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HISTÓRIA
Glória Sousa | rl
Uma heroína da luta pela liberdade de Moçambique, Josina Machel lutou pela independência do seu
país e pelos direitos das mulheres. Morreu aos 25 anos sem ver o seu sonho – Moçambique
independente – tornar-se realidade.
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Josina Abiathar Muthemba, nome de solteira, nasceu a 10 de agosto de 1945 na província do sul de
Inhambane. Ao contrário do que acontecia à maioria das mulheres africanas daquela época, a família de
Josina encorajou-a a ir à escola e, em 1956, ela mudou-se para a capital, depois chamada Lourenço
Marques, para frequentar a escola secundária. Lá, Josina Machel tornou-se politicamente ativa em
grupos de estudantes clandestinos e tornou-se membro de uma célula secreta da Frente de Libertação
de Moçambique (FRELIMO). O partido político atualmente no poder em Moçambique foi fundado na
Tanzânia, em 1962, com o objetivo de lutar pela independência de Moçambique do domínio português.
Quando tinha 18 anos, Josina Machel decidiu fugir de Moçambique para se juntar à luta armada de
libertação contra os portugueses. Na primeira tentativa, a jovem foi capturada naquela que era então a
Rodésia do Sul (atual Zimbabué), enviada de volta para casa e detida por vários meses. Na segunda
tentativa, Josina Machel conseguiu alcançar a sede da FRELIMO na capital da Tanzânia, Dar es Salaam -
uma viagem de 3.500 quilómetros.
Por causa da sua dedicação à causa da independência. Ela chegou a recusar uma bolsa para estudar na
Suíça, preferindo ficar e continuar a lutar contra os portugueses. Josina Machel lutou ainda pelo direito
das mulheres em participar na luta pela libertação do seu país, defendendo a intervenção destas na luta
pela libertação e a sua participação ativa na política.
É verdade que outras mulheres também se envolveram na luta armada. Muitas delas foram encorajadas
pelo sucesso de Josina no movimento de libertação. A mística em torno de Josina Machel pode ser
justificada pela combinação do seu sacrifício pessoal, a sua morte precoce e o seu casamento com o
homem que mais tarde se tornaria o presidente de Moçambique. Não é de admirar que o nome que
herdou depois do casamento, e apenas durante dois anos, é aquele pelo qual ela é lembrada.
O legado de Josina Machel é evocado todos os anos no dia da sua morte a 7 de abril. Neste dia,
Moçambique comemora o Dia Nacional da Mulher, honrando o seu compromisso pela igualdade de
direitos.
Foto: DW
Josina Machel foi uma mulher a quem os tiros não intimidaram. Foi das poucas jovens mulheres
africanas que frequentaram a escola - um privilégio para quem nasceu em 1945. Depois de se mudar
para a capital de Moçambique para frequentar a escola secundária, a jovem começou a frequentar
grupos clandestinos de estudantes, tornando-se politicamente ativa. Estava determinada a juntar-se aos
moçambicanos que viviam no exílio na Tanzânia e lutavam pela libertação do seu país.
Depois de duas tentativas para chegar à sede da FRELIMO, na Tanzânia, acabou por conseguir em 1965.
Josina Machel desempenhou um papel bastante importante, tanto na luta pela liberdade, como pelos
direitos das mulheres.
À DW África, Egídio Vaz, historiador moçambicano, explica que à semelhança de Josina Machel, muitos
outros moçambicanos fugiram para o sul do país naquela época com o mesmo intuito de se "engajar no
movimento de libertação". "Qualquer um naquelas condições políticas, sociais e económicas tinha que
fazer qualquer coisa". Na opinião de Egídio Vaz, "cada geração tem um desafio e eles compreenderam
que aquela geração, naquelas condições, estava preparada para avançar para o processo de libertação
nacional".
Mas então o que diferenciou Josina Machel? Isabel Casimiro, professora da Universidade moçambicana
Eduardo Mondlane, não tem dúvidas de que foi a sua absoluta dedicação à guerra pela libertação.
"Quando ela já está na FRELIMO em 1965, começa a participar, ela treina, faz parte do destacamento
feminino. Em 1967, a FRELIMO oferece-lhe uma bolsa para ela poder ir estudar para a Suiça e ela rejeita
achando que a melhor forma de acompanhar o desenvolvimento da luta era viver de perto os
aconteimentos", lembra.
Josina Machel também acreditava fortemente que as mulheres tinham um papel a desempenhar na
guerra pela libertação. Por isso, liderou o Destacamento Feminino da FRELIMO - uma unidade dedicada
ao treino militar e educação política. Ao longo dos anos, Josina Machel foi-se destacando nas fileiras da
FRELIMO, tornando-se, em 1969, aos 24 anos, chefe do Departamento de Assuntos Sociais.
Isabel Casimiro lembra ainda que Josina Machel esteve fortemente ligada a várias "obras de carácter
social, ligadas à mulher e às crianças". "Esteve muito envolvida na criação de orfanatos nas províncias do
Niassa primeiro e depois Cabo Delgado", afirma esta professora, destacando ainda a sua entrega a
outras causas como foram a "mobilização das mulheres, a sua formação e questões de unidade
nacional".
Motivada para a luta, Josina Machel, num discurso nas zonas libertadas, pediu às mães que deixassem
os filhos estudar nos centros de educação da FRELIMO. "A FRELIMO tem uma grande responsabilidade
sobre a educação destas crianças, porque nós sabemos que eles vão continuar a lutar. Estas crianças
estudam não para as suas mães, mas para servir o país desenvolvendo neste momento de luta e
também depois da independência".
A saúde de Josina Machel atraiçoou-a. A lutadora ficou doente e o seu estado debilitou-se muito
rapidamente. Ainda assim, continuou a trabalhar incansavelmente para construir uma nova sociedade.
Egídio Vaz afirma que "se fosse para definir Josina" diria que ela "é igual a trabalho. Um trabalho sem
olhar muito para o que se ganha com isto, mas sim olhando para o lado humano, as vidas que se salvam,
os progressos que se fazem, a sociedade que se tem de construir, coesa, solidária, que promova a
interajuda”, explica.
Em 1969, Josina Machel casou com Samora Machel, que viria a ser o primeiro presidente de
Moçambique independente em 1975. Josina Machel não viu o seu sonho tornar-se realidade: a
independência de Moçambique. Morreu em 1971 num hospital na Tanzânia.
Hoje, a data da sua morte, 7 de abril, é celebrada como Dia da Mulher em Moçambique.
Na Fundação Mário Soares, em Lisboa, estão expostas as fotografias de Samora Moisés Machel, líder da
Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO). As imagens são do fotógrafo moçambicano Kok Nam
(1939-2012).
Foto: Fundação Mário Soares/Estúdio Kok Nam
O conceituado fotojornalista moçambicano, Kok Nam, registou as imagens e os gestos que tornaram
lendária a figura e o carisma do primeiro Presidente da República de Moçambique. Machel foi
Presidente de 25 de junho de 1975 a 19 de outubro de 1986.
A exposição, inaugurada no dia 24 de novembro, abre com esta imagem de 1985 em que o Presidente
moçambicano falava à população. No verso Kok Nam escreveu “The maestro of the mass rally” (O
maestro do comício de massas). Após a independência, em 1975, com a fuga generalizada dos quadros
brancos, Machel lançou programas de reorganização económica, com o apoio dos países socialistas.
Em 1976, casa com Graça Simbine, que entrara em 1969 para a organização clandestina da FRELIMO.
Além de primeira-dama, Graça Machel foi ministra da Educação até 1989. Uma das figuras mais
conhecidas da História africana, Graça Machel é a única mulher que foi primeira-dama de dois países.
Depois da morte de Samora, casou com Nelson Mandela, primeiro Presidente da África do Sul do pós-
apartheid.
Frontal, direto, seguro de si e desafiador no discurso à população: esta foto de 1983 captou um dos
gestos típicos do político. Samora convencia pela simplicidade com que abordava os assuntos mais
complexos do país e dos moçambicanos. Foi assim que conquistou a adesão das populações às suas
mensagens e doutrina.
Foto: Fundação Mário Soares/Estúdio Kok Nam
Nascido a 29 de setembro de 1933, em Xilambene, na província de Gaza, Machel viria a assumir-se como
um combatente pela liberdade. O seu objetivo era dar continuidade à luta iniciada pelo seu antecessor,
Eduardo Mondlane, assassinado em fevereiro de 1969, e que fundou a FRELIMO em junho de 1962.
Nesta foto, Machel dirige-se aos jovens militares na base de Nachingwea (1974).
Conversa com uma cidadã moçambicana (1983). Samora sabia escutar a voz do povo. Das suas frases,
esta proferida em setembro 1973 expressa bem uma das suas maiores preocupações: "Unir todos os
moçambicanos, para além das tradições e línguas diversas, requer que na nossa consciência morra a
tribo para que nasça a Nação.”
Capacidade de diálogo
A unidade da Nação ainda hoje é uma prioridade defendida pela FRELIMO, no poder desde 1975.
Samora afirmou que "O povo não é um conjunto de raças. É um conjunto de homens iguais". Perante o
olhar atento de populares e da imprensa, o líder conversa com uma senhora, dando provas da sua
capacidade de diálogo no período de transição entre a dominação colonial e a independência de
Moçambique.
Samora Machel tratou sempre de privilegiar a relação com o bloco socialista, que apoiou a luta de
libertação das antigas colónias portuguesas. Kok Nam registou o Presidente à partida para uma visita à
então União Soviética. Esta desempenhou um papel relevante nos chamados países da “Linha da
Frente” de luta contra o regime do apartheid da África do Sul.
Morte em Mbuzini
Samora Machel morreu em 19 de outubro de 1986, quando o avião em que seguia se despenhou em
Mbuzini, na vizinha África do Sul, na fronteira com Moçambique. Regressava a Maputo vindo de uma
cimeira na Zâmbia, com os presidentes de Angola, Eduardo dos Santos, e do Zaire, Mobuto Sese Seko,
entre outros. A exposição em Lisboa assinala os 30 anos da sua morte.
10 fotos
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Depois de ajudar a fazer a revolução em Portugal, Otelo bateu-se pela independência dos países
africanos de língua portuguesa. Samora Machel disse-lhe inclusive em brincadeira para integrar o
movimento. (12.04.2014)
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