-compostagem ..................................................................93

1-5

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Índice

ÍNDICE DE TABELAS

Pág.

Tabela I. Área e capacidade da célula C de deposição de resíduos ......................................................7


Tabela II. Movimentação de terras e terras de cobertura e selagem ....................................................10
Tabela III. Barreira geológica ....................................................................................21
Tabela IV. Balanço Energético ....................................................................................34
Tabela V. Recuperação do Biogás ....................................................................................34
Tabela VI. Características dos lixiviados ....................................................................................46
Tabela VII. Produção de lixiviados, após ampliação .............................................................................47
Tabela VIII. Critérios de admissão para resíduos não perigosos(1) – Valores limites de lixiviação .......50
Tabela IX. Critérios de admissão para resíduos granulares(1) – Valores limites de lixiviação ..............51
Tabela X. Critérios de admissão para resíduos granulares perigosos (1) – Outros valores limite .......52
Tabela XI. Monitorização e Valores Máximos Admissíveis (VMA) da descarga das águas residuais
(Fonte: Licença de Descarga) ....................................................................................64
Tabela XII. Identificação dos Perigos e Riscos – Deposição em Aterro ...............................................71
Tabela XIII. Identificação dos Perigos e Riscos – Análise Laboratorial ................................................71
Tabela XIV. Identificação dos Perigos e Riscos – Manutenção ............................................................72
Tabela XV. Identificação dos Perigos e Riscos – Tratamento de Águas Residuais .............................72
Tabela XVI. Rede de Incêndio ....................................................................................80

1-6

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Índice

1-7

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Introdução

1. INTRODUÇÃO

1.1. Finalidade da Pretensão

O CITRI – Centro Integrado de Tratamento de Resíduos Industriais, S.A., pretende, com o


presente projeto:
a) proceder à ampliação da sua capacidade instalada de deposição de resíduos não
perigosos;
b) alterar a localização da plataforma onde se desenvolve o tratamento de resíduos por
biopilha.

A alteração proposta envolve a ampliação da célula C, e ainda alteração da localização da


plataforma onde se desenvolve a atividade de tratamento de resíduos por “biopilha”.

O CITRI propõe-se a ampliar a capacidade da célula C, cuja volumetria atual é de 1 280 463
m3, para uma volumetria de 1 822 563 m3 correspondente a uma capacidade total para a
deposição de 1876 773 t de resíduos não perigosos. Esta alteração permitirá atribuir à célula
C uma vida útil de mais cerca de 11 anos (incluindo o ano 2019), tendo em conta a receção
média de 100 000 t/ano de resíduos, o que corresponde ao encerramento em 2029.

A presente memória descritiva e justificativa refere-se ao processo de alteração da Licença


Ambiental n.º 714/0.1/2018, e do alvará para exploração do aterro n.º 02/2018 e do alvará de
licença n.º 63/2016 referente à atividade de tratamento de solos e resíduos não perigosos
por “biopilha”.

.
1.2. Enquadramento Legal

Este projeto foi elaborado tendo presente a Lei-Quadro das Emissões Industriais, o Decreto-
lei n.º 127/2013, de 30 de agosto. No âmbito da deposição de resíduos em aterro foram tidos
em conta os requisitos estabelecidos no Decreto-lei n.º 183/2009, de 10 de agosto.

No que respeita à Lista de Resíduos considerou-se a atual lista constante na Decisão da


Comissão n.º 2014/955/EU, de 18 de Dezembro. A classificação de resíduos é realizada
segundo os critérios estabelecidos no Regulamento n.º 1357/2014, de 18 de dezembro.

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Introdução

No domínio do tratamento de resíduos por “biopilha” foi considerado o disposto no Decreto-


lei n.º 73/2011 (Lei Quadro dos Resíduos)

Consideraram-se ainda outros documentos técnicos como as Melhores Técnicas Disponíveis


para o sector vertido no BREF “Waste Treatments Industries”.

No que respeita às instalações de apoio teve-se em conta legislação de âmbito diverso como
seja o RJUE ou no domínio da segurança contra incêndios ou ainda de segurança e saúde
no trabalho.

1.3. Apresentação da Empresa

O CITRI – Centro Integrado de Tratamento de Resíduos Industriais, SA é uma empresa cuja


atividade se insere no sector de Tratamento de Resíduos Industriais, pertencente ao grupo
Blueotter.

O CITRI possui como unidades de tratamento um aterro controlado para deposição e


eliminação de resíduos não perigosos e uma unidade de valorização para armazenagem,
triagem de resíduos não perigosos valorizáveis e preparação de combustível derivado de
resíduos (CDR).

As instalações localizam-se no Parque Industrial Sapec Bay na zona da Mitrena, freguesia


do Sado, em Setúbal. As águas lixiviantes produzidas no aterro são tratadas na Estação de
Tratamento de Águas Lixiviantes (ETAL), instalação para onde são igualmente conduzidos
os efluentes domésticos, após tratamento na Estação de Tratamento de Águas Residuais
(ETAR) Compacta.

O CITRI possui ainda um laboratório de ensaios onde efetua o controlo laboratorial de


resíduos e análises de monitorização ambiental.

Além das instalações acima referidas existem ainda as seguintes instalações auxiliares:

 Portaria
 Báscula
 Unidade de lavagem de rodados
 Área de manutenção (Oficina)
 Área de armazenagem externa

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Introdução

 Instalações Administrativas
 Posto de Transformação (PT)
 Estação Meteorológica
 Central de Incêndio
 Unidade de Valorização de Biogás
 Posto de Abastecimento de Combustível

O aterro encontra-se licenciado, pela CCDR, para o exercício da atividade nos termos do
Decreto-lei n.º 183/2009, de 10 de agosto, sendo detentor do Alvará n.º 02/2018. A atividade
da UVR encontra-se regulada pelo TUA 612 de 2018. O CITRI possui ainda a Licença
Ambiental n.º714/0.1/2018 e a Licença de Utilização n.º 22/09, de 06 de fevereiro, atualizada
a 11 de Julho de 2013 emitida pela Câmara Municipal de Setúbal, ao abrigo do Decreto-lei
n.º 555/99, de 16 de dezembro e subsequentes alterações.

O laboratório de ensaios encontra-se acreditado pelo Instituto Português de Acreditação,


sendo detentor do Certificado de Acreditação n.º L0338.

1.4. Identificação da Empresa/Instalações

Os dados relativos à identificação do CITRI, na qualidade de proprietário da empresa e das


instalações, são a seguir apresentados. Servem igualmente de contactos para o efeito de
esclarecimento de dúvidas:

Denominação Social: CITRI – Centro Integrado de Tratamento de Resíduos Industriais,


SA
Morada: Av. do Rio Guadiana, Lote 1, Parque Industrial SapecBay
2910-453 Setúbal
Localidade: Mitrena – Setúbal
Distrito: Setúbal
Concelho: Setúbal
Freguesia: Sado
Telefone: 265 115 370
Fax: 265 115 379

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Introdução

Web: www.blueotter-group.pt
e-mail: citri@blueotter.pt
NIF: P 504 472 046
CAE principal: 38 212 “Recolha e Tratamento de Outros Resíduos”
CAE secundário: 38211 “Tratamento e Eliminação de Resíduos Inertes”
CAE secundário: 38321 “Valorização de Resíduos Metálicos”
CAE secundário: 38322 “Valorização de Resíduos Não Metálicos”
(Decreto-lei n.º381/2007, de 29 de Julho).

Em anexo constam os documentos que atestam a legitimidade do CITRI enquanto


proprietário do terreno e das instalações.

1.5. Técnico Responsável pelas Operações

Os técnicos responsáveis pelas operações de gestão de resíduos alvo de licenciamento são:

- Antonina Carla Brandão –Lic. Eng. Biológica – Ramo Controlo de Poluição

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Deposição de Resíduos

Figura 1. Localização da instalação

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Deposição de Resíduos

2. DEPOSIÇÃO DE RESÍDUOS

A célula C, abrangida pelo presente projeto, é enquadrada, a Sul, pela unidade de valorização
de resíduos e a lagoa de lixiviados, a Oeste e Noroeste pela via de acesso e pela zona das
instalações de apoio, e a Nordeste e Este pelos limites do loteamento que, respetivamente,
confrontam com uma zona verde de proteção e com o espaço industrial da fábrica da Portucel
de Setúbal.

A célula C, com a ampliação prevista, abrange uma área global de cerca de 8,2 + 1,65 ha.

As células A e B encontram-se seladas sendo alvo da monitorização conforme descrito no


capítulo 16 e 18.

2.1. Bases de Dimensionamento e Plano de Intervenção

O aterro de resíduos não perigosos foi redimensionado para os seguintes parâmetros de


base:

– Resíduos a receber: ............................ ………...resíduos não perigosos


– Capacidade do aterro ............................................................ 1 876 773 t
– Período de vida do aterro ...................................................... 20 anos
– Humidade média dos resíduos (ponderada) ........................... 35 %
– Peso específico dos resíduos em aterro (ponderado) ............. 1100 kg/m3
– Biodegradabilidade dos resíduos
. Rapidamente biodegradáveis ............................................... 4 %
. Inertes .................................................................................. 96 %

O projeto tem por objetivo a ampliação da capacidade da célula C com capacidade atual para
a deposição de 1 876 773 t de resíduos não perigosos.

A capacidade de encaixe de resíduos da célula C deverá assim ser de 1 822 563 m3. Como
terras de cobertura são utilizados os resíduos de construção e demolição e outros materiais
inertes rececionados.

Conforme referido em projetos anteriores, na célula C estabeleceram-se duas sub-células


(sub-células C1 e C2), delimitadas por uma banqueta de separação, com o objetivo de isolar
os respetivos caudais de águas lixiviantes e, assim, permitir que a sub-célula não explorada
não contribua para o caudal de águas lixiviantes a tratar, e que a sub-célula já explorada (e
encerrada) não contribua significativamente para o caudal de águas lixiviantes a tratar.

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Deposição de Resíduos

Os dados de dimensionamento e as características geométricas da célula C, considerando a


nova modelação, desagregada nas duas sub-células acima descritas, encontram-se
indicados na Tabela I, apresentada a seguir.

Tabela I. Área e capacidade da célula C de deposição de resíduos


Quantitativo de
Tipologia de Área Capacidade Vida útil
Fase de intervenção resíduos
resíduos (ha) (m3)1 (anos)3
depositados (t)2
1ª fase – Sub-célula C1 Não perigosos
9,85 1 822 563 1 876 773 20
2ª fase – Sub-célula C2 Não perigosos

(1)
Inclui resíduos e terras de cobertura
(2)
Considera-se a densidade de resíduos em aterro de 1,1 t/m3
(3)
Considera-se que a quantidade de resíduos não perigosos, recebida anualmente na instalação, é de 100 000 t

2.2. Conceção/Modelação do Aterro

A zona disponibilizada para o aterro, apresentada na Figura 1, abrange uma área global de
cerca de 10 ha.

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Conceção do Aterro

3. CONCEÇÃO DO ATERRO

3.1. Conceção Global

A quantidade de resíduos a depositar, a morfologia do terreno, as condições de ripabilidade


e permeabilidade das formações e o nível freático do local determinaram a conceção da
ampliação da célula.

Em termos espaciais, foi definida uma zona para a ampliação da célula de deposição de
resíduos não perigosos, de forma a permitir um aumento de capacidade em 542 100 m3,
capaz de receber, anualmente, 100 000 t de resíduos não perigosos, durante11 anos (2019-
2029), tendo em conta o levantamento disponível no final de 2018.

Assim, o CITRI propõe-se a ampliar a capacidade da célula C, cuja volumetria atual é de


1 280 463 m3, para uma volumetria de 1 822 563 m3, correspondente a uma capacidade total
para a deposição de 1 876 773 t de resíduos não perigosos.

O Desenho, incluído no volume Peças Desenhadas, mostra a implantação geral do aterro.

3.2. Plano de Intervenção no Terreno

O projeto tem por objetivo a ampliação da célula C existente, otimizando as áreas disponíveis,
de forma a conferir um acréscimo de capacidade ao aterro em exploração e,
consequentemente, a aumentar a sua vida útil.

A ampliação será realizada em zonas adjacentes a célula C, designadamente nas zonas Sul
e Nascente da célula.

Na zona Sul da célula C, onde se encontra a linha de água reencaminhada, é proposta:


- uma reformulação desse reencaminhamento e
- a reformulação da modelação da célula na envolvente da linha de água relocalizada.

Na zona Nascente da célula C, é proposta,


- a supressão do septo de separação entre as células C1 e C2, e
- o alargamento da célula para nascente, incluindo demolição e remoção/ reposicionamento
de estruturas e equipamentos ai existentes, designadamente o dique de retenção nascente,
o sistema de impermeabilização no talude interior do dique de retenção nascente, as caixas

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Conceção do Aterro

de válvulas e a conduta elevatória, e a reformulação do sistema de captação e bombagem


de lixiviados na zona intervencionada.

Como já referido, foi considerada a construção de uma única célula de resíduos (célula C),
mas, dentro desta, estabeleceram-se duas sub-células (sub-células C1 e C2), delimitadas
por uma banqueta de separação, com o objetivo de isolar os respetivos caudais de águas
lixiviantes e, assim, permitir que a sub-célula, ainda não explorada, não contribua para o
caudal de águas lixiviantes a tratar.

Os resíduos não perigosos preenchem as sub-células desde as respetivas cotas de fundo


até às cotas finais de encerramento.

Assim, na sub-célula C1 o enchimento efetua-se desde a cota média de fundo de +7,00 até
à cota máxima de +47,00; na sub-célula C2 o enchimento faz-se desde a cota média de fundo
de +6,95 até à cota máxima de +47,00.

A altura média de resíduos é de 20 m, podendo-se atingir, pontualmente, uma altura de


resíduos de 40 m.

No termo da exploração, os resíduos atingirão uma plataforma à cota +47,0. O preenchimento


faz-se modelando a superfície final da deposição com inclinações médias de V/H=1/1,7,
introduzindo banquetas de 5 m de largura, por cada 5 m de deposição em altura, atenuando,
assim, a inclinação média para valores de V/H=1/2,3.

O Desenho C-100-C-01 mostra o plano de modelação do aterro com a ampliação proposta.


Os Desenhos C-100-C-02-01 e 02 representam os perfis de modelação do aterro.

Os Desenhos C-170-01 e 02 mostram a modelação final do aterro, após selagem.

3.3. Preparação do Terreno

As movimentações de terras a executar (escavação e aterro) destinam-se a atingir as cotas


de projeto.

Quer nos taludes em escavação, quer nos taludes em aterro, praticaram-se,


generalizadamente, geometrias de V:H=1:2,5, que apresentam coeficientes de segurança
elevados. Na zona de relocalização da linha de água, a construir, essencialmente, em

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Conceção do Aterro

escavação, usou-se uma geometria de V:H=1:2, que, igualmente, apresenta coeficientes de


segurança elevados (ver Analise de Estabilidade neste Volume).

Os desenhos C-100-C-01 e C-100-C-01 a C-100-C-02 mostram, respetivamente, a planta e


os cortes da modelação do terreno.

A Tabela II mostra os volumes de movimentação de terras previstos para as obras de


ampliação da célula C do aterro, bem como o volume de terras de cobertura de resíduos
previstos para a fase de exploração e o volume de terras previsto para selagem, abrangendo
estes últimos apenas a parcela referente a ampliação da célula C.

O quadro mostra que a ampliação da célula C envolve a necessidade de obtenção de


materiais em empréstimo, resultante da diferença aritmética entre os volumes escavados e
os volumes necessários para a construção, exploração e selagem, abrangendo terras de
cobertura e terras de selagem.

Note-se que o CITRI utiliza RCD e materiais inertes na cobertura dos resíduos recorrendo ao
depósito de terras apenas quando necessário.

Tabela II. Movimentação de terras e terras de cobertura e selagem

Fase Rubrica Volumes de terras (m3)


Escavação na célula (E) 33 785
Construção Aterro na célula (A) 58 048
Material a levar a depósito (E-A) 24 263
Exploração Terras/Material de cobertura (C1 e C2) 33 740
Selagem Terras de selagem (C2) 16 520
Global Saldo de terras (E-A-C1-C2) (-) 78 523
(1) Apenas a parcela referente a ampliação da célula C, abrangendo uma área adicional de exploração de 16 520 m2
e uma capacidade adicional de 552 100 m3
(2) Considera-se que o volume de terras de cobertura constitui 8% do volume total de resíduos depositados

3.4. Resumo

Em suma serão realizados os seguintes trabalhos,

Nas células C1 e C2, em exploração:

10

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Conceção do Aterro

1. Reformulação do reencaminhamento da linha de água, nos seus troços central, poente e


nascente, e reformulação da modelação da célula C na zona contígua à linha de água
relocalizada

1.1) Remoção e reperfilamento dos resíduos depositados na zona poente da célula,


conforme assinalado nas pecas desenhadas
1.2) Execução de corte do sistema de impermeabilização, no lado sul da célula, ao longo
da linha de corte assinalada nas pecas desenhadas (entre os pontos 7 e 10 da planta de
piquetagem)
1.3) Demolição da vala de reencaminhamento da linha de água, no seu troço central,
poente e nascente, e demolição das passagens hidráulicas poente e nascente;
1.4) Execução de movimentação de terras (escavação e aterro), de forma a atingir as
cotas de projeto;
1.5) Execução do novo reencaminhamento da linha de água, em vala revestida a
enrocamento (colchão “Reno”);
1.6) Execução de novas passagens hidráulicas nos troços poente e nascente da linha de
água reencaminhada;
1.7) Fornecimento e aplicação de um sistema de impermeabilização na zona entre a linha
de água reencaminhada (zona central e poente) e a vala de amarração da célula
construída, constituído, no fundo da célula, de baixo para cima, por uma camada de
material argiloso, geocomposito bentonitico, membrana PEAD, geotêxtil de 300 g/m2 e
camada mineral de drenagem, e, no talude da celula, por uma camada de material
argiloso, geocomposito bentonitico, membrana PEAD, geocomposito de drenagem,
protegido por geotêxtil, na face inferior, e geotêxtil de 270 g/m2, resistente aos UV's.

Será cumprido um programa de controlo de qualidade da aplicação de geomembrana em


PEAD, conforme requisitos em anexo (Anexo III), incluindo:
1) Inspeção dos materiais entregues em obra;
2) Verificação dos certificados de qualidade dos testes de conformidade de cada
rolo de geomembrana de PEAD;
3) Ensaios de soldaduras

2. Intervenção na zona nascente da célula, incluindo remoção do septo de separação exposto


(entre as células C1 e C2), e ampliação da célula para nascente

2.1) Ampliação da célula C para nascente1, incluindo supressão parcial do septo de


separação das células C1 e C2, conforme projeto
2.1.1) Supressão parcial do septo de separação das células C1 e C2
a) Demarcação da zona de intervenção;

11

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Conceção do Aterro

b) Remoção da camada mineral de drenagem na zona de intervenção, e execução de


corte do sistema de impermeabilização, de forma a expor a camada de argila em toda a
zona de intervenção.
c) Escavação do terreno, de forma a atingir as cotas de projeto.
2.1.2) Ampliação da célula C para nascente
a) Demolição e remoção/reposicionamento de estruturas e equipamentos existentes na
zona nascente da célula C, designadamente o dique de retenção nascente (incluindo
pavimentação e vala de amarração), o sistema de impermeabilização no talude interior
do dique de retenção nascente, a vala de reencaminhamento da linha de agua e a
respetiva passagem hidráulica, no seu troco nascente, as caixas de válvulas, a conduta
elevatória, iluminação e cablagem elétrica e de instrumentação, e restantes
infraestruturas existentes mas não especificamente mencionadas neste documento;
b) Execução de movimentação de terras (escavação e aterro), de forma a atingir as cotas
de projeto;
c) Fornecimento e aplicação de um sistema de impermeabilização na zona de
intervenção, constituído, no fundo da célula, por uma camada de material argiloso,
geocomposito bentonitico, membrana PEAD, geotêxtil de 300 g/m2 e camada mineral de
drenagem, e, nos taludes da célula, incluído o talude criado pelo corte do septo de
separação entre células, por uma camada de material argiloso, geocomposito bentonitico,
membrana PEAD, geocomposito de drenagem, protegido por geotêxtil, na face inferior, e
geotêxtil de 270 g/m2, resistente aos UV's.
Será cumprido um programa de controlo de qualidade da aplicação de geomembrana em
PEAD, conforme requisitos em anexo (Anexo III), incluindo:
1) Inspeção dos materiais entregues em obra;
2) Verificação dos certificados de qualidade dos testes de conformidade de cada
rolo de geomembrana de PEAD;
3) Ensaios de soldaduras
d) Execução de novos drenos de lixiviados na zona de expansão da célula;
e) Execução de uma conduta subterrânea de descarga gravítica de lixiviado para o
exterior de célula, atravessando o dique de retenção nascente da célula;
f) Execução de ligações diretas, por tubagem ranhurada, desde a rede de drenagem de
lixiviado existente, incluindo os novos drenos de lixiviados, até a nova descarga gravítica
para o exterior;
g) Fornecimento e aplicação de pavimentação, no coroamento do novo dique de
retenção, constituída por camada granular, com características de sub-base, em saibro,
e camada granular, com características de base, em tout-venant;
h) Reformulação do sistema de drenagem de águas pluviais, envolvendo o
estabelecimento de órgãos de drenagem pluvial na zona da ampliação;

12

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Conceção do Aterro

i) Execução de um poço de bombagem de lixiviados, implantado no exterior da célula,


equipado com duas bombas submersíveis e válvulas de retenção e de seccionamento na
compressão das bombas;
j) Execução de um sistema de controlo da descarga gravítica de lixiviado, constituído por
uma válvula de seccionamento automática e uma válvula de seccionamento manual,
instaladas em serie, tendo a primeira, por objetivo, a interrupção da descarga gravítica
de lixiviado em caso de nível muito alto no poço de bombagem;
j) Execução de uma nova conduta elevatória enterrada, com inicio no novo poço de
bombagem, conduzindo a lagoa de lixiviados existente, em substituição do troco demolido
conforme 2.2-2.a);
k) Reformulação da rede de incendio na zona da ampliação

13

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Características Geológicas, Geotécnicas e Hidrogeológicas do Local

4. CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS, GEOTÉCNICAS E HIDROGEOLÓGICAS


DO LOCAL

4.1. Caracterização Geológica e Geotécnica

4.1.1. Enquadramento Regional

A zona intervencionada insere-se na grande unidade geotectónica correspondente à Bacia


Sedimentar do Tejo e Sado. Esta unidade é constituída por um conjunto de terrenos
modernos (ceno-antropozoicos), de depósitos de terraços fluviais, dunas e depósitos
detríticos de cobertura. As formações terciárias desta unidade são limitadas, a Norte e a
Oeste, por terrenos jurássicos, e a Este e a Sul, por formações do Maciço Hespérico.

Em termos geomorfológicos, a esta unidade corresponde uma vasta superfície de baixa


altitude, no geral com cotas inferiores a 50 m, sulcada por linhas de água pouco encaixadas
e com importantes fundos aluviais. O relevo é suave, com declives dominantes da ordem dos
3% a 15% e, nos fundos aluviais, planos, declives entre 0% e 3%.

Esta unidade é enquadrada por terrenos mais antigos, onde se registam as altitudes mais
elevadas e os relevos mais vigorosos, destacando-se a Este e a Sul as formações do Maciço
Antigo, e a Oeste, a Orla Sedimentar Secundária, correspondente à Serra da Arrábida.

4.1.2. Zona de Intervenção

Trata-se de uma área que apresenta grande regularidade em consonância com a constituição
litológica, com relevo pouco acentuado, linhas de água pouco entalhadas e de vales abertos
com vertentes simétricas. As cotas do terreno natural variam entre 2 e 21 m.

A orientação geral das pequenas linhas de água, de carácter sazonal e abrangidas pelo
aterro é de S-N e E-W, com encostas suaves e apresentando inclinações em regra inferiores
a 15º.

Do ponto de vista estrutural, observa-se uma grande regularidade e horizontalidade das


camadas, com contactos bem definidos, onde as variações laterais de fácies serão de atribuir
a alterações de natureza sedimentológica.

As formações geológicas principais fazem parte, como já referido anteriormente, da mancha


pertencente à Bacia Terciária do Sado, sendo constituídas, na zona mais superficial, por

14

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Características Geológicas, Geotécnicas e Hidrogeológicas do Local

solos modernos de natureza arenosa, medianamente compactos, encontrando-se


subjacentemente terrenos pliocénicos de composição siltosa ou argilo-siltosa, de geometria
lenticular, compactos a muito compactos.

De acordo com sondagens efetuadas no local, está-se em presença das seguintes unidades
lito estratigráficas:

Moderno – Trata-se de depósitos aluvionares associados ao vale da linha de água


mais importante e cuja espessura não deverá ultrapassar 1 metro,
sendo de composição predominantemente arenosa e de cor amarelo-
-acinzentada. São as Areias de Duna (Ad), que terão ficado
preservadas na paisagem pelo preenchimento dos trechos mais
entalhados da antiga topografia.
Plistocénico – Corresponde a antigos terraços compostos por arenitos intercalados
com nível de seixos mal rolados, ocupando os pontos de cota mais
elevados e cuja espessura varia entre 0.5 e 1.0 metros,
apresentando pouca extensão.
Pliocénico (P) – Constitui a formação mais visível ao longo de toda a área proposta
para intervenção, cobrindo maioritariamente a superfície topográfica,
cuja espessura atinge 100 a 120 metros.
Esta unidade é constituída por um complexo de materiais
heterogéneos, representado por areias médias a finas, amarelo-
avermelhadas, por vezes compactas, com intercalações de
lentículas argilosas e passagem a argilo-siltosas, ocorrendo ainda
alguns pequenos leitos de seixo e calhau rolado.
Miocénico – Encontra-se subjacente à unidade anterior sendo constituído por um
complexo de grés muito argiloso a margoso nos níveis superiores,
com cerca de 30 metros de espessura, seguindo-se um complexo
greso-calcário em profundidade.
Abaixo dos 300 metros, apresenta uma fácies essencialmente
margosa.

4.1.3. Reconhecimento Geológico e Geotécnico

No local, foi realizado, no âmbito do projeto de construção da célula C, um programa de


prospeção mecânica envolvendo a realização de ensaios com penetrómetro dinâmico
superpesado e poços de reconhecimento com colheita de amostras remexidas. A
amostragem foi posteriormente submetida a processamento laboratorial.

15

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Características Geológicas, Geotécnicas e Hidrogeológicas do Local

A caracterização mecânica efetuada em níveis de aterros facultou valores de resistência


dinâmica de ponta (qd) algo dispersos, situados entre 1,3 MPa e 27 MPa, associando-se aos
valores mais elevados, situados entre 10 MPa e 27 MPa, aos calhaus grosseiros e os
resultados mais baixos, estabelecidos entre 1,3 e 7 MPa, com a matriz arenosa destes
depósitos, associando-lhe comportamento geotécnico, no geral, bastante limitado.

A amostragem processada laboratorialmente referenciou solos granulares não plásticos,


enquadrados nos grupos SP-SM da classificação Unificada e A-1-b(0) do sistema AASTHO.

Nos trechos de cotas mais baixas, essencialmente associadas aos vales, ocorrem
acumulações de areias dunares (Ad), constituídas por areias médias a finas, sem finos e com
1-3 m de desenvolvimento vertical. Os ensaios com DPSH realizados nesta unidade
propiciaram valores de qd maioritariamente compreendidos entre 3 MPa e 15 MPa. A
amostragem processada laboratorialmente, e que reflete a constituição das areias de duna
mais superficiais, referenciou sobretudo os níveis enquadrados no grupo SP-SM da
classificação Unificada e no grupo A-1-b(0) do sistema AASTHO.

Lateralmente estão representadas séries espessas de areias pertencentes à formação lito-


estratigráfica designada por «Complexo Greso-Argiloso de Algeruz e de Monte do Pinheiro
(P)».

A realização da prospeção mecânica, incluindo as sondagens geotécnicas realizadas em


2000, para efeito da construção das células A e B, permitiu observar e classificar
macroscopicamente o cortejo litológico ocorrente, essencialmente constituído por
sedimentos de coloração clara, com tons amarelados, esbranquiçados e alaranjados. São
areias de granulometria média a fina, com componente matricial argilo-siltosa mais ou menos
expressiva, englobando seixo e calhau rolado.

A amostragem processada laboratorialmente, referenciou exclusivamente solos granulares,


enquadrados nos grupos SC da classificação Unificada e A-2-6(0) do sistema AASTHO. Em
termos de caracterização geotécnica, verifica-se que os ensaios DPSH realizados nesta
unidade propiciaram valores de qd maioritariamente compreendidos entre 14 MPa e 60 MPa
e resultados de ensaios SPT situados entre 27≤NSPT≤60, definindo tendência de incremento
de resistência com a profundidade e caracterizando comportamentos geomecânicos no
domínio de solos granulares muito compactos.

16

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Características Geológicas, Geotécnicas e Hidrogeológicas do Local

4.2. Caracterização Hidrogeológica

4.2.1. Enquadramento Regional

A área em análise inclui-se na Bacia Sedimentar do Tejo e Sado. Esta unidade foi afetada
por importantes movimentos orogénicos, que provocaram o seu afundamento ao longo das
linhas de debilidade estrutural do soco. Esta zona, na qual já se tinham depositado os
sedimentos do mesozóico, foi coberta por materiais continentais oligocénicos, aos quais se
sobrepuseram os produzidos durante a transgressão aquitano-burdigaliana. Posteriormente,
no Helveciano, começou uma regressão, que se prolongou até ao Miocénico superior.
Simultaneamente, com as formações marinhas depositadas na zona submersa, formaram-
se, na parte continental da bacia, sedimentos fluvio-continentais e lacustres. Este facto
explica que, nesta bacia, sedimentos com a mesma idade tenham fácies distintas e,
consequentemente, com características hidrogeológicas diferentes.

Na bacia do Baixo Tejo e Sado identificam-se dois sistemas aquíferos com ligações
hidráulicas, limitados inferiormente pelas formações margosas do Aquitano-Burdigaliano e
pelos terrenos do Oligocénico-Cretácico.

Os aquíferos instalados nas formações calcário-detríticas do Burdigaliano e Helvaciano


inferior e no complexo argilo-detrítico do Miocénico médio e superior são do tipo cativo. Os
aquíferos correspondentes às formações do Pliocénico e do Quaternário (aluviões e terraços
fluviais) são do tipo livre.

O aquitardo superior, que limita o aquífero do Miocénico médio e superior e estabelece a


relação hidráulica entre este aquífero e o livre sobrejacente, pertence já ao Pliocénico,
embora localmente possa corresponder ao troço terminal das formações do Miocénico
superior. Embora com carácter lenticular, esta formação atua hidraulicamente como
aquitardo, observando-se diferenças piezométricas entre os dois aquíferos da ordem das
dezenas de metros.

Os valores dos parâmetros hidráulicos dos aquíferos cativos são elevados, registando-se
rendimentos específicos da ordem dos 3 a 8 l/s.m, existindo captações com caudais variando
entre 40 a 100 l/s. Os valores da transmissividade são da ordem de 10-2 m/s2 e os
coeficientes de armazenamento variam entre 3x10-4 e 7x10-4.

Os aquíferos livres cobrem praticamente toda a bacia e correspondem às formações


aluvionares quaternárias dos rios Tejo e Sado e seus afluentes, aos terraços fluviais do Tejo

17

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Características Geológicas, Geotécnicas e Hidrogeológicas do Local

e às formações pliocénicas. A sua base é constituída pelo aquitardo referido acima e os


aquíferos são drenados através das aluviões e terraços para a rede hidrográfica.

A espessura deste aquífero é variável e por vezes difícil de definir, não ultrapassando
normalmente os 120 m, nas zonas de maior profundidade.

Os valores dos parâmetros hidráulicos são muito variáveis. As aluviões do baixo Tejo
apresentam valores de 1,5x10-2 a 3x10-2 m/s2 para a transmissividade e de 10-2 a 10-3 para o
coeficiente de armazenamento.

O funcionamento hidráulico do sistema aquífero do Tejo e Sado é análogo aos de outras


bacias do mesmo tipo. A área de recarga situa-se nas partes mais elevadas, onde os
aquíferos profundos são alimentados a partir das camadas sobrejacentes. A parte mais baixa
da bacia constitui a zona de descarga do sistema, sendo os aquíferos mais profundos
drenados através do aquífero livre para a rede hidrográfica.

4.2.2. Zona de Intervenção

A caracterização local fundamentou-se em elementos de captações de água existentes na


área envolvente, em sondagens geológicas efetuadas na zona e no estudo geológico-
geotécnico efetuado pela Geocontrole no âmbito do projeto de construção.

• Pliocénico

A produtividade média destas formações é pouco elevada, da ordem de uma a duas


dezenas de litros por segundo, com rebaixamentos de cerca de 20 m, devido às
variações laterais de fácies que provocam descontinuidades lenticulares e, portanto,
perdas de carga acentuadas na percolação aquífera.

A permeabilidade, com valores compreendidos entre k=10-3 cm/s a 10-4 cm/s, foi
calculada a partir dos caudais específicos e ensaios de bombagem das captações
que drenam estas formações, verificando-se que não apresentam um potencial de
exploração adequado a grandes consumos, podendo-se considerar como um
aquífero pobre.

A porosidade eficaz, atendendo à variabilidade granulométrica e descontinuidade dos


sedimentos, poderá variar entre 0,10 e 0,25, a qual coincide sensivelmente com o

18

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Características Geológicas, Geotécnicas e Hidrogeológicas do Local

coeficiente de armazenamento neste tipo de aquífero de comportamento livre, como


referido acima.

Quanto à velocidade do fluxo, foi calculada com base na relação de Darcy, tendo-se
chegado a valores compreendidos entre 1 m/dia e 0,4 m/dia, com gradiente
hidráulico da ordem de 0,1, função da litologia considerada, com direção de
percolação aproximadamente de ENE para WSW. Poderá ainda existir uma
componente SSW da mesma ordem de grandeza.

O nível freático apresenta cotas da ordem de +3,0 a +5,0; no entanto, a ocorrência


de lentículas argilosas compactas no interior de camadas de areias grosseiras e
seixo, permite a obtenção de valores diferenciados ao longo de perfis relativamente
curtos e com a mesma altura topográfica.

• Miocénico

Neste aquífero cativo encontram-se as captações que fornecem os elevados caudais


de exploração utilizados na indústria local, como seja na PORTUCEL e na SAPEC,
entre outros. Trabalhos de pesquisa e captação levados a efeito em terrenos situados
nas imediações do local do aterro, evidenciaram que a exploração das camadas
aquíferas desta unidade apenas se efetua em média entre os –150,0 m e os –
250,0 m. Com efeito, é fraco o rendimento da série nos níveis superiores (120 a 150),
em virtude do predomínio da composição argilosa, os quais constituem o aquitardo
que separa os dois subsistemas mencionados.

Às formações encontradas na periferia e no núcleo da célula C, poder-se-ão associar


as seguintes gamas de valores médios de condutividade hidráulica (K):

– Areias Pliocénicas (P): ............. 2.0x10-4 cm/s ≤ k ≤ 1.0x10-3 cm/s;


– Areias de Duna (Ad):................ 1.0x10-2 cm/s ≤ k ≤ 1.0x10-3 cm/s;
– Aterros (At):.............................. 1.0 x10-4 cm/s ≤ k ≤ 5.5x10-4 cm/s.

Os caudais específicos são da ordem dos 4 a 6 l/s.m, o que configura um bom a


excelente aquífero.

Quanto ao coeficiente de armazenamento, o seu valor é superior a 10-3 e com


porosidade eficaz média da ordem de 5%, calculando-se velocidades de percolação

19

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Características Geológicas, Geotécnicas e Hidrogeológicas do Local

compreendidas entre 7 a 10 m/dia. O sentido geral do escoamento subterrâneo


processa-se para Noroeste e com direções complementares WSW e WNW.

4.3. Síntese da Caracterização Geológica, Geotécnica e Hidrogeológica do Local

O local de implantação da célula C enquadra-se, num âmbito regional, na Bacia Terciária do


Tejo e Sado, que inclui terrenos desde o Miocénico até o Cenozóico.

No local são aflorantes depósitos aluvionares, correspondentes ao vale da linha de água,


antigos terraços plistocénicos, nos pontos de cota mais elevada e, por último, com maior
representatividade no local, as areias compactas com intercalações argilosas, do Pliocénico.

Do ponto de vista hidrogeológico, a área situa-se na Bacia Sedimentar do Tejo e Sado, para
a qual está estimada uma produtividade média de 500 m3/km2.dia.

Localmente está-se em presença de dois sistemas aquíferos, um superior, pliocénico, com


características freáticas, direção de fluxo aproximadamente de ENE para WSW e velocidade
de 1 m/dia e 0,4 m/dia, e outro confinado, miocénico, onde estão instaladas as principais
captações de água para utilização industrial e doméstica.

O aquífero superior apresenta produtividades variáveis, podendo-se atribuir-lhe um valor


reduzido como recurso. Na área de implantação do aterro, os níveis deste aquífero
posicionam-se a cerca de 4 m de profundidade, podendo atingir os 2 m na zona mais a
jusante da linha de água principal.

O sistema aquífero miocénico situa-se a cerca de 200 m de profundidade, é do tipo confinado,


com trocas no sentido do aquífero pliocénico e direção de fluxo para Noroeste.

20

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Sistema de Impermeabilização

5. SISTEMA DE IMPERMEABILIZAÇÃO DO ATERRO

5.1. Sistema de Impermeabilização

A base e os taludes da célula encontram-se impermeabilizados com vista a garantir as


necessárias condições de estanquicidade e de preservação dos recursos geológicos e
geohidrológicos.

O sistema de impermeabilização a utilizar obedece aos requisitos estabelecidos no Decreto-


lei nº 183/2009, relativo à deposição de resíduos em aterros.

De acordo com este diploma, a camada de solo subjacente ao aterro deve constituir uma
barreira de segurança passiva durante a fase de exploração e até completa estabilização dos
resíduos devendo garantir, tanto quanto possível, a prevenção da poluição dos solos, das
águas subterrâneas e de superfície pelos resíduos e lixiviados. A barreira de segurança
passiva deve ser constituída por uma formação geológica de baixa permeabilidade e
espessura adequada, de acordo com as especificações indicadas a seguir.

A barreira geológica é determinada pelas condições geológicas e hidrogeológicas inferiores


e adjacentes ao local de implantação do aterro, das quais resulte um efeito atenuador
suficiente para impedir qualquer potencial risco para o solo e as águas subterrâneas.

A base e os taludes do aterro devem consistir numa camada mineral que satisfaça as
condições de permeabilidade e espessura de efeito combinado, em termos de proteção do
solo e das águas subterrâneas e de superfície, pelo menos equivalente à que resulta das
condições indicadas na Tabela III.
Tabela III. Barreira geológica
Resíduos Resíduos não Resíduos
Categoria do aterro
inertes perigosos perigosos
Coeficiente de permeabilidade (K, m/s) ≤ 1 x 10-7 ≤ 1 x 10-9 ≤ 1 x 10-9
Espessura (m) ≥1m ≥1m ≥5m

No caso da barreira geológica não oferecer naturalmente as condições atrás descritas,


poderá a mesma ser complementada artificialmente e reforçada por outros meios que
assegurem uma proteção equivalente. As barreiras artificialmente criadas não poderão ser
de espessura inferior a 0,5 m.

21

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Sistema de Impermeabilização

No que respeita ao sistema de proteção ambiental ativo, será estabelecida uma barreira de
impermeabilização artificial constituída por uma geomembrana ou dispositivo equivalente.

No caso do aterro, as formações geológicas em presença não garantiam as condições


naturais previstas pelo DL para a barreira geológica, pelo que, à semelhança do já realizado
na construção da célula C, será necessário complementá-la artificialmente de forma a
assegurar uma proteção equivalente.

Assim, o sistema de impermeabilização inferior da base e taludes das células para resíduos
não perigosos é constituído, de baixo para cima, pelos seguintes materiais (ver Desenho C-
110-C-01).

Na base:
– Camada geológica de material argiloso, com 0,5 m de espessura e condutividade
hidráulica de 1x10-9 m/s;
– Geocompósito bentonítico (5x10-11 m/s);
– Geomembrana de PEAD de 2 mm de espessura, protegida superiormente por
geotêxtil de 270 g/m2;
– Camada mineral de drenagem, com 0,5 m de espessura, sendo constituída por
0,10 m de areia, na base e 0,40 m de brita não calcária 5/15, no topo.

Nos taludes:
– Camada geológica de material argiloso, com 0,5 m de espessura e condutividade
hidráulica de 1x10-9 m/s;
– Geocompósito bentonítico (5x10-11 m/s);
– Geomembrana de PEAD de 2 mm de espessura, protegida superiormente por
geotêxtil de 270 g/m2;
– Geocompósito de drenagem com geotêxtil de 300 g/m2, resistente aos UV, na face
superior.

O sistema compósito assim constituído apresenta uma condutividade equivalente a 7,9x10-


10
m/s, de acordo com a lei de Darcy aplicada a sistemas verticais, melhor que a
condutividade hidráulica da barreira geológica de 1 m de espessura que o referido sistema
compósito substitui. O fluxo determinado para aquele sistema compósito é de 1,26x10-9 m/s,
para uma altura livre de líquido acima do mesmo de 0,3 m, melhor que o fluxo na barreira
geológica de 1 m de espessura que o mesmo substitui, em condições de altura de líquido
equivalente, que é de 1,30x10-9 m/s.

22

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Sistema de Impermeabilização

O geocompósito bentonítico colocado inferiormente à geomembrana tem como função


principal reforçar a proteção da barreira geológica e, ainda, proteger a geomembrana contra
o punçoamento de eventuais irregularidades que possam persistir na camada de argila,
mesmo após a compactação e regularização.

O geotêxtil de 270 g/m2 colocado superiormente à geomembrana tem como função principal
a proteção da geomembrana contra o punçoamento provocado pelos materiais que
constituem a camada drenante de fundo das células e que se lhe sobrepõe.

23

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Sistemas de Drenagem de Águas Pluviais e Lixiviados

6. SISTEMAS DE DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS E LIXIVIADOS

6.1. Sistema de Drenagem e Captação/Elevação Lixiviados

O sistema de drenagem das águas de lixiviação do aterro é constituído por um sistema


passivo de recolha – camada drenante, e por um sistema ativo – rede de drenagem, que se
prolonga, através de um emissário, até à lagoa de regularização de lixiviados existente e
desta para a ETAL existente.

Este sistema ao permitir a remoção dos lixiviados que se acumulam na base do aterro, reduz
a carga hidráulica sobre o sistema de impermeabilização, contribuindo, portanto, para a
minimização de fugas de lixiviados através do mesmo.

No âmbito do projeto de ampliação da célula C, procedeu-se a uma reconversão do sistema


de drenagem, que deixou de ser um sistema por bombagem, a partir do interior da célula,
para passar a ser um sistema gravítico até um poço de bombagem localizado no exterior da
célula, de onde o lixiviado e enviado para lagoas de regularização.

O sistema de drenagem anterior comportava 2 (dois) poços de juncão, PJC1 e PJC2, e 2


(duas) bombas, do tipo submersível, PC1 e PC2, que faziam bombagem direta dos lixiviados
do interior da célula para a lagoa de lixiviados existente, através de condutas de compressão
em tubo flexível, adaptadas, numa das extremidades, a compressão das bombas e, na outra
extremidade, a caixas de ligação, com válvulas.

No projeto de ampliação da célula C, suprimiram-se os 2 (dois) poços de juncão, PJC1 e


PJC2, e as 2 (duas) bombas, PC1 e PC2, que estavam instaladas no interior dos poços de
juncão e bombagem, e considerou-se a execução de ligações diretas, por meio de tubagem
ranhurada, desde a rede de drenagem de lixiviado existente e a rede de novos drenos a
instalar na zona de expansão, ate a descarga gravítica de lixiviado para o exterior de célula.

Os novos drenos de lixiviados, a instalar na zona de fundo da ampliação, serão em tubo


PEAD, diâmetro 250, PN10, perfurado a meia cana.

O sistema de drenos do interior da célula interligará, através de conduta subterrânea, em


PEAD DN250, PN16, envolvida em betão, com espessura de 20 cm, a um poço de
bombagem implantado no exterior da célula, equipado com duas bombas submersíveis e
válvulas de retenção e de seccionamento na compressão das bombas.

24

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Sistemas de Drenagem de Águas Pluviais e Lixiviados

Na conduta subterrânea de interligação, imediatamente a montante do poço de bombagem,


instalar-se-á uma válvula automática de seccionamento e uma válvula de seccionamento
manual, dispostas em serie, tendo a primeira, por objetivo, a interrupção da descarga
gravítica de lixiviado em caso de nível muito alto no poço de bombagem.

O poço de bombagem terá altura útil de 5,24 m e diâmetro interno de 2 m, permitindo uma
banda de controlo, entre nível baixo (de paragem das bombas) e nível alto (de arranque das
bombas) equivalente a 2,5 m3 de lixiviado.

Os desenhos C-120-C-01, C-120-C-01-02 e C-120-C-03 mostram o sistema de drenagem e


captação de águas lixiviantes da ampliação da célula C.

As bombas a usar no novo poço de bombagem (2x100%) deverão ser submersíveis, de eixo
vertical, com corpo e impulsores em ferro fundido, veio em aço inox AISI 403, equipadas com
camisa de arrefecimento, caudal nominal de 40 m3/h e altura manométrica máxima 25 mca,
incluindo pé de acoplamento rápido, guias e suporte de guias, corrente, quadro elétrico de
comando e controlo, 3 (três) interruptores de nível do tipo boia e todos os acessórios.

A jusante do poço de bombagem e até a lagoa de lixiviados, desenvolver-se-á uma conduta


elevatória enterrada, em PEAD DN125, PN10.

6.2. Sistema de Drenagem de Águas Pluviais

O sistema de drenagem de pluviais destina-se a dar continuidade ao sistema de drenagem


natural da célula C, impedindo que a mesma seja afetada por escorrências superficiais
(desagregação e destruição) e, simultaneamente, reduzir a entrada de águas na área de
deposição e a consequente minimização da produção de lixiviados.

O projeto da célula C tinha incorporado uma linha de água existente, com orientação W-E,
que drenava para o curso de água principal e, deste, para o esteiro de Praias do Sado.

O leito da referida linha de água tinha sido objeto de relocalização, no âmbito do projeto inicial
da célula C, de acordo com as orientações da CCDR-LVT sobre a matéria, à data.

Atendendo ao facto de a linha de água estar seca e da necessidade de ampliação da célula


C, procedeu-se à reformulação do reencaminhamento da linha de água, nos seus trocos
central, poente e nascente.

25

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Sistemas de Drenagem de Águas Pluviais e Lixiviados

No âmbito do projeto de ampliação da célula C, procedeu-se, agora, a uma Requalificação


da Linha de Agua, de forma a otimizar a volumetria da célula C, alterando a cota do seu
traçado e aproximando-a da via de circulação existente, nos termos da Autorização de
Utilização dos Recursos Hídricos – Construção n. A005332.2019.RH6, de 29-03-2019, da
Agencia Portuguesa do Ambiente (ver Anexo à Memoria Descritiva).

As cotas de elevação consideradas para a requalificação e reencaminhamento da linha de


água estão em conformidade com as cotas de elevação do terreno a montante, que,
entretanto, serão sujeitas a modelação, e com as cotas de elevação do terreno a jusante da
linha de água.

Os trabalhos de requalificação e reencaminhamento da linha de água envolvem a demolição


da vala existente, nos seus trocos central, poente e nascente, e a demolição das passagens
hidráulicas poente e nascente, seguidas da execução do novo reencaminhamento, em vala
revestida a enrocamento (colchão “Reno”) e da execução de novas passagens hidráulicas
nos trocos poente e nascente da linha de água reencaminhada.

O projeto de ampliação da célula C contempla, igualmente, a reformulação do sistema de


drenagem de águas pluviais nas zonas intervencionadas, envolvendo o estabelecimento de
novos órgãos de drenagem pluvial na zona da ampliação.

O sistema é constituído por órgãos de drenagem geral, órgãos auxiliares de drenagem e


órgãos de drenagem pluvial das zonas interiores do aterro, entre os principais, valetas,
coletores e drenos.

Os cálculos de dimensionamento respeitantes a estes sistemas estão detalhados no Volume


II - Dimensionamentos, estando representados nos Desenhos C-140-C-01, C-145-C-01 e C-
02.

A contenção das infiltrações na massa de resíduos, após selagem, será realizada por um
perfil de selagem, descrito no Volume II, que inclui, entre outras, uma camada de drenagem,
a qual, para além de cumprir com a respetiva função hidráulica de drenagem das águas
pluviais, concorrerá para melhorar a estabilidade da massa de resíduos e dos taludes criados.
As águas que não se infiltram serão conduzidas ao exterior da zona de intervenção por um
sistema de drenagem superficial apropriado, que se descreve igualmente no Volume II.

26

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Drenagem e Tratamento de Biogás

7. DRENAGEM E TRATAMENTO DE BIOGÁS

7.1. Sistema de Controlo e Drenagem do Biogás

A célula C, existente, dispõe de um sistema de controlo do biogás constituído por drenos de


biogás, em brita, percorridos, no seu interior por um tubo perfurado em PEAD, a cuja parte
superior será acoplada, na fase de selagem do aterro, uma cabeça e, a esta, um dispositivo
de ventilação.

A decomposição da matéria orgânica em meio anaeróbio é responsável pela formação de


gases nas deposições de resíduos que contenham um teor de matéria biodegradável
significativa. O fluido produzido é constituído por uma mistura de gases, fundamentalmente,
anidrido carbónico (CO2) e metano (CH4).

No caso específico dos resíduos recebidos no aterro, foi estimada a seguinte


biodegradabilidade dos resíduos:

− Rapidamente biodegradáveis..................... 4%;


− Lentamente biodegradáveis ....................... 0%;
− Inertes ou não biodegradáveis ................. 96%.

Os cálculos efetuados apontam para uma produção de biogás máxima de 46,0 Nm3/h.

Considerando que cada dreno executado permite a criação de uma depressão para onde o
gás terá migração preferencial e que o seu raio de influência eficaz atinge cerca de 30 m,
tinha-se considerado, na célula C existente, a instalação de 16 drenos.

Estima-se que, após efetuada a ampliação da célula C, sejam necessários 5 drenos


adicionais, como se representa no desenho C-125-C-01.

Quando toda a célula C estiver selada, o sistema de ventilação passivo será substituído por
um sistema de drenagem ativo, constituído por tubos drenantes a instalar em maior número,
acoplados a cabeças de regulação que, através de uma rede de coletores, ligarão à unidade
de valorização de biogás que, atualmente recebe o biogás gerados nas células A e B, já
seladas e uma parte dos drenos instalados na célula C. Na unidade de queima, realiza-se a
queima controlada do biogás.

27

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Drenagem e Tratamento de Biogás

7.2. Valorização Energética do Biogás

A conversão energética do biogás é o processo de transformação da energia química


(metano), por meio de uma combustão controlada, em energia mecânica, que por sua vez é
convertida em energia elétrica. As tecnologias convencionais para a transformação
energética do biogás são as turbinas a gás e os motores de combustão interna, tendo sido
selecionado para a instalação do CITRI um motor de combustão interna de ciclo Otto, em
quatro tempos, dado que possui maior eficiência e menor custo neste tipo de aplicação.

O ciclo Otto em quatro tempos consiste em expansão/arrefecimento adiabático, seguido de


arrefecimento a volume constante, aquecimento/compressão adiabático e aquecimento a
volume constante. A válvula de entrada de ar abre no tempo preciso para permitir a entrada
de ar no cilindro (misturado com o combustível). A vela promove a ignição da mistura no
interior do cilindro, ocorrendo a explosão. A força da explosão é transferida ao pistão,
imprimindo-lhe um movimento periódico, cuja força é transferida através da manivela para o
eixo de transmissão.

Figura 2. Unidade de Valorização de Biogás

28

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Drenagem e Tratamento de Biogás

A aspiração do biogás através dos drenos e rede de coletores é realizada pelo conjunto de
compressores.

O sistema de purificação está instalado na linha de captação do gás e consiste na remoção


do conteúdo em água (através do arrefecimento do biogás), gás sulfídrico e outros compostos
sulfurados e clorados. A unidade de arrefecimento e controlo de temperatura do biogás é
independente.

Foi instalada uma unidade de pós-combustão para redução de CO e NOx. Os gases de


combustão são exauridos através de uma chaminé, cumprindo-se os valores limite de
emissão aplicáveis atualmente a este tipo de instalação (Decreto-lei n.º 39/2018, de 11 de
junho).

O conjunto moto-gerador utilizado tem interligação com a rede do SEP – Sistema Elétrico de
Serviço Público, através do ponto de interligação.

A instalação dispõe, igualmente, de uma tocha de emergência, para situações de avaria da


unidade.

Após a selagem da célula C esta unidade receberá também o biogás para valorizar.

Na fase do projeto de selagem serão enviados os Desenhos com as dimensões e traçado


das condutas de ligação à unidade de queima de biogás.

7.2.1. Descrição do equipamento

O equipamento de recuperação energética é constituído por:


• um motor a gás acoplado a um gerador de energia elétrica síncrono de 836 kWe de
potência;
• um transformador elevador de 400 V a 30 kV;
• um sistema em paralelo com a rede elétrica nacional;
• um sistema de condução e supervisão.

A energia elétrica é entregue à rede elétrica nacional mediante uma cabine de interface em
média tensão com o gestor local.

29

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Drenagem e Tratamento de Biogás

7.2.2. Ciclo de Tratamento

No equipamento são identificadas algumas fases distintas do processo de extração forçada


de biogás, nomeadamente:
• Rede de captação
• Poços de captação
• Estação de regulação
• Condutas
• Estação de extração

7.2.2.1. Rede de captação

O sistema de captação do gás combustível que se realiza espontaneamente no corpo do


aterro é constituído por:

1. Poços de captação;
2. Estações de regulação;
3. Condutos;
4. Estação de extração.

7.2.2.2. Poços de captação

Encontram-se instalados 48 poços distribuídos pelas células A e B e acrescem-se 5 poços


na célula C aos existentes, parte já com ligação efetuada à central. Os poços foram previstos
em função do raio de influência e da necessidade de otimização do sistema de captação para
diminuição da fuga de emissões de biogás e a possibilidade de infiltrações de oxigénio no
aterro.

Os poços foram realizados verticalmente mediante perfuração, com tubos de PEAD


perfurado. O tubo foi envolto com brita para possibilitar a infiltração e o transporte à superfície
do gás a ser coletado. As cabeças dos poços foram realizadas de maneira a assegurar a
máxima flexibilidade do equipamento.

7.2.2.3. Estação de regulação

Os poços estão interligados individualmente ou em pares a uma ou mais estações de


regulação através de canalização em PEAD, para gás, com Ø 90 mm. Nas estações de
regulação é possível manter controladas as características de toda a rede. Cada entrada na
estação de regulação é dotada de uma válvula borboleta e de um ponto para amostragem de
biogás de maneira a otimizar-se a captação.

30

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Drenagem e Tratamento de Biogás

7.2.2.4. Rede de Drenagem

A rede de drenagem é constituída por tubos de PEAD, para gás, com Ø 200 mm.

A quantidade e o tamanho das condutas dependem da distância das estações e da


quantidade de gás que se previu coletar.

Para a escolha do sistema de drenagem e a sua regulação foram tidos em conta os seguintes
aspetos:

- a necessidade de realizar uma rede com inclinação apropriada;


- a exigência de possibilitar que os operadores trabalhem com segurança;
- a necessidade, para os operadores, de manter o equipamento sob controlo;
- a exigência de manter o equipamento sempre eficiente, com necessidade apenas de
manutenção simples.

7.2.2.5. Estação de Extração

A estação de extração foi dimensionada com base no caudal de gás previsto, na quantidade
e distância dos poços e nas perdas de carga da rede de captação. É constituída da seguinte
maneira:
- descarregadores de condensação de PEAD;
- um separador ciclónico de condensação para cada entrada;
- filtros para retenção de pó (para salvaguardar o ventilador e os motores);
- dois ventiladores (um a funcionar e o outro de reserva) reguláveis mediante um
inversor.

A gestão da aspiração do biogás é realizada por dois ventiladores multi estádio, um a


funcionar e o outro de reserva, dotados de dispositivo para registar os tempos de
funcionamento e dimensionados para extraírem a quantidade de gás produzida.

A estação assegura a depressão em todos os poços e uma pressão suficiente para


alimentação ao motor.

Cada entrada é constituída por:


- separador ciclónico da condensação;
- válvula borboleta para interromper a linha;
- pontos de tomada para as análises manuais e contínuas.

O gás é levado até filtros de poeiras dotados de:

31

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Drenagem e Tratamento de Biogás

- sistemas de válvulas de interrupção para substituir os filtros sem necessidade de


parar o equipamento;
- manómetros de indicação da depressão e controlo de entupimento dos filtros.

7.2.3. Sistema de Produção de Energia Eléctrica

O equipamento de recuperação energética é constituído por:


1. analisador;
2. tratamento do biogás;
3. motor endotérmico;
4. cabine elétrica;
5. transformador de energia elétrica de baixa tensão a média tensão;

7.2.3.1. Analisador

O equipamento é dotado de sistema de análises para monitorar continuamente o teor (% de


volume) em oxigénio e metano no biogás enviado ao motor. Este sistema previu um alarme
de paragem do motor, relacionado com o aumento da concentração de oxigénio no biogás,
de modo a não se criarem misturas potencialmente explosivas na rede de captação.

A monitorização realizada mediante o sistema de análises contínuo do biogás possibilita


assegurar a fiabilidade e a eficiência do sistema de extração, uma vez que eventuais avarias
são imediatamente assinaladas e, portanto, prontamente reparados os danos que houver.

7.2.3.2. Tratamento do Biogás

O biogás, antes de ser levado ao grupo de geração, é submetido a mais um sistema de


depuração constituído por um grupo de refrigeração acoplado a um permutador de calor. O
sistema tem a capacidade de eliminar a humidade contida no fluxo gasoso.

O biogás é enviado pressurizado ao grupo de geração. A pressão é indicada diretamente na


canalização de adução, sendo o caudal gerido por meio informático.

7.2.3.3. Motor Endotérmico

O equipamento é constituído por um gerador de potência de 836 kWe; o motor endotérmico


de ciclo Otto acoplado a um alternador, dotado de turbina e de sistema de arrefecimento por
mistura Intercooler realizado apropriadamente para funcionar com biogás de aterro e gerido
por dois controladores lógicos programáveis (PLCs).

32

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Drenagem e Tratamento de Biogás

O grupo de geração é instalado num apropriado contentor de metal, com suporte autónomo
e dotado de isolamento acústico e térmico, no qual se encontra alojado o quadro elétrico e o
quadro de comandos do grupo.

O gerador é dotado de um sistema de redução de CO pós combustão. O sistema de pós


combustão catalítica opera a 750~800 °C e permite manter a concentração de CO ao longo
do tempo.

O sistema de pós combustão é constituído por uma câmara de combustão dupla. Os gases
são aquecidos, aquando a introdução na câmara, por resistências elétricas e durante a
combustão é utilizado uma proporção de biogás para manter a temperatura. Após a oxidação
são enviados à segunda câmara de combustão onde arrefecem e são emitidos para a
atmosfera a uma temperatura de cerca de 510 °C. A cada 3~5 minutos uma válvula inverte a
ordem do fluxo do gás, enquanto o sistema estiver a operar. A alternância da passagem pelas
duas câmaras possibilita poupar energia e manter a eficiência do processo.

Em caso de paragem temporária do motor, em que o biogás não possa ser queimado, o
mesmo é encaminhado para uma tocha de emergência, que se acende automaticamente.

As emissões do equipamento são encaminhadas à chaminé, constituída por um tubo de


metal apropriadamente isolado térmica e acusticamente.

7.2.4. Tocha

Com o propósito de assegurar a queima do biogás durante as manutenções programadas,


ou em caso de avaria ou paragem do equipamento, o biogás que não puder ser utilizado no
motor é enviada à tocha de emergência, que se acende automaticamente.

A destruição térmica do biogás realiza-se na câmara de combustão com temperaturas


superiores a 850° C, uma concentração de oxigénio superior a 3% em volume e tempo de
retenção superior a 0,3 segundos.

7.3. Modo de Funcionamento do Equipamento

O equipamento funciona sete dias por semana e 24 horas por dia, cerca de 8.000 horas por
ano.

33

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Drenagem e Tratamento de Biogás

Na Tabela IV é apresentado o balanço energético horário e anual e a avaliação da poupança


total de energia conseguida:

Tabela IV. Balanço Energético


BALANÇO ENERGÉTICO
Operação do equipamento - - horas p/ ano 8.000
Consumo de biogás pelo motor Nm3 p/ h 337 t. p/ ano 2.696
Produção bruta de energia elétrica kWe 836 MWh p/ ano 6.688

7.4. Recuperação dos Resíduos

O equipamento utiliza biogás produzido pela fermentação anaeróbica metanogénica dos


resíduos orgânicos deitados ao aterro.
Tabela V. Recuperação do Biogás

Lista Europeia de Resíduos 19 06 99 resíduos sem outra especificação: biogás

Gás combustível
Metano mín. 30% vol.
Características dos resíduos
H2S máx. 1,5% vol.
P.C.I. mín. 12.500 kJ/Nm3

Estado físico Gasoso

Operação de recuperação R1 Recuperação energética

34

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Plano de Exploração do Aterro

8. PLANO DE EXPLORAÇÃO DO ATERRO

8.1. Sequência de Enchimento

8.1.1. Conceção geral

O aterro foi concebido de forma a sofrer uma exploração faseada e sequencial, assente na
constituição de duas sub-células de deposição de resíduos, a explorar em sequência.

A divisão do aterro em duas sub-células, teve por objetivo uma minimização da contribuição
pluvial na produção de águas lixiviantes, limitando essa contribuição à que é originada na
sub-célula em exploração, em cada momento.

A divisão em sub-células tem, ainda, o mérito de permitir uma gestão mais sistematizada e
racional do aterro.

As duas sub-células são delimitadas pelos taludes periféricos do aterro, por um dique de
contenção (banqueta de encosto), a Este e por um septo central que separa as duas sub-
células entre si.

A exploração iniciou-se pela sub-célula C2, tendo ao fim de 5 anos se iniciado a exploração
da sub-célula C1. No final da exploração, proceder-se-á a uma renaturalização do terreno,
conferindo-lhe uma forma final devidamente integrada na zona envolvente natural, com
pendentes que permitam a drenagem das águas pluviais para as zonas circundantes.

Os lixiviados são bombeados diretamente dos poços de junção e bombagem (PJC1 e PJC2
e futuro PJC), por meio de bombas submersíveis (PC1 e PC2 e futuro PC) e condutas
flexíveis.

A ligação das condutas de lixiviado flexíveis à conduta elevatória fixa que conduz os lixiviados
à lagoa de regularização é feita nas caixas de válvulas CxC.

8.1.2. Modelação do Enchimento

A conceção geral do aterro foi desenvolvida na base da solução tradicional de descarga dos
resíduos, junto à frente de trabalho, diretamente a partir das viaturas de transporte.

35

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Plano de Exploração do Aterro

A descarga dos resíduos é seguida de espalhamento, por uma pá carregadora de rastos ou


uma máquina giratória de rastos, e de compactação pela mesma máquina.

Atendendo às diferentes tipologias de resíduos a serem descarregados é por vezes


necessário especializar subzonas na frente de trabalho, para organizar melhor o trabalho de
deposição e espalhamento.

A deposição é feita em “células diárias”, isto é, em espaços previamente delimitados para o


volume diário dos resíduos, onde estes são depositados em camadas de 0,3-0,5 m de altura,
e compactados, até atingirem uma altura de 1,85 m, que é, finalmente, recoberta por uma
camada de terra com 0,15 m de espessura.

Para a quantidade anual de 100 000 t, o sector diário tem a dimensão aproximada de
20x10x2 m.

O recobrimento diário com terras ou materiais inertes destina-se a eliminar eventuais vetores
de insalubridade, a diminuir o risco de incêndio, a melhorar o aspeto estético do aterro e a
limitar as infiltrações a partir da superfície. O respeito por esta prática é da maior importância
para uma boa exploração do aterro.

Os sucessivos estratos, todos com 2 metros de espessura, vão-se construindo sobrejacentes


uns aos outros até se atingir a cota final do aterro, que é de +47 m (após selagem), em ambas
as sub-células.

8.2. Funcionamento do Aterro

8.2.1. Organização da Frente de Trabalho

Para formação dos estratos descritos na alínea anterior, preconiza-se a formação de


"sectores diários", isto é, espaços previamente delimitados para o volume diário de resíduos,
com largura e comprimento de sensivelmente 20 m x 10 m, onde estes são depositados em
camadas de 0,3-0,5 m de altura, e compactados, até atingirem uma altura de 1,85 m, que é,
finalmente, recoberta por uma camada de terra com 0,15 m de espessura. A área do sector
diário de resíduos é previamente definida.

36

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Plano de Exploração do Aterro

8.2.2. Método Operatório de Deposição dos Resíduos

Em cada uma das células, o primeiro estrato do enchimento é constituído pelo conjunto dos
sectores diários, que se encostam lateralmente, de forma sucessiva, ao longo de toda a área
a ser utilizada, até a preencher na totalidade.

Concluído o 1º estrato, em toda a área, passa-se à execução de novo estrato superior, com
uma espessura de 2 m, com uma sequência de subzonas como descrito atrás.

Os diversos estratos, todos com 2 m de espessura, vão-se construindo sobrejacentes aos


que se vão concluindo, até atingir a cota final do aterro, sendo o encontro de cada estrato
efetuado nos taludes laterais envolventes ou nas banquetas de encosto.

Para formação das células diárias, os resíduos chegados ao aterro, em viaturas de


transporte, são descarregados na zona de descarga do “sector diário”, após o que o trator de
rastos promoverá o seu espalhamento e a sua compactação, de acordo com o esquema
descrito anteriormente.

8.2.3. Acesso à Frente de Trabalho

O acesso à frente de trabalho faz-se através de vias de serviço constituídas dentro da célula
em curso de exploração. Para a construção das vias de serviço recorre-se a materiais inertes
provenientes das atividades de construção e demolição ou outros resíduos similares.

Efetuada a descarga no "sector diário" de resíduos, a viatura de transporte regressa sem


circular sobre os resíduos depositados. Apenas a máquina de movimentação e compactação
de resíduos se desloca sobre a massa de resíduos durante a operação de espalhamento,
compactação e recobrimento do "sector diário".

Quando o estrato compactado e recoberto com terras ocupar toda a área da célula de
deposição, a circulação das viaturas far-se-á diretamente sobre caminhos de serviço
estabelecidos sobre o estrato assim formado.

8.2.4. Sistema de Bombagem de Lixiviados

No âmbito do projeto de ampliação da célula C, procedeu-se a uma reconversão do sistema


de drenagem, que deixou de ser um sistema por bombagem, a partir do interior da célula,

37

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Plano de Exploração do Aterro

para passar a ser um sistema gravítico até um poço de bombagem localizado no exterior da
célula, de onde o lixiviado e enviado para lagoas de regularização.

O sistema de drenagem anterior comportava 2 (dois) poços de juncão, PJC1 e PJC2, e 2


(duas) bombas, do tipo submersível, PC1 e PC2, que faziam bombagem direta dos lixiviados
do interior da célula para a lagoa de lixiviados existente, através de condutas de compressão
em tubo flexível, adaptadas, numa das extremidades, a compressão das bombas e, na outra
extremidade, a caixas de ligação, com válvulas.

No projeto de ampliação da célula C, suprimiram-se os 2 (dois) poços de juncão, PJC1 e


PJC2, e as 2 (duas) bombas, PC1 e PC2, que estavam instaladas no interior dos poços de
juncão e bombagem, e considerou-se a execução de ligações diretas, por meio de tubagem
ranhurada, desde a rede de drenagem de lixiviado existente e a rede de novos drenos a
instalar na zona de expansão, ate a descarga gravítica de lixiviado para o exterior de célula.

O poço de bombagem terá altura útil de 5,24 m e diâmetro interno de 2 m, permitindo uma
banda de controlo, entre nível baixo (de paragem das bombas) e nível alto (de arranque das
bombas) equivalente a 2,5 m3 de lixiviado.

8.3. Normas e Regras de Exploração

As normas e regras gerais seguidas na construção dos estratos de resíduos que, no seu
conjunto, e, de acordo com a sequência descrita para as diferentes zonas de enchimento,
promovem a modelação espacial do aterro, são:

• É demarcada a área correspondente ao "Sector Diário de Resíduos"; o espaço


demarcado corresponde ao volume diário de resíduos não perigosos de 400 m3,
isto é, tem dimensões de 20x10 m, considerando que o estrato formado tem uma
altura máxima de 2,0 m. Os resíduos são compactados por substratos de 30 cm.
• Logo que o “sector diário” fica concluído, as faces expostas, que têm uma
inclinação de 2:1 (H:V), são cobertas com terra ou outros materiais equivalentes a
“terras de cobertura” numa espessura de 15 cm. A necessidade diária de terras de
cobertura ou materiais inertes é aproximadamente 32 m3.
• Os "sectores diários de resíduos" encostam-se lateralmente, promovendo-se a
construção do aterro em extensão.
• Concluída a ocupação da área definida para o respetivo estrato, e dentro de cada
zona de intervenção, prossegue o crescimento do aterro em altura.

38

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Plano de Exploração do Aterro

• Os estratos sobrejacentes são formados com recurso a uma deposição sobre as


zonas já estabilizadas, podendo ser necessário recorrer a uma cobertura adicional
com terras, se a massa de resíduos inferior não apresentar condições de
capacidade de carga para a máquina em serviço. Esta situação, a ocorrer, verifica-
se somente em zonas de deposição de lamas de tratamento de efluentes. Nestas
zonas pode-se optar por reduzir a espessura dos estratos de resíduos, de 2 m para
1 m, ou, em alternativa, misturar esses resíduos com resíduos que apresentem
melhor coesão, de modo a conferir uma coesão aceitável à mistura de resíduos
resultante.

8.4. Equipamento de Exploração

Para a exploração da célula C, considera-se o equipamento em operação existente,


designadamente:

– Pá carregadora, destina-se ao espalhamento e compactação de resíduos;


– Compactadora (pés de carneiro), destina-se à compactação de resíduos;
– Máquina giratória de rastos, peso em operação 21 t, destina-se à execução e
manutenção dos taludes.

39

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Instalações de Apoio

9. INSTALAÇÕES DE APOIO

9.1. Introdução

O edifício administrativo está localizado na Unidade de Valorização de Resíduos, e a oficina


e o pavilhão de resguardo de máquinas estão posicionados numa plataforma a Norte das
células.

Nesta plataforma das instalações de apoio, existe também a ETAL (unidade de tratamento
por osmose inversa), a lagoa de regularização II, o reservatório de concentrado, a lagoa de
efluente tratado e a central de bombagem da rede de água de incêndio, bem como as redes
de água de abastecimento, de águas residuais e de água de incêndio existentes na zona a
manter. Nesta zona foi ainda instalado o posto de abastecimento de combustível.

9.2. Oficina

A oficina tem uma área em planta de 200 m2. Os acessos são garantidos por dois portões
de fole, com 5,0 m de largura, e por uma porta. As paredes exteriores são de alvenaria
rebocada e pintada até uma altura de 2,5 m, seguindo-se um revestimento em chapa lacada
dupla, até à cumeeira e remates. A cobertura é também em painel duplo de chapa lacada e
chapa translúcida nas zonas de iluminação.

9.3. Estrutura Metálica de Cobertura

A estrutura metálica de cobertura destina-se ao estacionamento e manutenção de máquinas


e viaturas. Dispõe ainda de uma fossa para manutenção de viaturas.

40

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Instalações de Apoio

Figura 3. Estrutura metálica

Tem dimensões em planta de 25,0 x 25,0 m e altura útil de 5,50 m.

O edifício é totalmente aberto, quer nos seus alçados principais, quer nas suas empenas.
Para revestimento da cobertura foi prevista a utilização de chapa lacada simples com
espessura de 0,60 mm.

Os montantes da estrutura expostos são envolvidos em betão até uma altura de 1,50 m de
modo a garantir a sua proteção durante as manobras de parqueamento.

9.4. Edifício Administrativo

O número de pisos do edifício é de três (rés-do-chão e 2 andares), contemplando:

– piso 2: um arrumo na cobertura; um laboratório, gabinetes e instalações sanitárias


para ambos os sexos;
– piso 1: um gabinete, sala de reuniões e formação, sala de fotocópias, um espaço
amplo e instalações sanitárias para ambos os sexos;
– piso 0: uma receção, gabinetes, refeitório, instalações sanitárias e balneários para
ambos os sexos e um espaço amplo destinado ao tratamento de resíduos.

41

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Instalações de Apoio

Figura 4. Unidade de valorização de Resíduos/Edifício Administrativo

A comunicação entre pisos é efetuada por uma escada, que interliga verticalmente os três
pisos, que funciona, também, como saída de evacuação de emergência.

O acesso ao empreendimento, pedonal e mecânico, faz-se a Sul pelo arruamento que


interliga todas as construções dentro do lote.

A área de implantação destinada aos serviços administrativos é de 275,60 m², a que


corresponde a uma área bruta de construção de 853,80 m².

O sistema construtivo adotado resolve equilibradamente as condicionantes técnicas e


económicas e responde às solicitações em termos de espaço do programa definido. Para
tal utilizou-se um sistema construtivo misto, em que elementos estruturais contínuos em
betão armado se articulam com uma estrutura metálica, com pilares aparafusados em
sapatas próprias e por vigas encastráveis, sendo os panos de parede não estruturais
preenchidos com tijolo.

Em projetos anteriores já foram submetidas as plantas dos edifícios existentes e das


instalações de apoio.

42

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Instalações de Apoio

9.5. Armazenamento de Combustíveis

O CITRI possui uma instalação de armazenagem de combustíveis líquidos, constituída por


um reservatório aéreo, com a capacidade de 6,5 m3, para gasóleo normal. O gasóleo
destina-se a consumo próprio na instalação, mais propriamente para abastecimento às
viaturas ao serviço da empresa.

A instalação é composta pelo reservatório propriamente dito, por uma bacia de retenção,
uma zona de abastecimento e enchimento, um equipamento (eletrobomba) para
abastecimento e um separador de hidrocarbonetos.

A localização do reservatório, na plataforma das instalações de apoio, próximo da estrutura


metálica de cobertura, foi definida tendo em conta a disponibilidade do terreno, as condições
de acesso e as normas de segurança.

As características urbanísticas da instalação são as seguintes:

– Área total de construção .......... 76,50 m²;


– Volumetria ............................... 153 m³;
– Cércea .................................... 2,0 m (correspondente à altura do depósito aéreo).

43

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Infraestruturas

10. INFRAESTRUTURAS

10.1. Redes de Abastecimento de Água

Nas instalações existem duas redes distintas para consumo de água, a rede de água
potável, proveniente da rede municipal, e a rede de água industrial, proveniente da lagoa de
águas residuais tratadas.

As redes disponíveis encontram-se devidamente assinaladas para facilitar a identificação e


não se correrem riscos de consumo humano de água não potável. As saídas de água não
potável contêm a respetiva sinalética com informação escrita e gráfica.

A rede de água industrial alimenta também a rede de incêndio existente no interior das
instalações. A rede de incêndio permite dar resposta a situações de emergência tendo em
conta o risco de incêndio que as atividades de armazenamento e gestão de resíduos
acarretam.

10.1.1. Célula C de Deposição de Resíduos e Plataforma das Instalações de Apoio

As redes de distribuição exterior de água são independentes, desenvolvendo-se


paralelamente em grande parte do traçado. As condutas, em PVC, PN 10, classe 0,6 MPa,
desenvolvem-se enterradas em vala, com 1,0 m de profundidade, sendo a camada de
envolvimento da tubagem em areia ou areão e o restante enchimento da vala com terra
cirandada, compactada manualmente.

A rede de distribuição de água potável abastece todos os consumidores das várias unidades
dentro das instalações.

A rede de água de serviço desenvolve-se com o traçado e diâmetros representados na peça


desenhada referida. Na plataforma das instalações de apoio, esta rede tem como
consumidores a lavagem de equipamento mecânico e viaturas, o sistema de tratamento por
osmose inversa e a oficina.

A rede de água de incêndios das instalações é alimentada pela central de bombagem.

Nas células, a rede de água de incêndio desenvolve-se em forma de anel, fechando a rede
de água de incêndio, entre um ponto na plataforma das instalações de apoio e um ponto
junto à unidade de valorização de resíduos.

44

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Infraestruturas

Existem na instalação um total de 12 hidrantes, dos quais 8 estão distribuídos


uniformemente em torno da célula C.

Para efeito de dimensionamento da rede, considerou-se o caudal, por hidrante, de 4,2 l/s.

São utilizadas mangueiras de sintético, com a extensão de 40 ou 20 m, para pressão de 8


bar e com ligações de Ø 50 mm.

10.1.2. Unidade de Valorização de Resíduos/Edifício Administrativo

As redes de abastecimento de água potável ao edifício existente não sofrem alterações.

10.2. Rede de Águas Residuais Domésticas e Industriais

As redes de águas residuais domésticas e industriais não sofrem alterações.

10.3. Rede de Águas Pluviais

As alterações à rede de águas pluviais decorrem da ampliação da célula e encontram-se


descritas no capítulo 7.

45

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS
COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS ORGÂNICOS

Sistema de Tratamento das Águas Residuais

11. SISTEMA DE TRATAMENTO DAS ÁGUAS RESIDUAIS

11.1. Características Qualitativas e Quantitativas dos Lixiviados

As águas de lixiviação são produzidas como resultado da percolação das águas pluviais
através dos resíduos e subsequente extração/dissolução de materiais presentes, e da perda
de água (humidade), resultante da compressão que as camadas de resíduos exercem umas
sobre as outras.

Na Tabela VI apresenta-se a composição dos lixiviados do aterro, que se baseia nos


resultados da monitorização efetuada (2010 a 2018).
Tabela VI. Características dos lixiviados

Parâmetro Valor
pH 7-8
Condutividade (mS/cm) 20-40
SST (mg/l) 500-2000
CQO (mg O2/l) 7000-11000
CBO5 (mg O2/l) 750-1700
Hidrocarbonetos totais (mg/l) 1-9
Fenóis (mg/l C6H5OH) 0,1-5

A quantidade de lixiviados produzida no aterro, ao longo da sua exploração, foi determinado


com base num processo de cálculo baseado no método proposto por Tchobanoglous (1993),
o qual atende aos seguintes fatores:

– Balanço hidrológico do local de implantação do aterro;


– Humidade média dos resíduos (40%);
– Composição dos resíduos (designadamente a biodegradabilidade da matéria
orgânica);
– Densidade dos resíduos em aterro (1 t/m³);
– Grau de compactação dos resíduos em aterro (variável ao longo da exploração
das células, tendo em consideração a altura da deposição);
– Capacidade de campo dos resíduos, variável em função do grau de compactação
dos resíduos;
– Forma de exploração do aterro.

Apos a ampliação, continuarão a ser produzidos lixiviados com características idênticas aos
que são produzidos atualmente.

46

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS
COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS ORGÂNICOS

Sistema de Tratamento das Águas Residuais

O aumento de capacidade resultante da ampliação determinara um aumento da produção de


lixiviados, em final de exploração, que se estima em cerca de 25%.

Com base nas estimativas de caudal realizadas no âmbito do projeto da célula C, estima-se,
apos a ampliação, a produção de lixiviados, em final de exploração, que se apresenta na
Tabela VII.
Tabela VII. Produção de lixiviados, após ampliação

Caudal Médio nos Caudal Médio nos


Caudal Médio Anual
Fase de Exploração Meses Chuvosos Meses Secos
(m3/h) (m3/h) (m3/h)
Final da Exploração 3,4 5,1 2,5

11.2. Sistema de Tratamento dos Lixiviados

Os lixiviados são enviados, por conduta elevatória, à unidade de tratamento por osmose
inversa (ETAL), existente.

A ETAL é composta por duas lagoas de regularização em série, a primeira localizada junto
ao aterro e a segunda localizada junto dos restantes órgãos constituintes da ETAL: filtro
metálico, filtro de areia, seguido de microfiltração, duas etapas de tratamento por osmose
inversa e uma lagoa de armazenagem de efluente tratado (permeado).

O lixiviado da célula C, após regularização na primeira lagoa, é bombeado para a segunda


lagoa de regularização, e posteriormente para a unidade de osmose inversa.

Antes da unidade de osmose inversa, existe um filtro metálico, que efetua uma pré-filtração
das partículas em suspensão de maior dimensão.

A ETAL tem uma capacidade de tratamento de 140 m3/dia.

47

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS
COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS ORGÂNICOS

Sistema de Tratamento das Águas Residuais

Figura 5. Unidade de Tratamento de Lixiviados

A ETAL recebe, não só os lixiviados gerados na célula C, mas também os lixiviados gerados
nas células A e B, entretanto seladas, e as águas residuais geradas na Unidade de
Valorização de Resíduos e nas instalações de apoio.

Após selagem, o caudal de lixiviado gerado nas células A e B decaiu substancialmente, em


relação aos valores de caudal das células em exploração.

Estima-se que, nessas circunstâncias, o caudal médio de lixiviado conjunto das duas células
não exceda o valor de 0,5 m3/h, valor que ocorre atualmente no aterro do CITRI após períodos
prolongados sem precipitação.

O caudal máximo estimado de lixiviado será, assim, no futuro, com a célula C em exploração,
de 5,1 m3/h (caudal médio nos meses chuvosos no final da exploração da célula C), acrescido
de 0,2 m3/h (células seladas), isto é, 5,3 m3/h, valor que se traduz num caudal diário de 120
m3/dia, abaixo da capacidade de tratamento da ETAL (140 m3/dia).

Em paralelo, o CITRI detém Licença de Descarga no sistema pública de tratamento de águas,


ETAR da Cachofarra, gerido pela empresa Águas do Sado.

48

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Procedimentos de Controlo e Aceitação de Resíduos

12. PROCEDIMENTOS DE CONTROLO E ACEITAÇÃO DE RESÍDUOS

A entidade promotora aplica o procedimento de admissão de resíduos que estabeleceu para


a unidade existente, ou seja, apenas serão encaminhados para o aterro os resíduos que
obedecerem aos critérios de admissão para resíduos não perigosos definidos no Decreto-lei
n.º 183/2009, de 10 de Agosto, mediante um processo que engloba a classificação básica, a
verificação da conformidade e a verificação no local.

12.1. Considerações Introdutórias

O processo de admissibilidade em aterro obedece ao disposto no Anexo IV do DL n.º


183/2009, de 10 de agosto, que estabelece normas aplicáveis à instalação, exploração,
encerramento e manutenção pós-encerramento de aterros.

São ainda aplicáveis as isenções de verificação enunciadas no ponto 1.8 do Anexo IV do


referido diploma, que são:

a) O resíduo figura numa lista de resíduos para os quais não são requeridos ensaios,
conforme estabelecido na parte B do presente anexo;
b) Todas as informações necessárias para a caracterização básica do resíduo são
conhecidas e estão devidamente justificadas de modo a satisfazer plenamente a entidade
licenciadora;
c) O resíduo pertence a uma tipologia de resíduos para os quais é impraticável a
realização de ensaios ou não se dispõe de procedimento de ensaios ou critérios de
admissão apropriados ou é aplicável uma legislação derrogatória. Tal deverá ser
devidamente justificado e documentado, incluindo os motivos pelos quais o resíduo é
considerado admissível em determinada classe de aterro.

Assim, aplicam-se ao aterro do CITRI os seguintes critérios e procedimentos:

– Os resíduos não perigosos recebidos no CITRI ficam sujeitos aos critérios e


procedimentos de admissão estabelecidos no DL nº 183/2009, de 10 de Agosto,
conforme descrito nos capítulos seguintes;
– Os resíduos urbanos classificados como não perigosos no capítulo 20 da LER, as
fracções de resíduos urbanos não perigosas recolhidas selectivamente e as mesmas
matérias não perigosas de outras origens ficam isentas de ensaios para
caracterização básica, mas todas as informações necessárias para a classificação
desses resíduos devem ser conhecidas, de modo a satisfazer plenamente a
autoridade competente.

49

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Procedimentos de Controlo e Aceitação de Resíduos

12.2. Resíduos Admissíveis em Aterro

Considera-se que apenas serão encaminhados para o aterro os resíduos que obedecerem
aos critérios de admissão para resíduos não perigosos do DL n 183/2009, de 10 de agosto
que estabelece normas aplicáveis à instalação, exploração, encerramento e manutenção
pós-encerramento de aterros.

De acordo com o referido diploma, e tratando-se de um aterro para resíduos não perigosos,
os resíduos admissíveis são aqueles não abrangidos pela legislação de resíduos perigosos
e não assinalados na lista europeia de resíduos (Decisão da Comissão n.º 2014/955/EU, de
18 de Dezembro) como perigosos.

Previamente à deposição dos resíduos em aterro devem-se conhecer, de forma o mais exata
possível, as suas propriedades gerais, a sua composição, lixiviabilidade e comportamento a
longo prazo.

Assim, os resíduos e respetivos eluatos devem respeitar os valores especificados para os


vários parâmetros, constantes das tabelas n.ºs 4, 5 e 6 do Anexo IV do DL n.º183/2009, que
se transcrevem seguidamente (Tabelas VIII a X).

Tabela VIII. Critérios de admissão para resíduos não perigosos(1) – Valores limites de lixiviação
Classe de aterros
Componente
Não perigosos (1)
Arsénio mg/kg ms 5
Bário mg/kg ms 100
Cádmio mg/kg ms 2
Crómio total mg/kg ms 20
Cobre mg/kg ms 50
Mercúrio mg/kg ms 0,5
Molibdénio mg/kg ms 10
Níquel mg/kg ms 10
Chumbo mg/kg ms 10
Antimónio mg/kg ms 0,7
Selénio mg/kg ms 0,5
Zinco mg/kg ms 50
Cloreto (b) mg/kg ms 50 000
Fluoreto mg/kg ms 250
Sulfato (b) mg/kg ms 20 000

50

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Procedimentos de Controlo e Aceitação de Resíduos

Classe de aterros
Componente
Não perigosos (1)
COD (Carbono Orgânico dissolvido) mg/kg ms 1000 (a)
SDT (Sólidos Dissolvidos Totais) (b) mg/kg ms 60 000
(1) Fonte: Tabela nº 4 do Anexo IV do Decreto-lei no 183/2009;
(a) Sempre que o aterro for especialmente destinado à admissão de resíduos orgânicos, este valor
poderá ser ultrapassado. Também poderá ser ultrapassado sempre que se tratar de um resíduo que não
seja susceptível de fermentar.
(b) Os valores para SDT podem ser utilizados em alternativa aos valores para o sulfato e o cloreto.

Tabela IX. Critérios de admissão para resíduos granulares(1) – Valores limites de lixiviação
Classe de aterros
Componente
Não perigosos (1)
Arsénio mg/kg ms 2
Bário mg/kg ms 100
Cádmio mg/kg ms 1
Crómio total mg/kg ms 10
Cobre mg/kg ms 50
Mercúrio mg/kg ms 0,2
Molibdénio mg/kg ms 10
Níquel mg/kg ms 10
Chumbo mg/kg ms 10
Antimónio mg/kg ms 0,7
Selénio mg/kg ms 0,5
Zinco mg/kg ms 50
Cloreto (b) mg/kg ms 50 000
Fluoreto mg/kg ms 250
Sulfato (b) mg/kg ms 20 000
COD (Carbono Orgânico dissolvido) mg/kg ms 800 (a)
SDT (Sólidos Dissolvidos Totais) (b) mg/kg ms 60 000
(1) Fonte: Tabela nº 5, Anexo IV do Decreto-lei no 183/2009;
(a) Sempre que o aterro for especialmente destinado à admissão de resíduos orgânicos, este valor
poderá ser ultrapassado. Também poderá ser ultrapassado sempre que se tratar de um resíduo que não
seja suscetível de fermentar.
(b) Os valores para SDT podem ser utilizados em alternativa aos valores para o sulfato e o cloreto.

51

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Procedimentos de Controlo e Aceitação de Resíduos

Tabela X. Critérios de admissão para resíduos granulares perigosos (1) – Outros valores limite
Classe de aterros
Componente
Não perigosos
COT % 5
pH - Mínimo 6
CNA (capacidade de neutralização de
- Tem de ser avaliado
ácidos)
(1) Fonte: Tabela nº 6, Anexo IV do Decreto-Lei no 183/2009;
(a) Se este valor for ultrapassado, a entidade licenciadora pode admitir um valor limite superior, desde que
seja respeitado o valor limite de COD de 800 mg/kg com L/S = 10 l/kg ao pH do próprio material ou a um pH
entre 7,5 e 8,0.
(b) De acordo com a EN 15364.

12.3. Processo de Admissão de Resíduos em Aterro

De acordo com o artigo 35.º do DL n.º 183/2009, a admissão dos resíduos nos aterros fica
sujeita aos seguintes procedimentos:

• O processo de admissão de um resíduo em aterro compreende os seguintes níveis


de verificação, nos termos previstos no anexo IV ao presente decreto -lei, do qual faz
parte integrante:
a) Caracterização básica pelo produtor ou detentor;
b) Verificação da conformidade pelo produtor ou detentor o mais tardar um ano após
a caracterização básica e repetida pelo menos anualmente;
c) Verificação no local pelo operador.
• Se a caracterização básica e a verificação da conformidade de um resíduo
demonstrar que este satisfaz os critérios para a classe de aterro em causa, o
operador emite um certificado de aceitação cuja validade não pode exceder um ano.
• No ato de receção de uma carga de resíduos o operador emite um comprovativo da
respetiva receção e verifica a conformidade da documentação que a acompanha,
incluindo o certificado de aceitação, as guias de acompanhamento do transporte de
resíduos, e sempre que aplicável, os documentos exigidos nos termos do
Regulamento (CE) n.º 1013/2006, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 14 de
Junho, e no DL n.º 45/2008, de 11 de Março.
• Sempre que tal se justifique, para verificação da conformidade do resíduo
apresentado com a descrição constante da documentação que o acompanha, pode
o operador determinar a recolha de amostras representativas, a expensas do
produtor ou detentor do resíduo, as quais devem ser conservadas durante um mês,

52

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Procedimentos de Controlo e Aceitação de Resíduos

devendo os resultados das respetivas análises ser conservados pelo período de um


ano.

De acordo com o Anexo IV do DL n.º 183/2009, devem ser respeitados os seguintes critérios
de admissão de um determinado resíduo em aterro:

• A classificação geral dos resíduos e a respetiva verificação baseiam-se em três


níveis de verificação:
a)Caracterização básica – consiste em reunir a informação mais completa
sobre o resíduo de modo a:
a) Caracterizar o resíduo;
b) Compreender o comportamento do resíduo em aterro e as opções de
tratamento referidas na alínea a) do artigo 4.º do DL;
c) Avaliar o resíduo em função de valores limites para admissão em
aterro;
d) Identificar variáveis chave (parâmetros críticos) para simplificação dos
ensaios de verificação de conformidade.
b) Verificação de conformidade – consiste na verificação periódica da
conformidade do resíduo com os resultados da caracterização básica e com os
critérios de admissão pertinentes. A verificação incidirá sobre os parâmetros
considerados críticos (variáveis chave) na caracterização básica;
c) Verificação no local – destina-se a apurar se se trata de resíduos idênticos
aos submetidos a caracterização básica e verificação de conformidade e que
se encontram descritos nos documentos de acompanhamento. Os resíduos só
podem ser aceites no aterro se tal for confirmado.

12.3.1. Caracterização Básica

• A informação a fornecer sobre o resíduo deve incluir:


a) Fonte e origem do resíduo;
b) Descrição do processo que dá origem ao resíduo e das características das
matérias -primas e produtos;
c) Descrição dos tratamentos a que o resíduo é sujeito ou justificação da ausência
de tratamento;
d) Dados sobre a composição do resíduo e o seu comportamento lixiviante, quando
relevante;
e) Aspeto do resíduo (odor, cor, forma física);

53

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Procedimentos de Controlo e Aceitação de Resíduos

f) Código do resíduo, de acordo com a Lista Europeia de Resíduos, que consta da


Decisão 2014/955/EU, de 18 de dezembro;
g) Propriedades relevantes em termos de perigosidade, no caso de um resíduo
perigoso;
h) Informações comprovando que o resíduo não está abrangido pelas exclusões
estabelecidas no n.º 1 do artigo 6.º do DL;
i) Conclusão sobre a classe de aterros em que o resíduo pode ser admitido;
j) Eventuais precauções a tomar na deposição do resíduo em aterro;
l) Indicação sobre a possibilidade de reciclagem ou valorização do resíduo.
• No caso de resíduos regularmente produzidos num mesmo processo, a
caracterização básica inclui indicações sobre a variabilidade dos diferentes
parâmetros característicos do resíduo.
• Na proximidade dos valores limites de admissão, os resultados dos ensaios podem
apresentar apenas variações pouco significativas.
• Se os resíduos regularmente produzidos num mesmo processo provêm de
instalações diferentes, pode ser efetuada uma caracterização básica única, desde
que esta inclua um estudo da variabilidade dos parâmetros de base nas diferentes
instalações, mostrando a sua homogeneidade.
• O resíduo apenas é considerado admissível numa determinada classe de aterro
se a sua caracterização básica demonstrar que ele satisfaz os critérios para essa
classe de aterro,
• A informação relativa à caracterização básica dos resíduos admitidos no aterro é
conservada durante todo o período de exploração da instalação.

12.3.2. Verificação de Conformidade

• Se um resíduo for considerado admissível numa classe de aterro com base na


caracterização básica efetuada, é subsequentemente sujeito a verificação
periódica da sua conformidade com os resultados da caracterização básica e com
os critérios de admissão pertinentes.
• Os parâmetros que devem ser verificados são os parâmetros considerados críticos
(variáveis chave) na caracterização básica. O controlo deve demonstrar que o
resíduo cumpre os valores limites relativamente aos parâmetros críticos.
• Os ensaios utilizados para verificação da conformidade devem ser escolhidos de
entre os utilizados para a caracterização básica. Estes ensaios compreendem pelo
menos um ensaio de lixiviação com um lote.
• Os resíduos dispensados de ensaios para a caracterização básica, referidos em ..,
estão também dispensados de ensaios para verificação da conformidade. Devem

54

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Procedimentos de Controlo e Aceitação de Resíduos

no entanto ser objeto de verificação da sua conformidade com a informação da


caracterização básica para além da resultante dos ensaios.
• A verificação da conformidade deve efetuar -se, no mínimo, uma vez por ano,
garantindo de qualquer forma o operador que seja efetuada com o âmbito e
frequência determinados na caracterização básica.
• Os resultados dos ensaios de verificação da conformidade são conservados pelo
operador do aterro por um período de três anos após a sua realização.

12.3.3. Verificação no local

• Cada lote de resíduos recebidos no aterro é objeto de verificação da


documentação necessária e de inspeção visual antes e após a descarga. Para
resíduos depositados pelo respetivo produtor num aterro sob o seu controlo, esta
verificação pode ser efetuada no local de expedição.
• De todos os resíduos admitidos no aterro não identificáveis por simples inspeção
visual, são conservadas amostras durante um mês, no sentido de poder ser
realizada uma análise de controlo.

Para a deposição, num determinado aterro, de um resíduo não incluído na lista de resíduos
admitidos naquela classe de aterro e ou na lista de resíduos constante da licença, o operador
deve apresentar um pedido à autoridade competente, a qual poderá conceder uma
autorização, a título excecional, mediante processo de admissão estabelecido pela mesma.

55

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Processos de Controlo e Monitorização

13. PROCESSOS DE CONTROLO E MONITORIZAÇÃO

Em conformidade com os requisitos do Decreto-lei nº 183/2009, de 10 de Agosto, e com as


obrigações a que o CITRI se encontra sujeito por via da licença ambiental que lhe foi
concedida para a exploração das células (LA nº 714/0.1/2018), que deverão vir a ser
estendidos à ampliação projetada, são realizados os processos de controlo, na fase de
exploração, que se descrevem nos pontos seguintes.

13.1. Manual de Exploração

O operador elabora um manual de exploração donde constem as operações de exploração,


nomeadamente:
a) Forma de controlo dos resíduos à entrada da instalação;
b) Esquema de enchimento do aterro, tendo como referência o projeto aprovado
(superfície máxima a céu aberto em regime de exploração normal, altura de
deposição dos resíduos, características dos taludes de proteção e suporte dos
resíduos, etc.);
c) Plano de monitorização, incluindo os parâmetros a determinar e a frequência, os
locais e os métodos de amostragem, tendo em conta designadamente o disposto
nos pontos seguintes do presente anexo;
d) Sistema de manutenção e controlo do funcionamento das infraestruturas do aterro:
sistemas de drenagem, poços de registo e de drenagem dos lixiviados, bacias dos
lixiviados e das águas pluviais recolhidas durante a exploração, valas de
drenagem, piezómetros, etc.;
e) Condições técnicas de selagem e encerramento do aterro, de acordo com o projeto
aprovado;
f) Medidas de prevenção de incidências, acidentes e incêndios, bem como das
medidas a tomar em cada caso.

13.2. Relatórios de Atividade

Anualmente o operador do aterro elabora e envia à entidade licenciadora um relatório da


atividade da instalação, do qual constam designadamente:
a) Avaliação do estado do aterro, efetuada através da superfície ocupada pelos
resíduos, volume e composição dos resíduos, métodos de deposição, início e
duração da deposição e cálculo da capacidade de deposição ainda disponível no
aterro, acompanhada do plano de enchimento, com eventual redefinição de cotas;

56

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Processos de Controlo e Monitorização

b) Processos, resultados, análises e conclusões do controlo efetuado e comparação


com a respetiva situação de referência, os quais devem ser enviados em suporte
informático.

13.3. Registos

O operador manterá os seguintes registos:

a) Guias de acompanhamento relativas a cada produtor, as quais devem conter o


número de série, o número da ficha de admissão, a quantidade dos resíduos
admitidos expressa em toneladas, a identificação do produtor e do transportador,
a matrícula do veículo ou do reboque e a data de entrega dos resíduos;
b) Operações de enchimento e selagem, bem como assentamentos observados;
c) Levantamentos topográficos efetuados, permitindo verificar a conformidade ou não
conformidade da realidade com as previsões do projeto;
d) Dados meteorológicos diários — volume de precipitação, temperatura, direção e
velocidade do vento, e, sempre que se justifique, de evaporação e humidade
atmosférica;
e) Resultados de todas as análises e medições efetuadas;
f) Anomalias verificadas no aterro.

Os registos serão conservados até ao fim da fase de acompanhamento e controlo do


encerramento da instalação e serão disponibilizados a pedido da entidade competente.

13.4. Controlo de Assentamentos e Enchimento

• Controlo anual dos potenciais assentamentos do terreno e da massa de resíduos


depositada, mediante a colocação de marcos topográficos previstos para o efeito.
• Realizar anualmente um levantamento topográfico da massa de resíduos
depositada no aterro de forma a tornar possível a comparação e a sobreposição
dos resultados obtidos com os resultados anteriores.
• Anualmente, o operador do aterro regista as alterações topográficas decorrentes
da exploração. Este registo contém: início e duração da deposição; superfície
ocupada pelos resíduos; volume e composição dos resíduos depositados; métodos
de deposição utilizados; cálculo da capacidade de deposição ainda disponível no
aterro; comportamento do aterro relativamente a eventuais assentamentos.

57

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Processos de Controlo e Monitorização

Um relatório síntese do registo anual das alterações topográficas deve ser integrado no
Relatório Ambiental Anual (RAA) a enviar à APA no âmbito da Licença Ambiental da
instalação existente.

13.5. Controlo dos Lixiviados

• O operador deve monitorizar mensalmente o volume dos lixiviados e


quinzenalmente o nível dos lixiviados em cada uma dos poços.
• O operador monitoriza mensalmente a qualidade dos lixiviados produzidos no
aterro: pH, condutividade, CQO, cloretos e amónio.
• O operador do aterro realiza trimestralmente uma análise mais completa aos
lixiviados, no âmbito da qual são medidos complementarmente os seguintes
parâmetros: carbonatos/bicarbonatos, cianetos, arsénio, cádmio, crómio total,
crómio VI, mercúrio, chumbo, potássio e índice de fenóis.
• O operador do aterro realiza semestralmente uma análise exaustiva dos lixiviados,
no âmbito da qual são medidos complementarmente os seguintes parâmetros:
COT, fluoretos, nitratos, nitritos, sulfatos, sulfuretos, alumínio, bário, boro, cobre,
ferro, manganésio, zinco, antimónio, níquel, selénio, cálcio, magnésio, sódio,
compostos orgânicos halogenados adsorvíveis (AOX) e hidrocarbonetos totais.
Caso o valor de AOX dos lixiviados seja superior a 10 mg/l será realizada uma
análise no sentido de apurar a presença dos compostos orgânicos clorados
definidos pela entidade licenciadora.
• A amostragem e a medição (volume e composição) dos lixiviados devem ser
efetuadas separadamente em cada ponto em que surjam. As amostras a recolher
deverão ser representativas da composição média. A medição do nível de lixiviado
deve ser efetuada na última caixa de reunião existente em cada célula.
• Se for constatada qualquer fuga na bacia dos lixiviados, esta deve ser
imediatamente esvaziada e reparada, sendo do facto informada a entidade
licenciadora. O incidente deve constar do registo da instalação.

A informação acima descrita deve ser enviada à CCDR e constar do RAA, nos termos da
licença ambiental em vigor na instalação existente.

13.5.1. Bacias dos Lixiviados

• O operador deve controlar diariamente a capacidade disponível na bacia dos


lixiviados.

58

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Processos de Controlo e Monitorização

• O operador deve medir o caudal de entrada de lixiviados na bacia de lixiviados,


semanalmente e sempre após uma precipitação significativa.

A informação acima descrita deverá igualmente ser enviada à CCDR e constar do RAA, nos
termos da licença ambiental em vigor na instalação existente.

13.6. Controlo das Águas Superficiais

• Antes do início das operações de exploração, e no sentido de dispor de um valor


de referência para futuras análises, o operador do aterro procede à recolha e
análise de amostras das águas superficiais, se presentes, nas estações seca e
húmida, em pelo menos dois pontos representativos, um a montante e outro a
jusante do aterro. Caso a linha de água seja de carácter intermitente, devem ser
feitas análises aquando das primeiras chuvas do ano hidrológico.
• O controlo das águas superficiais, se presentes, é efetuado com periodicidade
trimestral, nos mesmos pontos amostrados antes do início das operações de
exploração.
• As amostras a recolher devem ser representativas da composição média.
• De acordo com a licença ambiental em vigor na instalação existente, deverão ser
medidos, nas águas superficiais, quando ocorrerem descargas, os seguintes
parâmetros: pH, CBO5, cianetos totais, zinco total, arsénio total, cádmio total,
chumbo total, cobre total, crómio total, mercúrio total, níquel total, azoto amoniacal,
sulfatos e fósforo total.

A informação acima descrita deve ser enviada à CCDR e constar do RAA, nos termos da
licença ambiental em vigor na instalação existente

13.7. Gases

13.7.1. Aterro

• O controlo do biogás deve ser representativo de cada alvéolo do aterro.


• O teor de metano, de oxigénio e de dióxido de carbono dos gases de aterro é
medido mensalmente. Os pontos onde são realizadas as medições são
especificados no projeto do aterro.

59

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Processos de Controlo e Monitorização

• De acordo com a licença ambiental em vigor na instalação existente, devem ser


medidos mensalmente, além dos parâmetros já acima indicados, o volume, a
velocidade, a pressão atmosférica.

A informação acima descrita deverá ser enviada semestralmente à CCDR e constar do RAA,
nos termos da licença ambiental em vigor na instalação existente.

13.7.2. Unidade Valorização Biogás

• De acordo com a Licença Ambiental, procede-se duas vezes por ano à


monitorização do sistema de queima de biogás aos parâmetros monóxido de
carbono, óxidos de azoto e COV não metânicos;

A informação sobre os resultados da monitorização deve igualmente ser enviada à CCDR e


constar do RAA, nos termos da licença ambiental em vigor na instalação existente.

13.7.3. Sistema de Despoeiramento

• Procede-se duas vezes por ano à monitorização do sistema de despoeiramento no


parâmetro partículas e COV;

A informação sobre os resultados da monitorização deverá igualmente ser enviada à CCDR


e constar do RAA, nos termos da licença ambiental em vigor na instalação existente.

13.8. Controlo das Águas Subterrâneas

• Antes do início das operações de exploração, e no sentido de dispor de um valor


de referência para futuras análises, o operador do aterro procede à colheita de
amostras e à análise dos piezómetros da rede de controlo e dos pontos de água
subterrânea situados na área de influência potencial do aterro. Para esse efeito a
rede de piezómetros consiste de 7 piezómetros localizados na envolvente das
células (ver Figura 1).
Os parâmetros a medir são os indicados na lista referente à análise anual das
águas subterrâneas, a seguir indicada.
• Durante a fase de exploração da instalação, o operador do aterro realiza
mensalmente uma análise da qualidade das águas subterrâneas na rede
piezométrica de controlo, no âmbito da qual são medidos os seguintes parâmetros:
pH, condutividade e cloretos.
• O operador do aterro realiza semestralmente uma análise mais completa da
qualidade das águas subterrâneas, na rede piezométrica de controlo, no âmbito da

60

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Processos de Controlo e Monitorização

qual são medidos os seguintes parâmetros: pH, condutividade, COT, cianetos,


cloretos, antimónio, arsénio, cádmio, crómio total, crómio VI, mercúrio, níquel,
chumbo, selénio, potássio e índice de fenóis. Caso o valor de COT seja superior a
15 mg/l, será realizada uma análise no sentido de apurar a presença de
hidrocarbonetos.
• O operador do aterro realiza anualmente uma análise exaustiva da qualidade das
águas subterrâneas na rede piezométrica de controlo, no âmbito da qual são
medidos os seguintes parâmetros: pH, condutividade, COT, carbonatos/
bicarbonatos, cianetos, cloretos, fluoretos, nitratos, nitritos, sulfatos, sulfuretos,
alumínio, amónia, bário, boro, cobre, ferro, manganésio, zinco, antimónio, arsénio,
cádmio, crómio total, caso se aplique, crómio VI, mercúrio, níquel, chumbo, selénio,
cálcio, magnésio, potássio, sódio, fenóis e compostos orgânicos halogenados
adsorvíveis (AOX). Caso o valor de COT seja superior a 15 mg/l, será realizada
uma análise no sentido de apurar a presença de hidrocarbonetos.
• A medição do nível piezométrico, em todos os piezómetros da rede de controlo, é
efetuada semestralmente, podendo, no caso da existência de níveis freáticos
variáveis, esta frequência ser aumentada.
• Caso haja uma variação significativa na qualidade das águas o operador do aterro
procederá como a seguir se indica:
a) Notificará o facto, por escrito, à entidade licenciadora num prazo máximo de
cinco dias. A notificação indicará os parâmetros que comprovam a referida
variação.
b) Procederá imediatamente à recolha de amostras representativas em todos os
pontos de águas subterrâneas situados na potencial área de influência do
aterro e procederá à sua análise com vista a determinar os parâmetros da lista
referente à análise de periodicidade anual.
c) Num prazo máximo de 10 dias a contar da data de notificação, estabelecerá,
conjuntamente com a entidade licenciadora e com a ARH, um plano de estudo
a fim de determinar a origem da alteração de qualidade detetada no meio
hídrico.
d) Num prazo máximo de 30 dias a contar do estabelecimento do plano de estudo,
em colaboração com a entidade licenciadora e a ARH, reunirá todos os dados
necessários que permitam explicar a alteração observada.
• Caso o aterro seja a causa da alteração da qualidade do meio hídrico, o operador
estabelece, conjuntamente com a autoridade competente, no prazo máximo de 30
dias a contar da data de confirmação deste facto pela autoridade competente, um
programa de acompanhamento e controlo. Este programa deve incluir pelo menos
o seguinte:
a) As medidas corretivas;
b) Os pontos suplementares de controlo da qualidade das águas subterrâneas;

61

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Processos de Controlo e Monitorização

c) O programa de reposição das condições ambientais anteriores ao incidente, se


for necessário;
• Os estudos, os ensaios, as medidas corretivas, os controlos suplementares e a
reposição das condições ambientais anteriores ao incidente serão custeados pelo
operador do aterro.

A informação acima descrita deve ser enviada à CCDR e constar do RAA, nos termos da
licença ambiental em vigor na instalação existente.

62

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Processos de Controlo e Monitorização

Figura 6. Localização dos piezómetros

63

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Processos de Controlo e Monitorização

13.9. Controlo das Águas Residuais

• De acordo com a licença ambiental em vigor na instalação, a descarga das águas


residuais no sistema de drenagem de águas residuais (coletor do Parque Industrial
Sapec Bay), encaminhado para a ETAR da Cachofarra, é sujeita a autocontrolo de
acordo com a Autorização de Descarga de Águas Residuais em colector emitida
pela Águas do Sado.
d) Os parâmetros a medir e os Valores Máximos Admissíveis (VMA Valores Limite
de Emissão (VLE) a cumprir, em caso de descarga, são os que se indicam na
Tabela XI.

Tabela XI. Monitorização e Valores Máximos Admissíveis (VMA) da descarga das águas residuais
(Fonte: Licença de Descarga)

Parâmetros Unidades VMA

pH - 5,5 – 9.5
Temperatura ºC 30
Cor Mg Pt-Co/L 2000
CBO5 (20ºC) mg/L O2 2000
CQO mg/L O2 15000
SST mg/L 1500
Condutividade (20ºC) mS/cm 46
Cloretos totais mg/L Cl 12 000
Cloro residual disponível mg/L Cl2 1,0
Alumínio total mg/L Al 10
Arsénio total mg/L As 1,0
Boro total mg/L B 12
Cádmio total mg/L Cd 0,2
Chumbo total mg/L Pb 1,0
Cianetos totais mg/L CN 0,5
Cobre total mg/L Cu 1,0
Crómio hexavalente mg/L Cr (VI) 1,0
Crómio trivalente mg/L (III) 2,0
Crómio total mg/L Cr 2,0
Estanho total mg/L Sn 2,0
Ferro total mg/L Fe 10
Manganês mg/L Mn 2,0

64

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Processos de Controlo e Monitorização

Parâmetros Unidades VMA

Mercúrio total mg/L Hg 0,05


Níquel total mg/L Ni 2,0
Prata total mg/L Ag 1,5
Selénio total mg/L Se 0,1
Vanádio total mg/L V 10
Zinco total mg/L Zn 5,0
Azoto amoniacal mg/L NH4 2000
Azoto total mg/L N 3000
Nitratos mg/l NO3 50
Nitritos mg/L NO2 10
Fósforo total mg/L P 20
Sulfatos mg/l SO4 1000
Sulfitos mg/L SO3 2,0
Sulfuretos mg/L S 2,0
Aldeídos mg/L CH2O 1,0
Clorofórmio mg/L 1,0
Detergentes (laurilsulfatos) mg/L 50
Fenóis mg/L C6H5OH 6
Hexaclorobenzeno (HCB) mg/L 1,0
Hexaclorobutadieno (HCBD) mg/L 1,5
Hexaclorociclohexano (HCH) mg/L 2,0
Hidrocarbonetos totais mg/L 15
Óleos e gorduras (solúveis em éter) mg/L 100
Pentaclorofenol mg/L 1,0
Tetracloreto de carbono mg/L 1,5
Aldrina, dialdrina, endrina e isodrina g/L 2,0
DDT mg/L 0,2
1,2 – dicloroetano (DCE) mg/L 0,2
Tricloroetileno (TRI) mg/L 0,2
Percloroetileno (PER) mg/L 0,1
Triclorobenzeno (TCB) mg/L 0,1
Coliformes fecais NMP/100 mL 108
Atrazina g/L 2,0
Diurão g/L 2,0

65

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Processos de Controlo e Monitorização

Parâmetros Unidades VMA

Simazina g/L 2,0


Isoproturão g/L 2,0
Tributilestanho e seus compostos g/L 2,0
Trifenilestanho e seus compostos g/L 2,0

A informação acima descrita deve ser enviada à CCDR e constar do RAA, nos termos da
licença ambiental em vigor na instalação existente.

66

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Plano de Segurança das Populações e dos Trabalhadores do Aterro

14. PLANO DE SEGURANÇA DAS POPULAÇÕES E DOS TRABALHADORES DO


ATERRO

14.1. Esquema Base de Segurança das Instalações

O esquema base de segurança das instalações encontra-se consubstanciado no plano de


emergência interno, que aborda os seguintes aspetos:

• Organização da segurança;
• Estrutura funcional das intervenções;
• Recursos internos e externos;
• Meios materiais existentes nas instalações;
• Medidas gerais de prevenção;
• Plano de evacuação;
• Programa de formação e treino.

14.2. Riscos e Medidas de Segurança e Controlo

Os meios materiais de segurança estabelecidos nas instalações e as medidas gerais de


prevenção contra acidentes graves dizem respeito a:

• Riscos de contaminação dos solos e das águas subterrâneas;


• Riscos de contaminação das águas superficiais;
• Riscos de incêndio/explosão;
• Outros riscos para a saúde pública.

14.2.1. Riscos de contaminação dos solos e das águas subterrâneas

Os riscos de contaminação dos solos e das águas subterrâneas estão associados a falhas
do sistema de impermeabilização das células que constituem o aterro controlado.

Importa salientar, a este respeito, que os sistemas de impermeabilização, que foram já


descritos anteriormente, permitem responder às exigências do Decreto-lei nº 183/2009, de
10 de agosto, que estabelece normas aplicáveis à instalação, exploração e manutenção pós-
encerramento de aterros, e da Diretiva n.º 1999/31/CE do Conselho, de 26 de Abril de 1999,

67

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Plano de Segurança das Populações e dos Trabalhadores do Aterro

relativa à deposição de resíduos em aterros, designadamente no que está determinado a


propósito da deposição de resíduos não perigosos.

O projeto prevê a utilização de sistemas de impermeabilização, cujos materiais constituintes


apresentam comportamento à tensão de rotura e de escorregamento adequados às
características da zona em análise.

Para avaliar o comportamento do sistema é utilizada a rede de vigilância e controlo das águas
subterrâneas existente, que contempla piezómetros na zona de influência da nova célula,
para recolha de amostras.

Continuar-se-á a levar a cabo, no aterro, um programa de monitorização, que inclui a


realização de análises de águas subterrâneas recolhidas na rede de piezómetros existente.

14.2.2. Riscos de contaminação das águas superficiais

Os riscos de contaminação das águas superficiais estão essencialmente associados a falha


do sistema de impermeabilização do aterro, ao derrame de resíduos, decorrente do seu
transporte para as células de deposição do aterro controlado e a fugas no sistema de
bombagem de águas lixiviantes.

No que diz respeito a falhas no sistema de impermeabilização, já foram anteriormente


identificados os riscos e as medidas de minimização desses riscos.

A ocorrência de eventuais derrames no transporte dos resíduos para as respetivas células


de deposição é minimizada através do uso de veículos fechados e através de uma correta
arrumação dos resíduos nos veículos durante o transporte.

As fugas no sistema de bombagem de águas lixiviantes são improváveis e, a verificarem-se,


devem ocorrer em zona impermeabilizada do aterro, isto é, por cima da massa de resíduos.

14.2.3. Riscos de incêndio ou explosão

Os riscos de incêndio ou explosão são reduzidos, já que não são admitidos resíduos
inflamáveis para deposição no aterro controlado.

A biodegradabilidade dos resíduos não perigosos é relativamente reduzida, atendendo à


tipologia de resíduos a receber no aterro.

68

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Plano de Segurança das Populações e dos Trabalhadores do Aterro

No entanto, como alguns quantitativos contêm componentes com teores em matéria orgânica
biodegradável, a sua deposição em condições de ausência de oxigénio e na presença de
humidade, implica a formação de gases resultantes da biodecomposição daqueles materiais.

Nestas circunstâncias, foi previsto o controlo da migração de gases e a sua captação, através
de drenos passivos, com raios de influência de 30 m.

No entanto, para combate a eventuais situações de incêndio na massa de resíduos, foi


prevista a instalação de uma rede de água de incêndio, disposta em anel, envolvendo todas
as células, equipada com hidrantes.

14.2.4. Outros riscos para a saúde pública

Outros riscos para a saúde pública incluem a proliferação de insetos, aves ou roedores, a
formação de odores ou a intrusão de pessoas estranhas ao local.

Dada a natureza dos resíduos a depositar no aterro controlado, não se prevê a proliferação
de insetos, aves ou roedores. Não obstante existe um controlo de roedores na instalação
realizada por entidade externa.

Para além disso, os resíduos são cobertos diariamente com terras, pelo que são minimizados
os odores resultantes da sua deposição, bem como o seu arrastamento pelo vento.

O aterro encontra-se vedado e dispõe de vigilância, o que previne a entrada de pessoas


estranhas no local.

14.3. Plano de Segurança dos Trabalhadores

14.3.1. Nota Introdutória

O presente documento constitui o Plano de Segurança para os trabalhadores que operam


nas instalações designadamente no Aterro de Resíduos não Perigosos do CITRI (célula C),
constituindo uma ferramenta de prevenção para acidentes ou situações de risco nas diversas
vertentes de trabalho da unidade de deposição. Este plano enquadra-se nos procedimentos
de segurança já em vigor nas instalações.

69

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Plano de Segurança das Populações e dos Trabalhadores do Aterro

O plano está dividido em capítulos consoante as tarefas ou trabalhos passíveis de serem


desenvolvidos dentro das instalações, de modo a abranger os vários ambientes e assim
alargar os níveis de prevenção.

No último capítulo encontram-se algumas noções básicas de socorrismo, que se julga


pertinente incluir no presente documento, a fim de dar a conhecer os meios de atuar de um
modo rápido e eficaz perante a ocorrência de um acidente ou de uma irregularidade.

Chama-se a atenção para o facto da instalação em questão receber resíduos não perigosos,
o que à partida configura um quadro de reduzida perigosidade em termos do seu
manuseamento.

Dada a importância crescente desta temática no desenvolvimento sustentável das


organizações descreve-se neste capítulo a forma como o CITRI procede para assegurar uma
correta gestão da Saúde e Segurança no Trabalho. De realçar ainda que o CITRI mantém
implementado um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho segundo a norma
OHSAS18001:2007.

14.3.2. Identificação dos Perigos e Riscos

Tendo em conta que as atividades descritas neste projeto envolvem perigos e riscos para os
operadores, é mantida atualizada a avaliação de perigos e riscos, para os vários postos de
trabalho existentes e a serem criados.

Para as atividades operacionais a realizar identificaram-se os perigos mais significativos e


respetivos riscos associados, constantes das Tabelas XII a XIV.

O CITRI procura minimizar os riscos identificados para os diversos postos de trabalho através
das medidas de prevenção e de proteção coletiva e individual.

Além dos riscos apresentados encontram-se identificadas situações de emergência


associadas a riscos de origem interna e externa, sendo o que apresenta a maior
probabilidade de ocorrência, o incêndio. O CITRI mantém atualizado um Plano de
Emergência Interno no qual consta a identificação de fontes de risco internas e externas bem
como as medidas existentes para prevenção e proteção nomeadamente do risco de incêndio.
O Plano sofre atualizações do conteúdo em função das alterações ao nível das instalações
ou das atividades realizadas.

70

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Plano de Segurança das Populações e dos Trabalhadores do Aterro

Em condições normais, as operações abrangidas pelo projeto serão atividades seguras para
os operadores não representando um elevado nível de risco. Não obstante foram
identificados alguns riscos inerentes às operações.

Periodicamente procede-se à reavaliação dos perigos e riscos.


Tabela XII. Identificação dos Perigos e Riscos – Deposição em Aterro
POSTO DE TRABALHO / FUNÇÃO

PERIGO RISCO ASSOCIADO


Receção de Operador de Operador de
Operador de
camiões triagem máquina (pá
máquina (bulldozer)
carregadora)
Projeção de objetos Lesões corporais/ cegueira    
Viaturas e máquinas em Atropelamento/
movimento Esmagamento
   
Incomodidade auditiva
Exposição ao ruído
Surdez
   
Máquinas/Viaturas em Atropelamento/
movimento Esmagamento    
Manuseamento de
Lesões músculo-
máquinas (exposição a
esqueléticas  
vibrações)
Presença de objetos Cortes e perfurações nos
perfurantes/cortantes pés e mãos 
Exposição a poeiras Doenças respiratórias    
Exposição a agentes Doenças infeciosas ou
biológicos parasitárias    

Tabela XIII. Identificação dos Perigos e Riscos – Análise Laboratorial


POSTO DE TRABALHO /
FUNÇÃO
PERIGO RISCO ASSOCIADO
TÉCNICO DE LABORATÓRIO

Irritação de pele/ olhos/ vias respiratórias


Exposição a agentes químicos (gases, vapores
e fumos)
Queimaduras 
Intoxicação
Exposição a agentes biológicos Doenças infeciosas ou parasitárias 
Manuseamento de objetos de vidro e/ou Cortes
cerâmicos 
Rotor em movimento
Exposição (trituração)
ao calor (placa de aquecimento, Entalamento/Corte
Queimaduras
mufla, estufa) 
Contacto com objetos quentes Queimaduras 
Piso escorregadio Queda ao mesmo nível 
Trabalho de pé Problemas circulatórios (varizes)
Derrames articulares


71

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Plano de Segurança das Populações e dos Trabalhadores do Aterro

Tabela XIV. Identificação dos Perigos e Riscos – Manutenção


POSTO DE TRABALHO /
FUNÇÃO
PERIGO RISCO ASSOCIADO
OPERADOR

Projeção de objetos Lesões corporais/ cegueira 


Exposição ao ruído Perturbações auditivas
Máquinas/Viaturas em movimento Atropelamento/ Esmagamento 
Manuseamento de máquinas (exposição a
vibrações)
Lesões músculo-esqueléticas 
Desnível Queda em altura/ Cortes profundos/
(acesso aos equipamentos e/ou transportadores Lesões corporais graves

Manuseamento de ferramentas (esmeril, Entalamento/
berbequim, rebarbadora, etc.) esmagamento/ corte

Entalamento/
Intervenção nos equipamentos
esmagamento/ corte

Cargas suspensas (balde das máquinas) Esmagamento 
Exposição a poeiras Doenças respiratórias 
Exposição a agentes biológicos Doenças infeciosas ou parasitárias 

Tabela XV. Identificação dos Perigos e Riscos – Tratamento de Águas Residuais


POSTO DE TRABALHO /
FUNÇÃO
PERIGO RISCO ASSOCIADO
OPERADOR
Exposição ao ruído Perturbações auditivas
Irritação de pele/ olhos/ vias respiratórias
Exposição a agentes químicos (gases, vapores
e fumos)
Queimaduras 
Intoxicação
Incomodidade auditiva
Exposição ao ruído
Surdez

Exposição a agentes biológicos Doenças infeciosas ou parasitárias 

14.3.3. Medidas de Prevenção e Proteção

As operações de utilização, manutenção e reparação de equipamento eletromecânico, são


atividades diárias. Quase todas elas envolvem o manuseamento de ferramentas e
equipamentos elétricos, o que pode ocasionalmente pôr em risco a segurança dos
trabalhadores.

72

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Plano de Segurança das Populações e dos Trabalhadores do Aterro

14.3.3.1. Medidas de Proteção Coletiva

Como medidas de proteção coletiva há que referir que os equipamentos a utilizar possuem
marcação CE, o que oferece confiança sobre as características de construção e de operação
no que respeita a condições de segurança.

Encontra-se afixada nas instalações sinalética apropriada sobre a proibição de fumar, o


perigo de movimentação de máquinas e viaturas e de existência de cargas suspensas e a
obrigatoriedade do uso de EPI.

Encontram-se fixadas caixas de primeiros socorros cujo conteúdo é periodicamente revisto


e caso necessário, repostos os elementos em falta.

Paralelamente é ministrada periodicamente formação em Segurança e Higiene no Trabalho


incluindo em Primeiros Socorros.

No domínio da legislação sobre Atmosferas Explosivas foi efetuado o estudo ATEX,


identificadas as respetivas zonas classificadas e implementadas as medidas necessárias.

14.3.3.2. Medidas de Proteção Individual (Equipamento de Proteção Individual)

Em todas as unidades de tratamento é obrigatório o uso do respetivo equipamento de


proteção individual em função da atividade realizada.

É distribuído o equipamento de proteção individual necessário e ministrada a formação


adequada aos trabalhadores com a comunicação dos perigos e riscos a que se encontram
expostos, de modo a promover uma atitude consciente nos trabalhadores.

Assim, é genericamente obrigatório usar:

− Fato de proteção individual – Para proteger o corpo e a roupa de contaminações


provocadas pelos agentes agressivos eventualmente presentes nos resíduos ou na
água residual;
− Botas com biqueira de aço e sola antiderrapante e anti perfurante – Para evitar
esmagamento, perfuração e quedas;
− Luvas de borracha – Para proteger as mãos de contaminações provocadas pelos
agentes eventualmente presentes nos resíduos ou na água residual;
− Máscara e óculos de segurança.

73

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Plano de Segurança das Populações e dos Trabalhadores do Aterro

14.3.3.3. Procedimentos de Segurança

Encontram-se definidos e implementados procedimentos de segurança que são


comunicados regularmente aos colaboradores e aos quais paralelamente é ministrada
formação. Alguns exemplos de procedimentos implementados são,

- Não tocar em equipamentos que se desconhecem;


- Não tocar nos equipamentos com as mãos húmidas e/ou molhadas;
- Desligar a corrente elétrica sempre que se for intervir numa instalação elétrica;
- Utilizar apenas as ferramentas adequadas a cada situação, e apenas para o que
foram projetadas;
- Os dispositivos de segurança (proteção das partes móveis, arestas vivas, partes
cortantes, etc.) só são retirados durante a manutenção, reparação ou limpeza;
- Manter as máquinas e equipamentos elétricos em bom estado de conservação e
funcionamento incluindo as ligações de terra;
- As cargas suspensas só podem ser transportadas com as medidas de segurança
apropriadas;
- É proibida a permanência sob cargas suspensas;
- Não tocar ou agarrar em fios elétricos, danificados ou não, sem estar seguro de
que não têm corrente;
- Desligar o equipamento durante reparações;
- Numa reparação provisória pensar nos riscos que pode trazer para os outros.

14.3.3.4. Comportamentos de Segurança

Serão implementados e incentivados os seguintes comportamentos nos trabalhadores:

− Uso obrigatório do equipamento de proteção individual;


− Cumprimento das regras de segurança definidas;
− Cumprimento das obrigações estabelecidas na sinalética afixada;
− Colocação e arrumação do material em local seguro;
− Caso se verifiquem deficiências no material, este não deve ser utilizado de forma a
evitar ferimentos (cortes);
− Nas operações de recolha de amostras, deve ser assegurado que os locais de apoio
estão solidamente firmes.

74

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Plano de Segurança das Populações e dos Trabalhadores do Aterro

14.3.3.5. Utilização, e manutenção de equipamentos

As operações de utilização, manutenção e reparação de equipamento eletromecânico, numa


instalação desta natureza são atividades correntes. Quase todas elas envolvem o
manuseamento de ferramentas e equipamentos elétricos, o que pode pôr em risco a
segurança dos trabalhadores.

Como tal, é necessário agir de uma forma cautelosa e prudente, dado que existem muitos
acidentes causados por origens elétricas, capazes de causar a morte do trabalhador.

Todos os trabalhadores que efetuam operações de utilização possuem formação em


especializada designadamente de manobradores de equipamentos. Os operadores possuem
ainda formação em equipamentos de trabalho segundo o estabelecido na Diretiva
“Equipamentos de Trabalho”.

14.3.3.6. Recolha de amostras

A operação de recolha de amostras de resíduos e de águas residuais (lixiviados), para


posterior análise, apresenta-se como uma operação determinante na obtenção de resultados
válidos e fiáveis.

Nesta operação, o operador ou analista está sujeito a contactos diretos e indiretos com o
material residual, sólido ou líquido, pelo que é necessário agir com prudência a fim de evitar
infeções ou contaminações, protegendo-se a si e aos restantes trabalhadores que com ele
trabalham.

14.3.4. Socorrismo

Nas instalações encontram-se implementadas medidas de primeiros socorros que incluem a


existência de caixas de primeiros socorros, com instruções de atuação, em diversos pontos
chave das instalações. De referir ainda que foi nomeada uma equipa de primeiros socorros
constituída por elementos de todas as áreas funcionais da empresa. Os elementos que
constituem a equipa possuem formação especializada sobre o tema.

Apresentam-se nos pontos seguintes algumas das instruções de atuação implementadas.

14.3.4.1. Feridas e hemorragias

75

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Plano de Segurança das Populações e dos Trabalhadores do Aterro

Quando alguém se corta, sangra porque a pressão sanguínea força o sangue a sair. No caso
de hemorragia arterial, o sangue vermelho vivo sai ao ritmo dos batimentos cardíacos; no
caso da hemorragia se dar numa veia, o sangue é vermelho escuro e sai com menor pressão.

Primeiros socorros
− Deixar sangrar durante alguns segundos, verificar que não ficam corpos estranhos
no golpe, lavar com água corrente e sabão, e desinfetar no final. Proteger a ferida
com um penso;
− Se ficar algum corpo estranho no interior da ferida, coloque um pedaço de gaze sobre
e/ou à volta do corpo estranho, sem fazer pressão. Coloque um penso e segure-o
com uma ligadura, sem fazer pressão sobre o objeto estranho;
− Se houver uma grande hemorragia, fazer um garrote com um pano ou mesmo com
as mãos folgando-o de 5 em 5 minutos, até ao seu estancamento.

14.3.4.2. Eletrocussões

Os choques elétricos podem resultar de correntes de baixa ou alta tensão. A passagem de


eletricidade pelo organismo pode provocar queimaduras, especialmente nos locais de
entrada e saída dessa mesma corrente.

Primeiros socorros
− Desligar a corrente elétrica;
− Se não for possível desligar a corrente ou demorar muito tempo, separar o acidentado
da fonte de energia com a ajuda de materiais secos e isolantes;
− Verificar se o acidentado está ou não inconsciente, e se estiver deve abrir-lhe a via
respiratória;
− Caso o acidentado tenha queimaduras, coloque um penso esterilizado ou uma
compressa gordurosa, de tecido compacto.

14.3.4.3. Queimaduras

As queimaduras podem classificar-se de acordo com as causas da lesão. Estas podem ser
queimaduras secas (chamas, cigarros, equipamentos elétricos de aquecimento),
queimaduras por agentes químicos (substâncias ácidas ou alcalinas), queimaduras por
corrente elétrica (a corrente elétrica e a iluminação geram calor que pode provocar
queimaduras) e queimaduras por radiação (raios solares e a luz refletida por superfícies
brilhantes).

Primeiros socorros
− Coloque a zona lesionada sob água corrente durante pelo menos 10 minutos;

76

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Plano de Segurança das Populações e dos Trabalhadores do Aterro

− Cuidadosamente, retire quaisquer peças de vestuário apertadas na zona lesionada,


antes que esta comece a inchar;
− Faça um penso sobre a zona queimada, usando um material limpo, de preferência
esterilizado, e compacto;
− Se a queimadura for muito grave, tenha o cuidado de separar zonas de junção
(membros e dedos) e pregas de flexão (nádegas, virilhas e pescoço) para evitar a
colagem de pele lesionada;
− Imobilize o membro que apresente grandes queimaduras;
− Se a queimadura for de origem química, retire qualquer peça de vestuário
contaminada;
− Se a queimadura for nos olhos, não deixe a vítima esfregar o olho. Coloque o olho
sob um fio de água corrente e cubra-o, sem pressionar, com um penso esterilizado.

14.3.4.4. Entorses e fraturas

Uma fratura é um osso partido ou estalado. Apesar da sua parte exterior ser dura, o osso
pode estalar ou mesmo partir se levar uma pancada, se for torcido ou se for submetido a uma
grande pressão.

Primeiros socorros
− Imobilize o membro fraturado com talas. As talas mais naturais são o próprio corpo
do acidentado. Para imobilizar uma fratura, deve impedir-se todo o movimento na
articulação acima e abaixo à fratura. Utilize talas e ligaduras improvisadas;
− Coloque a vítima na posição mais confortável possível;
− As ligaduras devem estar suficientemente apertadas para evitar movimentos, mas
não ao ponto de interferirem na circulação ou provocarem dor. Verifique a circulação
regularmente;
− Se possível, eleve a zona lesionada, depois de imobilizada, para minimizar o
desconforto, a hemorragia (caso exista) e o inchaço;
− Se a fratura for exposta, controle primeiro a hemorragia por compressão manual
indireta e aplique cuidadosamente uma gaze sobre a ferida, antes de imobilizar o
membro fraturado;
− Se a lesão for uma entorse coloque uma compressa fria, ou gelo, para diminuir o
inchaço.

14.3.4.5. Programa cardio-respiratório

Os sistemas circulatório e respiratório são vitais para a manutenção da vida. Em caso de


qualquer acidente que afete estes sistemas é imprescindível que sejam prestados os

77

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Plano de Segurança das Populações e dos Trabalhadores do Aterro

primeiros socorros para que as funções vitais do acidentado se mantenham o mais estáveis
possível.

Abertura da via aérea


− Ajoelhe-se junto da vítima e verifique se ela está inconsciente, abanando-a e falando
com ela;
− Puxe o queixo da vítima para a frente e para cima com o indicador e médio de uma
das mãos, enquanto que a outra mão, em concha, pressiona a testa para trás.
− Vire a cabeça da vítima para o lado mantendo-a bem para trás;
− Com dois dedos, percorra-lhe o interior da boca à procura do objeto, assegurando-
se de que não empurra o objeto mais para baixo.

Ventilação boca a boca


− Desobstrua a via aérea e limpe o interior da boca e da garganta;
− Olhando para o peito da vítima, insufle-lhe o ar nos pulmões, até ver o tórax expandir-
se ao máximo;
− Retire a sua boca da do sinistrado e observe o tórax a esvaziar-se. Repita a
insuflação. Faça as insuflações lentamente;
− Repita as insuflações até a vítima recuperar a respiração normal.

14.3.4.6. Compressão cardíaca externa (CCE)

− Deite o sinistrado de costas, numa superfície dura. Ajoelhe-se ao lado dele, virado
para o tórax. Exponha o tórax e localize a ponta do esterno e bordos inferiores das
costelas;
− Em seguida, coloque uma mão sobre a outra, entrelaçando os dedos;
− Mantenha os braços estendidos na vertical e comprima a metade inferior do esterno
(cerca de 4 a 5 cm). Alivie a pressão. Faça 15 compressões à média de 80 por minuto;
− Interrompa a CCE e reabra a via aérea. Faça duas insuflações pela ventilação boca
a boca;
− Prossiga com mais 15 compressões, seguidas de duas insuflações, verificando a
pulsação de 3 em 3 minutos;
− Logo que o coração recomece a bater, pare imediatamente a CCE. Prossiga com a
ventilação boca a boca até que a vítima recupere a sua ventilação normal.

78

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Plano de Segurança das Populações e dos Trabalhadores do Aterro

14.4. Segurança contra Incêndio

Tal como referido são mantidas as medidas de prevenção e de proteção contra os riscos de
incêndio.

Assim, desde a fase inicial de conceção, foram integradas no projeto todas as disposições
regulamentares que permitem alcançar os seguintes objetivos:

• Reduzir os riscos de eclosão de um incêndio;


• Limitar os riscos de propagação do fogo e dos fumos;
• Facilitar a intervenção rápida e eficaz dos Serviços de Socorro, em particular dos
bombeiros.
Periodicamente o CITRI realiza simulacros de incêndio com vista a testar a adequabilidade
dos procedimentos e meios internos de combate a incêndios.

O tempo previsto entre o alarme e a chegada do primeiro veículo de intervenção dos


Bombeiros mais próximos foi avaliado em cerca de 10 minutos.

14.4.1. Meios de Intervenção

Nas instalações do CITRI existe uma rede do Serviço de Incêndio (SI), abastecida pela Lagoa
de Armazenagem do Permeado, que em alternativa pode conter água da rede (Tabela XVI).
A central de bombagem da rede de incêndio é constituída por:

- 1 grupo eletrobomba com caudal de 60 m3/h, altura manométrica de 60 m.c.a, bomba


principal de 15 kWh;
- 1 grupo eletrobomba com caudal de 60 m3/h, altura manométrica de 60 m.c.a;
- 1 grupo eletrobomba jockey com caudal de 2 m3/h e altura manométrica de 70 m.c.a.,
bomba auxiliar de 1,1 kWh;
- 1 gerador de emergência com 15,6 kW de potência.

79

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Plano de Segurança das Populações e dos Trabalhadores do Aterro

Tabela XVI. Rede de Incêndio


Localização Dispositivo
junto ao topo poente da UVR 1 Hidrante
separação das duas células (norte) 1 Hidrante
Perímetro das células A topo norte do lado direito (“nascente”) da célula 1 Hidrante
eB B
topo sul do lado direito (“nascente”) da célula B 1 Hidrante
topo sul ao meio da célula A 1 Hidrante
topo norte ao meio da célula 1 Hidrante
topo norte do lado direito 1 Hidrante
separação das sub-células (nascente) 1 Hidrante
Perímetro da célula C
topo sul ao meio da célula 1 Hidrante
topo sul junto à unidade de valorização de 1 Hidrante
resíduos
Edifício administrativo pisos do edifício administrativo 1 Boca-de-incêndio/carretel
UVR -- 6 Bocas Siamesas
Oficina nascente 1 Hidrante
Central de Incêndio nascente 1 Hidrante

Encontra-se também instalada uma rede de extintores de diversas classes nos vários pontos
da instalação de acordo com as necessidades, classificação e tipologias das zonas.

No CITRI existem ainda outros meios disponíveis que permitem uma intervenção eficaz em
caso de incêndio designadamente,

- Terras para abafamento


- Pás carregadoras e/ou giratórias, a funcionar nas instalações do CITRI
- 1 Joper com capacidade de 6 m3 com canhão de água associado
- 1 hidrante móvel
- 8 Mangueiras de 20 m cada
- 2 Agulhetas de 3 posições (jet/spray/shut-of)
- 2 Agulheta

Numa ótica de parceria e entreajuda, o CITRI, pode também contar com alguns meios
mobilizáveis, das Unidades Industriais vizinhas.

80

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Plano de Segurança das Populações e dos Trabalhadores do Aterro

14.4.2. Sinalização

Todos os equipamentos afetos à rede de incêndio são devidamente sinalizados respeitando


as seguintes regras:
• O sinal de pictograma de extintor, está a uma altura de 2,0 m a 2,2 m do chão à base
do sinal de modo a ser visível em toda a sua área envolvente.
• O sinal com as instruções de segurança sobre os agentes extintores, coloca-se
imediatamente acima da parte superior do extintor, a aproximadamente 1,5 m do chão,
de modo a permitir a leitura dos textos do sinal.

Os restantes sinais de sinalização de perigo e as instruções em caso de emergência, são


colocadas o mais próximo possível do local de perigo tendo especial atenção á sua
permanente visibilidade e ainda junto das entradas e acessos às áreas ou instalações onde
resida o risco, com o objetivo de advertir previamente do perigo existente.

14.5. Medidas de Higiene no Trabalho

Cada trabalhador da área operacional recebe mudas de vestuário de proteção e equipamento


de proteção individual adequado aos riscos identificados nomeadamente:

Vestuário
- Casaco impermeável com colete e forro incluído;
- Camisola de lã;
- Camisa de manga curta;
- Calças com refletores;
- Calças jardineiras;
- Colete;
- Bata de algodão com refletores;
- Fato de macaco para os operadores da manutenção;
- T-shirt e polo de manga curta;
- Fato de oleado.

Equipamento de proteção
- Botas com biqueira e palmilha de aço;
- Botas galochas com biqueira e palmilha de aço;
- Colete refletor;
- Boné com proteção mecânica;
- Luvas de nitrilo;
- Luvas anti corte;
- Óculos com proteção UV;
- Máscaras de poeiras;

81

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Plano de Segurança das Populações e dos Trabalhadores do Aterro

- Auriculares.

Todos os trabalhadores que utilizem farda possuem um cacifo duplo nos respetivos
balneários. A farda dos trabalhadores da área operacional é lavada e mudada três vezes por
semana por empresa especializada para o efeito. Os trabalhadores do laboratório têm
também à sua disposição EPI como sejam batas, luvas e máscaras de proteção. As batas
são mudadas uma vez por semana e encaminhadas para limpeza em empresa especializada
para o efeito.

14.6. Medidas de Saúde no Trabalho

14.6.1. Posto médico

Os serviços médicos de todos os funcionários são assegurados são assegurados por uma
entidade externa com a qual o CITRI estabeleceu um contrato, a Previmed.

14.6.1.1. Vacinação

Foi implementado um programa de vacinação obrigatória contra hepatite A e B e tétano


(Imunização dupla - difteria e tétano) para os trabalhadores da área operacional.

14.7. Refeitório

As refeições dos colaboradores do CITRI são distribuídas no refeitório do Grupo Sapec, por
uma empresa certificada, localizado dentro do Parque Industrial Sapec Bay.

82

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Cobertura Final, Recuperação Paisagística e Monitorização Pós-Encerramento

15. COBERTURA FINAL, RECUPERAÇÃO PAISAGÍSTICA E MONITORIZAÇÃO


PÓS-ENCERRAMENTO

15.1. Selagem do Aterro

15.1.1. Impermeabilização

Atingidas as cotas máximas definidas será efetuada a selagem do aterro com o seguinte
perfil (de baixo para cima):

• Camada mineral drenante para captação e drenagem horizontal do biogás,


constituída por material arenoso, seixo, brita ou outro de elevada porosidade, com
0,20 m de espessura;
• Terra silto-argilosa, com 0,50 m de espessura;
• Camada mineral drenante constituída por areão, material mineral rolado ou britado
(brita 5/15), com 0,50 m de espessura;
• Camada de cobertura com terras de qualquer natureza com 0,70 m de espessura;
• Camada de cobertura final com terra vegetal com 0,30 m de espessura.

O perfil de selagem (Desenho C-170-C-01) será executado nas plataformas e taludes dos
estratos de cada uma das sub-células assim que se atingirem as cotas de selagem definidas.

15.1.2. Modelação do Aterro

A área intervencionada, quando da sua selagem (Desenho C-170-C-01), será integrada


numa envolvente paisagística o mais próxima possível da área envolvente, perspetivando-
se, nesse futuro enquadramento, uma função de espaço verde.

Após revestimento das massas depositadas com os materiais de selagem, o recobrimento


final com terras aráveis completará a modelação paisagística. Esta modelação tem por
objetivo "naturalizar" o relevo final e criar as condições favoráveis para a futura integração
paisagística e ocupação como zona verde.

Assim, a inclinação a promover nas plataformas superiores será de 2-3% (por forma a
minimizar a formação de bolsas devido aos assentamentos), quer longitudinalmente quer
transversalmente, e as cristas e as cavas dos taludes serão adoçadas.

83

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Cobertura Final, Recuperação Paisagística e Monitorização Pós-Encerramento

A área de intervenção será objeto de um plano de integração paisagística, cujos principais


objetivos serão a reconstrução da paisagem de harmonia com os usos do solo das áreas
envolventes.

15.1.3. Drenagem pluvial

Nesta fase há a considerar a drenagem superficial e a drenagem subsuperficial das águas


pluviais que se infiltram na cobertura de terras e que são retidas pela camada impermeável.

Esta última fração da precipitação será conduzida, ao longo do plano de selagem, pela
camada mineral drenante, sendo o caudal drenado descarregado em dreno-coletor, a instalar
no pé-de-talude. Este dreno será interrompido por caixa de visita para evacuação para o
exterior da zona das células.

O sistema de drenagem pluvial superficial é constituído por sistema de valetas de crista e de


banqueta que conduzem as águas pluviais para o exterior da massa de resíduos selada,
conjuntamente com as águas que se infiltraram e que são coletadas por dreno.

A restituição ao meio será efetuada através de dois elementos já construídos, as caixas CVS3
e CVS4 e respetivas bocas de descarga.

Os caudais totais nos pontos de descarga CVS3 e CVS4 são de 0,45 m3/s e 0,42 m3/s,
respetivamente.

O sistema de drenagem da fase de selagem apresenta-se no Desenho C-170-C-02.

15.2. Plano de Integração e Arranjo Paisagístico

A intervenção que se propõe para o terreno onde está implantado o aterro de resíduos não
perigosos visa essencialmente a integração paisagística do local de projeto, quer na fase de
exploração, quer após a sua desativação (selagem).

A proposta que se apresenta tem como objetivos principais:

• Recobrimento no menor intervalo de tempo de todas as áreas intervencionadas;


• Atenuar a relação visual entre a área do aterro e as zonas envolventes.

Assim propõe-se:

84

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Cobertura Final, Recuperação Paisagística e Monitorização Pós-Encerramento

• Sementeira com mistura de sementes de herbáceas (prado natural) e


pontualmente a sementeira de mistura de sementes de arbustos de pequeno porte,
de modo a evitar que o seu sistema radicular afete a camada impermeabilizante
do aterro, em toda a área a intervencionar. Esta sementeira deverá realizar-se
recorrendo à aplicação de manta de coco impregnada em sementes, tal como
realizado nas células A e B. A manta de coco serve de substrato às sementes e de
meio de suporte tendo-se verificado uma solução bastante adequada;

A aplicação será efetuada logo após a selagem e aplicação de terras. Esta sementeira será
feita em todas as zonas de talude bem como na envolvente do aterro até ao limite da
vedação, devendo evitar-se que a faixa semeada tenha um contorno retilíneo.

Os lotes de mistura de sementes a utilizar terão a seguinte composição:

. Mistura de Herbáceas – Prado natural – (semeada à razão de 25 g/m2)


Lolium perenne 35%
Festuca rubra 25%
Dactylis glomerata 15%
Trifolium encarnatum 10%
Trifolium repens 10%
Poa pratensis 5%

. Mistura de Arbustos (semeada à razão de 5 g/m2)

. Mistura 1 – a utilizar na envolvente do aterro


Arbutus unedo 5%
Cistus crispus 10%
Cistus ladaniferus 5%
Cistus salvifolius 5%
Lavandula luisieri 20%
Lygos sphaerocarpa 10%
Lonicera implexa 15%
Rosa canina 8%
Rosmarinus officinalis 10%
Ulex parviflorus 5%
Viburnum tinus 7%

. Mistura 2 – a utilizar na cobertura final das células


Calluna vulgaris 10%
Cistus crispus 15%
Cistus salvifolius 15%
Genista hirsuta 10%

85

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Cobertura Final, Recuperação Paisagística e Monitorização Pós-Encerramento

Lavandula luisieri 20%


Lonicera implexa 15%
Rosmarinus officinalis 10%
Ulex parviflorus 5%

86

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Processos de Manutenção e Controlo Após Encerramento

16. PROCESSOS DE MANUTENÇÃO E CONTROLO APÓS ENCERRAMENTO

Em conformidade com os requisitos do Decreto-lei nº 183/2009, de 10de Agosto, e com as


obrigações a que o CITRI se encontra sujeito por via da licença ambiental que lhe foi
concedida para a exploração das células (LA nº 714/0.1/2018, de 03 de Dezembro), prevê-
se a realização dos processos de manutenção e controlo, após encerramento, que se
descrevem nas alíneas seguintes.

16.1. Condições Gerais

O plano de encerramento e manutenção após encerramento do aterro deve ser objeto de


revisão pelo operador e aprovação pela CCDR-LVT e APA nos 6 meses anteriores à data de
cessação da exploração do aterro e sempre que ocorram modificações que conduzam a
alterações do previsto no projeto aprovado.

Este plano, deve conter no mínimo as seguintes informações:


– O âmbito do plano;
– Os critérios que definem o sucesso da desativação da atividade, ou parte dela,
no caso aplicável, de modo a assegurarem um impacte mínimo no ambiente;
– Um programa para alcançar aqueles critérios, que inclua os testes de
verificação;
– Um plano de recuperação paisagística do local.

Após a selagem definitiva do aterro e num prazo não superior a três meses, a entidade
licenciada deverá entregar à autoridade competente uma planta topográfica pormenorizada
do local de implantação em formato digital, à escala de 1:1000, com indicação dos seguintes
elementos:
– O perímetro da cobertura final e o conjunto das instalações existentes no local:
vedação exterior, bacia de recolha dos lixiviados, sistema de drenagem das
águas pluviais, etc.
– A posição exata dos dispositivos de controlo: piezómetros, sistema de
drenagem e tratamento dos gases e dos lixiviados, marcos topográficos para
controlar os potenciais assentamentos, etc.

Após o encerramento do aterro, o titular da licença ficará obrigatoriamente responsável pela


sua manutenção e controlo.

Após o encerramento definitivo, o operador deve:

87

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Processos de Manutenção e Controlo Após Encerramento

– Proceder à manutenção e controlo do aterro, por um período de 30 anos, nos


termos do fixado na parte B do Anexo III do DL n.º 183/2009, de 10 de agosto,
na sua atual redação;
– Apresentar, anualmente à CCDR LVT, um relatório síntese, sobre o estado do
aterro, com especificação das operações de manutenção e dos processos e
resultados dos controlos realizados (constantes da Parte B do Anexo III do
citado diploma) no decorrer do ano anterior;
– À adoção das medidas de prevenção da poluição de acordo com as melhores
técnicas disponíveis.

Na fase de manutenção após encerramento, o operador deve:


– Manter um registo anual das alterações topográficas decorrentes do
comportamento do aterro relativamente a eventuais assentamentos, bem como
do plano de monitorizações constantes desta licença;
– Integrar um relatório síntese destes registos como parte do RAA;
– Apresentar anualmente à CCDR um relatório síntese da monitorização das
emissões da instalação e da monitorização ambiental.

No final da fase de manutenção após encerramento, o operador terá que elaborar um relatório
de viabilidade para a desativação definitiva da instalação, a apresentar à APA, para
aprovação.

16.1.1. Relatórios

O operador do aterro deverá apresentar à autoridade competente, uma vez por ano, um
relatório de síntese sobre o estado do aterro após o seu encerramento, com especificação
das operações de manutenção e dos resultados dos controlos realizados no decorrer do ano
anterior.

16.2. Controlo

16.2.1. Lixiviados

− Deverá ser semestralmente controlada a qualidade dos lixiviados gerados. As


análises a realizar deverão ser as correspondentes a idêntico período (semestral)
na fase de exploração (ver capítulo 13).
− Dever-se-á proceder ao controlo semestral do volume dos lixiviados gerados.

88

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Processos de Manutenção e Controlo Após Encerramento

16.2.2. Águas Superficiais

• De acordo com a licença ambiental em vigor na instalação existente, deverão ser


medidos, nas águas superficiais, quando ocorrerem descargas, os seguintes
parâmetros: pH, CBO5, cianetos totais, zinco total, arsénio total, cádmio total,
chumbo total, cobre total, crómio total, mercúrio total, níquel total, azoto amoniacal,
sulfatos e fósforo total.

16.2.3. Gases

− Caso seja necessário, proceder-se-á ao controlo da qualidade dos gases emitidos


na unidade de valorização energética. As análises a realizar deverão ser as
constantes do capítulo 13.

16.2.4. Águas Subterrâneas

− Deverá proceder ao controlo semestral do nível piezométrico e da qualidade das


águas subterrâneas nos piezómetros da rede de controlo. Os parâmetros a medir
deverão ser o pH, a condutividade e a concentração de cloretos.
− Deverá proceder ao controlo anual da qualidade das águas subterrâneas nos
piezómetros da rede de controlo. As análises a realizar deverão ser as
correspondentes às análises de base anual durante a fase de exploração (ver
capítulo 16).
− Se, durante a fase obrigatória de manutenção e controlo após encerramento,
houver uma variação significativa da qualidade das águas subterrâneas, o
operador deverá:
– Notificar o facto por escrito à autoridade competente num prazo
máximo de cinco dias. A notificação deverá incluir os resultados das
análises efetuadas, bem como os parâmetros que sofreram alteração;
– O operador deverá imediatamente proceder à recolha de amostras
representativas em todos os pontos de água existentes na área de
influência potencial do aterro e determinar a sua qualidade de acordo
com a lista de parâmetros de análises, de base anual, de águas
subterrâneas da fase de exploração;
– No prazo de 10 dias, a contar da data de notificação, deverá ser
estabelecido, em colaboração com a autoridade competente, um
programa de estudo a fim de determinar as causas que conduziram a
uma alteração da qualidade;

89

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Processos de Manutenção e Controlo Após Encerramento

– No prazo de 30 dias, a contar da definição do programa de estudo, em


colaboração com a autoridade competente, o operador deverá reunir
os dados necessários que permitam explicar a alteração ocorrida;
– Caso o operador possa demonstrar que a causa é alheia à existência
do aterro e caso a autoridade competente aceite as provas
apresentadas, o operador não alterará o programa previsto de
manutenção e controlo após encerramento;
– Caso o aterro seja a causa da alteração da qualidade observada nas
águas subterrâneas, o operador, num prazo máximo de 30 dias a
contar da data de confirmação da ocorrência pela autoridade
competente, deverá estabelecer, conjuntamente com esta entidade, as
medidas corretivas e um programa de reposição das condições
ambientais anteriores ao ocorrido, se for caso disso;
– Caso o operador não leve a cabo as medidas atrás discriminadas, a
autoridade competente realizará os estudos, a manutenção da
instalação, os controlos, as medidas corretivas e a reposição das
condições ambientais anteriores ao incidente;
– As operações supracitadas deverão ser custeadas pelo operador.

16.2.5. Assentamentos

− Os assentamentos do terreno e da cobertura final do aterro deverão ser


controlados anualmente.

Com base em proposta fundamentada do operador, a autoridade competente poderá


autorizar a alteração da lista dos parâmetros a medir e a frequência dos controlos a realizar.

A informação acima descrita deverá ser enviada à CCDR e constar do RAA, nos termos da
licença ambiental em vigor na instalação existente

16.3. Manutenção

− A cobertura final do aterro deverá ser mantida em bom estado.


− O sistema de drenagem e de tratamento dos lixiviados deverá ser controlado
periodicamente e ser mantido em bom estado de funcionamento.
− A eficácia do sistema utilizado para a drenagem dos gases deverá ser
periodicamente controlada.
− A rede de poços de registo e de drenagem dos lixiviados bem como a vala de
drenagem das águas pluviais e os piezómetros de controlo da qualidade das
águas subterrâneas deverão ser mantidos em bom estado.

90

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS

Processos de Manutenção e Controlo Após Encerramento

− Os lixiviados gerados na instalação de deposição de resíduos deverão receber o


tratamento previsto no projeto.

91

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS
COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS ORGÂNICOS

Pré-compostagem de Resíduos Orgânicos / Tratamento de Solos

17. PRÉ-COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS ORGÂNICOS / TRATAMENTO DE SOLOS

17.1. Introdução

Conforme referido em 1.1 pretende-se neste projeto alterar a localização da plataforma de


pré-compostagem de resíduos orgânicos e de tratamento de solos por processo de biopilha.

Pretende-se assim o averbamento ao Alvará n.º 63/2016.

17.2. Plataforma para Compostagem

Para a realização desta operação prevê-se a alteração da localização da plataforma com


uma área aproximada a 3000 m2 do topo da sub-célula C2 em zona previamente modelada
e compactada (Figura 7.) para o topo da sub-célula C1. Para a criação desta plataforma
serão utilizados materiais inertes provenientes de atividade de construção e demolição e já
rececionados no CITRI.

De acordo com o plano de exploração da célula C, a sub-célula C1 ficará sem exploração


até ao enchimento de parte da sub-célula C1, sendo posteriormente preenchido o intervalo
das sub-células e por fim a plataforma conjunta até à cota de selagem.

As águas residuais geradas nesta plataforma serão encaminhadas para a rede geral de
lixiviados, uma vez que ficará situada no topo da sub-célula C1.

92

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS


ATERRO DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS
COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS ORGÂNICOS

Pré-compostagem de Resíduos Orgânicos / Tratamento de Solos

Figura 7. Localização da plataforma de pré-compostagem

17.2.1. Armazenagem

O produto obtido será armazenado na plataforma em zona distinta até à sua utilização. Caso
a utilização seja para cobertura de resíduos na célula o produto estabilizado será
transportado para junto das frentes de receção e armazenado em pilhas juntamente com
outras terras de cobertura.

93

CITRI - CENTRO INTEGRADO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS

Você também pode gostar