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MAMEDE, Gladston.

Titulos de Crédito: de acordo com o novo Código Civil, Lei


nº10-1-2002. São Paulo .Atlas , 2003.
Citaçoes 1° capitulo.
1 Evolução histórica dos Titulos de Crédito
1.1 Crédito e Moéda na História

“O crédito é um desses artifícios que atestam a inventividade humana. Inexistente na


realidade física e concreta, os seres humanos, ao longo de sua evolução histórica,
estabeleceram o conceito de crédito e sua prática social, percebendo não apenas a
necessidade de solucionar problemas relativos à circulação de recursos, mas ainda a
oportunidade de otimizar essa circulação.” (MAMED, 2003. p.21.)
Foi deixado assim o estado de natureza, no qual impera a força física, a conquista,
para ingressar em estagios mais afetos ao Direito; nesse novo período, os seres
humanos, individual ou coletivamente, aproximaram-se na confiança do contrato, cada
qual trazendo o que tinha em excesso e postulando o que nescessitava. ( , 2003.
p.21.)
O escambo, que é essa troca de bens e, eventualmente, de serviços por bens foi um
dos otimizadores do desenvolvimento material humano e, com ele, seu
desenvolvimento intelectual. (MAMED, 2003. p.21.)
O escambo, porém, limita a circulação do recurso, pois implica em uma conexão de
nescessidades que nem sempre ocorre: quem tem óleo e precisa de sal pode não
consegui-lo, pois quem tem sal não quer óleo. (MAMED, 2003. p.22.)
A inventividade humana atuou uma vez mais, percebendo que alguns produtos, como o
próprio sal eram de comercialização mais fácil e, portanto, aceitá-los, mesmo deles não
precisando, era garantir uma futura troca pelo que se nescessitasse. (MAMED, 2003.
p.22.)
A fundição dos metais e a descoberta de sua ampla utilidade para as sociedades, bem
como a possibilidade de emprego estético de alguns, criaram um novo valor
comunitário de trocas, já que se percebera a possibilidade de, em todos os lugares,
estabelecer um preço que se mensurava com um peso em ouro, prata, cobre ou
bronze. (MAMED, 2003. p.22.)

A moeda foi o coroamento desse processo evolutivo;Estado encarregava-se do


trabalho de pesar unidades padrões de metal, de cuidar da qualidade da liga
empregada, atestando com uma cunhagem específica, lembrando em muito os sinetes
reais que eram usados nos documentos[...].(MAMED, 2003. p.22.)
Em sua forma mais primitiva, as relações humanas negociais tendem a ser imediatas,
as partes estabelecem suas obriagações, expressando sua vontade vinculativa e
dando origem ao contrato, mas executam-no no mesmo momento: cada qual cumpre o
que lhe é devido e a relação cumpre-se num mesmo momento. (MAMED, 2003. p.22.)

Faz- se nescessário haver confiança para que um dos contratantes conclua sua parte
no negócio e aceite que a outra conclua a sua num outro momento[...](MAMED, 2003.
p.22.)

O crédito nada mais é do que isso: a afirmação de uma faculdade jurídica, sendo que
seu lado oposto, isto é, seu anverso, é obrigação. (MAMED, 2003. p.22.)

Fundamentalmente, o título de crédito é a expressão literal de uma obrigação, pois


oque não está no título não está no mundo (quod non est in cambio non est in mundo).
Literal, portanto, no sentido que a obrigação, em todo o seu contorno, está ali expressa,
por escrito (litteris). (MAMED, 2003. p.40.)

A abstração é uma característica do título de crédito que serve a sua autonomia,


traduzindo, como princípio (ainda que não absoluto, se verá), a necessidade de abstrair
o negocio que deu origem à cártula como forma de garantir-lhe autonomia. A abstração
do negócio originário permite a autonomia, pois rompe os laços históricos da relação
entre os dois fatos jurídicos, permitindo ao mercado considerar apenas o segundo, ou
seja, considerar apenas o título que afirma a existência do crédito, representando-o
por uma cártula necessária a seu conteúdo. (MAMED, 2003. p.40.)

MARTINS, Fran. Titulos de crédito. Rio de Janeiro. Forense. 2013.


O crédito, ou seja, a confiança que uma pessoa inspira a outra de cumprir, no futuro,
obrigação atualmente assumida, veio facilitar grandemente as operações comerciais,
marcando um passo avantajado para o desenvolvimento das mesmas.
(MARTINS.2013.p.03)

[...]sendo a utilização do crédito a assunção de uma obrigação, deveria esta, em


tempos passados, ser cumprida apenas pela própria pessoa obrigada.
(MARTINS.2013.p.04)

Surgiram os títulos de crédito, com algumas das características que hoje possuem, na
Idade Média, e esse fato foi mais o fruto de necessidades momentâneas de caráter
mercantil do que um procedimento visando especialmente à solução de um problema
jurídico. (MARTINS.2013.p.04)
O Código Comercial brasileiro regulou as letras de câmbio no Título XVI- Das letras,
notas promissórias e créditos mercantis- Cap. I, arts. 354 e 424. O art. 425 integrante
do Cap. II, desse mesmo titulo tratava das “letras de terra”, que eram “em tudo iguais
às letras de câmbio com a única diferença de serem passadas e aceitas na mesma
província”. (MARTINS.2013.p.36)

No Brasil a nota promissória não teve, no Código Comercial uma regulação especial”.
(MARTINS.2013, p.266)

A primeira referência que se tem sobre o uso do cheque no Brasil é a constante do


regulamento do banco da província da Bahia, aprovado pelo Decreto nº 438, de 13 de
novembro de 1845.Nesse Regulamento se dispunha que o banco receberia
“gratuitamente dinheiros de quaisquer pessoas”, cabendo-lhe, igualmente, “ verificar os
respectivos pagamentos e transferências, por meio de cautelas cortadas dos talões,
que devem existir no Banco com a assinatura do proprietário da tarja, “contando que
tais cautelas não sejam de quantia menor que cem mil réis”. (MARTINS.2013, p.284)

Em 1922, principalmente em virtude de haver a Lei n°4.230, de 31 de dezembro,


instituindo o imposto sobre os lucros líquidos da indústria, o I Congresso das
Associações Comerciais do Brasil, Reunido no Rio de Janeiro em 18 de janeiro
daquele ano, sugeriu ao governo, através de um bem elaborado anteprojeto, a criação
de um titulo referente às vendas mercantis a prazo, no qual seria fixado um selo pelo
vendedor, devendo tal documento ser assinado pelo comprador e posteriormente
devolvido ao vendedor [...] nascia, com esse anteprojeto, a ideia de duplicata de fatura.
(MARTINS, 2013, p.423)

É, assim, o título um perfeito instrumento para circulação dos direitos de crédito,


facilitando, grandemente, as atividades econômicas e mobilizando o crédito de modo a
possibilitar seu uso por um grande numero de pessoas. Isso, entretanto, só foi possível
com a admissão de certos princípios que se incorporam à natureza dos mesmos e que,
por tal razão, hoje os caracterizam. (MARTINS, 2013, p.09)

Sendo o titulo de credito um documento necessário para o exercício de direitos, é


indispensável que em dito documento estejam expressos esses direitos. Mas o
princípio da literalidade vai mais além: significa que tudo que está escrito no título tem
valor e, consequentemente, o que nele não está escrito não pode ser alegado.
(MARTINS, 2013, p.09)

Significa a autonomia o fato de não estar o cumprimento das obrigações assumidas por
alguém no título vinculado a outra obrigação qualquer, mesmo ao negócio que deu ligar
ao nascimento do título. (MARTINS, 2013, p.10)

A abstração do direito emergente do título significa que esse direito ao ser formalizado
o título, se desprende de sua causa, dela ficando literalmente separado. Se o titulo é
um documento, portanto concreto, real, o direito que ele encera é considerado abstrato,
tendo validade, assim, independentemente de sua causa. (MARTINS, 2013, p.09)

ALMEIDA, Amador Paes. Teoria e prática dos títulos de crédito. 30ª ed. São Paulo.
Saraiva. 2014.
Originalmente adotou-se como instrumento de trocas os produtos de uso comum, como
o gado e o sal. Num processo evolutivo passou-se à fase metálica e, posteriormente, à
fase financeira, surgindo em conseguencia o papel-moeda, também chamada de
moeda fiduciária. É a circulação das notas de papel moeda, fundada na confiança do
Estado-emissor ou do estabelecimento a que o Poder Público incumbe a emissão[...]
(ALMEIDA.2014.p.20)

Assim, da chamada economia natural ( troca in natura) passou-se a fase monetária,


caracterizada já pela moeda como instrumento de troca ou denominador comum de
valores. (ALMEIDA.2014.p.20)

Finalmente, da economia monetária chegou-se à economia creditória, ampliando-se,


como se vê, O conceito de troca. (ALMEIDA.2014.p.20)
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial esquematizado. 4ª ed. Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2014.
Desde que o homem deixou de produzir bens apenas para a sua própria subsistência,
podemos verificar, ao longo da história, um lento e gradual processo de criação de
instrumentos comerciais que tornaram as trocas mais rápidas e mais seguras. O título
de crédito é um desses instrumentos. (RAMOS,2014.p.400)

O primeiro deles é o período italiano, que vai até o ano de 1650. Nesse período inicial,
possuem destaque as cidades marítimas italianas onde se realizavam as feiras
medievais que atraíam os grandes mercadores da época. Outra característica
importante desse período é o desenvolvimento das operações de câmbio, em razão da
diversidade de moedas entre as várias cidades medievais. Surge o câmbio trajetício,
pelo qual o transporte da moeda em um determinado trajeto ficava por conta e risco de
um banqueiro. Esse câmbio trajetício se instrumentalizava por meio de dois
documentos: a cautio, apontada como origem da nota promissória, por envolver uma
promessa de pagamento (o banqueiro reconhecia a dívida e prometia pagá-la no prazo,
lugar e moeda convencionados), e a littera cambii, apontada como origem da letra de
câmbio, por se referir a uma ordem de pagamento (o banqueiro ordenava ao seu
correspondente que pagasse a quantia nela fixada). (RAMOS,2014.p.401)

O período francês, que vai de 1650 a 1848. Merece destaque, nessa fase do direito
cambiário, o surgimento da cláusula à ordem, na França, o que acarretou,
consequentemente, a criação do instituto cambiário do endosso, que permitia ao
Beneficiário da letra de câmbio transferi-la independentemente de autorização do
sacador. (RAMOS,2014.p.401)
De 1848 a 1930, o direito cambiário viveu a terceira fase de sua evolução histórica.
Trata-se do período alemão, que se inicia com a edição, em 1848, da Ordenação Geral
do Direito Cambiário, uma codificação que continha normas especiais sobre letras de
câmbio, diferentes das normas do direito comum. O período alemão é bastante
destacado pelos doutrinadores por ter consolidado a letra de câmbio, especificamente
– e os títulos de crédito, de uma forma geral – como instrumento de crédito viabilizador
da circulação de direitos. (RAMOS,2014.p.401)
Por fim, a quarta e última fase da evolução histórica do direito cambiário corresponde
ao chamado período uniforme, que se iniciou em 1930, com a realização da
Convenção de Genebra sobre títulos de crédito e a consequente aprovação, no mesmo
ano, da Lei Uniforme das Cambiais, aplicável às letras de câmbio e às notas
promissórias. No ano seguinte, foi aprovada a Lei Uniforme do Cheque. Cabe ressaltar
que as leis uniformes genebrinas receberam forte influência da já mencionada
Ordenação Geral Alemã de 1848. (RAMOS,2014.p.401)
O conceito de título de crédito unanimemente aceito pelos doutrinadores é o que foi
dado por Cesare Vivante. O grande jurista italiano definiu título de crédito como o
documento necessário ao exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado.
(VIVANTE,2006 apud, RAMOS, 2014)
Sendo a negociabilidade e a circulabilidade as principais características dos títulos de
crédito,conforme já apontamos, a classificação deles quanto à forma de transferência
merece destaque.Segundo esse critério, os títulos podem ser: a) ao portador; b)
nominal à ordem; c) nominal não à ordem; e d) nominativos.(RAMOS,2014.p.411)
Título ao portador é aquele que circula pela mera tradição (art. 904 do Código Civil),
uma vez que neles a identificação do credor não é feita de forma expressa. Sendo
assim, qualquer pessoa que esteja com a simples posse do título é considerada titular
do crédito nele mencionado. A simples transferência do documento (cártula), portanto,
opera a transferência da titularidade do crédito. .(RAMOS,2014.p.411)
Título nominal, por sua vez, é aquele que identifica expressamente o seu titular, ou
seja, o credor. A transferência da titularidade do crédito, pois, não depende apenas da
mera entrega do documento (cártula) a outra pessoa: é preciso, além disso, praticar um
ato formal que opere atransferência da titularidade do crédito. Nos títulos nominais
com cláusula “à ordem”, esse ato formal é o endosso, típico do regime jurídico cambial
(art. 910 do Código Civil). Já nos títulos nominais com cláusula “não à ordem” esse ato
formal é a cessão civil de crédito, a qual, como o próprio nome já indica, submete-se ao
regime jurídico civil. .(RAMOS,2014.p.412)
Por fim, os títulos nominativos, segundo o art. 921 do Código Civil, são aqueles
emitidos em favor de pessoa determinada, cujo nome consta de registro específico
mantido pelo emitente do título. Nesse caso, portanto, a transferência só se opera
validamente por meio de termo no referido registro, o qual deve ser assinado pelo
emitente e pelo adquirente do título (art. 922 do Código Civil). (RAMOS,2014.p.412)
Em regra, os títulos de crédito típicos, nominados ou próprios – letra de câmbio, nota
promissória, cheque e duplicata – são títulos nominais à ordem, ou seja, devem ser
emitidos com indicação expressa do beneficiário do crédito e podem circular via
endosso. O único caso de título ao portador, quanto a estes títulos próprios, é o do
cheque até o limite de R$ 100,00 (cem reais), conforme veremos adiante.).
(RAMOS,2014.p.412) USAR EM CITAÇÃO INDIRETA

Segundo esse critério classificatório, os títulos de crédito podem ser uma ordem de
pagamento ou uma promessa de pagamento. (RAMOS,2014.p.412)

Os títulos que se estruturam como ordem de pagamento – letra de câmbio, cheque e


duplicata – se caracterizam por estabelecerem três situações jurídicas distintas a partir
da sua emissão: em primeiro lugar, tem-se a figura do sacador, que emite o título, ou
seja, ordena o pagamento; em segundo lugar, tem-se a situação do sacado, contra
quem o título é emitido, ou seja, trata-se da pessoa que recebe a ordem de pagamento;
por fim, tem-se a figura do tomador (ou beneficiário), em favor de quem o título é
emitido, isto é, pessoa a quem o sacado deve pagar, em obediência à ordem que lhe
foi endereçada pelo sacador. No cheque, por exemplo, que se estrutura como uma
ordem de pagamento, como dito acima, podem-se ser facilmente identificadas as
figuras do sacador (correntista que emite o cheque), do sacado (instituição financeira
que cumprirá a ordem de pagamento que lhe foi dada) e o tomador (terceiro que
recebe o cheque como forma de pagamento e que irá descontá-lo).
(RAMOS,2014.p.412)

Por outro lado, nos títulos que se estruturam como promessa de pagamento – nota
promissória – existem apenas duas situações jurídicas distintas: de um lado tem-se a
figura do sacador ou promitente, que promete pagar determinada quantia; de outro,
tem-se a situação do tomador, beneficiário da promessa que receberá o valor
prometido.(RAMOS,2014.p.412)

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial, volume 1: Direito da Empresa.


16 ed. São Paulo: Saraiva 2012.
Na ordem, o sacador do título de crédito manda que o sacado pague determinada
importância; na promessa, o sacador assume o compromissode pagar o valor do título.
(COELHO,2012,p.497)

Quanto à circulação, os títulos são ao portador ou nominativos, subdividindo-se estes


em “à ordem” e “não à ordem”.(COELHO,2012,p.499)
Os títulos ao portador não ostentam o nome do credor e, por isso, circulam por mera
tradição; isto é, basta a entrega do documento, para que a titularidade do crédito se
transfira do antigo detentor da cártula para o novo. Os nominativos à ordem identificam
o titular do crédito e se transferem por endosso, que é o ato típico da circulação
cambiária. Os nominativos não à ordem, que também identificam o credor, circulam por
cessão civil de crédito. ”.(COELHO,2012,p.498)

Registro que a classificação aqui apresentada, relativa à circulação, não coincide com
a que se encontra na doutrina em geral. De fato, usualmente se distinguem os títulos à
ordem dos nominativos, embora com a ressalva de que os dois ostentam o nome do
credor. Para a doutrina tradicional, repetindo lições de Vivante, os nominativos
circulariam por meio de documento de transferência ou registro em livro do emitente.
Seria o caso das ações das sociedades anônimas (cf. Martins, 1972:20/21; Requião,
1971, 2:308/309; Borges, 1971:32/33). A solução de Vivante é aplicável ao direito
italiano, tendo em vista que o Codice Civile a adota de forma expressa. Para o direito
brasileiro, entretanto, não faz sentido. Rejeito esse modo de organizar a matéria,
portanto, até mesmo porque a classificação, para ser precisa, além de se limitar aos
títulos de crédito próprios (isto é, cuja disciplina se exaure no direito cambiário), deve
incluir também a alternativa dos títulos com a cláusula “não à ordem”.
(COELHO,2012,p.499)
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial: Direito da Empresa. 23 ed.
São Paulo Saraiva 2011.
Os títulos de crédito são documentos representativos de obrigações pecuniárias. Não
se confundem com a própria obrigação, mas se distinguem dela na exata medida em
que a representam.(COELHO,2011,p.265)

O Código Civil contém normas sobre títulos de crédito (arts. 887 a 926) que se aplicam
na hipótese de lacuna na lei específica (art. 903).(COELHO,2011,p.272)

Não têm aplicação as disposições do Código Civil, portanto, quando se trata de título
de crédito disciplinado exaustivamente por lei própria. A letra de câmbio e a nota
promissória não se submetem a essas disposições porque a Lei Uniforme de Genebra
as disciplina por completo. Assim também o cheque, disciplinado inteiramente pela lei
respectiva. A duplicata igualmente não se submete às prescrições do Código Civil
porque a lei correspondente a submete ao regime legal aplicável à Letra de Câmbio,
que, como visto, 273 é exaustivo (Lei n. 5.474/68, art. 25).(COELHO,2011,p.272)

É importante ressaltar essa distinção porque, principalmente em relação à circulação, o


Código Civil contempla disposições diversas das que tradicionalmente se encontra no
direito cambiário. O endosso, por exemplo, quando aplicável o Código Civil, não
importa, em princípio, responsabilidade do endossante (art. 914). A regra contida na lei
aplicável à letra de câmbio e demais títulos acima referidos, no entanto, é exatamente a
oposta, que vincula, em regra, o endossante ao pagamento do título (LU, art. 15; LC,
art. 21).(COELHO,2011,p.273)

Por enquanto, o Código Civil tem aplicação apenas a três títulos de crédito típicos, que
não foram disciplinados completamente pelas respectivas leis de regência: o Warrant
Agropecuário, o Conhecimento de Depósito Agropecuário (Lei n. 11.076/04) e a Letra
de Arrendamento Mercantil (Lei n. 11.882/08).(COELHO,2011,p.273)
Alguns autores consideram o Código Civil aplicável também em mais uma hipótese, a
dos títulos criados pelos próprios interessados, independentemente de previsão legal
(atípicos ou inominados). Não compartilho do entendimento de que o Código Civil
disciplina os títulos inominados, porque não apresenta critério seguro para distingui-los
dos contratos inominados.).(COELHO,2011,p.273)

[...]em relação ao negócio jurídico que opera a transferência da titularidade do crédito


representado pela cártula, ou seja, quanto à circulação, os títulos de crédito podem ser
ao portador ou nominativos.(COELHO,2011,p.271)
Os títulos ao portador são aqueles que, por não identificarem o seu credor, são
transmissíveis por mera tradição, enquanto os títulos nominativos são os que
identificam o seu credor e, portanto, a sua transferência pressupõe, além da tradição, a
prática de um outro negócio jurídico..(COELHO,2011,p.272)

Os títulos de crédito nominativos ou são “à ordem” ou “não à ordem”. Os nominativos


com a cláusula “à ordem” circulam mediante tradição acompanhada de endosso, e os
com a cláusula “não à ordem” circulam com a tradição acompanhada de cessão civil de
crédito.(COELHO,2011,p.272)

Quanto às hipóteses de emissão, os títulos de crédito ou são causais ou não causais


(também chamados de abstratos), segundo a lei circunscreva, ou não, as causas que
autorizam a sua criação. Um título causal somente pode ser emitido se ocorrer o fato
que a lei elegeu como causa possível para sua emissão, ao passo que um título não
causal, ou abstrato, pode ser criado por qualquer causa, para representar obrigação de
qualquer natureza no momento do saque. A duplicata mercantil, exemplo de título
causal, somente pode ser criada para representar obrigação decorrente de compra e
venda mercantil. Já o cheque e a nota promissória podem ser emitidos para
representar obrigações das mais diversas naturezas..(COELHO,2011,p.271)

No tocante ao critério pertinente à estrutura, os títulos de crédito serão ordem de


pagamento ou promessa de pagamento. No primeiro caso, o saque cambial dá
nascimento a três situações jurídicas distintas: a de quem dá a ordem, a do destinatário
da ordem e a do beneficiário da ordem de pagamento. No caso da promessa, apenas
duas situações jurídicas distintas emergem do saque cambial: a de quem promete
pagar e a do beneficiário da promessa. A letra de câmbio, o cheque e a duplicata
mercantil são ordens de pagamento, ao passo que a nota promissória é uma promessa
de pagamento.(COELHO,2011,p.271)

Negrão, Ricardo Direito empresarial : estudo unificado. 5ª. ed. São Paulo :
Saraiva, 2014.
Direito Cambiário brasileiro as leis nacionais e a Convenção de Genebra para a
uniformização das letras de câmbio e notas promissórias. Em regra, a lei posterior (Lei
Uniforme de Genebra) prevalece. Entretanto, quando ocorre colidência entre a LUG e
as leis nacionais, deve-se verificar a existência de reserva do legislador pátrio. Quanto
às letras e notas promissórias, o Brasil fez expressa reserva dos arts. 2º, 3º, 5º, 6º, 7º,
9º, 10, 13, 15, 16, 17, 19 e 20 do Anexo II[...] (NEGRÂO, 2014, p.145)
A cartularidade ou incorporação invoca a necessidade ou indispensabilidade, isto é,
sem o documento não se exerce o direito de crédito nele mencionado. A pessoa
detentora do título – de boa-fé – é reconhecida como credora da prestação nele
incorporada e, inversamente, sem a apresentação do título não há como obrigar o
devedor a cumprir a obrigação inscrita no título. (NEGRÂO, 2014, p.144)
O Título VIII do Código Civil de 2002 (arts. 887-926) é alvo de críticas da doutrina
porque não rege os títulos de crédito submetidos a lei especial, isto é, todos os
existentes quando da entrada em vigor do Código Civil. (NEGRÂO, 2014, p.147)

Nesse sentido, o Enunciado 464 das Jornadas de Direito Civil: “As disposições
relativas aos títulos de crédito do Código Civil aplicam-se àqueles regulados por
leis especiais no caso de omissão ou lacuna”. (NEGRÂO, 2014, p.147)

FÜHRER, Maximilianus Claudio Américo. Como Aplicar as Leis Uniformes de


Genebra. Revista Justitia: MPSP A revista do Ministério Público de Estado de São
Paulo, São Paulo, v. 41, p.123-125, abr. 1979.
A lei Uniforme das letras de e promissórias, e a lei uniforme do cheque, foram
elaboradas por convenções internacionais, realizadas em Genebra, em 1930 e 1931.
Estas convenções foram aprovadas pelo Decreto n.57.59, de 7 de janeiro de 1966
(cheques)e pelo Decreto de n.57.663 de 24 de janeiro de 1966 (letras e promissórias).
(FÜHRER.1979.p.123)
GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Títulos de crédito e contratos mercantis.7ª.
ed. – São Paulo : Saraiva, 2011.

Dessa forma, quando determinada obrigação gera a emissão de um título, verifica-se


que, enquanto o documento ou cártula corporifica o direito a um crédito[...]
(GONÇALVES,2011, p.11)

Títulos nominais — são aqueles em que o nome do beneficiário consta no título no


momento da emissão.Os títulos nominais podem ser: (GONÇALVES,2011, p.21)

Nominativos — são emitidos em nome de um beneficiário determinado, cuja


transferência se dá mediante registro no livro próprio do devedor (CC, art. 922). Assim,
o emitente do título somente estará obrigado a reconhecer como legítimo credor da
dívida aquele que constar em seu registro nessa condição. Logo, perdido o título, não
estará obrigado a pagá-lo a um estranho que o tenha encontrado. Transfere-se o título
nominativo mediante termo, em registro do emitente, assinado pelo proprietário e pelo
adquirente (CC, art. 923), bem como por endosso em preto. Nesta última hipótese, a
transferência só tem eficácia perante o emitente, uma vez feita a competente
averbação em seu registro, podendo ele exigir do endossatário que comprove a
autenticidade da assinatura do endossante (CC, art. 923, caput, e § 1º). Esclarece
ainda a lei que o endossatário, legitimado por série regular e ininterrupta de endossos,
tem o direito de obter a averbação no registro do emitente, comprovada a autenticidade
das assinaturas de todos os endossantes. Um exemplo são os certificados de ações
que se transferem por escrituração, diferentemente das cambiais, para cuja
transferência basta o endosso. A circulação de um título nominativo se dá, portanto, por
endosso em preto ou por contrato de cessão civil de crédito. Estabelece,porém, o art.
924 do Código Civil que, “ressalvada proibição legal, pode o título nominativo ser
transformado em à ordem ou ao portador, a pedido do proprietário e à sua custa”.
Saliente-se que essa hipótese é excepcional e só será possível se não houver vedação
na lei específica que tratar dessa modalidade de título. (GONÇALVES,2011, p.22)
À ordem — são aqueles emitidos em favor de pessoa determinada, mas transferíveis
por endosso, que é a assinatura do portador atual àquele a quem será transferido o
título. Diferenciam-se dos nominativos, na medida em que dispensam qualquer outra
formalidade, que não o endosso, para a transferência do título. Nos nominativos, como
ressaltado, exige-se a escrituração nos livros do devedor. Se ao título nominativo,
excepcionalmente, for aposta a cláusula “à ordem”, ele se torna transferível por
endosso, conforme já estudado (art. 924). (GONÇALVES,2011, p.22)
Não à ordem — são aqueles emitidos em benefício de pessoa determinada, mas, em
razão da existência de cláusula “não à ordem”, fica vedado o endosso. Nos títulos de
crédito, a cláusula “à ordem”, que possibilita o endosso, é presumida, de modo que, se
houver intenção de impedi-lo, deve ser colocada a cláusula “não à ordem”, pois, nesse
caso, eles só podem ser transferidos mediante cessão civil de crédito. Ex.: a letra de
câmbio, por expressa disposição legal, é transferível por endosso, ainda que não
contenha a cláusula à ordem (art. 11 da Lei Uniforme). Admite, todavia, que seja
colocada a cláusula “não à ordem”, hipótese em que só poderá ser objeto de cessão
civil. Cumpre salientar que a circulação não é elemento essencial para a caracterização
de um título de crédito. Tanto é assim que muitos títulos nem chegam a circular, como é
o caso daqueles que contêm a cláusula “não à ordem”. (GONÇALVES,2011, p.22)
Observação: O art. 890 do Código Civil diz que se considera como não escrita no título
eventual cláusula proibitiva de endosso. Essa regra, porém, não se aplica às letras de
câmbio, notas promissórias, duplicatas e ao cheque, na medida em que esses títulos
estão disciplinados em lei especial e o art. 903 do Código Civil preservou as normas
ditadas em leis especiais quando forem contrárias ao texto do novo Codex.
(GONÇALVES,2011, p.22)
Títulos ao portador — são aqueles emitidos sem o nome do beneficiário ou tomador, ou
com a cláusula “ao portador”, transferindo- se, assim, por mera entrega ou tradição
(CC, art. 904). Será legítimo proprietário aquele que estiver na posse do título, tendo
direito, portanto, à prestação nele indicada, bastando, para tanto, a sua apresentação
(CC, art. 905, caput). Não sendo transferidos por endosso, o beneficiário não se obriga
cambiariamente ao entregálos a terceiro.(GONÇALVES,2011, p.22)
Essa modalidade de título é suscetível a maiores riscos, levando-se em conta que pode
ser subtraído ou extraviado. Por isso, o CódigoCivil, em seu art. 909, dispõe que “o
proprietário, que perder ou extraviar título, ou for injustamente desapossado dele,
poderá obter novo título em juízo, bem como impedir sejam pagos a outrem capital e
rendimentos”. .(GONÇALVES,2011, p.22)
A Lei Uniforme veda a emissão de nota promissória, letra de câmbio e duplicata ao
portador. Assim, a regra do art. 2º, II, da Lei n. 8.021/90, que veda a emissão de títulos
ao portador, não tem grande relevância, já que nos três títulos já mencionados as leis
respectivas já vedavam a emissão ao portador, e, em relação aos cheques, a Lei n.
9.069/95, em seu art. 69, só admite a emissão ao portador se o valor for inferior a R$
100,00.(GONÇALVES,2011, p.23)
O art. 907 do Código Civil é claro ao dispor que “é nulo o título ao portador emitido sem
autorização de lei especial”.(GONÇALVES,2011, p.23)
Em suma: conforme se verá mais detalhadamene adiante, a letra de câmbio, a nota
promissória, a duplicata e os cheques são títulos nominais “à ordem”. São, assim,
transmissíveis por endosso. (GONÇALVES,2011, p.23)
Por serem títulos tratados em lei especial, admitem que o beneficiário inclua a cláusula
“não à ordem”, vedando o endosso. A regra do art. 890 do Código Civil, que veda essa
cláusula, não se aplica aos títulos em análise.(GONÇALVES,2011, p.23)

Ordem de pagamento — o saque cambial, isto é, a criação do título, dá origem a três


situações jurídicas distintas:
a1) emitente, subscritor ou sacador, que é quem dá a ordem para que certa pessoa
pague o título a outra;
a2) sacado, que é quem recebe a ordem e deve cumpri-la;
a3) beneficiário, que é a pessoa que receberá o valor descrito no título.
(GONÇALVES,2011, p.23) USAR CITAÇÃO INDIRETA

Exemplos: letras de câmbio, cheques, duplicatas mercantis. A hipótese do cheque é a


mais fácil de ser visualizada, pois o emitente (correntista) preenche o cheque e o
entrega ao beneficiário, que o descontará perante o banco (sacado), já que, no cheque,
consta uma ordem para que o banco pague ao portador do título. (GONÇALVES,2011,
p.23)
Promessa de pagamento — o saque cambial gera apenas duas situações jurídicas:
b1) promitente, que é o devedor;
b2) beneficiário, que é o credor.
Exemplo: nota promissória, em que o promitente declara que, na
data do vencimento, pagará determinada quantia ao beneficiário.
(GONÇALVES,2011, p.23)

TEM MUITA COISA NO LIVRO DO GONÇALVES QUANTO A ESTRUTURA ( QUE ELE


DENOMINA QUANTO A NATUREZA )

ROTEIRO PARA CITAÇÃO

CLASSIFICAÇÃO QUANTO A CIRCULAÇÃO


CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ESTRUTURA
TITULOS DE CRÉDITO NO CÓDIGO CIVIL
CLASSIFICAÇÃO QUANTO A HIPOTESE DE EMISSÃO

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