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TEATRO E SOCIEDADE

(Índia)

A pedido de Indra, Brahma misturou elementos dos quatro vedas milenares para criar o quinto: Natya
Veda, o drama, o drama que dança com a dança, par que nunca se separou na história do teatro indiano.
Shiva não poderia estar mais feliz e satisfeito.

Como o costume dos atores hindus, peço a benção dos deuses antes de entrar nos palcos do teatro
indiano.
Os hindus brilharam, “nenhuma outra religião glorificou a dança ritual de forma tão magnífica (e erótica)”.
O drama na Índia nunca foi descolado da dança, e estas, nunca foram descoladas da religião. É natural
buscar coisas mirabolantes e criar bichos de sete cabeças, mas a ideia é simples: a sociedade Hindu queria
cultuar, expressar homenagem aos deuses e seu poder sobre a sociedade. Dentro dessa simplicidade de
cultuar e adorar os deuses é que moram as complexidades, pois os ramos do drama se espalham por todas
as camadas socias, criando variações e estilos, como o “teatro templo”, com grande foco na dança e no
culto feito por músicos, recitadores e pelas dançarinas devadasis, que eram subordinadas à autoridade dos
sacerdotes (já viu, né?). “Teatro templo” seria algo mais formal e erudito, voltado para os sacerdotes. Em
paralelo, um outro seguimento igualmente complexo voltado para as castas mais populares, como um
teatro do povo, surge. Esse entretenimento popular com suas figuras: o dançarino nata, que além da
dança era mímico e ator, realizavam tanto rituais de honra aos deuses como peças mais populares. As
dançarinas nati, com sua dança extremamente sensual e erótica (não eram as mesmas dançarinas dos
sacerdotes). Os Vidusakas, que eram os bufões e ao longo do tempo vão ganhando mais importância nas
apresentações.
Algo muito interessante que ocorreu no teatro indiano e não ocorreu no teatro de outros países, exceto no
Japão que ocorreu brevemente, foi a presença das mulheres no teatro hindu. Isso pode parecer um
progresso social, algo mais prafrentex, mas a realidade é que essas dançarinas eram muito desrespeitadas,
no caso das natis, pela forma de dança muito erótica (forma de agradar os deuses, os deuses gostavam do
erótico) e entregue, eram consideradas prostitutas.
Uma outra forma de teatro, muito mais antiga, mas muito mais misteriosa nas origens, é o teatro de
sombras. Com a origem desconhecida, poderia ter nascido apenas pela necessidade de expressar do ser
humano? Como quando uma criança descobre que pode criar pássaros com a sombra das mãos. Enfim,
teatro de sombras sempre esteve com a sociedade indiana e talvez até se originado na Índia.
Uma trivia é que em certo momento nos monastérios budistas do Tibete o drama clássico indiano evoluiu
em peças didáticas, transmitindo lições de moral, coisa que não acontecia na Índia.
E como a dança indiana conversou e conversa com a sociedade? Todos os estilos de dança eram
extremamente codificados e com sentidos, sem margem para as improvisações, e o público hindu entende
as histórias, os cultos, os épicos, as adorações através desses movimentos complexos junto com a
maquiagem e os figurinos coloridos e significativos.
Todas essas regras artísticas, as linguagens e técnicas estão escritas no livro mais importante do teatro
indiano: “Natyasastra” de Bharata, inspirado por Brahma, um presente para a humanidade, pois “todas as
trilhas do passado convergem para ele, e tudo o que vem depois é construído a partir dele.

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