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Quem é você?

Você é alguém que faz parte de uma sociedade.


É evidente que você tem características muito suas, muito individuais, que o
distinguem das outras pessoas; você tem a sua história. Seus sentimentos e sua
inteligência, veículos de nossa comunicação, desenvolvem-se a cada dia, pois ocorrem
em você transformações que, ao mesmo tempo, resultam de uma elaboração sua e de
influências do meio em que você vive.
Você pensa, sente, vive em família, vive sob um governo e suas leis, sobrevive
através de um trabalho (seu ou de seus familiares) e de acordo com sua situação
econômica pertence a determinada classe social. Sua vida, sua história se processa
dentro desse quadro. Ele não é estático, nele tudo se transforma... e você também se
transforma... Todos esses aspectos da sua vida são importantes e uma modificação em
um deles afeta você como um todo. Isto porque não podemos pensar em você como
alguém que só pensa ou que só vive em família ou que só trabalha; você é tudo isso ao
mesmo tempo. Você vive em sociedade.
E o você acha de procurarmos compreender a nossa sociedade?
A nossa maneira de ser e de viver está condicionada pela estrutura da
sociedade em que vivemos.
Portanto, não será importante observar e compreender nossa maneira de
manifestar vida? O que pensamos, como somos governados, como trabalhamos, como
nos relacionamos com as pessoas?
Como chegar ao conhecimento de nossa realidade social?
Devemos observar tudo que acontece e os diversos comportamentos humanos.
Depois, devemos submeter tudo o que observamos a uma análise científica dos fatos,
isto é, buscar auxílio das diversas Ciências Sociais para uma compreensão mais
objetiva da realidade.
Você há de concordar que o modo como conseguimos os bens necessários à
sobrevivência – alimentos, habitação, vestuário etc. – é um dos aspectos mais
importantes da vida. De um modo geral, as pessoas passam maior parte de seu tempo
trabalhando. Daí a forma de trabalho determinar a maneira de ser e de agir das pessoas.
E é através do processo de produção da sociedade que estabelecemos determinados
vínculos sociais, políticos e ideológicos.
Quando usamos a expressão processo de produção, estamos falando da maneira
pela qual os homens produzem os meios de subsistência, isto é, como os elementos
encontrados na Natureza são transformados, pelo trabalho humano, em produtos úteis a
sobrevivência. O modo de agir sobre a Natureza – produzir - e as relações sociais que
daí decorrem, ou seja, as relações que se estabelecem entre os homens no processo de
produção, constituem uma determinada maneira de viver. Isso é o mesmo que dizer que
você vive em sociedade e que todos os indivíduos ativos na produção estabelecem
determinados vínculos:
 sociais – os colegas de trabalho, o patrão e seus empregados, a família;
 políticos – o poder de mando do patrão, as leis criadas por determinado tipo de
governo;
 ideológicos – as explicações para nossos atos, nossas ideias, nossas atitudes,
nossos valores, nossa visão de mundo.
A distinção entre esses diversos níveis da realidade – econômico, político-
jurídico e ideológico – facilita o estudo da sociedade, mas você deve ter percebido que
eles são interdependentes.
Agora responda: qual é, hoje, a forma de sobrevivência da maioria das pessoas
em nossa sociedade? Isso você pode identificar facilmente.
Nossa forma de sobrevivência tem por base, de um modo geral, um trabalho
assalariado.
Será que os homens sempre viveram dessa maneira?
Desde quando a maioria das pessoas recebe um salário pelo seu trabalho?
Vejamos com o surgiram pessoas que, não sendo proprietárias de coisa alguma,
para sobreviver tinham de vender a única coisa que possuíam – a sua força de trabalho.
Vender para alguém que, dispondo de dinheiro e de todos os meios necessários à
produção (matérias-primas, instrumentos de trabalho), lhes pagasse um salário.
O trabalho assalariado é característica essencial do sistema capitalista em que
vivemos.
O que devemos procurar são as origens do sistema capitalista.
Mas antes de tudo, vejamos, em linhas gerais, o que é o sistema capitalista.
Em nossa sociedade o trabalhador emprega o salário que recebe na aquisição do
que é necessário à sobrevivência. Nenhum dos produtos produzidos no local de trabalho
lhe pertence, nem aos seus companheiros; todos vendem a sua força de trabalho para o
dono dos meios de produção, que se apropria das mercadorias resultantes do trabalho
daquelas pessoas.
O dono dos meios de produção obtém lucro na produção e comercialização das
mercadorias, na medida em que o valor do salário pago aos trabalhadores é menor do
que o valor das mercadorias. Seus produtores diretos, os trabalhadores, só
posteriormente, caso o salário seja suficiente, poderão comprá-las.
Qual a diferença, então, entre o dinheiro-lucro dos donos dos meios de produção
e o dinheiro-salário dos trabalhadores?
O que os distingue é a forma como é usado: o salário é empregado na aquisição
do que é necessário a sobrevivência e o lucro é investido na reprodução desses mesmos
lucros.
Por isso, o dinheiro só se torna a capital quando é usado para adquirir
mercadorias ou trabalho com a finalidade de lucro.
Você deve ter percebido o que significa dizer que vivemos em um sistema
capitalista. Poderia, então, identificar os elementos essenciais desse sistema?
O capitalismo tem 2 elementos essenciais: Capital e Trabalho. O capital dos
donos dos meios de produção e o trabalho das pessoas que possuem um único bem –
sua força de trabalho, que o capital compra pagando salários. o trabalho produz as
mercadorias e o capital se apropria delas.
Quando tudo isso começou?
Como se criaram as duas condições básicas – Capital e Trabalho – para o
advento do sistema capitalista?

FONTE: AQUINO, Rubin Santos Leão e outros. História das Sociedades. Das
sociedades modernas às sociedades atuais. Rio de Janeiro: Record, 1999.

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