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Tudo o que existe tem, necessariamente, ambos esses atributos. Seres humanos têm
tanto um quanto o outro em medida significante. Uma pedra, talvez mais rés extensa do que
rés cogito, mas que deve ser reconhecido.
Considerando a substância infinita, nada que não englobe os seus atributos pode
existir nem ser pensado. Dessa forma, novamente, deve haver apenas uma substância,
infinita, com todos os atributos.
Não pode haver outra, pois esta segunda também teria infinitos atributos, que,
primeiro: Copiaria os da primeira, então seria a mesma substância. Ou segundo: Seriam
diferenciadas pelos modos, que, dada a definição V, são as afecções da substância; as formas
resultantes do constante vir a ser representadas nas coisas que vemos: Animais, pessoas,
minérios, pensamentos, entre outros.
Considerando a substância anterior as afecções, se eles fossem desconsiderados,
trazendo em questão apenas a substância, que é o constante vir a ser com os mesmos
atributos, também seria a mesma substância
Sabendo disso, vamos ao escólio.
No século XVII, época em que viveu Espinosa, era muito evidente conceber Deus
assemelhando-se a um homem, para facilitar a compreensão de pessoas simples e trazer um
certo acolhimento. Ora, um ser suficientemente homem para compreender os
comportamentos humanos1, mas também infinitamente poderoso para punir esses mesmos
comportamentos.
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dado o conceito de santíssima trindade.
Deus, nos termos citados, é apenas um conceito político, usado para controle e
alienação, deturpando assim os conceitos, para ele, reais de Deus, o transformando em um
ser de aparência humana, pensamento e paixões.
Também fácil de ser demonstrado, pois quando algo pode ser mensurado o é porque
há algo maior para servir de medida. Assim, Deus, sendo substância infinita e não
transcendente do todo, é o que causa o todo e não pode ser mensurado.
Espinosa pretende refutar dois axiomas que se esforçam provar a substância corpórea como
indigna da natureza de Deus e não pertencente a ela.
O primeiro deles: A substância corpórea é dividida em partes e por isso é finita e não
pertencente a deus.
Tendo isto como justificativa o discurso que se a substancia corpórea é infinita, no
caso, atribuindo um corpo a Deus e tentando mantê-lo infinito, ela seria, então, dividida em
duas partes: cada uma dessas partes será ou finita ou infinita, o corpo físico de Deus, como
aquele que se sentou sobre o monte Sinai é finito. Mas Deus, em seu conhecimento e todos
os outros atributos, infinito.
Espinosa refuta, alegando que, se uma dessas partes for finita, então o infinito, no
caso, tudo o que existe com exceção daquela parte, é formado por duas partes finitas, uma
que eu posso medir e a outra não, mas que é necessariamente finita.
Se uma delas for infinita, então estou dizendo que há um infinito maior que o outro,
o que pode sim ser concebido, mas em termos errôneos e falsos, quando Espinoza diz no
mesmo escólio:
“se o infinito for medido em partes iguais a um pé, serão infinitas partes como essa. Se for em
uma polegada, também serão infinitas partes como essa, mas o número infinito medido em
polegadas será doze vezes maior que outro número infinito medido em pés, mas ainda
infinito.”
Espinosa alega, sem dificuldade, que esse é um argumento fraco, pois ele insiste em
considerar a substância corpórea em partes.
Sabendo disso, conclui-se que todos esses argumentos que insistem em tentar provar
que a substância extensa é finita não supõem quantidade infinita. Eles supõem que o infinito
é mensurável e formado de partes finitas. Frase, claramente, incabível.
É o mesmo que tentar provar que números são finitos. E, mesmo se forem infinitos,
eu posso dividi-los -todos- em partes finitas. Espinosa diz que o golpe se volta contra os
próprios cristãos e ainda dá o exemplo de uma forma de quatro vértices que tem os lados e
os ângulos iguais, mas nomeada círculo.
É tão absurdo afirmar que a substância corpórea é feita de partes, quanto dizer que o
corpo é feito de superfícies e as superfícies de linhas e as linhas de pontos e esses, finitos e
divisíveis.
Para Espinosa, isso é claro á razão, em especial aqueles que negam a existência do
vácuo. Se a substância corpórea pudesse ser dividida em partes legitimamente separadas,
se uma parte fosse tirada, o que seria recolocado no lugar dela?
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Essa afirmação é verdadeira, de fato, mas apenas enquanto forma de explicar conceitos geométricos, mas, é
logo desconstruída como falsa, dado que um ponto, na verdade, não tem dimensão: Sem altura, largura ou
profundidade. Portanto, estes pontos só podem viver na imaginação de quem faz a matemática, pois são
infinitamente pequenos.
natureza, todas as partes convergem para não haver vácuo, por isso, o todo da substância
corpórea não se distingue em partes, e isso é substância.
Mas é fato que a divisão existe, de forma mais complexa que a separação de modos.
Espinosa exemplifica com a água, onde o conteúdo de uma mesma jarra pode ser dividido
em dois copos, um, refrigerado, tornando-se gelo e outro, efervescido, acabar evaporando.
Ainda assim, será a mesma água.
Além disso, enquanto Substância, ela não pode ser gerada, no caso, criar mais água
do que já existe, ou corrompida, no caso, fazer desaparecer a água. Se não bastasse, já foi
justificado que, fora de deus, não pode ser dada nenhuma substância, pois tudo é nela,
como já explicado anteriormente e representado na def. 14.
A vida não perece. Um ser humano morre e seu corpo serve de alimento para
dezenas de outros animais, que servem para dezenas de outros menores, que vão acabar
gerando nova vida. O verbo perecer, como conhecemos, parece naturalmente errôneo,
quando trata-se de substância.
Ainda que não fosse assim, como poderia a substância ser indigna da natureza
divina?
Dessa forma, Espinosa conclui que não se pode dizer que Deus padeça, ou que
substância extensa seja indigna da natureza divina, mesmo que seja, como a matéria,
divisível. Mas, necessariamente, eterna e infinita.
REFERÊNCIAS:
https://razaoinadequada.com/2014/08/07/espinosa-a-potencia-do-ser/
https://gaiaciencia.com.br/de-quarks-a-quasar-o-que-sao-neutrinos-espaco--fisica
https://fluxodeinformacao.com/biblioteca/artigo/read/90054-o-que-e-a-substancia-para-
spinoza#question-0