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1º Capítulo Fichamento
1º Capítulo Fichamento
Faz- se nescessário haver confiança para que um dos contratantes conclua sua parte
no negócio e aceite que a outra conclua a sua num outro momento[...](MAMED, 2003.
p.22.)
O crédito nada mais é do que isso: a afirmação de uma faculdade jurídica, sendo que
seu lado oposto, isto é, seu anverso, é obrigação. (MAMED, 2003. p.22.)
Surgiram os títulos de crédito, com algumas das características que hoje possuem, na
Idade Média, e esse fato foi mais o fruto de necessidades momentâneas de caráter
mercantil do que um procedimento visando especialmente à solução de um problema
jurídico. (MARTINS.2013.p.04)
O Código Comercial brasileiro regulou as letras de câmbio no Título XVI- Das letras,
notas promissórias e créditos mercantis- Cap. I, arts. 354 e 424. O art. 425 integrante
do Cap. II, desse mesmo titulo tratava das “letras de terra”, que eram “em tudo iguais
às letras de câmbio com a única diferença de serem passadas e aceitas na mesma
província”. (MARTINS.2013.p.36)
No Brasil a nota promissória não teve, no Código Comercial uma regulação especial”.
(MARTINS.2013, p.266)
Significa a autonomia o fato de não estar o cumprimento das obrigações assumidas por
alguém no título vinculado a outra obrigação qualquer, mesmo ao negócio que deu ligar
ao nascimento do título. (MARTINS, 2013, p.10)
A abstração do direito emergente do título significa que esse direito ao ser formalizado
o título, se desprende de sua causa, dela ficando literalmente separado. Se o titulo é
um documento, portanto concreto, real, o direito que ele encera é considerado abstrato,
tendo validade, assim, independentemente de sua causa. (MARTINS, 2013, p.09)
ALMEIDA, Amador Paes. Teoria e prática dos títulos de crédito. 30ª ed. São Paulo.
Saraiva. 2014.
Originalmente adotou-se como instrumento de trocas os produtos de uso comum, como
o gado e o sal. Num processo evolutivo passou-se à fase metálica e, posteriormente, à
fase financeira, surgindo em conseguencia o papel-moeda, também chamada de
moeda fiduciária. É a circulação das notas de papel moeda, fundada na confiança do
Estado-emissor ou do estabelecimento a que o Poder Público incumbe a emissão[...]
(ALMEIDA.2014.p.20)
O primeiro deles é o período italiano, que vai até o ano de 1650. Nesse período inicial,
possuem destaque as cidades marítimas italianas onde se realizavam as feiras
medievais que atraíam os grandes mercadores da época. Outra característica
importante desse período é o desenvolvimento das operações de câmbio, em razão da
diversidade de moedas entre as várias cidades medievais. Surge o câmbio trajetício,
pelo qual o transporte da moeda em um determinado trajeto ficava por conta e risco de
um banqueiro. Esse câmbio trajetício se instrumentalizava por meio de dois
documentos: a cautio, apontada como origem da nota promissória, por envolver uma
promessa de pagamento (o banqueiro reconhecia a dívida e prometia pagá-la no prazo,
lugar e moeda convencionados), e a littera cambii, apontada como origem da letra de
câmbio, por se referir a uma ordem de pagamento (o banqueiro ordenava ao seu
correspondente que pagasse a quantia nela fixada). (RAMOS,2014.p.401)
O período francês, que vai de 1650 a 1848. Merece destaque, nessa fase do direito
cambiário, o surgimento da cláusula à ordem, na França, o que acarretou,
consequentemente, a criação do instituto cambiário do endosso, que permitia ao
Beneficiário da letra de câmbio transferi-la independentemente de autorização do
sacador. (RAMOS,2014.p.401)
De 1848 a 1930, o direito cambiário viveu a terceira fase de sua evolução histórica.
Trata-se do período alemão, que se inicia com a edição, em 1848, da Ordenação Geral
do Direito Cambiário, uma codificação que continha normas especiais sobre letras de
câmbio, diferentes das normas do direito comum. O período alemão é bastante
destacado pelos doutrinadores por ter consolidado a letra de câmbio, especificamente
– e os títulos de crédito, de uma forma geral – como instrumento de crédito viabilizador
da circulação de direitos. (RAMOS,2014.p.401)
Por fim, a quarta e última fase da evolução histórica do direito cambiário corresponde
ao chamado período uniforme, que se iniciou em 1930, com a realização da
Convenção de Genebra sobre títulos de crédito e a consequente aprovação, no mesmo
ano, da Lei Uniforme das Cambiais, aplicável às letras de câmbio e às notas
promissórias. No ano seguinte, foi aprovada a Lei Uniforme do Cheque. Cabe ressaltar
que as leis uniformes genebrinas receberam forte influência da já mencionada
Ordenação Geral Alemã de 1848. (RAMOS,2014.p.401)
O conceito de título de crédito unanimemente aceito pelos doutrinadores é o que foi
dado por Cesare Vivante. O grande jurista italiano definiu título de crédito como o
documento necessário ao exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado.
(VIVANTE,2006 apud, RAMOS, 2014)
Sendo a negociabilidade e a circulabilidade as principais características dos títulos de
crédito,conforme já apontamos, a classificação deles quanto à forma de transferência
merece destaque.Segundo esse critério, os títulos podem ser: a) ao portador; b)
nominal à ordem; c) nominal não à ordem; e d) nominativos.(RAMOS,2014.p.411)
Título ao portador é aquele que circula pela mera tradição (art. 904 do Código Civil),
uma vez que neles a identificação do credor não é feita de forma expressa. Sendo
assim, qualquer pessoa que esteja com a simples posse do título é considerada titular
do crédito nele mencionado. A simples transferência do documento (cártula), portanto,
opera a transferência da titularidade do crédito. .(RAMOS,2014.p.411)
Título nominal, por sua vez, é aquele que identifica expressamente o seu titular, ou
seja, o credor. A transferência da titularidade do crédito, pois, não depende apenas da
mera entrega do documento (cártula) a outra pessoa: é preciso, além disso, praticar um
ato formal que opere atransferência da titularidade do crédito. Nos títulos nominais
com cláusula “à ordem”, esse ato formal é o endosso, típico do regime jurídico cambial
(art. 910 do Código Civil). Já nos títulos nominais com cláusula “não à ordem” esse ato
formal é a cessão civil de crédito, a qual, como o próprio nome já indica, submete-se ao
regime jurídico civil. .(RAMOS,2014.p.412)
Por fim, os títulos nominativos, segundo o art. 921 do Código Civil, são aqueles
emitidos em favor de pessoa determinada, cujo nome consta de registro específico
mantido pelo emitente do título. Nesse caso, portanto, a transferência só se opera
validamente por meio de termo no referido registro, o qual deve ser assinado pelo
emitente e pelo adquirente do título (art. 922 do Código Civil). (RAMOS,2014.p.412)
Em regra, os títulos de crédito típicos, nominados ou próprios – letra de câmbio, nota
promissória, cheque e duplicata – são títulos nominais à ordem, ou seja, devem ser
emitidos com indicação expressa do beneficiário do crédito e podem circular via
endosso. O único caso de título ao portador, quanto a estes títulos próprios, é o do
cheque até o limite de R$ 100,00 (cem reais), conforme veremos adiante.).
(RAMOS,2014.p.412) USAR EM CITAÇÃO INDIRETA
Segundo esse critério classificatório, os títulos de crédito podem ser uma ordem de
pagamento ou uma promessa de pagamento. (RAMOS,2014.p.412)
Por outro lado, nos títulos que se estruturam como promessa de pagamento – nota
promissória – existem apenas duas situações jurídicas distintas: de um lado tem-se a
figura do sacador ou promitente, que promete pagar determinada quantia; de outro,
tem-se a situação do tomador, beneficiário da promessa que receberá o valor
prometido.(RAMOS,2014.p.412)
Registro que a classificação aqui apresentada, relativa à circulação, não coincide com
a que se encontra na doutrina em geral. De fato, usualmente se distinguem os títulos à
ordem dos nominativos, embora com a ressalva de que os dois ostentam o nome do
credor. Para a doutrina tradicional, repetindo lições de Vivante, os nominativos
circulariam por meio de documento de transferência ou registro em livro do emitente.
Seria o caso das ações das sociedades anônimas (cf. Martins, 1972:20/21; Requião,
1971, 2:308/309; Borges, 1971:32/33). A solução de Vivante é aplicável ao direito
italiano, tendo em vista que o Codice Civile a adota de forma expressa. Para o direito
brasileiro, entretanto, não faz sentido. Rejeito esse modo de organizar a matéria,
portanto, até mesmo porque a classificação, para ser precisa, além de se limitar aos
títulos de crédito próprios (isto é, cuja disciplina se exaure no direito cambiário), deve
incluir também a alternativa dos títulos com a cláusula “não à ordem”.
(COELHO,2012,p.499)
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial: Direito da Empresa. 23 ed.
São Paulo Saraiva 2011.
Os títulos de crédito são documentos representativos de obrigações pecuniárias. Não
se confundem com a própria obrigação, mas se distinguem dela na exata medida em
que a representam.(COELHO,2011,p.265)
O Código Civil contém normas sobre títulos de crédito (arts. 887 a 926) que se aplicam
na hipótese de lacuna na lei específica (art. 903).(COELHO,2011,p.272)
Não têm aplicação as disposições do Código Civil, portanto, quando se trata de título
de crédito disciplinado exaustivamente por lei própria. A letra de câmbio e a nota
promissória não se submetem a essas disposições porque a Lei Uniforme de Genebra
as disciplina por completo. Assim também o cheque, disciplinado inteiramente pela lei
respectiva. A duplicata igualmente não se submete às prescrições do Código Civil
porque a lei correspondente a submete ao regime legal aplicável à Letra de Câmbio,
que, como visto, 273 é exaustivo (Lei n. 5.474/68, art. 25).(COELHO,2011,p.272)
Por enquanto, o Código Civil tem aplicação apenas a três títulos de crédito típicos, que
não foram disciplinados completamente pelas respectivas leis de regência: o Warrant
Agropecuário, o Conhecimento de Depósito Agropecuário (Lei n. 11.076/04) e a Letra
de Arrendamento Mercantil (Lei n. 11.882/08).(COELHO,2011,p.273)
Alguns autores consideram o Código Civil aplicável também em mais uma hipótese, a
dos títulos criados pelos próprios interessados, independentemente de previsão legal
(atípicos ou inominados). Não compartilho do entendimento de que o Código Civil
disciplina os títulos inominados, porque não apresenta critério seguro para distingui-los
dos contratos inominados.).(COELHO,2011,p.273)
Negrão, Ricardo Direito empresarial : estudo unificado. 5ª. ed. São Paulo :
Saraiva, 2014.
Direito Cambiário brasileiro as leis nacionais e a Convenção de Genebra para a
uniformização das letras de câmbio e notas promissórias. Em regra, a lei posterior (Lei
Uniforme de Genebra) prevalece. Entretanto, quando ocorre colidência entre a LUG e
as leis nacionais, deve-se verificar a existência de reserva do legislador pátrio. Quanto
às letras e notas promissórias, o Brasil fez expressa reserva dos arts. 2º, 3º, 5º, 6º, 7º,
9º, 10, 13, 15, 16, 17, 19 e 20 do Anexo II[...] (NEGRÂO, 2014, p.145)
A cartularidade ou incorporação invoca a necessidade ou indispensabilidade, isto é,
sem o documento não se exerce o direito de crédito nele mencionado. A pessoa
detentora do título – de boa-fé – é reconhecida como credora da prestação nele
incorporada e, inversamente, sem a apresentação do título não há como obrigar o
devedor a cumprir a obrigação inscrita no título. (NEGRÂO, 2014, p.144)
O Título VIII do Código Civil de 2002 (arts. 887-926) é alvo de críticas da doutrina
porque não rege os títulos de crédito submetidos a lei especial, isto é, todos os
existentes quando da entrada em vigor do Código Civil. (NEGRÂO, 2014, p.147)
Nesse sentido, o Enunciado 464 das Jornadas de Direito Civil: “As disposições
relativas aos títulos de crédito do Código Civil aplicam-se àqueles regulados por
leis especiais no caso de omissão ou lacuna”. (NEGRÂO, 2014, p.147)