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Início, meio e fim: querigma, teologia e perfeição.

A vida cristã tem início quando a pessoa, convidada interiormente por Deus,
resolve corresponder a este convite e se encaminha à Igreja. Ali, por orientação de um
catequista ou orientador na fé recebe aquele anúncio básico, mas vital para o que virá a
ser a vida cristã daquela pessoa. Esse anúncio esclarecerá à pessoa, em primeiro lugar,
quem é Jesus Cristo, qual a sua doutrina e quais foram suas ações na terra, até culminar
no evento salvador da cruz. Após conhecer a pessoa de Jesus, o novo fiel começará a
adentrar no mistério da Igreja e na vida eclesial, através das orações particulares e
litúrgicas em comunidade. Crescerá então em cristianismo. Tal anúncio é chamado de
querigma. Nas palavras de Francisco na Evangelii Gaudium1, “na catequese tem um papel
fundamental o primeiro anúncio ou querigma, que deve ocupar o centro da actividade
evangelizadora e de toda a tentativa de renovação eclesial.” Pudemos perceber que é coisa
de suma importância o querigma, pois vai acompanhar a pessoa durante o resto de sua
vida na vivência eclesial, como nos fala a Amoris Laetitia2 “o primeiro anúncio, que é o
‘mais belo, mais importante, mais atraente e, ao mesmo tempo, mais necessário’ e ‘deve
ocupar o centro da atividade evangelizadora’”.
O querigma de fato é algo belo e central, mas não pode, entretanto, ser o fim da
vida eclesial de nenhum cristão, e nem o meio propriamente dito. Após o querigma deve
vir a teologia como seu aprofundamento, através da vivência na Igreja e em seus
mistérios. Sabiamente diz Francisco em sua Evangelii Gaudium, “Não se deve pensar
que, na catequese, o querigma é deixado de lado em favor duma formação supostamente
mais ‘sólida’. Nada há de mais sólido, mais profundo, mais seguro, mais consistente e
mais sábio que esse anúncio. Toda a formação cristã é, primariamente, o aprofundamento
do querigma que se vai, cada vez mais e melhor, fazendo carne”, então não se deixa o
querigma de lado afim de buscar algo “mais perfeito e melhor” para progredirmos na fé
após o primeiro anúncio, mas como o papa nos diz, trata-se de um constante “fazer-se
carne” de Cristo na vida do cristão, um constante aprofundamento deste querigma pela
teologia.
Assim progredindo o cristão nos mistérios eclesiais, por meio da vivência das
orações eclesiais e do crescimento no conhecimento teológico, tende ele àquela
encarnação que o Verbo faz em sua vida gradativamente, identificando-se cada vez mais
com o Jesus que lhe foi anunciado, e passando ele também a ser um anunciador desse
Jesus e de seu querigma a novos cristãos que serão chamados posteriormente. Ruma assim
a pessoa na direção da perfeição cristã.

1
FRANCISCO, Papa. Exortação apostólica Evangelii Gaudium (Sobre o anúncio do evangelho no mundo
atual). Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-
francesco_esortazioneap_20131124_evangeliigaudium.html#IV.__Uma_evangeliza%C3%A7%C3%A3o
_para_o_aprofundamento_do_querigma.
2
FRANCISCO, Papa. Exortação apostólica pós-sinodal Amoris Laetitia (Sobre o amor na família).
Disponível em: < https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-
francesco_esortazione-ap_20160319_amoris-laetitia.html.

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