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Isto não é Filosofia

Isto não é um Curso de História da Filosofia


Prof. Vitor Ferreira Lima
Licenciado em Filosofia (UFRRJ)

Sumário
Introdução ..................................................................................................................................... 2
1. Distinções básicas .................................................................................................................. 3
1.1 Discurso abstrato e narrativa imagética ........................................................................ 3
1.2 O que é vs. O que parece que é .................................................................................... 3
2. Heráclito de Éfeso................................................................................................................... 5
2.1 O Heráclito de Aristóteles e de Platão .......................................................................... 5
2.2 Heráclito por ele mesmo? ............................................................................................... 6
2.2.1 Estilo e abordagem ................................................................................................... 6
2.2.2 Logos e a unidade na multiplicidade ...................................................................... 7
2.2.3 A harmonia dos opostos e a guerra como princípio ............................................ 8
3. Parmênides de Eleia .............................................................................................................. 9
3.1 O Parmênides de Platão ................................................................................................. 9
3.2 Caminho da Verdade e das opiniões .......................................................................... 10
Conclusão ................................................................................................................................... 12
Bibliografia .................................................................................................................................. 12

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Isto não é Filosofia
Isto não é um Curso de História da Filosofia
Prof. Vitor Ferreira Lima
Licenciado em Filosofia (UFRRJ)

Introdução

Heráclito de Éfeso e Parmênides de Eleia são pré-socráticos, mas costumam ser


abordados em separado, porque suas investigações não são totalmente abarcadas no
esquema conceitual que vimos na aula passada. Enquanto os anteriores se
perguntaram pela arkhé que origina e governa a phýsis e o kósmos, Parmênides e
Heráclito ficaram conhecidos ou por se colocarem problemas anteriores a essa
discussão, ou por se colocarem questões que vão além dessa disputa.
Os dois e seus seguidores são comumente abordados em oposição quanto a
teses ontológicas fundamentais. Ontologia é a parte da Filosofia que se dedica ao
estudo da realidade e da existência em seu aspecto mais geral. Não se preocupa com
esta caneta, este ser humano, aquele quadro na parede. Todos são seres individuais.
A ontologia se preocupa com o ser em seu sentido mais amplo. Que tipos de seres
existem? Somente materiais? Seres espirituais também existem? Para utilizar uma
metáfora comum em Filosofia: de que tipo de mobília é composta a realidade? O
vocábulo vem do grego tá ónta, que significa “os seres”, e do grego logos, sobre o qual
já aprendemos. Ontologia é, então, a Teoria do Ser, isto é, a Teoria da Existência, ou
ainda, a Teoria da Realidade em seu sentido mais amplo.
Heráclito teria adotado uma tese conhecida como mobilismo, concepção
segundo a qual a realidade é, em essência, movimento. Parmênides teria defendido o
imobilismo, doutrina segundo a qual a realidade só se movimenta aparentemente,
sendo verdadeiramente imóvel. A mudança aqui é encarada tanto no sentido de
deslocamento espacial, quanto no sentido de alteração da qualidade dos seres. Para
um, o deslocamento e a alteração seriam constantes, e base da realidade. Para outro,
os seres não se deslocariam e não se alterariam jamais, permanecendo os mesmos,
ainda que a percepção sensível diga o contrário.
De fato, essas ideias estavam presentes no contexto grego antigo e foram tão
influentes a ponto de despertarem a atenção dos pensadores clássicos Platão e
Aristóteles. Acontece que, quando Heráclito e Parmênides são estudados, já o são
desde a perspectiva do que disseram os filósofos e não os historiadores da Filosofia.
Os filósofos pouco se preocupam se o que disseram os seus predecessores foi
exatamente aquilo que eles acham que disseram. Os filósofos estão mais preocupados
em debater as ideias e, com isso, por vezes, costumam lidar com conceitos já
modificados pela passagem do tempo e filtrados pelo que disseram outras fontes que
não a original.
Platão transformou Heráclito no filósofo do “tudo flui” (pantha rhei), frase
atribuída a um discípulo, chamado Crátilo. Aristóteles privilegiou nele a noção de fogo,
o que localizaria o pré-socrático entre aqueles que se preocuparam em encontrar uma
arkhé, conceito sobre o qual já falamos. Em relação a Parmênides, tanto a sofística,
quanto Platão o comentam a partir de um herdeiro chamado Melisso, pouco se
preocupando quanto a sua legitimidade. Haveria possiblidade de interpretar tais
filósofos como dizendo algo além do que a interpretação clássica a eles relega?
É o que veremos.

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1. Distinções básicas
1.1 Discurso abstrato e narrativa imagética

Os homens se enganam no conhecimento das coisas visíveis como Homero, o mais sábio dos
helenos. Pois também àquele enganavam os jovens, quando catavam piolhos e diziam: tudo o que
vimos e pegamos, nós abandonamos; tudo o que não vimos, nem pegamos, levamos conosco (Fr.
56)

A diferença entre conceito e imagem é muito importante em todas as discussões


filosóficas, uma vez que, para compreender a exata medida dos problemas em jogo, é
preciso desenvolver a capacidade de pensar abstratamente. Por vezes, para
compreender a argumentação de um pensador, não é possível recorrer a exemplos, a
casos concretos, tampouco à conhecida demanda dos alunos: “Professor, como que eu
aplico isso na prática?”.
Imagem é uma representação mental com apelo aos sentidos, um ou mais dos
cinco: tato, olfato, paladar, audição e visão. Quando você imagina seus óculos, mesmo
de olhos fechados, consegue ver seus óculos. Quando você imagina um arroz recém
saído do fogo, consegue sentir o olor do grão cozido. Quando você imagina um desastre
de avião, consegue ouvir o despedaçamento do veículo. Quando você se lembra do
abraço que deu em quem você ama, consegue sentir seu corpo pressionado contra o
dessa pessoa. Quando você imagina chocolate, consegue sentir seu gosto na boca.
Claro que todas essas imagens são sensações que dependem da memória e não são
tão fortes quanto seriam caso você estivesse na presença desses objetos. A noção que
delas você forma na sua mente, entretanto, pode ser associada a uma entidade no
mundo, que você poderia chamar de concreta, palpável, material.
Algo diferente ocorre com algumas outras noções. Alguns conceitos não podem
ser representados, sem que com isso se perca muito do que querem dizer. Você pode
representar o infinito, por meio da palavra “infinito” e do símbolo pode ∞. No entanto,
eles não representam a inteireza do que significa infinito. Por definição o infinito não tem
fim, portanto como representar aquilo que não tem fim, por meio de símbolos finitos? Só
compreendemos a noção de infinito intelectualmente e não imageticamente. É preciso
que você se habitue a essa distinção, com o intuito de fazer um esforço para
compreender o que propõem os filósofos que estudaremos.

1.2 O que é vs. O que parece que é

Conta-se ter dito Heráclito a estranhos que o queriam visitar e espantaram-se ao vê-lo aquecer-se
junto ao fogo: podeis entrar, aqui também moram deuses (Aristóteles, De Anima, I, 5, 645a 17)

Eis um dos trechos mais famosos atribuídos ao comportamento de Heráclito. Há


uma longa fortuna crítica para interpretar o que significa. Uma delas é a seguinte.
Os visitantes estão desconsertados por certa frustração causada por sua
curiosidade de conhecer o pensador. O desconforto é causado pelo aspecto de sua
moradia. Os visitantes acreditavam que encontrariam o pensador em circunstâncias
bem diferentes do viver simples dos homens comuns. Eles acreditavam, mais, que ali

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haveria alguma coisa de excepcional, de rara e, por isso mesmo, de emocionante. Os


visitantes por certo tinham esperança de, na visita, encontrar ali coisas que seriam
motivo de conversas elevadas. Os forasteiros queriam encontrar o pensador nada
menos que pensando. E queriam isso talvez nem tanto para terem uma experiência de
pensamento, mas ao menos para testemunharem uma e, já longe dali, relatarem para
os demais que viram com seus próprios olhos e estiveram na presença de alguém que
é um pensador.
Ao invés disso, encontraram Heráclito na cozinha, junto ao forno, isto é, em um
lugar banal. É ali que se prepara a comida. E ele está ali só para se aquecer. Um
pensador um tanto quanto indigente, passando frio na cozinha não é lá tão interessante
assim. E é exatamente isso que acontece com os forasteiros visitantes: hesitam em ir
adiante. Passar frio e se aquecer, passa-se e aquece-se em casa. Não é preciso ir até
um pensador para ter essa experiência. Heráclito percebe a frustração no ar. Ele sabe
que basta que uma expectativa seja frustrada para que as pessoas mais comuns
desistam do seu intento. E por isso mesmo os encoraja a entrar: “podeis entrar, aqui
também moram deuses”.
É claro que isso é apenas uma versão da anedota. Não sabemos a reação dos
forasteiros à incitação de Heráclito. Não sabemos se eles em seguida entenderam o
que Heráclito quis dizer ou se, já desencorajados completamente, não entraram no jogo
proposto. Porém, se esse caso nos chegou – a nós que vivemos cerca de 2.500 anos
depois dele –, é porque de alguma forma ela caracteriza a atmosfera desse pensador.
O “aqui também”, junto ao forno, em um lugar corriqueiro, onde cada coisa e cada
circunstância, cada agir e cada pensar são costumeiros e banais, justamente aqui
também a coisa é de tal modo que também estão presentes deuses. O que Heráclito
nos diz – e isso é importante – é que a habitação, ou seja, aquilo que é familiar é para
nós o lugar onde também podemos encontrar deuses, isto é, aquilo que não é familiar,
aquilo que é anormal, que é de outra natureza, em suma, o inesperado.
É preciso, portanto, perceber uma distinção fundamental nos filósofos que
estudaremos. Ambos encontraram (e tentarão nos convencer disso) o extraordinário no
que é banal, isto é, naquilo que todos veem, mas que nem todos se dão conta – o
inesperado de Heráclito. Eles inserem uma distinção que seguirá em toda a História da
Filosofia, a saber, a contraposição entre aquilo que é e aquilo que parece que é. A
distinção entre realidade e aparência, segundo muitos especialistas, é uma das mais
fundamentais da Filosofia. E aqui ela iniciará a ganhar contornos mais nítidos.
Heráclito utiliza metáfora que opõe aqueles que estão despertos, em
contraposição àquele que estão dormindo.
Parmênides insere a contraposição entre o caminho da Verdade, em oposição
ao caminho das opiniões.
Platão estabelecerá a dicotomia entre o inteligível e o sensível.
Os filósofos modernos serão herdeiros de uma relação nem sempre harmônica
entre o que é objetivo e o que é subjetivo – vocabulário esse herdado por nós,
contemporâneos, inclusive.

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2. Heráclito de Éfeso
2.1 O Heráclito de Aristóteles e de Platão

Aristóteles inicia sua caracterização de Heráclito enquadrando-o como mais um


dos que o precederam e que não foram bem-sucedidos em investigar a realidade em
todos os seus aspectos.
Anaxímenes e Diógenes, ao contrário, mais do que a água, consideraram como originário o ar e,
entre os corpos simples, o consideraram como princípio por excelência, enquanto Hipaso de
Metaponto e Heráclito de Éfeso consideraram como princípio o fogo. (Aristóteles, Metafísica, A, 3
984a b1)

Para o discípulo de Platão, é preciso adquirir a ciência das causas primeiras,


caso se queira entender como explicar os seres. Aqui, surge sua teoria das quatro
causas: formal, material, eficiente e final. Veremos tal teoria em momento oportuno
neste Curso. Basta dizer por agora que
Os que primeiro filosofaram, em sua maioria, pensaram que os princípios de todas as coisas
fossem exclusivamente materiais. De fato, eles afirmam que aquilo de que todos os seres são
constituídos e aquilo de que originalmente derivam e aquilo em que por último se dissolvem é
elemento e princípio dos seres, na medida em que é uma realidade que permanece idêntica
mesmo na mudança de suas afecções. [...] De fato, deve haver alguma realidade natural (uma só
ou mais de uma) da qual derivam todas as outras coisas, enquanto ela continua a existir.
(Aristóteles, Metafísica, A, 3 984 b14 – 984a 6)

O que você acabou de ler é a explicação nas palavras do próprio Aristóteles do


que é o cerne daqueles que primeiro filosofaram. Aprendemos os principais conceitos
relativos a eles na aula passada – arkhé, physis, kosmos. Dessa maneira, Heráclito
seria também um kosmólogo ou um physiólogo, que, na ânsia de explicar a realidade,
apenas dela teria captado o seu aspecto material (esquecendo-se do formal, do eficiente
e do final). De fato, Heráclito parece ser um filósofo que valoriza a experiência sensível:
Prefiro tudo aquilo que se pode ver, ouvir e entender (Heráclito, Fr. 55)

Do mesmo modo, parece valorizar o fogo em diversos outros fragmentos:


Este mundo, igual para todos, nenhum dos deuses e nenhum dos homens o fez; sempre foi, é e
será um fogo eternamente vivo, acendendo-se e apagando-se conforme a medida (Fr. 30)

As transformações do fogo: primeiro o mar; e a metade do mar é terra, a outra metade um vento
quente. A terra dilui-se em mar, e esta recebe a sua medida segundo a mesma lei, tal como era
antes de se tornar terra (Fr. 31)

Pois tudo o fogo, aproximando-se, julgará (e condenará) (Fr. 66)

O fogo se transforma em todas as coisas e todas as coisas se transformam em fogo, assim como
se trocam as mercadorias por ouro e o ouro por mercadorias (Fr. 90)

Por essa interpretação, enquanto Tales buscava a água, Anaxímenes buscava


o ar, Heráclito buscava o fogo como princípio de todas as coisas. Todos esses três
primeiros filósofos eram afinal da mesma origem geográfica, a região da Jônia, o que
pode explicar também suas semelhanças.
Por sua vez, para Platão, o trecho famoso associado a Heráclito se encontra no
diálogo intitulado Crátilo (402a):

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Heráclito diz, como sabes, que tudo se move e nada permanece em repouso, e compara
o universo à corrente de um rio, dizendo que não podes entrar duas vezes no mesmo rio.

É essa uma das fontes de onde a tradição retira a noção de que Heráclito é
defensor da ideia de que tudo flui (pántha rhéi). Alguns intérpretes consideram essa
imagem como defendendo uma certa postura diante do problema se podemos ou não
chegar ao conhecimento sobre as coisas. A impossibilidade de se banhar duas vezes
no mesmo rio indicaria também que não seria possível acessar o real, uma vez que a
realidade se encontraria em mudança constante. Nesse sentido estrito, Heráclito
poderia ser interpretado como um relativista epistemológico, isto é, alguém que defende
que não há hierarquia sobre as diferentes afirmações sobre a realidade, porque sequer
seria possível captar a realidade.
Como exemplo didático para ilustrar essa concepção, é comumente lembrada
por professores a canção de Lulu Santos, Como uma onda:
Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa, tudo sempre passará

A vida vem em ondas


Como um mar
Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é


Igual ao que a gente viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo no mundo

2.2 Heráclito por ele mesmo?


2.2.1 Estilo e abordagem

Heráclito escreveu uma obra, da qual se conservam hoje cerca de 120 citações
textuais. Esses trechos assumem o aspecto de sentenças, provérbios, quase sempre
difíceis de interpretar.
Alguns deles fazem referência ao Oráculo de Delfos, isto é, a um templo
dedicado ao deus Apolo, para onde rumavam as pessoas em busca da opinião da
divindade sobre as mais diversas questões: pessoais, políticas e até de curiosidades.
Falaremos mais sobre essa instituição quando conhecermos Sócrates. Por agora, basta
dizer que o Oráculo pode designar também, em vez do templo, a sacerdotisa que ali
ficava e que se comunicava com as pessoas em nome do deus. A linguagem usada por
ela era obscura, alegórica e até, por vezes, monossilábica, de modo que a pessoa em
busca de respostas sempre tinha que empreender um esforço interpretativo em relação
que estava sendo dito, dado que nunca era algo claro, unívoco, sistemático.
Heráclito, tanto pela alusão que faz a esse contexto, quanto pelo teor do que
escreve, já era conhecido desde a antiguidade como Heráclito, o obscuro. Alguns
interpretes identificam nessa característica uma intencionalidade de sua parte, como se
quisesse que o leitor lesse seus escritos diversas vezes e lhes dedicasse esforço a fim
de dali retirar uma sabedoria que, por sua própria natureza, não é simples de ser
assimilada, ainda que se constitua como algo racional e, portanto, acessível a seres
racionais.

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Seria, além disso, uma maneira didática de estimular a reiteração das suas
ideias. Isso por dois motivos. Primeiro porque estimularia o leitor a revisitar o texto
diversas vezes em busca de descobrir por si mesmo o sentido ali contido. Segundo
porque, por vezes, faz com que o mesmo conceito seja ilustrado com imagens
diferentes. Heráclito parece querer ser escutado. Para isso, provoca o leitor com frases
enigmáticas. Veremos esses aspectos todos a seguir.

2.2.2 Logos e a unidade na multiplicidade

A todos os homens é permitido o conhecimento de si mesmos e o pensamento correto (Fr. 116)

Todos têm a possibilidade de serem sábios para o filósofo. Ainda assim, parecem
não fazer uso dessa habilidade, dado que não compreendem a voz do logos.
Também quando ouvem não compreendem, são como surdos. Justificam o provérbio: presentes,
estão ausentes (Fr. 34)

Para Heráclito, a palavra “logos” tão usada em seus escritos parece ter, no
mínimo, dois conjuntos de significações: um relativo ao seu discurso, outro relativo à
organização do kosmos e da physis.
Este logos, os homens, antes ou depois de o haverem ouvido, jamais o compreendem. Ainda que
tudo aconteça conforme este logos, parece não terem experiência experimentando-se em tais
palavras e obras, como eu as exponho, distinguindo e explicando a natureza de cada coisa. Os
outros homens ignoram o que fazem em estado de vigília, assim como esquecem o que fazem em
estado de sono. [...] Por isso, o comum deve ser seguido. Mas, a despeito de o logos ser comum
a todos, o vulgo vive como se cada um tivesse um entendimento particular (Fr. 1 e 2).

Dessa maneira, logos (que em grego pode significar “discurso”, como já vimos)
pode se referir também a um princípio cósmico que ordena tudo o que existe. Basta,
como diz a metáfora heraclitiana, que estejamos despertos e com os ouvidos atentos
para captá-lo. Nesse sentido, Heráclito se julga um sábio, porque
Só uma coisa é sábia: conhecer o pensamento que governa tudo através de tudo (Fr. 41)

Se há uma ordem no universo e ela é captada, organizada, reunida por esse


logos – que dela faz parte e não lhe é exterior –, o que seria enfim o conteúdo de tal
ordenação? Para responder a essa pergunta entra em jogo a abordagem reiterativa a
qual nos referimos. Heráclito utiliza uma porção de imagens, metáforas, alegorias para
expressar sua concepção de logos, todas parecendo ser subsidiárias deste conceito:
É sábio que os que ouviram não a mim, mas ao logos, reconheçam que todas as coisas são um
(pánta hén) (Fr. 50)

Da unidade a multiplicidade. Da multiplicidade a unidade. A diversidade do


mundo está unificada como algo único. E a unicidade da realidade é composta de coisas
diversas. Para Heráclito, apesar de isso não ser óbvio para a maioria que não está
desperta e que parece surda – como ele mesmo se refere a quem não entende esse
estado de coisas –, trata-se da verdadeira constituição da phýsis. Acontece que os
homens são facilmente enganáveis, porque, na aparência, as coisas parecem múltiplas.
Numa investigação mais profunda, porém, a multiplicidade está unificada. Ao serem
unificadas, porém, constituem unidades dinâmicas e não estáticas. E, para Heráclito,
essa união acontece pela harmonia entre os opostos e pelo conflito.

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2.2.3 A harmonia dos opostos e a guerra como princípio

Tudo se faz por contraste; da luta dos contrários nasce a mais bela harmonia (Fr. 8)

A harmonia, palavra que parece ser chave em Heráclito, é uma unidade


composta por elementos diferentes, cada um dos quais com sua própria peculiaridade.
E é nessa diferença que parece se dar a união. Ainda que não seja perceptível
instantaneamente,
A harmonia invisível é mais forte que a visível. (Fr. 54)

Para Heráclito, a harmonia parece ser possível, na medida que ocorre a luta
entre opostos, em guerra constante um contra o outro.
É necessário saber que a guerra é o comum; e a justiça, discórdia; e que tudo acontece segundo
discórdia e necessidade. (Fr. 80)

A guerra é o pai de todas as coisas e de todas as coisas rei; de uns fez deuses, de outros, homens;
de uns, escravos, de outros, homens livres. (Fr. 53)

Essa guerra (do grego, pólemos – daí a palavra “polêmica”) pode ser
interpretada como um recurso imagético de Heráclito para a constante tensão entre os
diferentes que converge em harmonia, ordem, sistema. Alguns outros fragmentos ainda
poderiam ser citados, na linha da abordagem heraclitiana da reiteração didática de suas
ideias. A seguir, todos abordam a harmonia provinda da guerra entre os contrários de
modo mais ou menos imagético:
Correlações: completo e incompleto, concorde e discorde, harmonia e desarmonia, e de todas as
coisas, um, e de um, todas as coisas (Fr. 10)

Não houvesse isto (a injustiça) ignorariam o próprio nome de justiça (Fr. 23)

Eles não compreendem como, separando-se, podem harmonizar-se: harmonia de forças


contrárias, como o arco e a lira. (Fr. 51)

Deus é noite, inverno e verão, guerra e paz, abundância e fome. Mas toma formas variadas, assim
como o fogo, quando misturado com essências, toma o nome segundo o perfume de cada uma
delas. (Fr. 67)

Em nós, manifesta-se sempre uma e mesma coisa: vida e morte, vigília e sono, juventude e velhice.
Pois a mudança de um dá o outro e reciprocamente. (Fr. 88)

A doença torna a saúde agradável; o mal, o bem; a fome, a saciedade; a fadiga, o repouso. (Fr.
111)

Agora, a unicidade na multiplicidade e a harmonia na guerra dos opostos são


conciliáveis com os três (sim, são três fragmentos e não apenas um) escritos de
Heráclito sobre o rio e o seu fluxo? Vejamos os excertos:
Para os que entram nos mesmos rios, correm outras e novas águas. Mas também almas são
exaladas do úmido. (Fr. 12)

Descemos e não descemos duas vezes nos mesmos rios; somos e não somos. (Fr. 49a)

Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio. Dispersa-se e reúne-se; avança e se retira. (Fr. 91)

Uma maneira de interpretar o que é dito acima, certamente, é como Platão


interpretou em seu livro Crátilo. Outra maneira é considerar que o rio é o mesmo, ainda

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que suas águas sejam outras. É a diversidade das águas que garante a unidade do rio.
E porque consideramos que não só o rio, mas tudo muda constantemente?
Sobre o logos, com o qual estão em constante relação (e que governa todas as coisas), estão em
desacordo, e as coisas que encontram todos os dias lhes parecem estranhas (Fr. 72)

Estaremos nós todos surdos ao logos? Porque a verdadeira harmonia do


kósmos é invisível, parece a nós todos que
A mais bela harmonia cósmica é semelhante a um monte de coisas atiradas (Fr. 125)

Quando na verdade, para utilizar a última metáfora heraclitiana nesta aula:


Mesmo uma bebida se decompõe, se não for agitada. (Fr. 125)

3. Parmênides de Eleia
3.1 O Parmênides de Platão

Em uma passagem de seu diálogo Teeteto, Platão reconhece expressamente


não só a importância de Parmênides, mas também o caráter inacessível aparentemente
de sua doutrina. É um dos momentos de humildade intelectual mais evidentes da história
do pensamento:
Parece-me que [Parmênides] alcançou uma profundidade de uma qualidade desconhecida, mas
temo que não compreendamos suas palavras e, mais ainda, que não sejamos capazes de captar
o pensamento que elas expressam (183a – 184a)

Como obter êxito onde o próprio Platão disse não ter obtido? Empreitada difícil
essa. Porém, tentaremos mesmo assim. Para Platão e os seus contemporâneos,
Parmênides teria feito parte da escola eleática (devido a sua cidade e a alguns filósofos
que ali teriam nascido e partilhado mais ou menos da mesma abordagem e da mesma
temática). A doutrina básica desse grupo seria o monismo ontológico, isto é,
defenderiam a tese de que a realidade em seu aspecto mais geral é uma só, indivisível,
imutável e que o movimento e a multiplicidade das coisas seria apenas aparente.
Sendo essa ou não sua tese central, a verdade é que todos os testemunhos
antigos convergem em dizer que Parmênides escreveu uma obra apenas, à qual se
atribui o nome de Da Natureza. Trata-se de um poema filosófico, cujas partes (apenas
fragmentos, cerca de 19 no total) chegaram até nós. Esse escrito apresenta alguns
aspectos formais interessantes que merecem destaque para sua plena compreensão.
A métrica escolhida para os versos é o hexâmetro épico – tal qual utilizaram
Homero e Hesíodo, os dois grandes poetas dos helenos e amplamente conhecidos.
Similar aos grandes do mundo grego, Parmênides também inicia evocando divindades.
Era comum que, ao assim fazê-lo, a intenção a ser alcançada fosse a de que verdades
profundas fossem pronunciadas. Primeiro porque a divindade não mentiria jamais.
Segundo porque estaria contando narrativas de cronologias muito remotas que, por
terem se preservado, provaram-se contra o tempo e, portanto, mereceriam crédito. A
deusa invocada é sempre a Musa – nome atribuído às filhas da deusa Mnemosine, que
hoje traduzimos simplesmente por memória. Ademais, ao imitar o estilo de Homero e de

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Hesíodo, Parmênides estaria facilitando a recepção de sua mensagem, uma vez que o
ritmo e o estilo já eram amplamente aceitos, de modo que é possível notar também uma
preocupação didática por parte do filósofo. Nada mais fez o pensador que adaptar-se
à mídia de sua época. Eis o início de sua obra:
Os cavalos que me conduzem levaram-me tão longe quanto meu coração poderia desejar, pois as
deusas guiaram-me, através de todas as cidades, pelo caminho famoso que conduz o homem que
sabe. Por este caminho fui levado; pois por ele me conduziam os prudentes cavalos que puxavam
meu carro, e as moças indicavam o caminho.

O eixo, incandescendo-se na maça – pois em ambos os lados era movido pelas rodas girantes --,
emitia sons estridentes de flauta, quando as filhas do sol, abandonando as moradas da noite,
corriam à luz, rejeitando com as mãos os véus que lhes cobriam as cabeças.

Lá estão as portas que abrem sobre os caminhos da noite e do dia, entre a verga, ao alto, e em
baixo, uma soleira de pedra. As portas mesmas, as etéreas, são de grandes batentes; a Justiça,
deusa dos muitos rigores, detém as chaves de duplo uso. A ela falavam com doces palavras as
moças, persuadindo-a habilmente a abrir-lhes os ferrolhos trancados. As portas abriram
largamente, girando em sentido oposto os seus batentes guarnecidos de bronze, ajustados em
cavilhas e chavetas; e através das portas, sobre o grande caminho, as moças guiavam o carro e
os cavalos.

A deusa acolheu-me afável, tomou-me a direita em sua mão e dirigiu-me a palavra nestes termos:
Oh, jovem! A ti, acompanhado por aurigas imortais, a ti, conduzido por estes cavalos à nossa
morada, eu saúdo. Não foi um mau destino que te colocou sobre este caminho (longe das sendas
imortais), mas a justiça e o direito. Pois deves saber tudo, tanto o coração inabalável da verdade
bem redonda, como as opiniões dos imortais, em que não há certeza. Contudo, também isto
aprenderás: como a diversidade das aparências deve revelar uma presença que merece ser
recebida, penetrando tudo totalmente (Fr. 1)

Outra característica relevante é a de que, ainda que não tenham chegado a


nossa época todas as partes de seu escrito, os estudiosos encontram relativa facilidade
de organizá-las, em relação a escritos de outros pensadores. Isso ocorre porque
Parmênides parece ter pensado em uma ordem determinada de apresentação.
Especialistas chegam mesmo a dizer que o filósofo foi o primeiro a expressar suas ideias
segundo certo método.

3.2 Caminho da Verdade e das opiniões

Enquanto os filósofos pré-socráticos anteriores se perguntaram pela arkhé que


origina e governa a physis e o kosmos, Parmênides ficou conhecido por se colocar
uma questão anterior. O problema kosmológico pressupõe uma crença sem a
questionar. Em outras palavras, para que se investigue o princípio da totalidade das
coisas com a finalidade de explicá-la (como fizeram Tales, Anaximandro e Anaxímenes,
por exemplo), é preciso que antes se aceite que ela existe. A questão anterior a essa,
então, é “Existe a totalidade das coisas?”, ou seja, “Há o universo organizado e belo e
que se produz a si mesmo?”.
Em grego, tá ónta significa os seres, os entes, as coisas que existem em sua
totalidade. Daí a palavra ontologia, sobre a qual já falamos na introdução. Parmênides
é conhecido como sendo o iniciador dos estudos ontológicos, justamente por ter se
colocado de modo implícito aquelas questões. Um dos papeis da Filosofia será desde
então este: a sistemática tentativa de aclaramento do ser que permite que a totalidade
das coisas sejam.

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Isto não é um Curso de História da Filosofia
Prof. Vitor Ferreira Lima
Licenciado em Filosofia (UFRRJ)

Para isso, como dissemos, há um método seguido por Parmênides. Tal passo-
a-passo é dividido usualmente em duas ou três etapas (aqui os especialistas
apresentam alguma divergência, mas ficaremos com aqueles que optam por duas). São
elas: o caminho da verdade (alétheia), e o caminho das opiniões (dóxai).
E agora vou te falar; e tu, escuta as minhas palavras e guarda-as bem, pois vou dizer-te dos únicos
caminhos de investigação concebíveis. O primeiro diz que o ser é e que o não-ser não é; este é o
caminho da convicção, pois conduz à verdade. O segundo, que não é, é, e que o não-ser é
necessário; esta via, digo-te, é imperscrutável; pois não podes conhecer aquilo que não é – isto é
impossível --, nem o expressar em palavra (Fr. 2)

Assim, quem quer saber da realidade das coisas que existem, precisa atentar
para o caminho do ser (da Verdade), afastar-se do caminho do não-ser (das opiniões).
Mas o que isso significa?
Parmênides pode ser lido como alguém que propõe um axioma, isto é, uma
afirmação que serve de base para uma demonstração – um enunciado especial que não
precisa ser demonstrado, porque é evidente e verdadeiro, mas que serve de base para
outras demonstrações. Por exemplo, Euclides, matemático grego, ao formalizar sua
geometria, parte de alguns axiomas de onde deriva todas as suas conclusões. Nesse
sentido, não conceitua, nem argumenta a favor do conceito de ponto, por exemplo.
Ponto não é conceituado, tampouco demonstrado, muito menos explicado. No entanto,
serve de base para outros conceitos: reta (o menor caminho entre dois pontos), ângulo
(figura delimitada por duas retas que partem do mesmo ponto), plano (superfície que
contém integralmente a reta que passa por quaisquer dois de seus pontos) etc. O
axioma de Parmênides é
o ser é, e o não-ser não é (Fr. 2)

Parmênides não demonstra o axioma, mas apenas utiliza o recurso de explicar


seu significado, via, entre outros recursos, uma tentativa de fazer o leitor (ou ouvinte)
pensar o quanto seria absurdo negá-lo. Desse modo, dizer que “o ser é” implica
compreender somente que o ser existe, está presente. Não se duvida disso. Ao passo
que dizer que “o não-ser não é” acarreta aceitar simplesmente que o não-ser não existe,
não está presente. Não é possível negar o ser, já que o próprio discurso e o próprio
pensamento o pressupõem – todas as vezes que dizemos “Bruno é um homem”, “Bruna
é uma mulher”, “Augusto é um filósofo”, pressupomos, ao dizer “é”, o ser). Do mesmo
modo, não é possível afirmar o não-ser, uma vez que, ao dizer que o não-ser existe,
está presente, dizemos, no mesmo instante, que ele, de algum modo, é, isto é, dissemos
que ele passa a ser. Faça o teste: tente pensar o não-ser, tente pensar em nada. Você
não consegue. Você pensa no branco, no preto, num fluxo constante incapaz de se
identificar. No entanto, tudo isso, de algum modo, é – branco e preto são cores, o fluxo
é um processo. O não-ser é impossível. Resta o ser. Todos os entes (entidades
individuais, eu, você, este documento), só o são, devido ao ser.
Resta-nos, assim, um único caminho: o ser é. Neste caminho há grande número de indícios: não
sendo gerado, é também imperecível; possui, com efeito, uma estrutura inteira, inabalável e sem
meta; jamais foi, nem será, pois é, no instante presente, todo inteiro, uno, contínuo. Que geração
se lhe poderia encontrar? Como, de onde cresceria? Não te permitirei dizer, nem pensar o seu
crescer do não-ser. Pois não é possível dizer, nem pensar que o não-ser é. Se viesse do nada,
qual necessidade teria provocado seu surgimento mais cedo ou mais tarde? Assim, pois, é
necessário ser absolutamente ou não ser. E jamais a força da convicção concederá que do não-
ser possa surgir outra coisa. Por isto, a deusa da Justiça não admite, por um afrouxamento de

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suas cadeias, que nasça ou que pereça, mas mantém-no firme. A decisão sobre este ponto recai
sobre a seguinte afirmativa: ou é ou não é. Decidida está, portanto, a necessidade de abandonar
o primeiro caminho, impensável e inominável (não é o caminho da verdade); o outro, ao contrário,
é presença e verdade. Como poderia perecer o que é? Como poderia ser gerado? Pois se gerado,
não é, também não é, se deverá existir algum dia. Assim, o gerar se apaga e o perecimento se
esquece. [...] (Fr. 8)

Aqueles que seguem esse axioma seguem o caminho reto e único da Verdade.
Aqueles que o negam, confundem ser e não-ser e, portanto, seguem o caminho obtuso
e confuso das opiniões. Ao longo do poema, ocorre um desdobramento dessas noções,
mas a essência é a mesma: ou se é, ou não se é. Não é possível abarcar o conceito de
ser em imagem. Nada há fora do ser, portanto ele não tem bordas, limites, delineamento.
Como imaginar (isto é, tornar imagem) algo sem bordas? O ser não se movimenta, dado
que se movimentar implica ou mudar de qualidade (sair do ser para o não-ser, o que é
absurdo), ou se deslocar (sair de um lugar a outro – mas que lugar se tudo o que existe
é ser?). Dessa última conclusão, deriva o monismo ontológico e o imobilismo (termos
que já aclaramos) atribuído a Parmênides.

Conclusão

Heráclito de Éfeso e Parmênides de Eleia são pré-socráticos, mas não se


resumem (embora sejam influenciados por) ao esquema conceitual arkhé, phýsis e
kósmos. Por mais que a tradição clássica os tenha limitado à contraposição entre
mobilismo e imobilismo, talvez tenham muito mais a dizer que simplesmente tudo flui,
tudo é fogo ou que nada muda. Eles inserem investigações ontológicas e modos de
abordagem aos problemas (uma didática, uma adaptação à mídia da época e um uso
de imagens a serviço de conceitos) que farão escola, tanto em Platão, quanto em
Aristóteles e demais filósofos helenistas.
Sobretudo, aprendemos com ambos que filosofar pode ser feito de modo
bastante inusual, mas sempre com a preocupação de responder a problemas
conceituais dos quais derivam uma série de outros problemas. Ensinaram a todos
também que é uma atitude fundamental do filósofo – ao menos a princípio – preocupar-
se em não ser enganado pelas aparências, a distinguir aquilo que é daquilo que não
é e sempre buscar a verdade e o que é comum a todos os seres racionais.

Bibliografia

BORNHEIM, Gerd A. (org.). Os filósofos pré-socráticos. São Paulo: Editora Cultrix,


s/d.
CORDERO, Néstor Luis. A invenção da Filosofia: uma introdução à Filosofia Antiga.
Tradução: Eduardo Wolf. São Paulo: Odysseus Editora, 2011.
OS PRÉ-SOCRÁTICOS (Coleção Os Pensadores). Fragmentos, doxografia e
comentários. Seleção de textos e supervisão do Prof. José Cavalcante de Souza.

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Dados biográficos de Remberto Francisco Kuhnen. Traduções de José Cavalcante de


Souza (et. al.). 2º ed. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
KAHN, Charles H. A arte e o pensamento de Heráclito: uma edição dos fragmentos
com tradução e comentário. Tradução de Élcio de Gusmão Verçosa Filho. São Paulo:
Paulus, 2009.
PARMÊNIDES. Da natureza. Tradução, notas e comentários de José Trindade Santos.
3ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2013.

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