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FILOSOFIA
A METAFISICA HERACLITIANA
CURITIBA
2022
SUMÁRIO
Introdução............................................................................................................02
I. Elementos comuns na filosofia
heraclitiana....................................................03
II. A ontologia
heraclitiana..................................................................................04
2.1. A phýsis e
lógos......................................................................................06
2.2. O equilíbrio e
justiça..............................................................................07
III. Considerações
finais ......................................................................................08
IV. Bibliografia ...................................................................................................09
2
INTRODUÇÃO
1
SOUZA, J.C.1996. Os pré-socráticos. 6ª.ed. São Paulo: Nova Cultural. (fragmento 91) p.87.
2
2
Ibid. visto nos fragmentos 9, 19, 40 e 46 por exemplo.
3
Ensinamento que se dá a um grupo restrito e fechado de pessoas que o possam compreender.
4
TRÊS INICIADOS (Pseudônimo de ATKINSON, W.W). 2018. O caibalion: Um estudo da filosofia
hermética do antigo Egito e da Grécia. São Paulo: Mantra. Tradução: Edson Bini. 17 p.
5
Ensinamentos e doutrinadas que são transmitidas ao público geral.
2
Heráclito percebe na natureza que tudo está em movimento, com isso, ele
também se opõe fortemente a Parmênides, o filosofo pré-socrático de Eleia. Esse
acredita que tudo é o que é, ou seja, que a essência é indivisível e única, se a
mudança fosse realmente possível o ser não seria nem indivisível nem único,
pois havendo mudança, pode-se mudar a essência. Parmênides também diz que
o não-ser não é, que tudo aquilo que é, é o que é, não existindo nada fora disso,
pois se existisse é, se não existe não é, ou seja, tudo que se pensa e vê é e sempre
foi, que se for pensado o não-ser esse já não é algo que não existe, pois pode ser
pensado, sendo assim nada pode vir-a-ser do não ser, pois esse seria já que o ser
é, sendo assim o ser sempre foi para Parmênides. Heráclito explica que o ser
veio a ser, e vai deixar de ser, que a essência também, e essa é a essência do
homem, a mudança, enquanto Heráclito percebe que no instante o ser é e não é
por causa da mudança, Parmênides percebe que o ser é e em cada instante que é
ele é. Um exemplo de existência que se divide são os homens, esses que surgem
a partir de seus criadores, ou causa com isso, uma nova coisa é feita a partir de
dois outros seres, ou seja, uma divisão deles em algo novo, sendo feita a partir
da causa de outro, também havendo uma causa que muda uma essência,
6
ESPINOSA, B. 2015. Ética. Tradução coletiva do Grupo de Estudos Espinosanos da USP. São
Paulo: EDUSP. Definição I, p.45.
2
Espinosa explica isso ao dizer que, “Qualquer singular, ou seja, qualquer coisa
que é finita e tem existência determinada não pode existir nem ser determinado a
operar a não ser que seja determinado a existir e operar por outra causa, que
também seja finita e tenha existência determinada, e por sua vez esta causa
também não pode existir nem ser determinada a operar a não ser que seja
determinada a existir e operar por outra que também seja finita e tenha
existência determinada, e assim ao infinito.” 7, segundo Espinosa não há ser sem
causa, ou só há não ser. Continuando, uma criança não nasce com uma essência
única e indivisível, diz ainda Espinosa, “todos os homens nascem ignorantes das
causas das coisas, e que todos têm o apetite de buscar o que lhes é útil, sendo
disto conscientes”8, ou seja, a causa das coisas faz o homem ser e ter consciência
que é, sabendo disto, o que resta ao homem consciente é buscar o que lhes é útil,
ou buscar o que puxa o desejo, modelando sua essência ao que lhe agrada. Para
Heráclito as causas são vir-a-ser eterno, pois o ser existe por causa, e sem causa
não haveria ser, e sem ser não existe seu oposto o não ser. E sendo causa
Espinosa diz que essa está sujeita a operar por outra causa, finita e com
existência determina, isso se encaixaria na luta dos opostos heraclitiana que
veremos a seguir.
Parmênides diz que a mudança, ou as causas, não passam de uma ilusão,
como visto sendo impossível, pois se é uma ilusão e não existindo causa, não há
o ser. Vimos então explicação do ser de Heráclito, ou sua ontologia, portanto a
mudança como explicação do ser, enquanto para Parmênides essa explicação se
dá pela imobilidade. Espinosa pode se encaixar como algo semelhante a
Heráclito, mas esse explica também as causas, dizendo que somos causas, mas
somos causas por causa da luta dos opostos que houve pelas nossas causas, ou o
ser negando o não ser e o não ser negando o ser vindo assim a ser. Portanto
7
Ibid. p. 93 proposições 28
8
Ibid. p.111 proposição 36
2
deixamos de ser pelo não ser negar o ser, essa negação é a luta dos contrários,
que ocorre em todos os opostos contra seus opostos, e disso surge o equilíbrio
real para Heráclito, luta essa que não possui razão, mas ocorre segundo a phýsis
que consome e destroi. Assim Heráclito surge com uma solução ao problema
criado futuramente por Parmênides. O não ser é tão ser quanto o não ser.
Voltamos a passagem do rio, “Nos mesmos rios entramos e não entramos,
somos e não somos”9. Aqui se exprime a explicação do ser para Heráclito, o rio
é e não é, assim como o homem. Ao mesmo tempo que somos, já não somos,
essa é a mudança vista por Heráclito, dizendo também que essa mudança é sútil,
e que ocorre entre todas as coisas, entre um vir-a-ser e perecer eterno, em que o
equilíbrio se dá pela oposição de graus de uma mesma coisa, como o frio
virando calor e vice e versa, ou melhor dizendo vindo do fogo e voltando ao
fogo, pois esse que cria e destrói, assim a essência do fogo estando em tudo, e
tudo estando na unidade que é o fogo.
9
SOUZA, J.C.1996. Os pré-socráticos. 6ª.ed. São Paulo: Nova Cultural. (Os Pensadores)
p. 83 fragmento 49a.
10
CHAUÍ, M. introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos à Aristóteles. 2ª.ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 2002. p. 83.
2
11
NIETZSCHE, F. A filosofia na época trágica dos gregos. Trad: A foice e o martelo. p. 22.
SOUZA, J.C.1996. Os pré-socráticos. 6ª.ed. São Paulo: Nova Cultural. p. 95 (fragmento 80).
12
CHAUÍ, M. 2002. Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos à Aristóteles. 2ª.ed. São
13
pouco diferente, mas que serve de ajuda para entender Heráclito. Quando no
livro hermético diz, “Os extremos encontram; os extremos são em natureza
idênticos, porém diferentes em graus”14, é possível ver que existe semelhança no
que Heráclito tentou dizer e os herméticos tentam, é a natureza dual das coisas,
em que tudo possui seu oposto, oposto esse que é a harmonia entre as coisas que
são assim a unidade das coisas, por exemplo ao seguir ao norte sem parar, uma
hora você vai se ver seguindo ao sul e se adiante. Seguindo depois de guerra,
Heráclito diz que justiça é a discórdia, a discórdia de um elemento pelo seu
oposto, do dia pela noite, tanto da noite pelo dia, a manifestação disso é a
guerra, que vemos na manifestação da natureza transformada em harmonia,
manifestação essa que Heráclito chama de lógos, portanto quando ele diz, “Não
de mim, mas do logos tendo ouvido é sábio homologar tudo é um” 15, se entende
por lógos então, a mudança e a luta dos opostos, essas são as características do
lógos, e que fazem do todo uma única coisa, em que tudo possui semelhança,
onde tudo luta contra seus opostos, onde a vida luta contra a morte e a morte
contra vida, e todos os opostos contra todos seus opostos, sendo assim que tudo
tenha seu par de opostos, e que tudo é a briga dos opostos, ao mesmo tempo que
a briga dos opostos faz ser o todo o que ele é, na incessante mudança de uma
coisa, está o que faz o equilíbrio e a unidade do todo, e também da metafisica
heraclitiana, que junto ao Espinosa, apenas é.
14
TRÊS INICIADOS (Pseudônimo de ATKINSON, W.W). 2018. O caibalion: Um estudo da filosofia
hermética do antigo Egito e da Grécia. São Paulo: Mantra. Tradução: Edson Bini. p. 67.
15
SOUZA, J.C.1996. Os pré-socráticos. 6ª.ed. São Paulo: Nova Cultural. p. 83 (fragmento 50)
2
essa a movimentação oculta do lógos que fala por Heráclito, lógos essa que fala
pela phýsis, ou o próprio equilíbrio.
IV. BIBLIOGRAFIA